No dia 23 de outubro, saiu uma matéria no Diário Oficial, sobre os estudos realizados pela pesquisadora da APTA, Érica Weinstein Teixeira, sobre a Síndrome do Colapso das Colônias.
Pesquisa em SP investiga síndrome que afeta abelhas - Diário Oficial
1. Diário Oficial Poder Executivo - Seção III – São Paulo, 125 (198) sexta-feira, 23 de outubro de 2015IV – São Paulo, 125 (198)
Pesquisa em SP investiga
síndrome que afeta abelhas
Agência Paulista de
Tecnologia dos Agronegócios
(APTA), da Secretaria de
Agricultura e Abastecimento,
é referência brasileira em
sanidade apícola
m problema que afeta as abelhas,
identificado há nove anos nos Esta-
dos Unidos (EUA), tem preocupado
apicultores e instituições ligadas à
agricultura: o fenômeno chamado
de colony collapse disorder, que pode
ser traduzido por desordem ou sín-
drome do colapso das colônias, mais
conhecido no meio científico pela
sigla em inglês, CCD. A Secretaria
de Agricultura e Abastecimento do
Estado, através da Agência Paulista
de Tecnologia dos Agronegócios
(APTA), realiza estudos na área de
sanidade apícola, a fim de entender
essa questão.
ApesquisadoraÉricaWeinstein
Teixeira, da Agência, explica que
o problema existia anteriormente,
mas surgiu com mais gravidade em
2006, nos EUA, quando se consta-
tou a perda repentina de colônias
de abelhas. “Os pesquisadores iam a
campo e verificavam que as colônias
estavam bem, produzindo. Poucos
dias depois, não encontravam mais
a população adulta, apenas a rainha,
abelhas jovens e crias”, descreve a
pesquisadora.
Era uma situação antinatural,
pelo que se conhece do comporta-
mento social das abelhas, que vivem
em família, com divisão de tarefas
e diferentes castas. Não se tratava
de algum tipo de colapso conheci-
do, como abandono em virtude de
U
intempéries, doenças ou intoxicações. Outro
fato intrigante era a ausência de abelhas
adultas mortas dentro ou nas proximida-
des da colmeia. Além disso, havia bastante
alimento estocado (mel e pólen). Seria uma
situação propícia ao saque por parte de
outras colmeias, mas isso não ocorria.
Os estudos realizados, desde então, não
chegaram a uma resposta acabada sobre o
que causa a CCD, mas apontaram um cami-
nho. “Vários grupos de pesquisa começaram
a atuar. Concluiu-se que é uma síndrome ou
desordem multifatorial, ou seja, são muitos
os fatores que atuam concomitantemente,
deixando as abelhas mais vulneráveis e debi-
litando-lhes os mecanismos de defesa. As
hipóteses abrangem o uso exacerbado de
agrotóxicos, que afetam o sistema imunoló-
gico das abelhas; patógenos, parasitas e pra-
gas; má-nutrição das abelhas; e mudanças
climáticas”, informa Érica.
Enfraquecimento – A APTA é refe-
rência brasileira nas pesquisas com patóge-
nos das abelhas. Suas pesquisas, conduzi-
das no Polo Regional do Vale do Paraíba,
em Pindamonhangaba, destinam-se ao
diagnóstico de vírus, fungos, bactérias e
parasitas que acometem as abelhas Apis
mellifera africanizadas, biótipo predomi-
nante no País.
A pesquisadora da APTA estava em
2006 nos EUA, onde realizou pós-doutorado
no United States Department of Agriculture
(USDA), equivalente ao Ministério da Agri-
cultura. Pôde, dessa forma, acompanhar de
perto os debates sobre a CCD. Ao ir para lá,
ela já estudava uma situação de enfraqueci-
mento das colônias no Brasil, caracterizada
pela diminuição do efetivo de abelhas cam-
peiras, ou seja, as que coletam o pólen. Isso
ocasionava a redução da população adulta.
“Mas não havia CCD”, esclarece.
Como as abelhas africanizadas exis-
tentes no País são mais resistentes do que
as comuns nos EUA, uma hipótese seria a
existência de mais mecanismos de defesa
nos insetos encontrados no Brasil. “Poderia
haver as mesmas causas da CCD, mas com
outros resultados, em razão das diferen-
ças entre as abelhas”, diz. As abelhas afri-
canizadas resultam do cruzamento entre
subespécies da Apis mellifera provenientes
da Europa (desde o tempo da colônia) e da
África (introduzidas na década de 1950).
“Temos de investigar no Brasil a variabi-
lidade genética, porque as nossas abelhas
são híbridas. A variação genética é muito
maior, e elas são mais resistentes e toleran-
tes a patógenos e parasitas”, afirma Érica.
Polinização – Nos EUA, há uma
grande pressão pela descoberta dos fato-
res da CCD, porque, segundo Érica, existe
uma compreensão ampla da importância
da polinização das abelhas para a agricul-
tura. Congressistas, produtores agrícolas,
representantes do governo cobravam dos
cientistas uma definição sobre o tema. O
governo norte-americano destinou muitos
recursos para investigar o assunto.
Além de gerar produtos como mel,
pólen e própolis, as abelhas são os princi-
pais agentes polinizadores em ambientes
naturais e agrícolas. Esse serviço ecos-
sistêmico é essencial para a manutenção
das populações selvagens de plantas e
imprescindível para a produção de alguns
Treinamento de
fiscais agropecuários
A pesquisadora Érica Weinstein
Teixeira treinou centenas de pro-
fissionais de sistemas estaduais de
saúde animal, com o objetivo de pre-
pará-los para a identificação de even-
tuais anormalidades na área de sani-
dade apícola. Os participantes, que
atuam como fiscais agropecuários em
seus Estados, receberam informações
necessárias para se tornarem mul-
tiplicadores dos conhecimentos. Os
treinamentos foram realizados em
São Paulo, Santa Catarina, Paraná,
Mato Grosso do Sul, Ceará e Goiás.
“Esses agentes de defesa agrope-
cuária são veterinários, mas não estão
preparados para diferenciar uma colô-
nia normal de uma colônia com proble-
mas, porque o curso de Veterinária não
chega a esse nível de detalhamento. Os
treinamentos visam a prepará-los para
o reconhecimento das colônias”, diz
Érica. O projeto, finalizado em 2013,
foi coordenado pela APTA.
alimentos nos ambientes agrícolas, como
maçã, melão, laranja e amêndoa. “A prin-
cipal importância das abelhas está na poli-
nização”, explica Érica. Estima-se que elas
sejam responsáveis por pelo menos um
terço da produção mundial de alimentos e
por 30% da produção brasileira.
A linha de trabalho desenvolvida por
Érica é o estudo da relação entre patóge-
nos e agrotóxicos. Para tanto, desenvolve
pesquisas em laboratório e também sai
a campo. No Laboratório de Sanidade
Apícola da APTA, são realizadas análises
tradicionais e moleculares para fins de
pesquisa. Com elas é possível extrair o
ácido desoxirribonucleico (DNA) e o ácido
ribonucleico (RNA) total das abelhas e, a
partir daí, identificar o DNA e o RNA dos
patógenos ou parasitas presentes e as pos-
síveis variações de genótipos, que levam
a diferenças em termos de virulência e
formas de instalação das doenças. “Com
o avanço dos conhecimentos moleculares
e a finalização do genoma das abelhas
Apis mellifera, é possível entender melhor
de que forma o organismo das abelhas se
defende das ameaças”, explica Érica.
Cláudio Soares
Imprensa Oficial – Conteúdo Editorial
Assessoria de Imprensa da APTA
Encontro vai debater produção e mercado da borracha natural
Entre 19 e 20 de novembro ocorre o 4º
Encontro Nacional da Heveicultura, para
apresentar e debater novidades tecnológicas
e tendências da borracha natural, extraída
da seringueira. Promovido pela Secretaria
da Agricultura e Abastecimento do Estado,
por meio da Coordenadoria de Defesa
Agropecuária (Codeagro), o evento será rea-
lizado no Centro Universitário da Fundação
Educacional de Barretos (Unifeb).
São esperados cerca de 500 participan-
tes de São Paulo, Minas Gerais, Goiás, Mato
Grosso, Mato Grosso do Sul e Tocantins
que estarão reunidos em atividades técni-
cas, como clones de seringueira, irrigação,
plantio, sangria, pragas e doenças da cul-
tura, além de informações sobre o merca-
do da borracha natural, o látex. O Estado
de São Paulo é o maior produtor nacional
desta borracha, com quase 93 mil tonela-
das/ano, mais da metade da extração nacio-
nal, de acordo com a Associação Paulista de
Produtores e Beneficiadores de Borracha.
A inscrição pode ser feita em http://
bit.ly/1OGcgAY. Custa R$ 150 até 31 de
outubro e R$ 180 após esta data
Imprensa Oficial – Conteúdo Editorial
Assessoria de Imprensa da Secretaria de
Agricultura e Abastecimento
Pesquisadores em campo: APTA realiza estudos na área de sanidade apícola
A pesquisadora Érica – Situação antinatural
FERNANDESDIASPEREIRA
DIVULGAÇÃO/APTA
No encontro,
haverá atividades
como sangria
PAULOCESARDASILVA
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sexta-feira, 23 de outubro de 2015 às 02:28:39.