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Moda e sustentabilidade: economia circular aplicada a
marca de moda Bluiza.
FABRI Hélcio Prado; Mestre;
Universidade Positivo
SANTOS, Luiza Binotto
Universidade Positivo
Resumo: O objetivo dessa pesquisa é conhecer sobre as teorias de moda sustentável, slow fashion,
economia circular, para realizar o plano de negócios para a marca de moda Blluiza, utilizando destes
princípios para o desenvolvimento, produção, distribuição e venda dos produtos de moda.
Palavras-chave: Moda sustentável. Economia circular. Slow fashion. Bluiza.
Introdução:
O contexto atual da indústria da moda tem tomado direções preocupantes para o
ambiente onde vivemos e para as pessoas que fabricam as peças. Tornou-se a segunda
indústria que mais polui no mundo, pois em algum processo para uma construção de uma
única peça de roupa, causará algum tipo de impacto seja na água, no solo, no ar ou na
população e se não bastasse todos esses impactos para a produção, quando a roupa está em
uso e causa maiores problemas quando cai em desuso ela gera impactos para o ambiente,
pelo tempo que demora para se decompor é um dos principais, pois dependendo da fibra em
que é produzida, pode levar até 6 anos para essa única peça de roupa deixar de existir.
Para que não o futuro das próximas gerações não seja comprometido com as ações
que hoje são feitas, é preciso que muito daquilo que aqui se faz seja repensado, o consumo
excessivo de roupas é um exemplo, é preciso consciência na hora de consumir uma peça de
roupa em que trabalhadores viveram condições precárias para produzir, algo que muitas vezes
será usado poucas vezes e jogado no ambiente, e que levará muito tempo para ser
decomposto. Para essa situação o designer de moda deve repensar o ciclo seja no design,
produção, distribuição, uso ou no fim da vida da peça, em alguma etapa do ciclo de vida desse
produto, poderá existir melhorias para que se possa contribuir para o ambiente em que
vivemos, e o consumidor então consuma e descarte de forma mais consciente, diminuindo
assim o impacto que a moda gera no planeta. Esse projeto visa estabelecer um ciclo de vida
fechado para os produtos de moda, onde o resíduo se transformará em matéria prima para
novas peças, onde o cliente poderá trocar sua peça velha com um incentivo proporcionado
pela marca onde terá desconto por uma nova. Para a realização desse serviço é preciso que
seja encontrado uma forma acessível de reciclagem dessa peça, por meio de terceirização
desse serviço.
Dessa forma este projeto pensa em todos estes problemas que a moda gera ao
planeta onde vivemos, e que as próximas gerações terão de viver, e para que vivam da mesma
forma com que atualmente se vive, com todos os recursos naturais disponíveis, teremos que
poupar e pensar para que tudo isso não se esgote, então o estudo prevê um plano de negócios
para uma marca de moda local que tenha a economia circular como principal pilar, sendo que
a economia circular é um modelo que propõe o reaproveitamento de tudo aquilo que se produz,
ou seja é baseada na inteligência da natureza, onde os resíduos se tornam insumos para os
novos produtos que serão produzidos. Aplicando a economia circular na marca de moda, será
por meio da logística reversa das roupas de clientes, e então transformada em fio novamente
pela reciclagem e então transformada em uma nova peça. O ciclo de vida da roupa será um
ciclo fechado onde o lixo se transformará em matéria prima para a construção da nova.
Este trabalho tem como objetivo desenvolver o plano de negócios para uma marca de
moda aplicando os conceitos de moda sustentável tendo a economia circular (cradle to cradle)
como estratégia. Para atingir estes objetivos alguns procedimentos são fundamentais, como o
entendimento dos conceitos relacionados a moda sustentável e economia circular aplicados a
um modelo de negócios que seja relacionado a moda, para isto a realização de pesquisas
baseado em um referencial teórico pré-estabelecido, outro ponto importante é a identificação
de estratégias de negócios de moda que operem no sistema de moda e sustentabilidade, para
isso a realização da montagem do plano de negócios, o estabelecimento das estratégias para o
negócio em uma marca de moda local aplicando a sustentabilidade, pesquisando assim
modelos similares de negócios. Identificação para o possível público da marca que seja
sensível a sustentabilidade, pesquisas qualitativas para o conhecimento de estilo de vida,
comportamento. E por fim, o estabelecimento das diretrizes para que esta marca de moda local
opere no modelo de negócios que foi pretendido, promover assim a aplicabilidade deste plano.
Fast-Fashion
O conceito de fast fashion começa a surgir em 1980 quando a rotatividade e a
competividade se potencializa no setor da indústria têxtil. O fast fashion produz aquilo que o
consumidor deseja no momento, possui maior capacidade de oferecer com prazos muito
curtos, que é a velocidade de resposta, ou seja quando uma coleção antes era feita em 24
meses passa a ser feita em poucas semanas. (CIETTA, 2010, p. 27, 28). Pode-se observar
que a cadeia criativa então, já sofreu alterações, o calendário da moda é sem dúvidas o mais
notável, antes composto por duas coleções anuais, hoje é composto por três a cinco coleções
de “meia estação”, isso gera grandes modificações para os fornecedores que tem que entregar
mercadorias em um curto espaço de tempo. O processo criativo vive pela ânsia por novidades,
para a elaboração de coleções em um pequeno espaço de tempo, tendo assim a formação de
produtos “clones”, pelo contexto limitador que é vivenciado nesse barco fast fashion.
(BUSARELLO, R.I; SILVA, S.P, 2016, p.6)
O consumidor tem que ter que adquirir consciência que todo consumo gera impacto,
tudo aquilo que se escolhe adquirir, pode mudar o rumo do planeta onde se vive, o consumo
sem consciência gera impactos negativos. (CARVALHAL, 2016). Em resumo o fast fashion
consegue seduzir a clientela com um consumo sem consciência, justamente pela atualização
constante do design e os produtos com preços extremamente baixos. (SALCEDO, 2014).
Quando incentivamos o fast fashion enriquecemos apenas uma meia dúzia de
grandes empresários, donos de grandes marcas. Isso não é democratização do
dinheiro. Quando compramos fast fashion vamos a favor de todo o processo de
“colonização da moda”, que marcou a entrada de grandes marcas mundiais em
países estrangeiros, acabando com a produção local. Quando compramos fast
fashion incentivamos o trabalho em condições sub-humanas em países que
não tem (ou tem muito poucas) leis trabalhistas. Isso não é democratização de
nada.” (CARVALHAL, 2016, p.52,53)
A figura mais representativa do modelo de negócios fast fashion, é a rede de lojas
Zara que conta com 1770 lojas em 86 países, e atingiu o sucesso que tem hoje, devido a
rapidez em todas as etapas do ciclo de vida de seus produtos, é produzido com muita rapidez e
é consumido com a mesma rapidez também fator fundamental para que tenha atingido o
sucesso, o cliente possui uma frequência maior em suas lojas, para conferir quais são as
novidades, sendo que a todo momento possui coisas novas para serem compradas e com
preços tão baixos, o consumidor adquire novos produtos sem pensar muito, mas se questionar
o porquê de possuir preços finais tão acessíveis são baseados em três parâmetros, a criação
das peças acontece com base na cópia, as peças possuem baixa qualidade logo curta
durabilidade e a produção acontece com mão de obra não valorizada. O preço de uma peça é
formado por 20 a 50% de um artigo de vestuário e 20 a 40% da mão de obra, sendo assim
sabe-se que o processo da moda é formada pela maior parte de mão de obra humana, no
enfesto, no corte, costura, beneficiamentos, limpeza, colocação de etiquetas, modelagem e
criação todas estas etapas são realizadas pelas mãos de humanos, então para a obtenção de
preços extremamente baixos, a única alternativa é o pagamento extremamente baixo para
todas estas pessoas que realizam estas etapas para a produção destas peças de
roupa.(DUARTE, 2015, p.3,4,5)
Impactos que a indústria da moda causa no ambiente
Atualmente a indústria da moda é a segunda que mais polui no mundo, perdendo
apenas para a indústria petrolífera, em algum processo para a construção de uma peça de
roupa, seja no beneficiamento, fiação tecimento, tingimento, estamparia, acabamentos ou até
mesmo na administração da empresa, causa algum tipo de impacto no ambiente, seja ele no
solo, no ar, na população ou na água como citado no documentário The true cost, 2015. Esses
impactos são ainda mais fortes por consequência do fast fashion onde só pensa na rapidez em
produzir e não nas consequências que esse sistema gera.
De acordo com o SindiTêxtil, em São Paulo, na região do Bom Retiro,
diariamente são descartados inadequadamente doze toneladas de resíduos têxteis (retalhos), o
impacto negativo que ocorre no ambiente e imensurável.
Por exemplo, para a produção de apenas uma calça jeans, são gastos 11 mil litros de
água, para uma camiseta de algodão 2700 litros de água. Calcula-se que a indústria têxtil
mundial utilize 387 bilhões de litros de água por ano. E também é essa indústria que é
responsável por 20% da contaminação das águas no conjunto de toda a atividade industrial do
planeta. Nos Estados Unidos, os resíduos da indústria de moda correspondem a 5% do total de
resíduos produzidos pelo país. (SALCEDO, 2014, p.28)
Os impactos que esse setor causa na sociedade também é de grande proporção,
como pode-se citar o exemplo de um trabalhador que confecciona uma peça de roupa, recebe
entre 1% e 2% do preço de venda da peça, ou seja, em uma peça de R$20,00 o trabalhador
receberá apenas de 20 a 40 centavos. (SALCEDO,2014, p.29). E a falta de segurança para o
trabalhador com condições precárias é comum nesse ramo, o acidente em Bangladesh em
2013 é um exemplo, onde 377 pessoas morreram com o desabamento do prédio onde
trabalhavam para uma marca de moda.
A indústria do vestuário é a indústria mais dependente do trabalho humano no
mundo, empregando milhões de trabalhadores que são os mais pobres de todo
o sistema, muitos dos quais são mulheres. Muitas destas mulheres recebem
menos que um salário mínimo, trabalham em condições inseguras, e são
privadas de direitos humanos básicos. Além do impacto humano, a moda se
tornou a segunda indústria mais poluente do mundo- perdendo apenas para a
indústria do petróleo. (THE TRUE COST, 2015)
Já nos impactos no ambiente pode-se observar as plantações de algodão que ocupam
2,4% da área cultivável do planeta e são responsáveis por 16% do consumo total de
inseticidas. Apenas uma gota de aldicarbe por exemplo que é o pesticida mais comum na
produção de algodão, quando absorvido pela pele pode ser suficiente para matar um adulto,
esse uso excessivo de produtos químicos na produção de fibras, tecidos e roupas, é uma
ameaça à saúde, e as pessoas afetadas, não são somente os trabalhadores e sim todos
aqueles que vivem próximos aos centros de produção e também os consumidores em geral.
(SALCEDO,2014, p. 28,29)
Figura 1 – Montanha de lixo têxtil.
Fonte: Modefica, 2015
Sustentabilidade
Sustentabilidade é um termo muito atual, mas a expressão “desenvolvimento
sustentável” foi utilizada pela primeira vez em 1987. O conceito de sustentabilidade segundo
Elena Salcedo em seu livro Moda ética para um futuro sustentável, é o desenvolvimento que
satisfaz as necessidades do presente, sem comprometer a satisfação das necessidades das
gerações futuras. Ou com uma definição mais direta, proposta em 2002, durante o World
Summit on Sustainable Development, por um delegado sul-africano: “O desenvolvimento
sustentável é bastante para todos e para sempre”.
Sustentabilidade pode ser ainda definida como “[...] a condição na qual os sistemas
natural e social sobrevivem e prosperam indefinidamente”, “[...] uma das principais questões da
sustentabilidade é como o desenvolvimento social e econômico podem ser alcançados
globalmente sem colocar em perigo os ecossistemas do planeta”, segundo o documento
agenda 21, que formula um programa de ação para o “desenvolvimento sustentável”
(MINISTÉRIO DO MEIO AMBIENTE).
Sustentabilidade é a habilidade de nossa sociedade humana em perpetuar-se dentro
dos ciclos da natureza, definição proposta pela The Natural Step (TNS), uma organização sem
fins lucrativos que atua desde 1922. Ou um último conceito dito por Ezio Manzini e Carlo
Vezzoli no livro o desenvolvimento de produtos sustentáveis publicado em 2002: “o princípio de
equidade, pelo qual se afirma que, no quadro de sustentabilidade, cada pessoa (incluindo as
gerações futuras) tem direito ao mesmo espaço ambiental, a mesma disponibilidade de
recursos naturais do globo terrestre.”
Com o entendimento de sustentabilidade, pode-se discutir o modelo atual de
desenvolvimento, onde a sociedade atual consome muito e é medida em termos de
crescimento da produção e do consumo da matéria-prima, para a evolução dessa sociedade
para uma em que seja possível consumir muito menos e a redução na produção de produtos
materiais. (MANZINI; VEZZOLI, C. 2002, p.23). O prazo para uma transição tão complexa é em
torno de 50 anos, tempo suficiente longo, e breve para não se tornar totalmente abstrato.
A atual crise vivida em todo o mundo, pode ser uma espécie de tensão do mundo para
que todos tomem consciência de tudo aquilo que está acontecendo e então que se adquira
responsabilidade. É preciso que ocorra o abandono da lógica herdada da revolução industrial,
a qual é centralizadora, se baseia na exploração do mais fraco, lucra com problemas alheios e
até cria problemas para que possa se beneficiar.
Segundo André Carvalhal em seu livro Moda com propósito, os desafios das empresas
atualmente não são apenas pequenos ajustes, existem questões maiores entre si, não são
limitadas as questões ambientais. Possui muitas ameaças, e segundo ele o que resta é
realmente revolucionar: desconstruir, reinventar e transgredir.
Moda e sustentabilidade
Moda, segundo Erika Palomino no livro “A moda”, é o sistema o qual segue o tempo e
o vestuário, integra o simples fato de usar roupas a algo maior, contexto político, social,
sociológico, moda é muito mais do que só vestir.
Cita Samantha Pereira Silva e Raul Inácio Busarello, no artigo “Fast fashion e Slow
fashion: o processo criativo na contemporaneidade, que: definir a moda, uma corrente que
segue as transformações antropológicas, é natural aplicar a característica mutável do homem a
esse fenômeno, pode- se sustentar que a história da moda é caracterizada então, por um
sistema que está em constante desenvolvimento e progresso.
E moda sustentável, é aquela que em todos os seus processos tem como foco o
respeito ao ambiente e à sociedade, incentivando o consumo consciente e valorizando todas
as pessoas envolvidas, com uma produção mais humanizada sem que exista a exploração de
mão de obra, produzindo assim, peças cujo design e funcionalidade favoreçam o uso
duradouro. Com matérias-primas menos poluentes e sempre em busca da redução de
resíduos e o uso consciente de energia elétrica e água. (SEBRAE)
Mas as ideias de sustentabilidade trazem para a moda não apenas um
vocabulário diferente, mas um modo diferente de pensar o mundo em que
nossos negócios operam e no qual praticamos o design. (FLETCHER, K;
GROSE, L. 2011, p.11)
Atualmente, a moda sustentável, deve ter três áreas de importância, - a sociedade,
que deve focar no direito de propriedade social, o meio ambiente focado na estabilidade
ecológica, e a economia focado na viabilidade econômica, é o desafio é exatamente esse,
administrar esses três principais pilares (GWILT,2014, p.22). A moda sustentável atua da
seguinte forma: deve se preocupar com todos as fases do produto, desde de onde vem a
matéria-prima, a criação, a produção, distribuição, venda, uso, e principalmente a fase em que
cai em desuso, onde terá um destino, a reutilização, reciclagem ou reuso.
Se as estilistas não entendem quais são as estratégias de design para
sustentabilidade, como aplicá-las, nem quais são as possibilidades por elas
oferecidas, é pouco provável que mudem seu processo de criação. O estilista
tem de ver a estratégia de sustentabilidade como uma oportunidade de
inovação. (SALCEDO,2014, p.39)
Slow Fashion é um conceito baseado na qualidade de seus produtos, vê o consumidor
e os hábitos como fator importante na cadeia, no slow fashion existe uma conscientização
sobre os impactos que a moda gera no ambiente desde os designers até os compradores,
sendo assim com uma velocidade mais lenta, a relação entre produtores e compradores,
designers e produtores e claro entre a roupa e o consumidor (SALCEDO,2014, p.33). Como a
autora cita o slow fashion não pode se relacionar com uma dualidade com fast fashion, sendo
que o propósito da moda lenta é totalmente diferente, pois existe uma preocupação com o ciclo
todo.
Para a definição de Slow fashion pode-se dizer que é o sistema que não responde a
rapidez das mudanças de tendências de moda, é uma corrente que valoriza a conexão entre
consumidor e o designer, ou seja valoriza-se a qualidade, o pensamento a longo prazo e
principalmente que tem uma grande valorização da comunidade e diversidade. (BUSARELLO;
SILVA, S., 2016, p.7)
Tal como se organiza sob nossos olhos, a moda já não se encontra seu modelo
no sistema encarnado pela moda de cem anos. Transformações
organizacionais, sociais, culturais, em curso desde os anos 1950 e 1960,
alteraram a tal ponto o edifício anterior que se tem o direito de considerar que
uma nova fase da história da moda fez sua aparição. Precisemos logo: a
emergência de um novo sistema não significa, em nenhum caso, ruptura
histórica liberta de qualquer laço com o passado. (LIPOVETSKY,1989, p.107)
Os profissionais criativos possuem maior liberdade de tempo para criação de cada
peça, pois não trabalham com a pressão exercida pelo calendário da moda, em ritmo frenético
tal como é vivenciado no processo de fast fashion, no slow fashion acontece essa valorização
da atenção que é destinada a cada detalhe nas peças desenvolvidas, o esmero, a qualidade e
o pensamento a longo prazo. Esse processo não pode se relacionar exclusivamente com o
tempo, pois não é necessário que seja sempre um processo mais demorado, a relação de slow
é relacionado com a atenção que é dedicada a cada peça, onde os designers debatem muito
mais sobre cada peça que se cria. (BUSARELLO; SILVA, S., 2016, p.13).
No relatório “Era de transição” em que a Malha disponibilizou em seu site, cita a
sustentabilidade como sobrevivência, que com o esgotamento de recursos naturais e todas as
mudanças climáticas mostram que o modelo ‘extrair-transformar-descartar’ já atingiu o limite. A
sociedade vem repensando o consumo e a indústria o modo que produz. Os conceitos como
upcycling, downcycling, energia limpa e comercio local tem se tornado cada vez mais comum,
porque a sustentabilidade não é mais opção, é uma necessidade.
Já o design sustentável tem a preocupação em introduzir melhorias em uma peça,
para essa realização é preciso analisar vários processos como por exemplo a análise do ciclo
de vida, o qual pode ser realizado através de pesquisas de mercado e de tendências, a etapa
de produção de moldes e peças piloto também pode ser observada para que possa ser inserida
alguma melhoria para colaborar com a redução de resíduos ou com menor quantidade
de tecido, a distribuição que envolve todo o transporte seja de matéria prima ou com as peças
acabadas sendo levadas até o varejo e posteriormente até o consumidor final, sendo assim
pode ser notada a necessidade de embalagens, etiquetas para que seja transportada e o
combustível que será usado, e então, o uso que é uma questão considerada problemática do
ciclo de vida de um peça de roupa, principalmente pelo fato de lavagem , sendo assim é
necessário conhecer bem o uso dessas peças e como elas serão descartadas para então
poder incluir melhorias, e pôr fim do ciclo de vida da peça, chega o fim da vida onde se
transforma em resíduo têxtil e é enviado para aterros ou incinerados, as melhorias podem
incluir um atraso ou na mudança de destino desse resíduo têxtil (GWILT,2014, p.34,35). Para
o conhecimento de cada fase do ciclo de vida de uma peça de roupa pode-se observar abaixo
o exemplo ilustrado:
Figura 2 – O ciclo de vida de uma peça de roupa.
Fonte: SALCEDO, 2014.
Para que o tempo de uso de uma peça de roupa seja aumentado muitas vezes se faz
necessário a realização de consertos básicos, mas na sociedade ocidental moderna, a maioria
dos usuários nem tem essa preocupação, essa falta de engajamento se faz devido a atração
por roupas novas e relativamente baratas, pelo preço de um conserto se comparado com o de
roupas novas disponíveis no mercado e também pela carência de habilidades domésticas.
Para um sistema de produção de peças moda ser considerado sustentável deve
funcionar da seguinte forma:
- Produto feito com algodão orgânico e certificado ou com reaproveitamento de jeans
já existente no mercado;
- Mão de obra de acordo com as leis trabalhistas e atenção à segurança do trabalho;
- Tingimento natural
- Programa de reaproveitamento da água utilizada na lavagem que para isso, deve ser
sem produtos químicos;
- Programa de reciclagem de resíduos, reduzindo em quase em sua totalidade o lixo
têxtil. Para que o produto chegue perfeito e desejável às prateleiras, deve ter um design
interessante. Todo o processo de produção deve obedecer à legislação e às normas
ambientais, buscando como complemento o melhor aproveitamento no uso de recursos
naturais e a preservação da natureza e da biodiversidade. (CARVALHAL, 2016, p.204,205)
A indentificação dos impactos do produto é fundamental, para isso o mapeamento do
ciclo de vida é uma importante ferramenta, abaixo um exemplo de como pode ser elaborado
um esquema na hora da criação do produto, onde tudo seja identificado como “entrada” como
por exemplo os tecidos, acabamentos, métodos de confecção enquanto então procura
identificar as potenciais “saídas” das decisões que forem tomadas. (GWILT,2014, p.37)
No exemplo observa-se que em toda etapa do produto de moda, a peça gera grande
quantidade de impacto e que a preocupação deve estar antes mesmo de a peça ser
desenvolvida, para que no fim da vida útil ela possa ser otimizada e não caia em desuso e que
seja o fim da vida útil é importante que ela tenha alguma utilidade para que simplesmente não
caia no ambiente e demore anos para que seja decomposta.
Design, produção, distribuição, uso e o fim da vida, essas são as etapas que compõe
o ciclo de vida, na primeira etapa no design do produto é onde existem pesquisas de mercado,
tendências e o desenvolvimento do conceito e da coleção, e o processo de compras de tecidos
e identificar qual a melhor opção para atender os quesitos de conceito tema e então de uma
moda sustentável. Na segunda etapa na produção, com os tecidos definidos é realizado a
modelagem e as peças-piloto, é importante então explorar essas etapas para que não exista o
desperdício, perda de materiais que acabaram no ambiente, para uma moda com
responsabilidade é necessário pensar em não poluir nessa etapa do processo. A terceira etapa
a distribuição ocorre durante todo o processo, seja para chegar os tecidos ou para entregar a
peça final para a venda, mas é importante pensar em meios que estejam ligados a ser
sustentáveis, alternativas que gere menos impacto. A quarta etapa que é o uso, onde existe
mais problemas para o ambiente pois para a lavação, para isso o designer deve repensar
alternativas. E no fim da vida o foco deve ser em empregar atrasos na o fim da vida como
reciclagem, reuso e adoção de sistema de ciclo fechado. (GWILT,2014, p.35)
Economia circular
O princípio de “extrair- produzir-descartar” (economia linear), corre o risco do
esgotamento de matérias-primas, sendo que usa de recursos finitos. Gera-se um volume muito
grande de resíduos tóxicos e inutilizados no fim da vida de uma peça de roupa, agredindo
assim o ambiente em que se vive (IDEIA CIRCULAR). Abaixo pode ser visto o ciclo da
economia linear citado, em forma de desenho.
Figura 3 – Economia linear.
Fonte: Ideia Circular, 2017.
Para a definição de economia circular, é preciso entender que é o oposto de economia
linear, pois propõe que os recursos que são extraídos sejam mantidos em circulação, sendo
assim o destino final de um material deixa de ser um gerenciamento de resíduo e sim processo
para o desenvolvimento de produtos e sistemas, eliminando assim o conceito de lixo,
possibilitando a ideia ‘de berço a berço’, com um aproveitamento inteligente de recursos que já
estão em processos de uso (IDEIA CIRCULAR). No Brasil deixa-se de ganhar R$ 8 bilhões
anuais devido a destinação inadequada de resíduos sólidos (IPEA, 2010), ou seja, na
economia circular não existe esse desperdício, pois o lixo se transforma em matéria prima, o
chamado conceito cradle to cradle (berço ao berço), uma atividade próspera e benéfica ao ser
humano, onde existe a cooperação entre fornecedores, produtores, clientes, governo, segundo
o núcleo de redes de suprimentos (NURES) da Universidade Federal de Santa Catarina.
Figura 4 – O que é Economia circular.
Fonte: Ideia Circular, 2017.
A economia circular tem como objetivo manter produtos, componentes e materiais
em seu mais alto nível de utilidade e valor, o tempo todo. Consiste em um ciclo de
desenvolvimento positivo contínuo que preserva e aprimora o capital natural, otimizando assim
a produção de recursos e minimiza riscos sistêmicos, administrando estoques finitos e fluxos
renováveis, funcionando assim de forma eficaz em qualquer escala. (ELLEN MACARTHUR
FOUNDATION)
As montanhas de lixo que se elevam nos aterros sanitários, são consideradas grande
desperdício para a teoria cradle to cradle, onde muito desses nutrientes são desperdiçados,
contaminados e até mesmo perdidos, o que seria “comida” valiosa tanto para a indústria quanto
para a natureza, e não se perde somente pela falta de sistemas que proporcionem esta
recuperação mas perde-se também pois muitos dos produtos possuem a mistura de materiais,
que então não podem ser recuperados após sua vida atual. (BRAUNGART; MC. DONOUGH,
2014, p.103)
Os consumidores estão em trânsito, a conscientização está iniciando, e estão sendo
adotadas medidas eficazes, como a dissociação do consumo dos recursos finitos, nisto entra a
economia circular sendo que é regenerativa e restaurativa, a qual tem como objetivo manter
produtos, componentes e materiais no mais alto nível de utilidade e valo. Tem como princípio
preservar e aprimorar o capital natural, otimizar a produção de recursos e minimizar os riscos
sistêmicos, administrando fluxos renováveis e estoques finitos. Propõe o reaproveitamento
sistemático da produção que é baseado em dois ciclos contínuos de desenvolvimento, o
biológico e o técnico. Os recursos de regeneram no ciclo biológico (com ajuda ou não da mão
do homem) e são recuperados e restaurados no ciclo técnico, onde o homem intervêm para
recuperar os materiais, refazendo o ciclo. (MALHA, 2017, p.42,43)
Para então eliminar o conceito de desperdício, significa projetar as coisas desde o
início com o entendimento que o desperdício não existe, afinal o planeta é cíclico, a natureza
não é linear, é holística intuitiva e alimentadora.
A economia circular faz bem para o planeta e também possibilita poupar dinheiro, a
consultoria McKinsey estimou que se a Europa adotasse esses princípios circulares, iria
economizar 1,8 trilhão de euros até 2030. Esse grande valor seria poupado, pois economizaria
na compra e produção de matéria-prima, sendo que seria reaproveitada, sendo que nessa
lógica, não há perca de valor nos materiais, sendo que todos são reciclados de forma infinita.
(CARVALHAL, 2016, p.213,214)
Na Inglaterra por exemplo são despejados por ano 2 milhões de toneladas de roupas e
3 milhões de toneladas de gás carbônico em aterros sanitários, e ainda muitas roupas são
queimadas, se toda essa quantidade fosse reciclada, quanta matéria prima não geraria para as
indústrias se fosse aplicado os princípios da economia circular. (CARVALHAL, 2016 p.211,212)
Se nós os seres humanos, realmente quisermos prosperar, então teremos de
aprender a imitar o sistema natural cradle to cradle, altamente eficaz, de fluxo
de nutrientes e de metabolismo, no qual o próximo conceito de desperdício não
existe. (BRAUNGART; McDONOUGH,2009, p.107)
A Economia circular fundamenta-se em três princípios, cada um deles é voltado para
os desafios pertinentes aos recursos e sistêmicos que a economia industrial encara:
- Princípio 01: Preservar e aumentar o capital natural, controlando estoques finitos e
equilibrando os fluxos de recursos renováveis.
Isso se inicia com a desmaterialização dos produtos e serviços, realizando a entrega
virtual sempre que possível. Quando existir a necessidade de recursos, o sistema circular com
sensatez tecnologias e processos que utilizam recursos renováveis ou que apresentem melhor
desempenho. A economia circular também estimula os fluxos de nutrientes no sistema e cria as
condições favoráveis para a regeneração, aumentando o capital natural.
- Princípio 02: Otimizar a produção de recursos, fazendo circular produtos,
componentes e materiais no mais alto nível de utilidade o tempo todo, tanto no ciclo técnico
quanto no biológico.
Projetar para a remanufatura, reforma e reciclagem, de modo com que os
componentes e materiais continuem circulando e assim contribuindo de alguma forma para a
economia.
A economia circular usa circuitos internos mais estreitos sempre que preservam mais
energia e outros tipos de valor, como a mão de obra envolvida na produção. O sistema circular
também mante a velocidade dos circuitos dos produtos, prolongando assim a vida útil do
produto e promovendo a reutilização. Também estendem ao máximo possível o uso de
materiais biológicos já usados, extraindo valiosas matérias primas bioquímicas e destinando-as
a aplicações de graus cada vez mais baixos.
- Princípio 03: Fomentar a eficácia do sistema, revelando as externalidades negativas
e excluindo-as do projeto
Inclui a redução de danos a produtos e serviços que são de extrema importância ao
ser humano, como alimentos, mobilidade, habitação, educação, saúde e entretenimento e a
gestão de externalidades como uso da terra, água, ar e poluição sonora, liberação de
substâncias tóxicas e mudança climática. (ELLEN MACARTHUR FOUNDATION)
As seguintes características descrevem a economia circular pura:
Design sem resíduo
Quando os componentes biológicos e técnicos de um produto são projetados com a
intenção de permanecerem dentro de um ciclo de materiais biológico ou técnicos, concebidos
para desmontagem e ressignificação, o conceito de resíduo não existe então.
Materiais biológicos podem ser simplesmente compostados, por não serem tóxicos.
Materiais técnicos são projetados para serem usados novamente com o mínimo de energia e
maior retenção de qualidade, sendo que normalmente é entendido que a reciclagem resulta em
uma diminuição na qualidade e realimenta o processo com matéria-prima bruta.
Criar resiliência através da diversidade
Versatilidade, modularidade e adaptabilidade são as características que precisam ter
prioridade em um mundo que está em rápida evolução e repleto de incertezas. Sistemas
diversos com muitas conexões e escalas são mais resistentes a choques externos do que os
sistemas construídos simplesmente para a eficiência, maximizando assim o rendimento de
resultados extremos nas fragilidades.
Transitar para o uso de energia proveniente de fontes renováveis
Os sistemas devem operar com energia renovável – o que é permitido pelos reduzidos
limites dos níveis de energia exigidos por uma economia circular e restaurativa. Por exemplo
em sistema de produção agrícola o qual se baseia no atual rendimento da energia solar, mas é
utilizada uma quantidade significativa de combustíveis fosseis em fertilizantes em maquinas,
processamentos e também através da cadeia produtiva. Os sistemas alimentares e agrícolas
que são mais integrados, reduziram a necessidade de insumos que são à base de
combustíveis fosseis e capturariam mais valor energético de subprodutos e adubos.
Pensar em sistemas
É essencial a capacidade de compreender como as partes se influenciam dentro de
um todo, e as relações do todo. Os elementos são considerados em relação ao seu contexto
ambiental e social. Embora uma máquina também seja um sistema, ela está claramente
delimitada a ser determinista. O pensamento sistêmico geralmente refere-se à maioria
esmagadora do sistema do mundo real: são não-lineares, ricos em feedback e
interdependentes. Em tais sistemas, imprecisas condições de partida combinadas com
feedback levam a consequências muitas vezes surpreendentes, e a resultados que
frequentemente não são proporcionais à entrada.
Tais sistemas não podem ser geridos no sentido convencional “linear”, exigindo pelo contrário,
mais flexibilidade e frequente adaptação a mudanças.
Pensar em cascatas
Para os materiais biológicos a essência de criação de valor reside na possibilidade de
extrair valor adicional de produtos e materiais em cascata através de outras aplicações. Na
decomposição biológica, seja ela natural ou em processos de fermentação controlada, o
material é desintegrado em fase por micro-organismos como bactérias e fungos que extraem
energia e nutrientes. Por exemplo uma árvore indo ao forno renuncia o valor que poderia ser
aproveitado através de decomposição, por meio do uso sucessivo da madeira e de produtos
madeireiros antes da degradação ou da eventual incineração. (ELLEN MACARTHUR
FOUNDATION)
Ecoeficiência, tem como significado principal “fazer mais com menos”, o próprio Henry
Ford era rígido quanto estas políticas operacionais que visavam enxugar e limpar, fazendo
assim com que sua empresa economizasse milhões de dólares ao reduzir o desperdício e
definir novos padrões, com economia e tempo para sua linha de montagem. Ele cita e 1926 “
Você deve tirar o máximo proveito da força, do material e do tempo”. (BRAUNGART; MC
DONOUGH, 2008, p. 57)
Os resultados sob a influência do movimento da ecoeficiência na indústria, diz que
deve-se projetar um sistema industrial que:
- Anualmente, libere menos quilos de resíduos tóxicos no ar, no solo e na água;
- Meça a prosperidade por meio de menos atividade;
- Cumpra o estipulado por milhares de regulamentações complexas direcionadas a
proteger as pessoas e os sistemas naturais da intoxicação rápida demais;
- Produza menos materiais que sejam perigosos a ponto de exigirem uma vigilância
constante por parte das futuras gerações, ao mesmo tempo em que estas vivem sob o terror;
- Produza quantidades menores de resíduos inúteis;
- Enterre menores quantidades de materiais valiosos em buracos por todo o planeta,
de onde nunca poderão ser recuperados. (BRAUNGART; MC DONOUGH, 2008, p. 66)
As indústrias e os sistemas industriais devem-se tornar mais eficientes em termos de
uso dos recursos quando geram menos poluição e desperdício, quando estão baseadas no uso
de recursos renováveis em vez de não renováveis e quando minimizam os impactos adversos
irreversíveis sobre o meio ambiente e a saúde humana. (BRAUNGART; MC DONOUGH, 2008,
p. 57)
Princípios da economia circular na marca Bluiza
Dentre todos os princípios que descrevem a economia circular essencialmente, design
sem resíduo; criar resiliência através da diversidade, transitar para o uso de energias
renováveis, pensar em sistemas, pensar em cascatas, (ELLEN MACARTHUR FOUNDATION)
e o cenário que a marca de moda Bluiza trabalha atualmente, nesse tópico será exemplificado
as divergências que existem hoje em dia entre a economia circular um pensamento sustentável
para uma marca, cenário que é o objetivo do trabalho e como a marca trabalha hoje.
Atualmente a marca não atende aos princípios da economia circular, mas o cenário
futuro da marca de vestuário Blluiza será criar moda com a preocupação de ser uma moda
sustentável, com os 5 princípios da economia circular.
Na tabela a seguir especifica-se os princípios da economia circular, e como a marca
trabalha atualmente e que não atinge aos princípios da economia circular, ou seja, apenas cria
roupas atendendo a tendência, tema de coleções, para satisfazer um público alvo determinado.
E em seguida como a marca vai trabalhar em cenário futuro para aplicar aos princípios da
economia circular e tornar-se então uma marca com propósito, que tenha toda esta
preocupação.
Tabela 1 – Descrição dos princípios design sem resíduo. Blluiza atualmente e Bluiza futuramente.
Descrição: Quando no desenvolvimento do
produto já é planejado a permanência dentro
do ciclo seja com componentes técnicos
aqueles que são projetados para serem
usados novamente com o mínimo de
energia e maior retenção de qualidade ou
com materiais biológicos que são aqueles
que podem ser simplesmente compostados,
por não serem tóxicos.
Situação atual: Na marca Blluiza o
desenvolvimento das peças não ocorre com
esse planejamento pensando no ciclo dos
materiais que são utilizados, atualmente as
peças são desenvolvidas somente
analisando os quesitos da moda
(tendências, público-alvo, tema da coleção
etc).
Situação futura: As coleções serão
planejadas com preocupação em relação
aos materiais utilizados, pensando em
tecidos, aviamentos, para que o produto de
moda possa permanecer dentro do ciclo, e
continuar atendendo a tendências de moda
e ao tema escolhido para a coleção.
Fonte: Ellen Macarthur Foundation e Marca Bluiza, 2017.
Tabela 2 – Descrição do princípio criar resiliência através da diversidade, Blluiza atualmente e Bluiza
futuramente.
Fonte: Ellen Macarthur Foundation e Marca Bluiza, 2017.
Descrição: As três características que
precisam ter prioridade versatilidade,
modularidade e adaptabilidade. Criar
produtos pensado para mais possibilidades,
conexões, do que criar apenas produtos
pensados em serem eficientes. É preciso
maximizar o rendimento de resultados.
Situação atual: A marca foca suas
criações apenas em obter produtos
eficientes para aquilo que o público precisa
que seja atendido.
Situação futura: Criará peças de vestuário
que possibilitem mais possibilidades de
uso, que seja possível adaptar peças para
que se possuam diferenças como por
exemplo um vestido que possa ser usado
dos dois lados, com um lado liso e outro
estampado, fazendo assim com que o
cliente tenha mais oportunidades de uso.
Tabela 3 – Descrição do princípio transitar para o uso de energias de fontes renováveis, Blluiza
atualmente e Bluiza futuramente.
Descrição: Os sistemas devem operar
com energia renovável, o permitido pelos
reduzidos limites dos níveis de energia
exigido por uma economia
Situação atual: Blluiza não faz uso de
energias renováveis para o
desenvolvimento e produção e distribuição
de seus produtos.
Situação futura: A marca fará uso de
energias renováveis como por exemplo o
uso de energia solar, e para a distribuição
de seus produtos dentro da cidade de
Curitiba-PR, será através de ciclistas.
Fonte: Ellen Macarthur Foundation e Marca Bluiza, 2017.
Tabela 4 – Descrição do princípio pensar em sistemas, Blluiza atualmente e Bluiza futuramente.
Fonte: Ellen Macarthur Foundation e Marca Bluiza, 2017.
Descrição: É essencial o entendimento
de como tudo se influencia, a relação de
um todo, dentro do contexto social e
ambiental. Onde tudo é circular, o
sistema não pode ser linear, é necessário
que seja extremamente flexível e com
frequente adaptação a mudanças.
Situação atual: Existe a preocupação
social na marca, onde busca a
valorização e o bom relacionamento com
o profissional que trabalha junto para a
construção da peça, mas na questão
ambiental não existe preocupações
relevantes.
Situação futura: A marca terá
engajamento social, sempre visando
ajudar seus colaboradores para que o
trabalho para a marca seja benéfico para
os dois lados, sendo assim terá formas
de auxiliar para que isso seja atendido.
Colaboração com ongs e instituições
carentes também fará parte da rotina da
marca, onde determinadas peças feitas
com essa parceria poderá ser doada a
parte do lucro que será arrecadado.
Tabela 5 – Descrição do princípio pensar em cascata, Blluiza atualmente e Bluiza futuramente.
Fonte: Ellen Macarthur Foundation e Marca Bluiza, 2017.
Descrição: A possibilidade de extrair
valor adicional de produtos e materiais em
cascata, através de outras aplicações.
Situação atual: Não é atendido a este
princípio onde pode-se extrair valor
adicional dos produtos. A marca apenas
criar, produz e vende os produtos sem se
preocupar quando essa peça cair em
desuso que seria nessa fase em que
poderia ser extraído valor para que
existisse outra aplicação para essa roupa.
Situação futura: Os clientes da Bluiza
poderão devolver para a marca as peças
que não estiverem mais em uso, em troca
de descontos em novas peças, e então
nós faremos outras aplicações
possibilitando que essa peça entre em
uso novamente e então essas peças
serão colocadas à venda em uma
segunda marca.
Bluiza
Tudo começou em 1 de abril de 1993 quando a proprietária da marca começou
comprando as maquinas e produzindo suas peças, na cidade de Caçador, Santa Catarina, tudo
que fabricava vendia em sua loja própria, sua marca se chamava Cia da Gente, posteriormente
em 1997 muda o nome para Blluiza calças, pois acreditava que era mais atraente do que a
marca anterior. A marca contava com duas costureiras e uma modelista e 3 vendedoras, e a
proprietária que administrava e criava as peças. Em 1998 a Blluiza se deparou com
dificuldades, a mão de obra tinha se tornado escassa, então toma a decisão de parar com as
atividades de produção das peças, fica apenas com a loja e compra produtos prontos.
A loja existe até os dias atuais e atua no setor de calçados, roupas femininas e
masculina. Então no ano de 2015, o lado empreendedor desperta a vontade de retomar a
marca, sendo que agora a realidade era mais favorável para dar continuidade na marca, então
em 2016 começa a venda de uma nova coleção, ainda tímida, porém com sucesso necessário
para que continue em 2017 e para os próximos anos que virão. A logo da marca é em
homenagem as duas filhas da proprietária, e foi desenhada pelo seu pai.
Considerações finais
O contexto que a indústria da moda se encontra precisa de mudanças urgentes. Dessa
forma uma marca que repense o sistema convencional da moda, é extremamente positivo.
Com a conclusão desse estudos foi possível notar que as mudanças serão extremamente
viáveis para uma marca operar nesse sistema, com os 5 princípios da economia circular,
design sem resíduo, criar resiliência através da diversidade, transitar para o uso de energia de
fontes renováveis, pensar em sistemas e pensar em cascatas, que envolverá todas as
diretrizes para que seja uma marca sustentável, terá preocupação desde as matérias primas,
como a peça entrará em uso depois de cair em desuso, preocupação social dos colaboradores,
descarte correto de lixos, e extrair valor adicional de peças. Com o entendimento das teorias de
economia circular, moda sustentável, Slow fashion, a marca poderá operar nesse sistema e ter
como foco não gerar impactos negativos no ambiente.
REFERÊNCIAS
BRAUNGART, Michael; MCDONOUGH, William. Cradle to cradle: criar e reciclar
ilimitadamente. São Paulo: Editora Gustavo Gili, 2013.
BUSARELLO, R.I; SILVA, S.P. Fast fashion e Slow fashion: o processo criativo na
contemporaneidade. São Paulo,2016. Disponível em: <www.usp.br/estetica/index.php/
estetica/article/download/48/38>. Acesso em 06 de abril de 2017.
CARVALHAL, André. Moda com propósito: manifesto pela grande virada. São Paulo:
Paralela, 2016.
CIETTA, Enrico. A revolução do fast-fashion: estratégias e modelos organizativos para
competir nas industrias híbridas. São Paulo: Estação das letras e cores, 2012.
COMAS. Disponível em: <www.comas.com.br/index.html>. Acesso em 4 de junho de 2017.
DUARTE, Gabriela Garcez. O fast-fashion e o fator humano: uma abordagem para a
conscientização da produção e do consumo e eliminação do trabalho escravo
contemporâneo. 11º Colóquio de moda, 2015.
ELLEN MACARTHUR FOUNDATION. Economia Circular. Disponível em:
https://www.ellenmacarthurfoundation.org/pt/economia-circular-1/principios-1. Acesso em 25 de
maio de 2017.
ERNER, Guillaume. Vítimas da moda: como a criamos, porque a seguimos. São Paulo:
Editora Senac de São Paulo, 2005.
FABRI, Hélcio Prado; RODRIGUES, Luan Vallotto. Slow fashion: perspectivas para um
futuro sustentável. 11º Colóquio de Moda, 2º Congresso brasileiro de iniciação cientifica em
Design de Moda. 2015.
FLETCHER, K; GROSE, L. Moda e sustentabilidade: Design para Mudança. São Paulo:
Editora Senac,2011.
IDEIA CIRCULAR. O que é economia circular. Disponível em:
<www.ideiacircular.com/economia-circular>. Acesso em 11 de abril de 2017.
LIPOVETSKY, Gilles. O império do efêmero: a moda e seu destino nas sociedades
modernas. São Paulo: Companhia das letras, 1989.
MALHA. Era de transição.Disponível em:
<static1.squarespace.com/static/419c2d8f6dad87d/1495817361799/relatorio_era-de-
transicao.pdf>. Acesso em 07 de maio de 2017..
MANZINI, E; VEZZOLI, C. O desenvolvimento de produtos sustentáveis: os requisitos
ambientais dos produtos industriais. São Paulo: Editora da Universidade de São Paulo,
2011.
MODEFICA. Documentário “The true cost” questiona os custos reais da indústria da
moda atual. Disponível em: <www.modefica.com.br/documentario-the-true-
cost/#.WOagfojytPY>. Acesso em 11 de abril de 2017.
MORGAN, Andrew. The True Cost. 2015. 1h 32m. son. Color 16 mm.
PALOMINO, Erika. A moda. São Paulo: Publifolha, 2012. – Folha explica.
.
SALCEDO, Elena. Moda ética para um futuro sustentável. São Paulo: Editora Gustavo Gili,
2014.

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Moda e sustentabilidade: economia circular aplicada a marca de moda Bluiza.

  • 1. Moda e sustentabilidade: economia circular aplicada a marca de moda Bluiza. FABRI Hélcio Prado; Mestre; Universidade Positivo SANTOS, Luiza Binotto Universidade Positivo Resumo: O objetivo dessa pesquisa é conhecer sobre as teorias de moda sustentável, slow fashion, economia circular, para realizar o plano de negócios para a marca de moda Blluiza, utilizando destes princípios para o desenvolvimento, produção, distribuição e venda dos produtos de moda. Palavras-chave: Moda sustentável. Economia circular. Slow fashion. Bluiza. Introdução: O contexto atual da indústria da moda tem tomado direções preocupantes para o ambiente onde vivemos e para as pessoas que fabricam as peças. Tornou-se a segunda indústria que mais polui no mundo, pois em algum processo para uma construção de uma única peça de roupa, causará algum tipo de impacto seja na água, no solo, no ar ou na população e se não bastasse todos esses impactos para a produção, quando a roupa está em uso e causa maiores problemas quando cai em desuso ela gera impactos para o ambiente, pelo tempo que demora para se decompor é um dos principais, pois dependendo da fibra em que é produzida, pode levar até 6 anos para essa única peça de roupa deixar de existir. Para que não o futuro das próximas gerações não seja comprometido com as ações que hoje são feitas, é preciso que muito daquilo que aqui se faz seja repensado, o consumo excessivo de roupas é um exemplo, é preciso consciência na hora de consumir uma peça de roupa em que trabalhadores viveram condições precárias para produzir, algo que muitas vezes será usado poucas vezes e jogado no ambiente, e que levará muito tempo para ser decomposto. Para essa situação o designer de moda deve repensar o ciclo seja no design, produção, distribuição, uso ou no fim da vida da peça, em alguma etapa do ciclo de vida desse produto, poderá existir melhorias para que se possa contribuir para o ambiente em que vivemos, e o consumidor então consuma e descarte de forma mais consciente, diminuindo assim o impacto que a moda gera no planeta. Esse projeto visa estabelecer um ciclo de vida fechado para os produtos de moda, onde o resíduo se transformará em matéria prima para novas peças, onde o cliente poderá trocar sua peça velha com um incentivo proporcionado pela marca onde terá desconto por uma nova. Para a realização desse serviço é preciso que
  • 2. seja encontrado uma forma acessível de reciclagem dessa peça, por meio de terceirização desse serviço. Dessa forma este projeto pensa em todos estes problemas que a moda gera ao planeta onde vivemos, e que as próximas gerações terão de viver, e para que vivam da mesma forma com que atualmente se vive, com todos os recursos naturais disponíveis, teremos que poupar e pensar para que tudo isso não se esgote, então o estudo prevê um plano de negócios para uma marca de moda local que tenha a economia circular como principal pilar, sendo que a economia circular é um modelo que propõe o reaproveitamento de tudo aquilo que se produz, ou seja é baseada na inteligência da natureza, onde os resíduos se tornam insumos para os novos produtos que serão produzidos. Aplicando a economia circular na marca de moda, será por meio da logística reversa das roupas de clientes, e então transformada em fio novamente pela reciclagem e então transformada em uma nova peça. O ciclo de vida da roupa será um ciclo fechado onde o lixo se transformará em matéria prima para a construção da nova. Este trabalho tem como objetivo desenvolver o plano de negócios para uma marca de moda aplicando os conceitos de moda sustentável tendo a economia circular (cradle to cradle) como estratégia. Para atingir estes objetivos alguns procedimentos são fundamentais, como o entendimento dos conceitos relacionados a moda sustentável e economia circular aplicados a um modelo de negócios que seja relacionado a moda, para isto a realização de pesquisas baseado em um referencial teórico pré-estabelecido, outro ponto importante é a identificação de estratégias de negócios de moda que operem no sistema de moda e sustentabilidade, para isso a realização da montagem do plano de negócios, o estabelecimento das estratégias para o negócio em uma marca de moda local aplicando a sustentabilidade, pesquisando assim modelos similares de negócios. Identificação para o possível público da marca que seja sensível a sustentabilidade, pesquisas qualitativas para o conhecimento de estilo de vida, comportamento. E por fim, o estabelecimento das diretrizes para que esta marca de moda local opere no modelo de negócios que foi pretendido, promover assim a aplicabilidade deste plano. Fast-Fashion O conceito de fast fashion começa a surgir em 1980 quando a rotatividade e a competividade se potencializa no setor da indústria têxtil. O fast fashion produz aquilo que o consumidor deseja no momento, possui maior capacidade de oferecer com prazos muito curtos, que é a velocidade de resposta, ou seja quando uma coleção antes era feita em 24 meses passa a ser feita em poucas semanas. (CIETTA, 2010, p. 27, 28). Pode-se observar que a cadeia criativa então, já sofreu alterações, o calendário da moda é sem dúvidas o mais notável, antes composto por duas coleções anuais, hoje é composto por três a cinco coleções de “meia estação”, isso gera grandes modificações para os fornecedores que tem que entregar mercadorias em um curto espaço de tempo. O processo criativo vive pela ânsia por novidades,
  • 3. para a elaboração de coleções em um pequeno espaço de tempo, tendo assim a formação de produtos “clones”, pelo contexto limitador que é vivenciado nesse barco fast fashion. (BUSARELLO, R.I; SILVA, S.P, 2016, p.6) O consumidor tem que ter que adquirir consciência que todo consumo gera impacto, tudo aquilo que se escolhe adquirir, pode mudar o rumo do planeta onde se vive, o consumo sem consciência gera impactos negativos. (CARVALHAL, 2016). Em resumo o fast fashion consegue seduzir a clientela com um consumo sem consciência, justamente pela atualização constante do design e os produtos com preços extremamente baixos. (SALCEDO, 2014). Quando incentivamos o fast fashion enriquecemos apenas uma meia dúzia de grandes empresários, donos de grandes marcas. Isso não é democratização do dinheiro. Quando compramos fast fashion vamos a favor de todo o processo de “colonização da moda”, que marcou a entrada de grandes marcas mundiais em países estrangeiros, acabando com a produção local. Quando compramos fast fashion incentivamos o trabalho em condições sub-humanas em países que não tem (ou tem muito poucas) leis trabalhistas. Isso não é democratização de nada.” (CARVALHAL, 2016, p.52,53) A figura mais representativa do modelo de negócios fast fashion, é a rede de lojas Zara que conta com 1770 lojas em 86 países, e atingiu o sucesso que tem hoje, devido a rapidez em todas as etapas do ciclo de vida de seus produtos, é produzido com muita rapidez e é consumido com a mesma rapidez também fator fundamental para que tenha atingido o sucesso, o cliente possui uma frequência maior em suas lojas, para conferir quais são as novidades, sendo que a todo momento possui coisas novas para serem compradas e com preços tão baixos, o consumidor adquire novos produtos sem pensar muito, mas se questionar o porquê de possuir preços finais tão acessíveis são baseados em três parâmetros, a criação das peças acontece com base na cópia, as peças possuem baixa qualidade logo curta durabilidade e a produção acontece com mão de obra não valorizada. O preço de uma peça é formado por 20 a 50% de um artigo de vestuário e 20 a 40% da mão de obra, sendo assim sabe-se que o processo da moda é formada pela maior parte de mão de obra humana, no enfesto, no corte, costura, beneficiamentos, limpeza, colocação de etiquetas, modelagem e criação todas estas etapas são realizadas pelas mãos de humanos, então para a obtenção de preços extremamente baixos, a única alternativa é o pagamento extremamente baixo para todas estas pessoas que realizam estas etapas para a produção destas peças de roupa.(DUARTE, 2015, p.3,4,5) Impactos que a indústria da moda causa no ambiente Atualmente a indústria da moda é a segunda que mais polui no mundo, perdendo apenas para a indústria petrolífera, em algum processo para a construção de uma peça de roupa, seja no beneficiamento, fiação tecimento, tingimento, estamparia, acabamentos ou até
  • 4. mesmo na administração da empresa, causa algum tipo de impacto no ambiente, seja ele no solo, no ar, na população ou na água como citado no documentário The true cost, 2015. Esses impactos são ainda mais fortes por consequência do fast fashion onde só pensa na rapidez em produzir e não nas consequências que esse sistema gera. De acordo com o SindiTêxtil, em São Paulo, na região do Bom Retiro, diariamente são descartados inadequadamente doze toneladas de resíduos têxteis (retalhos), o impacto negativo que ocorre no ambiente e imensurável. Por exemplo, para a produção de apenas uma calça jeans, são gastos 11 mil litros de água, para uma camiseta de algodão 2700 litros de água. Calcula-se que a indústria têxtil mundial utilize 387 bilhões de litros de água por ano. E também é essa indústria que é responsável por 20% da contaminação das águas no conjunto de toda a atividade industrial do planeta. Nos Estados Unidos, os resíduos da indústria de moda correspondem a 5% do total de resíduos produzidos pelo país. (SALCEDO, 2014, p.28) Os impactos que esse setor causa na sociedade também é de grande proporção, como pode-se citar o exemplo de um trabalhador que confecciona uma peça de roupa, recebe entre 1% e 2% do preço de venda da peça, ou seja, em uma peça de R$20,00 o trabalhador receberá apenas de 20 a 40 centavos. (SALCEDO,2014, p.29). E a falta de segurança para o trabalhador com condições precárias é comum nesse ramo, o acidente em Bangladesh em 2013 é um exemplo, onde 377 pessoas morreram com o desabamento do prédio onde trabalhavam para uma marca de moda. A indústria do vestuário é a indústria mais dependente do trabalho humano no mundo, empregando milhões de trabalhadores que são os mais pobres de todo o sistema, muitos dos quais são mulheres. Muitas destas mulheres recebem menos que um salário mínimo, trabalham em condições inseguras, e são privadas de direitos humanos básicos. Além do impacto humano, a moda se tornou a segunda indústria mais poluente do mundo- perdendo apenas para a indústria do petróleo. (THE TRUE COST, 2015) Já nos impactos no ambiente pode-se observar as plantações de algodão que ocupam 2,4% da área cultivável do planeta e são responsáveis por 16% do consumo total de inseticidas. Apenas uma gota de aldicarbe por exemplo que é o pesticida mais comum na produção de algodão, quando absorvido pela pele pode ser suficiente para matar um adulto, esse uso excessivo de produtos químicos na produção de fibras, tecidos e roupas, é uma ameaça à saúde, e as pessoas afetadas, não são somente os trabalhadores e sim todos aqueles que vivem próximos aos centros de produção e também os consumidores em geral. (SALCEDO,2014, p. 28,29)
  • 5. Figura 1 – Montanha de lixo têxtil. Fonte: Modefica, 2015 Sustentabilidade Sustentabilidade é um termo muito atual, mas a expressão “desenvolvimento sustentável” foi utilizada pela primeira vez em 1987. O conceito de sustentabilidade segundo Elena Salcedo em seu livro Moda ética para um futuro sustentável, é o desenvolvimento que satisfaz as necessidades do presente, sem comprometer a satisfação das necessidades das gerações futuras. Ou com uma definição mais direta, proposta em 2002, durante o World Summit on Sustainable Development, por um delegado sul-africano: “O desenvolvimento sustentável é bastante para todos e para sempre”. Sustentabilidade pode ser ainda definida como “[...] a condição na qual os sistemas natural e social sobrevivem e prosperam indefinidamente”, “[...] uma das principais questões da sustentabilidade é como o desenvolvimento social e econômico podem ser alcançados globalmente sem colocar em perigo os ecossistemas do planeta”, segundo o documento agenda 21, que formula um programa de ação para o “desenvolvimento sustentável” (MINISTÉRIO DO MEIO AMBIENTE). Sustentabilidade é a habilidade de nossa sociedade humana em perpetuar-se dentro dos ciclos da natureza, definição proposta pela The Natural Step (TNS), uma organização sem fins lucrativos que atua desde 1922. Ou um último conceito dito por Ezio Manzini e Carlo Vezzoli no livro o desenvolvimento de produtos sustentáveis publicado em 2002: “o princípio de equidade, pelo qual se afirma que, no quadro de sustentabilidade, cada pessoa (incluindo as gerações futuras) tem direito ao mesmo espaço ambiental, a mesma disponibilidade de recursos naturais do globo terrestre.” Com o entendimento de sustentabilidade, pode-se discutir o modelo atual de desenvolvimento, onde a sociedade atual consome muito e é medida em termos de crescimento da produção e do consumo da matéria-prima, para a evolução dessa sociedade para uma em que seja possível consumir muito menos e a redução na produção de produtos materiais. (MANZINI; VEZZOLI, C. 2002, p.23). O prazo para uma transição tão complexa é em torno de 50 anos, tempo suficiente longo, e breve para não se tornar totalmente abstrato.
  • 6. A atual crise vivida em todo o mundo, pode ser uma espécie de tensão do mundo para que todos tomem consciência de tudo aquilo que está acontecendo e então que se adquira responsabilidade. É preciso que ocorra o abandono da lógica herdada da revolução industrial, a qual é centralizadora, se baseia na exploração do mais fraco, lucra com problemas alheios e até cria problemas para que possa se beneficiar. Segundo André Carvalhal em seu livro Moda com propósito, os desafios das empresas atualmente não são apenas pequenos ajustes, existem questões maiores entre si, não são limitadas as questões ambientais. Possui muitas ameaças, e segundo ele o que resta é realmente revolucionar: desconstruir, reinventar e transgredir. Moda e sustentabilidade Moda, segundo Erika Palomino no livro “A moda”, é o sistema o qual segue o tempo e o vestuário, integra o simples fato de usar roupas a algo maior, contexto político, social, sociológico, moda é muito mais do que só vestir. Cita Samantha Pereira Silva e Raul Inácio Busarello, no artigo “Fast fashion e Slow fashion: o processo criativo na contemporaneidade, que: definir a moda, uma corrente que segue as transformações antropológicas, é natural aplicar a característica mutável do homem a esse fenômeno, pode- se sustentar que a história da moda é caracterizada então, por um sistema que está em constante desenvolvimento e progresso. E moda sustentável, é aquela que em todos os seus processos tem como foco o respeito ao ambiente e à sociedade, incentivando o consumo consciente e valorizando todas as pessoas envolvidas, com uma produção mais humanizada sem que exista a exploração de mão de obra, produzindo assim, peças cujo design e funcionalidade favoreçam o uso duradouro. Com matérias-primas menos poluentes e sempre em busca da redução de resíduos e o uso consciente de energia elétrica e água. (SEBRAE) Mas as ideias de sustentabilidade trazem para a moda não apenas um vocabulário diferente, mas um modo diferente de pensar o mundo em que nossos negócios operam e no qual praticamos o design. (FLETCHER, K; GROSE, L. 2011, p.11) Atualmente, a moda sustentável, deve ter três áreas de importância, - a sociedade, que deve focar no direito de propriedade social, o meio ambiente focado na estabilidade ecológica, e a economia focado na viabilidade econômica, é o desafio é exatamente esse, administrar esses três principais pilares (GWILT,2014, p.22). A moda sustentável atua da seguinte forma: deve se preocupar com todos as fases do produto, desde de onde vem a matéria-prima, a criação, a produção, distribuição, venda, uso, e principalmente a fase em que cai em desuso, onde terá um destino, a reutilização, reciclagem ou reuso.
  • 7. Se as estilistas não entendem quais são as estratégias de design para sustentabilidade, como aplicá-las, nem quais são as possibilidades por elas oferecidas, é pouco provável que mudem seu processo de criação. O estilista tem de ver a estratégia de sustentabilidade como uma oportunidade de inovação. (SALCEDO,2014, p.39) Slow Fashion é um conceito baseado na qualidade de seus produtos, vê o consumidor e os hábitos como fator importante na cadeia, no slow fashion existe uma conscientização sobre os impactos que a moda gera no ambiente desde os designers até os compradores, sendo assim com uma velocidade mais lenta, a relação entre produtores e compradores, designers e produtores e claro entre a roupa e o consumidor (SALCEDO,2014, p.33). Como a autora cita o slow fashion não pode se relacionar com uma dualidade com fast fashion, sendo que o propósito da moda lenta é totalmente diferente, pois existe uma preocupação com o ciclo todo. Para a definição de Slow fashion pode-se dizer que é o sistema que não responde a rapidez das mudanças de tendências de moda, é uma corrente que valoriza a conexão entre consumidor e o designer, ou seja valoriza-se a qualidade, o pensamento a longo prazo e principalmente que tem uma grande valorização da comunidade e diversidade. (BUSARELLO; SILVA, S., 2016, p.7) Tal como se organiza sob nossos olhos, a moda já não se encontra seu modelo no sistema encarnado pela moda de cem anos. Transformações organizacionais, sociais, culturais, em curso desde os anos 1950 e 1960, alteraram a tal ponto o edifício anterior que se tem o direito de considerar que uma nova fase da história da moda fez sua aparição. Precisemos logo: a emergência de um novo sistema não significa, em nenhum caso, ruptura histórica liberta de qualquer laço com o passado. (LIPOVETSKY,1989, p.107) Os profissionais criativos possuem maior liberdade de tempo para criação de cada peça, pois não trabalham com a pressão exercida pelo calendário da moda, em ritmo frenético tal como é vivenciado no processo de fast fashion, no slow fashion acontece essa valorização da atenção que é destinada a cada detalhe nas peças desenvolvidas, o esmero, a qualidade e o pensamento a longo prazo. Esse processo não pode se relacionar exclusivamente com o tempo, pois não é necessário que seja sempre um processo mais demorado, a relação de slow é relacionado com a atenção que é dedicada a cada peça, onde os designers debatem muito mais sobre cada peça que se cria. (BUSARELLO; SILVA, S., 2016, p.13). No relatório “Era de transição” em que a Malha disponibilizou em seu site, cita a sustentabilidade como sobrevivência, que com o esgotamento de recursos naturais e todas as mudanças climáticas mostram que o modelo ‘extrair-transformar-descartar’ já atingiu o limite. A sociedade vem repensando o consumo e a indústria o modo que produz. Os conceitos como upcycling, downcycling, energia limpa e comercio local tem se tornado cada vez mais comum, porque a sustentabilidade não é mais opção, é uma necessidade.
  • 8. Já o design sustentável tem a preocupação em introduzir melhorias em uma peça, para essa realização é preciso analisar vários processos como por exemplo a análise do ciclo de vida, o qual pode ser realizado através de pesquisas de mercado e de tendências, a etapa de produção de moldes e peças piloto também pode ser observada para que possa ser inserida alguma melhoria para colaborar com a redução de resíduos ou com menor quantidade de tecido, a distribuição que envolve todo o transporte seja de matéria prima ou com as peças acabadas sendo levadas até o varejo e posteriormente até o consumidor final, sendo assim pode ser notada a necessidade de embalagens, etiquetas para que seja transportada e o combustível que será usado, e então, o uso que é uma questão considerada problemática do ciclo de vida de um peça de roupa, principalmente pelo fato de lavagem , sendo assim é necessário conhecer bem o uso dessas peças e como elas serão descartadas para então poder incluir melhorias, e pôr fim do ciclo de vida da peça, chega o fim da vida onde se transforma em resíduo têxtil e é enviado para aterros ou incinerados, as melhorias podem incluir um atraso ou na mudança de destino desse resíduo têxtil (GWILT,2014, p.34,35). Para o conhecimento de cada fase do ciclo de vida de uma peça de roupa pode-se observar abaixo o exemplo ilustrado: Figura 2 – O ciclo de vida de uma peça de roupa. Fonte: SALCEDO, 2014. Para que o tempo de uso de uma peça de roupa seja aumentado muitas vezes se faz necessário a realização de consertos básicos, mas na sociedade ocidental moderna, a maioria dos usuários nem tem essa preocupação, essa falta de engajamento se faz devido a atração por roupas novas e relativamente baratas, pelo preço de um conserto se comparado com o de roupas novas disponíveis no mercado e também pela carência de habilidades domésticas. Para um sistema de produção de peças moda ser considerado sustentável deve funcionar da seguinte forma: - Produto feito com algodão orgânico e certificado ou com reaproveitamento de jeans já existente no mercado;
  • 9. - Mão de obra de acordo com as leis trabalhistas e atenção à segurança do trabalho; - Tingimento natural - Programa de reaproveitamento da água utilizada na lavagem que para isso, deve ser sem produtos químicos; - Programa de reciclagem de resíduos, reduzindo em quase em sua totalidade o lixo têxtil. Para que o produto chegue perfeito e desejável às prateleiras, deve ter um design interessante. Todo o processo de produção deve obedecer à legislação e às normas ambientais, buscando como complemento o melhor aproveitamento no uso de recursos naturais e a preservação da natureza e da biodiversidade. (CARVALHAL, 2016, p.204,205) A indentificação dos impactos do produto é fundamental, para isso o mapeamento do ciclo de vida é uma importante ferramenta, abaixo um exemplo de como pode ser elaborado um esquema na hora da criação do produto, onde tudo seja identificado como “entrada” como por exemplo os tecidos, acabamentos, métodos de confecção enquanto então procura identificar as potenciais “saídas” das decisões que forem tomadas. (GWILT,2014, p.37) No exemplo observa-se que em toda etapa do produto de moda, a peça gera grande quantidade de impacto e que a preocupação deve estar antes mesmo de a peça ser desenvolvida, para que no fim da vida útil ela possa ser otimizada e não caia em desuso e que seja o fim da vida útil é importante que ela tenha alguma utilidade para que simplesmente não caia no ambiente e demore anos para que seja decomposta. Design, produção, distribuição, uso e o fim da vida, essas são as etapas que compõe o ciclo de vida, na primeira etapa no design do produto é onde existem pesquisas de mercado, tendências e o desenvolvimento do conceito e da coleção, e o processo de compras de tecidos e identificar qual a melhor opção para atender os quesitos de conceito tema e então de uma moda sustentável. Na segunda etapa na produção, com os tecidos definidos é realizado a modelagem e as peças-piloto, é importante então explorar essas etapas para que não exista o desperdício, perda de materiais que acabaram no ambiente, para uma moda com responsabilidade é necessário pensar em não poluir nessa etapa do processo. A terceira etapa a distribuição ocorre durante todo o processo, seja para chegar os tecidos ou para entregar a peça final para a venda, mas é importante pensar em meios que estejam ligados a ser sustentáveis, alternativas que gere menos impacto. A quarta etapa que é o uso, onde existe mais problemas para o ambiente pois para a lavação, para isso o designer deve repensar alternativas. E no fim da vida o foco deve ser em empregar atrasos na o fim da vida como reciclagem, reuso e adoção de sistema de ciclo fechado. (GWILT,2014, p.35) Economia circular O princípio de “extrair- produzir-descartar” (economia linear), corre o risco do esgotamento de matérias-primas, sendo que usa de recursos finitos. Gera-se um volume muito
  • 10. grande de resíduos tóxicos e inutilizados no fim da vida de uma peça de roupa, agredindo assim o ambiente em que se vive (IDEIA CIRCULAR). Abaixo pode ser visto o ciclo da economia linear citado, em forma de desenho. Figura 3 – Economia linear. Fonte: Ideia Circular, 2017. Para a definição de economia circular, é preciso entender que é o oposto de economia linear, pois propõe que os recursos que são extraídos sejam mantidos em circulação, sendo assim o destino final de um material deixa de ser um gerenciamento de resíduo e sim processo para o desenvolvimento de produtos e sistemas, eliminando assim o conceito de lixo, possibilitando a ideia ‘de berço a berço’, com um aproveitamento inteligente de recursos que já estão em processos de uso (IDEIA CIRCULAR). No Brasil deixa-se de ganhar R$ 8 bilhões anuais devido a destinação inadequada de resíduos sólidos (IPEA, 2010), ou seja, na economia circular não existe esse desperdício, pois o lixo se transforma em matéria prima, o chamado conceito cradle to cradle (berço ao berço), uma atividade próspera e benéfica ao ser humano, onde existe a cooperação entre fornecedores, produtores, clientes, governo, segundo o núcleo de redes de suprimentos (NURES) da Universidade Federal de Santa Catarina. Figura 4 – O que é Economia circular. Fonte: Ideia Circular, 2017. A economia circular tem como objetivo manter produtos, componentes e materiais em seu mais alto nível de utilidade e valor, o tempo todo. Consiste em um ciclo de desenvolvimento positivo contínuo que preserva e aprimora o capital natural, otimizando assim a produção de recursos e minimiza riscos sistêmicos, administrando estoques finitos e fluxos renováveis, funcionando assim de forma eficaz em qualquer escala. (ELLEN MACARTHUR FOUNDATION)
  • 11. As montanhas de lixo que se elevam nos aterros sanitários, são consideradas grande desperdício para a teoria cradle to cradle, onde muito desses nutrientes são desperdiçados, contaminados e até mesmo perdidos, o que seria “comida” valiosa tanto para a indústria quanto para a natureza, e não se perde somente pela falta de sistemas que proporcionem esta recuperação mas perde-se também pois muitos dos produtos possuem a mistura de materiais, que então não podem ser recuperados após sua vida atual. (BRAUNGART; MC. DONOUGH, 2014, p.103) Os consumidores estão em trânsito, a conscientização está iniciando, e estão sendo adotadas medidas eficazes, como a dissociação do consumo dos recursos finitos, nisto entra a economia circular sendo que é regenerativa e restaurativa, a qual tem como objetivo manter produtos, componentes e materiais no mais alto nível de utilidade e valo. Tem como princípio preservar e aprimorar o capital natural, otimizar a produção de recursos e minimizar os riscos sistêmicos, administrando fluxos renováveis e estoques finitos. Propõe o reaproveitamento sistemático da produção que é baseado em dois ciclos contínuos de desenvolvimento, o biológico e o técnico. Os recursos de regeneram no ciclo biológico (com ajuda ou não da mão do homem) e são recuperados e restaurados no ciclo técnico, onde o homem intervêm para recuperar os materiais, refazendo o ciclo. (MALHA, 2017, p.42,43) Para então eliminar o conceito de desperdício, significa projetar as coisas desde o início com o entendimento que o desperdício não existe, afinal o planeta é cíclico, a natureza não é linear, é holística intuitiva e alimentadora. A economia circular faz bem para o planeta e também possibilita poupar dinheiro, a consultoria McKinsey estimou que se a Europa adotasse esses princípios circulares, iria economizar 1,8 trilhão de euros até 2030. Esse grande valor seria poupado, pois economizaria na compra e produção de matéria-prima, sendo que seria reaproveitada, sendo que nessa lógica, não há perca de valor nos materiais, sendo que todos são reciclados de forma infinita. (CARVALHAL, 2016, p.213,214) Na Inglaterra por exemplo são despejados por ano 2 milhões de toneladas de roupas e 3 milhões de toneladas de gás carbônico em aterros sanitários, e ainda muitas roupas são queimadas, se toda essa quantidade fosse reciclada, quanta matéria prima não geraria para as indústrias se fosse aplicado os princípios da economia circular. (CARVALHAL, 2016 p.211,212) Se nós os seres humanos, realmente quisermos prosperar, então teremos de aprender a imitar o sistema natural cradle to cradle, altamente eficaz, de fluxo de nutrientes e de metabolismo, no qual o próximo conceito de desperdício não existe. (BRAUNGART; McDONOUGH,2009, p.107) A Economia circular fundamenta-se em três princípios, cada um deles é voltado para os desafios pertinentes aos recursos e sistêmicos que a economia industrial encara:
  • 12. - Princípio 01: Preservar e aumentar o capital natural, controlando estoques finitos e equilibrando os fluxos de recursos renováveis. Isso se inicia com a desmaterialização dos produtos e serviços, realizando a entrega virtual sempre que possível. Quando existir a necessidade de recursos, o sistema circular com sensatez tecnologias e processos que utilizam recursos renováveis ou que apresentem melhor desempenho. A economia circular também estimula os fluxos de nutrientes no sistema e cria as condições favoráveis para a regeneração, aumentando o capital natural. - Princípio 02: Otimizar a produção de recursos, fazendo circular produtos, componentes e materiais no mais alto nível de utilidade o tempo todo, tanto no ciclo técnico quanto no biológico. Projetar para a remanufatura, reforma e reciclagem, de modo com que os componentes e materiais continuem circulando e assim contribuindo de alguma forma para a economia. A economia circular usa circuitos internos mais estreitos sempre que preservam mais energia e outros tipos de valor, como a mão de obra envolvida na produção. O sistema circular também mante a velocidade dos circuitos dos produtos, prolongando assim a vida útil do produto e promovendo a reutilização. Também estendem ao máximo possível o uso de materiais biológicos já usados, extraindo valiosas matérias primas bioquímicas e destinando-as a aplicações de graus cada vez mais baixos. - Princípio 03: Fomentar a eficácia do sistema, revelando as externalidades negativas e excluindo-as do projeto Inclui a redução de danos a produtos e serviços que são de extrema importância ao ser humano, como alimentos, mobilidade, habitação, educação, saúde e entretenimento e a gestão de externalidades como uso da terra, água, ar e poluição sonora, liberação de substâncias tóxicas e mudança climática. (ELLEN MACARTHUR FOUNDATION) As seguintes características descrevem a economia circular pura: Design sem resíduo Quando os componentes biológicos e técnicos de um produto são projetados com a intenção de permanecerem dentro de um ciclo de materiais biológico ou técnicos, concebidos para desmontagem e ressignificação, o conceito de resíduo não existe então. Materiais biológicos podem ser simplesmente compostados, por não serem tóxicos. Materiais técnicos são projetados para serem usados novamente com o mínimo de energia e maior retenção de qualidade, sendo que normalmente é entendido que a reciclagem resulta em uma diminuição na qualidade e realimenta o processo com matéria-prima bruta. Criar resiliência através da diversidade
  • 13. Versatilidade, modularidade e adaptabilidade são as características que precisam ter prioridade em um mundo que está em rápida evolução e repleto de incertezas. Sistemas diversos com muitas conexões e escalas são mais resistentes a choques externos do que os sistemas construídos simplesmente para a eficiência, maximizando assim o rendimento de resultados extremos nas fragilidades. Transitar para o uso de energia proveniente de fontes renováveis Os sistemas devem operar com energia renovável – o que é permitido pelos reduzidos limites dos níveis de energia exigidos por uma economia circular e restaurativa. Por exemplo em sistema de produção agrícola o qual se baseia no atual rendimento da energia solar, mas é utilizada uma quantidade significativa de combustíveis fosseis em fertilizantes em maquinas, processamentos e também através da cadeia produtiva. Os sistemas alimentares e agrícolas que são mais integrados, reduziram a necessidade de insumos que são à base de combustíveis fosseis e capturariam mais valor energético de subprodutos e adubos. Pensar em sistemas É essencial a capacidade de compreender como as partes se influenciam dentro de um todo, e as relações do todo. Os elementos são considerados em relação ao seu contexto ambiental e social. Embora uma máquina também seja um sistema, ela está claramente delimitada a ser determinista. O pensamento sistêmico geralmente refere-se à maioria esmagadora do sistema do mundo real: são não-lineares, ricos em feedback e interdependentes. Em tais sistemas, imprecisas condições de partida combinadas com feedback levam a consequências muitas vezes surpreendentes, e a resultados que frequentemente não são proporcionais à entrada. Tais sistemas não podem ser geridos no sentido convencional “linear”, exigindo pelo contrário, mais flexibilidade e frequente adaptação a mudanças. Pensar em cascatas Para os materiais biológicos a essência de criação de valor reside na possibilidade de extrair valor adicional de produtos e materiais em cascata através de outras aplicações. Na decomposição biológica, seja ela natural ou em processos de fermentação controlada, o material é desintegrado em fase por micro-organismos como bactérias e fungos que extraem energia e nutrientes. Por exemplo uma árvore indo ao forno renuncia o valor que poderia ser aproveitado através de decomposição, por meio do uso sucessivo da madeira e de produtos madeireiros antes da degradação ou da eventual incineração. (ELLEN MACARTHUR FOUNDATION)
  • 14. Ecoeficiência, tem como significado principal “fazer mais com menos”, o próprio Henry Ford era rígido quanto estas políticas operacionais que visavam enxugar e limpar, fazendo assim com que sua empresa economizasse milhões de dólares ao reduzir o desperdício e definir novos padrões, com economia e tempo para sua linha de montagem. Ele cita e 1926 “ Você deve tirar o máximo proveito da força, do material e do tempo”. (BRAUNGART; MC DONOUGH, 2008, p. 57) Os resultados sob a influência do movimento da ecoeficiência na indústria, diz que deve-se projetar um sistema industrial que: - Anualmente, libere menos quilos de resíduos tóxicos no ar, no solo e na água; - Meça a prosperidade por meio de menos atividade; - Cumpra o estipulado por milhares de regulamentações complexas direcionadas a proteger as pessoas e os sistemas naturais da intoxicação rápida demais; - Produza menos materiais que sejam perigosos a ponto de exigirem uma vigilância constante por parte das futuras gerações, ao mesmo tempo em que estas vivem sob o terror; - Produza quantidades menores de resíduos inúteis; - Enterre menores quantidades de materiais valiosos em buracos por todo o planeta, de onde nunca poderão ser recuperados. (BRAUNGART; MC DONOUGH, 2008, p. 66) As indústrias e os sistemas industriais devem-se tornar mais eficientes em termos de uso dos recursos quando geram menos poluição e desperdício, quando estão baseadas no uso de recursos renováveis em vez de não renováveis e quando minimizam os impactos adversos irreversíveis sobre o meio ambiente e a saúde humana. (BRAUNGART; MC DONOUGH, 2008, p. 57) Princípios da economia circular na marca Bluiza Dentre todos os princípios que descrevem a economia circular essencialmente, design sem resíduo; criar resiliência através da diversidade, transitar para o uso de energias renováveis, pensar em sistemas, pensar em cascatas, (ELLEN MACARTHUR FOUNDATION) e o cenário que a marca de moda Bluiza trabalha atualmente, nesse tópico será exemplificado as divergências que existem hoje em dia entre a economia circular um pensamento sustentável para uma marca, cenário que é o objetivo do trabalho e como a marca trabalha hoje. Atualmente a marca não atende aos princípios da economia circular, mas o cenário futuro da marca de vestuário Blluiza será criar moda com a preocupação de ser uma moda sustentável, com os 5 princípios da economia circular. Na tabela a seguir especifica-se os princípios da economia circular, e como a marca trabalha atualmente e que não atinge aos princípios da economia circular, ou seja, apenas cria roupas atendendo a tendência, tema de coleções, para satisfazer um público alvo determinado. E em seguida como a marca vai trabalhar em cenário futuro para aplicar aos princípios da
  • 15. economia circular e tornar-se então uma marca com propósito, que tenha toda esta preocupação. Tabela 1 – Descrição dos princípios design sem resíduo. Blluiza atualmente e Bluiza futuramente. Descrição: Quando no desenvolvimento do produto já é planejado a permanência dentro do ciclo seja com componentes técnicos aqueles que são projetados para serem usados novamente com o mínimo de energia e maior retenção de qualidade ou com materiais biológicos que são aqueles que podem ser simplesmente compostados, por não serem tóxicos. Situação atual: Na marca Blluiza o desenvolvimento das peças não ocorre com esse planejamento pensando no ciclo dos materiais que são utilizados, atualmente as peças são desenvolvidas somente analisando os quesitos da moda (tendências, público-alvo, tema da coleção etc). Situação futura: As coleções serão planejadas com preocupação em relação aos materiais utilizados, pensando em tecidos, aviamentos, para que o produto de moda possa permanecer dentro do ciclo, e continuar atendendo a tendências de moda e ao tema escolhido para a coleção. Fonte: Ellen Macarthur Foundation e Marca Bluiza, 2017. Tabela 2 – Descrição do princípio criar resiliência através da diversidade, Blluiza atualmente e Bluiza futuramente.
  • 16. Fonte: Ellen Macarthur Foundation e Marca Bluiza, 2017. Descrição: As três características que precisam ter prioridade versatilidade, modularidade e adaptabilidade. Criar produtos pensado para mais possibilidades, conexões, do que criar apenas produtos pensados em serem eficientes. É preciso maximizar o rendimento de resultados. Situação atual: A marca foca suas criações apenas em obter produtos eficientes para aquilo que o público precisa que seja atendido. Situação futura: Criará peças de vestuário que possibilitem mais possibilidades de uso, que seja possível adaptar peças para que se possuam diferenças como por exemplo um vestido que possa ser usado dos dois lados, com um lado liso e outro estampado, fazendo assim com que o cliente tenha mais oportunidades de uso.
  • 17. Tabela 3 – Descrição do princípio transitar para o uso de energias de fontes renováveis, Blluiza atualmente e Bluiza futuramente. Descrição: Os sistemas devem operar com energia renovável, o permitido pelos reduzidos limites dos níveis de energia exigido por uma economia Situação atual: Blluiza não faz uso de energias renováveis para o desenvolvimento e produção e distribuição de seus produtos. Situação futura: A marca fará uso de energias renováveis como por exemplo o uso de energia solar, e para a distribuição de seus produtos dentro da cidade de Curitiba-PR, será através de ciclistas. Fonte: Ellen Macarthur Foundation e Marca Bluiza, 2017.
  • 18. Tabela 4 – Descrição do princípio pensar em sistemas, Blluiza atualmente e Bluiza futuramente. Fonte: Ellen Macarthur Foundation e Marca Bluiza, 2017. Descrição: É essencial o entendimento de como tudo se influencia, a relação de um todo, dentro do contexto social e ambiental. Onde tudo é circular, o sistema não pode ser linear, é necessário que seja extremamente flexível e com frequente adaptação a mudanças. Situação atual: Existe a preocupação social na marca, onde busca a valorização e o bom relacionamento com o profissional que trabalha junto para a construção da peça, mas na questão ambiental não existe preocupações relevantes. Situação futura: A marca terá engajamento social, sempre visando ajudar seus colaboradores para que o trabalho para a marca seja benéfico para os dois lados, sendo assim terá formas de auxiliar para que isso seja atendido. Colaboração com ongs e instituições carentes também fará parte da rotina da marca, onde determinadas peças feitas com essa parceria poderá ser doada a parte do lucro que será arrecadado.
  • 19. Tabela 5 – Descrição do princípio pensar em cascata, Blluiza atualmente e Bluiza futuramente. Fonte: Ellen Macarthur Foundation e Marca Bluiza, 2017. Descrição: A possibilidade de extrair valor adicional de produtos e materiais em cascata, através de outras aplicações. Situação atual: Não é atendido a este princípio onde pode-se extrair valor adicional dos produtos. A marca apenas criar, produz e vende os produtos sem se preocupar quando essa peça cair em desuso que seria nessa fase em que poderia ser extraído valor para que existisse outra aplicação para essa roupa. Situação futura: Os clientes da Bluiza poderão devolver para a marca as peças que não estiverem mais em uso, em troca de descontos em novas peças, e então nós faremos outras aplicações possibilitando que essa peça entre em uso novamente e então essas peças serão colocadas à venda em uma segunda marca.
  • 20. Bluiza Tudo começou em 1 de abril de 1993 quando a proprietária da marca começou comprando as maquinas e produzindo suas peças, na cidade de Caçador, Santa Catarina, tudo que fabricava vendia em sua loja própria, sua marca se chamava Cia da Gente, posteriormente em 1997 muda o nome para Blluiza calças, pois acreditava que era mais atraente do que a marca anterior. A marca contava com duas costureiras e uma modelista e 3 vendedoras, e a proprietária que administrava e criava as peças. Em 1998 a Blluiza se deparou com dificuldades, a mão de obra tinha se tornado escassa, então toma a decisão de parar com as atividades de produção das peças, fica apenas com a loja e compra produtos prontos. A loja existe até os dias atuais e atua no setor de calçados, roupas femininas e masculina. Então no ano de 2015, o lado empreendedor desperta a vontade de retomar a marca, sendo que agora a realidade era mais favorável para dar continuidade na marca, então em 2016 começa a venda de uma nova coleção, ainda tímida, porém com sucesso necessário para que continue em 2017 e para os próximos anos que virão. A logo da marca é em homenagem as duas filhas da proprietária, e foi desenhada pelo seu pai. Considerações finais O contexto que a indústria da moda se encontra precisa de mudanças urgentes. Dessa forma uma marca que repense o sistema convencional da moda, é extremamente positivo. Com a conclusão desse estudos foi possível notar que as mudanças serão extremamente viáveis para uma marca operar nesse sistema, com os 5 princípios da economia circular, design sem resíduo, criar resiliência através da diversidade, transitar para o uso de energia de fontes renováveis, pensar em sistemas e pensar em cascatas, que envolverá todas as diretrizes para que seja uma marca sustentável, terá preocupação desde as matérias primas, como a peça entrará em uso depois de cair em desuso, preocupação social dos colaboradores, descarte correto de lixos, e extrair valor adicional de peças. Com o entendimento das teorias de economia circular, moda sustentável, Slow fashion, a marca poderá operar nesse sistema e ter como foco não gerar impactos negativos no ambiente. REFERÊNCIAS BRAUNGART, Michael; MCDONOUGH, William. Cradle to cradle: criar e reciclar ilimitadamente. São Paulo: Editora Gustavo Gili, 2013. BUSARELLO, R.I; SILVA, S.P. Fast fashion e Slow fashion: o processo criativo na contemporaneidade. São Paulo,2016. Disponível em: <www.usp.br/estetica/index.php/ estetica/article/download/48/38>. Acesso em 06 de abril de 2017.
  • 21. CARVALHAL, André. Moda com propósito: manifesto pela grande virada. São Paulo: Paralela, 2016. CIETTA, Enrico. A revolução do fast-fashion: estratégias e modelos organizativos para competir nas industrias híbridas. São Paulo: Estação das letras e cores, 2012. COMAS. Disponível em: <www.comas.com.br/index.html>. Acesso em 4 de junho de 2017. DUARTE, Gabriela Garcez. O fast-fashion e o fator humano: uma abordagem para a conscientização da produção e do consumo e eliminação do trabalho escravo contemporâneo. 11º Colóquio de moda, 2015. ELLEN MACARTHUR FOUNDATION. Economia Circular. Disponível em: https://www.ellenmacarthurfoundation.org/pt/economia-circular-1/principios-1. Acesso em 25 de maio de 2017. ERNER, Guillaume. Vítimas da moda: como a criamos, porque a seguimos. São Paulo: Editora Senac de São Paulo, 2005. FABRI, Hélcio Prado; RODRIGUES, Luan Vallotto. Slow fashion: perspectivas para um futuro sustentável. 11º Colóquio de Moda, 2º Congresso brasileiro de iniciação cientifica em Design de Moda. 2015. FLETCHER, K; GROSE, L. Moda e sustentabilidade: Design para Mudança. São Paulo: Editora Senac,2011. IDEIA CIRCULAR. O que é economia circular. Disponível em: <www.ideiacircular.com/economia-circular>. Acesso em 11 de abril de 2017. LIPOVETSKY, Gilles. O império do efêmero: a moda e seu destino nas sociedades modernas. São Paulo: Companhia das letras, 1989. MALHA. Era de transição.Disponível em: <static1.squarespace.com/static/419c2d8f6dad87d/1495817361799/relatorio_era-de- transicao.pdf>. Acesso em 07 de maio de 2017.. MANZINI, E; VEZZOLI, C. O desenvolvimento de produtos sustentáveis: os requisitos ambientais dos produtos industriais. São Paulo: Editora da Universidade de São Paulo, 2011. MODEFICA. Documentário “The true cost” questiona os custos reais da indústria da moda atual. Disponível em: <www.modefica.com.br/documentario-the-true- cost/#.WOagfojytPY>. Acesso em 11 de abril de 2017. MORGAN, Andrew. The True Cost. 2015. 1h 32m. son. Color 16 mm. PALOMINO, Erika. A moda. São Paulo: Publifolha, 2012. – Folha explica. . SALCEDO, Elena. Moda ética para um futuro sustentável. São Paulo: Editora Gustavo Gili, 2014.