Martín Fierro retrata a vida e costumes do gaúcho na Argentina do século XIX. O autor José Hernández escreveu a obra para denunciar os abusos do governo unitarista de Domingo Faustino Sarmiento, que recrutava civis à força para lutar em guerras. A obra descreve os espaços por onde o gaúcho Martin Fierro andava, como os pampas, e suas tradições, como andar a cavalo e tocar viola.
O documento discute os principais tipos e características da prosa romântica brasileira, incluindo o romance urbano, indianista, histórico e regionalista. Destaca autores como José de Alencar, Manuel Antônio de Almeida, Bernardo Guimarães e obras como A Moreninha, Memórias de um Sargento de Milícias e A Escrava Isaura.
Trabalho apresentado à Disciplina de Língua Portuguesa, E. E. Profa. Irene Dias Ribeiro, pelas alunas Ariany Alves, Laís Branco, Isabelle Saccuman e Luana Gabrielle, em 2015.
O documento descreve a literatura brasileira desde o período colonial, com a literatura informativa do século XVI, a poesia jesuítica e o Barroco baiano dos séculos XVII-XVIII, até o Neoclassicismo de Minas Gerais no século XVIII. Também apresenta conceitos-chave da literatura e seus principais autores de cada período no Brasil.
O documento descreve a segunda geração modernista no Brasil, caracterizada por um amadurecimento da poesia, radicalização ideológica, predomínio da narrativa regional e denúncia social. Apresenta os principais poetas como Carlos Drummond de Andrade, Murilo Mendes e Cecília Meireles.
O guarani- José de Alencar; Ficha LiteráriaRafael Leite
O documento resume a obra O Guarani de José de Alencar. A obra descreve a história do índio Peri e sua união com Cecília durante a colonização portuguesa do Brasil no século XVII. Alencar usou a obra para retratar a formação da identidade nacional brasileira através da mistura de culturas indígena e européia.
O documento descreve o período do Trovadorismo entre 1198-1418, marcando a origem da literatura portuguesa. Neste período, poemas eram compostos por nobres e plebeus para serem cantados em festas. As obras tratavam de temas religiosos dentro de um contexto de teocentrismo e poder da Igreja, e incluíam cantigas de amor, sátira e novelas de cavalaria em prosa.
O conto narra a travessia de uma barca em uma noite de Natal, onde uma mulher carrega seu filho adoecido. A narradora descobre que a criança está morta, mas no fim a mãe diz que ele acordou, possivelmente curado pela febre. A história explora temas como a fragilidade da vida e a compaixão entre as personagens na véspera do nascimento de Cristo.
O documento descreve características da literatura brasileira da 3a Geração Modernista e da Geração de 45, com foco na prosa introspectiva de Clarice Lispector e Guimarães Rosa e na poesia engajada de João Cabral de Melo Neto. Também resume movimentos literários posteriores como a Poesia Concreta, Neoconcretismo e Poesia Marginal.
O documento discute os principais tipos e características da prosa romântica brasileira, incluindo o romance urbano, indianista, histórico e regionalista. Destaca autores como José de Alencar, Manuel Antônio de Almeida, Bernardo Guimarães e obras como A Moreninha, Memórias de um Sargento de Milícias e A Escrava Isaura.
Trabalho apresentado à Disciplina de Língua Portuguesa, E. E. Profa. Irene Dias Ribeiro, pelas alunas Ariany Alves, Laís Branco, Isabelle Saccuman e Luana Gabrielle, em 2015.
O documento descreve a literatura brasileira desde o período colonial, com a literatura informativa do século XVI, a poesia jesuítica e o Barroco baiano dos séculos XVII-XVIII, até o Neoclassicismo de Minas Gerais no século XVIII. Também apresenta conceitos-chave da literatura e seus principais autores de cada período no Brasil.
O documento descreve a segunda geração modernista no Brasil, caracterizada por um amadurecimento da poesia, radicalização ideológica, predomínio da narrativa regional e denúncia social. Apresenta os principais poetas como Carlos Drummond de Andrade, Murilo Mendes e Cecília Meireles.
O guarani- José de Alencar; Ficha LiteráriaRafael Leite
O documento resume a obra O Guarani de José de Alencar. A obra descreve a história do índio Peri e sua união com Cecília durante a colonização portuguesa do Brasil no século XVII. Alencar usou a obra para retratar a formação da identidade nacional brasileira através da mistura de culturas indígena e européia.
O documento descreve o período do Trovadorismo entre 1198-1418, marcando a origem da literatura portuguesa. Neste período, poemas eram compostos por nobres e plebeus para serem cantados em festas. As obras tratavam de temas religiosos dentro de um contexto de teocentrismo e poder da Igreja, e incluíam cantigas de amor, sátira e novelas de cavalaria em prosa.
O conto narra a travessia de uma barca em uma noite de Natal, onde uma mulher carrega seu filho adoecido. A narradora descobre que a criança está morta, mas no fim a mãe diz que ele acordou, possivelmente curado pela febre. A história explora temas como a fragilidade da vida e a compaixão entre as personagens na véspera do nascimento de Cristo.
O documento descreve características da literatura brasileira da 3a Geração Modernista e da Geração de 45, com foco na prosa introspectiva de Clarice Lispector e Guimarães Rosa e na poesia engajada de João Cabral de Melo Neto. Também resume movimentos literários posteriores como a Poesia Concreta, Neoconcretismo e Poesia Marginal.
O documento descreve a arte do século XVII, marcada pela transição entre o antropocentrismo do Renascimento e o teocentrismo trazido pela Contrarreforma. O estilo artístico predominante foi o Barroco, caracterizado por efeitos de claro-escuro e expressão de sentimentos. O período foi marcado por uma crise espiritual e conflito entre visões antropocêntricas e teocêntricas.
O documento descreve o pré-modernismo brasileiro e a obra "Os Sertões" de Euclides da Cunha. O pré-modernismo marcou a transição para o modernismo entre o século XIX e 1922. "Os Sertões" é um relato da Guerra de Canudos entre 1896-1897, onde Euclides da Cunha analisa a sociedade diferente encontrada no interior do Brasil em comparação com as representações usuais.
LINGUAGENS E SUAS TECNOLOGIAS - LÍNGUA PORTUGUESA –– 3ª SÉRIE –COMPARAÇÃO ENT...GernciadeProduodeMat
Este documento apresenta três frases ou menos:
1) O documento discute habilidades da BNCC e objetivos de aprendizagem relacionados à análise de elementos da sintaxe do português e comparação entre textos. 2) A intertextualidade refere-se à relação entre textos e a interdiscursividade à relação entre discursos. 3) Dois poemas exemplificam a intertextualidade ao tratarem do mesmo tema de forma semelhante.
O poema épico-dramático "I-Juca Pirama" de Gonçalves Dias narra a história de um guerreiro tupi feito prisioneiro por uma tribo inimiga, os timbiras. Contrariando a ética indígena, o guerreiro pede clemência para cuidar de seu pai cego, mas é humilhado. Indignado, o pai o desafia a lutar contra os timbiras, o que ele faz bravamente, preservando a honra de sua tribo.
O documento discute os principais conceitos cobrados no Exame Nacional do Ensino Médio (ENEM) relacionados à linguagem, incluindo gêneros textuais, norma culta versus popular, funções da linguagem, literatura e regras gramaticais. O texto também aborda figuras de linguagem e competências avaliadas na redação do exame.
O documento resume os principais elementos da narrativa, incluindo enredo, personagens, tempo, espaço e tipos de discurso. Explica que a narrativa consiste em organizar uma sequência de eventos e que tudo se resume à pergunta de ter algo a dizer.
O documento descreve o contexto histórico e as características do Humanismo no período Pré-Renascimento, incluindo a transição entre a Idade Média e o Renascimento. Apresenta exemplos de produção literária da época, como as crônicas de Fernão Lopes, a poesia palaciana e os autos e farsas de Gil Vicente que criticavam a sociedade.
Este documento descreve a terceira geração do modernismo brasileiro entre 1945-1960, também chamada de Neomodernismo ou Pós-modernismo. Apresenta os principais autores desta geração tanto na poesia quanto na prosa, destacando João Cabral de Melo Neto, Guimarães Rosa e Clarice Lispector. Também aborda brevemente a obra do dramaturgo Nelson Rodrigues.
O documento apresenta diferentes figuras de linguagem, incluindo metáforas, comparações, ironia e eufemismo. As principais figuras descritas são a metáfora, que faz uma comparação implícita, e a comparação, que faz uma comparação explícita utilizando elementos como "como" ou "igual a". O documento também fornece exemplos de como essas figuras podem ser usadas para tornar a linguagem mais expressiva.
Mário de Andrade escreveu Macunaíma, uma rapsódia que une folclores, mitos e culturas brasileiras para retratar a identidade nacional como polimorfa, pluricultural e multirracial através da história do herói Macunaíma. A obra apresenta influências das vanguardas européias e critica o subdesenvolvimento do Brasil enquanto celebra elementos da natureza e cultura brasileiras.
O documento resume as principais escolas literárias brasileiras, incluindo Barroco, Arcadismo, Romantismo, Realismo, Parnasianismo e Simbolismo. O Barroco enfatizou o conflito interno durante a Contrarreforma Católica, enquanto o Arcadismo reagiu contra o Barroco com racionalidade e equilíbrio. O Romantismo expressou sentimentos e nacionalismo. O Realismo refletiu a sociedade de forma crítica e o Parnasianismo cultivou a perfeição estética. Finalmente,
O documento resume o romance "O Triste Fim de Policarpo Quaresma" de Lima Barreto. Conta a biografia do autor, lista suas principais obras, apresenta o enredo da história sobre o nacionalista Policarpo Quaresma e suas tentativas frustradas de implementar suas ideias no Brasil, e descreve os principais personagens.
Este documento fornece um resumo sobre o Pré-Modernismo no Brasil em 3 frases:
1) O Pré-Modernismo ocorreu entre o final do século XIX e início do século XX, caracterizando-se como uma literatura de crítica social que desmistificou o Romantismo e mostrou a realidade brasileira com seus conflitos.
2) Autores principais do período foram Lima Barreto com sua literatura popular, Euclides da Cunha com sua erudição em obras como "Os Sertões", e Monteiro L
A Segunda Geração modernista brasileira: PoesiaAdemir Miranda
A segunda geração modernista (1930-1945) incorporou as conquistas da primeira geração e conciliou tradição e modernidade. Na poesia, poetas como Carlos Drummond de Andrade e Murilo Mendes expressaram visões de mundo e engajamento social. Na prosa, destacou-se o regionalismo de autores como Graciliano Ramos, Rachel de Queiroz e Jorge Amado, retratando o Nordeste brasileiro.
1) Período de transição entre o Parnasianismo e Simbolismo para o Modernismo na literatura brasileira no início do século XX; 2) Autores exploraram temas como a realidade brasileira, o regionalismo e os tipos humanos marginalizados; 3) Obras apresentavam linguagem mais direta e coloquial, aproximando-se da população.
O documento descreve o período Pré-Modernista no Brasil entre 1902-1922, apresentando seus principais autores e características. Resume-se: (1) Foi um período de transição marcado por rupturas com o passado e literatura de denúncia; (2) Autores como Euclides da Cunha, Graça Aranha e Lima Barreto retrataram problemas sociais do país; (3) A literatura pré-modernista abordou temas como a realidade rural e urbana brasileira.
A terceira geração modernista brasileira, conhecida como Geração de 45, se caracterizou por uma literatura de reflexão e crítica social, com ênfase no regionalismo universal e na análise psicológica interior. Os principais expoentes foram João Guimarães Rosa, com sua linguagem inovadora e prosa poética sobre o sertão mineiro, Clarice Lispector e suas obras que exploram o universo feminino e a introspecção, e João Cabral de Melo Neto, com sua poesia de rigor formal sobre
O Parnasianismo foi um movimento poético no Brasil da segunda metade do século XIX que reagiu contra o sentimentalismo romântico, adotando uma linguagem mais elaborada e objetiva na descrição de temas clássicos. A tríade parnasiana foi formada por Olavo Bilac, Alberto de Oliveira e Raimundo Correia, que se destacaram pelo rigor formal e precisão na linguagem.
Este documento discute a Geração de 1945 na literatura brasileira. Contextualiza o período pós-Segunda Guerra Mundial e a influência do fim da Era Vargas. Destaca a poesia introspectiva de João Cabral de Melo Neto e Clarice Lispector, que exploraram o "eu" e o regionalismo através da representação da cidade, campo e sertão. Explana sobre as características literárias e estilos de escrita dos principais autores, como a valorização da palavra e a sondagem psicológica.
A segunda geração do Romantismo brasileiro é marcada por temas como a angústia, o sofrimento e a dor existencial. Os principais expoentes desta geração foram Álvares de Azevedo, Fagundes Varela e Casimiro de Abreu. Lord Byron foi uma grande influência e inspiração para estes poetas, que se voltaram para temas mais subjetivos e introspectivos em vez de temas nacionais. O livro de Álvares de Azevedo em 1853 é considerado o marco inicial desta segunda gera
Este documento apresenta uma análise da coerência entre o discurso e a prática de duas professoras de Língua Portuguesa. Foi realizada uma pesquisa com as professoras por meio de questionários e coleta de materiais usados em sala de aula. A análise concluiu que uma das professoras manteve coerência entre seu discurso e prática, enquanto a outra não foi totalmente coerente.
USO DE ANÁFORAS EM PRODUÇÕES TEXTUAIS DE ALUNOS DO PRIMEIRO ANO DO ENSINO MÉDIOJobenemar Carvalho
Artigo das professoras Maria José Morais Honório (UERN) E Crígina Cibelle Pereira (UERN), apresentado no II SIMPÓSIO NACIONAL DE TEXTO E ENSINO (II SINATE) -
Pau dos Ferros, 12 a 14 de dezembro de 2012.
O documento descreve a arte do século XVII, marcada pela transição entre o antropocentrismo do Renascimento e o teocentrismo trazido pela Contrarreforma. O estilo artístico predominante foi o Barroco, caracterizado por efeitos de claro-escuro e expressão de sentimentos. O período foi marcado por uma crise espiritual e conflito entre visões antropocêntricas e teocêntricas.
O documento descreve o pré-modernismo brasileiro e a obra "Os Sertões" de Euclides da Cunha. O pré-modernismo marcou a transição para o modernismo entre o século XIX e 1922. "Os Sertões" é um relato da Guerra de Canudos entre 1896-1897, onde Euclides da Cunha analisa a sociedade diferente encontrada no interior do Brasil em comparação com as representações usuais.
LINGUAGENS E SUAS TECNOLOGIAS - LÍNGUA PORTUGUESA –– 3ª SÉRIE –COMPARAÇÃO ENT...GernciadeProduodeMat
Este documento apresenta três frases ou menos:
1) O documento discute habilidades da BNCC e objetivos de aprendizagem relacionados à análise de elementos da sintaxe do português e comparação entre textos. 2) A intertextualidade refere-se à relação entre textos e a interdiscursividade à relação entre discursos. 3) Dois poemas exemplificam a intertextualidade ao tratarem do mesmo tema de forma semelhante.
O poema épico-dramático "I-Juca Pirama" de Gonçalves Dias narra a história de um guerreiro tupi feito prisioneiro por uma tribo inimiga, os timbiras. Contrariando a ética indígena, o guerreiro pede clemência para cuidar de seu pai cego, mas é humilhado. Indignado, o pai o desafia a lutar contra os timbiras, o que ele faz bravamente, preservando a honra de sua tribo.
O documento discute os principais conceitos cobrados no Exame Nacional do Ensino Médio (ENEM) relacionados à linguagem, incluindo gêneros textuais, norma culta versus popular, funções da linguagem, literatura e regras gramaticais. O texto também aborda figuras de linguagem e competências avaliadas na redação do exame.
O documento resume os principais elementos da narrativa, incluindo enredo, personagens, tempo, espaço e tipos de discurso. Explica que a narrativa consiste em organizar uma sequência de eventos e que tudo se resume à pergunta de ter algo a dizer.
O documento descreve o contexto histórico e as características do Humanismo no período Pré-Renascimento, incluindo a transição entre a Idade Média e o Renascimento. Apresenta exemplos de produção literária da época, como as crônicas de Fernão Lopes, a poesia palaciana e os autos e farsas de Gil Vicente que criticavam a sociedade.
Este documento descreve a terceira geração do modernismo brasileiro entre 1945-1960, também chamada de Neomodernismo ou Pós-modernismo. Apresenta os principais autores desta geração tanto na poesia quanto na prosa, destacando João Cabral de Melo Neto, Guimarães Rosa e Clarice Lispector. Também aborda brevemente a obra do dramaturgo Nelson Rodrigues.
O documento apresenta diferentes figuras de linguagem, incluindo metáforas, comparações, ironia e eufemismo. As principais figuras descritas são a metáfora, que faz uma comparação implícita, e a comparação, que faz uma comparação explícita utilizando elementos como "como" ou "igual a". O documento também fornece exemplos de como essas figuras podem ser usadas para tornar a linguagem mais expressiva.
Mário de Andrade escreveu Macunaíma, uma rapsódia que une folclores, mitos e culturas brasileiras para retratar a identidade nacional como polimorfa, pluricultural e multirracial através da história do herói Macunaíma. A obra apresenta influências das vanguardas européias e critica o subdesenvolvimento do Brasil enquanto celebra elementos da natureza e cultura brasileiras.
O documento resume as principais escolas literárias brasileiras, incluindo Barroco, Arcadismo, Romantismo, Realismo, Parnasianismo e Simbolismo. O Barroco enfatizou o conflito interno durante a Contrarreforma Católica, enquanto o Arcadismo reagiu contra o Barroco com racionalidade e equilíbrio. O Romantismo expressou sentimentos e nacionalismo. O Realismo refletiu a sociedade de forma crítica e o Parnasianismo cultivou a perfeição estética. Finalmente,
O documento resume o romance "O Triste Fim de Policarpo Quaresma" de Lima Barreto. Conta a biografia do autor, lista suas principais obras, apresenta o enredo da história sobre o nacionalista Policarpo Quaresma e suas tentativas frustradas de implementar suas ideias no Brasil, e descreve os principais personagens.
Este documento fornece um resumo sobre o Pré-Modernismo no Brasil em 3 frases:
1) O Pré-Modernismo ocorreu entre o final do século XIX e início do século XX, caracterizando-se como uma literatura de crítica social que desmistificou o Romantismo e mostrou a realidade brasileira com seus conflitos.
2) Autores principais do período foram Lima Barreto com sua literatura popular, Euclides da Cunha com sua erudição em obras como "Os Sertões", e Monteiro L
A Segunda Geração modernista brasileira: PoesiaAdemir Miranda
A segunda geração modernista (1930-1945) incorporou as conquistas da primeira geração e conciliou tradição e modernidade. Na poesia, poetas como Carlos Drummond de Andrade e Murilo Mendes expressaram visões de mundo e engajamento social. Na prosa, destacou-se o regionalismo de autores como Graciliano Ramos, Rachel de Queiroz e Jorge Amado, retratando o Nordeste brasileiro.
1) Período de transição entre o Parnasianismo e Simbolismo para o Modernismo na literatura brasileira no início do século XX; 2) Autores exploraram temas como a realidade brasileira, o regionalismo e os tipos humanos marginalizados; 3) Obras apresentavam linguagem mais direta e coloquial, aproximando-se da população.
O documento descreve o período Pré-Modernista no Brasil entre 1902-1922, apresentando seus principais autores e características. Resume-se: (1) Foi um período de transição marcado por rupturas com o passado e literatura de denúncia; (2) Autores como Euclides da Cunha, Graça Aranha e Lima Barreto retrataram problemas sociais do país; (3) A literatura pré-modernista abordou temas como a realidade rural e urbana brasileira.
A terceira geração modernista brasileira, conhecida como Geração de 45, se caracterizou por uma literatura de reflexão e crítica social, com ênfase no regionalismo universal e na análise psicológica interior. Os principais expoentes foram João Guimarães Rosa, com sua linguagem inovadora e prosa poética sobre o sertão mineiro, Clarice Lispector e suas obras que exploram o universo feminino e a introspecção, e João Cabral de Melo Neto, com sua poesia de rigor formal sobre
O Parnasianismo foi um movimento poético no Brasil da segunda metade do século XIX que reagiu contra o sentimentalismo romântico, adotando uma linguagem mais elaborada e objetiva na descrição de temas clássicos. A tríade parnasiana foi formada por Olavo Bilac, Alberto de Oliveira e Raimundo Correia, que se destacaram pelo rigor formal e precisão na linguagem.
Este documento discute a Geração de 1945 na literatura brasileira. Contextualiza o período pós-Segunda Guerra Mundial e a influência do fim da Era Vargas. Destaca a poesia introspectiva de João Cabral de Melo Neto e Clarice Lispector, que exploraram o "eu" e o regionalismo através da representação da cidade, campo e sertão. Explana sobre as características literárias e estilos de escrita dos principais autores, como a valorização da palavra e a sondagem psicológica.
A segunda geração do Romantismo brasileiro é marcada por temas como a angústia, o sofrimento e a dor existencial. Os principais expoentes desta geração foram Álvares de Azevedo, Fagundes Varela e Casimiro de Abreu. Lord Byron foi uma grande influência e inspiração para estes poetas, que se voltaram para temas mais subjetivos e introspectivos em vez de temas nacionais. O livro de Álvares de Azevedo em 1853 é considerado o marco inicial desta segunda gera
Este documento apresenta uma análise da coerência entre o discurso e a prática de duas professoras de Língua Portuguesa. Foi realizada uma pesquisa com as professoras por meio de questionários e coleta de materiais usados em sala de aula. A análise concluiu que uma das professoras manteve coerência entre seu discurso e prática, enquanto a outra não foi totalmente coerente.
USO DE ANÁFORAS EM PRODUÇÕES TEXTUAIS DE ALUNOS DO PRIMEIRO ANO DO ENSINO MÉDIOJobenemar Carvalho
Artigo das professoras Maria José Morais Honório (UERN) E Crígina Cibelle Pereira (UERN), apresentado no II SIMPÓSIO NACIONAL DE TEXTO E ENSINO (II SINATE) -
Pau dos Ferros, 12 a 14 de dezembro de 2012.
Este documento analisa produções textuais de alunos do ensino fundamental. A análise encontrou muitos erros de pontuação, construção de parágrafos e coerência/coesão que as turmas deveriam ter dominado. As escolas precisam criar mais momentos para prática de produção textual.
O documento discute a peça Os Adelfos de Terêncio e como ela aborda dois estilos de educação dos filhos: um baseado na liberdade e outro na repreensão. Apresenta o surgimento da comédia latina a partir da Grécia antiga e caracteriza os principais comediógrafos latinos Plauto e Terêncio, destacando suas diferenças estilísticas. Analisa a trama da peça, que mostra os resultados da educação rígida de um filho e da educação mais liberal do outro.
O documento analisa o conto "Casa Tomada", de Julio Cortázar. Resume a história de dois irmãos que vivem sozinhos em uma grande casa de família, mas que começa a ser "tomada" por forças desconhecidas. Analisa o contexto histórico e biográfico de Cortázar e como isso influenciou a escrita do conto, retratando o clima político repressivo da Argentina da época.
Study: The Future of VR, AR and Self-Driving CarsLinkedIn
We asked LinkedIn members worldwide about their levels of interest in the latest wave of technology: whether they’re using wearables, and whether they intend to buy self-driving cars and VR headsets as they become available. We asked them too about their attitudes to technology and to the growing role of Artificial Intelligence (AI) in the devices that they use. The answers were fascinating – and in many cases, surprising.
This SlideShare explores the full results of this study, including detailed market-by-market breakdowns of intention levels for each technology – and how attitudes change with age, location and seniority level. If you’re marketing a tech brand – or planning to use VR and wearables to reach a professional audience – then these are insights you won’t want to miss.
Artificial intelligence (AI) is everywhere, promising self-driving cars, medical breakthroughs, and new ways of working. But how do you separate hype from reality? How can your company apply AI to solve real business problems?
Here’s what AI learnings your business should keep in mind for 2017.
O documento descreve o conflito fundiário na década de 1940-1950 na região de Porecatu no Paraná entre posseiros e fazendeiros. Os posseiros resistiram à doação de terras que ocupavam a grandes proprietários. O Partido Comunista apoiou os posseiros e testou táticas de guerrilha rural, transformando o conflito em uma experiência de luta armada. Violentos confrontos eclodiram entre os grupos, deixando mortos e feridos.
O documento descreve a Coluna Prestes, uma coluna militar liderada por Luís Carlos Prestes que percorreu o Brasil entre 1924-1927 após rebeliões de tenentes contra o governo oligárquico. Formada por militares rebeldes que fugiram de São Paulo após uma revolta em 1924, a Coluna Prestes contava com cerca de 1.500 homens e percorreu mais de 20 mil km através de vários estados buscando despertar a população contra as oligarquias. Embora não tenha conseguido derrubar o governo,
Getúlio Vargas foi presidente do Brasil de 1930 a 1945 e novamente de 1951 a 1954. Érico Veríssimo foi um escritor gaúcho que publicou vários romances na década de 1930 retratando a sociedade gaúcha rural e urbana. A era Vargas coincidiu com o auge da carreira literária de Érico Veríssimo e ambos representaram a modernização do Brasil, Vargas no campo político e econômico e Érico no campo cultural e literário.
Este documento apresenta um resumo de um artigo sobre a Revolta dos Posseiros de 1957 no sudoeste do Paraná. O artigo discute os consensos e desacordos entre diferentes interpretações deste levante agrário. Uma das primeiras pesquisas analisadas argumenta que a revolta foi palco de manobras políticas e que os colonos e posseiros aparecem como personagens secundários nesta disputa. Outros estudos destacam a luta pela terra e a consciência dos camponeses sobre suas reivindicações.
Este artigo resume:
1) A história do Haiti desde sua independência em 1804, analisando os movimentos culturais e literários como o indigenismo e o negrismo.
2) Os principais problemas atuais do Haiti como o desastre ecológico, a crise demográfica, a destruição da agricultura e da economia.
3) A literatura e cultura haitiana, incluindo o realismo maravilhoso e escritores da diáspora haitiana.
Segundo Reinado: Política Externa Parte 1.pptxvaleria908734
- A primeira metade do século XIX na região do Cone Sul foi marcada pela independência das colônias espanholas e portuguesas e pela formação de novos estados nacionais, mas também por tensões territoriais e rivalidades entre esses novos países, principalmente Argentina, Brasil e Uruguai.
- A Guerra do Paraguai (1864-1870) foi um longo e sangrento conflito entre Paraguai, Brasil, Uruguai e Argentina que teve enormes consequências humanas e territoriais para o Paraguai.
- At
1) O documento descreve a transição da economia rural de subsistência para uma economia capitalista em Liberdade, MG. Os fazendeiros substituíram as plantações por pastos e começaram a empregar trabalhadores assalariados, forçando os agregados a deixarem as terras.
2) Muitos agregados migraram para a periferia da pequena cidade de Liberdade, ao invés de grandes cidades, onde passaram a enfrentar novos desafios de adaptação à lógica capitalista.
3) O estudo etnográ
História rafa- república da espada e república do café com leiteRafael Noronha
A República Velha no Brasil foi marcada por três elementos principais: 1) o sistema político oligárquico e corrupto do "café com leite"; 2) os movimentos de tenentismo e modernismo que contestavam a ordem estabelecida; 3) a eclosão da Grande Depressão de 1929 que contribuiu para a queda do regime em 1930.
O documento descreve o primeiro governo de Getúlio Vargas no Brasil de 1930 a 1945. Resume que Vargas assumiu o poder com apoio militar, implementou políticas de modernização e leis trabalhistas, mas depois decretou o Estado Novo em 1937, centralizando o poder e suprimindo liberdades. Vargas saiu do poder em 1945 após um golpe militar.
O documento descreve três conflitos sociais na República Velha no Brasil: A Guerra de Canudos, a Guerra do Contestado e o Cangaço. A Guerra de Canudos foi um conflito entre o governo e os seguidores messiânicos de Antônio Conselheiro em Canudos na década de 1890. A Guerra do Contestado foi uma revolta camponesa na década de 1910 motivada por disputas de terras. O Cangaço foi um período de banditismo no sertão nordestino entre 1870-1930, liderado por
O documento descreve os movimentos sociais urbanos na República Velha, incluindo os movimentos operários e tenentistas. Os primeiros movimentos operários surgiram no século 19 reivindicando melhores condições de trabalho. Greves em 1917 em São Paulo foram duramente reprimidas. Os tenentes queriam reformas liberais e modernização das forças armadas, levando a movimentos como a Coluna Prestes.
O documento descreve os movimentos sociais urbanos na República Velha, incluindo os movimentos operários e tenentistas. Os primeiros movimentos operários surgiram no século XIX e ganharam força entre 1905-1908, com greves em São Paulo. Os tenentes eram oficiais do exército insatisfeitos com a situação política do país na década de 1920 e organizaram movimentos como os 18 do Forte e a Coluna Prestes para promover reformas.
Miguel Hidalgo y Costilla, um padre, liderou o movimento de independência do México contra o domínio espanhol em 1810. Ele convocou o povo de Dolores para se juntar à luta contra o governo espanhol em 16 de setembro de 1810, no que é conhecido como Grito de Dolores. Embora tivessem vitórias iniciais, as forças de Hidalgo acabaram sendo derrotadas.
O documento descreve o movimento social conhecido como Contestado, ocorrido entre 1912-1916 em terras do Paraná e Santa Catarina. Sertanejos tiveram suas terras tomadas para construção de ferrovias e foram expulsos, liderados por José Maria pregavam vida comunitária e distribuição de terras. O movimento contestou a ação do governo republicano e foi violentamente reprimido.
A Revolução Mexicana (1910) foi uma grande revolução social do século XX contra o regime ditatorial de Porfírio Diaz, que concentrou terras e oprimiu os camponeses. Liderada inicialmente por Francisco Madero para restaurar a democracia, acabou radicalizando-se com Emiliano Zapata e seus seguidores camponeses, que exigiam uma ampla reforma agrária. Após muitos conflitos, resultou na Constituição de 1917, que protegeu os direitos dos trabalhadores e camponeses.
O documento resume três importantes conflitos armados na história do Brasil:
1) A Guerra do Contestado (1912-1916) foi um conflito entre a população cabocla e forças militares dos estados do Paraná e Santa Catarina sobre uma área rica em recursos naturais e fronteira disputada.
2) A Revolução de 1923 no Rio Grande do Sul opôs facções políticas rivais e durou onze meses, sendo o último conflito entre elites estaduais.
3) A Coluna Prestes (1925-1927) foi
1) O documento descreve vários conflitos sociais na República Velha no Brasil, incluindo a Guerra de Canudos, a Guerra do Contestado e o Cangaço.
2) A Guerra de Canudos foi um conflito entre o governo e os seguidores messiânicos de Antônio Conselheiro na década de 1890.
3) A Guerra do Contestado envolveu camponeses sem terra se rebelando contra grandes proprietários rurais e o governo na década de 1910.
Análise da Disciplina: América II – Filme A História Oficial - Parte da av3 i...Emerson Mathias
O documento analisa o filme "A História Oficial" como um importante documento histórico sobre a ditadura militar na Argentina entre 1976-1983. O filme retrata como a protagonista descobre a verdade sobre o envolvimento de seu marido com o desaparecimento de opositores do regime e a adoção da filha de prisioneiros políticos. O diretor Luis Puenzo produziu o filme durante a ditadura para expor as atrocidades cometidas pelo regime autoritário.
Destaques Enciclopédicos 24 08-2014 a 31-08-2014Umberto Neves
O documento apresenta uma coleção de notas e destaque enciclopédicos de Umberto Neves entre 24 e 25 de agosto de 2014. Inclui eventos históricos, biografias de figuras como Jorge Luis Borges, Yasser Arafat e Getúlio Vargas, e pensamentos do filósofo Friedrich Nietzsche.
O documento apresenta informações sobre os principais símbolos e aspectos históricos da Argentina, incluindo a bandeira, o hino, o escudo, uma breve história do país desde a colonização até os governos atuais, detalhes sobre o modelo de educação argentino e curiosidades sobre figuras como Evita Perón.
1. MARTÍN FIERRO: O ESPAÇO E A FIGURA DO GAÚCHO
APRESENTADOS NA OBRA DE JOSÉ HERNANDEZ¹
Francieli Corbellini²
fracorbellini@gmail.com
RESUMO
O espaço sempre foi considerado um dos elementos fundamentais em toda obra literária. Com
Martin Fierro não poderia ser diferente. Além de descrever como é e como se porta a figura
do gaúcho, José Hernandez nos faz passear pelos pampas e descobrir por que meios nosso
personagem passa e qual a significação deles na construção da sua história de vida. Este
trabalho visa apresentar ao leitor estes espaços, relacionando, também, os costumes de Fierro
com os que ainda perduram na tradição gaúcha, e relatando uma breve história da Argentina,
bem como a época e em que condições o livro foi escrito, para justificar a criação deste. Com
apontamentos do livro O Martin Fierro de Jorge Luis Borges, entre outros argumentos, foi
possível constatar que alguns instrumentos e costumes permanecem na cultura do Rio Grande
do Sul, mas sua presença mais forte é notada na personalidade destemida e também no amor
pela terra, pelo estado, que é a extensão de sua própria casa.
1 INTRODUÇÃO
O contexto histórico da Argentina de 1829 a 1874 foi marcado pelo autoritarismo, pela
guerra civil e, especialmente, pela disputa de poder entre federalistas e unitaristas. Entre meio
a isso, nasce o autor que vai imortalizar o mito do herói gaúcho, retratando seus costumes e
suas lidas pelo pampa argentino. José Hernández escreve Martín Fierro para denunciar os
abusos do governo de Domingo Faustino Sarmiento, que foi de 1868 a 1874. Hernández não
concordava e era opositor às ideias unitaristas, vertente de Sarmiento.
Martin Fierro é a obra mais completa tratando-se do gaúcho. A vestimenta,
companhia da viola, andanças pelo pampa atrás do gado, o cavalo como melhor amigo; tudo é
eternizado neste livro escrito em verso. Este trabalho desenvolve-se a fim de, além de
apresentar o panorama político e uma breve biografia de Hernández, analisar o espaço com
todas as características da vida e costumes do gaúcho. Para tanto, utilizam-se fundamentações
de Jorge Luis Borges, José Luis B. Beired, Salvador Ferrando Lamberty, Francisco Viana,
entre outros. Desta forma, pretende-se chegar a uma análise minuciosa da obra e, ao mesmo
tempo, acrescentar informações ao conhecimento que já se tem sobre o mito do gaúcho.
2 HISTÓRIA DA ARGENTINA E BIOGRAFIA DE JOSÉ HERNANDEZ
Este capítulo trata da história da Argentina entre 1829 e 1874, ressaltando aspectos
políticos, especialmente a disputa entre unitaristas e federalistas, que levaram José Hernández
a escrever o mito do herói gaúcho: Martín Fierro.
2.1 HISTÓRIA DA ARGENTINA
A Argentina, segundo maior país da América Latina em território com 2.766.890 km²
e população de 42.192.494 de habitantes em 2011, sofreu com as mudanças de poder no
decorrer de sua história. Uma dessas mudanças, e dentre as mais marcantes, ocorreu na época
____________________________
1
Trabalho realizado no primeiro semestre de 2012, para a Disciplina de Introdução à História da Literatura
Ocidental II, com orientação da Professora Mara Ferreira Jardim.
2
Graduanda de Letras da Faculdade Porto-Alegrense, Porto Alegre/RS.
2. de Domingos Faustino Sarmiento, cuja vertente política assume o governo de Buenos Aires
em 1853, mas ele governou de 1868 a 1874. Coincidentemente período este da escrita da
primeira parte da obra de José Hernández que será analisada aqui, Martín Fierro.
Faz-se necessário, antes de qualquer coisa, apontar as características das duas
vertentes políticas da época que será apresentada neste trabalho: os caudilhos federalistas e os
unitaristas liberais. A oposição de ideais resultou em uma guerra civil que perdurou anos na
Argentina. “Quem era contra o poder dos caudilhos passou a ser unitário, aqueles que estavam
do outro lado ganharam o nome de federais.” (VIANA, 1990, p. 21).
Por unitários, então, deve-se entender uma elite urbana e estancieira com
certas características e crenças liberais, proveniente principalmente de
Buenos Aires, e que via na centralização política, encabeçada pela elite porteña, uma
forma de unificar a região e a nação da Argentina. Já os federalistas defendiam uma
maior participação provincial nas decisões políticas, de modo que isso atendia aos
seus interesses locais que eram geralmente fundados na relação de troca entre
caudilhos e seus dependentes ou apoiadores. (TERLIZZI, 20_, p. 6).
Antes de os unitaristas liberais, partido de Sarmiento, assumirem o governo da
Argentina, estavam a frente do poder o partido dos caudilhos federalistas, cuja figura mais
marcante foi Juan Manuel de Rosas. Rosas governou com característica autoritária e
perseguiu implacavelmente seus opositores.
Toda sanguinária e monótona propaganda rosista apontava para o mesmo alvo: a
expansão, sem fronteiras, da criação de gado, a absoluta hegemonia de Buenos Aires
sobre as províncias, o enclausuramento do país como se fosse um tubo de ensaio e a
convicção de que a violência era a única maneira de assegurar o poder. (VIANA,
1990, p. 20).
Buenos Aires foi muito próspera sob Rosas, mas apenas para alguns que já detinham
certo poder e que partilhavam o mesmo ideal político federalista. Houve a expansão dos
saladeros (estabelecimentos de processamento de charque) e a criação de gado, consolidando
uma política a favor do poder dos grandes estancieiros. Segundo Beired (1996) é neste
governo que se inicia a “expedição ao deserto”, representada na parte I da obra de José
Hernández, que foi uma guerra genocida centrada no ataque e expulsão das tribos indígenas
dos pampas e na ocupação de seus territórios para a criação de gado. A maior e mais
significativa investida contra os índios na época de Rosas ocorreu entre 1833 e 1834, mas essa
guerra perdurou até o ano de 1880. Os maiores beneficiários, sem fugir à política de Rosas,
eram os proprietários de terras. Vale acrescentar que Rosas “era um dos dez maiores
latifundiários do país.” (VIANA, 1990, p. 23).
No entanto, segundo Viana (1990, p.20) “Rosas foi inigualável na arte de manipular os
índios, os gaúchos e os negros, transformando-os numa massa aguerrida e fanatizada a serviço
de si mesmo e de seus interesses de classe.” Mesmo sendo um paradoxo, Rosas queria paz e
não guerra. Entendia que os índios viviam para a guerra e, assim, deveriam ser assimilados e
não exterminados e, já que cada aldeia seria uma escola de guerra, seria possível trocar os
peões pelos índios nas milícias a frente de combates. “Os índios viam nele uma espécie de
totem de carne e osso: costumavam dizer que Rosas era um amigo que jamais os haviam
enganado. Rosas via nesse invulgar exército de marginais uma arma contra futuras ameaças
externas.” (VIANA, 1990, p. 26).
Depois de todo um governo voltado para o poder, caracterizado pela subordinação,
iniciado em 1829, sendo Rosas adorado como um deus, a última década foi marcada por
mudanças múltiplas. Surgiram novas estâncias voltadas para a produção de ovelha e não de
gado, houve a introdução de novas técnicas e a emergência de uma nova elite, descendente de
imigrantes, que buscava espaço e se chocava com os criadores de gado e as milícias rurais,
afirma Viana (1996).
3. Em meio a todo este contexto argentino, nos países limítrofes, e na própria Argentina,
já tomavam forma revoltas liberais. No Brasil, a Revolução Farroupilha (1835/1845 no Rio
Grande do Sul) e a Sabinada (1837 na Bahia). No Uruguai a sua própria independência
(declarada 1825 e reconhecida em 1828). Na Argentina, as províncias de Corrientes, Santa Fé
e Entre Rios já expandiam-se pelos ideais liberais. Chega a hora de Buenos Aires receber um
novo governador. Segundo Beired (1996), os caudilhos federalistas foram depostos com a
Batalha de Monte Caseros, por uma aliança internacional entre Corrientes e Entre Rios, esta
última governada por Justo José de Urquiza que será o primeiro governador unitarista de
Buenos Aires após Rosas (províncias argentinas), Brasil e Uruguai. Juan Manoel de Rosas,
derrotado, deixa sua cadeira em 1852.
Os unitaristas liberais foram importantes para o país, mas seus governos também
foram marcados pela prática de guerra. A princípio, adotou-se uma nova Constituição já em
1853 que, segundo Beired (1996, p. 38) era
de cunho liberal, estabeleceu a forma representativa, republicana e federativa de
governo; a divisão dos poderes em legislativo, executivo e judiciário; a eleição
indireta para presidente; os direitos individuais; e liberdade de culto paralelamente à
adoção do catolicismo como religião oficial do Estado, entre outras disposições.
Justo J. de Urquiza, general, principal opositor de Rosas, foi eleito em 1853 e ficou no
poder por seis anos. Liberal, mas com traços federalistas, realizou um política que atendeu os
interesses do interior. “Engana-se quem pensar que Urquiza foi um marco de renascimento.
Rosas e Urquiza descendiam de um mesmo trono ancestral. O caudilhismo. O que houve foi
uma troca de guarda. A substituição de um tirano por outro.” (VIANA, 1990, p. 33).
Depois de Urquiza, a Argentina ainda passou pelo comando de Bartolomé Mitre
Martinez de 1862 a 1868 e, finalmente, chegamos a Domingo Faustino Sarmiento, com
governo de 1868 a 1874.
Domingos Faustino Sarmiento fora pessoa polêmica e de fundamental importância
no debate político argentino do séc. XIX. Suas ideias e motivações o levaram muito
cedo a se envolver em conflitos e disputas em relação ao tipo de sociedade que se
construía – ou que se queria construir – dentro da nascente nação argentina. Muito
cedo inspirado por ideais liberais e progressistas – inspirado em partes pelos
responsáveis por sua formação -, o jovem San Juanino esbarra numa torrente de
conflitos de interesses e poder que esmagavam a Argentina de seu tempo. Muito
cedo acaba por envolver-se em rusgas políticas o que o faz deixar o país em direção
ao exílio nos Andes chilenos e a alinhar-se com o partido Unitário (...). (TERLIZZI,
20_, p. 1).
Já em 1864 era constante o recrutamento forçado de civis para lutar em guerras como
a do Paraguai e contra as revoltas dos caudilhos ao governo liberal da Argentina, como retrata
Hernández, na obra Martín Fierro (1987, p. 26):
E começam as desgraças,
Dando princípio à função,
Pois que não há salvação,
Que ele queira ou não queira,
O mandavam para a fronteira.
Sarmiento reorganizou esse exército, impôs pena de morte aos desertores – como
apresenta Hernández (1987, p. 30):
À menor falta, lambiam
nossas costelas à espada;
- mesmo sem fazermos nada,
4. como se fosse um Palermo,
nos davam cada lambada,
de deixar um pobre enfermo.
O governante interveio nas províncias para garantir lisura das eleições e exterminou os
últimos focos dos caudilhos. Marcado pelo iluminismo, Sarmiento e seus colegas de grupo
intelectual “Geração de 37”, viam na razão a solução para todos os males da humanidade.
Para Sarmiento, governar era povoar, modernizar e educar. Seria um país de habitantes-
produtores no qual todos desfrutariam da igualdade de direitos civis enquanto apenas uma
certa minoria possuiria direitos políticos, afirma Beired (1996). Assim, “o Estado era o lugar
privilegiado a partir do qual o cidadão (...) e a sociedade como um todo seriam modelados.”
(BEIRED, 1996, p. 42).
Juan Batista Alberdi foi quem inspirou a Constituição de 1853. Também liberal,
defendia que o país deveria alcançar o progresso material e via na imigração de habitantes da
Europa o elemento-chave dessa estratégia. Sarmiento aderiu a essa prática imigratória e,
consequentemente, à expulsão dos índios dos pampas argentinos para a ocupação europeia.
“A Argentina recebeu, entre 1869 e 1930, mais imigrantes em relação a sua população que
qualquer outro país moderno.” (ARCHETTI, 2003, p. 3).
José Herández contestou a ida dos civis para o exército de forma obrigada, porque
Martín Fierro nos conta que não iam somente para expulsar os índios, como mostram as
passagens do livro (1987,p. 31) abaixo:
Cadê índios ou serviço,
se nem havia quartel!...
Nos mandava o coronel
trabalhar em suas chácras
- e deixávamos as vacas
p’ra que as levasse o infiel.
A Argentina teve prosperidade econômica no período de Sarmiento. Houve a
especialização do país no setor agropecuário, a formação de uma burguesia extremamente rica
e concentrada, um gigantesco fluxo de imigrantes e a emergência de grandes centros urbanos.
Porém, acrescenta Beired (1996, p. 86/87) referindo-se às disputas políticas:
Toda essa prosperidade econômica desenvolveu-se à luz de práticas políticas
autoritárias e de violentas tensões políticas e sociais. Os conflitos entre os caudilhos
federalistas e os liberais defensores de um projeto unitário tingiram de sangue
durante décadas a bacia do Prata.
2.2 JOSÉ HERNANDEZ
“Hernández ignorou sempre sua importância e não teve talento a não ser naquela
ocasião... O poema compõe toda sua vida e, fora dele, nada resta se não o homem
inteiramente comum, com as ideias comuns da época.” (LUGONES in
BORGES/GUERRERO, 2007, p. 29). Lugones referiu-se ao poema Martín Fierro de José
Hernández. O autor seria apenas um homem comum após esta obra, ou parte dela já que
críticos, como Jorge Luis Borges, dizem que a segunda parte do livro não saiu ao espelho da
primeira, frustrando expectativas. No entanto, Hernández ainda escreveu Vida Del Chaco
(1863) e Instruccion Del Estanciero (1881). Martín Fierro foi dividido em El Gaucho Martín
Fierro (1872) e La Vuelta de Martín Fierro (1879).
O autor nasceu no povoado de Perdriel, subúrbio de Buenos Aires, em 10 de
novembro de 1834. Esse dia é o “Dia da Tradição” na República Argentina. Seu pai, Rafael
Hernández, era puramente federalista e sua mãe – da qual ficou órfão aos nove anos – Isabel
Pueyrredón, era unitarista.
5. Ainda criança, foi levado aos campos e ali aprendeu a cavalgar e as outras lidas do
gaúcho. Também participou das lutas no deserto pampa contra os índios. Após a queda de
Rosas, com apenas 19 anos, iniciou uma vida aventureira, como soldado e como periodista
(aquele que escreve periódicos, jornalista). Aderiu à vertente caudilha e fez oposição aos
liberais.
Em 1863 casou-se com Carolina González Del Solar na província de Entre Rios. Ali
desempenhou vários cargos oficiais e criou o jornal “Rio de La Plata”, de curta duração
porque em 1870, com o assassinato de Urquiza, o general López Jordán, então no governo de
Entre Rios, foi expulso dali por Sarmiento. Hernández foi com López para o Rio Grande do
Sul, viveu em Santana do Livramento em 1871 e ali provavelmente escreveu trechos de
Martín Fierro, segundo Hernández (1987).
Somente em 1872 o autor voltou à Buenos Aires e ali imprime a primeira parte de sua
obra-prima. Sarmiento sai do poder em 1874, voltando ao poder os caudilhos. Caudilhos estes
que já não eram tão autoritários como foi Rosas. Hernández imprime a segunda parte do livro
em 1879, a pedido da população, pelo sucesso que fez a primeira parte. Ele torna-se Senador
em 1881 e fez parte do Conselho Geral de Educação. Ficou ali, em Belgrano, bairro de
Buenos Aires, até falecer em 21 de outubro de 1886, com 52 anos, talvez consumido por uma
doença cardíaca.
O pai de Hernández, mantendo características caudilhas, era administrador de
estâncias. Hernández era espírita e dizia-se federalista, mas não rosista. Ele escreve Martín
Fierro para denunciar injustiças locais e temporais, mas em sua obra entraram o mal, o
destino e a desventura que são eternos, como dizem Borges e Guerrero (2007) além de ser a
obra que cria o mito do herói gaúcho, com seus costumes, que até hoje é lembrado na
Argentina e muito mais no Rio Grande do Sul, também em função da Revolução Farroupilha
(1835/1845).
3 ANÁLISE DO ESPAÇO E O MITO DO GAÚCHO NA OBRA MARTÍN FIERRO
Este capítulo apresenta a análise do espaço e a construção do mito do herói gaúcho na
obra de José Hernández, Martín Fierro, considerando os locais apresentados – pampa
argentino, bolicho, casa, estância dos fazendeiros, entre outros – e os costumes que
caracterizam o gaúcho.
3.1 A FIGURA DO GAÚCHO E O ESPAÇO APRESENTADOS EM MARTÍN FIERRO
E atendam a relação
de um gaúcho perseguido
que foi bom pai e marido
dedicado e diligente;
entretanto, muita gente
o considera bandido. (p. 20).³
Borges e Guerrero (2007) dizem que excluindo a principal obra, Martín Fierro, as
obras de Hernández foram insignificantes. Tal afirmação baseia-se no que foi e é este poema:
a mais importante obra da literatura argentina. Mesmo assim, Borges e Guerrero (2007)
consideram Martín Fierro um texto triste e com uma nada complexa psicologia do gaúcho.
Há autores que classificam esta obra de Hernández como sendo uma epopeia e
realmente há características deste gênero no poema, como a invocação aos santos, logo no
início da leitura:
Imploro aos santos do céu
que ajudem meu pensamento;
__________________________________________________________________________________
³Todas as citações deste capítulo, sem indicação de obra e seus respectivos autores, foram tiradas de
HERNANDEZ, José. Martín Fierro. Porto Alegre: Martins Livreiro, 1987.
6. suplico, neste momento
em que canto minha história,
me refresquem a memória
e aclarem-me o entendimento.
Venham santos milagrosos,
e cada um deles me ajude:
- minha língua não se grude
e nem se turve a vista;
peço a meu Deus que me assista
em uma ocasião tão dura. (p. 17).
No entanto, por mais que a obra reproduza as aventuras de Fierro e tenha esta
invocação, não foi classificada como uma epopeia. Ela faz parte do romantismo argentino.
Para Borges e Guerrero (2007) o protagonista é um gaúcho qualquer ou todos os gaúchos ao
mesmo tempo. O poema está escrito em uma linguagem rústica ou que, ao menos, pretende
isso. A primeira parte foi publicada em 1872 e devido ao sucesso dessa, Hernández resolve
retomar a história, publicando a segunda parte em 1879.
Martín Fierro é a representação do gaúcho. Para Lamberty (1989, p. 12) “el Gauchos
são chamados os camponeses do Uruguai e parte da Argentina, o que mostra a força de um
povo sem fronteiras (...). Raça que brotou nas entranhas do pampa, na figura do primitivo
peão. Gaúcho, acima de tudo, é o peão campeiro”.
Lamberty (1989) acrescenta que o termo gaúcho vem de “gahú”, do guarani, que
significa canto triste ou uivo de cão, e de “che”, do quíchua, que significa gente. A melhor
definição seria homem que canta triste. Hernández apresenta esta característica em Fierro, já
na primeira estrofe:
Aqui me ponho a cantar
ao compasso desta viola
que o homem a quem desola
uma pena extraordinária,
é como a ave solitária
que no canto se consola. (p. 17).
O canto, portanto, é o primeiro aspecto apontado na obra que tem ligação com a
formação da figura do gaúcho. Canto este sempre acompanhado da viola. Este gaúcho, muitas
vezes errante pelos pampas, já foi considerado um andarilho e contrabandista, mas ele tinha
seus motivos para ser assim e Lamberty (1989, p. 15) os defende:
Mas os gaúchos primitivos, em tempos remotos, vagavam por quê? Certamente não
por preguiçosos, mas sim na busca de serviços. Eram contrabandistas numa terra que
nem fronteiras definidas existiam. Caçadores de gado selvagem, num mundo onde a
natureza era a lei da sobrevivência.
Fierro não era um andarilho, mas tona-se um por imposição do governo. Na Argentina
de 1872, o governo recrutava os homens dos pampas para combater os índios e é isso que
Hernández mais condena no governo Sarmiento. O herói tinha família, casa, gado para criar.
Vivia tranquilo nestas acomodações até o recrutamento. “Tive, no pago, em bom
tempo/filhos, fazenda e mulher” (p. 27).
É no início do poema que se descreve este bom tempo. Tem-se aqui o primeiro espaço,
quase um paraíso para Fierro: a casa da família, a pequena estância, seus afazeres do dia a dia
em companhia do cavalo. Aqui, Fierro está em seu estado mais completo, sente-se feliz com o
que tem. Abaixo, um relato sobre como se dava a vida, ainda na estância do pai:
Eu conheci esta terra
7. quando o paisano vivia,
no rancho que possuía,
com seus filhos e a mulher...
Era uma delícia ver
como a vida lhe corria. (p. 21).
Em relação aos costumes e afazeres, Fierro conta que acordava cedo e ai até o galpão
esperar o dia amanhecer em companhia do chimarrão. “E os galos, soltando o
canto/anunciavam que clareava/contente o índio rumava/ao galpão...que era um encanto” (p.
21).
O galpão vem a ser a instalação que guardava toda a indumentária de trabalho desse
gaúcho, era o local onde guardavam-se os objetos da lida campeira. Para Fierro é o espaço do
encanto, para Lamberty (1989) é a querência que, de origem espanhola, significa lugar
querido. Hernández não utiliza esta denominação, mas a querência seria a estância com a
casa, o galpão, os espaços que são importantes para o gaúcho. “Querência é o local onde se
nasce, brinca, cresce... onde se vive (...). Querência é a pátria, é o chão, lar, torrão e pago”
(LAMBERTY, 1989, p. 94).
E sentado junto ao fogo,
a esperar a luz do dia,
ao chimarrão se prendia
até fartar-se, mui cocho,
enquanto a china dormia
tapadinha com seu poncho. (p. 21).
O chimarrão é a bebida típica da tradição gaúcha, também chamado de mate amargo.
A base dessa bebida é a erva-mate que é considerada energizante. “O chimarrão, inicialmente,
foi servido num pequeno porongo, com um canudinho de taquara, contendo uma trança de
fibras silvestres em uma base, para evitar os fragmentos da erva”. (LAMBERTY, 1989, p.
62). Ainda é costume, especialmente no interior do Estado do Rio Grande do Sul, Estado que
também mantém as tradições gaúchas como costume, oferecer o chimarrão às visitas como se
fosse o sinal de boas-vindas.
A estrofe anterior faz menção à mulher gaúcha. China era, apesar de ter outros
significados atualmente, o modo de referir-se às mulheres. Hernández também utiliza a
denominação prenda. Os gaúchos sempre foram valentes, fortes como guerreiros, corajosos e
a mulher era a cuidadora do lar. Por vezes, ajudava o marido nas lidas do pampa, em trabalhos
mais leves ou substituía-o quando ele saída à procura de gado selvagem.
Na obra de Hernández, a mulher mostra-se como uma consoladora do marido e, por
isso, Fierro demonstra respeito à esposa. Porém, o respeito acaba quando ele descobre que ela
já consola outro homem:
Quem terá duro peito,
que não queira uma mulher?...
Nos alivia o sofrer,
e, se não sai cavaleira,
será a melhor companheira
que o homem poderá ter. (p. 73).
As mulheres, desde então,
conheci-as toda numa.
Não tentarei sorte alguma
com carta tão conhecida:
fêmea e cadela parida
não se me acerca nenhuma. (p. 77).
8. O gaúcho, portanto, é forte e corajoso. Hernández não poupou elogios ao protagonista
de sua obra:
Onde passe outro crioulo
Martín Fierro há de passar:
ninguém o fará recuar,
nem os fantasmas o espantam. (p. 17).
Não saio fora dos trilhos
nem que venham degolando;
c’os brandos sou sempre brando,
e sou duro com os duros,
e ninguém noutros apuros,
me viu andar titubeando. (p. 19).
Segundo Lamberty (1989, p. 87) “a vida nômade do primitivo campeiro era temperada
de bravura e coragem. Predominava a lei da sobrevivência, considerada sinônimo de
machismo”. Mais adiante, Lamberty (1989) acrescenta que o machismo gaúcho era muito
mais sinônimo de valentia do que de submissão da mulher pelo homem. Esse não queria
minimizá-la, em seus direitos, ou ridicularizá-la perante a sociedade.
Depois do chimarrão, o gaúcho iniciava suas lidas campeiras. Hernández apresenta
então mais um símbolo do tradicionalismo gaúcho: o cavalo. “E os pingos, a relinchar,/junto
ao palanque chamando” (p. 21). Lamberty (1989) diz que o homem domava o cavalo para ter
seus serviços, sendo considerado que, aquele que estivesse bem montado, sempre sairia
vitorioso de uma batalha.
Os gaúchos também eram domadores de gado selvagem. Este gado estava solto pelo
pampa e é o pampa o espaço mais importante da obra de Hernández. Localizado na região
central da Argentina, o pampa, muitas vezes descrito pelo autor como sendo o deserto,
também compõe partes das terras do Rio Grande do Sul e Uruguai.
Neste espaço é que se passa toda a saga deste herói. É ali que fica seu rancho, é ali que
trabalha e é ali que estão os índios que ele vai combater por imposição do governo. A
denominação de deserto é usada não pelo local ter características de um deserto, mas por ser
uma terra ausente de civilização. Era praticamente uma terra sem dono que, atualmente,
abriga a criação de gado e a plantação de cereais.
Ir-se a correr o deserto
o mesmo que um foragido,
deixando como no olvido,
mas sem esquecer-lhes os traços,
a mulher em outros braços,
- os filhos, tudo perdido!... (p. 98).
Na obra, também são dadas as características deste pampa:
Tudo é só céu e horizonte
em imenso campo verde!
Infeliz de quem se perde
ou que seu rumo extravia!
Se em cruzá-lo alguém porfia,
minha experiência então herde. (p. 139).
Também relata-se o pampa como espaço perigoso:
Somente a astúcia do homem
pode ajudá-lo a escapar;
não há auxílio que esperar,
senão do Senhor o amparo:
frente ao deserto, é mui raro
9. possa a gente se salvar. (p. 139).
Hernández também usa a denominação de campo para este pampa. "P'ra mim o campo
é só flores/sempre que livre me vejo;/onde me chame o desejo/p'ra lá dirijo meu passo; (p.
49). Mais tarde esse campo já não é um lugar tão agradável para Fierro. Após a estrofe citada
acima, ele deserda do exército já que descobriu que não receberá nenhum pagamento pelo
trabalho já cumprido. Se passaram 3 anos do afastamento de Fierro de seu rancho. O herói
retorna a sua casa, que agora também vira sinônimo de tristeza, pois está sem mulher e sem
filhos:
Não tinha mulher, nem rancho,
por cima era desertor:
não tinha uma prenda boa
nem vintém de tirador.
A meus filhos infelizes
pensei torná-los a achar,
e andava de um lado a outro
sem ter nem o que pitar. (p. 53/54).
Nessas andanças em busca dos filhos, um novo espaço se configura: um bolicho. Por
estas características, entende-se que no pampa haviam também vilarejos. Em um bolicho,
Fierro cometerá seu primeiro crime. Ele vai provocar uma mulher negra que já estava
acompanhada de um homem com o qual Fierro trava uma batalha que leva à morte:
E por fim, numa topada
no meu ferro o levantei,
e, como um saco de ossos,
contra a cerca o atirei.
Esperneou várias vezes,
sentindo a morte chegar. (p.57).
O segundo delito também inicia-se em um bolicho, que é um local onde homens se
encontram para beber, conversar e comprar - pode ser considerado um pequeno mercado
também - com um homem ladino (esperto, ardiloso):
Outra vez, em um bolicho
tomava uns tragos à tarde;
um taura, fazendo alarde
de quebra e de valentão,
foi se chegando, e meteu
o pingo sob a ramada;
sem que lhe dissesse nada,
me quedei junto ao balcão. (p. 58).
Nesta ocasião Fierro foge do local com muita pressa, diferentemente do que aconteceu
no primeiro crime em que ele limpa seu facão na grama, monta em seu cavalo e segue seu
caminho sem arrependimentos. Neste segundo delito, que também acaba em morte, ele, por já
ter morto um homem, vira um perseguido pela justiça:
E como a justiça
não andava bem, ali,
quando o estrebuchar o vi
o pulpeiro pregou o grito,
para o palanque segui,
a fazer-me pequenino. (p. 59).
10. Já ao perceber que estava sem rancho, Fierro tornara-se um andarilho, mas com os
últimos enfrentamentos, suas andanças tornam-se mais difíceis. Então ele percorre o pampa e
faz dele o seu rancho:
Assim, ao cair da noite,
tinha o mato por guarida:
onde o tigre passa a vida,
o homem a pode passar;
não queria me arriscar
ao certo de uma partida. (p. 63).
Em uma noite, Fierro é surpreendido por uma comissão de cavaleiros em sua
perseguição. Neste episódio, o pampa será testemunha de uma amizade que toma forma pela
bravura de nosso herói:
Qual minhoca me peguei
o solo, para escutar;
pronto senti retumbar
no chão a pata dos fletes;
que eram muitos os ginetes
percebi sem vacilar. (p. 63).
Talvez por no coração
tocar-lhe um santo bendito,
um gaúcho pregou o grito,
dizendo. - "Cruz não consente
que se cometa o delito
de assim matar-se o valente". (p. 69).
Portanto, Cruz foi o amigo que a valentia de Fierro surpreendeu ao enfrentar um
batalhão de homens. A partir daí, o pampa passa a ser percorrido pelos dois, Fierro e Cruz,
juntos. O caminho é feito de muitos causos ou histórias sobre a vida de cada um. Ao final
destas narrativas, Fierro e Cruz encontram-se e são acolhidos pelos índios. Hernández encerra
a primeira parte do livro neste trecho, publicando a segunda parte somente sete anos depois.
Ainda pelo pampa, já na segunda parte da obra, apresenta-se um novo desafio:
Recordarão que eu e Cruz
para o deserto rumamos;
assim pelo pampa entramos,
caindo no fim da viagem,
em meio a indiada selvagem,
junto a um toldo que encontramos. (p. 99).
Junto aos índios, Fierro e Cruz viram testemunhas das batalhas e relatam a fúria com
que os selvagens enfrentavam os cristãos. Esta segunda parte do poema é escrita quando o
partido da vertente política de Hernández assume o poder de Buenos Aires, após o governo de
Sarmiento. Portanto, o autor procura melhorar a imagem desse atual governo. Antes relatava a
obrigação de alistar-se e prestar serviço ao exército; agora relata a rebeldia dos índios.
É guerra dura a do índio,
porque ele vem como fera:
donde queria ele entrevera
e de golpear não se cansa;
só de seu pingo e da lança
toda salvação espera. (p. 109).
11. O pampa, que deu um amigo a Fierro, tirou-o dele mais tarde em função de uma peste
que assolava os índios que os acolheram:
De joelhos a seu lado,
o encomendei a Jesus;
faltou-me aos olhos a luz
e me afundei num desmaio,
como ferido de raio,
ao ver morto o amigo Cruz. (p. 122).
Fierro ainda passa por mais uma aventura no deserto. Encontra uma mulher, cujo filho
será levado por um índio. Fierro a defende, mata o selvagem e, por este ato, acredita não mais
ser bem recebido pela tribo que o ajudara. Então, ele resolve abandonar o pampa:
Senti-me assim obrigado
a abandonar o deserto.
Se me houvesse descoberto,
mesmo matando em peleia,
por vingança me lanceia
a indiada toda, de certo. (p. 136).
O herói chega então a algumas estâncias e tenta informar-se sobre o paradeiro dos
filhos. Ele ficou tranquilo ao descobrir que o juiz não mais o perseguia. Neste trecho do
poema, Fierro conta que dez anos se passaram, culpando o juiz pelo sofrimento. Pode-se
entender que esse juiz seria a representação do governante da Argentina, Sarmiento, que
esteve no poder oito anos destes dez anos e Hernández o culpa pela desgraça de Fierro e pela
sua própria:
Por culpa dele passei
dez anos no sofrimento
e não são poucos dez anos
para quem já chega a velho.
E foi assim que os passei,
se nesta conta não erro:
estive três na fronteira,
dois outros como matreiro,
e mais cinco, lá, entre os índios,
dirão de meu desespero. (p. 142).
Fierro encontra dois de seus filhos em um bolicho. Este passa a ser o espaço do
reencontro, que após todas as andanças, para nosso herói também torna-se o lugar da
felicidade que antes reinava em seu rancho. Há o encontro, também, com o filho de Cruz. Isso
tudo era motivo de muita alegria, mesmo tendo também recebido notícias desagradáveis como
a morte da esposa.
Os filhos passam a ser os narradores na obra. Tem-se, então, outros espaços
importantes da vida de cada um. O filho mais velho passa pela Penitenciária:
Remeteu-nos, como disse,
para a justiça ordinária,
e fomos, pela sumária,
para o cárcere malvado,
que por batismo arranjado,
chamam de Penitenciária. (p. 148).
A Penitenciária representa o espaço da injustiça, já que Hernández mostra que não há
critérios para os julgamentos, pois o rapaz não havia cometido nenhum crime. Ali o filho de
Fierro passa pelo sofrimento de não estar mais em contato com o pampa, lugar tão amado
pelos gaúchos.
12. Ali não tem sol o dia
a noite não tem estrelas;
sem que lhe valham querelas,
encerrado o purificam:
suas lágrimas salpicam
os muros das frias celas. (p. 150).
Já o segundo filho passou pelos cuidados de uma tia e de nada carecia ao lado dela,
configurando-se este o espaço da tranquilidade. O rapaz não trabalhava e, como ele mesmo
diz, "eu vivia folgazão" (p. 157). No entanto, foi-lhe nomeado um tutor com a morte da tia,
isso com a intervenção de um juiz. A estabilidade, apresentada por várias vezes no poema, se
modifica sempre por interferência do juiz, por interferência do governo.
Levou-me consigo um velho
que logo mostrou a facha,
pois bem merecia a taxa
de ser meio chimarrão;
um renegado e ladrão
a quem chamavam Viscacha. (p. 159).
A querência de Dom Viscacha foi o espaço do sofrimento do segundo filho de Fierro.
Porém, apesar de ter vivido na miséria com o velho, o rapaz chorou sua morte pela solidão em
que passaria a viver. O velho também lhe ensinara alguns conselhos. Afinal, Viscacha
tornara-se alguém importante para o rapaz.
Talvez eu tivesse a culpa,
porque de susto fugi;
soube depois que volvi,
mas não garanto esse enredo,
que seus vizinhos, de medo,
não mais passam por ali. (p. 177).
O rapaz tem um amor não correspondido por uma viúva, do qual procura livrar-se
procurando um feiticeiro ladino, mas só se cura ao ser levado à fronteira. A fronteira vem a
ser outro espaço importante. Fierro passou por ela, o segundo filho dele também e, por fim, o
filho de Cruz regressou de lá ao encontrar todos no bolicho. O próprio autor teve de cruzar a
fronteira para fugir do governo Sarmiento.
Não há pistas na obra sobre qual seria a fronteira a que Hernández refere-se. Pelas
características geográficas do próprio pampa, seria a fronteira como Rio Grande do Sul, pois
sabe-se que o autor, ao cruzar a fronteira, acomoda-se em Santana do Livramento.
Da fronteira, então, vem o novo personagem do poema: o filho do amigo Cruz. "Era
um moço forasteiro/de regular aparência/e que, há pouco, pelo pago/gauderiava com
frequência" (p. 183). Chamado de Picardia, o rapaz também canta sua história apresentando
os lugares por que passou. Esteve na estância de um velho dono de ovelhas; foge para Santa
Fé e lá fora recolhido por algumas tias.
Ao contar a situação deste rapaz, Hernández ameniza o clima da obra que apresenta a
guerra, crimes e episódios tristes, pois acrescenta um fato humorístico: Picardia sente-se
atraído por uma mulata e passa por maus momentos enquanto reza ao lado de uma das tias e
da própria mulata:
Recebi um beliscão
que eu já estava a perceber;
por corrigir-me querer,
tendo a mulata ali ao pé,
outra vez vim a dizer:
"Artigos de Santa Fé". (p. 186).
13. Isto contou Picardia, relatando que percorrera o pampa para, por fim, ser recolhido e
levado à fronteira. "Assim servi na fronteira/em um corpo de milícia/levado pela malícia/de
um outro mais calaveira" (p. 204).
Após todos contarem seus caminhos, chega ao bolicho um moreno e inicia-se, com
Fierro, uma trova. Segundo Lamberty (1989) as trovas eram o pedestal básico do gaúcho, que
no início apresentava-se pela forma descritiva e individual e depois sob disputas de rimas. A
trova apresentada na obra tem as características de um duelo entre Fierro e o moreno. Os dois
lançam desafios um ao outro e, por vezes, têm vontade de partir para o duelo corporal.
Iniciam a trova apresentando-se e Fierro lança o primeiro questionamento: "me dirás qual é,
no mundo/o grande canto da terra" (p.221).
Falam sobre o canto do mar, de onde nasce o amor, o que entende-se por lei. Como o
moreno responde à altura, ele também lança seus desafios: "p'ra que fim o Padre
Eterno/criaria a quantidade" (p. 227). Questiona sobre a medida, o peso, a formação do tempo
e depois apresenta sua história. Fierro é que encerra a trova elogiando o moreno pela
coragem:
Pude conhecer a todos
os negros mais peleadores;
havia alguns superiores
de corpo e da vista... ai-juna!
Se vivo, lhe darei uma
história das bem melhores. (p. 233).
Após esta disputa, todos seguiram seus caminhos. Fierro, os filhos e o filho de Cruz
ainda passaram a noite juntos na relva, sendo a noite no pampa a melhor guardiã que o gaúcho
poderia ter. "Assim, pois, aquela noite/foi p'ra todos uma festa" (p. 235). No entanto, foi
somente uma noite:
Mas sem poder viver juntos,
tal era sua pobreza,
resolveram separar-se,
nesse transe de incerteza
à procura de um refúgio
para alívio da miséria. (p. 235).
Fierro delega a seus filhos e ao filho de Cruz seus conselhos de pai e Hernández
coloca-se como narrador do último capítulo. O autor vai falar sobre sua obra, desculpando-se
por talvez ter incomodado alguém com suas palavras e pedindo permissão para descansar:
Permitam-me descansar,
pois que já trabalhei tanto!
Por esta altura me planto,
de prosseguir já desisto. (p. 245).
Ninguém se creia ofendido,
pois a ninguém incomodo;
e se canto deste modo
por achá-lo que convém,
NÃO É POR MAL DE NINGUÉM
SE NÃO PARA BEM DE TODOS. (p. 246).
4 CONCLUSÃO
Através deste trabalho, conclui-se que a obra de Hernández não é fácil de ser
analisada, apesar de muitos autores terem afirmado de que se trata de uma obra simples,
mesmo sendo a mais importante da literatura argentina. São muitos as assuntos que poderiam
ter sido analisados neste estudo, mas a brevidade de aspectos sobre a representação do gaúcho
14. e a análise do espaço apresentados já contribuem para a melhor compreensão do poema como
um todo.
O gaúcho perdura com a ideia de ser um homem corajoso, adornado pela sua
indumentária como o chimarrão, seu rancho, o cavalo e as lidas diárias do pampa.
Obviamente que muitas características não se apresentam mais como foi retratado na obra,
mas o espírito permanece até nossos dias. O espaço é importante no poema porque é uma
forma de também representar o estado de espírito dos personagens. Assim como acontece em
muitas outras obras românticas, já que o envolvimento com a natureza configura uma das
principais características do romantismo.
Por fim, esta monografia contribuiu muito para a tomada de conhecimento acerca de
como surgiu o mito do gaúcho, quais os vieses políticos e opiniões que levaram o autor a
escrever o poema e a importância deste livro para a tradição até hoje comemorada na
Argentina e no Rio Grande do Sul.
REFERÊNCIAS
ARCHETTI, Eduardo P. O “Gaúcho”, o tango, primitivismo e poder na formação da
identidade nacional da Argentina. Scientific Eletronic Library Online Scielo, 2003.
Disponível em http://www.scielo.br/pdf/mana/v9n1/a02v09n1.pdf. Acesso em 20 set.2012.
BEIRED, José Luiz Bendicho. Breve história da Argentina. São Paulo: Ática, 1996.
BORGES, Jorge Luis. GUERRERO, Margarita. O “Martin Fierro”. Porto Alegre: LP&M,
2007.
HERNÁNDEZ, José. Martin Fierro. Porto Alegre: Martins Livreiro, 1987.
LAMBERTY, Salvador Ferrando. ABC do tradicionalismo gaúcho. Porto Alegre: Martins
Livreiro, 1989.
TERLIZZI, Bruno Passos. Utopias e projetos de modernidade: Argirópolis a superação
utópica da barbárie em D. F. Sarmiento. São Paulo: Unicamp, 20_.Disponível em
www.ifch.unicamp.br/graduacao/anais/bruno_terlizzi.pdf. Acesso em 20 set. 2012.
VIANA, Francisco. Argentina: civilização e barbárie, a história argentina vista da Casa
Rosada. São Paulo: Atual, 1990.