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MANIFESTO DO VERDE-
   AMARELISMO
INTRODUÇÃO
• O período de 1922 a 1930 é o mais radical do movimento modernista, justamente
  em consequência da necessidade de definições e do rompimento com todas as
  estruturas do passado. Daí o caráter anárquico dessa primeira fase e seu forte sentido
  destruidor, assim definido por Mário de Andrade:

• "(...)se alastrou pelo Brasil o espírito destruidor do movimento modernista. Isto é, o
  seu sentido verdadeiramente específico. Porque, embora lançando inúmeros
  processos e ideias novas, o movimento modernista foi essencialmente destruidor.(...)

• É o tempo do Manifesto da Poesia Pau-Brasil e do Manifesto Antropófago, ambos
  nacionalistas na linha comandada por Oswald de Andrade, e do Manifesto do Verde-
  Amarelismo ou da Escola da Anta, que já traz as sementes do nacionalismo fascista
  comandado por Plínio Salgado
SURGIMENTO
•    Em 1926, como uma resposta ao nacionalismo do Pau-Brasil, surge o grupo do
    Verde-Amarelismo, formado por Plínio Salgado, Menotti del Picchia, Guilherme de
    Almeida e Cassiano Ricardo. O grupo criticava o "nacionalismo afrancesado" de
    Oswald de Andrade e apresentava como proposta um nacionalismo primitivista,
    ufanista e identificado como fascismo, que evoluiria, no início da década de 30, para
    o Integralismo de Plínio Salgado. Parte-se para a idolatria do tupi e elege-se a anta
    como simbolo Nacional.

•    Oswald de Andrade contra-ataca em sua coluna Feira das Quintas, publicada no
    Jornal do Comércio, com o artigo "Antologia", datado de 24 de fevereiro de 1927.
    Nele, Oswald faz uma série de brincadeiras, utilizando palavras iniciadas ou
    terminadas com anta. Em 1928, o mesmo Oswald escreve o Manifesto Antropófago,
    ainda como resposta aos seguidores da Escola da Anta.
• O grupo verde-amarelista também faria publicar um manifesto no jornal Correio
  Paulistano, edição de 17 de maio de 1929, intitulado "Nhengaçu Verde- Amarelo -
  Manifesto do Verde-Amarelismo ou da Escola da Anta", que, entre outras coisas,
  afirmava:

• "O grupo 'verdamarelo', cuja regra é a liberdade plena de cada um ser brasileiro
  como quiser e puder; cuja condição é cada um interpretar o seu país e o seu povo
  através de si mesmo, da própria determinação instintiva; -o grupo `verdamarelo', à
  tirania das sistematizações ideológicas, responde com a sua alforria e a amplitude
  sem obstáculo de sua ação Brasileira (…)

•    Aceitamos todas as instituições conservadoras, pois é dentro delas mesmo que
    faremos a inevitável renovação do Brasil, como o fez, através de quatro séculos, a
    alma da nossa gente, através de todas as expressões históricas.

• Nosso nacionalismo é `verdamarelo' e tupi. (...)"
Arte Moderna
• Pela estrada de rodagem da via -láctea, os automóveis dos planetas correm
  vertiginosamente. Bela, o Cordeiro do Zodíaco, perseguido pela Ursa Maior, toda
  dentada de astros. As estrelas tocam o 'jazz band'· de luz, ritmando a dança
  harmônica das esferas. O céu parece um imenso cartaz elétrico, que Deus arrumou
  no alto, para fazer o eterno reclamo de sua onipotência e da sua glória. Este é o
  estilo que de nós esperam os passadistas, para enforcar-nos, um a um, nos finos
  barracos dos assobios das suas vaias. Para eles nos somo um bando de bolchevistas
  da estética, correndo a 80 H.P. rumo da paranoia. Somos o escândalo com duas
  pernas, o cabotinismo organizado em escola. Julgam-nos uns cangaceiros da prosa,
  do verso, da escultura, da pintura, da coreografia, da música, amotinados na
  jagunçada do Canudos literário da Paulicéia Desvairada...(…)




   Conferência de Menotti Del Picchia, em 15-2-22, na segunda noite dasemana de Arte Moderna. Está
            publicada em O Curupira e o carão. São Paulo, Editorial Hélios Limitada, 1927.
• (...) Aos discóbolos de Sparta, opomos Friedenreich e Carpentier. Àderrocada de
  llion, a resistência de Verdun ou uma batalha de quem alistas. Às princesas de
  baladas dos castelos roqueiros, preferimos a datilógrafa garota. Não queremos
  fantasmas! Estamos num tempo de realidades e violências.

• A nossa estética é de reação. Como tal, é guerreira. O termo futurista, com que
  erradamente a etiquetaram, aceitamo-lo porque era um cartel de desafio. Na geleira
  de mármore de Carrara do parnasianismo dominante, a ponta agressiva dessa proa
  verbal estilhaçava como aríete.(...) Demais, ao nosso individualismo estético,
  repugna a jaula de uma Escola. Procuramos, cada um, atuar de acordo com nosso
  temperamento, dentro da mais arrojada sinceridade.

• O que nos agrega não é uma força centrípeta de identidade técnica ou artística. As
  diversidades das nossas maneiras as verificareis na complexidade das formas por
  nós praticadas. O que nos agrupa é a ideia geral de libertação contra o faquirismo
  estagnado e contemplativo, que anula a capacidade criadora dos que ainda esperam
  ver erguer-se o sol atrás do Partenon em ruínas.
• Queremos luz,ar,ventiladores,aeroplanos,reivindicações obreiras, idealismos,
  motores, chaminé de fabricas, sangue, velocidade, sonho, na nossa Arte! E
  que o rufo de um automóvel, nos trilhos , de dois versos, espante da poesia o
  ultimo deus homérico, que ficou, anacronicamente, a dormir e sonhar, na era
  do “jazz-band” e do cinema, com a flauta dos pastores da Arcádia e os seios
  divinos de Helena!
SEU TOTEM NÃO É CARNÍVORO: A NTA .
É ESTE ANIMAL QUE ABRE CAMINHOS, E
     AI PARECE ESTAR INDICADA A
   PREDESTINAÇÃO DA GENTE TUPI.
• Os tupis desceram para serem absorvidos. Para se diluírem no sangue da
  gente nova. Para viver subjetivamente e transformar numa prodigiosa força a
  bondade do brasileiro e o seu grande sentimento de humanidade.

• O nacionalismo sadio, de grande finalidade histórica, de predestinação
  humana, esse é forçosamente tupi.

• O nacionalismo tupi não é intelectual. É sentimental. É de ação pratica, sem
  desvios da corrente histórica. Pode aceitar as formas de civilização, mas
  impõe a essência do sentimentalismo, a fisionomia irradiadora da alma.
• (...) Foi o índio que nos ensinou a rir de todos os sistemas e de todas as
  teorias. Criar um sistema em nome dele será substituir a nossa intuição
  americana e a nossa consciência de homens livres por uma mentalidade de
  análise e de generalização características dos povos já definidos e
  cristalizados.(...)..
Trechos ditos pelos participantes do
               movimento:
• Há uma retórica feita de palavras, como há uma retórica feita ideias. No
  fundo, são ambas feitas de artifícios e esterilidades.

• Combatemos, desde 1921, a velha retórica verbal, não aceitamos uma nova
  retórica submetida a três ou quatro regras, de pensar e de sentir. Queremos
  ser oque somos: brasileiros. Barbaramente, com arestas sem auto-
  experiencias, sem psicanálises e nem Teoremas.

• Convidamos a nossa geração a produzir sem discutir. Bem ou mal, mas
  produzir. Há sete anos que a literatura brasileira esta em discussão.
  Procuremos escrever sem espírito preconcebido, não por mera experiência
  de estilos, ou para veicular teorias, sejam elas quais forem, mas com o
  único intuito de nos revelarmos, livres de todos os prejuízos.
AUTORES
•   Plínio Salgado
•   Guilherme de Almeida
•   Cassiano Ricardo
•   Menotti del Picchia
POEMAS
Prala pracá
Cassiano Ricardo
E começa a longa história do
navio que ia e vinha
pela estrada azul do Atlântico:

Ia, levando pau-brasile homens
cor da manhã,filhos do mato,
cheios de sol e de inocência;
vinha trazendo degredados …

Ia, levando uma esperança;
vinha trazendo foragidos de outras pátrias
para a ilha da Bem-Aventurança.

Ia, levando um grito de surpresa,
da terra criança;
e vinha abarrotado de saudade
portuguesa
...
PRECE A ANCHIETA
Guilherme de almeida

Santo: erguestes a cruz na selva escura;
Herói: plantastes nossa velha aldeia;
Mestre: ensinastes a doutrina pura;
Poeta: escrevestes versos sôbre a areia!

Golpeia a cruz a foice inculta e dura;
Invade a vila multidão alheia;
Morre a voz santa entre a distância e aaltura;
Apaga o poema a onda espumejante e
cheia...

Santo, herói, mestre e poeta: _ Pela glória
que destes a esta Terra e a sua História,
Pela dor que sofremos sempre nós.

Pelo bem que quisestes a este povo,
O novo Cristo deste Mundo Novo,
Padre José de Anchieta, orai por nós!
Conclusão
         A ala direita apela para a ideologia irracionalista, mística e
primitiva da “raça”, dos ancestrais. Não é uma cultura para o futuro e
para o mundo, como propõe a vanguarda antropofagista, mas uma arte
que busca recobrar as raízes e orientar o presente através de tradições
místicas. Não há como não ver aí. o mesmo método ideológico de todos
os fascismos europeus, que, diante do pavor do crescimento da
revolução proletária busca a salvação na tradição, nas raízes
imemoriais. O fascismo francês buscou a Idade Média e o Catolicismo,
o italiano o império romano, o nazismo a terra e o “sangue” e os mitos
nórdicos que os acompanham.

         Se o manifesto do Grupo da Anta ainda tem reverberações
modernistas, com o tempo irá ser decantado para tornar-se um movimento
ultraconservador de exaltação das raízes lusitanas, do Catolicismo ancestral
etc.

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Manifesto do verde amarelismo-litertura

  • 1. MANIFESTO DO VERDE- AMARELISMO
  • 2. INTRODUÇÃO • O período de 1922 a 1930 é o mais radical do movimento modernista, justamente em consequência da necessidade de definições e do rompimento com todas as estruturas do passado. Daí o caráter anárquico dessa primeira fase e seu forte sentido destruidor, assim definido por Mário de Andrade: • "(...)se alastrou pelo Brasil o espírito destruidor do movimento modernista. Isto é, o seu sentido verdadeiramente específico. Porque, embora lançando inúmeros processos e ideias novas, o movimento modernista foi essencialmente destruidor.(...) • É o tempo do Manifesto da Poesia Pau-Brasil e do Manifesto Antropófago, ambos nacionalistas na linha comandada por Oswald de Andrade, e do Manifesto do Verde- Amarelismo ou da Escola da Anta, que já traz as sementes do nacionalismo fascista comandado por Plínio Salgado
  • 3. SURGIMENTO • Em 1926, como uma resposta ao nacionalismo do Pau-Brasil, surge o grupo do Verde-Amarelismo, formado por Plínio Salgado, Menotti del Picchia, Guilherme de Almeida e Cassiano Ricardo. O grupo criticava o "nacionalismo afrancesado" de Oswald de Andrade e apresentava como proposta um nacionalismo primitivista, ufanista e identificado como fascismo, que evoluiria, no início da década de 30, para o Integralismo de Plínio Salgado. Parte-se para a idolatria do tupi e elege-se a anta como simbolo Nacional. • Oswald de Andrade contra-ataca em sua coluna Feira das Quintas, publicada no Jornal do Comércio, com o artigo "Antologia", datado de 24 de fevereiro de 1927. Nele, Oswald faz uma série de brincadeiras, utilizando palavras iniciadas ou terminadas com anta. Em 1928, o mesmo Oswald escreve o Manifesto Antropófago, ainda como resposta aos seguidores da Escola da Anta.
  • 4. • O grupo verde-amarelista também faria publicar um manifesto no jornal Correio Paulistano, edição de 17 de maio de 1929, intitulado "Nhengaçu Verde- Amarelo - Manifesto do Verde-Amarelismo ou da Escola da Anta", que, entre outras coisas, afirmava: • "O grupo 'verdamarelo', cuja regra é a liberdade plena de cada um ser brasileiro como quiser e puder; cuja condição é cada um interpretar o seu país e o seu povo através de si mesmo, da própria determinação instintiva; -o grupo `verdamarelo', à tirania das sistematizações ideológicas, responde com a sua alforria e a amplitude sem obstáculo de sua ação Brasileira (…) • Aceitamos todas as instituições conservadoras, pois é dentro delas mesmo que faremos a inevitável renovação do Brasil, como o fez, através de quatro séculos, a alma da nossa gente, através de todas as expressões históricas. • Nosso nacionalismo é `verdamarelo' e tupi. (...)"
  • 5. Arte Moderna • Pela estrada de rodagem da via -láctea, os automóveis dos planetas correm vertiginosamente. Bela, o Cordeiro do Zodíaco, perseguido pela Ursa Maior, toda dentada de astros. As estrelas tocam o 'jazz band'· de luz, ritmando a dança harmônica das esferas. O céu parece um imenso cartaz elétrico, que Deus arrumou no alto, para fazer o eterno reclamo de sua onipotência e da sua glória. Este é o estilo que de nós esperam os passadistas, para enforcar-nos, um a um, nos finos barracos dos assobios das suas vaias. Para eles nos somo um bando de bolchevistas da estética, correndo a 80 H.P. rumo da paranoia. Somos o escândalo com duas pernas, o cabotinismo organizado em escola. Julgam-nos uns cangaceiros da prosa, do verso, da escultura, da pintura, da coreografia, da música, amotinados na jagunçada do Canudos literário da Paulicéia Desvairada...(…) Conferência de Menotti Del Picchia, em 15-2-22, na segunda noite dasemana de Arte Moderna. Está publicada em O Curupira e o carão. São Paulo, Editorial Hélios Limitada, 1927.
  • 6. • (...) Aos discóbolos de Sparta, opomos Friedenreich e Carpentier. Àderrocada de llion, a resistência de Verdun ou uma batalha de quem alistas. Às princesas de baladas dos castelos roqueiros, preferimos a datilógrafa garota. Não queremos fantasmas! Estamos num tempo de realidades e violências. • A nossa estética é de reação. Como tal, é guerreira. O termo futurista, com que erradamente a etiquetaram, aceitamo-lo porque era um cartel de desafio. Na geleira de mármore de Carrara do parnasianismo dominante, a ponta agressiva dessa proa verbal estilhaçava como aríete.(...) Demais, ao nosso individualismo estético, repugna a jaula de uma Escola. Procuramos, cada um, atuar de acordo com nosso temperamento, dentro da mais arrojada sinceridade. • O que nos agrega não é uma força centrípeta de identidade técnica ou artística. As diversidades das nossas maneiras as verificareis na complexidade das formas por nós praticadas. O que nos agrupa é a ideia geral de libertação contra o faquirismo estagnado e contemplativo, que anula a capacidade criadora dos que ainda esperam ver erguer-se o sol atrás do Partenon em ruínas.
  • 7. • Queremos luz,ar,ventiladores,aeroplanos,reivindicações obreiras, idealismos, motores, chaminé de fabricas, sangue, velocidade, sonho, na nossa Arte! E que o rufo de um automóvel, nos trilhos , de dois versos, espante da poesia o ultimo deus homérico, que ficou, anacronicamente, a dormir e sonhar, na era do “jazz-band” e do cinema, com a flauta dos pastores da Arcádia e os seios divinos de Helena!
  • 8. SEU TOTEM NÃO É CARNÍVORO: A NTA . É ESTE ANIMAL QUE ABRE CAMINHOS, E AI PARECE ESTAR INDICADA A PREDESTINAÇÃO DA GENTE TUPI. • Os tupis desceram para serem absorvidos. Para se diluírem no sangue da gente nova. Para viver subjetivamente e transformar numa prodigiosa força a bondade do brasileiro e o seu grande sentimento de humanidade. • O nacionalismo sadio, de grande finalidade histórica, de predestinação humana, esse é forçosamente tupi. • O nacionalismo tupi não é intelectual. É sentimental. É de ação pratica, sem desvios da corrente histórica. Pode aceitar as formas de civilização, mas impõe a essência do sentimentalismo, a fisionomia irradiadora da alma.
  • 9. • (...) Foi o índio que nos ensinou a rir de todos os sistemas e de todas as teorias. Criar um sistema em nome dele será substituir a nossa intuição americana e a nossa consciência de homens livres por uma mentalidade de análise e de generalização características dos povos já definidos e cristalizados.(...)..
  • 10. Trechos ditos pelos participantes do movimento: • Há uma retórica feita de palavras, como há uma retórica feita ideias. No fundo, são ambas feitas de artifícios e esterilidades. • Combatemos, desde 1921, a velha retórica verbal, não aceitamos uma nova retórica submetida a três ou quatro regras, de pensar e de sentir. Queremos ser oque somos: brasileiros. Barbaramente, com arestas sem auto- experiencias, sem psicanálises e nem Teoremas. • Convidamos a nossa geração a produzir sem discutir. Bem ou mal, mas produzir. Há sete anos que a literatura brasileira esta em discussão. Procuremos escrever sem espírito preconcebido, não por mera experiência de estilos, ou para veicular teorias, sejam elas quais forem, mas com o único intuito de nos revelarmos, livres de todos os prejuízos.
  • 11. AUTORES • Plínio Salgado • Guilherme de Almeida • Cassiano Ricardo • Menotti del Picchia
  • 12. POEMAS Prala pracá Cassiano Ricardo E começa a longa história do navio que ia e vinha pela estrada azul do Atlântico: Ia, levando pau-brasile homens cor da manhã,filhos do mato, cheios de sol e de inocência; vinha trazendo degredados … Ia, levando uma esperança; vinha trazendo foragidos de outras pátrias para a ilha da Bem-Aventurança. Ia, levando um grito de surpresa, da terra criança; e vinha abarrotado de saudade portuguesa ...
  • 13. PRECE A ANCHIETA Guilherme de almeida Santo: erguestes a cruz na selva escura; Herói: plantastes nossa velha aldeia; Mestre: ensinastes a doutrina pura; Poeta: escrevestes versos sôbre a areia! Golpeia a cruz a foice inculta e dura; Invade a vila multidão alheia; Morre a voz santa entre a distância e aaltura; Apaga o poema a onda espumejante e cheia... Santo, herói, mestre e poeta: _ Pela glória que destes a esta Terra e a sua História, Pela dor que sofremos sempre nós. Pelo bem que quisestes a este povo, O novo Cristo deste Mundo Novo, Padre José de Anchieta, orai por nós!
  • 14. Conclusão A ala direita apela para a ideologia irracionalista, mística e primitiva da “raça”, dos ancestrais. Não é uma cultura para o futuro e para o mundo, como propõe a vanguarda antropofagista, mas uma arte que busca recobrar as raízes e orientar o presente através de tradições místicas. Não há como não ver aí. o mesmo método ideológico de todos os fascismos europeus, que, diante do pavor do crescimento da revolução proletária busca a salvação na tradição, nas raízes imemoriais. O fascismo francês buscou a Idade Média e o Catolicismo, o italiano o império romano, o nazismo a terra e o “sangue” e os mitos nórdicos que os acompanham. Se o manifesto do Grupo da Anta ainda tem reverberações modernistas, com o tempo irá ser decantado para tornar-se um movimento ultraconservador de exaltação das raízes lusitanas, do Catolicismo ancestral etc.