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Universidade Federal do Rio Grande do Norte
Especialização em análises Clínicas e Toxicológicas
Módulo: Fluidos Biológicos
Discentes: Claudicely Sabino
José Edvan Junior
Docente: Profª Drª Deyse Dantas
Resumo
 No presente estudo, relatamos um caso de meningite tuberculosa, que evoluiu
com bloqueio do fluxo do LCR, causando dificuldade diagnóstica;
 Discute-se a importância da localização da lesão e sua influência no exame do LCR
como apoio ao diagnóstico da meningite tuberculosa;
 No caso relatado, a pesquisa do bacilo álcool-ácido resistente foi positiva no LCR
cisternal e negativa no LCR lombar e ventricular, demonstrando que a maior
acurácia do teste esteve relacionada a maior proximidade da lesão inflamatória.
Introdução
 A tuberculose permanece como uma das doenças infecciosas maisfreqüentes no
mundo;
 A meningite tuberculosa, doença infecciosa do sistema nervoso central (SNC)
causada pelo Mycobacterium tuberculosis;
 Apresenta-se como uma complicação precoce da tuberculose primária, ocorrendo
mais freqüentemente nos primeiros seis meses após a infecção.
Introdução
 Ocorre formação de exsudato inflamatório que envolve as estruturas situadas no
espaço subaracnóideo da base do crânio;
 Podendo promover bloqueio da circulação do LCR, determinando aumento da
pressão intracraniana e alterações no exame do LCR.
Introdução
Caso
 Homem de 24 anos, admitido no HUCFF/UFRJ com queixa de cefaléia
holocraniana, inicialmente frontal, acompanhada de náuseas, vômitos, febre diária
e calafrios há 15 dias;
 Relatava que sua primeira sorologia positiva para HIV ocorreu há três anos, quando
foi diagnosticada tuberculose pleural tratada com rifampicina/
isoniazida/pirazinamida;
 Há um ano apresentou tuberculose pulmonar tratada inicialmente com
rifampicina/- isoniazida/pirazinamida/etambutol.
Caso
 Por ocasião da internação fazia uso irregular de medicação anti-retroviral;
 Ao exame apresentava-se lúcido, orientado, paresia facial periférica à direita,
reflexos profundos preservados nos quatro membros, pupilas isocóricas e
fotorreagentes , fundoscopia sem alterações, rigidez de nuca +++/4 com sinal de
Brudzinski;
 Na internação (21/11/2000), realizou hemograma (Hb=9,4, Htc=28,8%, leucócitos
=7400 (55% segmentados), plaquetas=230.000), tomografia computadorizada (TC)
de crânio com contraste evidenciando apenas atrofia cortical e raquicentese para
exame do LCR;
 Em 22/11/2000, realizou nova raquicentese.
Caso
 Suspeitou-se de meningite bacteriana e iniciou tratamento com ceftriaxone;
 Como não houve melhora clínica após três dias de tratamento e o exame de LCR
mostrou VDRL reagente em baixos títulos, suspeitou-se de neurossífilis e foi
iniciado tratamento com penicilina cristalina durante 14dias, também sem melhora
do quadro clínico;
 O paciente evoluiu com deterioração progressiva do nível de consciência, e em
07/12/2000 realizou nova raquicentese e nova TC de crânio com contraste
evidenciando aumento da atrofia cortical, sem lesões focais.
Caso
 O paciente evoluiu para o coma até 15/12/2000, quando realizou nova punção
lombar;
 Também iniciou tratamento empírico para toxoplasmose cerebral com
sulfadiazina/pirimetamina/ácido folínico;
 Nesta ocasião, foi consultado um especialista em LCR, que em razão dos níveis
crescentes de proteína do LCR, sugeriu a presença de bloqueio da circulação do
LCR associado à meningite de base, de provável etiologia tuberculosa.
Caso
 Este sugeriu o exame associado do LCR cisternal, considerando a maior
proximidade da lesão e maior chance de positividade da amostra proveniente da
punção alta;
 Em 18/12/2000, realizou-se além da punção lombar, a sub-occiptal;
 Em relação ao LCR cisternal, foi trazido ao Laboratório menos do que 1 ml de um
material purulento e espesso;
 A pesquisa de BAAR foi positiva (3+/4+) enquanto que o exame do LCR lombar
permanecia negativo.
Caso
 Em seguida, o paciente fez nova TC de crânio com contraste mostrando
hidrocefalia e captação meníngea de contraste;
 Iniciou tratamento para meningite tuberculosa com rifampicina/ isoniazida/
pirazinamida/ etambutol e corticoide;
 Foi coletado LCR (19/12/2000) da derivação ventricular, o qual encontrava-se
dentro dos parâmetros de normalidade, com pesquisa de BAAR negativa;
 O paciente evoluiu com piora clínica e neurológica, falecendo em 27/12/2000.
Caso
Discussão
 Tratamento inicial para meningite bacteriana
 Aumento acentuado da celularidade do LCR (158 para 715 células/mm3)
 Predomínio da neutrofilorraquia (88 e 90%)
 Ausência de resposta clinica ao ceftriaxone
 Cultura e látex para germes comuns negativos no LCR
Discussão
 Meningite viral descartada pelo tempo de evolução clínica
 Criptococose descartada pelas alterações no LCR e não detecção do fungo
em cultura e latex
 Tratamento para neurocifilis sem resposta
 Sensibilidade de 22% a 61% do VDRL no diagnóstico
 Toxoplasmose cerebral descartada pelo exame radiologico e pela falta de
resposta ao tratamento
Discussão
 A coleta do LCR ventricular mostrou celularidade e bioquímica normais,
confirmando a hipótese de bloqueio do LCR com re p resamentoem três
níveis diferentes
Discussão
 Meningite tuberculosa fortemente indicada pelo primeiro LCR, mascarado
pelo aumento acentuado e súbito dos leucócitos e o aumento do VDRL
 Celularidade em geral de 10 a 200 c é l u l a s / m m3 ,raramente superior a
500 células/mm3 , na fase inicial
 A concentração de glicose poderá estar normal nas primeiras dosagens, porém
pode-se atngir valores quase sempre abaixo de 40 mg% em punções
posteriores
 Aumento gradativo da concentração de proteina
Discussão
 Exame direto com baixa sensibilidade
Cultura de LCR no meio de Lowenstein-Jansen como padrão
ouro
Reação de polimerização em cadeia (PCR), com sensibilidade de
90,5% e especificidade de 89,5%,
Houve crescimento do Mycobacterium tuberculosis no LCR de
todas as punções, o que confirma o diagnóstico
Todos os exames de LCRlombar apresentaram pesquisa de BAAR
negativa.
Discussão
 O substrato anátomo-patológico da meningite tuberculosa
 Exsudato grosso e gelatinoso
 Composto porfibrina
 Linfócitos
 Plasmócitos e outras células mononucleares
 Alguns leucócitos polimorfonucleares
 Áreas de necrose de caseificação
Discussão
 Citologia global do LCR lombar diminuiu progressivamente de 715
a 9 células/mm³, permanecendo um predomínio de segmentados,
em contraste a intensa coleção purulenta na cisterna magna
 Uma contagem normal de leucócitos e proteínas no LCR ventricular
e lombarnão significou necessariamente uma resolução ou
ausência de inflamação em todos os compartimentos do LCR
Conclusão
 A decisão terapêutica não deve aguardar a demonstração do
agente etiológico uma vez que o resultado da cultura, padrão-ouro
no diagnostico, demora 60 dias para ser concluída.
 O PCR tem contribuído para aumentar a sensibilidade do exame do
LCR nos casos de meningite tuberculosa. Entretanto, este exame
nem sempre é disponível.
 O exame do LCR reflete um processo dinâmico no SNC, não
bastando muitas vezes apenas uma única avaliação.
Conclusão
 O exsudato inflamatório da meningite tuberculosa geralmente se
localiza na base do crânio, assim o LCR cisternal pode apresentar
maior positividade para a detecção das alterações específicas.
 O departamento científico de LCR da Academia Brasileira de
Neurologia publicou documento sugerindo o uso da punção
lombar como a via preferencial para a coleta do LCR
Referencia
 HERINGER, Rafael R. et al. Localização da lesão e achados do
líquido cefalorraqueano na meningite tuberculosa: diferenças nos
compartimentos lombar, cisternal e ventricular. Arquivos de
Neuro-Psiquiatria, [S.L.], v. 63, n. 2, p. 543-547, jun. 2005.
FapUNIFESP (SciELO). http://dx.doi.org/10.1590/s0004-
282x2005000300035.

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Localização de lesao e achados do Liquido Cefalorraquidiano

  • 1. Universidade Federal do Rio Grande do Norte Especialização em análises Clínicas e Toxicológicas Módulo: Fluidos Biológicos Discentes: Claudicely Sabino José Edvan Junior Docente: Profª Drª Deyse Dantas
  • 2. Resumo  No presente estudo, relatamos um caso de meningite tuberculosa, que evoluiu com bloqueio do fluxo do LCR, causando dificuldade diagnóstica;  Discute-se a importância da localização da lesão e sua influência no exame do LCR como apoio ao diagnóstico da meningite tuberculosa;  No caso relatado, a pesquisa do bacilo álcool-ácido resistente foi positiva no LCR cisternal e negativa no LCR lombar e ventricular, demonstrando que a maior acurácia do teste esteve relacionada a maior proximidade da lesão inflamatória.
  • 3. Introdução  A tuberculose permanece como uma das doenças infecciosas maisfreqüentes no mundo;  A meningite tuberculosa, doença infecciosa do sistema nervoso central (SNC) causada pelo Mycobacterium tuberculosis;  Apresenta-se como uma complicação precoce da tuberculose primária, ocorrendo mais freqüentemente nos primeiros seis meses após a infecção.
  • 4. Introdução  Ocorre formação de exsudato inflamatório que envolve as estruturas situadas no espaço subaracnóideo da base do crânio;  Podendo promover bloqueio da circulação do LCR, determinando aumento da pressão intracraniana e alterações no exame do LCR.
  • 6. Caso  Homem de 24 anos, admitido no HUCFF/UFRJ com queixa de cefaléia holocraniana, inicialmente frontal, acompanhada de náuseas, vômitos, febre diária e calafrios há 15 dias;  Relatava que sua primeira sorologia positiva para HIV ocorreu há três anos, quando foi diagnosticada tuberculose pleural tratada com rifampicina/ isoniazida/pirazinamida;  Há um ano apresentou tuberculose pulmonar tratada inicialmente com rifampicina/- isoniazida/pirazinamida/etambutol.
  • 7. Caso  Por ocasião da internação fazia uso irregular de medicação anti-retroviral;  Ao exame apresentava-se lúcido, orientado, paresia facial periférica à direita, reflexos profundos preservados nos quatro membros, pupilas isocóricas e fotorreagentes , fundoscopia sem alterações, rigidez de nuca +++/4 com sinal de Brudzinski;  Na internação (21/11/2000), realizou hemograma (Hb=9,4, Htc=28,8%, leucócitos =7400 (55% segmentados), plaquetas=230.000), tomografia computadorizada (TC) de crânio com contraste evidenciando apenas atrofia cortical e raquicentese para exame do LCR;  Em 22/11/2000, realizou nova raquicentese.
  • 8. Caso  Suspeitou-se de meningite bacteriana e iniciou tratamento com ceftriaxone;  Como não houve melhora clínica após três dias de tratamento e o exame de LCR mostrou VDRL reagente em baixos títulos, suspeitou-se de neurossífilis e foi iniciado tratamento com penicilina cristalina durante 14dias, também sem melhora do quadro clínico;  O paciente evoluiu com deterioração progressiva do nível de consciência, e em 07/12/2000 realizou nova raquicentese e nova TC de crânio com contraste evidenciando aumento da atrofia cortical, sem lesões focais.
  • 9. Caso  O paciente evoluiu para o coma até 15/12/2000, quando realizou nova punção lombar;  Também iniciou tratamento empírico para toxoplasmose cerebral com sulfadiazina/pirimetamina/ácido folínico;  Nesta ocasião, foi consultado um especialista em LCR, que em razão dos níveis crescentes de proteína do LCR, sugeriu a presença de bloqueio da circulação do LCR associado à meningite de base, de provável etiologia tuberculosa.
  • 10. Caso  Este sugeriu o exame associado do LCR cisternal, considerando a maior proximidade da lesão e maior chance de positividade da amostra proveniente da punção alta;  Em 18/12/2000, realizou-se além da punção lombar, a sub-occiptal;  Em relação ao LCR cisternal, foi trazido ao Laboratório menos do que 1 ml de um material purulento e espesso;  A pesquisa de BAAR foi positiva (3+/4+) enquanto que o exame do LCR lombar permanecia negativo.
  • 11. Caso  Em seguida, o paciente fez nova TC de crânio com contraste mostrando hidrocefalia e captação meníngea de contraste;  Iniciou tratamento para meningite tuberculosa com rifampicina/ isoniazida/ pirazinamida/ etambutol e corticoide;  Foi coletado LCR (19/12/2000) da derivação ventricular, o qual encontrava-se dentro dos parâmetros de normalidade, com pesquisa de BAAR negativa;  O paciente evoluiu com piora clínica e neurológica, falecendo em 27/12/2000.
  • 12. Caso
  • 13. Discussão  Tratamento inicial para meningite bacteriana  Aumento acentuado da celularidade do LCR (158 para 715 células/mm3)  Predomínio da neutrofilorraquia (88 e 90%)  Ausência de resposta clinica ao ceftriaxone  Cultura e látex para germes comuns negativos no LCR
  • 14. Discussão  Meningite viral descartada pelo tempo de evolução clínica  Criptococose descartada pelas alterações no LCR e não detecção do fungo em cultura e latex  Tratamento para neurocifilis sem resposta  Sensibilidade de 22% a 61% do VDRL no diagnóstico  Toxoplasmose cerebral descartada pelo exame radiologico e pela falta de resposta ao tratamento
  • 15. Discussão  A coleta do LCR ventricular mostrou celularidade e bioquímica normais, confirmando a hipótese de bloqueio do LCR com re p resamentoem três níveis diferentes
  • 16. Discussão  Meningite tuberculosa fortemente indicada pelo primeiro LCR, mascarado pelo aumento acentuado e súbito dos leucócitos e o aumento do VDRL  Celularidade em geral de 10 a 200 c é l u l a s / m m3 ,raramente superior a 500 células/mm3 , na fase inicial  A concentração de glicose poderá estar normal nas primeiras dosagens, porém pode-se atngir valores quase sempre abaixo de 40 mg% em punções posteriores  Aumento gradativo da concentração de proteina
  • 17. Discussão  Exame direto com baixa sensibilidade Cultura de LCR no meio de Lowenstein-Jansen como padrão ouro Reação de polimerização em cadeia (PCR), com sensibilidade de 90,5% e especificidade de 89,5%, Houve crescimento do Mycobacterium tuberculosis no LCR de todas as punções, o que confirma o diagnóstico Todos os exames de LCRlombar apresentaram pesquisa de BAAR negativa.
  • 18. Discussão  O substrato anátomo-patológico da meningite tuberculosa  Exsudato grosso e gelatinoso  Composto porfibrina  Linfócitos  Plasmócitos e outras células mononucleares  Alguns leucócitos polimorfonucleares  Áreas de necrose de caseificação
  • 19. Discussão  Citologia global do LCR lombar diminuiu progressivamente de 715 a 9 células/mm³, permanecendo um predomínio de segmentados, em contraste a intensa coleção purulenta na cisterna magna  Uma contagem normal de leucócitos e proteínas no LCR ventricular e lombarnão significou necessariamente uma resolução ou ausência de inflamação em todos os compartimentos do LCR
  • 20. Conclusão  A decisão terapêutica não deve aguardar a demonstração do agente etiológico uma vez que o resultado da cultura, padrão-ouro no diagnostico, demora 60 dias para ser concluída.  O PCR tem contribuído para aumentar a sensibilidade do exame do LCR nos casos de meningite tuberculosa. Entretanto, este exame nem sempre é disponível.  O exame do LCR reflete um processo dinâmico no SNC, não bastando muitas vezes apenas uma única avaliação.
  • 21. Conclusão  O exsudato inflamatório da meningite tuberculosa geralmente se localiza na base do crânio, assim o LCR cisternal pode apresentar maior positividade para a detecção das alterações específicas.  O departamento científico de LCR da Academia Brasileira de Neurologia publicou documento sugerindo o uso da punção lombar como a via preferencial para a coleta do LCR
  • 22. Referencia  HERINGER, Rafael R. et al. Localização da lesão e achados do líquido cefalorraqueano na meningite tuberculosa: diferenças nos compartimentos lombar, cisternal e ventricular. Arquivos de Neuro-Psiquiatria, [S.L.], v. 63, n. 2, p. 543-547, jun. 2005. FapUNIFESP (SciELO). http://dx.doi.org/10.1590/s0004- 282x2005000300035.