O documento descreve a história de 128 anos do Instituto Agronômico de Campinas (IAC) no Brasil, focando em dois de seus pesquisadores, Alisson Chiorato e Carlos Fernandes. Chiorato pesquisa variedades de feijão por quase 20 anos no IAC e já desenvolveu oito novas variedades. Fernandes seleciona geneticamente diversos grãos por mais de 25 anos no IAC. Juntos, eles ajudam a melhorar a produção agrícola brasileira por meio da pesquisa no IAC.
REGULADORES DE CRESCIMENTO, DESFOLHANTES E MATURADORES.
IAC completa 128 anos pesquisando agricultura
1. Diário Oficial Poder Executivo - Seção Iquarta-feira, 8 de julho de 2015 São Paulo, 125 (125) – III
Tudo pela terra
Há 40 anos no IAC, o pesquisador
Heitor Cantarella tornou-se especialista
na ciência do solo e na nutrição de plantas.
Hoje, comanda o mais antigo laboratório
do tipo no País, instalado em um prédio
de 1888, erguido um ano após a criação
do IAC por Dom Pedro II. Durante o curso
de agronomia, fazia estágio no estudo da
terra. Formado, recebeu oferta de tra-
balho no Paraná, mas desistiu quando
ficou sabendo do concurso no Agronômico.
“Esperei meses, parado, pelo resultado do
concurso”, lembra.
Doutorado pela Iowa State University
(EUA), chefia cerca de 50 pessoas, incluin-
do outros pesquisadores, estudantes, téc-
nicos. Sua maior satisfação é encontrar
formas de melhorar a agricultura a partir
de métodos de enriquecimento e preserva-
ção da terra. Cantarella mantém laços cien-
tíficos com outras entidades no mundo,
como o Instituto de Ecologia da Holanda e
o Laboratório Nacional de Oak Ridge, dos
Estados Unidos.
Outra missão de sua área é o projeto
Ensaio de Proficiência IAC para Análises
de Solo para Fins Agrícolas, um selo de
qualidade para laboratórios de terra, públi-
cos e privados. Quem quiser o reconhe-
cimento recebe uma amostra de solo do
Agronômico para análise. Posteriormente,
o resultado será avaliado pelo instituto,
que, então, emite o selo de proficiência.
Atualmente, a rede tem 130 estabe-
lecimentos com a credencial no Brasil e
no exterior. A fama do IAC no segmento
é tão antiga que, já em 1904, recebeu um
diploma de qualidade, em um evento em
Saint Louis (EUA), que hoje está exposto
na parede da sala de troféus.
Instituto Agronômico de
Campinas completa 128 anos
Instalado na época do
Império, o IAC tornou-se
sinônimo de excelência
na pesquisa agrícola;
órgão possui 12 centros
de atuação no Estado
ma das formas de avaliar uma casa
é conhecer seus moradores. Por
isso, é importante ouvir as histó-
rias de quem trabalha no Instituto
Agronômico de Campinas (IAC),
um dos mais antigos e produtivos
centros de pesquisa agrícola no
Brasil, que acaba de completar,
128 anos (26/6).
Boa parte do que comemos,
bebemos ou usamos no dia a dia
foi desenvolvida no instituto – do
feijão ao amendoim, da cana-de-
-açúcar ao café, da laranja à borra-
cha natural (látex) da seringueira.
Tudo começou em Campinas, em
1887, na época do Império, e se
espalhou pelo Estado de São Paulo.
OIACévinculadoàAgênciaPaulista
de Tecnologia dos Agronegócios
(APTA),daSecretariadeAgricultura
e Abastecimento do Estado.
OagrônomoAlissonFernando
Chiorato entrou no IAC em 1997,
como estagiário técnico agrícola.
No ano seguinte, cursou escola de
agronomia, onde se formou e vol-
tou ao instituto por meio de con-
curso público, por volta de 2004.
Ele confessa que se apaixonou
pelo local, a Fazenda Santa Elisa,
em Campinas, pertencente ao IAC.
A sede da instituição fica a quilô-
metros dali, perto do centro. Desde
seu estágio, trabalha com banco de
germoplasma de feijões. “Sempre
quis ser pesquisador aqui.”
Chiorato lida com 1,7 mil va-
riedades de feijão, as quais mistura
para obter sementes mais produ-
tivas e menos sensíveis a pragas e intem-
péries. Há 10 anos na pesquisa, entregou
oito novas variedades a produtores nacio-
nais. Ele informa que o Brasil tem cerca de
3,5 milhões de hectares com plantio de fei-
jão. “Desse total de terras, o IAC responde
por 30% das variedades.”
Paradoxos – O pesquisador e sua
equipe estudam três grupos de feijão: cario-
cas, pretos e rajados (jalo, bolinha, etc.). O
primeiro lidera, com folga, cerca de 80% do
consumo nacional, seguido pelo feijão preto
(15%) e os demais (5%). Curiosamente, ape-
sar do nome, o carioca não faz sucesso no
Estado do Rio de Janeiro, apanhando feio
do preto. “Questão de tradição”, ressalva. O
carioquinha é “cria” do IAC. Lançado em
1971, conquistou o País.
Chiorato conta que os técnicos do
Agronômico encontraram sem querer um
pé de feijão diferente, de cor clara, com
desenhos de curvas na casca, na cidade
paulista de Palmital, e levaram as semen-
tes para Campinas onde fez história. O
dono da propriedade em Palmital criava
um porco chamado Carioca, com os mes-
mos desenhos do feijão no corpo, daí o
nome do novo grão. No entanto, há ver-
sões de que as curvas do carioca lembram
as lajotas de Copacabana, no Rio, mas o
pesquisador do IAC nega essa história.
Da Bahia para o IAC – O técni-
co de apoio, Carlos Aparecido Fernandes,
cursou escola agrícola em sua cida-
de, Guanambi (BA), para ajudar seu pai,
que trabalhava na roça. Formado, veio a
Campinas a passeio com amigos, nos anos
1990. Ao passar pelo prédio central do IAC
viu anúncio de concurso. Ao se inscrever,
pretendia apenas enriquecer seu currículo
e voltar à Bahia.
Foi aprovado e está na Santa Elisa desde
então, onde faz seleção genética de diversos
grãos – arroz, feijão, milho, algodão, etc. Ao
todo, manipulou 28 produtos agrícolas dife-
rentes e suas variedades. “Meu maior prazer
é cruzar os tipos e acompanhar sua evolução
ao longo do tempo”, revela Fernandes.
Ele conta que ao receber uma missão
calcula a quantidade necessária de semen-
tes para semear em uma área determina-
da. Depois, verifica quanto vai precisar
de adubo e defensivos para o controle de
pragas. “Encaminho o material todo para
nossas unidades de plantio no Estado.”
Pesquisa – Além da Santa Elisa, o
IAC mantém polos em Pindorama, Mococa,
Cordeirópolis, Votuporanga, Colina, Tatuí,
Ribeirão Preto e Jundiaí. “A melhoria
genética é um trabalho de formiga, até
alcançar a variedade desejada. No caso do
trigo, por exemplo, exige mais de 10 anos”,
confidencia Fernandes.
O IAC tem 12 centros de pesquisa em
café, grãos e fibras (feijão, milho, arroz),
horticultura, cana, citros, engenharia/auto-
mação, frutas, seringueira, fitossanidade,
recursos genéticos, solos, ecofisiologia/bio-
física (climatologia, irrigação, volume de
chuvas). Sete deles estão em Campinas, na
sede central e na Santa Elisa, e os demais
espalhados pelo Estado. Em Ribeirão Preto,
por exemplo, é cana; em Jundiaí, automa-
ção; e em Cordeirópolis, cítricas.
Otávio Nunes
Imprensa Oficial – Conteúdo Editorial
U FOTOS:PAULOCESARDASILVA
Criado em 1887,
IAC tem 12 centros
de pesquisa
Alisson Chiorato e Carlos Fernandes – Seleção genética de diversos grãos
Feijão rajado,
entre os estudados
pelos pesquisadores
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quarta-feira, 8 de julho de 2015 às 03:24:39.