SlideShare uma empresa Scribd logo
tu, caríssima amiga,
Minha querida, querida amiga e na tua voz apreendo
A linguagem de meu coração primeiro, e leio
Meus primeiros prazeres nas luzes irradiantes
De teus o1h05 ariscos, Oh! Por mais um pouco ainda
Deixa-me contemplar em ti o que já fui uma vez,
Querida, querida irmã! e esta súplica faço
Sabendo que a natureza jamais traiu
O coração que a amou.
A chama do egoísmo romântico!-Tanto Byron quanto Worsdworth apaixonaram por
suas irmãs. A inevitável proibição foi um desastre para ambos. Wordsworth sofreu mais.
Byron, irrequieto e cínico, escreveu Doas Juan; quanto a Wordsworth, arrasado por ter de
renuncia Dorothy, perdeu aos poucos a inspiração. Casou-se depois com antiga colega
de escola e, apesar de ser feliz com ela, escreveu cada v menos obras que possam ser
lidas sem esforço. Dorothy perdeu a razão.
No mesmo ano em que a poesia inglesa tomou este rumo revolucionário, a pintura
também produziu dois homens geniais, Turner e Comtable. Poucos meses antes de
Wordsworth ir morar na região dos lagos, Turner pintara um quadro de Buttermere (195),
uma de suas primeiras obras-primas. Entretanto Wordsworth está mais perto de
Constable do que de Turner. Ambos eram homens do campo, com fortes apetites
rigidamente controlados; ambos amaram a natureza com a mesma paixão física. Leslie,
biégrafo de Constable, dizia: “Eu o vi admirar uma bela árvore com o mesmo êxtase com
que tomaria nos braços uma linda criança”. Constable nunca duvidou de que a natureza
significasse o mundo visível da árvore, da flor, do rio, do campo, do céu, exatamente
como se lhes apresentavam aos sentidos. Parece ter atingido instintiva- mente a crença
de Wordsworth de que confiar nas coisas naturais com autenticidade absoluta poderia
revelar algo da grandeza moral do universo (38, em cores). Só através da concentração
na superfície variável e luminosa das aparências é que descobriria.
Turner, Buttermere
Aquele movimento e o espírito que impele
Todas as coisas pensantes, todos os objetos de todos os pensamentos
E flui por todas as coisas.
9
Tanto Wordsworth quanto Constable amavam os lugares onde haviam nascido e
nunca se cansavam das coisas com que se encantaram quando crianças. Constable
disse: “O som da água que escorre dos moinhos, diques velhos e podres, postes
brilhantes, muros de tijolo, são imagens que me transformaram em pintor, e eu lhes sou
grato”. Já estamos tão acostumados com essa abordagem da pintura que temos
dificuldades em ver como era estranho gostar mais de postes brilhantes e diques podres
do que de heróis de armadura, numa época em que todos os artistas sérios aspiravam a ir
para Roma e pintar quadros sobre temas de Homero e Plutarco.
Constable, Salgueiros à Beira de um Rio
Constable odiava o grandioso e pomposo, e o seu culto da simplicidade, como
Wordsworth, resvala às vezes para o lugar-comum. Seu quadro Salgueiros à Beira de um
Rio (196) marca o início de uma série de pinturas medíocres, como os poemas de
Wordsworth às pequenas papoulas e margaridas marcaram o início de sua má poesia.
Esse quadro foi rejeitado pela Academia. “Tirem daí esse horror verde”, disseram
Entretanto, seria uma das obras mais bem aceitas de Constable. duran cem anos.
Quando ele se deixava levai pela emoção, transmitia temas rústicos (197) a qualidade por
meio da qual “as paixões dos homens se incorporam nas formas belas e permanentes da
natureza”, dizer de Wordsworth.
A vida simples era parte indispensável do novo culto à natureza, e inteiramente
contrastante com as aspirações anteriores. A civilização, que estivera ligada durante tanto
tempo a grandes mosteiros e palácios ou salões bem mobiliados, podia agora emanar de
um cottage. Até Goethe, na corte de Weimar, preferiu viver numa pequena casa no
jardim. E o cottage Dove era muito humilde. A sua porta não paravam carruagens, e isso
me recorda que o culto da natureza está intimamente ligado ao hábito de andar a pé. No
século XVIII, alguém que caminhasse sozinho seria visto com tanta desconfiança quanto
hoje, nas ruas de Los Angeles. Mas os Wordsworth caminhavam muito. De Quincey
calculou que, ao chegar à meia-idade, o poeta já percorrera trezentos mil quilômetros a
pé. Até o pouco atlético Coleridge adquiriu esse hábito. Para eles não era nada andar
vinte e cinco quilômetros, depois do jantar, para pôr uma carta no correio. Assim, durante
10
mais de cem anos, as caminhadas pelo campo foram o exercício físico e espiritual dos
intelectuais, poetas e filósofos. Dizem que os passeios à tarde já não fazem parte da vida
intelectual nas universidades. Mas para muita gente caminhar ainda é um dos melhores
meios de fuga da opressão do mundo material; e o campo, por onde Wordsworth
passeava solitário, vive hoje tão cheio de peregrinos quanto Lourdes ou Benares.
As semelhanças entre Wordsworth e Constable, tão claras para nós, não ocorriam
aos seus contemporâneos. Em parte, porque Constable foi pouco conhecido até 1825,
época em que Wordsworth já perdera a inspiração. Suponho que seja, em parte, porque
Constable pintava planícies, enquanto Wordsworth estava ligado às montanhas, como,
aliás, todo o Culto da Natureza. Isso, associado à falta de acabamento em Constable, era
o motivo do desprezo de Ruskin, que passou parte de sua vida elogiando Turner. Turner
foi o expoente supremo daquela reação à natureza sentida por Gray diante da Grande
Chartreuse, o que chamaríamos de pitoresco sublime. As vezes suas tempestades e
avalanches parecem absurdas, como é absurda a retórica de Byron, mas tenho para mim
que a nova religião exigia afirmações de força e sublimidade mais evidentes do que as
fornecidas por papoulas e margaridas (40, em cores).
Não pensem que eu pretendo diminuir Turner. Ele foi um gênio de primeira
grandeza e, sem contestação, o maior pintor que a Inglaterra já teve. Embora estivesse
apto a trabalhai no estilo em voga, nunca perdeu a compreensão intuitiva da natureza.
Ninguém sabia mais do que ele sobre as aparências naturais, e ele foi capaz de incluir
nos seus conhecimentos enciclopédicos lembranças dos mais fugidios efeitos de luz,
como alvoradas, tempestades, neblinas que se dissipam, jamais colocadas na tela até
então.
Durante trinta anos explorou seus dons brilhantes numa série de quadros que
maravilharam seus contemporâneos, mas são muito artificiais para o gosto moderno.
Durante todo esse tempo, porém, Turner aperfeiçoava, para sua própria satisfação
pessoal, um novo estilo de pintura, só aceito em nossos dias: a transformação de tudo em
pura cor, a luz transmitida como cor, os sentimentos sobre a vida transmitidos como cor.
É difícil, para nós, compreender o quanto esse processo era revolucionário. Devemos
lembrar-nos de que durante séculos os objetos eram considerados reais porque eram
sólidos; sua realidade era comprovada pelo toque, como fazem muitos ainda. E toda a
arte que se prezasse almejava definir essa solidez através da modelagem ou de
contornos firmes. Blake perguntava: “O que diferencia a honestidade da patifaria, senão a
linha firme da retidão?”.
Constable, Meninos Pescando à Margem do Stour
11
Turner, Ondas Quebrando na Costa a Sotavento
Monet, Nenúfares
A cor era considerada imoral, talvez corretamente, porque é um sensação imediata e
produz seus efeitos independentemente das lembranças ordenadas, que são a base da
moralidade. Entretanto, a cor de Turner não era, em absoluto, arbitrária, isto é, aquilo que
chamamos cor decorativa, Começava sempre como registro de uma experiência concreta.
Turner, como Rousseau, usava as sensações ópticas para descobrir a verdade. “Sinto, logo
existo” é um fato que pode ser verificado nos seus quadros na Tate Callery. Quanto mais
indefinidos, mais são “pura cor” e mais vivamente eles conferem à natureza um sentido total
de verdade (41, em cores). Turner proclamou a independência da cor, acrescentando assim
uma nova faculdade à mente humana.
Não creio que Turner tivesse consciência da sua relação com Rousseau. Mas Goethe,
o outro grande profeta da natureza, significava muito para ele. Apesar de sua pouca
instrução, leu com esforço as obras de Goethe, especialmente a Teoria da Cor, e concordava
com Goethe quando afirmava sentir a natureza como um organismo, como algo que funciona
de acordo com certas leis. Naturalmente, foi esta faceta de Turner que encantou Ruskin, e
sua extensa defesa do pintor, a que deu o título enganador de Pintores Modernos, tornou-se
uma enciclopédia de observação natural. Assim como a Idade Média produzira enciclopédias
onde as observações inexatas serviam para provar a verdade da religião cristã, Ruskin
acumulou observações acuradas sobre plantas, rochas, nuvens, montanhas, para provar que
a natureza obedece a leis (198). Talvez obedeça mesmo. Mas não ao tipo de lei que o
homem elaborou para si próprio. Ninguém, hoje, levaria a sério a crença de Ruslcin de que a
natureza ou é uma manifestação da Lei Moral ou está sujeita a ela. Todavia, acredito que
tenha extraído de suas observações uma moral tão convincente quanto as que podem ser
extraídas das Sagradas Escrituras. Igualmente quando afirma: “Chamamos vida à força que
leva várias partes da planta a se ajudarem mutuamente. Intensidade de vida é também
intensidade de ajuda. A suspensão dessa ajuda é o que chamamos de corrupção”. Isso ajuda
a explicar por que Ruskin foi considerado um dos maiores profetas de seu tempo nos
cinqüenta anos que se seguiram à publicação de seu livro Pintores Modernos.
12
Todos esses aspectos da nova religião da natureza encontram-se e se entrelaçam
lá onde as antigas religiões focalizavam suas aspirações: o céu. Só que os adoradores da
natureza, em vez de se concentrarem no movimento dos planetas ou na visão da morada
celeste, concentravam-se nas nuvens. Em 1802, um quacre chamado Luke Howard
apresenta um ensaio sobre A Modificação das Nuvens, tentando fazer com o céu o que
Lineu fizera com as plantas. Goethe ficou tão encantado que escreveu um poema para
Howard. Luke Howard também influenciou os pintores. Constable, ao ler o texto de
Howard, sentiu confirmada sua crença de que as nuvens precisam ser coligidas e
classificadas. Fez centenas de estudos de nuvens (199), anotando no verso o mês, a hora
e a direção do vento, Ruskin dizia de si mesmo que “engarrafava nuvens com tanto
cuidado quanto seu pai, comerciante de vinhos, engarrafava xerez”.
Ruskin, Desenho de Rocha Gnaisse
Constable, Estudo de Nuvens
Mas as nuvens são proverbialmente anárquicas. Até Ruskin, desesperado, desistiu.
Por isso, daí por diante, o céu atraiu menos os pesquisa- dores analíticos do que os
adoradores da natureza que se entregavam aos devaneios sensoriais de Rousseau. No
dizer de um dos primeiros escritores do Romantismo, “a mente pode tornar-se em toda
extensão algo como um cenário hemisférico de nuvens, cheio de formas permanente-
mente mutáveis e amalgamadas”.
13
Constable dizia que as nuvens são, na pintura de uma paisagem, o 6rgão principal
do sentimento. Para Turner, tinham um sentido simbólico. Na sua obra, nuvens cor de
sangue simbolizavam destruição. Fazia distinção entre os céus de paz e os céus de
disc6rdia. O maior objetivo de sua vida era ver o Sol nascer sobre as águas. Possuiu
várias casas de onde podia assistir a esse espetáculo. E o que mais o fascinava era a
linha em que o céu toca a água, a união dos elementos que, pela harmonia de tons,
parece alcançar a reconciliação de opostos. Para observar esses efeitos, vivia na costa
de Kent — os vizinhos acreditavam tratar-se de um excêntrico capitão de barco, chamado
Puggy Booth, que, mesmo depois de aposentado, não podia deixar de olhar o mar.
Turner, Chuva, Vapor, Velocidade
“Um diálogo entre o mas e o céu” é o título que Debussy deu a uma parte de sua
La Mer. Foi escrita sessenta anos mais tarde, mas não parece chocante relacioná-la,
aqui, com uma obra de arte muito anterior, porque Turner pintou num estilo
completamente fora de seu tempo — foi, talvez, o primeiro grande artista a fazê-lo. Até
quadros apresentados em exposições, como Chuva, Vapor, Velocidade (200), não têm
relação alguma com o que se fazia na Europa, ou se faria durante um século. Em 1840,
deviam parecer totalmente loucos e, de fato, a eles se referiam como “mais uma piada do
sr. Turner”.
Turner foi educado na tradição do pitoresco, para a qual só algumas combinações
notáveis na natureza constituíam material adequado à arte. Mas o pitoresco jamais criou
raízes na França. Os pintores franceses preferiam Constable e citavam sua frase: “Nunca
vi nada feio em minha vida”. Era uma espécie de igualitarismo, e Courbet, comunista
convicto, pintou algumas das mais perfeitas transcrições da natureza, bem pr6ximas da
forma de arte realmente democrática, o cartão-postal colorido. Durante quase cem anos,
a pintura paisagística naturalista e direta permaneceu como o estilo mais popular de
pintura, e acredito que perduraria ainda se algum pintor moderno soubesse fazê-la com
convicção. Entretanto, foi substituída pela fotografia num momento decisivo, e os três
grandes amantes da natureza do fim do século XIX, Monet, Cézanne e Van Gogh, tiveram
que realizar uma transformação mais radical.
A visão arrebatada de Rousseau, que o levou a viver no mundo da sensação,
contou mais um triunfo no século XIX. E o curioso é que surgiu também da observação de
ondulações: o Sol se refletindo na água e o trêmulo reflexo dos mastros. Aconteceu em
1869, à margem do rio, no café La Grenouihiêre, onde Monet e Renoir se encontra
freqüência. Antes disso, ambos seguiam o estilo naturalista corren mas ao repararem nas
ondulações e nos reflexos, o paciente naturalisr sofreu uma derrota (201).
14
Renoir, La Grenouillière
A única coisa a fazer era provocar uma impressão. E uma impressão de quê? Da luz,
pois ela é tudo o que vemos. Muito tempo antes, o filósofo Hume chegara à mesma
conclusão, mas os impressionistas não tinham a mínima idéia de estarem seguindo uma
teoria filos6fica. Em um quadro, “a luz é o personagem principal”, palavras de Monet que
deram uma espécie de unidade filosofo fica às obras desses pintores, de forma que os
grandes momentos do impressionismo, além de nos encantarem vista, legaram algo novo às
nossas faculdades humanas. Nossa consciência da luz se tornou parte daquela consciência
geral, daquele refinamento da sensibilidade tão maravilhosamente descrita nos romances de
Proust, que, numa primeira leitura, quase parecem nos dar novos sentidos.
Quando pensamos nos inúmeros belos quadros impressionistas espalhados pelo
mundo e na mudança que provocaram na nossa maneira de ver, surpreende-nos que o
movimento como tal tivesse durado tão pouco tempo. São sempre muito curtos os períodos
em que os homens conseguem trabalhar juntos inspirados pelo mesmo objetivo, e nisto
reside um3 das tragédias da civilização. Depois de vinte anos, o Impressionismo sofreu uma
cisão. Uma corrente achou que a luz precisava ser transmitida cientificamente, em pinceladas
de cores primárias, como um espectro. Esta teoria inspirou um pintor impecável, Seurat.
Contudo, ela estava muito longe do encantamento inicial espontâneo pela natureza, do qual
depende basicamente toda a pintura paisagística.
Do outro lado estava Monet, o primeiro e inabalável impressionista, na medida em que
tentou uma espécie de simbolismo da cor para exprimir os efeitos mutáveis da luz, ao
descobrir que o naturalismo puro se exaurira. Por exemplo, pintou uma série de fachadas de
catedral, sob luzes diferentes — rosa, azul, amarela —, que me parecem distantes demais da
experiência. Depois voltou-se para o jardim de nenúfares que construíra em sua propriedade.
E a contemplação extasiante das nuvens refletidas na superfície da água foi o tema de suas
últimas obras-primas (42, em cores).
Nas duas salas das Ninféias, em Paris, ele dá expansão às suas sensações numa
forma contínua, como um poema sinfônico. O poema tem seu ponto de partida na
experiência, mas o fluxo de sensações torna-se um fluxo de consciência. E como a
consciência se converte em pintura?
15
Esse é o milagre: por um conhecimento tão completo de todos os efeitos, que eles se
tornam instintivos, e cada movimento do pincel deixa de ser um simples registro para ser
também um gesto de auto-revelação. De qualquer forma, a força de vontade para efetivar
esta transformação deve ter sido enorme, e talvez Monet jamais a realizasse sem o apoio de
seu amigo Georges Clemenceau. Na luta para salvar seu país, sobravam forças, ao velho
batalhador, para manter Monet trabalhando. Monet, que estava ficando cego, escreveu
repetidas vezes que não podia continuar. Diante disso, Clemenceau safa do ministério em
direção ao ateliê de Monet e lhe suplicava que retomasse o pincel. E Monet voltaria a
mergulhar no poço de suas memórias e sensações. Mergulho total: eis a razão suprema por
que o amor da natureza foi aceito corno religião durante tanto tempo. É uma das maneiras
pelas quais podemos perder a nossa identidade no todo e atingir uma consciência mais
intensa do ser.
Rude, Grupo no Arco do Triunfo, Paris
16

Mais conteúdo relacionado

Destaque

Las eps privadas algunos problemas de calidad en las administraciones
Las eps privadas algunos problemas de calidad en las administracionesLas eps privadas algunos problemas de calidad en las administraciones
Las eps privadas algunos problemas de calidad en las administraciones
Hospital de Suba
 
Cronograma
CronogramaCronograma
El oro
El oroEl oro
Music magazine analysis 3
Music magazine analysis 3Music magazine analysis 3
Music magazine analysis 3
jkirkley97
 
ApresentaçãO1
ApresentaçãO1ApresentaçãO1
ApresentaçãO1
guestf49e62
 
Jornal aqui em águas lindas para web
Jornal  aqui em águas lindas para webJornal  aqui em águas lindas para web
Jornal aqui em águas lindas para web
PrMarco
 
Publicación de libros
Publicación de librosPublicación de libros
Publicación de libros
Ale Venegas
 
Folder Escola de Leitores tânia
Folder Escola de Leitores tâniaFolder Escola de Leitores tânia
Folder Escola de Leitores tânia
Tânia Regina
 
Rie y ejercita 400 musculos de tu cuerpo
Rie y ejercita 400 musculos de tu cuerpoRie y ejercita 400 musculos de tu cuerpo
Rie y ejercita 400 musculos de tu cuerpo
Distripronavit
 
Ptimat human madi
Ptimat human madiPtimat human madi
Ptimat human madi
Pere Egolatra Alter
 
Introduccel amor es todo en este ,mundoión
Introduccel amor es todo en este ,mundoiónIntroduccel amor es todo en este ,mundoión
Introduccel amor es todo en este ,mundoión
bryan sotomollo puclla
 
201500316 h27年度eod事業告知
201500316 h27年度eod事業告知201500316 h27年度eod事業告知
201500316 h27年度eod事業告知
琉球大学
 
Integración de las TIC's en la práctica docente - UTE Salinas
Integración de las TIC's en la práctica docente - UTE SalinasIntegración de las TIC's en la práctica docente - UTE Salinas
Integración de las TIC's en la práctica docente - UTE Salinas
OETAMSEYER
 
Music magazine analysis 5
Music magazine analysis 5Music magazine analysis 5
Music magazine analysis 5
jkirkley97
 
Cidadania Patricia Patrick Raissa Ingrid 401
Cidadania Patricia Patrick Raissa Ingrid 401Cidadania Patricia Patrick Raissa Ingrid 401
Cidadania Patricia Patrick Raissa Ingrid 401
Haiashi
 
6º 2013
6º  20136º  2013
Historia De La TrigonometríA
Historia De La TrigonometríAHistoria De La TrigonometríA
Historia De La TrigonometríA
guest4ebb5f
 
Portugal Top 2 Bottom Tour - Bragança a Sagres - Março 2013
Portugal Top 2 Bottom Tour - Bragança a Sagres - Março 2013Portugal Top 2 Bottom Tour - Bragança a Sagres - Março 2013
Portugal Top 2 Bottom Tour - Bragança a Sagres - Março 2013
ToursRus.pt
 
Numero 077 Marzo 2007 Creacion Fe
Numero 077   Marzo 2007 Creacion FeNumero 077   Marzo 2007 Creacion Fe
Numero 077 Marzo 2007 Creacion Fe
Audioconéctate.org
 

Destaque (20)

Las eps privadas algunos problemas de calidad en las administraciones
Las eps privadas algunos problemas de calidad en las administracionesLas eps privadas algunos problemas de calidad en las administraciones
Las eps privadas algunos problemas de calidad en las administraciones
 
Cronograma
CronogramaCronograma
Cronograma
 
El oro
El oroEl oro
El oro
 
Music magazine analysis 3
Music magazine analysis 3Music magazine analysis 3
Music magazine analysis 3
 
ApresentaçãO1
ApresentaçãO1ApresentaçãO1
ApresentaçãO1
 
Jornal aqui em águas lindas para web
Jornal  aqui em águas lindas para webJornal  aqui em águas lindas para web
Jornal aqui em águas lindas para web
 
Publicación de libros
Publicación de librosPublicación de libros
Publicación de libros
 
Folder Escola de Leitores tânia
Folder Escola de Leitores tâniaFolder Escola de Leitores tânia
Folder Escola de Leitores tânia
 
Rie y ejercita 400 musculos de tu cuerpo
Rie y ejercita 400 musculos de tu cuerpoRie y ejercita 400 musculos de tu cuerpo
Rie y ejercita 400 musculos de tu cuerpo
 
Ptimat human madi
Ptimat human madiPtimat human madi
Ptimat human madi
 
Introduccel amor es todo en este ,mundoión
Introduccel amor es todo en este ,mundoiónIntroduccel amor es todo en este ,mundoión
Introduccel amor es todo en este ,mundoión
 
201500316 h27年度eod事業告知
201500316 h27年度eod事業告知201500316 h27年度eod事業告知
201500316 h27年度eod事業告知
 
Integración de las TIC's en la práctica docente - UTE Salinas
Integración de las TIC's en la práctica docente - UTE SalinasIntegración de las TIC's en la práctica docente - UTE Salinas
Integración de las TIC's en la práctica docente - UTE Salinas
 
Music magazine analysis 5
Music magazine analysis 5Music magazine analysis 5
Music magazine analysis 5
 
Cidadania Patricia Patrick Raissa Ingrid 401
Cidadania Patricia Patrick Raissa Ingrid 401Cidadania Patricia Patrick Raissa Ingrid 401
Cidadania Patricia Patrick Raissa Ingrid 401
 
Cara memupuk
Cara memupukCara memupuk
Cara memupuk
 
6º 2013
6º  20136º  2013
6º 2013
 
Historia De La TrigonometríA
Historia De La TrigonometríAHistoria De La TrigonometríA
Historia De La TrigonometríA
 
Portugal Top 2 Bottom Tour - Bragança a Sagres - Março 2013
Portugal Top 2 Bottom Tour - Bragança a Sagres - Março 2013Portugal Top 2 Bottom Tour - Bragança a Sagres - Março 2013
Portugal Top 2 Bottom Tour - Bragança a Sagres - Março 2013
 
Numero 077 Marzo 2007 Creacion Fe
Numero 077   Marzo 2007 Creacion FeNumero 077   Marzo 2007 Creacion Fe
Numero 077 Marzo 2007 Creacion Fe
 

Semelhante a Parte 2 civilização

H. P. Lovecraft - O Chamado de Cthulhu - PDF
H. P. Lovecraft - O Chamado de Cthulhu - PDFH. P. Lovecraft - O Chamado de Cthulhu - PDF
H. P. Lovecraft - O Chamado de Cthulhu - PDF
jefersonrecalde
 
Luz da idade media
Luz da idade mediaLuz da idade media
Luz da idade media
Francisco Amado
 
Márcio Pannunzio br459km79.3
Márcio Pannunzio   br459km79.3Márcio Pannunzio   br459km79.3
Márcio Pannunzio br459km79.3
Márcio Pannunzio
 
David Arrigucci Jr. - O cacto e as Ruínas
David Arrigucci Jr. - O cacto e as RuínasDavid Arrigucci Jr. - O cacto e as Ruínas
David Arrigucci Jr. - O cacto e as Ruínas
Giselle Campos Romero
 
Arrigucci jr., david. o cacto e as ruínas
Arrigucci jr., david. o cacto e as ruínasArrigucci jr., david. o cacto e as ruínas
Arrigucci jr., david. o cacto e as ruínas
Iara Gregório
 
Cronicas futuro
Cronicas futuroCronicas futuro
Cronicas futuro
Deborah Kash
 
Trabalho De Historia
Trabalho De HistoriaTrabalho De Historia
Trabalho De Historia
guestbdbdf55
 
Estilos literarios
Estilos literariosEstilos literarios
Estilos literarios
Débora Martins
 
Estilos literarios
Estilos literariosEstilos literarios
Estilos literarios
Débora Martins
 
A balada do velho marinheiro samuel taylor coleridge
A balada do velho marinheiro   samuel taylor coleridgeA balada do velho marinheiro   samuel taylor coleridge
A balada do velho marinheiro samuel taylor coleridge
Maria Oliveira
 
HQ - A BALADA DO VELHO MARINHEIRO - Iron Maiden.pdf
HQ - A BALADA DO VELHO MARINHEIRO - Iron Maiden.pdfHQ - A BALADA DO VELHO MARINHEIRO - Iron Maiden.pdf
HQ - A BALADA DO VELHO MARINHEIRO - Iron Maiden.pdf
AMAURISALLESDEOLIVEI
 
O classicismo em portugal
O classicismo em portugalO classicismo em portugal
O classicismo em portugal
ma.no.el.ne.ves
 
Trovadorismo e humanismo
Trovadorismo e humanismoTrovadorismo e humanismo
Trovadorismo e humanismo
rosangelajoao
 
Literatura Medieval Poesia e a Prosa Trovadoresca
Literatura Medieval  Poesia e a Prosa TrovadorescaLiteratura Medieval  Poesia e a Prosa Trovadoresca
Literatura Medieval Poesia e a Prosa Trovadoresca
Claudia Lazarini
 
GENEROS_LITERARIOS_ANGELICA_SOARES_1.pptx
GENEROS_LITERARIOS_ANGELICA_SOARES_1.pptxGENEROS_LITERARIOS_ANGELICA_SOARES_1.pptx
GENEROS_LITERARIOS_ANGELICA_SOARES_1.pptx
Marlene Cunhada
 
O método apologético de C.S. Lewis
O método apologético de C.S. LewisO método apologético de C.S. Lewis
O método apologético de C.S. Lewis
Eric Araújo
 
Quinhentismo..ppt
Quinhentismo..pptQuinhentismo..ppt
Quinhentismo..ppt
RICKzn
 
O Amor Na Arte
O Amor Na ArteO Amor Na Arte
O Amor Na Arte
Nelson Ramalhoto
 
08 arte do renascimento
08 arte do renascimento08 arte do renascimento
08 arte do renascimento
Nemora Souza
 
Murilo mendes
Murilo mendes Murilo mendes
Murilo mendes
mbl2012
 

Semelhante a Parte 2 civilização (20)

H. P. Lovecraft - O Chamado de Cthulhu - PDF
H. P. Lovecraft - O Chamado de Cthulhu - PDFH. P. Lovecraft - O Chamado de Cthulhu - PDF
H. P. Lovecraft - O Chamado de Cthulhu - PDF
 
Luz da idade media
Luz da idade mediaLuz da idade media
Luz da idade media
 
Márcio Pannunzio br459km79.3
Márcio Pannunzio   br459km79.3Márcio Pannunzio   br459km79.3
Márcio Pannunzio br459km79.3
 
David Arrigucci Jr. - O cacto e as Ruínas
David Arrigucci Jr. - O cacto e as RuínasDavid Arrigucci Jr. - O cacto e as Ruínas
David Arrigucci Jr. - O cacto e as Ruínas
 
Arrigucci jr., david. o cacto e as ruínas
Arrigucci jr., david. o cacto e as ruínasArrigucci jr., david. o cacto e as ruínas
Arrigucci jr., david. o cacto e as ruínas
 
Cronicas futuro
Cronicas futuroCronicas futuro
Cronicas futuro
 
Trabalho De Historia
Trabalho De HistoriaTrabalho De Historia
Trabalho De Historia
 
Estilos literarios
Estilos literariosEstilos literarios
Estilos literarios
 
Estilos literarios
Estilos literariosEstilos literarios
Estilos literarios
 
A balada do velho marinheiro samuel taylor coleridge
A balada do velho marinheiro   samuel taylor coleridgeA balada do velho marinheiro   samuel taylor coleridge
A balada do velho marinheiro samuel taylor coleridge
 
HQ - A BALADA DO VELHO MARINHEIRO - Iron Maiden.pdf
HQ - A BALADA DO VELHO MARINHEIRO - Iron Maiden.pdfHQ - A BALADA DO VELHO MARINHEIRO - Iron Maiden.pdf
HQ - A BALADA DO VELHO MARINHEIRO - Iron Maiden.pdf
 
O classicismo em portugal
O classicismo em portugalO classicismo em portugal
O classicismo em portugal
 
Trovadorismo e humanismo
Trovadorismo e humanismoTrovadorismo e humanismo
Trovadorismo e humanismo
 
Literatura Medieval Poesia e a Prosa Trovadoresca
Literatura Medieval  Poesia e a Prosa TrovadorescaLiteratura Medieval  Poesia e a Prosa Trovadoresca
Literatura Medieval Poesia e a Prosa Trovadoresca
 
GENEROS_LITERARIOS_ANGELICA_SOARES_1.pptx
GENEROS_LITERARIOS_ANGELICA_SOARES_1.pptxGENEROS_LITERARIOS_ANGELICA_SOARES_1.pptx
GENEROS_LITERARIOS_ANGELICA_SOARES_1.pptx
 
O método apologético de C.S. Lewis
O método apologético de C.S. LewisO método apologético de C.S. Lewis
O método apologético de C.S. Lewis
 
Quinhentismo..ppt
Quinhentismo..pptQuinhentismo..ppt
Quinhentismo..ppt
 
O Amor Na Arte
O Amor Na ArteO Amor Na Arte
O Amor Na Arte
 
08 arte do renascimento
08 arte do renascimento08 arte do renascimento
08 arte do renascimento
 
Murilo mendes
Murilo mendes Murilo mendes
Murilo mendes
 

Mais de José Barros

Pedagogia e educação
Pedagogia e educaçãoPedagogia e educação
Pedagogia e educação
José Barros
 
Matematica probabilidade exercicios_estatistica_gabarito_matematica_do_vestib...
Matematica probabilidade exercicios_estatistica_gabarito_matematica_do_vestib...Matematica probabilidade exercicios_estatistica_gabarito_matematica_do_vestib...
Matematica probabilidade exercicios_estatistica_gabarito_matematica_do_vestib...
José Barros
 
Didática uma retrospectiva histórica
Didática uma retrospectiva históricaDidática uma retrospectiva histórica
Didática uma retrospectiva histórica
José Barros
 
Didática uma retrospectiva histórica
Didática uma retrospectiva históricaDidática uma retrospectiva histórica
Didática uma retrospectiva histórica
José Barros
 
Educação 2017.pdf 2
Educação 2017.pdf 2Educação 2017.pdf 2
Educação 2017.pdf 2
José Barros
 
Educação 2017.pdf 2
Educação 2017.pdf 2Educação 2017.pdf 2
Educação 2017.pdf 2
José Barros
 
Livro dos espiritas
Livro dos espiritasLivro dos espiritas
Livro dos espiritas
José Barros
 
Mpce03
Mpce03Mpce03
Mpce03
José Barros
 
Cn 1o dia 0001
Cn 1o dia 0001Cn 1o dia 0001
Cn 1o dia 0001
José Barros
 
Ch 1o dia 0001
Ch 1o dia 0001Ch 1o dia 0001
Ch 1o dia 0001
José Barros
 
Encceja matematica em
Encceja matematica emEncceja matematica em
Encceja matematica em
José Barros
 
Matematica ens fund
Matematica ens fundMatematica ens fund
Matematica ens fund
José Barros
 
P24 lingua portuguesa
P24   lingua portuguesaP24   lingua portuguesa
P24 lingua portuguesa
José Barros
 
Uepa 2013 3a etapa prova + gabarito
Uepa 2013 3a etapa prova + gabaritoUepa 2013 3a etapa prova + gabarito
Uepa 2013 3a etapa prova + gabarito
José Barros
 

Mais de José Barros (14)

Pedagogia e educação
Pedagogia e educaçãoPedagogia e educação
Pedagogia e educação
 
Matematica probabilidade exercicios_estatistica_gabarito_matematica_do_vestib...
Matematica probabilidade exercicios_estatistica_gabarito_matematica_do_vestib...Matematica probabilidade exercicios_estatistica_gabarito_matematica_do_vestib...
Matematica probabilidade exercicios_estatistica_gabarito_matematica_do_vestib...
 
Didática uma retrospectiva histórica
Didática uma retrospectiva históricaDidática uma retrospectiva histórica
Didática uma retrospectiva histórica
 
Didática uma retrospectiva histórica
Didática uma retrospectiva históricaDidática uma retrospectiva histórica
Didática uma retrospectiva histórica
 
Educação 2017.pdf 2
Educação 2017.pdf 2Educação 2017.pdf 2
Educação 2017.pdf 2
 
Educação 2017.pdf 2
Educação 2017.pdf 2Educação 2017.pdf 2
Educação 2017.pdf 2
 
Livro dos espiritas
Livro dos espiritasLivro dos espiritas
Livro dos espiritas
 
Mpce03
Mpce03Mpce03
Mpce03
 
Cn 1o dia 0001
Cn 1o dia 0001Cn 1o dia 0001
Cn 1o dia 0001
 
Ch 1o dia 0001
Ch 1o dia 0001Ch 1o dia 0001
Ch 1o dia 0001
 
Encceja matematica em
Encceja matematica emEncceja matematica em
Encceja matematica em
 
Matematica ens fund
Matematica ens fundMatematica ens fund
Matematica ens fund
 
P24 lingua portuguesa
P24   lingua portuguesaP24   lingua portuguesa
P24 lingua portuguesa
 
Uepa 2013 3a etapa prova + gabarito
Uepa 2013 3a etapa prova + gabaritoUepa 2013 3a etapa prova + gabarito
Uepa 2013 3a etapa prova + gabarito
 

Último

Folheto | Centro de Informação Europeia Jacques Delors (junho/2024)
Folheto | Centro de Informação Europeia Jacques Delors (junho/2024)Folheto | Centro de Informação Europeia Jacques Delors (junho/2024)
Folheto | Centro de Informação Europeia Jacques Delors (junho/2024)
Centro Jacques Delors
 
livro ciclo da agua educação infantil.pdf
livro ciclo da agua educação infantil.pdflivro ciclo da agua educação infantil.pdf
livro ciclo da agua educação infantil.pdf
cmeioctaciliabetesch
 
Forças e leis de Newton 2024 - parte 1.pptx
Forças e leis de Newton 2024 - parte 1.pptxForças e leis de Newton 2024 - parte 1.pptx
Forças e leis de Newton 2024 - parte 1.pptx
Danielle Fernandes Amaro dos Santos
 
CADERNO DE CONCEITOS E ORIENTAÇÕES DO CENSO ESCOLAR 2024.pdf
CADERNO DE CONCEITOS E ORIENTAÇÕES DO CENSO ESCOLAR 2024.pdfCADERNO DE CONCEITOS E ORIENTAÇÕES DO CENSO ESCOLAR 2024.pdf
CADERNO DE CONCEITOS E ORIENTAÇÕES DO CENSO ESCOLAR 2024.pdf
NatySousa3
 
Vogais Ilustrados para alfabetização infantil
Vogais Ilustrados para alfabetização infantilVogais Ilustrados para alfabetização infantil
Vogais Ilustrados para alfabetização infantil
mamaeieby
 
Slides Lição 9, Betel, Ordenança para uma vida de santificação, 2Tr24.pptx
Slides Lição 9, Betel, Ordenança para uma vida de santificação, 2Tr24.pptxSlides Lição 9, Betel, Ordenança para uma vida de santificação, 2Tr24.pptx
Slides Lição 9, Betel, Ordenança para uma vida de santificação, 2Tr24.pptx
LuizHenriquedeAlmeid6
 
Funções e Progressões - Livro completo prisma
Funções e Progressões - Livro completo prismaFunções e Progressões - Livro completo prisma
Funções e Progressões - Livro completo prisma
djincognito
 
Slides Lição 10, Central Gospel, A Batalha Do Armagedom, 1Tr24.pptx
Slides Lição 10, Central Gospel, A Batalha Do Armagedom, 1Tr24.pptxSlides Lição 10, Central Gospel, A Batalha Do Armagedom, 1Tr24.pptx
Slides Lição 10, Central Gospel, A Batalha Do Armagedom, 1Tr24.pptx
LuizHenriquedeAlmeid6
 
1_10_06_2024_Criança e Cultura Escrita, Ana Maria de Oliveira Galvão.pdf
1_10_06_2024_Criança e Cultura Escrita, Ana Maria de Oliveira Galvão.pdf1_10_06_2024_Criança e Cultura Escrita, Ana Maria de Oliveira Galvão.pdf
1_10_06_2024_Criança e Cultura Escrita, Ana Maria de Oliveira Galvão.pdf
SILVIAREGINANAZARECA
 
Potenciação e Radiciação de Números Racionais
Potenciação e Radiciação de Números RacionaisPotenciação e Radiciação de Números Racionais
Potenciação e Radiciação de Números Racionais
wagnermorais28
 
05-os-pre-socraticos sociologia-28-slides.pptx
05-os-pre-socraticos sociologia-28-slides.pptx05-os-pre-socraticos sociologia-28-slides.pptx
05-os-pre-socraticos sociologia-28-slides.pptx
ValdineyRodriguesBez1
 
A dinâmica da população mundial de acordo com as teorias populacionais.pptx
A dinâmica da população mundial de acordo com as teorias populacionais.pptxA dinâmica da população mundial de acordo com as teorias populacionais.pptx
A dinâmica da população mundial de acordo com as teorias populacionais.pptx
ReinaldoSouza57
 
apresentação sobre Clarice Lispector .pptx
apresentação sobre Clarice Lispector .pptxapresentação sobre Clarice Lispector .pptx
apresentação sobre Clarice Lispector .pptx
JuliaMachado73
 
347018542-PAULINA-CHIZIANE-Balada-de-Amor-ao-Vento-pdf.pdf
347018542-PAULINA-CHIZIANE-Balada-de-Amor-ao-Vento-pdf.pdf347018542-PAULINA-CHIZIANE-Balada-de-Amor-ao-Vento-pdf.pdf
347018542-PAULINA-CHIZIANE-Balada-de-Amor-ao-Vento-pdf.pdf
AntnioManuelAgdoma
 
O que é um Ménage a Trois Contemporâneo .pdf
O que é um Ménage a Trois Contemporâneo .pdfO que é um Ménage a Trois Contemporâneo .pdf
O que é um Ménage a Trois Contemporâneo .pdf
Pastor Robson Colaço
 
Fernão Lopes. pptx
Fernão Lopes.                       pptxFernão Lopes.                       pptx
Fernão Lopes. pptx
TomasSousa7
 
Aula 1 do livro de Ciências do aluno - sons
Aula 1 do livro de Ciências do aluno - sonsAula 1 do livro de Ciências do aluno - sons
Aula 1 do livro de Ciências do aluno - sons
Érika Rufo
 
Estrutura Pedagógica - Laboratório de Educação a Distância.ppt
Estrutura Pedagógica - Laboratório de Educação a Distância.pptEstrutura Pedagógica - Laboratório de Educação a Distância.ppt
Estrutura Pedagógica - Laboratório de Educação a Distância.ppt
livrosjovert
 
Slides Lição 11, CPAD, A Realidade Bíblica do Inferno, 2Tr24.pptx
Slides Lição 11, CPAD, A Realidade Bíblica do Inferno, 2Tr24.pptxSlides Lição 11, CPAD, A Realidade Bíblica do Inferno, 2Tr24.pptx
Slides Lição 11, CPAD, A Realidade Bíblica do Inferno, 2Tr24.pptx
LuizHenriquedeAlmeid6
 
“A classe operária vai ao paraíso os modos de produzir e trabalhar ao longo ...
“A classe operária vai ao paraíso  os modos de produzir e trabalhar ao longo ...“A classe operária vai ao paraíso  os modos de produzir e trabalhar ao longo ...
“A classe operária vai ao paraíso os modos de produzir e trabalhar ao longo ...
AdrianoMontagna1
 

Último (20)

Folheto | Centro de Informação Europeia Jacques Delors (junho/2024)
Folheto | Centro de Informação Europeia Jacques Delors (junho/2024)Folheto | Centro de Informação Europeia Jacques Delors (junho/2024)
Folheto | Centro de Informação Europeia Jacques Delors (junho/2024)
 
livro ciclo da agua educação infantil.pdf
livro ciclo da agua educação infantil.pdflivro ciclo da agua educação infantil.pdf
livro ciclo da agua educação infantil.pdf
 
Forças e leis de Newton 2024 - parte 1.pptx
Forças e leis de Newton 2024 - parte 1.pptxForças e leis de Newton 2024 - parte 1.pptx
Forças e leis de Newton 2024 - parte 1.pptx
 
CADERNO DE CONCEITOS E ORIENTAÇÕES DO CENSO ESCOLAR 2024.pdf
CADERNO DE CONCEITOS E ORIENTAÇÕES DO CENSO ESCOLAR 2024.pdfCADERNO DE CONCEITOS E ORIENTAÇÕES DO CENSO ESCOLAR 2024.pdf
CADERNO DE CONCEITOS E ORIENTAÇÕES DO CENSO ESCOLAR 2024.pdf
 
Vogais Ilustrados para alfabetização infantil
Vogais Ilustrados para alfabetização infantilVogais Ilustrados para alfabetização infantil
Vogais Ilustrados para alfabetização infantil
 
Slides Lição 9, Betel, Ordenança para uma vida de santificação, 2Tr24.pptx
Slides Lição 9, Betel, Ordenança para uma vida de santificação, 2Tr24.pptxSlides Lição 9, Betel, Ordenança para uma vida de santificação, 2Tr24.pptx
Slides Lição 9, Betel, Ordenança para uma vida de santificação, 2Tr24.pptx
 
Funções e Progressões - Livro completo prisma
Funções e Progressões - Livro completo prismaFunções e Progressões - Livro completo prisma
Funções e Progressões - Livro completo prisma
 
Slides Lição 10, Central Gospel, A Batalha Do Armagedom, 1Tr24.pptx
Slides Lição 10, Central Gospel, A Batalha Do Armagedom, 1Tr24.pptxSlides Lição 10, Central Gospel, A Batalha Do Armagedom, 1Tr24.pptx
Slides Lição 10, Central Gospel, A Batalha Do Armagedom, 1Tr24.pptx
 
1_10_06_2024_Criança e Cultura Escrita, Ana Maria de Oliveira Galvão.pdf
1_10_06_2024_Criança e Cultura Escrita, Ana Maria de Oliveira Galvão.pdf1_10_06_2024_Criança e Cultura Escrita, Ana Maria de Oliveira Galvão.pdf
1_10_06_2024_Criança e Cultura Escrita, Ana Maria de Oliveira Galvão.pdf
 
Potenciação e Radiciação de Números Racionais
Potenciação e Radiciação de Números RacionaisPotenciação e Radiciação de Números Racionais
Potenciação e Radiciação de Números Racionais
 
05-os-pre-socraticos sociologia-28-slides.pptx
05-os-pre-socraticos sociologia-28-slides.pptx05-os-pre-socraticos sociologia-28-slides.pptx
05-os-pre-socraticos sociologia-28-slides.pptx
 
A dinâmica da população mundial de acordo com as teorias populacionais.pptx
A dinâmica da população mundial de acordo com as teorias populacionais.pptxA dinâmica da população mundial de acordo com as teorias populacionais.pptx
A dinâmica da população mundial de acordo com as teorias populacionais.pptx
 
apresentação sobre Clarice Lispector .pptx
apresentação sobre Clarice Lispector .pptxapresentação sobre Clarice Lispector .pptx
apresentação sobre Clarice Lispector .pptx
 
347018542-PAULINA-CHIZIANE-Balada-de-Amor-ao-Vento-pdf.pdf
347018542-PAULINA-CHIZIANE-Balada-de-Amor-ao-Vento-pdf.pdf347018542-PAULINA-CHIZIANE-Balada-de-Amor-ao-Vento-pdf.pdf
347018542-PAULINA-CHIZIANE-Balada-de-Amor-ao-Vento-pdf.pdf
 
O que é um Ménage a Trois Contemporâneo .pdf
O que é um Ménage a Trois Contemporâneo .pdfO que é um Ménage a Trois Contemporâneo .pdf
O que é um Ménage a Trois Contemporâneo .pdf
 
Fernão Lopes. pptx
Fernão Lopes.                       pptxFernão Lopes.                       pptx
Fernão Lopes. pptx
 
Aula 1 do livro de Ciências do aluno - sons
Aula 1 do livro de Ciências do aluno - sonsAula 1 do livro de Ciências do aluno - sons
Aula 1 do livro de Ciências do aluno - sons
 
Estrutura Pedagógica - Laboratório de Educação a Distância.ppt
Estrutura Pedagógica - Laboratório de Educação a Distância.pptEstrutura Pedagógica - Laboratório de Educação a Distância.ppt
Estrutura Pedagógica - Laboratório de Educação a Distância.ppt
 
Slides Lição 11, CPAD, A Realidade Bíblica do Inferno, 2Tr24.pptx
Slides Lição 11, CPAD, A Realidade Bíblica do Inferno, 2Tr24.pptxSlides Lição 11, CPAD, A Realidade Bíblica do Inferno, 2Tr24.pptx
Slides Lição 11, CPAD, A Realidade Bíblica do Inferno, 2Tr24.pptx
 
“A classe operária vai ao paraíso os modos de produzir e trabalhar ao longo ...
“A classe operária vai ao paraíso  os modos de produzir e trabalhar ao longo ...“A classe operária vai ao paraíso  os modos de produzir e trabalhar ao longo ...
“A classe operária vai ao paraíso os modos de produzir e trabalhar ao longo ...
 

Parte 2 civilização

  • 1. tu, caríssima amiga, Minha querida, querida amiga e na tua voz apreendo A linguagem de meu coração primeiro, e leio Meus primeiros prazeres nas luzes irradiantes De teus o1h05 ariscos, Oh! Por mais um pouco ainda Deixa-me contemplar em ti o que já fui uma vez, Querida, querida irmã! e esta súplica faço Sabendo que a natureza jamais traiu O coração que a amou. A chama do egoísmo romântico!-Tanto Byron quanto Worsdworth apaixonaram por suas irmãs. A inevitável proibição foi um desastre para ambos. Wordsworth sofreu mais. Byron, irrequieto e cínico, escreveu Doas Juan; quanto a Wordsworth, arrasado por ter de renuncia Dorothy, perdeu aos poucos a inspiração. Casou-se depois com antiga colega de escola e, apesar de ser feliz com ela, escreveu cada v menos obras que possam ser lidas sem esforço. Dorothy perdeu a razão. No mesmo ano em que a poesia inglesa tomou este rumo revolucionário, a pintura também produziu dois homens geniais, Turner e Comtable. Poucos meses antes de Wordsworth ir morar na região dos lagos, Turner pintara um quadro de Buttermere (195), uma de suas primeiras obras-primas. Entretanto Wordsworth está mais perto de Constable do que de Turner. Ambos eram homens do campo, com fortes apetites rigidamente controlados; ambos amaram a natureza com a mesma paixão física. Leslie, biégrafo de Constable, dizia: “Eu o vi admirar uma bela árvore com o mesmo êxtase com que tomaria nos braços uma linda criança”. Constable nunca duvidou de que a natureza significasse o mundo visível da árvore, da flor, do rio, do campo, do céu, exatamente como se lhes apresentavam aos sentidos. Parece ter atingido instintiva- mente a crença de Wordsworth de que confiar nas coisas naturais com autenticidade absoluta poderia revelar algo da grandeza moral do universo (38, em cores). Só através da concentração na superfície variável e luminosa das aparências é que descobriria. Turner, Buttermere Aquele movimento e o espírito que impele Todas as coisas pensantes, todos os objetos de todos os pensamentos E flui por todas as coisas. 9
  • 2. Tanto Wordsworth quanto Constable amavam os lugares onde haviam nascido e nunca se cansavam das coisas com que se encantaram quando crianças. Constable disse: “O som da água que escorre dos moinhos, diques velhos e podres, postes brilhantes, muros de tijolo, são imagens que me transformaram em pintor, e eu lhes sou grato”. Já estamos tão acostumados com essa abordagem da pintura que temos dificuldades em ver como era estranho gostar mais de postes brilhantes e diques podres do que de heróis de armadura, numa época em que todos os artistas sérios aspiravam a ir para Roma e pintar quadros sobre temas de Homero e Plutarco. Constable, Salgueiros à Beira de um Rio Constable odiava o grandioso e pomposo, e o seu culto da simplicidade, como Wordsworth, resvala às vezes para o lugar-comum. Seu quadro Salgueiros à Beira de um Rio (196) marca o início de uma série de pinturas medíocres, como os poemas de Wordsworth às pequenas papoulas e margaridas marcaram o início de sua má poesia. Esse quadro foi rejeitado pela Academia. “Tirem daí esse horror verde”, disseram Entretanto, seria uma das obras mais bem aceitas de Constable. duran cem anos. Quando ele se deixava levai pela emoção, transmitia temas rústicos (197) a qualidade por meio da qual “as paixões dos homens se incorporam nas formas belas e permanentes da natureza”, dizer de Wordsworth. A vida simples era parte indispensável do novo culto à natureza, e inteiramente contrastante com as aspirações anteriores. A civilização, que estivera ligada durante tanto tempo a grandes mosteiros e palácios ou salões bem mobiliados, podia agora emanar de um cottage. Até Goethe, na corte de Weimar, preferiu viver numa pequena casa no jardim. E o cottage Dove era muito humilde. A sua porta não paravam carruagens, e isso me recorda que o culto da natureza está intimamente ligado ao hábito de andar a pé. No século XVIII, alguém que caminhasse sozinho seria visto com tanta desconfiança quanto hoje, nas ruas de Los Angeles. Mas os Wordsworth caminhavam muito. De Quincey calculou que, ao chegar à meia-idade, o poeta já percorrera trezentos mil quilômetros a pé. Até o pouco atlético Coleridge adquiriu esse hábito. Para eles não era nada andar vinte e cinco quilômetros, depois do jantar, para pôr uma carta no correio. Assim, durante 10
  • 3. mais de cem anos, as caminhadas pelo campo foram o exercício físico e espiritual dos intelectuais, poetas e filósofos. Dizem que os passeios à tarde já não fazem parte da vida intelectual nas universidades. Mas para muita gente caminhar ainda é um dos melhores meios de fuga da opressão do mundo material; e o campo, por onde Wordsworth passeava solitário, vive hoje tão cheio de peregrinos quanto Lourdes ou Benares. As semelhanças entre Wordsworth e Constable, tão claras para nós, não ocorriam aos seus contemporâneos. Em parte, porque Constable foi pouco conhecido até 1825, época em que Wordsworth já perdera a inspiração. Suponho que seja, em parte, porque Constable pintava planícies, enquanto Wordsworth estava ligado às montanhas, como, aliás, todo o Culto da Natureza. Isso, associado à falta de acabamento em Constable, era o motivo do desprezo de Ruskin, que passou parte de sua vida elogiando Turner. Turner foi o expoente supremo daquela reação à natureza sentida por Gray diante da Grande Chartreuse, o que chamaríamos de pitoresco sublime. As vezes suas tempestades e avalanches parecem absurdas, como é absurda a retórica de Byron, mas tenho para mim que a nova religião exigia afirmações de força e sublimidade mais evidentes do que as fornecidas por papoulas e margaridas (40, em cores). Não pensem que eu pretendo diminuir Turner. Ele foi um gênio de primeira grandeza e, sem contestação, o maior pintor que a Inglaterra já teve. Embora estivesse apto a trabalhai no estilo em voga, nunca perdeu a compreensão intuitiva da natureza. Ninguém sabia mais do que ele sobre as aparências naturais, e ele foi capaz de incluir nos seus conhecimentos enciclopédicos lembranças dos mais fugidios efeitos de luz, como alvoradas, tempestades, neblinas que se dissipam, jamais colocadas na tela até então. Durante trinta anos explorou seus dons brilhantes numa série de quadros que maravilharam seus contemporâneos, mas são muito artificiais para o gosto moderno. Durante todo esse tempo, porém, Turner aperfeiçoava, para sua própria satisfação pessoal, um novo estilo de pintura, só aceito em nossos dias: a transformação de tudo em pura cor, a luz transmitida como cor, os sentimentos sobre a vida transmitidos como cor. É difícil, para nós, compreender o quanto esse processo era revolucionário. Devemos lembrar-nos de que durante séculos os objetos eram considerados reais porque eram sólidos; sua realidade era comprovada pelo toque, como fazem muitos ainda. E toda a arte que se prezasse almejava definir essa solidez através da modelagem ou de contornos firmes. Blake perguntava: “O que diferencia a honestidade da patifaria, senão a linha firme da retidão?”. Constable, Meninos Pescando à Margem do Stour 11
  • 4. Turner, Ondas Quebrando na Costa a Sotavento Monet, Nenúfares A cor era considerada imoral, talvez corretamente, porque é um sensação imediata e produz seus efeitos independentemente das lembranças ordenadas, que são a base da moralidade. Entretanto, a cor de Turner não era, em absoluto, arbitrária, isto é, aquilo que chamamos cor decorativa, Começava sempre como registro de uma experiência concreta. Turner, como Rousseau, usava as sensações ópticas para descobrir a verdade. “Sinto, logo existo” é um fato que pode ser verificado nos seus quadros na Tate Callery. Quanto mais indefinidos, mais são “pura cor” e mais vivamente eles conferem à natureza um sentido total de verdade (41, em cores). Turner proclamou a independência da cor, acrescentando assim uma nova faculdade à mente humana. Não creio que Turner tivesse consciência da sua relação com Rousseau. Mas Goethe, o outro grande profeta da natureza, significava muito para ele. Apesar de sua pouca instrução, leu com esforço as obras de Goethe, especialmente a Teoria da Cor, e concordava com Goethe quando afirmava sentir a natureza como um organismo, como algo que funciona de acordo com certas leis. Naturalmente, foi esta faceta de Turner que encantou Ruskin, e sua extensa defesa do pintor, a que deu o título enganador de Pintores Modernos, tornou-se uma enciclopédia de observação natural. Assim como a Idade Média produzira enciclopédias onde as observações inexatas serviam para provar a verdade da religião cristã, Ruskin acumulou observações acuradas sobre plantas, rochas, nuvens, montanhas, para provar que a natureza obedece a leis (198). Talvez obedeça mesmo. Mas não ao tipo de lei que o homem elaborou para si próprio. Ninguém, hoje, levaria a sério a crença de Ruslcin de que a natureza ou é uma manifestação da Lei Moral ou está sujeita a ela. Todavia, acredito que tenha extraído de suas observações uma moral tão convincente quanto as que podem ser extraídas das Sagradas Escrituras. Igualmente quando afirma: “Chamamos vida à força que leva várias partes da planta a se ajudarem mutuamente. Intensidade de vida é também intensidade de ajuda. A suspensão dessa ajuda é o que chamamos de corrupção”. Isso ajuda a explicar por que Ruskin foi considerado um dos maiores profetas de seu tempo nos cinqüenta anos que se seguiram à publicação de seu livro Pintores Modernos. 12
  • 5. Todos esses aspectos da nova religião da natureza encontram-se e se entrelaçam lá onde as antigas religiões focalizavam suas aspirações: o céu. Só que os adoradores da natureza, em vez de se concentrarem no movimento dos planetas ou na visão da morada celeste, concentravam-se nas nuvens. Em 1802, um quacre chamado Luke Howard apresenta um ensaio sobre A Modificação das Nuvens, tentando fazer com o céu o que Lineu fizera com as plantas. Goethe ficou tão encantado que escreveu um poema para Howard. Luke Howard também influenciou os pintores. Constable, ao ler o texto de Howard, sentiu confirmada sua crença de que as nuvens precisam ser coligidas e classificadas. Fez centenas de estudos de nuvens (199), anotando no verso o mês, a hora e a direção do vento, Ruskin dizia de si mesmo que “engarrafava nuvens com tanto cuidado quanto seu pai, comerciante de vinhos, engarrafava xerez”. Ruskin, Desenho de Rocha Gnaisse Constable, Estudo de Nuvens Mas as nuvens são proverbialmente anárquicas. Até Ruskin, desesperado, desistiu. Por isso, daí por diante, o céu atraiu menos os pesquisa- dores analíticos do que os adoradores da natureza que se entregavam aos devaneios sensoriais de Rousseau. No dizer de um dos primeiros escritores do Romantismo, “a mente pode tornar-se em toda extensão algo como um cenário hemisférico de nuvens, cheio de formas permanente- mente mutáveis e amalgamadas”. 13
  • 6. Constable dizia que as nuvens são, na pintura de uma paisagem, o 6rgão principal do sentimento. Para Turner, tinham um sentido simbólico. Na sua obra, nuvens cor de sangue simbolizavam destruição. Fazia distinção entre os céus de paz e os céus de disc6rdia. O maior objetivo de sua vida era ver o Sol nascer sobre as águas. Possuiu várias casas de onde podia assistir a esse espetáculo. E o que mais o fascinava era a linha em que o céu toca a água, a união dos elementos que, pela harmonia de tons, parece alcançar a reconciliação de opostos. Para observar esses efeitos, vivia na costa de Kent — os vizinhos acreditavam tratar-se de um excêntrico capitão de barco, chamado Puggy Booth, que, mesmo depois de aposentado, não podia deixar de olhar o mar. Turner, Chuva, Vapor, Velocidade “Um diálogo entre o mas e o céu” é o título que Debussy deu a uma parte de sua La Mer. Foi escrita sessenta anos mais tarde, mas não parece chocante relacioná-la, aqui, com uma obra de arte muito anterior, porque Turner pintou num estilo completamente fora de seu tempo — foi, talvez, o primeiro grande artista a fazê-lo. Até quadros apresentados em exposições, como Chuva, Vapor, Velocidade (200), não têm relação alguma com o que se fazia na Europa, ou se faria durante um século. Em 1840, deviam parecer totalmente loucos e, de fato, a eles se referiam como “mais uma piada do sr. Turner”. Turner foi educado na tradição do pitoresco, para a qual só algumas combinações notáveis na natureza constituíam material adequado à arte. Mas o pitoresco jamais criou raízes na França. Os pintores franceses preferiam Constable e citavam sua frase: “Nunca vi nada feio em minha vida”. Era uma espécie de igualitarismo, e Courbet, comunista convicto, pintou algumas das mais perfeitas transcrições da natureza, bem pr6ximas da forma de arte realmente democrática, o cartão-postal colorido. Durante quase cem anos, a pintura paisagística naturalista e direta permaneceu como o estilo mais popular de pintura, e acredito que perduraria ainda se algum pintor moderno soubesse fazê-la com convicção. Entretanto, foi substituída pela fotografia num momento decisivo, e os três grandes amantes da natureza do fim do século XIX, Monet, Cézanne e Van Gogh, tiveram que realizar uma transformação mais radical. A visão arrebatada de Rousseau, que o levou a viver no mundo da sensação, contou mais um triunfo no século XIX. E o curioso é que surgiu também da observação de ondulações: o Sol se refletindo na água e o trêmulo reflexo dos mastros. Aconteceu em 1869, à margem do rio, no café La Grenouihiêre, onde Monet e Renoir se encontra freqüência. Antes disso, ambos seguiam o estilo naturalista corren mas ao repararem nas ondulações e nos reflexos, o paciente naturalisr sofreu uma derrota (201). 14
  • 7. Renoir, La Grenouillière A única coisa a fazer era provocar uma impressão. E uma impressão de quê? Da luz, pois ela é tudo o que vemos. Muito tempo antes, o filósofo Hume chegara à mesma conclusão, mas os impressionistas não tinham a mínima idéia de estarem seguindo uma teoria filos6fica. Em um quadro, “a luz é o personagem principal”, palavras de Monet que deram uma espécie de unidade filosofo fica às obras desses pintores, de forma que os grandes momentos do impressionismo, além de nos encantarem vista, legaram algo novo às nossas faculdades humanas. Nossa consciência da luz se tornou parte daquela consciência geral, daquele refinamento da sensibilidade tão maravilhosamente descrita nos romances de Proust, que, numa primeira leitura, quase parecem nos dar novos sentidos. Quando pensamos nos inúmeros belos quadros impressionistas espalhados pelo mundo e na mudança que provocaram na nossa maneira de ver, surpreende-nos que o movimento como tal tivesse durado tão pouco tempo. São sempre muito curtos os períodos em que os homens conseguem trabalhar juntos inspirados pelo mesmo objetivo, e nisto reside um3 das tragédias da civilização. Depois de vinte anos, o Impressionismo sofreu uma cisão. Uma corrente achou que a luz precisava ser transmitida cientificamente, em pinceladas de cores primárias, como um espectro. Esta teoria inspirou um pintor impecável, Seurat. Contudo, ela estava muito longe do encantamento inicial espontâneo pela natureza, do qual depende basicamente toda a pintura paisagística. Do outro lado estava Monet, o primeiro e inabalável impressionista, na medida em que tentou uma espécie de simbolismo da cor para exprimir os efeitos mutáveis da luz, ao descobrir que o naturalismo puro se exaurira. Por exemplo, pintou uma série de fachadas de catedral, sob luzes diferentes — rosa, azul, amarela —, que me parecem distantes demais da experiência. Depois voltou-se para o jardim de nenúfares que construíra em sua propriedade. E a contemplação extasiante das nuvens refletidas na superfície da água foi o tema de suas últimas obras-primas (42, em cores). Nas duas salas das Ninféias, em Paris, ele dá expansão às suas sensações numa forma contínua, como um poema sinfônico. O poema tem seu ponto de partida na experiência, mas o fluxo de sensações torna-se um fluxo de consciência. E como a consciência se converte em pintura? 15
  • 8. Esse é o milagre: por um conhecimento tão completo de todos os efeitos, que eles se tornam instintivos, e cada movimento do pincel deixa de ser um simples registro para ser também um gesto de auto-revelação. De qualquer forma, a força de vontade para efetivar esta transformação deve ter sido enorme, e talvez Monet jamais a realizasse sem o apoio de seu amigo Georges Clemenceau. Na luta para salvar seu país, sobravam forças, ao velho batalhador, para manter Monet trabalhando. Monet, que estava ficando cego, escreveu repetidas vezes que não podia continuar. Diante disso, Clemenceau safa do ministério em direção ao ateliê de Monet e lhe suplicava que retomasse o pincel. E Monet voltaria a mergulhar no poço de suas memórias e sensações. Mergulho total: eis a razão suprema por que o amor da natureza foi aceito corno religião durante tanto tempo. É uma das maneiras pelas quais podemos perder a nossa identidade no todo e atingir uma consciência mais intensa do ser. Rude, Grupo no Arco do Triunfo, Paris 16