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São Paulo, Março, 1987




                                                       por Paulo Maia




                nestas esquinas © 1987 Paulo Maia. Todos os direitos reservados
Nossa Gente                                                      Um Mundo Natural

Realmente nossa gente                                         Você chegou tão de repente
Não é a mesma que essa gente                                  Me disse tudo e tão somente
Que censura a nossa palavra                                   Coisas que fazem bem ao coração
As nossas idéias, a nossa maneira de agir                     Mudou por completo minha canção

Felizmente temos armas                                        Você veio do nada e me deu tudo
Para lutar contra todos                                       Não mais estranho o seu mundo
Contra tudo que nos param                                     Você mostrou que é possível
Que nos ameaçam, que pensam que podem punir                   O toque no mundo invisível

Por que viver assim? Por que dizer sim?                       Você devolveu o dom perdido
A um mundo de valores que não são os nossos                   De um universo esquecido
Por que a solidão? Por que dizer não?                         A coisa certa, o real
À nossa liberdade de pensar e existir                         Um mundo todo natural

Novamente buscam formas                                       Sem nada mesmo para impor
De manipular nossa mente inconsciente                         O seu caminho meu amor
Tão perturbada, tão destroçada                                A nossa história bem marcada
Mas animada em prosseguir                                     E a nossa lua estrelado

De repente nos injetam seus ideais e nos mostram              Você devolveu o dom perdido
Absurdos tão irreais esses normais                            De um universo esquecido
Que guerreiam com a paz                                       A coisa certa, o real
                                                              Um mundo todo natural




                            nestas esquinas © 1987 Paulo Maia. Todos os direitos reservados
Retórica Social                                                  Olhos

Quero ser sincero e lhe dizer que o mundo é real                Olhos que não conseguem mentir
Quero ser moral por mais que tudo seja liberal                  Os que ainda podem sorrir
                                                                Os que ainda podem chorar
Porém tudo é igual                                              Com suas lágrimas argumentar
Nada é perfeito, retórica social
Todo mundo diz o fato é real                                    Olhos que sentem a ira
Todo mundo faz nada de mal                                      De serem mortos por outro olhar
                                                                Os que podem ser a mira
O mundo é assim as pessoas não se sentem bem                    Para as armas de um luar
O espelho reflete o fim
Toda a vez que a culpa é de alguém                              Transmitir os sentimentos
                                                                Mostrar o pensamento
Quero ser um homem                                              A vontade de viver
De poucas mas sábias palavras                                   Memorizar o que não se quer esquecer
Quero estar na frente de suas irônicas risadas
                                                                Olhos que nascem para punir
Quero ser normal                                                Olhos que nascem para brilhar
Tudo dá-se um jeito, retórica social                            Um olhar que quer omitir
Todo mundo grita o mundo está perdido                           Quando por outro se apaixonar
Todo mundo está desiludido
                                                                Meus olhos querem viver
                                                                Eternamente
                                                                Simplesmente por querer te olhar
                                                                Por querer sentir prazer em viver e amar




                              nestas esquinas © 1987 Paulo Maia. Todos os direitos reservados
Nada de Omitir                                                 Uma ou Outra

Nada a dizer de nada mais                                     De uma forma ou de outra
Procuro só um pouco de paz                                    temos que persistir
Será preciso dizer que estou cansado                          De um jeito ou de outro
Será preciso viver assim viciado                              se há um caminho a seguir
Quero sentir no olhar o prazer
Onde o coração transmite ser ser                              Tantas frases perdidas na incompreensão
                                                              Tantas formas de comparação
Chega de protesto sem força nem liderança
Chega de um grito mentiroso de esperança                      Tanta angústia no coração
Chega de paixões sem destino                                  Tanta vida perdida em vão
Nem palavras de vingança
                                                              Tantos sonhos perdidos no ar
Chega de um mundo sem humanidade                              Muito nada a concretizar
De mentiras nas verdades
Sem faces com interrogação                                    Algo no horizonte disfarça o olhar
Chega de conter nossas emoções                                fechado se esconde procurando evitar

O meu silêncio não pode ser ferido
Mas quando falar quero ser ouvido
Chega de ser só por um momento
Nada de omitir seus sentimentos




                            nestas esquinas © 1987 Paulo Maia. Todos os direitos reservados
Eu E Minha Visão                                                 Último Momento

Hipnotizado pelas luzes                                          Não me conte mais nada
Viajei nas nuvens                                                Esconda sua risada
Que eram cores em vida                                           Desperte no seu peito uma dor
                                                                 Um pouco mais de sal
A paisagem tão exótica                                           Nesse nosso mingau
Tão lúcida, tão lógica                                           Mas não tão desse jeito com pavor
E um som tão inibido
                                                                 O sol já vai se pôr
De repente como num instante                                     Cadê o nosso amor?
As luzes me ofuscaram a visão                                    Nossa hora por um instante de calor
Tão gelada era a escuridão                                       A história e seu olhar
                                                                 “O Velho e o Mar”
As cores que eu via e sentia                                     Lua quarto minguante sem temor
Transformaram-se em negro
E o meu apelo era...                                             Atravesse o oceano
                                                                 Viva bem mais esse ano
Só por isso senti medo                                           E diga seu adeus ao horror
Vivia cada minuto uma hora                                       Escreva uma carta
A hora de que o nada importa                                     E diga se maltrata
                                                                 Um fogo acendeu seu valor
Hipnotizado pelo sol
Senti a mais estranha sensação                                   No nosso apartamento
O mundo dava voltas                                              No último momento
E eu parado estava seguro                                        E deite-se comigo on the floor
Seguro eu e minha visão                                          Não pode ser depressa
Somente eu e minha visão                                         Se existe mais conversa
                                                                 Há sempre um perigo de amor
                               nestas esquinas © 1987 Paulo Maia. Todos os direitos reservados
Pra Lá de Bagdá                                               Nestas Esquinas

Relembrar todo o passado e pensar no que se fez               Nestas esquinas correm perigo as felinas
Reviver todo o pecado bem mais de uma vez                     Suas vaidades, pecam por suas privacidades
Acredite numa união do seu céu com o meu chão                 Sentem a dor, falam de amor, pois é clara e
E a certeza do melhor na consciência do pior                  ardente, real bem latente, inconsciente

Um dia estaremos lá                                           Sentimentos, sem amor
Pra lá de Bagdá                                               O que será que buscam?
                                                              Outro dia, agonia
O caminho é bem longo mais podemos conversar                  Berro, choro, alegria
Sobre nós e os loucos que querem nos conquistar
O viver é bem mais simples quando o inútil é                  Falam por elas, ficam nas suas janelas
desprezado                                                    Sentem vaidade mas omitem a verdade
Só de brisa vive o homem, mas de brisa é                      Mundo ideal, acham que a vida é normal
arruinado                                                     Mas não sabem que o mundo é aqui

Um dia estaremos lá
Pra lá de Bagdá

Esse é meu último pedido, satisfaça-me se puder
Não me deixe só e ferido neste lugar qualquer
Nem tudo está perdido vale a pela o que vier

Um dia estaremos lá
Pra lá de Bagdá




                            nestas esquinas © 1987 Paulo Maia. Todos os direitos reservados
Todas as letras são de autoria de Paulo Maia, exceto (*), de autoria de
                     Paulo Maia e Silvana Helal

 nestas esquinas © 1987 Paulo Maia. Todos os direitos reservados

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Músicas de resistência na década de 1980

  • 1.
  • 2. São Paulo, Março, 1987 por Paulo Maia nestas esquinas © 1987 Paulo Maia. Todos os direitos reservados
  • 3. Nossa Gente Um Mundo Natural Realmente nossa gente Você chegou tão de repente Não é a mesma que essa gente Me disse tudo e tão somente Que censura a nossa palavra Coisas que fazem bem ao coração As nossas idéias, a nossa maneira de agir Mudou por completo minha canção Felizmente temos armas Você veio do nada e me deu tudo Para lutar contra todos Não mais estranho o seu mundo Contra tudo que nos param Você mostrou que é possível Que nos ameaçam, que pensam que podem punir O toque no mundo invisível Por que viver assim? Por que dizer sim? Você devolveu o dom perdido A um mundo de valores que não são os nossos De um universo esquecido Por que a solidão? Por que dizer não? A coisa certa, o real À nossa liberdade de pensar e existir Um mundo todo natural Novamente buscam formas Sem nada mesmo para impor De manipular nossa mente inconsciente O seu caminho meu amor Tão perturbada, tão destroçada A nossa história bem marcada Mas animada em prosseguir E a nossa lua estrelado De repente nos injetam seus ideais e nos mostram Você devolveu o dom perdido Absurdos tão irreais esses normais De um universo esquecido Que guerreiam com a paz A coisa certa, o real Um mundo todo natural nestas esquinas © 1987 Paulo Maia. Todos os direitos reservados
  • 4. Retórica Social Olhos Quero ser sincero e lhe dizer que o mundo é real Olhos que não conseguem mentir Quero ser moral por mais que tudo seja liberal Os que ainda podem sorrir Os que ainda podem chorar Porém tudo é igual Com suas lágrimas argumentar Nada é perfeito, retórica social Todo mundo diz o fato é real Olhos que sentem a ira Todo mundo faz nada de mal De serem mortos por outro olhar Os que podem ser a mira O mundo é assim as pessoas não se sentem bem Para as armas de um luar O espelho reflete o fim Toda a vez que a culpa é de alguém Transmitir os sentimentos Mostrar o pensamento Quero ser um homem A vontade de viver De poucas mas sábias palavras Memorizar o que não se quer esquecer Quero estar na frente de suas irônicas risadas Olhos que nascem para punir Quero ser normal Olhos que nascem para brilhar Tudo dá-se um jeito, retórica social Um olhar que quer omitir Todo mundo grita o mundo está perdido Quando por outro se apaixonar Todo mundo está desiludido Meus olhos querem viver Eternamente Simplesmente por querer te olhar Por querer sentir prazer em viver e amar nestas esquinas © 1987 Paulo Maia. Todos os direitos reservados
  • 5. Nada de Omitir Uma ou Outra Nada a dizer de nada mais De uma forma ou de outra Procuro só um pouco de paz temos que persistir Será preciso dizer que estou cansado De um jeito ou de outro Será preciso viver assim viciado se há um caminho a seguir Quero sentir no olhar o prazer Onde o coração transmite ser ser Tantas frases perdidas na incompreensão Tantas formas de comparação Chega de protesto sem força nem liderança Chega de um grito mentiroso de esperança Tanta angústia no coração Chega de paixões sem destino Tanta vida perdida em vão Nem palavras de vingança Tantos sonhos perdidos no ar Chega de um mundo sem humanidade Muito nada a concretizar De mentiras nas verdades Sem faces com interrogação Algo no horizonte disfarça o olhar Chega de conter nossas emoções fechado se esconde procurando evitar O meu silêncio não pode ser ferido Mas quando falar quero ser ouvido Chega de ser só por um momento Nada de omitir seus sentimentos nestas esquinas © 1987 Paulo Maia. Todos os direitos reservados
  • 6. Eu E Minha Visão Último Momento Hipnotizado pelas luzes Não me conte mais nada Viajei nas nuvens Esconda sua risada Que eram cores em vida Desperte no seu peito uma dor Um pouco mais de sal A paisagem tão exótica Nesse nosso mingau Tão lúcida, tão lógica Mas não tão desse jeito com pavor E um som tão inibido O sol já vai se pôr De repente como num instante Cadê o nosso amor? As luzes me ofuscaram a visão Nossa hora por um instante de calor Tão gelada era a escuridão A história e seu olhar “O Velho e o Mar” As cores que eu via e sentia Lua quarto minguante sem temor Transformaram-se em negro E o meu apelo era... Atravesse o oceano Viva bem mais esse ano Só por isso senti medo E diga seu adeus ao horror Vivia cada minuto uma hora Escreva uma carta A hora de que o nada importa E diga se maltrata Um fogo acendeu seu valor Hipnotizado pelo sol Senti a mais estranha sensação No nosso apartamento O mundo dava voltas No último momento E eu parado estava seguro E deite-se comigo on the floor Seguro eu e minha visão Não pode ser depressa Somente eu e minha visão Se existe mais conversa Há sempre um perigo de amor nestas esquinas © 1987 Paulo Maia. Todos os direitos reservados
  • 7. Pra Lá de Bagdá Nestas Esquinas Relembrar todo o passado e pensar no que se fez Nestas esquinas correm perigo as felinas Reviver todo o pecado bem mais de uma vez Suas vaidades, pecam por suas privacidades Acredite numa união do seu céu com o meu chão Sentem a dor, falam de amor, pois é clara e E a certeza do melhor na consciência do pior ardente, real bem latente, inconsciente Um dia estaremos lá Sentimentos, sem amor Pra lá de Bagdá O que será que buscam? Outro dia, agonia O caminho é bem longo mais podemos conversar Berro, choro, alegria Sobre nós e os loucos que querem nos conquistar O viver é bem mais simples quando o inútil é Falam por elas, ficam nas suas janelas desprezado Sentem vaidade mas omitem a verdade Só de brisa vive o homem, mas de brisa é Mundo ideal, acham que a vida é normal arruinado Mas não sabem que o mundo é aqui Um dia estaremos lá Pra lá de Bagdá Esse é meu último pedido, satisfaça-me se puder Não me deixe só e ferido neste lugar qualquer Nem tudo está perdido vale a pela o que vier Um dia estaremos lá Pra lá de Bagdá nestas esquinas © 1987 Paulo Maia. Todos os direitos reservados
  • 8. Todas as letras são de autoria de Paulo Maia, exceto (*), de autoria de Paulo Maia e Silvana Helal nestas esquinas © 1987 Paulo Maia. Todos os direitos reservados