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ACESSO À INFORMAÇÃO SOBRE DIU DE COBRE:
uma análise de material gráfico online
WINKELMANN, Caroline
Universidade Positivo
Apesar de ser eficiente, barato, e de longa duração, o DIU de cobre é rodeado de mitos e tem pouca
adesão no Brasil, enquanto no mundo é o contraceptivo mais utilizado. Há grupos de mulheres online
trocando conhecimento sobre contracepção de maneira informal para suprir uma demanda própria de
instrução sobre o tema. O objetivo principal desta pesquisa foi reconhecer as imagens usadas para
informação sobre o dispositivo, imagens estas onde as mulheres são tanto produtoras quanto
usuárias. A intenção ainda foi de investigar o impacto destas peças - e por isso, além de uma etapa
analítica “convencional”, também se teve uma pesquisa com usuárias medindo a confiabilidade de
cinco peças das coletadas.
Palavras-chave: Design da Informação; Saúde da mulher; DIU de cobre.
Introdução
Em grupos do Facebook, que contam com milhares de mulheres como membras, a
troca de conhecimento vem acrescendo materiais para explicar informações médicas mais
complexas, tendo inclusive material online produzido por médicos que divulgam a pesquisa
científica em medicina. Apesar disso, o DIU de cobre é pouco requisitado pelas mulheres
brasileiras, tendo apenas 1,9% de usuárias de 15 a 49 anos em relacionamento estável,
segundo relatório das Nações Unidas de 2015 - enquanto, em um viés mundial, o DIU é o
método contraceptivo reversível mais popular entre mulheres nas mesmas condições.
O procedimento metodológico para melhor compreensão e organização do trabalho,
perpassa por ferramentas buscando, sim, os aspectos gráficos dos objetos de estudo, mas
também o seu impacto na vida das mulheres que interagem com estes materiais. A
categoria da pesquisa se encontra em Design da Informação pelo caráter dos materiais a
serem analisados e pela similaridade com a área, que conta com várias pesquisas ligadas à
saúde. O trabalho, por ter caráter exploratório, não deverá intervir no que é produzido,
apenas olhar, com o olhar do designer, para o que está sendo feito por não-designers para
reconhecer este fenômeno e acrescer, com isto, na área de Design da Informação.
Desenvolvimento
- O dispositivo
O DIU de cobre é uma peça de tamanho aproximado de 3 cm de altura, de polietileno
flexível com fio de cobre enrolado em suas hastes e/ou base, que é inserido no útero por um
médico ou enfermeira e libera íons de cobre na cavidade uterina por até 10 anos. Seu
mecanismo de ação, descrito no manual de anticoncepção da Federação Brasileira das
Associações de Ginecologia e Obstetrícia (FEBRASGO) é o seguinte:
[…] Os íons de cobre interferem na vitalidade e na motilidade espermática,
prejudicando-as, e também diminui a sobrevida do óvulo no trato genital. O
cobre é responsável por um aumento da produção de prostaglandinas e
inibição de enzimas endometriais. Estas mudanças afetam adversamente o
transporte de esperma de modo que raramente ocorre a fertilização (POLI
et. al., 2009, p. 467).
Após inserção basta o acompanhamento do fio do dispositivo que fica no canal
vaginal, feito pela própria mulher, ou um exame de USG transvaginal caso se suspeite de
expulsão do dispositivo.
Figura 1: Sobre o dispositivo intrauterino, modelo T380A e modelos Ômega
Fonte: elaboração da autora.
Dado estas características, a Organização Mundial de Saúde sugere esta opção de
contracepção para a maioria das mulheres, inclusive adolescentes, em seu último manual
de elegibilidade para escolha de método contraceptivo (WORLD HEALTH ORGANIZATION,
2015).
Figura 2: Fotografia do T380A, modelo mais comum do DIU de cobre
Fonte: Blog da saúde, Ministério da Saúde <http://www.blog.saude.gov.br/index.php/promocao-da-saude/52406-
esclarecendo-mitos-sobre-o-diu-de-cobre>
- Grupos de debate online
Os principais grupos de debate sobre contracepção não-hormonal elencados no
momento desta pesquisa são:
Figura 3: Esquema listando os principais grupos sobre contracepção do Facebook.
Fonte: elaboração da autora.
- Design da Informação
Apesar de revisão bibliográfica extensa, para presente pesquisa foram usados
principalmente dois clássicos autores, resumido no esquema a seguir a contribuição de cada
para o protocolo de análise:
Figura 4: Esquema resumindo os principais pontos dos autores Michael Twyman e Evelyn Goldsmith que foram
usados na pesquisa.
Fonte: elaboração da autora.
É relevante notar como tanto Goldsmith quanto Twyman trataram em suas obras a
comunicação visual como uma forma legítima de linguagem da qual o ser humano pode se
apropriar, aproximando a área do design gráfico da semiótica e, até, da linguística.
- Primeira análise
Para o estudo, foram usadas 26 imagens para análise, dispostas da seguinte
maneira:
Figura 5: Sobre a organização e fontes das peças coletadas para o trabalho.
Fonte: elaboração da autora.
O contexto destas fontes deve ser uma variante analisada também nesta pesquisa,
apesar de, como deixou bem claro Goldsmith (1978), ser muito relativa a observação
pragmática dos objetos gráficos, tendo em vista que este nível de compreensão da
linguagem está relacionado a subjetividade do observador, seu repertório, cultura, e relação
com a peça.
As fichas de análise assim foram dispostas:
Figura 6: Exemplo de um item das fichas de análise.
Fonte: elaboração da autora.
- Conclusões de primeira análise
Após as análises das peças informais, percebeu-se duas recorrências: as peças
gráficas em sua maioria foram catalogadas na célula 13 da tabela de Twyman (1979), e com
frequência também os maiores ruídos e “erros” das peças se encontravam em nível
semântico de compreensão, seguindo pela análise de Goldsmith (1978).
Figura 7: Matriz esquemática baseada na de Twyman (1979)
Fonte: elaboração da autora.
Há 14 imagens que se enquadram total ou parcialmente na categoria “Pictórico e
Verbal numérico / Não linear dirigido”, a célula é a categoria que costuma ser acertada pela
publicidade e até por alguns impressos jornalísticos. Se faz presente aí um indício da
habilidade inerente de cada um em se comunicar com imagens, habilidade esta que
infelizmente pode ficar subdesenvolvida para quem não se especializa ou estuda em áreas
afins.
Figura 8: Exemplo de objeto de estudo similar à publicidade.
Fonte: Grupo “DIU de cobre”.
É quase empírico que quem não estuda como se comunicar visualmente aprenderá
esta linguagem através dos meios que tem mais presente e/ou destacados em sua vivência:
revistas, jornalismo, e, claro, a publicidade. Em algum grau, todos estamos “alfabetizados”
para a linguagem visual, e se vê aqui o uso de uma comunicação mais próxima do que não-
especialistas vivenciam, sendo, a maneira com que se comunicam.
Outro ponto interessante levantado foi a recorrência da falha semântica no momento
da produção da peça. Simplificando esta etapa como sendo o nível sintático referente à
forma, o semântico, à construção da peça e o pragmático, à sua contextualização, para
efeitos de explanação do observado, notou-se que em geral, as pessoas aparentam saber o
que usar e onde usar as peças para se comunicar – no entanto falham em saber construir
estas peças livres de ruídos, má interpretações, com respiro e facilidade de compreensão.
Figura 9: Algumas das imagens da página do Ministério da Saúde, com claro padrão de layout.
Fonte: página oficial do Ministério da Saúde no Facebook.
- Etapa de campo
Tendo em vista que as peças gráficas circulam em grupos online, a etapa de campo
se realizou in loco e focando em perceber, na medida do possível em se tratando de algo
subjetivo, a compreensibilidade e confiabilidade de 5 peças escolhidas entre as analisadas.
Figura 10: Imagens para etapa de campo com usuárias. Legenda: Imagem 01 – Taxas do DIU; Imagem 02 –
Tamanho do DIU; Imagem 03 – Uso do DIU por quem não tem filhos; Imagem 04 – layout laranja do Ministério; Imagem 05 –
layout verde do Ministério.
Fonte: elaboração da autora.
Como há diversidade de grupos sobre contracepção no Facebook, se abriu pesquisa
em grupos que não sejam o grupo de onde foram coletadas as peças gráficas e
perguntando no formulário se a mulher conhece o grupo “DIU de cobre” ou o perfil no
Instagram do médico Sergio Cabral, para tentar evitar amostragem viciada.
As respostas conseguidas foram mais que o esperado para amostragem, mesmo
com a filtragem de usuárias. Das 103 respostas, 45 são voluntárias de fora do grupo do DIU
e que não seguem o perfil do médico Sergio Cabral no Instagram.
O espaço aberto e anônimo para conversa sobre DIU de cobre gerou ocorrência de
mulheres indo repetir mitos sobre o uso do dispositivo, afirmando categoricamente mesmo
que as imagens de Ministério da Saúde, bula do dispositivo e fonte médica dissessem o
contrário, que, por exemplo, o DIU seria abortivo. Foram comentários pontuais de cerca de 5
indivíduos dentre as cerca de 100 respostas, mas que se destacaram por serem a
expressão da importância da divulgação e reeducação acerca do dispositivo, é interessante
a notação destes pontos, pois é neles que se enxerga a necessidade de reforçar os méritos
do DIU de cobre e rever os dizeres defasados sobre o mesmo.
- Confiabilidade das imagens formais e informais
O perfil traçado das voluntárias que responderam a pesquisa foi:
Figura 11: Perfil da maioria das voluntárias que responderam ao questionário.
Fonte: elaboração da autora.
Seguia-se então para a etapa de análise com perguntas abertas sobre cada uma das
05 imagens escolhidas, questionando sobre o assunto da imagem e seus aspectos visuais.
Também se pedia para as voluntárias darem nota de 1 a 5 no quanto confiavam na peça, no
quão verdadeiras pareciam as informações e se havia credibilidade em tal peça num
contexto de rede social, e em aberto, justificativa da nota dada. Após estes comentários
acerca do que aproximadamente 103 voluntários disseram sobre as peças escolhidas para a
etapa de campo, foi feita então uma tabela comparando os níveis de confiabilidade das
peças entre si, usando aqui os dados das questões objetivas do questionário:
Figura 12: Gráfico de Veracidade e Credibilidade das peças analisadas com usuárias. Legenda: Imagem 01 – Taxas
do DIU; Imagem 02 – Tamanho do DIU; Imagem 03 – Uso do DIU por quem não tem filhos; Imagem 04 – layout laranja do
Ministério; Imagem 05 – layout verde do Ministério.
Fonte: elaboração da autora.
Neste primeiro gráfico é mostrado a variação, em porcentagem, dos níveis de
veracidade e credibilidade de cada imagem em redes sociais. Percebe-se que, apesar das
imagens 04 e 05 (Ministério da Saúde) terem níveis maiores de percepção de veracidade e
credibilidade, que a imagem 02 (comparativo fotográfico de tamanho entre um SIU e um
DIU) apresenta níveis parecidos com as do Ministério. De todas as imagens desta etapa, a
tabela da bula foi a que menos gerou percepção de veracidade entre as voluntárias. Isso
talvez se dê por ter sido a imagem que teve os maiores problemas de interpretação, pelo
que se notou nas respostas abertas, sendo a imagem que mais teve informações
despercebidas por usuárias ou com mulheres não entendendo completamente como
interpretar os números dispostos.
Apesar de uma das imagens informais ter menor aceitação por parte das usuárias,
por este gráfico é possível perceber que os níveis de credibilidade e percepção de
veracidade não destoam muito entre imagens de fonte formal e imagens de fonte informal.
A seguir também se fez um gráfico com a média da confiabilidade das imagens.
Figura 13: Gráfico de média ponderada de confiabilidade das peças analisadas com usuárias. Legenda: Imagem 01 –
Taxas do DIU; Imagem 02 – Tamanho do DIU; Imagem 03 – Uso do DIU por quem não tem filhos; Imagem 04 – layout laranja
do Ministério; Imagem 05 – layout verde do Ministério.
Fonte: elaboração da autora.
A média de confiabilidade foi o que menos variou entre as peças amostradas. Apesar
dos comentários negativos, da correta desconfiança de peças sem fonte, das sugestões em
mudanças visuais, no fim, os níveis de confiança entre as imagens mostradas são similares,
com nota variando de 3,5 a 4,1, sendo as peças do Ministério da Saúde as com maior nível
de confiabilidade.
É certo que as imagens informais possuem suas falhas técnicas nos aspectos
visuais, mas, se investigava aqui se, apesar destas falhas, não seriam as peças ainda uma
fonte que ofertasse alguma confiança para a mulher descobrir algo sobre o DIU de cobre,
funcionando estas peças como uma “faísca” para a leitora descobrir algo que talvez não
imagine ser uma possibilidade. Para esta afirmação final serve também as respostas de
mulheres surpresas, por exemplo, em descobrirem que o DIU de cobre é um método
altamente eficaz, ou que o tamanho entre um SIU e um DIU é muito próximo. Estas
respostas abertas possibilitaram não só entradas que confirmam a necessidade de se
desmistificar o DIU, mas entradas que reforçam a ideia inicial da pesquisa de que as peças
informais também possuem seu valor em um contexto onde as mulheres demandam
informações sobre contracepção e podem elas mesmas trocar entre si, sendo ao mesmo
tempo produtoras e usuárias, o conhecimento que precisam com o apoio de peças gráficas
que, como qualquer ser humano tem capacidade, elas usam para se comunicar.
Considerações finais
Foi possível notar, após este processo todo, que algumas peças gráficas estão longe
do ideal em aspectos visuais, outras acabam perdendo um pouco do seu potencial pelo
contexto brasileiro onde o DIU de cobre é um contraceptivo rodeado de mitos, receios e com
isto, baixa aderência. Há muito a ser visto neste tópico, mas é perceptível como as peças
ainda que informais e com suas “falhas” ainda regem impacto nas usuárias. Afinal, os níveis
de confiabilidade de peças informais versus as peças que são fonte do próprio Ministério da
Saúde não são tão discrepantes quanto poderia se imaginar, acaso não se estudassem
estas peças do modo que foi feito.
Após este estudo é notável que há, sim, um impacto positivo das peças gráficas
informais estudadas. Há confiança no apresentado nas imagens, há centenas de milhares
de mulheres em grupos online observando estas imagens e pesquisando as informações
dispostas. Mesmo que não-ideais dentro dos pressupostos sintáticos e semânticos do
design, ainda geram impacto para as usuárias no âmbito pragmático, em seu contexto –
cumprem seu objetivo de comunicar informações.
E, para uma colocação final, um estudo do Project CHOICE (2017) concluiu que o
DIU de cobre é um dos métodos contraceptivos mais efetivos para prevenção de gravidez
para grupos de mulheres vulneráveis – mulheres de baixa renda, baixa escolaridade, e
abaixo dos 20 anos. Acrescenta-se ainda que uma pesquisa do Pnad (Pesquisa Nacional
por Amostra de Domicílios) de 2013 constatou que 75% das adolescentes brasileiras que
têm filhos param de estudar, tendo parte delas sequer completado o ensino fundamental. É
neste contexto que se firma, por fim, a importância da pesquisa e dos materiais
apresentados.
Referências
G1. No Brasil, 75% das adolescentes que têm filhos estão fora da escola. G1, 31 mar. 2015.
Disponível em: <http://g1.globo.com/educacao/noticia/2015/03/no-brasil-75-das-
adolescentes-que-tem-filhos-estao-fora-da-escola.html> Acesso em: 27 ago. 2017.
GOLDSMITH, Evelyn, Comprehensibility of Illustration – an analytical model. Information
design Journal. p. 204-213, 1980.
ISEYEMI, Abigail et al. Socioeconomic Status As a Risk Factor for Unintended Pregnancy in
the Contraceptive CHOICE Project. Original Research. p. 1-72017
ISTO É. Contraceptivo DIU é usado por 1,9% no país. IstoÉ, 12 mar. 2017. Disponível em:
<http://istoe.com.br/contraceptivo-diu-e-usado-por-19-no-pais/?cmpid=fb-uolnot>. Acesso
em: 24 abr. 2017.
NAÇÕES UNIDAS. Trends in contraceptive worldwide. Nova York: United Nations, 2015.
PESQUISA NACIONAL DE SAÚDE 2013. Ciclos de vida: Brasil e grandes regiões. Rio de
Janeiro: IBGE, 2015.
POLI, Marcelino Espírito Hofmeister et al. Manual de anticoncepção da FEBRASGO.
Femina, v. 37, n. 9, p. 459-492, 2009.
TWYMAN, Michael. A Schema for the Study of Graphic Language. KOLERS, P.A. &
WROSTAD, M.E. & BOUMA, H. (Eds.), In: The Processing of Visible Language, vol. 1,
Plenum, New York, pp. 117–150. 1979.
TWYMAN, Michael, Using pictorial language: a discussion of the dimensions of the problem.
In T. M. Dufty and R. Waller (eds.) Designing usable texts. Orlando, Florida: Academic
Press, p. 245-312. 1985.
WORLD HEALTH ORGANIZATION. Medical elegibility criteria for contraceptive use.
Genebra: World Healt Organization, 2015.

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ACESSO À INFORMAÇÃO SOBRE DIU DE COBRE: uma análise de material gráfico online

  • 1. ACESSO À INFORMAÇÃO SOBRE DIU DE COBRE: uma análise de material gráfico online WINKELMANN, Caroline Universidade Positivo Apesar de ser eficiente, barato, e de longa duração, o DIU de cobre é rodeado de mitos e tem pouca adesão no Brasil, enquanto no mundo é o contraceptivo mais utilizado. Há grupos de mulheres online trocando conhecimento sobre contracepção de maneira informal para suprir uma demanda própria de instrução sobre o tema. O objetivo principal desta pesquisa foi reconhecer as imagens usadas para informação sobre o dispositivo, imagens estas onde as mulheres são tanto produtoras quanto usuárias. A intenção ainda foi de investigar o impacto destas peças - e por isso, além de uma etapa analítica “convencional”, também se teve uma pesquisa com usuárias medindo a confiabilidade de cinco peças das coletadas. Palavras-chave: Design da Informação; Saúde da mulher; DIU de cobre.
  • 2. Introdução Em grupos do Facebook, que contam com milhares de mulheres como membras, a troca de conhecimento vem acrescendo materiais para explicar informações médicas mais complexas, tendo inclusive material online produzido por médicos que divulgam a pesquisa científica em medicina. Apesar disso, o DIU de cobre é pouco requisitado pelas mulheres brasileiras, tendo apenas 1,9% de usuárias de 15 a 49 anos em relacionamento estável, segundo relatório das Nações Unidas de 2015 - enquanto, em um viés mundial, o DIU é o método contraceptivo reversível mais popular entre mulheres nas mesmas condições. O procedimento metodológico para melhor compreensão e organização do trabalho, perpassa por ferramentas buscando, sim, os aspectos gráficos dos objetos de estudo, mas também o seu impacto na vida das mulheres que interagem com estes materiais. A categoria da pesquisa se encontra em Design da Informação pelo caráter dos materiais a serem analisados e pela similaridade com a área, que conta com várias pesquisas ligadas à saúde. O trabalho, por ter caráter exploratório, não deverá intervir no que é produzido, apenas olhar, com o olhar do designer, para o que está sendo feito por não-designers para reconhecer este fenômeno e acrescer, com isto, na área de Design da Informação. Desenvolvimento - O dispositivo O DIU de cobre é uma peça de tamanho aproximado de 3 cm de altura, de polietileno flexível com fio de cobre enrolado em suas hastes e/ou base, que é inserido no útero por um médico ou enfermeira e libera íons de cobre na cavidade uterina por até 10 anos. Seu mecanismo de ação, descrito no manual de anticoncepção da Federação Brasileira das Associações de Ginecologia e Obstetrícia (FEBRASGO) é o seguinte: […] Os íons de cobre interferem na vitalidade e na motilidade espermática, prejudicando-as, e também diminui a sobrevida do óvulo no trato genital. O cobre é responsável por um aumento da produção de prostaglandinas e inibição de enzimas endometriais. Estas mudanças afetam adversamente o transporte de esperma de modo que raramente ocorre a fertilização (POLI et. al., 2009, p. 467). Após inserção basta o acompanhamento do fio do dispositivo que fica no canal vaginal, feito pela própria mulher, ou um exame de USG transvaginal caso se suspeite de expulsão do dispositivo.
  • 3. Figura 1: Sobre o dispositivo intrauterino, modelo T380A e modelos Ômega Fonte: elaboração da autora. Dado estas características, a Organização Mundial de Saúde sugere esta opção de contracepção para a maioria das mulheres, inclusive adolescentes, em seu último manual de elegibilidade para escolha de método contraceptivo (WORLD HEALTH ORGANIZATION, 2015). Figura 2: Fotografia do T380A, modelo mais comum do DIU de cobre Fonte: Blog da saúde, Ministério da Saúde <http://www.blog.saude.gov.br/index.php/promocao-da-saude/52406- esclarecendo-mitos-sobre-o-diu-de-cobre>
  • 4. - Grupos de debate online Os principais grupos de debate sobre contracepção não-hormonal elencados no momento desta pesquisa são: Figura 3: Esquema listando os principais grupos sobre contracepção do Facebook. Fonte: elaboração da autora. - Design da Informação Apesar de revisão bibliográfica extensa, para presente pesquisa foram usados principalmente dois clássicos autores, resumido no esquema a seguir a contribuição de cada para o protocolo de análise:
  • 5. Figura 4: Esquema resumindo os principais pontos dos autores Michael Twyman e Evelyn Goldsmith que foram usados na pesquisa. Fonte: elaboração da autora. É relevante notar como tanto Goldsmith quanto Twyman trataram em suas obras a comunicação visual como uma forma legítima de linguagem da qual o ser humano pode se apropriar, aproximando a área do design gráfico da semiótica e, até, da linguística. - Primeira análise Para o estudo, foram usadas 26 imagens para análise, dispostas da seguinte maneira:
  • 6. Figura 5: Sobre a organização e fontes das peças coletadas para o trabalho. Fonte: elaboração da autora. O contexto destas fontes deve ser uma variante analisada também nesta pesquisa, apesar de, como deixou bem claro Goldsmith (1978), ser muito relativa a observação pragmática dos objetos gráficos, tendo em vista que este nível de compreensão da linguagem está relacionado a subjetividade do observador, seu repertório, cultura, e relação com a peça. As fichas de análise assim foram dispostas:
  • 7. Figura 6: Exemplo de um item das fichas de análise. Fonte: elaboração da autora. - Conclusões de primeira análise Após as análises das peças informais, percebeu-se duas recorrências: as peças gráficas em sua maioria foram catalogadas na célula 13 da tabela de Twyman (1979), e com frequência também os maiores ruídos e “erros” das peças se encontravam em nível semântico de compreensão, seguindo pela análise de Goldsmith (1978).
  • 8. Figura 7: Matriz esquemática baseada na de Twyman (1979) Fonte: elaboração da autora. Há 14 imagens que se enquadram total ou parcialmente na categoria “Pictórico e Verbal numérico / Não linear dirigido”, a célula é a categoria que costuma ser acertada pela publicidade e até por alguns impressos jornalísticos. Se faz presente aí um indício da habilidade inerente de cada um em se comunicar com imagens, habilidade esta que infelizmente pode ficar subdesenvolvida para quem não se especializa ou estuda em áreas afins. Figura 8: Exemplo de objeto de estudo similar à publicidade. Fonte: Grupo “DIU de cobre”.
  • 9. É quase empírico que quem não estuda como se comunicar visualmente aprenderá esta linguagem através dos meios que tem mais presente e/ou destacados em sua vivência: revistas, jornalismo, e, claro, a publicidade. Em algum grau, todos estamos “alfabetizados” para a linguagem visual, e se vê aqui o uso de uma comunicação mais próxima do que não- especialistas vivenciam, sendo, a maneira com que se comunicam. Outro ponto interessante levantado foi a recorrência da falha semântica no momento da produção da peça. Simplificando esta etapa como sendo o nível sintático referente à forma, o semântico, à construção da peça e o pragmático, à sua contextualização, para efeitos de explanação do observado, notou-se que em geral, as pessoas aparentam saber o que usar e onde usar as peças para se comunicar – no entanto falham em saber construir estas peças livres de ruídos, má interpretações, com respiro e facilidade de compreensão. Figura 9: Algumas das imagens da página do Ministério da Saúde, com claro padrão de layout. Fonte: página oficial do Ministério da Saúde no Facebook. - Etapa de campo Tendo em vista que as peças gráficas circulam em grupos online, a etapa de campo se realizou in loco e focando em perceber, na medida do possível em se tratando de algo subjetivo, a compreensibilidade e confiabilidade de 5 peças escolhidas entre as analisadas.
  • 10. Figura 10: Imagens para etapa de campo com usuárias. Legenda: Imagem 01 – Taxas do DIU; Imagem 02 – Tamanho do DIU; Imagem 03 – Uso do DIU por quem não tem filhos; Imagem 04 – layout laranja do Ministério; Imagem 05 – layout verde do Ministério. Fonte: elaboração da autora. Como há diversidade de grupos sobre contracepção no Facebook, se abriu pesquisa em grupos que não sejam o grupo de onde foram coletadas as peças gráficas e perguntando no formulário se a mulher conhece o grupo “DIU de cobre” ou o perfil no Instagram do médico Sergio Cabral, para tentar evitar amostragem viciada. As respostas conseguidas foram mais que o esperado para amostragem, mesmo com a filtragem de usuárias. Das 103 respostas, 45 são voluntárias de fora do grupo do DIU e que não seguem o perfil do médico Sergio Cabral no Instagram. O espaço aberto e anônimo para conversa sobre DIU de cobre gerou ocorrência de mulheres indo repetir mitos sobre o uso do dispositivo, afirmando categoricamente mesmo que as imagens de Ministério da Saúde, bula do dispositivo e fonte médica dissessem o contrário, que, por exemplo, o DIU seria abortivo. Foram comentários pontuais de cerca de 5 indivíduos dentre as cerca de 100 respostas, mas que se destacaram por serem a expressão da importância da divulgação e reeducação acerca do dispositivo, é interessante
  • 11. a notação destes pontos, pois é neles que se enxerga a necessidade de reforçar os méritos do DIU de cobre e rever os dizeres defasados sobre o mesmo. - Confiabilidade das imagens formais e informais O perfil traçado das voluntárias que responderam a pesquisa foi: Figura 11: Perfil da maioria das voluntárias que responderam ao questionário. Fonte: elaboração da autora. Seguia-se então para a etapa de análise com perguntas abertas sobre cada uma das 05 imagens escolhidas, questionando sobre o assunto da imagem e seus aspectos visuais. Também se pedia para as voluntárias darem nota de 1 a 5 no quanto confiavam na peça, no quão verdadeiras pareciam as informações e se havia credibilidade em tal peça num contexto de rede social, e em aberto, justificativa da nota dada. Após estes comentários acerca do que aproximadamente 103 voluntários disseram sobre as peças escolhidas para a etapa de campo, foi feita então uma tabela comparando os níveis de confiabilidade das peças entre si, usando aqui os dados das questões objetivas do questionário:
  • 12. Figura 12: Gráfico de Veracidade e Credibilidade das peças analisadas com usuárias. Legenda: Imagem 01 – Taxas do DIU; Imagem 02 – Tamanho do DIU; Imagem 03 – Uso do DIU por quem não tem filhos; Imagem 04 – layout laranja do Ministério; Imagem 05 – layout verde do Ministério. Fonte: elaboração da autora. Neste primeiro gráfico é mostrado a variação, em porcentagem, dos níveis de veracidade e credibilidade de cada imagem em redes sociais. Percebe-se que, apesar das imagens 04 e 05 (Ministério da Saúde) terem níveis maiores de percepção de veracidade e credibilidade, que a imagem 02 (comparativo fotográfico de tamanho entre um SIU e um DIU) apresenta níveis parecidos com as do Ministério. De todas as imagens desta etapa, a tabela da bula foi a que menos gerou percepção de veracidade entre as voluntárias. Isso talvez se dê por ter sido a imagem que teve os maiores problemas de interpretação, pelo que se notou nas respostas abertas, sendo a imagem que mais teve informações despercebidas por usuárias ou com mulheres não entendendo completamente como interpretar os números dispostos. Apesar de uma das imagens informais ter menor aceitação por parte das usuárias, por este gráfico é possível perceber que os níveis de credibilidade e percepção de veracidade não destoam muito entre imagens de fonte formal e imagens de fonte informal. A seguir também se fez um gráfico com a média da confiabilidade das imagens.
  • 13. Figura 13: Gráfico de média ponderada de confiabilidade das peças analisadas com usuárias. Legenda: Imagem 01 – Taxas do DIU; Imagem 02 – Tamanho do DIU; Imagem 03 – Uso do DIU por quem não tem filhos; Imagem 04 – layout laranja do Ministério; Imagem 05 – layout verde do Ministério. Fonte: elaboração da autora. A média de confiabilidade foi o que menos variou entre as peças amostradas. Apesar dos comentários negativos, da correta desconfiança de peças sem fonte, das sugestões em mudanças visuais, no fim, os níveis de confiança entre as imagens mostradas são similares, com nota variando de 3,5 a 4,1, sendo as peças do Ministério da Saúde as com maior nível de confiabilidade. É certo que as imagens informais possuem suas falhas técnicas nos aspectos visuais, mas, se investigava aqui se, apesar destas falhas, não seriam as peças ainda uma fonte que ofertasse alguma confiança para a mulher descobrir algo sobre o DIU de cobre, funcionando estas peças como uma “faísca” para a leitora descobrir algo que talvez não imagine ser uma possibilidade. Para esta afirmação final serve também as respostas de mulheres surpresas, por exemplo, em descobrirem que o DIU de cobre é um método altamente eficaz, ou que o tamanho entre um SIU e um DIU é muito próximo. Estas respostas abertas possibilitaram não só entradas que confirmam a necessidade de se desmistificar o DIU, mas entradas que reforçam a ideia inicial da pesquisa de que as peças informais também possuem seu valor em um contexto onde as mulheres demandam informações sobre contracepção e podem elas mesmas trocar entre si, sendo ao mesmo tempo produtoras e usuárias, o conhecimento que precisam com o apoio de peças gráficas que, como qualquer ser humano tem capacidade, elas usam para se comunicar.
  • 14. Considerações finais Foi possível notar, após este processo todo, que algumas peças gráficas estão longe do ideal em aspectos visuais, outras acabam perdendo um pouco do seu potencial pelo contexto brasileiro onde o DIU de cobre é um contraceptivo rodeado de mitos, receios e com isto, baixa aderência. Há muito a ser visto neste tópico, mas é perceptível como as peças ainda que informais e com suas “falhas” ainda regem impacto nas usuárias. Afinal, os níveis de confiabilidade de peças informais versus as peças que são fonte do próprio Ministério da Saúde não são tão discrepantes quanto poderia se imaginar, acaso não se estudassem estas peças do modo que foi feito. Após este estudo é notável que há, sim, um impacto positivo das peças gráficas informais estudadas. Há confiança no apresentado nas imagens, há centenas de milhares de mulheres em grupos online observando estas imagens e pesquisando as informações dispostas. Mesmo que não-ideais dentro dos pressupostos sintáticos e semânticos do design, ainda geram impacto para as usuárias no âmbito pragmático, em seu contexto – cumprem seu objetivo de comunicar informações. E, para uma colocação final, um estudo do Project CHOICE (2017) concluiu que o DIU de cobre é um dos métodos contraceptivos mais efetivos para prevenção de gravidez para grupos de mulheres vulneráveis – mulheres de baixa renda, baixa escolaridade, e abaixo dos 20 anos. Acrescenta-se ainda que uma pesquisa do Pnad (Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios) de 2013 constatou que 75% das adolescentes brasileiras que têm filhos param de estudar, tendo parte delas sequer completado o ensino fundamental. É neste contexto que se firma, por fim, a importância da pesquisa e dos materiais apresentados. Referências G1. No Brasil, 75% das adolescentes que têm filhos estão fora da escola. G1, 31 mar. 2015. Disponível em: <http://g1.globo.com/educacao/noticia/2015/03/no-brasil-75-das- adolescentes-que-tem-filhos-estao-fora-da-escola.html> Acesso em: 27 ago. 2017. GOLDSMITH, Evelyn, Comprehensibility of Illustration – an analytical model. Information design Journal. p. 204-213, 1980. ISEYEMI, Abigail et al. Socioeconomic Status As a Risk Factor for Unintended Pregnancy in the Contraceptive CHOICE Project. Original Research. p. 1-72017 ISTO É. Contraceptivo DIU é usado por 1,9% no país. IstoÉ, 12 mar. 2017. Disponível em:
  • 15. <http://istoe.com.br/contraceptivo-diu-e-usado-por-19-no-pais/?cmpid=fb-uolnot>. Acesso em: 24 abr. 2017. NAÇÕES UNIDAS. Trends in contraceptive worldwide. Nova York: United Nations, 2015. PESQUISA NACIONAL DE SAÚDE 2013. Ciclos de vida: Brasil e grandes regiões. Rio de Janeiro: IBGE, 2015. POLI, Marcelino Espírito Hofmeister et al. Manual de anticoncepção da FEBRASGO. Femina, v. 37, n. 9, p. 459-492, 2009. TWYMAN, Michael. A Schema for the Study of Graphic Language. KOLERS, P.A. & WROSTAD, M.E. & BOUMA, H. (Eds.), In: The Processing of Visible Language, vol. 1, Plenum, New York, pp. 117–150. 1979. TWYMAN, Michael, Using pictorial language: a discussion of the dimensions of the problem. In T. M. Dufty and R. Waller (eds.) Designing usable texts. Orlando, Florida: Academic Press, p. 245-312. 1985. WORLD HEALTH ORGANIZATION. Medical elegibility criteria for contraceptive use. Genebra: World Healt Organization, 2015.