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Nutrientes e
Terapêutica
           como usá-los
          quando usá-los
    como avaliar suas carências
      radicais livres na saúde




            2ª Edição
      REVISADA E AMPLIADA




José Gilberto Perez de Moura
Direitos desta edição reservados ao autor.
                       casamoura@terra.com.br




                        Revisão Científica
                     Dra. Margot Fetter Costa


                             Capa:
                         Fernando Giusti


                     Impressão e acabamento
                       Visão Artes Gráficas




Abril, 2009.
VISÃO ARTES GRÁFICAS
Av. Pres. Juscelino Kubitschek de Oliveira, 2440
CEP:96080-000 - Pelotas – RS - Brasil
Para Cláudia,
Fonte constante de equilíbrio, discernimento e amor.
Sua sabedoria e apoio são uma inspiração e uma dádiva para
mim.

Para meus filhos Gabriel e Nathália.
Pelo tempo que deixamos de estar juntos.

Para meus pais e irmãos.
Pelo carinho e apoio em todas as horas.




                A todos aqueles que, através da busca da saúde,
                 descobriram o significado maior de suas vidas.
                           Aos que, através de seu sofrimento,
                  foram o motivo de nossa busca de uma forma
                          mais branda e eficaz na arte de curar.
“A história da medicina vem sendo escrita sobre erros e
acertos, com a superação de conceitos antigos e o surgimento
de novos conhecimentos. Algo que hoje consideramos muito
promissor corre o risco de ser completamente esquecido
amanhã. Da mesma forma, o que foi subestimado na época de
seu descobrimento, pode se tornar, no futuro, a peça que faltava
para uma nova tese revolucionária.”

                                           Dr. Helion Póvoa Fº
                                               Rio de Janeiro
PREFÁCIO
      O livro “Nutrientes e Terapêutica”, decididamente,
preencheu a finalidade a que se propôs o autor, qual seja a de
despertar nos colegas o interesse pelos nutrientes, os quais
desempenham papel de relevância no corpo humano, como
destacamos recentemente em nosso livro “ Nutrição Cerebral”.
      O uso em quantidade correta dos nutrientes leva a um mais
perfeito funcionamento do corpo humano, como se pode
verificar através de exames laboratoriais específicos.
       A descoberta dos radicais livres por Harman, em 1956,
comprovou a relevância destas substâncias nos processos
biológicos; pode ainda haver entre alguns uma certa descrença
com relação a esses conceitos, mas o fato é que, após a criação
de um Departamento de Radicais Livres no NIH (National
Institute of Health – Instituto de Saúde Publica), não pode haver
mais dúvidas sobre a grande importância do estudo dos RL, que
atuam na gênese da quase totalidade dos processos patológicos;
nesse mesmo Departamento, estudam-se, acuradamente, os
antioxidantes, que impedem a formação dos radicais livres e
lhes aceleram a destruição .
      No livro, após o 1º capítulo, sobre generalidades dos
nutrientes, faz o autor uma excelente revisão sobre os minerais
essenciais (capítulo 2), destacando o papel fisiológico do cálcio,
magnésio, estrôncio, boro, potássio, zinco, ferro, manganês,
molibdênio, cobalto, cobre, cromo, vanádio, lítio e silício.
      O capítulo 3 versa sobre a importância das vitaminas e, em
especial, sobre sua potente ação antioxidante, assim como
inibidora da glicação oxidativa, de fato o mais poderoso agente
lesivo sobre os processos fisiológicos. Outros suplementos
nutricionais são os Omega-3 (ácido Eicosapentaenoico – EPA e
Docosahexaenoico - DHA), que transportam em suas moléculas
de gorduras enormes quantidades de plasmalógenos, poderosos
antioxidantes cerebrais. O EPA e o DHA têm, ainda, ação
benéfica sobre o intestino, bem como sobre o organismo
humano.
     Isto explica porque os países com ingestão alimentar alta
de Omega-3 têm maior expectativa de vida média (Japão,
Noruega, Suécia e Islândia); o mesmo ocorre com os alimentos
vegetais que formam Omega-3.
       Igualmente, são bem abordados no livro o ácido lipoico, a
coenzima Q10, o ginkgo biloba, o inositol e os hormônios como
o DHEA e a melatonina; esta última se acha bem estudada no
livro, dada a sua enorme relevância; ela não é apenas um agente
sedativo, como se relata habitualmente, mas é o mais poderoso
antioxidante endógeno, anticancerígeno, além de desempenhar
várias outras funções, nem todas ainda conhecidas.
      No capítulo 4 deparamo-nos com um magnífico texto
sobre os aminoácidos. A taurina, o GABA e a glicina têm um
papel preponderante no metabolismo cerebral; a arginina e os
aminoácidos de cadeia ramificada têm papel relevante no
metabolismo muscular.
      O glutation é um poderoso antioxidante intracelular, que
inibe a glicação oxidativa, sem dúvida alguma, responsável por
arteriosclerose, nefropatias, catarata, artrite e lesões
neurodegenerativas (Alzheimer, Parkinson, retinopatias).
      Outros nutrientes são precursores de neurotransmissores e
a glutamina é um potente imunoestimulante.
      A melatonina, associada às vitaminas, B6, B12 e ao ácido
fólico, bloqueia a produção de homocisteína, que aumenta a
formação de trombos vasculares.
     Através do mineralograma, pode-se diagnosticar a
carência ou o excesso desses minerais, o que constitui um
excelente método diagnóstico para problemas ósseos, cerebrais,
etc.
      Também enfoca o livro a dosagem de metais tóxicos
(capítulo 7) como chumbo, mercúrio, níquel, cádmio, alumínio,
antimônio, paládio, arsênico, bário, berílio, platina, paládio,
estanho, tálio, tungstênio, tório e urânio.
      Recentemente, o Mineralograma se tem demonstrado um
excelente método diagnóstico para a detecção de níveis tóxicos
de bismuto; o bismuto é usado em cosméticos e no tratamento
de gastrites e nas diarréias, e na terapia do Helicobacter pylori.
O bismuto pode provocar problemas cerebrais (insônia) e
verificou-se, recentemente, que 18% das amostras de cabelo
apresentam níveis elevados de bismuto.
     Em vista das considerações acima, podemos, com
segurança, afirmar que este livro de José Gilberto Perez de
Moura se constitui em uma obra respeitável e que deve ser lida
cuidadosamente por todos aqueles que se interessam por
Nutrologia.
     Ao final do livro, há um maravilhoso capítulo (6) sobre os
Radicais Livres.
     Só nos resta, então, terminando este prefácio, dar parabéns
ao amigo Gilberto: seu livro é excelente!


                                      Dr. Helion Póvoa Filho
Helion Póvoa Fº é um dos mais renomados especialistas na área
médica de nutrição e bioquímica. Membro titular da Academia Nacional de
Medicina, professor titular de Patologia Clínica da Uni-Rio; professor
titular de Bioquímica da Escola Médica da Universidade Gama Filho,
professor titular de pós-graduação da PUC-Rio e professor visitante da
Universidade de Harvard. Póvoa é autor de sete livros e possui mais de
duzentos trabalhos publicados no exterior.
APRESENTAÇÃO
      O tema de “Nutrientes e Terapêutica” merece uma
divulgação mais ampla, tendo em vista a sua relevância, sua
atualidade e contribuição para a melhoria da saúde. No Brasil, o
número de universidades e centros de difusão destes temas, não
é expressivo, a bibliografia não é numerosa e os textos, por
vezes, escritos somente em linguagem técnica.
      Este livro foi escrito sem a intenção de ser definitivo, não
tendo a pretensão de esgotar o assunto, mas sim despertar o
interesse do leitor em idéias e conhecimentos adquiridos ao
longo da história.
      Está destinado a enriquecer-se permanentemente pela
contribuição de todos aqueles que queiram acrescentar, criticar
ou sugerir. Este livro não foi concebido como um manual
técnico para médicos; ainda assim sua leitura pode conter
informações preciosas, atualizadas e apresentadas, na medida do
possível, em uma linguagem acessível que dará a todos uma boa
noção da importância dos nutrientes, dos radicais livres e dos
metais tóxicos em nosso organismo.
      Quinze anos de estudos, estão condensados nesta obra. Os
temas abordados estão se tornando tópicos de grande interesse,
mesmo fora das esferas científicas. Atualmente, é difícil folhear
um jornal ou revista e periódicos médicos, ou assistir a televisão
sem encontrar referências a nutrientes, radicais livres ou
antioxidantes. Conhecimentos essenciais estão se difundindo e
formando um quadro que está realmente transformando a
Medicina. A Bioquímica, a Genética e a Biologia têm
experimentado um fabuloso avanço nos últimos 50 anos. Mais
do que nunca, milhões de pessoas estão ingerindo suplementos
nutricionais. Surpreendentes descobertas sobre a inter-relação
entre nutrição e saúde acontecem a cada dia.
      Em sua elaboração, contei com a colaboração inestimável
de numerosos amigos que, de forma notável, influenciaram os
temas desenvolvidos. Como Galileu, em minha vida científica
estive apoiado sobre ombros de gigantes, para longe poder
observar. Entre os gigantes destaco o Prof. Dr. Helion Póvoa
Filho (RJ), cientista e pesquisador que me iniciou nos segredos
dos radicais livres; e o Prof. Dr. Juarez Callegaro (RS), médico
psiquiatra, sem dúvida o amigo a quem mais ouvi, com quem
mais aprendi e quem mais influenciou esta obra.
     Agradeço, em especial, a Dra. Margot Fetter Costa e ao
Dr. Darci Gustavo Post, pela minuciosa e excelente revisão; a
Darryl Hickock do Laboratório Doctor's Data (EUA), pela
consultoria no capítulo 8 (Mineralograma).
     Espero que esta obra seja uma agradável leitura e sirva de
motivação e iniciação àqueles com interesse no tema.


                                  José Gilberto Perez de Moura
NOTA À 2ª EDIÇÃO

       As razões que levaram o autor a escrever a segunda
edição de “Nutrientes e Terapêutica” continuam as mesmas.
Desde sua publicação persistem o interesse dos médicos pela
“arte de formular”, a importância dos nutrientes na saúde
humana e a ação dos radicais livres como agentes
desencadeadores de patologias.
        A importância da correta nutrição ultrapassa, hoje, o
meio científico e toma as páginas dos jornais e revistas, onde
encontra grande interesse popular. O reconhecimento dos
nutrientes como agentes promotores de saúde bem como as
bases científicas de sua utilização já estão bem estabelecidas por
cientistas e instituições de pesquisa. No entanto, continuam
escassos os cursos para prescritores, e raros os livros de
divulgação em língua portuguesa.
       Novas substâncias terapêuticas são continuamente
lançadas no mercado, outras tantas são retiradas, o que tornam
os poucos livros sobre o assunto rapidamente obsoletos. Por
essa razão são necessárias novas edições editadas com maior
frequência.
       A segunda edição de Nutrientes e Terapêutica é
publicada três anos após seu lançamento, revisada e ampliada.
        A ciência e a experiência clinica demonstram que os
nutrientes terão um importante papel na medicina do futuro e
que este futuro está chegando. As antigas resistências ao uso dos
nutrientes estão chegando ao fim, graças a uma nova geração de
profissionais, mais abertos às novas idéias e às novas formas de
terapêutica.

                                   José Gilberto Perez de Moura
                                    Pelotas, RS, abril de 2009
ÍNDICE

1. GENERALIDADES .............................................................17
2. MINERAIS ............................................................................27
3. VITAMINAS .......................................................................103
4. AMINOÁCIDOS                  .............................................................163
5. OUTROS SUPLEMENTOS................................................201
6. RADICAIS LIVRES (RLs) .................................................247
7. METAIS TÓXICOS ...........................................................271
8. DOSAGENS DE NUTRIENTES ........................................305
    8.1 Mineralograma ..............................................................305
    8.2 Vitaminograma..............................................................316
    8.3 Aminoacidograma.........................................................318
    8.4 Dosagens de nutrientes no sangue, hemácias e urina ...321
BIBLIOGRAFIA .....................................................................325
ANEXOS .................................................................................335
Capítulo 1 - GENERALIDADES
   “Uma nova realidade científica não triunfa convencendo seus oponentes
     e fazendo-os ver a luz, mas sim porque seus oponentes, finalmente, vão
                               desaparecendo e os segue uma nova geração
                                       que está familiarizada com a ideia!”
                                                                Max Planck



      Há pouco menos de um século, o papel dos nutrientes na
saúde era quase desconhecido. Coube a Gabriel Bertrand
demonstrar que esses elementos, embora presentes em pequenas
quantidades, eram indispensáveis à vida. Ainda hoje, porém, a
Medicina pouco tem valorizado os nutrientes, julgando que o
fundamental já é conhecido de todos. Ignorando que houve
profunda modificação dos hábitos alimentares e que o refino, o
preparo dos alimentos e as novas técnicas de cultivo alteraram
radicalmente     a    biodisponibilidade    dos     nutrientes;
principalmente, ignorando sua participação vital nos processos
biológicos.
      Hipócrates, médico grego, escreveu no ano 400 a.C. que
os alimentos e os hábitos de vida deveriam ser a base de nossa
medicina. Hoje, decorridos mais de 2.000 anos, a Medicina
passa a reconhecer a importância dos nutrientes na manutenção
da saúde. Um indivíduo de 70 anos vive 25.550 dias, ingerindo
de três a quatro refeições diárias; isso equivale a ingerir 76.650
a 102.200 refeições durante sua existência. É através das
refeições que obtemos os 45 aminoácidos, vitaminas e minerais
necessários à vida. Os primeiros experimentos sobre nutrição
foram realizados por Antoine Lavoisier, químico francês.
      Doenças resultantes de carências nutricionais são tão
antigas quanto à espécie humana, uma vez que esqueletos pré-
históricos apresentam sinais evidentes de raquitismo e escorbuto
(entre outros achados). Carências como o béri-béri (falta de
18   GENERALIDADES


vitamina B1) e a cegueira noturna (falta de vitamina A), eram
do conhecimento dos médicos antigos e relatadas em livros da
época.
      Póvoa, Callegaro e Ayer no excelente “Nutrição Cerebral”
(vide bibliografia) relacionam as mudanças nos padrões
alimentares do homem paleolítico com a própria evolução da
espécie. A introdução de peixes, moluscos e ovos ocorrida 2
milhões de anos atrás, possibilitaram, segundo os autores, a
evolução da massa encefálica e das funções cerebrais. A
alimentação básica do homem paleolítico, até então consistia de
frutas, legumes e carnes de caça. Enquanto caçador e coletor, o
homem teve acesso à quantidades adequadas de vitaminas,
minerais e aminoácidos. Com sua a fixação à terra e o
surgimento da agricultura (10 mil anos atrás) a nutrição humana
sofreu nova e radical alteração com a introdução dos grãos,
pães, leite e derivados.
      As doenças continuam a desafiar os progressos da
medicina e continuam sendo responsáveis pela morte prematura
de milhões de pessoas. Algumas doenças são tratadas com
absoluto sucesso, outras são extremamente difíceis de combater
e constituem causa de mortalidade ou diminuição da qualidade
de vida da população. A descoberta de novos meios para
aumentar a eficiência das terapêuticas atuais e o
desenvolvimento de um novo estilo de vida devem continuar.
Várias doenças podem ser prevenidas modificando hábitos de
vida e hábitos alimentares, incluindo neles alimentos que tem o
poder de combater as doenças em sua origem e impedir seu
desenvolvimento.     Os     alimentos    possuem     compostos
fitoquímicos ricos em moléculas com ação muito potente,
podendo lutar contra doenças sem efeitos colaterais.
      Presentemente estamos começando a viver uma nova
revolução alimentar com a introdução dos alimentos
industrializados, ricos em gorduras, açúcares, sal e aditivos,
NUTRIENTES E TERAPÊUTICA   19

além de importante redução no consumo de frutas legumes e
verduras.
     As consequências desta nova alimentação são uma
incógnita.
       Pesquisa feita pela Sociedade Brasileira de Cirurgia
Bariátrica e Metabólica em 5 regiões do país mostraram que os
brasileiros não se alimentam de forma saudável. Foram
entrevistadas, em suas casas, 2179 pessoas de todas as classes
sociais nas 5 regiões do país. A pesquisa apontou que 63,1% dos
brasileiros estão acima do peso. As consequências dos erros
alimentares são as chamadas doenças crônicas, como a
hipertensão, o diabetes e os males do coração. A pesquisa
revelou, ainda, que 43% dos brasileiros fazem suas refeições
diante da televisão, por isso, habitualmente, consomem mais
alimentos do que o necessário, por simplesmente não terem se
dado conta de que ingeriram mais do que a quantidade ideal e
tampouco mastigaram a comida de maneira adequada (21% dos
entrevistados tomam o café em 12 minutos, almoçam em 22
minutos e jantam em 23 minutos). Em todas as classes sociais,
14% das pessoas têm o hábito de fazer refeições rápidas, tipo
fast-food. A pesquisa mostrou, ainda, que 36% dos brasileiros
‘beliscam’ fora das refeições e dos lanches recomendados,
comendo principalmente chocolate, biscoito recheado, coxinha,
pastel, bolo, pipoca e balas. A fritura está presente em mais de
50% dos pratos brasileiros. Os grelhados, frequentam a mesa de
apenas 18% dos brasileiros. Os alimentos crus são consumidos,
no dia-a-dia, por pouco menos de metade da população.
      A necessidade de suplementos dietéticos é um tema
debatido no mundo todo. A maioria dos médicos opina que os
nutrientes devem proceder dos alimentos, negando, portanto,
valor aos suplementos dietéticos. Em sua prática diária, porém,
ao tratarem anemia, osteoporose, bócio carencial, por exemplo,
não o fazem através da dieta somente, valendo-se de
20   GENERALIDADES


suplementos com vitaminas, ferro, cálcio, iodo, entre outros. A
administração de minerais e vitaminas, além de mais simples e
cômoda, é mais eficaz do que a correção pela dieta, embora o
ideal seja a combinação de ambos.
      Muitos anos foram necessários para tornar evidente a
relação entre nutrição, saúde e doença. As pesquisas sobre o
metabolismo humano identificaram cerca de 5 mil reações
bioquímicas necessárias à manutenção da vida; também
comprovaram a necessidade de 45 “nutrientes essenciais”
provenientes dos alimentos (essenciais porque o organismo não
os sintetiza). A moderna Bioquímica demonstrou que a
homeostase do organismo está assegurada por nutrientes
perfeitamente identificáveis, com funções definidas, atuando
como cofatores essenciais ao metabolismo bioquímico. O papel
dos nutrientes é fundamental ao metabolismo celular, para a
ativação das enzimas e à proteção das membranas, frente aos
processos oxidativos. O progresso da Bioquímica fez surgir
novas perspectivas de interesse clínico, cujos princípios se
assentam em bases inatacáveis.
      A nutrição e a terapêutica através de nutrientes têm a
finalidade de manter ótima no organismo a relação molecular
entre os elementos internos (hormônios, enzimas, funções
metabólicas e fisiologia das membranas) e o balanço nutricional
(proteínas, lipídios, glicídios, vitaminas, minerais, ácidos graxos
e aminoácidos). Esta é uma relação essencialmente bioquímica.
      É pensamento geral que a dieta variada é suficiente para
prover o organismo de todas as vitaminas, aminoácidos e
minerais, essenciais ao seu bom funcionamento. Trabalhos
americanos relatam que são poucos os adultos (9%) que
ingerem 3 porções diárias de legumes e hortaliças. A ingesta de
frutas, diariamente, também é muito baixa. Embora sejam as
frutas uma importante estratégia nutricional, graças à intensa
presença de vitaminas, fibras, carotenóides, bioflavonóides,
NUTRIENTES E TERAPÊUTICA   21

polifenóis e outros tantos fitoquímicos. A carência de nutrientes
parece ser mais intensa em determinados grupos, como
gestantes, idosos, pessoas enfermas e naquelas submetidas a
dietas hipocalóricas.
      Os médicos brasileiros, em sua grande maioria,
desconhecem o importante papel que os alimentos podem ter
sobre a saúde ou a sua recuperação em caso de doença. Os
conselhos médicos sobre alimentação restringem-se, quase
sempre, a proibições de alguns ítens alimentares como, por
exemplo, restrição ao sal, diminuição da ingesta de gorduras, de
açúcar, álcool e café, desconhecendo ou não enfatizando as
propriedades terapêuticas dos compostos fitoquímicos presentes
nos alimentos, sua capacidade de prevenir e combater os
mecanismos que favorecem o desenvolvimento das doenças.
      Todos os animais, inclusive os homens, regulam a
ingestão de alimentos por meio das cinco sensações gustativas:
doce, amargo, azedo, salgado e gosto da carne. O doce indica
principalmente a presença de alimentos altamente energéticos;
o salgado garante o reconhecimento e o equilíbrio de eletrólitos
no corpo; o amargo e o azedo alertam para a presença de
substâncias potencialmente tóxicas ou venenosas e o sabor da
carne reconhece os aminoácidos das proteínas.
      O conteúdo de minerais e vitaminas presentes nos
legumes e cereais sofre profunda influência dos micronutrientes
e do pH do solo, uma vez que existem tipos diferentes de solo
(argilosos, arenosos, terra preta, terra roxa, entre outros), com
distintos conteúdos minerais, com variações de pH e com a
consequente diferença na biodisponibilidade dos nutrientes.
      Alguns médicos consideram que uma alimentação
equilibrada e variada é suficiente para evitar a carência
nutricional; outros consideram difícil a obtenção das
quantidades adequadas, exclusivamente através da alimentação.
22   GENERALIDADES


A carência moderada de vitaminas, aminoácidos e minerais
explicaria um grande número sinais e sintomas (astenia,
ansiedade, insônia, alergias, pseudo-depressões), que não
precisariam ser tratados por terapêuticas mais agressivas além
dos suplementos nutricionais. Em 1968, o Departamento de
Agricultura dos EUA publicou extenso trabalho demonstrando
que 20% da população americana estava ingerindo dietas
nutricionalmente pobres.
      O brasileiro alimenta-se mal, concluiu a Universidade de
São Paulo (USP) e a Universidade Federal de São Paulo
(UNIFESP), após pesquisa com 2.420 pessoas, em todas as
regiões do país. Entre os importantes déficits nutricionais
observados, destacaram-se o baixo consumo de cálcio (400mg
ao invés dos recomendáveis 1.200mg/dia), as baixas taxas de
vitamina D constatadas (ingesta de 1,4mg/dia ao invés das
10mg recomedáveis), e da vitamina E (média de 2,4mg/dia ao
invés de 10mg/dia).
       A superalimentação habitual de antigamente, mantinha os
indivíduos longe do risco carencial ou subcarencial. Todos os
regimes hipocalóricos, hipolipídicos ou hipoglicídicos
aumentam o risco de carência das vitaminas A, C, E e dos
minerais magnésio, cálcio, potássio, zinco e ferro; dos ácidos
graxos essenciais e de centena de outros compostos
fitoquimicos importantes. Os vegetarianos apresentam,
frequentemente, carência de ferro, de alguns aminoácidos
(lisina, cisteína, triptofano), de vitamina B12 e de folatos; o
consumo excessivo de fitatos (cereais não refinados) induz à
carência de minerais.
      Os macronutrientes, presentes em maior quantidade nos
alimentos e em nosso corpo, foram mais e melhor estudados
quanto a sua química e as suas funções. O estudo das ações dos
micronutrientes é bem mais recente. Sua presença e suas ações
só foram evidenciadas após os notáveis avanços dos métodos de
NUTRIENTES E TERAPÊUTICA   23

análises bioquímicas. Embora presentes em micro quantidades,
nem por isso apresentam menor importância.
      A década de 50 possibilitou extraordinários avanços à
Medicina com o surgimento de novas e revolucionárias teorias.
Em 1956, Denham Harman formulou a teoria dos Radicais
Livres (RLs), explicando o envelhecimento humano e o
surgimento e agravação de algumas doenças em consequência
da ação destes. RLs são elementos que surgem no organismo
como um subproduto da respiração celular, quando o oxigênio é
transformado em energia no interior da mitocôndria (5% do
oxigênio origina espécies reativas, os temidos RLs). Assim
como ocorreu com outros pioneiros, suas ideias foram recebidas
com ceticismo e levou tempo para que obtivessem o
reconhecimento, que veio a ocorrer na década de 70, quando sua
teoria foi novamente divulgada pela American Academy of
Medical Preventics. Graças a seus trabalhos (6 livros e mais de
150 artigos) foi indicado duas vezes para o prêmio Nobel de
Medicina. Harman é professor de Medicina e Bioquímica na
Universidade de Nebraska (USA).
      A terapêutica através dos nutrientes teve como pioneiros:
os canadenses Hoffer e Osmond, com artigo publicado em 1962,
na prestigiada revista inglesa Lancet; Linus Pauling, duas vezes
prêmio Nobel, além de 50 títulos de Dr. “Honoris Causa”, e
autor de 600 artigos científicos, vários livros e pesquisas nas
áreas de Química, Medicina, Bioquímica e Biologia Molecular;
Carl Pfeiffer (Brain Bio Center, Princeton) com suas obras na
área da psiquiatria; Michael Lesser, fundador da Sociedade de
Medicina Ortomolecular da Califórnia (1975); Roy Walford,
autor das obras “A vida mais longa” e “Um regime de vida
longa”; Patrick Quillin, fundador da revista Nutrition Times
(EUA) e autor do livro “Healing Nutrients”; Denham Harman
(Universidade de Nebraska ), criador da teoria dos RLs; o
bioquímico Richard Passwater, autor do conceito de super-
24   GENERALIDADES


nutrição e de vários livros; Roger J. Williams, professor da
Universidade do Texas, criador do conceito de individualidade
bioquímica e pai da moderna vitaminoterapia; Emanuel
Cheraskin, médico e dentista, idealizador do conceito de
ingestão diária ótima; Elmer Cranton, autor do livro “Trace
Elements, Hair Analysis and Nutrition”; e o médico e
nutricionista Jeffrey Bland, professor da Universidade de
Tacoma (USA) e autor de vários livros.
      Por iniciativa do Food and Nutrition Board, no ano de
1941 , foram criadas as RDAs ( Recomended Dietary
Allowances) , doses diárias recomendadas, tabelas para orientar
a ingestão e suplementação de nutrientes nos EUA.
       A Academia Nacional de Ciências (EUA), reconhecendo
que a carência de nutrientes estava associada a doenças em
populações mal nutridas, editou as primeiras RDA´s, que são,
portanto, recomendações de ingestão de nutrientes e tem por
finalidade evitar a desnutrição e doenças a ela relacionadas. A
partir dos anos 80, muitos médicos têm aumentado as doses de
nutrientes buscando explorar as propriedades terapêuticas
destes nas doenças crônicas, doenças cardiovasculares,
osteoporose, alguns tipos de câncer e numerosas outras
patologias. Hoje a utilização de suplementos (aminoácidos ,
vitaminas e minerais) a nível mundial é uma realidade ,
chegando, em alguns países, a serem consumidos por cerca de
40% da população.
       Foi Pauling quem popularizou o termo ortomolecular, no
artigo - “Ortomolecular Psychiatry” – (revista Science 1968).
Nele referia-se aos trabalhos de Hoffer - com pacientes
psiquiátricos graves, afetados por delírios e alucinações - que
utilizavam suplementação proteica e altas doses de vitamina C e
de vitamina B3 (niacina). Fundou o Linus Pauling Institute of
Science of Medicine, em Palo Alto (Califórnia), onde trabalhou
até o final dos seus dias, em 1994. Publicou seu último livro em
NUTRIENTES E TERAPÊUTICA   25

1986, sob o título de “Como Viver Mais e Melhor”. Foi ele,
também, quem elaborou o conceito de doença da molécula, que,
no organismo, pode ser controlada através da modificação na
concentração dos nutrientes essenciais (vitaminas, minerais e
aminoácidos).
      A introdução da terapêutica através dos nutrientes
(ortomolecular) no Brasil deve-se, entre outros, ao professor Dr.
Helion Póvoa Filho, famoso médico e pesquisador carioca e ao
Dr. Etelvino Bechara, bioquímico de renome internacional e
professor da USP. Em 1976, Póvoa tomou conhecimento da
teoria e da terapêutica ortomolecular. Passou a dedicar-se ao
tema, proferir palestras e, posteriormente, publicar trabalhos
(mais de 400 no Brasil e no exterior). Desenvolveu várias
técnicas laboratoriais para a determinação de RLs.
      Póvoa, é professor convidado de diversas universidades e
presidente de honra de várias sociedades científicas. Outros
nomes, como os doutores Toufik Mattar, José de Felippe Jr.,
Efrain Olszewer, Guilherme Deucher, Virgínia Junqueira e
Juarez Callegaro foram importantes para a divulgação e a
aceitação das novas ideias sobre nutrição e RLs.
       O desenvolvimento da nutrigenética e da nutrigenômica,
ocorreu rapidamente a partir de 2001, logo após a finalização do
projeto Genoma, que mapeou o DNA humano. Ambas têm
como objetivo estudar a interação entre os alimentos e os genes
humanos. A nutrigenética estuda como os genes podem afetar a
forma pela qual o corpo aproveita o alimento. Por sua vez, a
nutrigenômica, investiga como os nutrientes influenciam o
comportamento dos genes. Acredita-se que dentro de poucos
anos, cinco anos talvez, estejam à disposição, regimes de
alimentação elaborados para cada pessoa, escolhidos a partir do
perfil genético.
     Pesquisadores da Universidade de Ohio (EUA), estudam a
26   GENERALIDADES


relação entre os alimentos e o câncer. Realizaram experimentos
com extratos secos de frutas vermelhas e verificaram sua
eficácia no tratamento de alguns tipos de câncer, pela ação dos
princípios ativos fitoquímicos agindo sobre uma centena de
genes envolvidos no desenvolvimento do tumor (Garry Stone in
Cancer Research).
      Crianças brasileiras entre 2 e 6 anos comem mais do que
deveriam, mas, mesmo assim, carecem de nutrientes essenciais
como, vitaminas, minerais e fibras, segundo trabalho da Nutri-
Brasil Infância (2007), realizado com três mil cento e onze
crianças matriculadas em creches e pré-escolas da rede pública e
particular de 9 estados brasileiros. O estudo mostrou uma
realidade inquietante pois as crianças brasileiras costumam
deixar no prato parte das frutas, legumes e verduras oferecidas,
dando preferência a alimentos como arroz, feijão, macarrão e
biscoitos, que não oferecem a totalidade dos nutrientes
necessários. A principal carência observada foi a de cálcio,
encontrado em quantidades reduzidas em 57% das crianças.
Outro problema alimentar detectado foi a baixa ingesta de fibras
alimentares, que afeta 95% das crianças.
      Trabalhos realizados na USP (SP), sob a coordenação do
professor Dr. Fernando Moreno, mostraram que o princípio
ativo do espinafre, o geranilgeraniol, é capaz de impedir a ação
de genes importantes para a proliferação de células tumorais.
Também é estudada a ação dos princípios ativos do chá verde
contra os tumores de mama e, dos princípios ativos da soja,
capazes de interferir no funcionamento de cento e vinte e três
genes envolvidos no tumor de próstata.
Capítulo 2 - MINERAIS
                                “Se um cientista diz que algo é possível é
                          provável que esteja correto; mas se ele diz que
              algo é impossível, muito provavelmente ele estará errado.”
                                                            Arthur Clark



      O corpo humano necessita de, pelo menos, dezessete
minerais para suas funções, como o cálcio - o mais abundante -
(1000-1500g), o enxofre (175g), o magnésio (350g), o fósforo
(800g) e elementos-traço (necessários em micro quantidades),
como o molibdênio, o vanádio e outros. Os minerais presentes
em grande quantidade são conhecidos como macroelementos e
os presentes em pequena quantidade, como microelementos.
      Proteínas, gorduras e carboidratos não serão
transformados em energia, se os minerais não estiverem
presentes como catalisadores. Sem vitaminas e minerais
específicos, a energia não pode ser extraída dos alimentos.
      As reações bioquímicas no organismo são catalisadas por
um ou dois minerais, que se ligam ao centro ativo das enzimas.
Os minerais bioativadores de enzimas são: ferro, magnésio,
manganês, cálcio, zinco, cobre, cobalto, molibdênio, vanádio e
selênio.
     Mesmo num país relativamente bem alimentado, como os
EUA, observam-se carências minerais importantes, quando
considerada a nutrição a nível intracelular: carência de
magnésio em 75% da população; de ferro, em 60%; de zinco,
em 40% e de cálcio, em 68%.
     Mineralogramas analisados em Pelotas (RS), no ano de
1998, mostraram resultados semelhantes: carência de magnésio
em 78%; de ferro, em 40%; de cálcio, em 70%; de selênio, em
90% e de cromo em 92%.
28    MINERAIS


      A deficiência mineral afeta os sistemas biológicos: o
sistema imune depende de cobre, zinco, manganês, ferro e
selênio; a produção de energia, de magnésio, fósforo e
manganês; a produção de hormônios, de ferro, manganês,
zinco, cobre, magnésio e potássio; a produção dos elementos
figurados do sangue, de cobre, zinco e ferro; os sistemas
enzimáticos, de cobre, zinco, manganês, magnésio e ferro; por
fim, a reprodução humana depende de fósforo, cobre, potássio,
manganês, zinco e magnésio.
     Liebig (1920) foi o autor da Lei do Mínimo - o conceito
número um da nutrição mineral. Diz a Lei que, num
determinado sistema biológico, a velocidade de um sistema
enzimático que dependa de dois ou mais minerais será
determinada pela concentração do mineral presente em menor
quantidade.
      Quando se dosam níveis minerais no exame de sangue, o
que se está avaliando é o mineral que está sendo transportado
de um lugar para outro no organismo. Quando o exame é feito
na urina, o que está sendo dosado é aquilo que foi transportado
(não aproveitado e excretado). Já no exame do cabelo, o que é
dosado é o estoque desse mineral, ou seja, a parte que está
armazenada e que deverá ser usada em condições de
necessidade.
     Os minerais disponíveis para suplementação podem ser
encontrados na forma inorgânica (carbonatos, sulfatos), na
forma orgânica (citratos, aspartatos, gluconatos) ou quelados.
      Os inorgânicos são menos absorvidos, devendo ser
ingeridos em maior quantidade.
     Os minerais aminoácidos quelados tiveram sua estrutura
química definida em 1894, pelo alemão Warner.
     O termo quelado provém do grego “chel” (garra), ligado
ao metal. O laboratório Albion (Utah, EUA) foi o pioneiro na
NUTRIENTES E TERAPÊUTICA   29

pesquisa e produção de minerais quelados para uso humano.
       Um mineral aminoácido quelado é definido como o
produto resultante da reação de um íon metálico polivalente
com aminoácidos, tendo uma razão molar de 1:1, 1:2 ou 1:3,
formando ligações covalentes e iônicas entre eles. Para
absorção efetiva do quelado intacto pelas células da mucosa
intestinal, este deve ter um peso molecular menor do que 800
daltons.
      São vantagens dos minerais aminoácidos quelados em
relação aos minerais inorgânicos: apresentarem altas taxas de
absorção; serem praticamente isentos de efeitos colaterais;
independerem da quantidade de ácido clorídrico para sua
absorção; serem resistentes à ação de substâncias
sequestradoras da dieta; não competirem entre si ou com
alimentos pelos sítios de absorção no intestino e também não
interagirem com nenhum medicamento.
       Os minerais quelados com aminoácidos são ideais para
fins nutricionais por não serem liberados no estômago, não
serem ionizáveis e por serem rapidamente absorvidos no
intestino delgado. Já os sais inorgânicos não são absorvidos em
taxas maiores do que 5 a 30%. Sua absorção também decai na
presença de alimentos.
      O Dr. Hans Nieper (Hannover) preconiza o uso
preferencial de minerais ligados a orotatos, pois acredita que
esta forma de quelado é mais eficaz, devido a sua grande
afinidade pela mitocôndria.
      Os minerais quelados “taste-free” (sem sabor) permitem
que sejam feitas preparações farmacêuticas na forma de
suspensões e xaropes. Estão indicados nos casos em que a
apresentação em cápsula não é a mais adequada (pediatria,
geriatria, intolerância às cápsulas, estreitamento esofágico e
alterações neurológicas da deglutição). Podem ser associados a
30     MINERAIS


vitaminas e a outros produtos farmacêuticos, ou simplesmente
ser ingeridos sob forma de pó (diretamente).


Boro
      Foi identificado como novo elemento quimico em 1824
pelo sueco Jöns Berzelius. Graças ao trabalho dos Drs. Curtis
Hunt e Forrest Nielsen, do USDA Human Nutrition Research
Center (Dakota do Norte-EUA), o boro foi reconhecido como
mineral importante em nutrição humana (1981).
      Nielsen demonstrou que mulheres menopauseadas
tiveram uma considerável redução na excreção de cálcio,
magnésio e fósforo pela urina depois da administração de
3mg/dia de boro. Pensavam que este poderia elevar o nível de
estrógeno no sangue das mulheres na menopausa.
      A carência de boro aumenta a excreção urinária de cálcio
e magnésio (em até 44%), reduzindo as concentrações séricas
de 17-beta-estradiol e testosterona.
      O boro é necessário ao metabolismo dos hormônios
tireoidianos e, em quantidades mínimas, à absorção e
assimilação do cálcio. Exerce, ainda, ação sobre a
permeabilidade das membranas celulares.
      Sob ação dos raios UV o 7-dehidrocolesterol (pró-
vitamina D) presente na pele é transformado em colecalciferol
(vitamina D3). No fígado, é convertido enzimaticamente em
25-OH-colecalciferol, 5 vezes mais potente que a vitamina
D3, e no rim, sob a ação de outra enzima, em 1-25-
OH-colecalciferol (ou calcitriol), 10 vezes mais ativo que a
vitamina D3. O boro é fundamental para esta conversão, e a do
estrogênio (muitas mulheres em menopausa apresentam altos
níveis de 25-OH-vitamina D3 e baixos níveis de 1-25-OH-
vitamina D3).
NUTRIENTES E TERAPÊUTICA   31

      O boro fornece grupos hidroxilas, essenciais para a
síntese das formas ativas de alguns hormônios esteroides,
especialmente os hormônios relacionados ao metabolismo
ósseo e ao crescimento muscular.
      Um nível adequado de boro é necessário para a produção
de testosterona e 17-beta-estradiol (forma mais ativa de
estrogênio).
      Níveis baixos de boro podem ocorrer devido à baixa
ingesta ou à má-absorção, e resultam em baixa deposição de
cálcio nos ossos e perda da elasticidade da pele. O boro
presente no cabelo apresenta estreita correlação com os níveis
sistêmicos.
      O boro antagoniza a vitamina B2; por isso, quando os
níveis de boro estiverem elevados, uma suplementação de
vitamina B2 deve ser providenciada.
     O metabolismo do boro está relacionado de forma indireta
ao metabolismo do cálcio, magnésio e fósforo. Em doses altas
parece exercer ação supressora sobre a atividade da paratireoide.
É necessário à fisiologia da membrana celular.
      O boro desempenha importante papel na deposição de
cálcio na matriz óssea, especialmente na coluna vertebral (a
deposição de cálcio nesta região é bastante efetiva sob a ação
hormonal e o boro parece possuir uma ação “estrogênio like”).
      A deposição de cálcio no fêmur não está ligada à ação
hormonal, mas sim à ação da vitamina D. Nesta região a ação do
boro é menos efetiva do que na coluna cervical. Em mulheres, a
carência de boro está correlacionada com um aumento da perda
de cálcio pela urina e também com uma diminuição do nível do
estrogênio. O cabelo é ligeiramente sensível à contaminação
externa por boro.
32     MINERAIS


      Após constatar que pessoas com artrite reumatoide
possuíam baixas concentrações de boro nos ossos e no líquido
sinovial, o Dr. R. E. Newnham (Nova Zelândia) administrou a
seus pacientes suplementos de boro (6mg/24 hs), revertendo os
sintomas em 80% deles.
      O Hospital Real de Melbourne (Austrália), em trabalho
recente, confirmou os achados do Dr. Newnham. Outros
trabalhos mostram que a incidência da doença atinge 20 a 70%
da população, nas regiões onde a taxa de ingestão de boro está
abaixo de 1mg/dia; naquelas onde a ingesta está entre 3-
5mg/dia, a incidência oscila ao redor de 10%.
      O excesso de boro costuma desencadear náuseas, vômitos,
diarreia e letargia. As intoxicações pelo boro não costumam
estar relacionadas aos suplementos minerais, mas sim a ingesta
do boro a partir do ácido bórico, usado como integrante de
formulações de pastas baraticidas, para o extermínio das baratas
domésticas.
      São fontes de boro: o feijão, os legumes de folhas verdes,
as frutas, as amêndoas, o suco de uva e o vinho. Uma garrafa de
vinho tem tanto boro quanto as reservas do corpo humano.
Outras fontes de boro são os antiácidos, os descongestionantes,
alguns produtos de higiene dental e alguns laxativos.Os níveis
de boro contidos nos alimentos dependem, fundamentalmente,
da quantidade de boro assimilável presente no solo. A dose
diária ótima é de 0,04mg/kg de peso corporal.


Cálcio
      O cálcio foi descoberto em 1808 pelo químico inglês
Humphry Davy. É o mineral mais abundante no corpo humano
- cerca de 1,6% do seu peso - (1000-1500g de cálcio). A forma
de cálcio encontrada no leite é o lactato; o cálcio dos alimentos
NUTRIENTES E TERAPÊUTICA   33

é o carbonato; o dos ossos e dos dentes, é o fosfato de cálcio;
nos legumes, encontra-se o gluconato de cálcio.
      O citrato de cálcio possui 24% de cálcio e 76% de citrato;
o lactato de cálcio, 13% de cálcio; o gluconato, 9% de cálcio; o
fosfato de cálcio, 29%; o carbonato de cálcio 40%; o ascorbato
de cálcio, 10%; o aspartato, 20%; o orotato, 20%; o
pantotenato, 45%; o trifosfato, 39%, e o cálcio glicina, 20%.
      A presença de sais biliares, gorduras e substâncias ácidas
(vitamina C, por exemplo) ajudam na absorção do cálcio. Por
outro lado, stress físico ou emocional, o sedentarismo, a alta
ingestão de fósforo e as dietas hiperproteicas prejudicam sua
absorção.
      Pelos padrões tradicionais de avaliação do cálcio sérico,
as deficiências encontradas estão na ordem de 30%; a nível
intracelular, é significativamente maior (68%).
      Pelo menos 30% das mulheres acima de cinquenta e cinco
anos e dos homens acima de sessenta anos têm deficiência de
cálcio suficiente para justificar fraturas patológicas.
      Nos EUA 1,3 milhões de fraturas/ano são atribuídas à
deficiência de cálcio, a um custo de US$3,8 bilhões. Uma
deficiência média de cálcio não é bem diagnosticada pela
avaliação no sangue, uma vez que o organismo tende a manter
os níveis sanguíneos de cálcio, mesmo tendo que retirá-lo da
matriz óssea.
      A dieta americana média contém 700mg de cálcio; no
Brasil, os níveis médios são ainda menores.
      As mulheres deveriam fazer suplementação de cálcio e
magnésio após os 30 anos, para atingir o pico máximo de massa
óssea evitando, assim, a osteoporose, que costuma ter início
entre os 45/55 anos. Graças à magnitude da falta de cálcio entre
34    MINERAIS


as mulheres a osteoporose tem sido comparada a uma
“epidemia silenciosa”.
      Outros elementos essenciais à formação do osso são
zinco, manganês, cobre, ferro, boro, vitamina D e vitamina K.
O cálcio é mais eficaz quando ingerido em doses fracionadas,
durante o dia e antes de dormir. Quando administrado à noite,
ajuda a atingir o sono profundo.
     A perda de cálcio aumenta na menopausa; os estrógenos,
embora não produzam ossos novos, impedem uma
descalcificação acelerada.
     O boro e a vitamina D também contribuem para deter a
desmineralização óssea.
      O cálcio depositado nos ossos, 1% no extracelular e 0,1%
no citosol, sob a forma de sais de cálcio, é fundamental para a
manutenção da integridade do esqueleto; no extracelular e no
citosol desempenha papel essencial em uma variedade de
processos bioquímicos celulares.
      O cálcio extracelular circula no plasma sob 3 formas, a
saber: 50% sob a forma ionizada, fisiologicamente a mais
importante; 40% ligado às proteínas e 10% sob a forma de
“complexos” (principalmente em bicarbonato, citrato e fosfato).
      Segundo Jefrey Bland, baixos níveis de cálcio no cabelo
indicam reservas corporais diminuídas, habitualmente não
evidenciáveis através das dosagens plasmáticas, devido aos
mecanismos reguladores mediados pelo PTH, calcitriol e cálcio
iônico (dentre outros fatores), que concorrem para a manutenção
dos níveis fisiológicos circulantes. Cabelos grisalhos
apresentam baixos níveis de cálcio em relação aos cabelos não
grisalhos.
      A necessidade diária de cálcio está em torno de 1000mg
(obs: 1ml de leite fornece cerca de 1mg de cálcio). Sua absorção
NUTRIENTES E TERAPÊUTICA   35

é melhor em pH ácido e pode ser melhorada em presença de
alimentos ricos nos aminoácidos lisina, arginina e histidina. A
elevação do pH decorrente da produção diminuída de HCl no
idoso é um dos fatores que concorrem para o balanço negativo
do cálcio na terceira idade. Este fenômeno tem início quando a
ingesta é inferior a 380mg/dia, estimulando os mecanismos
responsáveis pela remoção do cálcio ósseo, para a manutenção
dos níveis fisiológicos circulantes deste mineral. Osteoporose é
o resultado final deste processo. O cálcio removido dos ossos
tende a depositar-se nos tecidos (má distribuição), podendo
ocorrer a formação de cálculos renais.
     A Inglaterra fortifica sua farinha de trigo com a adição de
carbonato de cálcio (235 a 390mg/100g) para garantir adequada
formação de massa óssea a sua população.
      São sintomas da carência de cálcio: câimbra, insônia,
ansiedade, irritabilidade, unhas quebradiças, excitabilidade
neuromuscular exacerbada, eczema, retração da linha gengival e
doença periodontal (secundária à osteoporose maxilar). A má
distribuição do mineral resulta na deposição em partes moles
(principalmente tecido conjuntivo). A hipocalcemia grave
(cálcio sérico inferior a 7mg/100ml) pode causar laringo-
espasmo e convulsões generalizadas.
      A história clínica do paciente poderá mostrar hábitos de
vida e sintomas que revelam a carência de cálcio. O
desequilíbrio entre a ingesta de cálcio e magnésio (adequada na
proporção de 2:1), a ingesta excessiva de cafeína (café, chá
preto e chimarrão), álcool, fosfatos, bebidas tipo “cola”, a
hipocloridria (uso continuado de inibidores da bomba de
prótons e antagonistas H2), o sedentarismo, a falta de exposição
à luz solar (deficiência de vitamina D), concorrem para uma
deficiência nas reservas corporais totais de cálcio. As carnes
vermelhas contêm cálcio e magnésio na proporção de 20:1 (o
ideal é 2:1). Esta desproporção favorece o deslocamento do
36    MINERAIS


cálcio e a consequente deposição em partes mole (e/ou excreção
renal). A reposição do cálcio deve se fazer acompanhar de
proporções adequadas de magnésio e zinco.
      O cálcio alto no mineralograma (falsamente elevado)
também pode ser devido à contaminação externa, especialmente
através de “permanente” ou tratamentos capilares. Está indicado
dosar o nível de cálcio excretado na urina de 24 horas.
      Níveis baixos de cálcio e magnésio podem estar
relacionados ao desenvolvimento da hipertensão na gravidez e
na pré-eclâmpsia. Estudos observaram uma correlação inversa
entre ingesta de cálcio e incidência de hipertensão.
      O cálcio baixo no sangue ou no mineralograma sugere
ingesta insuficiente (necessidade diária igual a 1g), má-absorção
do mineral (requer pH ácido) ou deslocamento por alta
concentração de fósforo; osteopenia, osteoporose, hipocloridria
(por stress, com deficiência de zinco e/ou vitamina B6), embora
subclínicos, podem estar associados.
      A absorção do cálcio inorgânico (o mais utilizado é o
carbonato de cálcio) depende do pH do estômago e de sua
ionização no intestino.
     Estudos feitos em mulheres pós-menopausa mostraram
que 40% delas apresentavam severa deficiência na secreção de
HCl. Pessoas com hipocloridria conseguem absorver somente 4
a 7% do carbonato de cálcio ingerido, enquanto que, em
condições normais, a absorção varia de 11 a 22%.
      Os astronautas, no espaço, perdem muito cálcio
diariamente, pela falta de atividade física e de gravidade.
Doentes acamados por longos períodos perdem massa óssea
pela inatividade.
      A fixação do cálcio no osso depende (além de nutrientes)
de exercício, para que o efeito piezo-elétrico ocorra.
NUTRIENTES E TERAPÊUTICA    37

       Situações especiais como carência de cálcio e gravidez,
por exemplo, podem aumentar em muito a taxa de absorção
intestinal do cálcio (a gravidez, em até 50%).
      A sudorese profusa pode gerar perdas de cálcio de até
1000mg/dia (exercícios extenuantes exigem suplementação de
cálcio).
      A suplementação diária de 1000mg de cálcio reduz a
incidência de fraturas vertebrais em até 50% e diminui o risco
de osteoporose na menopausa. Ingesta de cálcio superior a
2g/dia, na ausência de magnésio e vitamina B6, pode causar
hipercalcemia e a formação de cálculos renais.
      A ingestão diária de leite (média brasileira de 300ml)
fornece cerca de 30% das necessidades diárias de cálcio para
uma pessoa normal (1ml de leite contém aproximadamente 1mg
de cálcio).
      O cálcio é melhor absorvido quando ingerido à noite. O
hábito de tomar leite à noite, antes de dormir, garante excelente
absorção e uma boa indução ao sono fisiológico.
     A casca de ovo tem a biodisponibilidade de cálcio
melhorada se for preparada com vinagre ou suco de limão (o
pH ácido favorece a absorção do cálcio), no entanto, devido à
contaminação por coliformes fecais, não está indicada para uso
humano. A simples lavagem com água não remove as bactérias,
fazendo-se necessária sua esterilização para poder ser
consumida.
      São elementos que concorrem para a osteoporose: déficit
nutricional (especialmente de cálcio), excesso de bebidas
gaseificadas (por seu alto teor de fósforo), sedentarismo,
excesso de vitamina D, pouca exposição ao sol, deficiência de
estrogênio, excesso de álcool e/ou cafeína e intoxicação por
metais pesados. Um dos primeiros ossos a sofrer
descalcificação é o osso alveolar (arcada dentária), o que
38    MINERAIS


contribui para a instalação da doença periodontal observada em
até 8% da população. A dose diária ótima de cálcio é de
12mg/kg de peso corporal.
      São fontes de cálcio: leites e derivados (400mg a
800mg/100g), salmão, sardinha, amendoim, feijão, sementes de
girassol e vegetais verdes folhosos (brócolis, couve, repolho).
Uma das tomadas diárias de cálcio deve ser feita antes de
dormir, para contrabalançar a grande perda que ocorre durante
o sono devido a menor atividade do corpo.


Cobalto
      O cobalto foi descoberto em 1737 pelo químico George
Brandt, quando analisava um mineral que denominou “kobold”,
que significa espírito. Em 1948, foi reconhecido como essencial
à nutrição humana.
      Já no antigo Egito (2600 a.C.), empregavam-se os sais de
cobalto no preparo de cerâmicas, como pigmentos de cor azul.
Atualmente, ainda é utilizado em pigmentos cerâmicos e como
pigmento azul para tintas.
      Sua concentração no organismo é extremamente baixa, e
localizado fundamentalmente no fígado. Sua principal função
no organismo é fazer parte do centro ativo da vitamina B12 (o
cobalto corresponde a 4% da composição desta vitamina) e da
coenzima B12, importantes na função e na vitalidade dos
glóbulos vermelhos (estimula a eritropoiese e favorece a
incorporação de ferro e protoporfirina). Também e considerado
um dos minerais que ativam as funções do sistema imunológico
(os demais são cobre, ferro, manganês, selênio e zinco).
     Em 1966, Quebec observou uma estranha doença
acometer seus “pesados” tomadores de cerveja: a
miocardiopatia do bebedor de cerveja, decorrente da interação
NUTRIENTES E TERAPÊUTICA   39

entre o cobalto orgânico e o etanol. Todos eles tomavam entre 6
e 30 cervejas por dia. A análise da cerveja canadense mostrou
1,2 ppm de cobalto, o qual era empregado como estabilizador
de espuma, uma vez que os detergentes estavam diminuindo
seu “colarinho”.
     O cobalto é ingerido sob forma orgânica (vitamina B12),
forma quelada (cobalto quelado) ou forma inorgânica (cloreto
de cobalto), sendo todas pouco absorvidas por via oral. A forma
melhor absorvida é a quelada, contendo 0,2% de cobalto.
      Os seres humanos são incapazes de converter o cobalto
inorgânico em vitamina B12. A taxa de cobalto contida na dieta
varia muito, dependendo do tipo de alimento, área geográfica e
tipo de solo. Vegetarianos têm níveis de cobalto baixos.
      Sinais da intoxicação aguda por cobalto incluem
distúrbios gastrointestinais, dor abdominal e vômitos. Também
são observadas dermatites, alterações renais, de tireoide,
respiratórias e insuficiência cardíaca congestiva.
      As principais fontes de intoxicação por cobalto são: solos
e águas ricas em cobalto, mineração, operações e lixamento de
pedras e metais, manuseio de tintas, agentes para lavagem a
seco, esmaltes e eletrogalvanoplastias.
      Baixos níveis de cobalto no sangue ou no mineralograma
sugerem deficiências na ingesta ou má absorção; pode haver
diminuição da função imune e tendência à depressão. Níveis
elevados são raros. O nível de cobalto no cabelo é fidedigno
para monitorar os estoques do corpo, não estando sujeito à
contaminação externa. São sintomas da deficiência de cobalto:
fadiga crônica, falta de resistência física, anemia megaloblástica
e parestesias.
      O cobalto é pobremente absorvido no intestino, o que
torna interessante a suplementação via sublingual.
40    MINERAIS


      As principais fontes de cobalto são as proteínas de origem
animal (carne, rins, fígado, ostras, mexilhões e leite). Os
vegetarianos têm maior probabilidade de desenvolver quadros
carenciais de cobalto. O cobalto é parte integrante da molécula
da vitamina B12 (cianoCOBALamina). Podem ser utilizados
sais inorgânicos (como o cloreto de cobalto), porém sua
absorção é baixíssima (1%). A dose diária ótima de cobalto é
1mcg/kg de peso corporal.


Cobre
      Foi um dos primeiros metais que o homem conheceu
(5000 a.C.). A associação do cobre ao estanho marcou o
nascimento da idade do bronze. É um componente essencial em
dezenas de sistemas enzimáticos responsáveis pela produção de
energia, ação anti-RLs, integridade do colágeno e formação da
melanina e elastina.
      Desde a década de 20, é conhecido o papel do cobre na
resposta às anemias ferroprivas (80% dessas apresentam,
concomitantemente, deficiência de cobre e zinco). O cobre
participa do metabolismo do ferro e da síntese da hemoglobina,
sendo necessário à incorporação do ferro ao grupamento heme.
     Encanamentos de cobre para água quente podem intoxicar
seus moradores, por liberarem continuamente pequenas
quantidades do metal, especialmente em cidades ou zonas cuja
água tiver pH ácido. Os quadros de pré- intoxicação cursam
com periódicas indisposições gastrointestinais. A primeira água
da manhã, por permanecer mais tempo em contato com os
canos, apresenta os maiores teores.
      Baixos níveis de cobre no sangue ou no mineralograma
sugerem deficiência na ingesta, má absorção ou deslocamento
pelo zinco, molibdênio ou enxofre. Dietas exclusivamente
lácteas e/ou diarreias frequentes são causas possíveis de
NUTRIENTES E TERAPÊUTICA   41

carência de cobre.
      Clinicamente, os baixos níveis de cobre estão associados
aos distúrbios do metabolismo do ferro, anemia, retardo no
crescimento, carência proteica, lesões cardiovasculares,
aterosclerose, síntese fosfolipídica imperfeita, dermatoses,
diminuição da produção de melanina (levando à pigmentação
anormal da pele ou à perda da cor do cabelo), desmineralização,
fraturas e deformações nos ossos, hipercolesterolemia,
alterações no metabolismo da tireoide, dores articulares e baixa
imunidade.
     Este mineral costuma encontrar-se diminuído nas
colagenoses e esta diminuição pode também favorecer à ruptura
da túnica elástica dos vasos sanguíneos. O excesso de
molibdênio torna o cobre indisponível, ao formar complexos
Cu/Mo.
      O cobre é um cofator essencial à atividade de uma série de
enzimas, incluindo citocromo C oxidase, lisil oxidase,
ferroxidase, SOD, catalase, tirosinase, MAO, ácido ascórbico
oxidase, uricase, dopamina hidroxilase, ureidosuccinase e
descarboxilase oxaloacética. Também está envolvido na
formação das catecolaminas e na conversão do triptofano em
serotonina. Parece estar envolvido na absorção e transporte de
ferro e na síntese da hemoglobina; sua interação com o ferro é
essencial para a eritropoese. Ainda, concorre para a manutenção
da mielina, do colágeno e da elastina, assim como para a
formação dos ossos.
      Os níveis de cobre e, particularmente, da proteína que o
carrega - a ceruplasmina - são elevados pelos estrógenos. Seus
níveis aumentam durante a gravidez.
      Os níveis altos de cobre podem ser fator de depressão pós-
parto ou de psicose pós-parto.
42    MINERAIS


      As mulheres que utilizam D.I.U. de cobre absorvem 30-
50mcg/dia, quase 1% da quantidade absorvida através da dieta.
Pessoas que aderiram à moda dos braceletes de cobre referiram
melhora dos sintomas de artrite: o bracelete, sob a ação do suor,
libera traços de cobre continuamente, que é absorvido pela pele.
      Os gluconatos e os aspartatos são melhor absorvidos do
que os sais inorgânicos, porém a melhor absorção é a dos
quelados. O cobre quelado com glicina é de 3 a 6 vezes melhor
assimilado do que os sais inorgânicos de cobre; o magnésio
quelado, cerca de 3 vezes melhor; o ferro quelado, 5 vezes; o
zinco, cerca de 3 vezes.
      O colesterol é transformado em ácidos biliares pela
metaloenzima hepática colesterol-7-alfa-hidroxilase, cobre
dependente; a carência deste mineral concorre para a
hipercolesterolemia.
      O cobre e o zinco são necessários para a produção de
TSH. O cobre (assim como o zinco) é necessário para o
metabolismo periférico da tiroxina (T4) em triiodotironina (T3);
logo, desequilíbrios na relação cobre/zinco poderão ser um fator
causal de anormalidades na produção e utilização do hormônio
da glândula tireoide.
       A deficiência de cobre pode favorecer o desenvolvimento
de aneurismas, uma vez que diminui a atividade da enzima
lisiloxidase, responsável pelo “cross-linking” das fibras de
colágeno e elastina das paredes dos vasos.
      A ingesta de doses elevadas de cobre (acima de 5mg/dia),
sem a devida reposição de zinco (na proporção de 1:5 a 1:15),
diminui a ação da SOD citoplasmática, cobre e zinco
dependente, pois o excesso daquele reduz a absorção deste (e
vice-versa).
      O gosto de metal na boca pode ser indicador de excesso de
cobre, embora muitos outros metais produzam o mesmo
NUTRIENTES E TERAPÊUTICA   43

sintoma. O excesso de cobre pode ser causa de hiperatividade
infantil (outras causas são: déficit de vitamina B3, vitamina B6,
taurina e magnésio, ou, ainda, excesso de fósforo).
      A forma em que um mineral se apresenta pode determinar
sua utilização médica ou sua toxidez. O arsenito de cobre é
tóxico e o sulfato de cobre não é apropriado para uso humano. O
cobre glicina é muito bem tolerado.
      A associação do mineral a um aminoácido visa a aumentar
o tropismo do mineral por um determinado órgão: o aspartato
tem tropismo pelo coração; a arginina, pelos orgãos
reprodutores; a histidina, pelo tecido nervoso; a lisina, pelas
articulações e o orotato, pelas mitocôndrias.
     A cardiopatia isquêmica é mais comum em pacientes com
carência de cobre. O miocárdio sofre intensa peroxidação,
quando há insuficiente atividade da SOD (cobre/zinco
dependente). Pode-se usar o cobre como indicador da atividade
da cobre/zinco SOD, a qual contém 60% do cobre eritrocitário.
      A deficiência de cobre pode precipitar quadros de
enfisema pulmonar, devido à diminuição da atividade da SOD, e
por deficiência de alfa-1-antitripsina (cobre dependente) com a
consequente diminuição da elasticidade dos alvéolos.
      A administração de cobre, zinco, manganês e coenzima Q-
10 parece atuar positivamente nos quadros iniciais dessa
patologia.
      Embora as amostras de cabelos enviadas para análise
(mineralograma)       sofram     lavagens    nos     laboratórios
especializados, a remoção do cobre exógeno a ele aderido não é
efetiva, interferindo, assim, com os resultados. O zinco aderido
ao cabelo é um pouco melhor removido, embora ainda persistam
níveis suficientes para evidenciar a contaminação externa. Uma
fonte importante de contaminação são os encanamentos de
cobre; ainda, “permanentes”, tinturas para o cabelo e algicidas
44    MINERAIS


(água de piscina). É trinta vezes mais fácil ocorrer
contaminação externa pelo cobre do que pelo zinco.
     A dose diária ideal é de 0,014mg/kg de peso corporal.
      São fontes de cobre: fígado (8mg/100g), rins, coração,
carnes vermelhas, frutos do mar (ostras possuem altas
concentrações), frutas, trigo, soja, levedo de cerveja, cacau,
feijão e ervilha. O leite é pobre em cobre (0,2mg/100ml).


Cromo
      Esse mineral foi isolado pelo químico francês Louis-
Nicolas Vauquelin, em 1797, que o denominou cromo, que
provém da palavra grega ¨chroma¨, que significa cor, devido às
cores variadas de seus sais. Em 1957, Kenneth Schwarz e
Walter Mertz - nutricionistas do U. S. Agricultural Research
Service - foram os primeiros a relacionar a ação
hipoglicemiante da levedura de cerveja (100mcg de
cromo/10g de levedura) à presença do cromo GTF (fator que
se liga à insulina, favorecendo sua atividade). Em 1989,
graças ao trabalho do Dr. Mertz, o cromo foi reconhecido como
elemento essencial ao metabolismo da glicose e dos ácidos
graxos, à ação da insulina e ao crescimento da massa muscular,
já que facilita a liberação deste hormônio e sua ligação aos
tecidos.
       O cromo é um componente do “Fator de Tolerância a
Glicose” (GTF), substância que trabalha com a insulina para
facilitar a entrada da glicose nas células, regulando os níveis
glicêmicos. A molécula de GTF contém vitamina B3 (niacina),
cromo e os aminoácidos glicina, ácido glutâmico e cisteína.
     A presença da vitamina B3 é importante para a resposta
aos suplementos de cromo. A deficiência de cromo é comum
nos diabéticos não insulino dependentes (DMNID) e pode
NUTRIENTES E TERAPÊUTICA   45

contribuir para a resistência insulínica e para a elevação dos
níveis de triglicerídeos e colesterol sérico. A administração de
cromo em portadores de diabetes mellitus 2 (DMNID) regula os
níveis de glicose, diminui os níveis séricos de insulina,
colesterol total e triglicerídeos e aumenta os níveis do HDL.
      Baixos níveis de cromo no sangue ou no mineralograma
sugerem deficiência na ingesta e/ou má absorção; podem estar
relacionados à idade avançada, gravidez, alta ingesta de
carboidratos refinados, diabete juvenil, alteração no
metabolismo de proteínas e/ou depleção de reservas por
consumo metabólico excessivo.
      A carência de cromo induz à redução na       atividade da
insulina, deficiência no metabolismo de açúcares   (tolerância à
glicose diminuída), deficiência no metabolismo      de gorduras
(especialmente colesterol), podendo também ser     indicador de
depressão.
      A deficiência de cromo pode causar aumento da placa de
ateroma, elevação do colesterol LDL, aumento da dependência à
insulina (em diabéticos), alteração da resposta ao estresse e
opacidade da córnea.
      O metabolismo da glicose pode ser avaliado no sangue ou
também através do mineralograma, pelos níveis de cromo
(juntamente com zinco, vanádio e manganês); baixos níveis
sugerem alteração no metabolismo da glicose.
      O cromo é o primeiro dos minerais a ter sua absorção
diminuída, à medida que a idade avança; o lítio é o segundo,
pois sua absorção é facilitada pelo cromo.
      A intolerância ao álcool pode ser um sinal de deficiência
de cromo. A excreção urinária de cromo aumenta sob a ação do
stress de qualquer natureza, regime hipoproteicos, exercícios
fatigantes, hemorragia aguda, e infecções.
46     MINERAIS


     O uso do cromo picolinato em alguns casos de obesidade
tem demonstrado resultados encorajadores.
      A perda de peso ocorre pelo aumento da sensibilidade
das células à insulina, o que, além de regular níveis glicêmicos,
também estimula a termogênese e aumento da massa muscular.
      A suplementação de cromo picolinato em atletas
mostrou ser capaz de acelerar a redução da gordura corporal
em 12,2% após 30 dias de suplementação (200mcg, 2 vezes
ao dia).
      A deficiência de cromo é muito comum nos EUA e no
Brasil. O exame de confirmação pode ser feito no sangue.
Atualmente, 90% dos americanos com mais de 50 anos têm
deficiência de cromo, devido à ingesta diária de apenas 50mcg
(Richard Anderson e Adrianne Kozlovsky - Academia Nacional
de Ciências – EUA).
      Nos brasileiros, a deficiência é semelhante. No diabetes
mellitus, a associação de cromo, manganês e zinco ajuda no
controle dos níveis glicêmicos.
     Diabéticos que requerem de 60-80U/dia de insulina,
podem reduzir para 30-40U/dia com o auxílio de cromo GTF.
      O aporte diário de cromo nos países nórdicos também
está abaixo das necessidades mínimas diárias.
     O cromo apresenta-se em dois estados de valência: o
cromo III (biológico), e o cromo VI (industrial), que é
potencialmente tóxico.
      Os sais de cromo VI podem causar lesões renais,
hepáticas e neoplasias; à exposição da epiderme (trabalhadores
da indústria de cimento, cromagens, metalúrgicas) ocorre
dermatite química irritativa, que aparece nas zonas expostas.
      A inalação do pó de cromo VI ocasiona lesões nas vias
aéreas superiores. O cromo III (existente no organismo), que
NUTRIENTES E TERAPÊUTICA   47

faz parte da molécula de GTF, é apresentado comercialmente
como cromo DNG (dinicotinato de glicina) ou cromo GTF
(fator de tolerância à glicose).
      O cromo atua em sinergismo com a insulina, glicose,
magnésio, vitamina B6, zinco, vitamina B3, glicina, cisteína e
ácido glutâmico.
      Suplementos de cromo devem ser tomados por quem
pratica exercícios físicos, por pessoas que se alimentam de
produtos refinados (cujo processo industrial expolia o cromo)
e por indivíduos idosos (o processo de envelhecimento costuma
cursar com carência de cromo).
     Todos os diabéticos e pré-diabéticos têm deficiência de
cromo. O cromo, necessariamente, precisa ser administrado sob
forma de quelado.
     Os sais de cromo inorgânico (como o cloreto) têm baixa
absorção (1%) e são tóxicos. O diabetes mellitus é a terceira
causa mortis nos EUA.
      A dieta americana, atualmente, é tremendamente
deficiente em cromo. O diabetes mellitus atinge 7,6% dos
brasileiros com mais de 30 anos; dentre outros fatores, a história
familiar, o excesso de peso e o sedentarismo colaboram para o
seu desenvolvimento.
      Várias plantas medicinais são utilizadas no controle das
taxas glicêmicas (pata de vaca, pau ferro, carqueja, jambolão),
sendo o alto teor de cromo e manganês o traço comum entre
elas.
      O nível de cromo no cabelo é um bom indicador dos
níveis teciduais e é mais confiável do que a dosagem na urina ou
no sangue. Em geral, não é afetado por contaminação externa.
     O colesterol não é uma gordura, como muitos pensam,
mas sim um álcool, que se combina com ácidos graxos. Cerca
48    MINERAIS


de 70% do colesterol é produzido pelo próprio organismo, no
fígado; o restante provém dos produtos de origem animal.
Níveis elevados de colesterol estão associados à aterosclerose.
     Há diferentes tipos de colesterol. Na realidade são a
mesma substância, só que ligada a diferentes lipoproteínas.
      O colesterol ligado à apo-lipoproteína-A forma o HDL,
que é o colesterol “bom”; quando ligado à apo-liproteína-B,
origina o LDL, que é o colesterol “ruim”.
      O HDL impede a oxidação do LDL em condições
normais. Sob situações de grande stress (como grandes
cirurgias ou grandes infecções) o HDL pára de ativar a enzima
paraoxinase, perdendo, então, suas propriedades antioxidantes.
      A administração de 100mcg de cromo (2 vezes ao dia),
durante 6 semanas, induz a uma elevação do HDL (da ordem de
17,8%), com decréscimo igual do indesejável LDL. Os
resultados são melhores em períodos mais prolongados, com
doses um pouco mais elevadas (400mcg/dia).
     Doses de até 600mcg/dia de cromo são consideradas
seguras.
      São fontes de cromo: levedo de cerveja (a melhor fonte),
cereais integrais, condimentos (pimenta preta, tomilho), carnes,
fígado, ostras, mexilhões, ovos, queijos, cogumelos. Os
alimentos refinados apresentam teores mais baixos. No melaço
puro encontramos 0,26mcg/g de melaço, 0,16mcg/g no açúcar
não refinado e somente 0,02mcg/g no açúcar refinado. A
farinha integral contem 1,75mcg/g , a farinha branca 0,60mcg/g
e o pão branco 0,14mcg/g. ( Wolff, 1974).
NUTRIENTES E TERAPÊUTICA   49

Enxofre
      As propriedades terapêuticas do enxofre são conhecidas
desde a Antiguidade. Afrescos descobertos em Pompeia já
mostravam seu uso naquela época. O grego Homero, ainda na
Antiguidade, termina seu magistral clássico “A Odisseia” com
a purificação (com enxofre) da casa de Ulisses, após o massacre
dos pretendentes de sua esposa e de seus servos infiéis
(Odisseia XXII, 605-621). Foi Lavoisier quem demonstrou que
o enxofre era um elemento químico e não um composto, como
até então se pensava.
      O enxofre é componente de todos os tecidos do corpo,
especialmente do cabelo, músculos e pele.
      A maior parte do enxofre corporal está ligada a
aminoácidos (metionina, taurina, cistina e cisteína); também é
um componente da vitamina B1, da biotina, da insulina, da
glutationa, da queratina, do ácido hialurônico, da coenzima A,
do SAME, da condroitina sulfato e da glucosamina sulfato.
      Está envolvido na formação dos ossos, dos dentes e dos
ácidos biliares (a cisteína origina taurina, que, por sua vez,
forma o ácido taurocólico). Ativa inúmeros sistemas
enzimáticos; favorece a conversão de proteínas, carboidratos e
gorduras em energia, e é importante varredor de metais tóxicos
do organismo, ao formar com eles complexos inertes ou com
menor toxidade. Sua ação é aumentada na presença da vitamina
B1, vitamina B5, biotina e ácido lipoico. Por sua ação sobre a
pele, cabelo e unhas, é conhecido como mineral da beleza.
      O enxofre é um elemento essencial para o organismo. Os
níveis de enxofre no sangue ou no cabelo estão correlacionados
com a ingesta e com o seu nível nos tecidos.
     O cabelo é sensível à contaminação externa por alguns
condicionadores. O enxofre elevado no cabelo, na ausência de
contaminação externa, está relacionado com um aumento deste
50     MINERAIS


elemento no corpo ou com um desequilíbrio no metabolismo.
Uma dieta muito rica em proteínas e/ou uma suplementação
excessiva de aminoácidos enxofrados poderia elevar seus níveis.
      A possibilidade de problemas com sulfatos e sulfetos, as
cistinoses, a disfunção biliar e a doença renal são riscos a serem
considerados se o nível de enxofre no cabelo estiver
consistentemente alto.
     Uma dieta que careça radicalmente de proteínas redundará
em níveis baixos de enxofre no organismo e no cabelo, ou seja,
em baixos níveis de tiamina, biotina e de aminoácidos
enxofrados.
      Depressão, queda de cabelo e unhas quebradiças podem
acompanhar os baixos níveis de enxofre, assim como o aumento
do risco cardíaco. Níveis baixos de enxofre também podem
sugerir má-absorção, alterações no metabolismo dos
aminoácidos e deficiência de vitamina B6.
      As sulfatases, enzimas catalisadoras do enxofre,
promovem a remoção do excesso de radicais SO4, formados
durante o metabolismo dos mucopolissacarídeos. O excesso
desses radicais altera a forma e o metabolismo do colágeno.
      São fontes de enxofre: carnes vermelhas, peixes, leite,
feijão, cebola, alho, couve de Bruxelas e repolho. As gemas de
ovos são excelente fonte. Pacientes que não ingerem ovos
podem apresentar deficiência de enxofre. Os aminoácidos
enxofrados (cistina, cisteina, metionina e taurina) também são
fontes de enxofre.


Ferro
      Foi um dos primeiros minerais a serem suplementados na
história da Medicina (a suplementação de ferro está presente
em quase todas as culturas). Um dos primeiros povos a utilizá-
NUTRIENTES E TERAPÊUTICA    51

lo foram os hititas, em 1200 a.C.. Em 1713, a presença do ferro
no sangue foi evidenciada por Menghini, ao submeter amostras
de sangue seco ao campo magnético de um imã. Logo após sua
descoberta, passou a vender comprimidos de sangue em pó,
com grande sucesso,especialmente para jovens senhoras. Sua
essencialidade foi provada pelo químico francês Jean Baptiste
Boussingault. Atribui-se a Sydenham a primeira descrição da
anemia ferropriva, em 1681.
     O corpo humano possui cerca de 5g de ferro, estando
70% dele ligado a hemoglobina e a mioglobina. Os restantes
30% estão distribuídos pelo fígado, baço e medula óssea.
      A anemia ferropriva é hoje a principal doença nutricional
do mundo, acometendo cerca de um bilhão de pessoas. No
Brasil, a incidência é bastante elevada (em determinadas
regiões atinge mais de 60% da população), ocorrendo mais
frequentemente em pré-escolares e gestantes, embora aconteça
em todas as classes sociais e faixas etárias.
       A deficiência de ferro acarreta diminuição da imunidade,
por reduzir a proliferação dos linfócitos e a sua imuno-
competência; diminuição da capacidade de trabalho e da
resistência ao esforço, devido ao papel do ferro no transporte de
oxigênio; interfere na aprendizagem e também no
desenvolvimento mental e motor.
      A criança deficiente em ferro apresenta diminuição da
atenção, da memória, da capacidade de verbalização e menor
rendimento escolar. Pode apresentar, por fim, alterações de
conduta: a pagofagia (hábito de comer gelo), a geofagia (hábito
de comer terra) e a pica (mastigação de pedras ou fibras) estão
relacionadas com a anemia ferropriva.
      Nas anemias ferroprivas, recomenda-se a suplementação
com ferro glicina (ferro quelado), cuja absorção é muito
superior à das formas inorgânicas (sulfato ferroso, p.e.). Doses
52     MINERAIS


em torno de 20-40mg/dia são adequadas para reverter a anemia
em prazos bem menores, se comparados ao sulfato ferroso. Em
alguns casos, a recuperação do hematócrito mostra resultados
surpreendentes em apenas 20-30 dias, ao passo que, utilizando
o tradicional sulfato ferroso, esse prazo sobe para 50-60 dias.
       Na carência real de ferro, os baixos níveis encontrados no
mineralograma parecem anteceder aos baixos níveis séricos. O
mineralograma isoladamente não é um bom parâmetro para que
se faça reposição do mineral, devendo ser dosados o ferro sérico
e a ferritina.
     A reposição em anêmicos ferroprivos melhora a
capacidade de trabalho em cerca de 12%. O ferro no cabelo
pode estar elevado devido à lavagem em água artesiana
contendo o metal.
       A carência de ferro pode manifestar-se clinicamente por
anemia (hipocrômica e microcítica) e sintomas relativos,
irritabilidade, diminuição da síntese proteica e desenvolvimento
ponderal retardado em crianças. A deficiência de ferro também
diminui a eficácia do sistema imune, além de favorecer um
aumento na absorção e fixação do chumbo (maior
suscetibilidade à intoxicação).
      Nos EUA, cerca de 20% da população apresenta baixas
reservas de ferro. O uso continuado de estrogênio diminui os
níveis de ferro; a hipocloridria também o faz, visto que a
absorção deste metal se dá em pH ácido. Ácido ascórbico, ácido
clorídrico, metionina, cisteína e baixos níveis circulantes de
ferro aumentam a absorção. O ácido ascórbico é o mais potente
acelerador da absorção de ferro (até 5 vezes), formando um
quelado solúvel no intestino delgado.
      Os fitatos (presentes nos cereais), oxalatos (contidos nas
verduras de folhas escuras), fosfatos (presentes nos antiácidos),
taninos (presentes no café e no chá), fibras e celulose são
NUTRIENTES E TERAPÊUTICA    53

queladores de metais, formando sais insolúveis que serão
eliminados pelas fezes; logo, o ferro contido nos vegetais (ferro
não-heme), é menos absorvido do que o ferro das fontes
animais (ferro heme). Somente 35% do ferro presente no feijão
é absorvido. O excesso de fósforo ou zinco também diminui a
biodisponibilidade do ferro.
       O sulfato ferroso (ferro inorgânico) é o suplemento de
ferro mais barato e o mais utilizado em formulações; por ser
utilizado em altas doses pode ocasionar náuseas e epigastralgia.
As formas orgânicas de ferro (gluconato, citrato e fumarato
ferroso) também são utilizados em suplementos. A forma ideal
de se administrar ferro, porém, é a forma quelada com o
aminoácido glicina (ferro glicina), mais bem tolerada e mais
ativa. O ferro é melhor absorvido quando tomado pela manhã e
na presença de sucos ácidos ou vitamina C.
      A anemia ferropriva sugere carências importantes de
outros nutrientes, além do ferro. Cerca de 80% desses pacientes
apresentam, concomitantemente, deficiências de cobre, zinco,
ácido fólico e vitamina B12. A associação destes minerais à
vitamina B12 e ao ácido fólico proporciona resultados
espetaculares, abreviando o tempo para a normalização do
eritrograma.
      A vitamina C garante a presença do ferro na forma ferrosa
(Fe+2), de absorção mais fácil e eficiente. O ferro na forma
férrica (Fe+3) precisa passar a forma ferrosa para ser absorvido.
      Diversos estudos mostram que a deficiência de ferro
ocasiona um aumento na absorção de chumbo, especialmente
em crianças. Tal fato pode acarretar sérios problemas em
regiões onde a deficiência de ferro ocorre concomitante com
uma alta e constante exposição ao chumbo.
      Entre as inúmeras funções importantes do ferro estão: o
transporte de oxigênio e gás carbônico pela hemoglobina e
54    MINERAIS


mioglobina; a fosforilação oxidativa nos citocromos; a ativação
catalítica de enzimas; a fagocitose; a estimulação da imunidade
geral e dos linfócitos T e, ainda, a melhora do desempenho
físico.
      O excesso de ferro (hemossiderose ou hemacromatose)
favorece a peroxidação lipídica e depleta as reservas de
vitamina C. Na hemocromatose ocorre a deposição patológica
de ferro em determinados orgãos, sendo o fígado o primeiro a
ser comprometido e o diagnóstico definitivo de hemocromatose
é a biópsia hepática. podendo evoluir para cirrose (destes, 30%
desenvolverão carcinoma hepatocelular). Também ocorre
deposição de melanina e hemossiderina na camada basal da
pele; o ferro plasmático e a ferritina sérica encontram-se
elevados. Cardiomiopatia severa pode fazer parte do quadro.
      As mulheres em idade reprodutiva perdem quantidades
apreciáveis de ferro durante o período menstrual (15 a 20mg de
ferro). Quantidades menores, em torno de 1mg/dia, podem ser
perdidos através da urina e das fezes.
      Cervejas caseiras, fermentadas em vasilhames de ferro
levam à ingestão excessiva do mineral, sendo causa de cirrose
hepática em populações negras na África do Sul. A utilização
de recipientes de ferro também leva ao excesso deste em
tecidos corporais. Frutas, legumes e sucos enlatados também
podem apresentar altos níveis de ferro dissolvidos, quando
embalados em latas de baixa qualidade.
      O ferro, quando na forma livre (não ligado a proteínas), é
um potente gerador de RLs, estando seus altos níveis
associados a inúmeras patologias degenerativas.
      Homens com níveis de ferritina acima de 200mcg/litro de
sangue têm probabilidade duas vezes maior de sofrer infarto
agudo do miocárdio, se comparados com os demais; ferritina e
colesterol elevados aumentam em 4 vezes o risco. A perda
NUTRIENTES E TERAPÊUTICA   55

mensal de ferro devida à menstruação protege a mulher contra
doenças cardíacas e degenerativas. Após a menopausa, as
mulheres passam a apresentar maior risco para estas doenças,
provavelmente pelo aumento das reservas de ferro (teoria
proposta pelo médico patologista americano Gerome Sullivan),
além de outros fatores. A reserva excessiva de ferro (potencial
gerador de RLs), pode ser tratada adequada e eficazmente pelo
medicamento homeopático Ferro metálico CH7, CH12 ou
CH30 (10 gotas vo 2 vezes ao dia).
     A deficiência de ferro é um fator para o surgimento de
câimbras noturnas nos membros inferiores de gestantes e de
idosos (a suplementação de 20mg/dia reduz ou elimina as
câimbras).
      Atualmente, no Brasil, começa a haver o enriquecimento
de alimentos com ferro e vitaminas. A adição de ferro a
qualquer alimento pode expor a graves riscos a população que
já apresenta reserva elevada (comum na faixa etária dos 40 aos
60 anos).
      São fontes de ferro: carnes (2 a 4mg/100g), fígado
(9mg/100g), aves, peixes, aspargo, aveia, feijão, melado, ovos
(2mg/100g) e soja. A absorção do ferro depende da sua forma
no alimento. O ferro das fontes animais (ferro heme) é melhor
absorvido que o ferro das fontes vegetais (não-heme) Um
alimento é considerado uma boa fonte quando, pelo menos,
10% de seu conteúdo é absorvido.O pH ácido eleva em até 3
vezes a absorção do ferro.


Fósforo
     Em 1669, o químico alemão Henning Brand, procurando
alguma coisa que lhe permitisse criar o ouro, acabou por obter
uma substância branca que brilhava no ar e inflamava-se
56    MINERAIS


espontaneamente, a chamou de fósforo, que deriva da palavra
grega “phosphorus” (portador da luz).
      É o segundo mineral em abundância no corpo humano, na
forma de fosfato de cálcio (85%). Um homem de 70kg possui
cerca de 500g de fósforo (P). Um dos elementos mais
importantes, dentre os que contêm fósforo em sua estrutura, é o
ATP. Combina-se com gorduras a fim de formar fosfolipídios,
que são necessários à estrutura da membrana celular e do
sistema nervoso. A relação Ca/P é fundamental para a absorção
e excreção de cálcio e fósforo: quando um está em excesso,
obrigatoriamente a excreção do outro está aumentada. As
paratireoides regulam os níveis sanguíneos de ambos.
      É fundamental ao metabolismo dos ossos e dentes, à
formação da membrana celular e sistema nervoso e à ação de
várias enzimas. Antiácidos, ferro e magnésio costumam reduzir
a absorção do fósforo. O neurologista alemão Henrich
Hoffmann acredita que o excesso de fósforo na alimentação de
crianças seja capaz de desencadear quadros de hiperatividade
infantil.
      O fósforo é um dos principais componentes dos ossos e
dos dentes. A assimilação do fósforo, assim como a do cálcio, é
regulada pela vitamina D e pelo paratormônio. Os fosfatos estão
presentes em todas as células do corpo, estando envolvidos nos
processos associados à produção de energia. O íon fosfato
dificulta a absorção de cálcio e, quando em excesso, induz à sua
deposição em locais atípicos (ex: bico de papagaio). O nível de
fósforo no cabelo não está correlacionado com o fósforo
ingerido na dieta; entretanto, pode estar correlacionado com
níveis anormais de cálcio, metabolismo anormal da vitamina D,
hipo e hiperparatireoidismo e, possivelmente, por níveis
anormais de magnésio. Os níveis de fósforo podem ser
confirmados no sangue ou na urina de 24 horas.
NUTRIENTES E TERAPÊUTICA   57

      A deficiência de fósforo é rara devido à sua abundância
nos alimentos; já, quantidades excessivas são frequentes devido
aos adubos fosforados, refrigerantes tipo cola e alimentos
industrializados. Refrigerantes são ricos em fósforo devido ao
tamponamento com fosfatos. Nos EUA, em 1981, o consumo
per capita de refrigerantes tipo cola foi de 100 litros. Os
refrigerantes contêm 500mg de fósforo por garrafa de 300 ml,
geralmente sob a forma de ácido fosfórico.
      O homem moderno ingere, pelo menos, três vezes mais
fósforo do que o desejável. Nos últimos 30 anos, a ingestão de
fósforo passou de 1,5 para 4 g/dia. As fontes deste excesso são:
alimentos produzidos em solos adubados com fósforo;
alimentos industrializados; refrigerantes do tipo cola; pães;
farinhas; margarina; pescados (para reter a água quando houver
congelamento); carnes e, em especial, queijos, presunto e
embutidos (derivados fosfóricos são usados para emulsionar as
gorduras e reter a água).
      A toxicidade do fósforo é baixíssima, não sendo
conhecidos casos de intoxicação através de suplementos, que
são facilmente eliminados pela urina.
      São fontes de fósforo: leite (1ml=1mg de fósforo) e
derivados, ovos (220mg/100g), peixes, frangos, carnes
vermelhas, alimentos industrializados (como conservante) e
refrigerantes tipo cola. Na alimentação, deve haver uma
proporção na relação Ca/P de 1 para 1 ou 1,5 para 1. A dieta
americana é muito rica em fósforo (relação Ca/P até 1:4), o que
favorece a desmineralização óssea.


Germânio
     No verão de 1885, um mineral foi encontrado na mina
alemã de Himmelsfurst (Freiberg) a que foi dado, inicialmente,
o nome de argirodite. Como não era conhecida a composição
58    MINERAIS


química exata do novo mineral amostras foram encaminhadas a
Freiberg para a análise química. O reconhecimento e
divulgação do novo elemento foi feita pelo químico alemão
Clements Alexander Winkler, em 1886 e seu nome dado em
homenagem à Alemanha, antigamente denominada Germânia.
      Kuzihiko Asai, pesquisador japonês, observou grandes
concentrações de germânio em plantas medicinais e imaginou
que o germânio, isolado, poderia ser útil à manutenção da
saúde. Via oral, a absorção do sesquióxido de germânio chega à
taxa de 30%. Estudos em animais imunodeprimidos e em
pacientes com doenças malignas sugerem que o germânio ajuda
a normalizar a função das células T e linfócitos B, exercendo
profunda influência no sistema imune.
       O tamanho do sesquióxido de germânio permite sua
rápida absorção e transporte através das membranas. Seu sítio
ativo parece ser a cadeia respiratória (nas mitocôndrias),
incrementando a eficácia do elétron transportador de oxigênio.
Ele facilita a difusão do oxigênio pelas células e tecidos,
catalisando e otimizando sua utilização; é preconizado na
desaceleração do envelhecimento, por sua capacidade de
diminuir a amiloidose (uma das alterações envolvidas neste
processo) e é útil nos casos de contaminação por metais
pesados, asma, artrite reumatoide, diabete e hipertensão. Um
dos riscos do emprego do germânio é o de causar alergias e, em
altas doses, lesão renal.
      O germânio é um elemento não essencial com
propriedades semelhantes ao silício. Pequenas concentrações de
germânio (ppm) estão presentes em alimentos de origem animal
e vegetal. O germânio possui atividade antioxidante, diminui o
oxigênio por partes dos tecidos o que o faz importante em várias
doenças de fundo arterioesclerótico (hipertensão e isquemia
miocárdica) e vasculopáticas (doença de Renaud, vasculopatia
diabética, entre outras). Na França, em razão de sua ação sobre
NUTRIENTES E TERAPÊUTICA   59

o sistema imunitário, tem sido usado para melhora do estado de
pessoas cancerosa. Também tem sido indicado no tratamento de
algumas patologias mentais com a psicose crônica, a depressão
e os dirtubios de humor. Tem ação bactericida e tem sido
utilizado em quimioterapia.
     As formas orgânicas do germânio (sesquióxido de
germânio e germânio quelado) são usadas como agente antiviral
e imunoestimulante (5 a 30mg/dia). Os compostos orgânicos são
de baixa toxicidade.As formas inorgânicas de germânio são
consideradas menos seguras, podendo lesar os rins em altas
doses (acima de 50mg/dia). O germânio é quimicamente
semelhante ao estanho e ao chumbo.
      Alguns produtos macrobióticos, como as ervas Kashi,
Sankuzan e Hishi, têm excelentes taxas de germânio. Na
Coreia, descobriu-se que, nos terrenos onde crescem os
melhores ginsengs, o solo é riquíssimo em germânio. Na forma
sesquióxido é bastante caro, pois a quantidade encontrada em
vegetais é ínfima. Até o momento, existe apenas uma indústria
que produz o sesquióxido de germânio, localizada no Japão.
      São fontes de germânio: aveia, alho, ginseng, clorela
(alga), chá verde, aloe, confrei e cogumelos. Outras formas
devem ser evitadas devido ao seu efeito cumulativo, que pode
causar falência renal, miopatias e “rush” cutâneo (dióxido de
germânio, por exemplo).


Iodo
       O iodo foi descoberto em 1811, no laboratório do
farmacêutico francês Bernard Courtois, quando tentava obter
salitre de algas marinhas para o exército de Napoleão. Seu
nome deve-se à palavra grega “iodes”, cujo significado é cor
violeta. Em 1816, Coindet, médico de Genebra, descobriu a
importância do iodo para a glândula tireoide. Em 1831, o
60    MINERAIS


químico francês Boussingault recomendou ao governo da
Colômbia a adição de iodo ao sal de cozinha para o tratamento
do bócio. Em 1850, Chatton demonstrou que o bócio endêmico
provinha da carência de iodo. Em 1895, Bammann descobriu
que a tireoide continha iodo e que esta glândula era seu grande
depósito. Napoleão foi o primeiro a mandar fazer uma pesquisa
epidemiológica sobre o bócio, pois os jovens com bócio eram
considerados incapazes para o serviço militar.
      A partir de 1924, a adição de iodo ao sal de cozinha
(30mg de iodeto/1kg de sal) tornou-se obrigatória no estado de
Michigan (USA), após a constatação de bócio em 47% de sua
população. Logo após, a prática disseminou-se, o que
praticamente erradicou o bócio endêmico nos EUA. A O.M.S.
estima que existam no mundo mais de 200 milhões de pessoas
com bócio carencial. Doses de iodo maiores do que 25 vezes a
RDA podem ocasionar problemas, como hiperatividade,
hipertireoidismo, etc.
      O uso da alga marinha data do ano 600 dC (na China);
ainda hoje é utilizada na prevenção e no tratamento do bócio,
graças ao seu elevado teor de iodo. A alga mais utilizada em
terapêutica é o Kelp, uma alga marrom encontrada nas águas
frias do Mar do Norte (100mg de Kelp standartizado contém
100mcg de iodo orgânico). Outra alga utilizada é o Fucus
(Fucus vesiculosus). Doses excessivas de iodo (acima de
600mcg/dia) ou de iodeto de potássio presente nas formulações
expectorantes podem bloquear a função da glândula tireoide,
desenvolvendo quadro de hipotireoidismo.
      É um elemento essencial para a formação dos hormônios
da tireoide. O nível de iodo no cabelo varia de acordo com a
quantidade ingerida e a condição clínica do indivíduo, podendo
haver contaminação externa. Está presente em quantidades mui-
to pequenas no solo e nos alimentos. O organismo desenvolveu
um mecanismo complexo para garantir sua absorção, retenção e
NUTRIENTES E TERAPÊUTICA   61

concentração (é facilmente absorvido, tanto na forma orgânica
como na forma inorgânica). O iodo se liga ao resíduo de
tirosina, na tireoglobulina, para formar T-3 e T-4. No
mineralograma o principal indicador de hipotireoidismo é o
baixo teor de iodo, que pode estar acompanhado por zinco e
manganês baixos. Baixos níveis de tirosina no plasma também
têm sido associados ao hipotireoidismo.
      São fontes de iodo: algas marinhas (especialmente o
Kelp), frutos do mar (moluscos, lagostas, sardinhas, bacalhau,
haddock e outros peixes), vegetais marinhos, cebola, vagem,
agrião, nabo, rabanete, alho porró e sal iodado. Também e
encontrado em algumas frutas, como o ananás, groselhas e
ameixas. O teor de iodo nos vegetais depende diretamente dos
níveis de iodo presentes no solo.


Lítio
      O nome lítio origina-se da palavra grega “lithos”, que
significa pedra, pois os cristais de lítio formam rochas
verdadeiramente duras. As maiores reservas mundiais do
mineral (a metade) estão localizadas na Bolívia, nas salinas de
Uyuni. O lítio foi descoberto pelo químico sueco Johan August
Arfwedson, em 1817. Em 1877 S.W. Mitchell, neurologista da
Filadélfia utilizou sais de lítio e de bromo em sua clínica com
resultados favoráveis. Foi definitivamente introduzido na
psiquiatria por John Cade, em 1949 (Austrália). A divulgação
de seu trabalho teve escassa repercussão.
      O lítio foi a primeira droga de sucesso usada na mania,
antes da carbamazepina (1952), considerada um marco na
terapêutica psiquiátrica. Em 1953, surgiram os trabalhos do
dinamarquês Mogen Schou e de Aarus e, em 1954, retomaram-
se os trabalhos com lítio, especialmente no tratamento das
psicoses maníaco-depressivas.
62     MINERAIS


      Pesquisas sobre o papel do lítio no comportamento têm
sido prejudicadas porque seus efeitos variam muito conforme a
via de administração, dose, forma química e outros fatores. É
indicado nos estados maníacos e depressivos, embora alguns
pacientes deprimidos apresentem distúrbios bioquímicos que
dificultam a penetração do lítio através da membrana celular.
      O lítio parece ser um elemento-traço essencial, do qual o
organismo necessita 2-3mg diários. Parece ser um modulador
na conversão de ácidos graxos essenciais em prostaglandinas,
regulando sua produção; é também um estabilizador do
neurotransmissor serotonina.
      O uso do lítio na gravidez e na lactação deve ser evitado,
pois ele é excretado no leite materno e existem trabalhos
relatando casos de hipotonia, hipotermia, cianose e alterações
eletrocardiográficas no lactente.
      O lítio, ao contrário da maior parte dos princípios ativos,
não se liga a proteínas plasmáticas e se distribui de forma não
uniforme pelos líquidos corporais.
      O lítio não deve ser usado durante os primeiros três meses
de gestação devido ao risco de teratogênese, que ocorre em 3%
dos fetos.
      O lítio pode prevenir a recorrência dos surtos maníacos
ou depressivos, pela regulação de receptores presentes na
superfície da membrana celular. O lítio inibe o aumento do
número de receptores de acetilcolina no cérebro, o que ajuda na
prevenção da mania. Tem sido usado no tratamento de
alcoolistas, por ser capaz de desenvolver aversão ao álcool em
algumas pessoas. Também pode beneficiar pacientes com a
síndrome de Menière.
     O sinergismo entre lítio-serotonina-noradrenalina é
importante para produzir melatonina, e para facilitar a síntese
de serotonina, formando o círculo virtuoso serotonina-
NUTRIENTES E TERAPÊUTICA   63

melatonina, reduzido nas depressões e nas esquizofrenias. O
sinergismo triptofano-tirosina produz CCK-8-S, antidepressivo
várias vezes mais potente do que o CCK-8 (o S é enxofre
perdido no stress oxidativo). O lítio facilita a síntese de
antioxidantes primários (SOD, glutation peroxidase e catalase),
aumentando a CCK-8-S e reduzindo a destruição de triptofano
e tirosina.
       Não está, ainda, bem definido o mecanismo de ação do
lítio no tratamento da depressão. Sabe-se que nos indivíduos
deprimidos ocorre um acúmulo de sódio a nível intracelular,
desequilibrando a relação Na/K.
      O lítio é um elemento com propriedades químicas
similares ao sódio e tem estreita relação com o potássio.
Aparentemente (por essas propriedades) ajuda a restabelecer o
equilíbrio das membranas celulares nos pacientes deprimidos ou
em fase maníaca da PMD.
      O lítio diminui a liberação de monoaminas no SNC, sem
afetar a liberação da serotonina. Colabora para a diminuição do
efeito osmótico da arginina-vasopressina via redução do AMP-
cíclico, o que se relaciona com diabete insípida e alteração
tireoidiana. A teoria mais aceita atualmente diz que o lítio
funciona através do bloqueio da enzima inositol-1-fosfatase, dos
neurônios. Essa inibição resulta em uma diminuição das
respostas celulares aos neurotransmissores, que estão ligados
aos sistemas de segundos mensageiros do fosfatidilinositol.
      Ao iniciar o tratamento da depressão com inibidores da
recaptação de serotonina (fluoxetina, sertralina, entre outros)
20% dos pacientes têm excesso de HT2, exacerbando a
ansiedade, a agressividade e a queda da auto-estima. A
administração de lítio deve preceder de 5 a 10 dias à
administração de antidepressivos. O lítio aumenta o número dos
receptores HT (que amplificam as emoções positivas de prazer e
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Nutrientes e Terapêutica: guia completo sobre nutrientes, radicais livres e saúde

  • 1. Nutrientes e Terapêutica como usá-los quando usá-los como avaliar suas carências radicais livres na saúde 2ª Edição REVISADA E AMPLIADA José Gilberto Perez de Moura
  • 2. Direitos desta edição reservados ao autor. casamoura@terra.com.br Revisão Científica Dra. Margot Fetter Costa Capa: Fernando Giusti Impressão e acabamento Visão Artes Gráficas Abril, 2009. VISÃO ARTES GRÁFICAS Av. Pres. Juscelino Kubitschek de Oliveira, 2440 CEP:96080-000 - Pelotas – RS - Brasil
  • 3. Para Cláudia, Fonte constante de equilíbrio, discernimento e amor. Sua sabedoria e apoio são uma inspiração e uma dádiva para mim. Para meus filhos Gabriel e Nathália. Pelo tempo que deixamos de estar juntos. Para meus pais e irmãos. Pelo carinho e apoio em todas as horas. A todos aqueles que, através da busca da saúde, descobriram o significado maior de suas vidas. Aos que, através de seu sofrimento, foram o motivo de nossa busca de uma forma mais branda e eficaz na arte de curar.
  • 4. “A história da medicina vem sendo escrita sobre erros e acertos, com a superação de conceitos antigos e o surgimento de novos conhecimentos. Algo que hoje consideramos muito promissor corre o risco de ser completamente esquecido amanhã. Da mesma forma, o que foi subestimado na época de seu descobrimento, pode se tornar, no futuro, a peça que faltava para uma nova tese revolucionária.” Dr. Helion Póvoa Fº Rio de Janeiro
  • 5. PREFÁCIO O livro “Nutrientes e Terapêutica”, decididamente, preencheu a finalidade a que se propôs o autor, qual seja a de despertar nos colegas o interesse pelos nutrientes, os quais desempenham papel de relevância no corpo humano, como destacamos recentemente em nosso livro “ Nutrição Cerebral”. O uso em quantidade correta dos nutrientes leva a um mais perfeito funcionamento do corpo humano, como se pode verificar através de exames laboratoriais específicos. A descoberta dos radicais livres por Harman, em 1956, comprovou a relevância destas substâncias nos processos biológicos; pode ainda haver entre alguns uma certa descrença com relação a esses conceitos, mas o fato é que, após a criação de um Departamento de Radicais Livres no NIH (National Institute of Health – Instituto de Saúde Publica), não pode haver mais dúvidas sobre a grande importância do estudo dos RL, que atuam na gênese da quase totalidade dos processos patológicos; nesse mesmo Departamento, estudam-se, acuradamente, os antioxidantes, que impedem a formação dos radicais livres e lhes aceleram a destruição . No livro, após o 1º capítulo, sobre generalidades dos nutrientes, faz o autor uma excelente revisão sobre os minerais essenciais (capítulo 2), destacando o papel fisiológico do cálcio, magnésio, estrôncio, boro, potássio, zinco, ferro, manganês, molibdênio, cobalto, cobre, cromo, vanádio, lítio e silício. O capítulo 3 versa sobre a importância das vitaminas e, em especial, sobre sua potente ação antioxidante, assim como inibidora da glicação oxidativa, de fato o mais poderoso agente lesivo sobre os processos fisiológicos. Outros suplementos nutricionais são os Omega-3 (ácido Eicosapentaenoico – EPA e Docosahexaenoico - DHA), que transportam em suas moléculas
  • 6. de gorduras enormes quantidades de plasmalógenos, poderosos antioxidantes cerebrais. O EPA e o DHA têm, ainda, ação benéfica sobre o intestino, bem como sobre o organismo humano. Isto explica porque os países com ingestão alimentar alta de Omega-3 têm maior expectativa de vida média (Japão, Noruega, Suécia e Islândia); o mesmo ocorre com os alimentos vegetais que formam Omega-3. Igualmente, são bem abordados no livro o ácido lipoico, a coenzima Q10, o ginkgo biloba, o inositol e os hormônios como o DHEA e a melatonina; esta última se acha bem estudada no livro, dada a sua enorme relevância; ela não é apenas um agente sedativo, como se relata habitualmente, mas é o mais poderoso antioxidante endógeno, anticancerígeno, além de desempenhar várias outras funções, nem todas ainda conhecidas. No capítulo 4 deparamo-nos com um magnífico texto sobre os aminoácidos. A taurina, o GABA e a glicina têm um papel preponderante no metabolismo cerebral; a arginina e os aminoácidos de cadeia ramificada têm papel relevante no metabolismo muscular. O glutation é um poderoso antioxidante intracelular, que inibe a glicação oxidativa, sem dúvida alguma, responsável por arteriosclerose, nefropatias, catarata, artrite e lesões neurodegenerativas (Alzheimer, Parkinson, retinopatias). Outros nutrientes são precursores de neurotransmissores e a glutamina é um potente imunoestimulante. A melatonina, associada às vitaminas, B6, B12 e ao ácido fólico, bloqueia a produção de homocisteína, que aumenta a formação de trombos vasculares. Através do mineralograma, pode-se diagnosticar a carência ou o excesso desses minerais, o que constitui um
  • 7. excelente método diagnóstico para problemas ósseos, cerebrais, etc. Também enfoca o livro a dosagem de metais tóxicos (capítulo 7) como chumbo, mercúrio, níquel, cádmio, alumínio, antimônio, paládio, arsênico, bário, berílio, platina, paládio, estanho, tálio, tungstênio, tório e urânio. Recentemente, o Mineralograma se tem demonstrado um excelente método diagnóstico para a detecção de níveis tóxicos de bismuto; o bismuto é usado em cosméticos e no tratamento de gastrites e nas diarréias, e na terapia do Helicobacter pylori. O bismuto pode provocar problemas cerebrais (insônia) e verificou-se, recentemente, que 18% das amostras de cabelo apresentam níveis elevados de bismuto. Em vista das considerações acima, podemos, com segurança, afirmar que este livro de José Gilberto Perez de Moura se constitui em uma obra respeitável e que deve ser lida cuidadosamente por todos aqueles que se interessam por Nutrologia. Ao final do livro, há um maravilhoso capítulo (6) sobre os Radicais Livres. Só nos resta, então, terminando este prefácio, dar parabéns ao amigo Gilberto: seu livro é excelente! Dr. Helion Póvoa Filho
  • 8. Helion Póvoa Fº é um dos mais renomados especialistas na área médica de nutrição e bioquímica. Membro titular da Academia Nacional de Medicina, professor titular de Patologia Clínica da Uni-Rio; professor titular de Bioquímica da Escola Médica da Universidade Gama Filho, professor titular de pós-graduação da PUC-Rio e professor visitante da Universidade de Harvard. Póvoa é autor de sete livros e possui mais de duzentos trabalhos publicados no exterior.
  • 9. APRESENTAÇÃO O tema de “Nutrientes e Terapêutica” merece uma divulgação mais ampla, tendo em vista a sua relevância, sua atualidade e contribuição para a melhoria da saúde. No Brasil, o número de universidades e centros de difusão destes temas, não é expressivo, a bibliografia não é numerosa e os textos, por vezes, escritos somente em linguagem técnica. Este livro foi escrito sem a intenção de ser definitivo, não tendo a pretensão de esgotar o assunto, mas sim despertar o interesse do leitor em idéias e conhecimentos adquiridos ao longo da história. Está destinado a enriquecer-se permanentemente pela contribuição de todos aqueles que queiram acrescentar, criticar ou sugerir. Este livro não foi concebido como um manual técnico para médicos; ainda assim sua leitura pode conter informações preciosas, atualizadas e apresentadas, na medida do possível, em uma linguagem acessível que dará a todos uma boa noção da importância dos nutrientes, dos radicais livres e dos metais tóxicos em nosso organismo. Quinze anos de estudos, estão condensados nesta obra. Os temas abordados estão se tornando tópicos de grande interesse, mesmo fora das esferas científicas. Atualmente, é difícil folhear um jornal ou revista e periódicos médicos, ou assistir a televisão sem encontrar referências a nutrientes, radicais livres ou antioxidantes. Conhecimentos essenciais estão se difundindo e formando um quadro que está realmente transformando a Medicina. A Bioquímica, a Genética e a Biologia têm experimentado um fabuloso avanço nos últimos 50 anos. Mais do que nunca, milhões de pessoas estão ingerindo suplementos nutricionais. Surpreendentes descobertas sobre a inter-relação
  • 10. entre nutrição e saúde acontecem a cada dia. Em sua elaboração, contei com a colaboração inestimável de numerosos amigos que, de forma notável, influenciaram os temas desenvolvidos. Como Galileu, em minha vida científica estive apoiado sobre ombros de gigantes, para longe poder observar. Entre os gigantes destaco o Prof. Dr. Helion Póvoa Filho (RJ), cientista e pesquisador que me iniciou nos segredos dos radicais livres; e o Prof. Dr. Juarez Callegaro (RS), médico psiquiatra, sem dúvida o amigo a quem mais ouvi, com quem mais aprendi e quem mais influenciou esta obra. Agradeço, em especial, a Dra. Margot Fetter Costa e ao Dr. Darci Gustavo Post, pela minuciosa e excelente revisão; a Darryl Hickock do Laboratório Doctor's Data (EUA), pela consultoria no capítulo 8 (Mineralograma). Espero que esta obra seja uma agradável leitura e sirva de motivação e iniciação àqueles com interesse no tema. José Gilberto Perez de Moura
  • 11. NOTA À 2ª EDIÇÃO As razões que levaram o autor a escrever a segunda edição de “Nutrientes e Terapêutica” continuam as mesmas. Desde sua publicação persistem o interesse dos médicos pela “arte de formular”, a importância dos nutrientes na saúde humana e a ação dos radicais livres como agentes desencadeadores de patologias. A importância da correta nutrição ultrapassa, hoje, o meio científico e toma as páginas dos jornais e revistas, onde encontra grande interesse popular. O reconhecimento dos nutrientes como agentes promotores de saúde bem como as bases científicas de sua utilização já estão bem estabelecidas por cientistas e instituições de pesquisa. No entanto, continuam escassos os cursos para prescritores, e raros os livros de divulgação em língua portuguesa. Novas substâncias terapêuticas são continuamente lançadas no mercado, outras tantas são retiradas, o que tornam os poucos livros sobre o assunto rapidamente obsoletos. Por essa razão são necessárias novas edições editadas com maior frequência. A segunda edição de Nutrientes e Terapêutica é publicada três anos após seu lançamento, revisada e ampliada. A ciência e a experiência clinica demonstram que os nutrientes terão um importante papel na medicina do futuro e que este futuro está chegando. As antigas resistências ao uso dos nutrientes estão chegando ao fim, graças a uma nova geração de profissionais, mais abertos às novas idéias e às novas formas de terapêutica. José Gilberto Perez de Moura Pelotas, RS, abril de 2009
  • 12.
  • 13. ÍNDICE 1. GENERALIDADES .............................................................17 2. MINERAIS ............................................................................27 3. VITAMINAS .......................................................................103 4. AMINOÁCIDOS .............................................................163 5. OUTROS SUPLEMENTOS................................................201 6. RADICAIS LIVRES (RLs) .................................................247 7. METAIS TÓXICOS ...........................................................271 8. DOSAGENS DE NUTRIENTES ........................................305 8.1 Mineralograma ..............................................................305 8.2 Vitaminograma..............................................................316 8.3 Aminoacidograma.........................................................318 8.4 Dosagens de nutrientes no sangue, hemácias e urina ...321 BIBLIOGRAFIA .....................................................................325 ANEXOS .................................................................................335
  • 14.
  • 15. Capítulo 1 - GENERALIDADES “Uma nova realidade científica não triunfa convencendo seus oponentes e fazendo-os ver a luz, mas sim porque seus oponentes, finalmente, vão desaparecendo e os segue uma nova geração que está familiarizada com a ideia!” Max Planck Há pouco menos de um século, o papel dos nutrientes na saúde era quase desconhecido. Coube a Gabriel Bertrand demonstrar que esses elementos, embora presentes em pequenas quantidades, eram indispensáveis à vida. Ainda hoje, porém, a Medicina pouco tem valorizado os nutrientes, julgando que o fundamental já é conhecido de todos. Ignorando que houve profunda modificação dos hábitos alimentares e que o refino, o preparo dos alimentos e as novas técnicas de cultivo alteraram radicalmente a biodisponibilidade dos nutrientes; principalmente, ignorando sua participação vital nos processos biológicos. Hipócrates, médico grego, escreveu no ano 400 a.C. que os alimentos e os hábitos de vida deveriam ser a base de nossa medicina. Hoje, decorridos mais de 2.000 anos, a Medicina passa a reconhecer a importância dos nutrientes na manutenção da saúde. Um indivíduo de 70 anos vive 25.550 dias, ingerindo de três a quatro refeições diárias; isso equivale a ingerir 76.650 a 102.200 refeições durante sua existência. É através das refeições que obtemos os 45 aminoácidos, vitaminas e minerais necessários à vida. Os primeiros experimentos sobre nutrição foram realizados por Antoine Lavoisier, químico francês. Doenças resultantes de carências nutricionais são tão antigas quanto à espécie humana, uma vez que esqueletos pré- históricos apresentam sinais evidentes de raquitismo e escorbuto (entre outros achados). Carências como o béri-béri (falta de
  • 16. 18 GENERALIDADES vitamina B1) e a cegueira noturna (falta de vitamina A), eram do conhecimento dos médicos antigos e relatadas em livros da época. Póvoa, Callegaro e Ayer no excelente “Nutrição Cerebral” (vide bibliografia) relacionam as mudanças nos padrões alimentares do homem paleolítico com a própria evolução da espécie. A introdução de peixes, moluscos e ovos ocorrida 2 milhões de anos atrás, possibilitaram, segundo os autores, a evolução da massa encefálica e das funções cerebrais. A alimentação básica do homem paleolítico, até então consistia de frutas, legumes e carnes de caça. Enquanto caçador e coletor, o homem teve acesso à quantidades adequadas de vitaminas, minerais e aminoácidos. Com sua a fixação à terra e o surgimento da agricultura (10 mil anos atrás) a nutrição humana sofreu nova e radical alteração com a introdução dos grãos, pães, leite e derivados. As doenças continuam a desafiar os progressos da medicina e continuam sendo responsáveis pela morte prematura de milhões de pessoas. Algumas doenças são tratadas com absoluto sucesso, outras são extremamente difíceis de combater e constituem causa de mortalidade ou diminuição da qualidade de vida da população. A descoberta de novos meios para aumentar a eficiência das terapêuticas atuais e o desenvolvimento de um novo estilo de vida devem continuar. Várias doenças podem ser prevenidas modificando hábitos de vida e hábitos alimentares, incluindo neles alimentos que tem o poder de combater as doenças em sua origem e impedir seu desenvolvimento. Os alimentos possuem compostos fitoquímicos ricos em moléculas com ação muito potente, podendo lutar contra doenças sem efeitos colaterais. Presentemente estamos começando a viver uma nova revolução alimentar com a introdução dos alimentos industrializados, ricos em gorduras, açúcares, sal e aditivos,
  • 17. NUTRIENTES E TERAPÊUTICA 19 além de importante redução no consumo de frutas legumes e verduras. As consequências desta nova alimentação são uma incógnita. Pesquisa feita pela Sociedade Brasileira de Cirurgia Bariátrica e Metabólica em 5 regiões do país mostraram que os brasileiros não se alimentam de forma saudável. Foram entrevistadas, em suas casas, 2179 pessoas de todas as classes sociais nas 5 regiões do país. A pesquisa apontou que 63,1% dos brasileiros estão acima do peso. As consequências dos erros alimentares são as chamadas doenças crônicas, como a hipertensão, o diabetes e os males do coração. A pesquisa revelou, ainda, que 43% dos brasileiros fazem suas refeições diante da televisão, por isso, habitualmente, consomem mais alimentos do que o necessário, por simplesmente não terem se dado conta de que ingeriram mais do que a quantidade ideal e tampouco mastigaram a comida de maneira adequada (21% dos entrevistados tomam o café em 12 minutos, almoçam em 22 minutos e jantam em 23 minutos). Em todas as classes sociais, 14% das pessoas têm o hábito de fazer refeições rápidas, tipo fast-food. A pesquisa mostrou, ainda, que 36% dos brasileiros ‘beliscam’ fora das refeições e dos lanches recomendados, comendo principalmente chocolate, biscoito recheado, coxinha, pastel, bolo, pipoca e balas. A fritura está presente em mais de 50% dos pratos brasileiros. Os grelhados, frequentam a mesa de apenas 18% dos brasileiros. Os alimentos crus são consumidos, no dia-a-dia, por pouco menos de metade da população. A necessidade de suplementos dietéticos é um tema debatido no mundo todo. A maioria dos médicos opina que os nutrientes devem proceder dos alimentos, negando, portanto, valor aos suplementos dietéticos. Em sua prática diária, porém, ao tratarem anemia, osteoporose, bócio carencial, por exemplo, não o fazem através da dieta somente, valendo-se de
  • 18. 20 GENERALIDADES suplementos com vitaminas, ferro, cálcio, iodo, entre outros. A administração de minerais e vitaminas, além de mais simples e cômoda, é mais eficaz do que a correção pela dieta, embora o ideal seja a combinação de ambos. Muitos anos foram necessários para tornar evidente a relação entre nutrição, saúde e doença. As pesquisas sobre o metabolismo humano identificaram cerca de 5 mil reações bioquímicas necessárias à manutenção da vida; também comprovaram a necessidade de 45 “nutrientes essenciais” provenientes dos alimentos (essenciais porque o organismo não os sintetiza). A moderna Bioquímica demonstrou que a homeostase do organismo está assegurada por nutrientes perfeitamente identificáveis, com funções definidas, atuando como cofatores essenciais ao metabolismo bioquímico. O papel dos nutrientes é fundamental ao metabolismo celular, para a ativação das enzimas e à proteção das membranas, frente aos processos oxidativos. O progresso da Bioquímica fez surgir novas perspectivas de interesse clínico, cujos princípios se assentam em bases inatacáveis. A nutrição e a terapêutica através de nutrientes têm a finalidade de manter ótima no organismo a relação molecular entre os elementos internos (hormônios, enzimas, funções metabólicas e fisiologia das membranas) e o balanço nutricional (proteínas, lipídios, glicídios, vitaminas, minerais, ácidos graxos e aminoácidos). Esta é uma relação essencialmente bioquímica. É pensamento geral que a dieta variada é suficiente para prover o organismo de todas as vitaminas, aminoácidos e minerais, essenciais ao seu bom funcionamento. Trabalhos americanos relatam que são poucos os adultos (9%) que ingerem 3 porções diárias de legumes e hortaliças. A ingesta de frutas, diariamente, também é muito baixa. Embora sejam as frutas uma importante estratégia nutricional, graças à intensa presença de vitaminas, fibras, carotenóides, bioflavonóides,
  • 19. NUTRIENTES E TERAPÊUTICA 21 polifenóis e outros tantos fitoquímicos. A carência de nutrientes parece ser mais intensa em determinados grupos, como gestantes, idosos, pessoas enfermas e naquelas submetidas a dietas hipocalóricas. Os médicos brasileiros, em sua grande maioria, desconhecem o importante papel que os alimentos podem ter sobre a saúde ou a sua recuperação em caso de doença. Os conselhos médicos sobre alimentação restringem-se, quase sempre, a proibições de alguns ítens alimentares como, por exemplo, restrição ao sal, diminuição da ingesta de gorduras, de açúcar, álcool e café, desconhecendo ou não enfatizando as propriedades terapêuticas dos compostos fitoquímicos presentes nos alimentos, sua capacidade de prevenir e combater os mecanismos que favorecem o desenvolvimento das doenças. Todos os animais, inclusive os homens, regulam a ingestão de alimentos por meio das cinco sensações gustativas: doce, amargo, azedo, salgado e gosto da carne. O doce indica principalmente a presença de alimentos altamente energéticos; o salgado garante o reconhecimento e o equilíbrio de eletrólitos no corpo; o amargo e o azedo alertam para a presença de substâncias potencialmente tóxicas ou venenosas e o sabor da carne reconhece os aminoácidos das proteínas. O conteúdo de minerais e vitaminas presentes nos legumes e cereais sofre profunda influência dos micronutrientes e do pH do solo, uma vez que existem tipos diferentes de solo (argilosos, arenosos, terra preta, terra roxa, entre outros), com distintos conteúdos minerais, com variações de pH e com a consequente diferença na biodisponibilidade dos nutrientes. Alguns médicos consideram que uma alimentação equilibrada e variada é suficiente para evitar a carência nutricional; outros consideram difícil a obtenção das quantidades adequadas, exclusivamente através da alimentação.
  • 20. 22 GENERALIDADES A carência moderada de vitaminas, aminoácidos e minerais explicaria um grande número sinais e sintomas (astenia, ansiedade, insônia, alergias, pseudo-depressões), que não precisariam ser tratados por terapêuticas mais agressivas além dos suplementos nutricionais. Em 1968, o Departamento de Agricultura dos EUA publicou extenso trabalho demonstrando que 20% da população americana estava ingerindo dietas nutricionalmente pobres. O brasileiro alimenta-se mal, concluiu a Universidade de São Paulo (USP) e a Universidade Federal de São Paulo (UNIFESP), após pesquisa com 2.420 pessoas, em todas as regiões do país. Entre os importantes déficits nutricionais observados, destacaram-se o baixo consumo de cálcio (400mg ao invés dos recomendáveis 1.200mg/dia), as baixas taxas de vitamina D constatadas (ingesta de 1,4mg/dia ao invés das 10mg recomedáveis), e da vitamina E (média de 2,4mg/dia ao invés de 10mg/dia). A superalimentação habitual de antigamente, mantinha os indivíduos longe do risco carencial ou subcarencial. Todos os regimes hipocalóricos, hipolipídicos ou hipoglicídicos aumentam o risco de carência das vitaminas A, C, E e dos minerais magnésio, cálcio, potássio, zinco e ferro; dos ácidos graxos essenciais e de centena de outros compostos fitoquimicos importantes. Os vegetarianos apresentam, frequentemente, carência de ferro, de alguns aminoácidos (lisina, cisteína, triptofano), de vitamina B12 e de folatos; o consumo excessivo de fitatos (cereais não refinados) induz à carência de minerais. Os macronutrientes, presentes em maior quantidade nos alimentos e em nosso corpo, foram mais e melhor estudados quanto a sua química e as suas funções. O estudo das ações dos micronutrientes é bem mais recente. Sua presença e suas ações só foram evidenciadas após os notáveis avanços dos métodos de
  • 21. NUTRIENTES E TERAPÊUTICA 23 análises bioquímicas. Embora presentes em micro quantidades, nem por isso apresentam menor importância. A década de 50 possibilitou extraordinários avanços à Medicina com o surgimento de novas e revolucionárias teorias. Em 1956, Denham Harman formulou a teoria dos Radicais Livres (RLs), explicando o envelhecimento humano e o surgimento e agravação de algumas doenças em consequência da ação destes. RLs são elementos que surgem no organismo como um subproduto da respiração celular, quando o oxigênio é transformado em energia no interior da mitocôndria (5% do oxigênio origina espécies reativas, os temidos RLs). Assim como ocorreu com outros pioneiros, suas ideias foram recebidas com ceticismo e levou tempo para que obtivessem o reconhecimento, que veio a ocorrer na década de 70, quando sua teoria foi novamente divulgada pela American Academy of Medical Preventics. Graças a seus trabalhos (6 livros e mais de 150 artigos) foi indicado duas vezes para o prêmio Nobel de Medicina. Harman é professor de Medicina e Bioquímica na Universidade de Nebraska (USA). A terapêutica através dos nutrientes teve como pioneiros: os canadenses Hoffer e Osmond, com artigo publicado em 1962, na prestigiada revista inglesa Lancet; Linus Pauling, duas vezes prêmio Nobel, além de 50 títulos de Dr. “Honoris Causa”, e autor de 600 artigos científicos, vários livros e pesquisas nas áreas de Química, Medicina, Bioquímica e Biologia Molecular; Carl Pfeiffer (Brain Bio Center, Princeton) com suas obras na área da psiquiatria; Michael Lesser, fundador da Sociedade de Medicina Ortomolecular da Califórnia (1975); Roy Walford, autor das obras “A vida mais longa” e “Um regime de vida longa”; Patrick Quillin, fundador da revista Nutrition Times (EUA) e autor do livro “Healing Nutrients”; Denham Harman (Universidade de Nebraska ), criador da teoria dos RLs; o bioquímico Richard Passwater, autor do conceito de super-
  • 22. 24 GENERALIDADES nutrição e de vários livros; Roger J. Williams, professor da Universidade do Texas, criador do conceito de individualidade bioquímica e pai da moderna vitaminoterapia; Emanuel Cheraskin, médico e dentista, idealizador do conceito de ingestão diária ótima; Elmer Cranton, autor do livro “Trace Elements, Hair Analysis and Nutrition”; e o médico e nutricionista Jeffrey Bland, professor da Universidade de Tacoma (USA) e autor de vários livros. Por iniciativa do Food and Nutrition Board, no ano de 1941 , foram criadas as RDAs ( Recomended Dietary Allowances) , doses diárias recomendadas, tabelas para orientar a ingestão e suplementação de nutrientes nos EUA. A Academia Nacional de Ciências (EUA), reconhecendo que a carência de nutrientes estava associada a doenças em populações mal nutridas, editou as primeiras RDA´s, que são, portanto, recomendações de ingestão de nutrientes e tem por finalidade evitar a desnutrição e doenças a ela relacionadas. A partir dos anos 80, muitos médicos têm aumentado as doses de nutrientes buscando explorar as propriedades terapêuticas destes nas doenças crônicas, doenças cardiovasculares, osteoporose, alguns tipos de câncer e numerosas outras patologias. Hoje a utilização de suplementos (aminoácidos , vitaminas e minerais) a nível mundial é uma realidade , chegando, em alguns países, a serem consumidos por cerca de 40% da população. Foi Pauling quem popularizou o termo ortomolecular, no artigo - “Ortomolecular Psychiatry” – (revista Science 1968). Nele referia-se aos trabalhos de Hoffer - com pacientes psiquiátricos graves, afetados por delírios e alucinações - que utilizavam suplementação proteica e altas doses de vitamina C e de vitamina B3 (niacina). Fundou o Linus Pauling Institute of Science of Medicine, em Palo Alto (Califórnia), onde trabalhou até o final dos seus dias, em 1994. Publicou seu último livro em
  • 23. NUTRIENTES E TERAPÊUTICA 25 1986, sob o título de “Como Viver Mais e Melhor”. Foi ele, também, quem elaborou o conceito de doença da molécula, que, no organismo, pode ser controlada através da modificação na concentração dos nutrientes essenciais (vitaminas, minerais e aminoácidos). A introdução da terapêutica através dos nutrientes (ortomolecular) no Brasil deve-se, entre outros, ao professor Dr. Helion Póvoa Filho, famoso médico e pesquisador carioca e ao Dr. Etelvino Bechara, bioquímico de renome internacional e professor da USP. Em 1976, Póvoa tomou conhecimento da teoria e da terapêutica ortomolecular. Passou a dedicar-se ao tema, proferir palestras e, posteriormente, publicar trabalhos (mais de 400 no Brasil e no exterior). Desenvolveu várias técnicas laboratoriais para a determinação de RLs. Póvoa, é professor convidado de diversas universidades e presidente de honra de várias sociedades científicas. Outros nomes, como os doutores Toufik Mattar, José de Felippe Jr., Efrain Olszewer, Guilherme Deucher, Virgínia Junqueira e Juarez Callegaro foram importantes para a divulgação e a aceitação das novas ideias sobre nutrição e RLs. O desenvolvimento da nutrigenética e da nutrigenômica, ocorreu rapidamente a partir de 2001, logo após a finalização do projeto Genoma, que mapeou o DNA humano. Ambas têm como objetivo estudar a interação entre os alimentos e os genes humanos. A nutrigenética estuda como os genes podem afetar a forma pela qual o corpo aproveita o alimento. Por sua vez, a nutrigenômica, investiga como os nutrientes influenciam o comportamento dos genes. Acredita-se que dentro de poucos anos, cinco anos talvez, estejam à disposição, regimes de alimentação elaborados para cada pessoa, escolhidos a partir do perfil genético. Pesquisadores da Universidade de Ohio (EUA), estudam a
  • 24. 26 GENERALIDADES relação entre os alimentos e o câncer. Realizaram experimentos com extratos secos de frutas vermelhas e verificaram sua eficácia no tratamento de alguns tipos de câncer, pela ação dos princípios ativos fitoquímicos agindo sobre uma centena de genes envolvidos no desenvolvimento do tumor (Garry Stone in Cancer Research). Crianças brasileiras entre 2 e 6 anos comem mais do que deveriam, mas, mesmo assim, carecem de nutrientes essenciais como, vitaminas, minerais e fibras, segundo trabalho da Nutri- Brasil Infância (2007), realizado com três mil cento e onze crianças matriculadas em creches e pré-escolas da rede pública e particular de 9 estados brasileiros. O estudo mostrou uma realidade inquietante pois as crianças brasileiras costumam deixar no prato parte das frutas, legumes e verduras oferecidas, dando preferência a alimentos como arroz, feijão, macarrão e biscoitos, que não oferecem a totalidade dos nutrientes necessários. A principal carência observada foi a de cálcio, encontrado em quantidades reduzidas em 57% das crianças. Outro problema alimentar detectado foi a baixa ingesta de fibras alimentares, que afeta 95% das crianças. Trabalhos realizados na USP (SP), sob a coordenação do professor Dr. Fernando Moreno, mostraram que o princípio ativo do espinafre, o geranilgeraniol, é capaz de impedir a ação de genes importantes para a proliferação de células tumorais. Também é estudada a ação dos princípios ativos do chá verde contra os tumores de mama e, dos princípios ativos da soja, capazes de interferir no funcionamento de cento e vinte e três genes envolvidos no tumor de próstata.
  • 25. Capítulo 2 - MINERAIS “Se um cientista diz que algo é possível é provável que esteja correto; mas se ele diz que algo é impossível, muito provavelmente ele estará errado.” Arthur Clark O corpo humano necessita de, pelo menos, dezessete minerais para suas funções, como o cálcio - o mais abundante - (1000-1500g), o enxofre (175g), o magnésio (350g), o fósforo (800g) e elementos-traço (necessários em micro quantidades), como o molibdênio, o vanádio e outros. Os minerais presentes em grande quantidade são conhecidos como macroelementos e os presentes em pequena quantidade, como microelementos. Proteínas, gorduras e carboidratos não serão transformados em energia, se os minerais não estiverem presentes como catalisadores. Sem vitaminas e minerais específicos, a energia não pode ser extraída dos alimentos. As reações bioquímicas no organismo são catalisadas por um ou dois minerais, que se ligam ao centro ativo das enzimas. Os minerais bioativadores de enzimas são: ferro, magnésio, manganês, cálcio, zinco, cobre, cobalto, molibdênio, vanádio e selênio. Mesmo num país relativamente bem alimentado, como os EUA, observam-se carências minerais importantes, quando considerada a nutrição a nível intracelular: carência de magnésio em 75% da população; de ferro, em 60%; de zinco, em 40% e de cálcio, em 68%. Mineralogramas analisados em Pelotas (RS), no ano de 1998, mostraram resultados semelhantes: carência de magnésio em 78%; de ferro, em 40%; de cálcio, em 70%; de selênio, em 90% e de cromo em 92%.
  • 26. 28 MINERAIS A deficiência mineral afeta os sistemas biológicos: o sistema imune depende de cobre, zinco, manganês, ferro e selênio; a produção de energia, de magnésio, fósforo e manganês; a produção de hormônios, de ferro, manganês, zinco, cobre, magnésio e potássio; a produção dos elementos figurados do sangue, de cobre, zinco e ferro; os sistemas enzimáticos, de cobre, zinco, manganês, magnésio e ferro; por fim, a reprodução humana depende de fósforo, cobre, potássio, manganês, zinco e magnésio. Liebig (1920) foi o autor da Lei do Mínimo - o conceito número um da nutrição mineral. Diz a Lei que, num determinado sistema biológico, a velocidade de um sistema enzimático que dependa de dois ou mais minerais será determinada pela concentração do mineral presente em menor quantidade. Quando se dosam níveis minerais no exame de sangue, o que se está avaliando é o mineral que está sendo transportado de um lugar para outro no organismo. Quando o exame é feito na urina, o que está sendo dosado é aquilo que foi transportado (não aproveitado e excretado). Já no exame do cabelo, o que é dosado é o estoque desse mineral, ou seja, a parte que está armazenada e que deverá ser usada em condições de necessidade. Os minerais disponíveis para suplementação podem ser encontrados na forma inorgânica (carbonatos, sulfatos), na forma orgânica (citratos, aspartatos, gluconatos) ou quelados. Os inorgânicos são menos absorvidos, devendo ser ingeridos em maior quantidade. Os minerais aminoácidos quelados tiveram sua estrutura química definida em 1894, pelo alemão Warner. O termo quelado provém do grego “chel” (garra), ligado ao metal. O laboratório Albion (Utah, EUA) foi o pioneiro na
  • 27. NUTRIENTES E TERAPÊUTICA 29 pesquisa e produção de minerais quelados para uso humano. Um mineral aminoácido quelado é definido como o produto resultante da reação de um íon metálico polivalente com aminoácidos, tendo uma razão molar de 1:1, 1:2 ou 1:3, formando ligações covalentes e iônicas entre eles. Para absorção efetiva do quelado intacto pelas células da mucosa intestinal, este deve ter um peso molecular menor do que 800 daltons. São vantagens dos minerais aminoácidos quelados em relação aos minerais inorgânicos: apresentarem altas taxas de absorção; serem praticamente isentos de efeitos colaterais; independerem da quantidade de ácido clorídrico para sua absorção; serem resistentes à ação de substâncias sequestradoras da dieta; não competirem entre si ou com alimentos pelos sítios de absorção no intestino e também não interagirem com nenhum medicamento. Os minerais quelados com aminoácidos são ideais para fins nutricionais por não serem liberados no estômago, não serem ionizáveis e por serem rapidamente absorvidos no intestino delgado. Já os sais inorgânicos não são absorvidos em taxas maiores do que 5 a 30%. Sua absorção também decai na presença de alimentos. O Dr. Hans Nieper (Hannover) preconiza o uso preferencial de minerais ligados a orotatos, pois acredita que esta forma de quelado é mais eficaz, devido a sua grande afinidade pela mitocôndria. Os minerais quelados “taste-free” (sem sabor) permitem que sejam feitas preparações farmacêuticas na forma de suspensões e xaropes. Estão indicados nos casos em que a apresentação em cápsula não é a mais adequada (pediatria, geriatria, intolerância às cápsulas, estreitamento esofágico e alterações neurológicas da deglutição). Podem ser associados a
  • 28. 30 MINERAIS vitaminas e a outros produtos farmacêuticos, ou simplesmente ser ingeridos sob forma de pó (diretamente). Boro Foi identificado como novo elemento quimico em 1824 pelo sueco Jöns Berzelius. Graças ao trabalho dos Drs. Curtis Hunt e Forrest Nielsen, do USDA Human Nutrition Research Center (Dakota do Norte-EUA), o boro foi reconhecido como mineral importante em nutrição humana (1981). Nielsen demonstrou que mulheres menopauseadas tiveram uma considerável redução na excreção de cálcio, magnésio e fósforo pela urina depois da administração de 3mg/dia de boro. Pensavam que este poderia elevar o nível de estrógeno no sangue das mulheres na menopausa. A carência de boro aumenta a excreção urinária de cálcio e magnésio (em até 44%), reduzindo as concentrações séricas de 17-beta-estradiol e testosterona. O boro é necessário ao metabolismo dos hormônios tireoidianos e, em quantidades mínimas, à absorção e assimilação do cálcio. Exerce, ainda, ação sobre a permeabilidade das membranas celulares. Sob ação dos raios UV o 7-dehidrocolesterol (pró- vitamina D) presente na pele é transformado em colecalciferol (vitamina D3). No fígado, é convertido enzimaticamente em 25-OH-colecalciferol, 5 vezes mais potente que a vitamina D3, e no rim, sob a ação de outra enzima, em 1-25- OH-colecalciferol (ou calcitriol), 10 vezes mais ativo que a vitamina D3. O boro é fundamental para esta conversão, e a do estrogênio (muitas mulheres em menopausa apresentam altos níveis de 25-OH-vitamina D3 e baixos níveis de 1-25-OH- vitamina D3).
  • 29. NUTRIENTES E TERAPÊUTICA 31 O boro fornece grupos hidroxilas, essenciais para a síntese das formas ativas de alguns hormônios esteroides, especialmente os hormônios relacionados ao metabolismo ósseo e ao crescimento muscular. Um nível adequado de boro é necessário para a produção de testosterona e 17-beta-estradiol (forma mais ativa de estrogênio). Níveis baixos de boro podem ocorrer devido à baixa ingesta ou à má-absorção, e resultam em baixa deposição de cálcio nos ossos e perda da elasticidade da pele. O boro presente no cabelo apresenta estreita correlação com os níveis sistêmicos. O boro antagoniza a vitamina B2; por isso, quando os níveis de boro estiverem elevados, uma suplementação de vitamina B2 deve ser providenciada. O metabolismo do boro está relacionado de forma indireta ao metabolismo do cálcio, magnésio e fósforo. Em doses altas parece exercer ação supressora sobre a atividade da paratireoide. É necessário à fisiologia da membrana celular. O boro desempenha importante papel na deposição de cálcio na matriz óssea, especialmente na coluna vertebral (a deposição de cálcio nesta região é bastante efetiva sob a ação hormonal e o boro parece possuir uma ação “estrogênio like”). A deposição de cálcio no fêmur não está ligada à ação hormonal, mas sim à ação da vitamina D. Nesta região a ação do boro é menos efetiva do que na coluna cervical. Em mulheres, a carência de boro está correlacionada com um aumento da perda de cálcio pela urina e também com uma diminuição do nível do estrogênio. O cabelo é ligeiramente sensível à contaminação externa por boro.
  • 30. 32 MINERAIS Após constatar que pessoas com artrite reumatoide possuíam baixas concentrações de boro nos ossos e no líquido sinovial, o Dr. R. E. Newnham (Nova Zelândia) administrou a seus pacientes suplementos de boro (6mg/24 hs), revertendo os sintomas em 80% deles. O Hospital Real de Melbourne (Austrália), em trabalho recente, confirmou os achados do Dr. Newnham. Outros trabalhos mostram que a incidência da doença atinge 20 a 70% da população, nas regiões onde a taxa de ingestão de boro está abaixo de 1mg/dia; naquelas onde a ingesta está entre 3- 5mg/dia, a incidência oscila ao redor de 10%. O excesso de boro costuma desencadear náuseas, vômitos, diarreia e letargia. As intoxicações pelo boro não costumam estar relacionadas aos suplementos minerais, mas sim a ingesta do boro a partir do ácido bórico, usado como integrante de formulações de pastas baraticidas, para o extermínio das baratas domésticas. São fontes de boro: o feijão, os legumes de folhas verdes, as frutas, as amêndoas, o suco de uva e o vinho. Uma garrafa de vinho tem tanto boro quanto as reservas do corpo humano. Outras fontes de boro são os antiácidos, os descongestionantes, alguns produtos de higiene dental e alguns laxativos.Os níveis de boro contidos nos alimentos dependem, fundamentalmente, da quantidade de boro assimilável presente no solo. A dose diária ótima é de 0,04mg/kg de peso corporal. Cálcio O cálcio foi descoberto em 1808 pelo químico inglês Humphry Davy. É o mineral mais abundante no corpo humano - cerca de 1,6% do seu peso - (1000-1500g de cálcio). A forma de cálcio encontrada no leite é o lactato; o cálcio dos alimentos
  • 31. NUTRIENTES E TERAPÊUTICA 33 é o carbonato; o dos ossos e dos dentes, é o fosfato de cálcio; nos legumes, encontra-se o gluconato de cálcio. O citrato de cálcio possui 24% de cálcio e 76% de citrato; o lactato de cálcio, 13% de cálcio; o gluconato, 9% de cálcio; o fosfato de cálcio, 29%; o carbonato de cálcio 40%; o ascorbato de cálcio, 10%; o aspartato, 20%; o orotato, 20%; o pantotenato, 45%; o trifosfato, 39%, e o cálcio glicina, 20%. A presença de sais biliares, gorduras e substâncias ácidas (vitamina C, por exemplo) ajudam na absorção do cálcio. Por outro lado, stress físico ou emocional, o sedentarismo, a alta ingestão de fósforo e as dietas hiperproteicas prejudicam sua absorção. Pelos padrões tradicionais de avaliação do cálcio sérico, as deficiências encontradas estão na ordem de 30%; a nível intracelular, é significativamente maior (68%). Pelo menos 30% das mulheres acima de cinquenta e cinco anos e dos homens acima de sessenta anos têm deficiência de cálcio suficiente para justificar fraturas patológicas. Nos EUA 1,3 milhões de fraturas/ano são atribuídas à deficiência de cálcio, a um custo de US$3,8 bilhões. Uma deficiência média de cálcio não é bem diagnosticada pela avaliação no sangue, uma vez que o organismo tende a manter os níveis sanguíneos de cálcio, mesmo tendo que retirá-lo da matriz óssea. A dieta americana média contém 700mg de cálcio; no Brasil, os níveis médios são ainda menores. As mulheres deveriam fazer suplementação de cálcio e magnésio após os 30 anos, para atingir o pico máximo de massa óssea evitando, assim, a osteoporose, que costuma ter início entre os 45/55 anos. Graças à magnitude da falta de cálcio entre
  • 32. 34 MINERAIS as mulheres a osteoporose tem sido comparada a uma “epidemia silenciosa”. Outros elementos essenciais à formação do osso são zinco, manganês, cobre, ferro, boro, vitamina D e vitamina K. O cálcio é mais eficaz quando ingerido em doses fracionadas, durante o dia e antes de dormir. Quando administrado à noite, ajuda a atingir o sono profundo. A perda de cálcio aumenta na menopausa; os estrógenos, embora não produzam ossos novos, impedem uma descalcificação acelerada. O boro e a vitamina D também contribuem para deter a desmineralização óssea. O cálcio depositado nos ossos, 1% no extracelular e 0,1% no citosol, sob a forma de sais de cálcio, é fundamental para a manutenção da integridade do esqueleto; no extracelular e no citosol desempenha papel essencial em uma variedade de processos bioquímicos celulares. O cálcio extracelular circula no plasma sob 3 formas, a saber: 50% sob a forma ionizada, fisiologicamente a mais importante; 40% ligado às proteínas e 10% sob a forma de “complexos” (principalmente em bicarbonato, citrato e fosfato). Segundo Jefrey Bland, baixos níveis de cálcio no cabelo indicam reservas corporais diminuídas, habitualmente não evidenciáveis através das dosagens plasmáticas, devido aos mecanismos reguladores mediados pelo PTH, calcitriol e cálcio iônico (dentre outros fatores), que concorrem para a manutenção dos níveis fisiológicos circulantes. Cabelos grisalhos apresentam baixos níveis de cálcio em relação aos cabelos não grisalhos. A necessidade diária de cálcio está em torno de 1000mg (obs: 1ml de leite fornece cerca de 1mg de cálcio). Sua absorção
  • 33. NUTRIENTES E TERAPÊUTICA 35 é melhor em pH ácido e pode ser melhorada em presença de alimentos ricos nos aminoácidos lisina, arginina e histidina. A elevação do pH decorrente da produção diminuída de HCl no idoso é um dos fatores que concorrem para o balanço negativo do cálcio na terceira idade. Este fenômeno tem início quando a ingesta é inferior a 380mg/dia, estimulando os mecanismos responsáveis pela remoção do cálcio ósseo, para a manutenção dos níveis fisiológicos circulantes deste mineral. Osteoporose é o resultado final deste processo. O cálcio removido dos ossos tende a depositar-se nos tecidos (má distribuição), podendo ocorrer a formação de cálculos renais. A Inglaterra fortifica sua farinha de trigo com a adição de carbonato de cálcio (235 a 390mg/100g) para garantir adequada formação de massa óssea a sua população. São sintomas da carência de cálcio: câimbra, insônia, ansiedade, irritabilidade, unhas quebradiças, excitabilidade neuromuscular exacerbada, eczema, retração da linha gengival e doença periodontal (secundária à osteoporose maxilar). A má distribuição do mineral resulta na deposição em partes moles (principalmente tecido conjuntivo). A hipocalcemia grave (cálcio sérico inferior a 7mg/100ml) pode causar laringo- espasmo e convulsões generalizadas. A história clínica do paciente poderá mostrar hábitos de vida e sintomas que revelam a carência de cálcio. O desequilíbrio entre a ingesta de cálcio e magnésio (adequada na proporção de 2:1), a ingesta excessiva de cafeína (café, chá preto e chimarrão), álcool, fosfatos, bebidas tipo “cola”, a hipocloridria (uso continuado de inibidores da bomba de prótons e antagonistas H2), o sedentarismo, a falta de exposição à luz solar (deficiência de vitamina D), concorrem para uma deficiência nas reservas corporais totais de cálcio. As carnes vermelhas contêm cálcio e magnésio na proporção de 20:1 (o ideal é 2:1). Esta desproporção favorece o deslocamento do
  • 34. 36 MINERAIS cálcio e a consequente deposição em partes mole (e/ou excreção renal). A reposição do cálcio deve se fazer acompanhar de proporções adequadas de magnésio e zinco. O cálcio alto no mineralograma (falsamente elevado) também pode ser devido à contaminação externa, especialmente através de “permanente” ou tratamentos capilares. Está indicado dosar o nível de cálcio excretado na urina de 24 horas. Níveis baixos de cálcio e magnésio podem estar relacionados ao desenvolvimento da hipertensão na gravidez e na pré-eclâmpsia. Estudos observaram uma correlação inversa entre ingesta de cálcio e incidência de hipertensão. O cálcio baixo no sangue ou no mineralograma sugere ingesta insuficiente (necessidade diária igual a 1g), má-absorção do mineral (requer pH ácido) ou deslocamento por alta concentração de fósforo; osteopenia, osteoporose, hipocloridria (por stress, com deficiência de zinco e/ou vitamina B6), embora subclínicos, podem estar associados. A absorção do cálcio inorgânico (o mais utilizado é o carbonato de cálcio) depende do pH do estômago e de sua ionização no intestino. Estudos feitos em mulheres pós-menopausa mostraram que 40% delas apresentavam severa deficiência na secreção de HCl. Pessoas com hipocloridria conseguem absorver somente 4 a 7% do carbonato de cálcio ingerido, enquanto que, em condições normais, a absorção varia de 11 a 22%. Os astronautas, no espaço, perdem muito cálcio diariamente, pela falta de atividade física e de gravidade. Doentes acamados por longos períodos perdem massa óssea pela inatividade. A fixação do cálcio no osso depende (além de nutrientes) de exercício, para que o efeito piezo-elétrico ocorra.
  • 35. NUTRIENTES E TERAPÊUTICA 37 Situações especiais como carência de cálcio e gravidez, por exemplo, podem aumentar em muito a taxa de absorção intestinal do cálcio (a gravidez, em até 50%). A sudorese profusa pode gerar perdas de cálcio de até 1000mg/dia (exercícios extenuantes exigem suplementação de cálcio). A suplementação diária de 1000mg de cálcio reduz a incidência de fraturas vertebrais em até 50% e diminui o risco de osteoporose na menopausa. Ingesta de cálcio superior a 2g/dia, na ausência de magnésio e vitamina B6, pode causar hipercalcemia e a formação de cálculos renais. A ingestão diária de leite (média brasileira de 300ml) fornece cerca de 30% das necessidades diárias de cálcio para uma pessoa normal (1ml de leite contém aproximadamente 1mg de cálcio). O cálcio é melhor absorvido quando ingerido à noite. O hábito de tomar leite à noite, antes de dormir, garante excelente absorção e uma boa indução ao sono fisiológico. A casca de ovo tem a biodisponibilidade de cálcio melhorada se for preparada com vinagre ou suco de limão (o pH ácido favorece a absorção do cálcio), no entanto, devido à contaminação por coliformes fecais, não está indicada para uso humano. A simples lavagem com água não remove as bactérias, fazendo-se necessária sua esterilização para poder ser consumida. São elementos que concorrem para a osteoporose: déficit nutricional (especialmente de cálcio), excesso de bebidas gaseificadas (por seu alto teor de fósforo), sedentarismo, excesso de vitamina D, pouca exposição ao sol, deficiência de estrogênio, excesso de álcool e/ou cafeína e intoxicação por metais pesados. Um dos primeiros ossos a sofrer descalcificação é o osso alveolar (arcada dentária), o que
  • 36. 38 MINERAIS contribui para a instalação da doença periodontal observada em até 8% da população. A dose diária ótima de cálcio é de 12mg/kg de peso corporal. São fontes de cálcio: leites e derivados (400mg a 800mg/100g), salmão, sardinha, amendoim, feijão, sementes de girassol e vegetais verdes folhosos (brócolis, couve, repolho). Uma das tomadas diárias de cálcio deve ser feita antes de dormir, para contrabalançar a grande perda que ocorre durante o sono devido a menor atividade do corpo. Cobalto O cobalto foi descoberto em 1737 pelo químico George Brandt, quando analisava um mineral que denominou “kobold”, que significa espírito. Em 1948, foi reconhecido como essencial à nutrição humana. Já no antigo Egito (2600 a.C.), empregavam-se os sais de cobalto no preparo de cerâmicas, como pigmentos de cor azul. Atualmente, ainda é utilizado em pigmentos cerâmicos e como pigmento azul para tintas. Sua concentração no organismo é extremamente baixa, e localizado fundamentalmente no fígado. Sua principal função no organismo é fazer parte do centro ativo da vitamina B12 (o cobalto corresponde a 4% da composição desta vitamina) e da coenzima B12, importantes na função e na vitalidade dos glóbulos vermelhos (estimula a eritropoiese e favorece a incorporação de ferro e protoporfirina). Também e considerado um dos minerais que ativam as funções do sistema imunológico (os demais são cobre, ferro, manganês, selênio e zinco). Em 1966, Quebec observou uma estranha doença acometer seus “pesados” tomadores de cerveja: a miocardiopatia do bebedor de cerveja, decorrente da interação
  • 37. NUTRIENTES E TERAPÊUTICA 39 entre o cobalto orgânico e o etanol. Todos eles tomavam entre 6 e 30 cervejas por dia. A análise da cerveja canadense mostrou 1,2 ppm de cobalto, o qual era empregado como estabilizador de espuma, uma vez que os detergentes estavam diminuindo seu “colarinho”. O cobalto é ingerido sob forma orgânica (vitamina B12), forma quelada (cobalto quelado) ou forma inorgânica (cloreto de cobalto), sendo todas pouco absorvidas por via oral. A forma melhor absorvida é a quelada, contendo 0,2% de cobalto. Os seres humanos são incapazes de converter o cobalto inorgânico em vitamina B12. A taxa de cobalto contida na dieta varia muito, dependendo do tipo de alimento, área geográfica e tipo de solo. Vegetarianos têm níveis de cobalto baixos. Sinais da intoxicação aguda por cobalto incluem distúrbios gastrointestinais, dor abdominal e vômitos. Também são observadas dermatites, alterações renais, de tireoide, respiratórias e insuficiência cardíaca congestiva. As principais fontes de intoxicação por cobalto são: solos e águas ricas em cobalto, mineração, operações e lixamento de pedras e metais, manuseio de tintas, agentes para lavagem a seco, esmaltes e eletrogalvanoplastias. Baixos níveis de cobalto no sangue ou no mineralograma sugerem deficiências na ingesta ou má absorção; pode haver diminuição da função imune e tendência à depressão. Níveis elevados são raros. O nível de cobalto no cabelo é fidedigno para monitorar os estoques do corpo, não estando sujeito à contaminação externa. São sintomas da deficiência de cobalto: fadiga crônica, falta de resistência física, anemia megaloblástica e parestesias. O cobalto é pobremente absorvido no intestino, o que torna interessante a suplementação via sublingual.
  • 38. 40 MINERAIS As principais fontes de cobalto são as proteínas de origem animal (carne, rins, fígado, ostras, mexilhões e leite). Os vegetarianos têm maior probabilidade de desenvolver quadros carenciais de cobalto. O cobalto é parte integrante da molécula da vitamina B12 (cianoCOBALamina). Podem ser utilizados sais inorgânicos (como o cloreto de cobalto), porém sua absorção é baixíssima (1%). A dose diária ótima de cobalto é 1mcg/kg de peso corporal. Cobre Foi um dos primeiros metais que o homem conheceu (5000 a.C.). A associação do cobre ao estanho marcou o nascimento da idade do bronze. É um componente essencial em dezenas de sistemas enzimáticos responsáveis pela produção de energia, ação anti-RLs, integridade do colágeno e formação da melanina e elastina. Desde a década de 20, é conhecido o papel do cobre na resposta às anemias ferroprivas (80% dessas apresentam, concomitantemente, deficiência de cobre e zinco). O cobre participa do metabolismo do ferro e da síntese da hemoglobina, sendo necessário à incorporação do ferro ao grupamento heme. Encanamentos de cobre para água quente podem intoxicar seus moradores, por liberarem continuamente pequenas quantidades do metal, especialmente em cidades ou zonas cuja água tiver pH ácido. Os quadros de pré- intoxicação cursam com periódicas indisposições gastrointestinais. A primeira água da manhã, por permanecer mais tempo em contato com os canos, apresenta os maiores teores. Baixos níveis de cobre no sangue ou no mineralograma sugerem deficiência na ingesta, má absorção ou deslocamento pelo zinco, molibdênio ou enxofre. Dietas exclusivamente lácteas e/ou diarreias frequentes são causas possíveis de
  • 39. NUTRIENTES E TERAPÊUTICA 41 carência de cobre. Clinicamente, os baixos níveis de cobre estão associados aos distúrbios do metabolismo do ferro, anemia, retardo no crescimento, carência proteica, lesões cardiovasculares, aterosclerose, síntese fosfolipídica imperfeita, dermatoses, diminuição da produção de melanina (levando à pigmentação anormal da pele ou à perda da cor do cabelo), desmineralização, fraturas e deformações nos ossos, hipercolesterolemia, alterações no metabolismo da tireoide, dores articulares e baixa imunidade. Este mineral costuma encontrar-se diminuído nas colagenoses e esta diminuição pode também favorecer à ruptura da túnica elástica dos vasos sanguíneos. O excesso de molibdênio torna o cobre indisponível, ao formar complexos Cu/Mo. O cobre é um cofator essencial à atividade de uma série de enzimas, incluindo citocromo C oxidase, lisil oxidase, ferroxidase, SOD, catalase, tirosinase, MAO, ácido ascórbico oxidase, uricase, dopamina hidroxilase, ureidosuccinase e descarboxilase oxaloacética. Também está envolvido na formação das catecolaminas e na conversão do triptofano em serotonina. Parece estar envolvido na absorção e transporte de ferro e na síntese da hemoglobina; sua interação com o ferro é essencial para a eritropoese. Ainda, concorre para a manutenção da mielina, do colágeno e da elastina, assim como para a formação dos ossos. Os níveis de cobre e, particularmente, da proteína que o carrega - a ceruplasmina - são elevados pelos estrógenos. Seus níveis aumentam durante a gravidez. Os níveis altos de cobre podem ser fator de depressão pós- parto ou de psicose pós-parto.
  • 40. 42 MINERAIS As mulheres que utilizam D.I.U. de cobre absorvem 30- 50mcg/dia, quase 1% da quantidade absorvida através da dieta. Pessoas que aderiram à moda dos braceletes de cobre referiram melhora dos sintomas de artrite: o bracelete, sob a ação do suor, libera traços de cobre continuamente, que é absorvido pela pele. Os gluconatos e os aspartatos são melhor absorvidos do que os sais inorgânicos, porém a melhor absorção é a dos quelados. O cobre quelado com glicina é de 3 a 6 vezes melhor assimilado do que os sais inorgânicos de cobre; o magnésio quelado, cerca de 3 vezes melhor; o ferro quelado, 5 vezes; o zinco, cerca de 3 vezes. O colesterol é transformado em ácidos biliares pela metaloenzima hepática colesterol-7-alfa-hidroxilase, cobre dependente; a carência deste mineral concorre para a hipercolesterolemia. O cobre e o zinco são necessários para a produção de TSH. O cobre (assim como o zinco) é necessário para o metabolismo periférico da tiroxina (T4) em triiodotironina (T3); logo, desequilíbrios na relação cobre/zinco poderão ser um fator causal de anormalidades na produção e utilização do hormônio da glândula tireoide. A deficiência de cobre pode favorecer o desenvolvimento de aneurismas, uma vez que diminui a atividade da enzima lisiloxidase, responsável pelo “cross-linking” das fibras de colágeno e elastina das paredes dos vasos. A ingesta de doses elevadas de cobre (acima de 5mg/dia), sem a devida reposição de zinco (na proporção de 1:5 a 1:15), diminui a ação da SOD citoplasmática, cobre e zinco dependente, pois o excesso daquele reduz a absorção deste (e vice-versa). O gosto de metal na boca pode ser indicador de excesso de cobre, embora muitos outros metais produzam o mesmo
  • 41. NUTRIENTES E TERAPÊUTICA 43 sintoma. O excesso de cobre pode ser causa de hiperatividade infantil (outras causas são: déficit de vitamina B3, vitamina B6, taurina e magnésio, ou, ainda, excesso de fósforo). A forma em que um mineral se apresenta pode determinar sua utilização médica ou sua toxidez. O arsenito de cobre é tóxico e o sulfato de cobre não é apropriado para uso humano. O cobre glicina é muito bem tolerado. A associação do mineral a um aminoácido visa a aumentar o tropismo do mineral por um determinado órgão: o aspartato tem tropismo pelo coração; a arginina, pelos orgãos reprodutores; a histidina, pelo tecido nervoso; a lisina, pelas articulações e o orotato, pelas mitocôndrias. A cardiopatia isquêmica é mais comum em pacientes com carência de cobre. O miocárdio sofre intensa peroxidação, quando há insuficiente atividade da SOD (cobre/zinco dependente). Pode-se usar o cobre como indicador da atividade da cobre/zinco SOD, a qual contém 60% do cobre eritrocitário. A deficiência de cobre pode precipitar quadros de enfisema pulmonar, devido à diminuição da atividade da SOD, e por deficiência de alfa-1-antitripsina (cobre dependente) com a consequente diminuição da elasticidade dos alvéolos. A administração de cobre, zinco, manganês e coenzima Q- 10 parece atuar positivamente nos quadros iniciais dessa patologia. Embora as amostras de cabelos enviadas para análise (mineralograma) sofram lavagens nos laboratórios especializados, a remoção do cobre exógeno a ele aderido não é efetiva, interferindo, assim, com os resultados. O zinco aderido ao cabelo é um pouco melhor removido, embora ainda persistam níveis suficientes para evidenciar a contaminação externa. Uma fonte importante de contaminação são os encanamentos de cobre; ainda, “permanentes”, tinturas para o cabelo e algicidas
  • 42. 44 MINERAIS (água de piscina). É trinta vezes mais fácil ocorrer contaminação externa pelo cobre do que pelo zinco. A dose diária ideal é de 0,014mg/kg de peso corporal. São fontes de cobre: fígado (8mg/100g), rins, coração, carnes vermelhas, frutos do mar (ostras possuem altas concentrações), frutas, trigo, soja, levedo de cerveja, cacau, feijão e ervilha. O leite é pobre em cobre (0,2mg/100ml). Cromo Esse mineral foi isolado pelo químico francês Louis- Nicolas Vauquelin, em 1797, que o denominou cromo, que provém da palavra grega ¨chroma¨, que significa cor, devido às cores variadas de seus sais. Em 1957, Kenneth Schwarz e Walter Mertz - nutricionistas do U. S. Agricultural Research Service - foram os primeiros a relacionar a ação hipoglicemiante da levedura de cerveja (100mcg de cromo/10g de levedura) à presença do cromo GTF (fator que se liga à insulina, favorecendo sua atividade). Em 1989, graças ao trabalho do Dr. Mertz, o cromo foi reconhecido como elemento essencial ao metabolismo da glicose e dos ácidos graxos, à ação da insulina e ao crescimento da massa muscular, já que facilita a liberação deste hormônio e sua ligação aos tecidos. O cromo é um componente do “Fator de Tolerância a Glicose” (GTF), substância que trabalha com a insulina para facilitar a entrada da glicose nas células, regulando os níveis glicêmicos. A molécula de GTF contém vitamina B3 (niacina), cromo e os aminoácidos glicina, ácido glutâmico e cisteína. A presença da vitamina B3 é importante para a resposta aos suplementos de cromo. A deficiência de cromo é comum nos diabéticos não insulino dependentes (DMNID) e pode
  • 43. NUTRIENTES E TERAPÊUTICA 45 contribuir para a resistência insulínica e para a elevação dos níveis de triglicerídeos e colesterol sérico. A administração de cromo em portadores de diabetes mellitus 2 (DMNID) regula os níveis de glicose, diminui os níveis séricos de insulina, colesterol total e triglicerídeos e aumenta os níveis do HDL. Baixos níveis de cromo no sangue ou no mineralograma sugerem deficiência na ingesta e/ou má absorção; podem estar relacionados à idade avançada, gravidez, alta ingesta de carboidratos refinados, diabete juvenil, alteração no metabolismo de proteínas e/ou depleção de reservas por consumo metabólico excessivo. A carência de cromo induz à redução na atividade da insulina, deficiência no metabolismo de açúcares (tolerância à glicose diminuída), deficiência no metabolismo de gorduras (especialmente colesterol), podendo também ser indicador de depressão. A deficiência de cromo pode causar aumento da placa de ateroma, elevação do colesterol LDL, aumento da dependência à insulina (em diabéticos), alteração da resposta ao estresse e opacidade da córnea. O metabolismo da glicose pode ser avaliado no sangue ou também através do mineralograma, pelos níveis de cromo (juntamente com zinco, vanádio e manganês); baixos níveis sugerem alteração no metabolismo da glicose. O cromo é o primeiro dos minerais a ter sua absorção diminuída, à medida que a idade avança; o lítio é o segundo, pois sua absorção é facilitada pelo cromo. A intolerância ao álcool pode ser um sinal de deficiência de cromo. A excreção urinária de cromo aumenta sob a ação do stress de qualquer natureza, regime hipoproteicos, exercícios fatigantes, hemorragia aguda, e infecções.
  • 44. 46 MINERAIS O uso do cromo picolinato em alguns casos de obesidade tem demonstrado resultados encorajadores. A perda de peso ocorre pelo aumento da sensibilidade das células à insulina, o que, além de regular níveis glicêmicos, também estimula a termogênese e aumento da massa muscular. A suplementação de cromo picolinato em atletas mostrou ser capaz de acelerar a redução da gordura corporal em 12,2% após 30 dias de suplementação (200mcg, 2 vezes ao dia). A deficiência de cromo é muito comum nos EUA e no Brasil. O exame de confirmação pode ser feito no sangue. Atualmente, 90% dos americanos com mais de 50 anos têm deficiência de cromo, devido à ingesta diária de apenas 50mcg (Richard Anderson e Adrianne Kozlovsky - Academia Nacional de Ciências – EUA). Nos brasileiros, a deficiência é semelhante. No diabetes mellitus, a associação de cromo, manganês e zinco ajuda no controle dos níveis glicêmicos. Diabéticos que requerem de 60-80U/dia de insulina, podem reduzir para 30-40U/dia com o auxílio de cromo GTF. O aporte diário de cromo nos países nórdicos também está abaixo das necessidades mínimas diárias. O cromo apresenta-se em dois estados de valência: o cromo III (biológico), e o cromo VI (industrial), que é potencialmente tóxico. Os sais de cromo VI podem causar lesões renais, hepáticas e neoplasias; à exposição da epiderme (trabalhadores da indústria de cimento, cromagens, metalúrgicas) ocorre dermatite química irritativa, que aparece nas zonas expostas. A inalação do pó de cromo VI ocasiona lesões nas vias aéreas superiores. O cromo III (existente no organismo), que
  • 45. NUTRIENTES E TERAPÊUTICA 47 faz parte da molécula de GTF, é apresentado comercialmente como cromo DNG (dinicotinato de glicina) ou cromo GTF (fator de tolerância à glicose). O cromo atua em sinergismo com a insulina, glicose, magnésio, vitamina B6, zinco, vitamina B3, glicina, cisteína e ácido glutâmico. Suplementos de cromo devem ser tomados por quem pratica exercícios físicos, por pessoas que se alimentam de produtos refinados (cujo processo industrial expolia o cromo) e por indivíduos idosos (o processo de envelhecimento costuma cursar com carência de cromo). Todos os diabéticos e pré-diabéticos têm deficiência de cromo. O cromo, necessariamente, precisa ser administrado sob forma de quelado. Os sais de cromo inorgânico (como o cloreto) têm baixa absorção (1%) e são tóxicos. O diabetes mellitus é a terceira causa mortis nos EUA. A dieta americana, atualmente, é tremendamente deficiente em cromo. O diabetes mellitus atinge 7,6% dos brasileiros com mais de 30 anos; dentre outros fatores, a história familiar, o excesso de peso e o sedentarismo colaboram para o seu desenvolvimento. Várias plantas medicinais são utilizadas no controle das taxas glicêmicas (pata de vaca, pau ferro, carqueja, jambolão), sendo o alto teor de cromo e manganês o traço comum entre elas. O nível de cromo no cabelo é um bom indicador dos níveis teciduais e é mais confiável do que a dosagem na urina ou no sangue. Em geral, não é afetado por contaminação externa. O colesterol não é uma gordura, como muitos pensam, mas sim um álcool, que se combina com ácidos graxos. Cerca
  • 46. 48 MINERAIS de 70% do colesterol é produzido pelo próprio organismo, no fígado; o restante provém dos produtos de origem animal. Níveis elevados de colesterol estão associados à aterosclerose. Há diferentes tipos de colesterol. Na realidade são a mesma substância, só que ligada a diferentes lipoproteínas. O colesterol ligado à apo-lipoproteína-A forma o HDL, que é o colesterol “bom”; quando ligado à apo-liproteína-B, origina o LDL, que é o colesterol “ruim”. O HDL impede a oxidação do LDL em condições normais. Sob situações de grande stress (como grandes cirurgias ou grandes infecções) o HDL pára de ativar a enzima paraoxinase, perdendo, então, suas propriedades antioxidantes. A administração de 100mcg de cromo (2 vezes ao dia), durante 6 semanas, induz a uma elevação do HDL (da ordem de 17,8%), com decréscimo igual do indesejável LDL. Os resultados são melhores em períodos mais prolongados, com doses um pouco mais elevadas (400mcg/dia). Doses de até 600mcg/dia de cromo são consideradas seguras. São fontes de cromo: levedo de cerveja (a melhor fonte), cereais integrais, condimentos (pimenta preta, tomilho), carnes, fígado, ostras, mexilhões, ovos, queijos, cogumelos. Os alimentos refinados apresentam teores mais baixos. No melaço puro encontramos 0,26mcg/g de melaço, 0,16mcg/g no açúcar não refinado e somente 0,02mcg/g no açúcar refinado. A farinha integral contem 1,75mcg/g , a farinha branca 0,60mcg/g e o pão branco 0,14mcg/g. ( Wolff, 1974).
  • 47. NUTRIENTES E TERAPÊUTICA 49 Enxofre As propriedades terapêuticas do enxofre são conhecidas desde a Antiguidade. Afrescos descobertos em Pompeia já mostravam seu uso naquela época. O grego Homero, ainda na Antiguidade, termina seu magistral clássico “A Odisseia” com a purificação (com enxofre) da casa de Ulisses, após o massacre dos pretendentes de sua esposa e de seus servos infiéis (Odisseia XXII, 605-621). Foi Lavoisier quem demonstrou que o enxofre era um elemento químico e não um composto, como até então se pensava. O enxofre é componente de todos os tecidos do corpo, especialmente do cabelo, músculos e pele. A maior parte do enxofre corporal está ligada a aminoácidos (metionina, taurina, cistina e cisteína); também é um componente da vitamina B1, da biotina, da insulina, da glutationa, da queratina, do ácido hialurônico, da coenzima A, do SAME, da condroitina sulfato e da glucosamina sulfato. Está envolvido na formação dos ossos, dos dentes e dos ácidos biliares (a cisteína origina taurina, que, por sua vez, forma o ácido taurocólico). Ativa inúmeros sistemas enzimáticos; favorece a conversão de proteínas, carboidratos e gorduras em energia, e é importante varredor de metais tóxicos do organismo, ao formar com eles complexos inertes ou com menor toxidade. Sua ação é aumentada na presença da vitamina B1, vitamina B5, biotina e ácido lipoico. Por sua ação sobre a pele, cabelo e unhas, é conhecido como mineral da beleza. O enxofre é um elemento essencial para o organismo. Os níveis de enxofre no sangue ou no cabelo estão correlacionados com a ingesta e com o seu nível nos tecidos. O cabelo é sensível à contaminação externa por alguns condicionadores. O enxofre elevado no cabelo, na ausência de contaminação externa, está relacionado com um aumento deste
  • 48. 50 MINERAIS elemento no corpo ou com um desequilíbrio no metabolismo. Uma dieta muito rica em proteínas e/ou uma suplementação excessiva de aminoácidos enxofrados poderia elevar seus níveis. A possibilidade de problemas com sulfatos e sulfetos, as cistinoses, a disfunção biliar e a doença renal são riscos a serem considerados se o nível de enxofre no cabelo estiver consistentemente alto. Uma dieta que careça radicalmente de proteínas redundará em níveis baixos de enxofre no organismo e no cabelo, ou seja, em baixos níveis de tiamina, biotina e de aminoácidos enxofrados. Depressão, queda de cabelo e unhas quebradiças podem acompanhar os baixos níveis de enxofre, assim como o aumento do risco cardíaco. Níveis baixos de enxofre também podem sugerir má-absorção, alterações no metabolismo dos aminoácidos e deficiência de vitamina B6. As sulfatases, enzimas catalisadoras do enxofre, promovem a remoção do excesso de radicais SO4, formados durante o metabolismo dos mucopolissacarídeos. O excesso desses radicais altera a forma e o metabolismo do colágeno. São fontes de enxofre: carnes vermelhas, peixes, leite, feijão, cebola, alho, couve de Bruxelas e repolho. As gemas de ovos são excelente fonte. Pacientes que não ingerem ovos podem apresentar deficiência de enxofre. Os aminoácidos enxofrados (cistina, cisteina, metionina e taurina) também são fontes de enxofre. Ferro Foi um dos primeiros minerais a serem suplementados na história da Medicina (a suplementação de ferro está presente em quase todas as culturas). Um dos primeiros povos a utilizá-
  • 49. NUTRIENTES E TERAPÊUTICA 51 lo foram os hititas, em 1200 a.C.. Em 1713, a presença do ferro no sangue foi evidenciada por Menghini, ao submeter amostras de sangue seco ao campo magnético de um imã. Logo após sua descoberta, passou a vender comprimidos de sangue em pó, com grande sucesso,especialmente para jovens senhoras. Sua essencialidade foi provada pelo químico francês Jean Baptiste Boussingault. Atribui-se a Sydenham a primeira descrição da anemia ferropriva, em 1681. O corpo humano possui cerca de 5g de ferro, estando 70% dele ligado a hemoglobina e a mioglobina. Os restantes 30% estão distribuídos pelo fígado, baço e medula óssea. A anemia ferropriva é hoje a principal doença nutricional do mundo, acometendo cerca de um bilhão de pessoas. No Brasil, a incidência é bastante elevada (em determinadas regiões atinge mais de 60% da população), ocorrendo mais frequentemente em pré-escolares e gestantes, embora aconteça em todas as classes sociais e faixas etárias. A deficiência de ferro acarreta diminuição da imunidade, por reduzir a proliferação dos linfócitos e a sua imuno- competência; diminuição da capacidade de trabalho e da resistência ao esforço, devido ao papel do ferro no transporte de oxigênio; interfere na aprendizagem e também no desenvolvimento mental e motor. A criança deficiente em ferro apresenta diminuição da atenção, da memória, da capacidade de verbalização e menor rendimento escolar. Pode apresentar, por fim, alterações de conduta: a pagofagia (hábito de comer gelo), a geofagia (hábito de comer terra) e a pica (mastigação de pedras ou fibras) estão relacionadas com a anemia ferropriva. Nas anemias ferroprivas, recomenda-se a suplementação com ferro glicina (ferro quelado), cuja absorção é muito superior à das formas inorgânicas (sulfato ferroso, p.e.). Doses
  • 50. 52 MINERAIS em torno de 20-40mg/dia são adequadas para reverter a anemia em prazos bem menores, se comparados ao sulfato ferroso. Em alguns casos, a recuperação do hematócrito mostra resultados surpreendentes em apenas 20-30 dias, ao passo que, utilizando o tradicional sulfato ferroso, esse prazo sobe para 50-60 dias. Na carência real de ferro, os baixos níveis encontrados no mineralograma parecem anteceder aos baixos níveis séricos. O mineralograma isoladamente não é um bom parâmetro para que se faça reposição do mineral, devendo ser dosados o ferro sérico e a ferritina. A reposição em anêmicos ferroprivos melhora a capacidade de trabalho em cerca de 12%. O ferro no cabelo pode estar elevado devido à lavagem em água artesiana contendo o metal. A carência de ferro pode manifestar-se clinicamente por anemia (hipocrômica e microcítica) e sintomas relativos, irritabilidade, diminuição da síntese proteica e desenvolvimento ponderal retardado em crianças. A deficiência de ferro também diminui a eficácia do sistema imune, além de favorecer um aumento na absorção e fixação do chumbo (maior suscetibilidade à intoxicação). Nos EUA, cerca de 20% da população apresenta baixas reservas de ferro. O uso continuado de estrogênio diminui os níveis de ferro; a hipocloridria também o faz, visto que a absorção deste metal se dá em pH ácido. Ácido ascórbico, ácido clorídrico, metionina, cisteína e baixos níveis circulantes de ferro aumentam a absorção. O ácido ascórbico é o mais potente acelerador da absorção de ferro (até 5 vezes), formando um quelado solúvel no intestino delgado. Os fitatos (presentes nos cereais), oxalatos (contidos nas verduras de folhas escuras), fosfatos (presentes nos antiácidos), taninos (presentes no café e no chá), fibras e celulose são
  • 51. NUTRIENTES E TERAPÊUTICA 53 queladores de metais, formando sais insolúveis que serão eliminados pelas fezes; logo, o ferro contido nos vegetais (ferro não-heme), é menos absorvido do que o ferro das fontes animais (ferro heme). Somente 35% do ferro presente no feijão é absorvido. O excesso de fósforo ou zinco também diminui a biodisponibilidade do ferro. O sulfato ferroso (ferro inorgânico) é o suplemento de ferro mais barato e o mais utilizado em formulações; por ser utilizado em altas doses pode ocasionar náuseas e epigastralgia. As formas orgânicas de ferro (gluconato, citrato e fumarato ferroso) também são utilizados em suplementos. A forma ideal de se administrar ferro, porém, é a forma quelada com o aminoácido glicina (ferro glicina), mais bem tolerada e mais ativa. O ferro é melhor absorvido quando tomado pela manhã e na presença de sucos ácidos ou vitamina C. A anemia ferropriva sugere carências importantes de outros nutrientes, além do ferro. Cerca de 80% desses pacientes apresentam, concomitantemente, deficiências de cobre, zinco, ácido fólico e vitamina B12. A associação destes minerais à vitamina B12 e ao ácido fólico proporciona resultados espetaculares, abreviando o tempo para a normalização do eritrograma. A vitamina C garante a presença do ferro na forma ferrosa (Fe+2), de absorção mais fácil e eficiente. O ferro na forma férrica (Fe+3) precisa passar a forma ferrosa para ser absorvido. Diversos estudos mostram que a deficiência de ferro ocasiona um aumento na absorção de chumbo, especialmente em crianças. Tal fato pode acarretar sérios problemas em regiões onde a deficiência de ferro ocorre concomitante com uma alta e constante exposição ao chumbo. Entre as inúmeras funções importantes do ferro estão: o transporte de oxigênio e gás carbônico pela hemoglobina e
  • 52. 54 MINERAIS mioglobina; a fosforilação oxidativa nos citocromos; a ativação catalítica de enzimas; a fagocitose; a estimulação da imunidade geral e dos linfócitos T e, ainda, a melhora do desempenho físico. O excesso de ferro (hemossiderose ou hemacromatose) favorece a peroxidação lipídica e depleta as reservas de vitamina C. Na hemocromatose ocorre a deposição patológica de ferro em determinados orgãos, sendo o fígado o primeiro a ser comprometido e o diagnóstico definitivo de hemocromatose é a biópsia hepática. podendo evoluir para cirrose (destes, 30% desenvolverão carcinoma hepatocelular). Também ocorre deposição de melanina e hemossiderina na camada basal da pele; o ferro plasmático e a ferritina sérica encontram-se elevados. Cardiomiopatia severa pode fazer parte do quadro. As mulheres em idade reprodutiva perdem quantidades apreciáveis de ferro durante o período menstrual (15 a 20mg de ferro). Quantidades menores, em torno de 1mg/dia, podem ser perdidos através da urina e das fezes. Cervejas caseiras, fermentadas em vasilhames de ferro levam à ingestão excessiva do mineral, sendo causa de cirrose hepática em populações negras na África do Sul. A utilização de recipientes de ferro também leva ao excesso deste em tecidos corporais. Frutas, legumes e sucos enlatados também podem apresentar altos níveis de ferro dissolvidos, quando embalados em latas de baixa qualidade. O ferro, quando na forma livre (não ligado a proteínas), é um potente gerador de RLs, estando seus altos níveis associados a inúmeras patologias degenerativas. Homens com níveis de ferritina acima de 200mcg/litro de sangue têm probabilidade duas vezes maior de sofrer infarto agudo do miocárdio, se comparados com os demais; ferritina e colesterol elevados aumentam em 4 vezes o risco. A perda
  • 53. NUTRIENTES E TERAPÊUTICA 55 mensal de ferro devida à menstruação protege a mulher contra doenças cardíacas e degenerativas. Após a menopausa, as mulheres passam a apresentar maior risco para estas doenças, provavelmente pelo aumento das reservas de ferro (teoria proposta pelo médico patologista americano Gerome Sullivan), além de outros fatores. A reserva excessiva de ferro (potencial gerador de RLs), pode ser tratada adequada e eficazmente pelo medicamento homeopático Ferro metálico CH7, CH12 ou CH30 (10 gotas vo 2 vezes ao dia). A deficiência de ferro é um fator para o surgimento de câimbras noturnas nos membros inferiores de gestantes e de idosos (a suplementação de 20mg/dia reduz ou elimina as câimbras). Atualmente, no Brasil, começa a haver o enriquecimento de alimentos com ferro e vitaminas. A adição de ferro a qualquer alimento pode expor a graves riscos a população que já apresenta reserva elevada (comum na faixa etária dos 40 aos 60 anos). São fontes de ferro: carnes (2 a 4mg/100g), fígado (9mg/100g), aves, peixes, aspargo, aveia, feijão, melado, ovos (2mg/100g) e soja. A absorção do ferro depende da sua forma no alimento. O ferro das fontes animais (ferro heme) é melhor absorvido que o ferro das fontes vegetais (não-heme) Um alimento é considerado uma boa fonte quando, pelo menos, 10% de seu conteúdo é absorvido.O pH ácido eleva em até 3 vezes a absorção do ferro. Fósforo Em 1669, o químico alemão Henning Brand, procurando alguma coisa que lhe permitisse criar o ouro, acabou por obter uma substância branca que brilhava no ar e inflamava-se
  • 54. 56 MINERAIS espontaneamente, a chamou de fósforo, que deriva da palavra grega “phosphorus” (portador da luz). É o segundo mineral em abundância no corpo humano, na forma de fosfato de cálcio (85%). Um homem de 70kg possui cerca de 500g de fósforo (P). Um dos elementos mais importantes, dentre os que contêm fósforo em sua estrutura, é o ATP. Combina-se com gorduras a fim de formar fosfolipídios, que são necessários à estrutura da membrana celular e do sistema nervoso. A relação Ca/P é fundamental para a absorção e excreção de cálcio e fósforo: quando um está em excesso, obrigatoriamente a excreção do outro está aumentada. As paratireoides regulam os níveis sanguíneos de ambos. É fundamental ao metabolismo dos ossos e dentes, à formação da membrana celular e sistema nervoso e à ação de várias enzimas. Antiácidos, ferro e magnésio costumam reduzir a absorção do fósforo. O neurologista alemão Henrich Hoffmann acredita que o excesso de fósforo na alimentação de crianças seja capaz de desencadear quadros de hiperatividade infantil. O fósforo é um dos principais componentes dos ossos e dos dentes. A assimilação do fósforo, assim como a do cálcio, é regulada pela vitamina D e pelo paratormônio. Os fosfatos estão presentes em todas as células do corpo, estando envolvidos nos processos associados à produção de energia. O íon fosfato dificulta a absorção de cálcio e, quando em excesso, induz à sua deposição em locais atípicos (ex: bico de papagaio). O nível de fósforo no cabelo não está correlacionado com o fósforo ingerido na dieta; entretanto, pode estar correlacionado com níveis anormais de cálcio, metabolismo anormal da vitamina D, hipo e hiperparatireoidismo e, possivelmente, por níveis anormais de magnésio. Os níveis de fósforo podem ser confirmados no sangue ou na urina de 24 horas.
  • 55. NUTRIENTES E TERAPÊUTICA 57 A deficiência de fósforo é rara devido à sua abundância nos alimentos; já, quantidades excessivas são frequentes devido aos adubos fosforados, refrigerantes tipo cola e alimentos industrializados. Refrigerantes são ricos em fósforo devido ao tamponamento com fosfatos. Nos EUA, em 1981, o consumo per capita de refrigerantes tipo cola foi de 100 litros. Os refrigerantes contêm 500mg de fósforo por garrafa de 300 ml, geralmente sob a forma de ácido fosfórico. O homem moderno ingere, pelo menos, três vezes mais fósforo do que o desejável. Nos últimos 30 anos, a ingestão de fósforo passou de 1,5 para 4 g/dia. As fontes deste excesso são: alimentos produzidos em solos adubados com fósforo; alimentos industrializados; refrigerantes do tipo cola; pães; farinhas; margarina; pescados (para reter a água quando houver congelamento); carnes e, em especial, queijos, presunto e embutidos (derivados fosfóricos são usados para emulsionar as gorduras e reter a água). A toxicidade do fósforo é baixíssima, não sendo conhecidos casos de intoxicação através de suplementos, que são facilmente eliminados pela urina. São fontes de fósforo: leite (1ml=1mg de fósforo) e derivados, ovos (220mg/100g), peixes, frangos, carnes vermelhas, alimentos industrializados (como conservante) e refrigerantes tipo cola. Na alimentação, deve haver uma proporção na relação Ca/P de 1 para 1 ou 1,5 para 1. A dieta americana é muito rica em fósforo (relação Ca/P até 1:4), o que favorece a desmineralização óssea. Germânio No verão de 1885, um mineral foi encontrado na mina alemã de Himmelsfurst (Freiberg) a que foi dado, inicialmente, o nome de argirodite. Como não era conhecida a composição
  • 56. 58 MINERAIS química exata do novo mineral amostras foram encaminhadas a Freiberg para a análise química. O reconhecimento e divulgação do novo elemento foi feita pelo químico alemão Clements Alexander Winkler, em 1886 e seu nome dado em homenagem à Alemanha, antigamente denominada Germânia. Kuzihiko Asai, pesquisador japonês, observou grandes concentrações de germânio em plantas medicinais e imaginou que o germânio, isolado, poderia ser útil à manutenção da saúde. Via oral, a absorção do sesquióxido de germânio chega à taxa de 30%. Estudos em animais imunodeprimidos e em pacientes com doenças malignas sugerem que o germânio ajuda a normalizar a função das células T e linfócitos B, exercendo profunda influência no sistema imune. O tamanho do sesquióxido de germânio permite sua rápida absorção e transporte através das membranas. Seu sítio ativo parece ser a cadeia respiratória (nas mitocôndrias), incrementando a eficácia do elétron transportador de oxigênio. Ele facilita a difusão do oxigênio pelas células e tecidos, catalisando e otimizando sua utilização; é preconizado na desaceleração do envelhecimento, por sua capacidade de diminuir a amiloidose (uma das alterações envolvidas neste processo) e é útil nos casos de contaminação por metais pesados, asma, artrite reumatoide, diabete e hipertensão. Um dos riscos do emprego do germânio é o de causar alergias e, em altas doses, lesão renal. O germânio é um elemento não essencial com propriedades semelhantes ao silício. Pequenas concentrações de germânio (ppm) estão presentes em alimentos de origem animal e vegetal. O germânio possui atividade antioxidante, diminui o oxigênio por partes dos tecidos o que o faz importante em várias doenças de fundo arterioesclerótico (hipertensão e isquemia miocárdica) e vasculopáticas (doença de Renaud, vasculopatia diabética, entre outras). Na França, em razão de sua ação sobre
  • 57. NUTRIENTES E TERAPÊUTICA 59 o sistema imunitário, tem sido usado para melhora do estado de pessoas cancerosa. Também tem sido indicado no tratamento de algumas patologias mentais com a psicose crônica, a depressão e os dirtubios de humor. Tem ação bactericida e tem sido utilizado em quimioterapia. As formas orgânicas do germânio (sesquióxido de germânio e germânio quelado) são usadas como agente antiviral e imunoestimulante (5 a 30mg/dia). Os compostos orgânicos são de baixa toxicidade.As formas inorgânicas de germânio são consideradas menos seguras, podendo lesar os rins em altas doses (acima de 50mg/dia). O germânio é quimicamente semelhante ao estanho e ao chumbo. Alguns produtos macrobióticos, como as ervas Kashi, Sankuzan e Hishi, têm excelentes taxas de germânio. Na Coreia, descobriu-se que, nos terrenos onde crescem os melhores ginsengs, o solo é riquíssimo em germânio. Na forma sesquióxido é bastante caro, pois a quantidade encontrada em vegetais é ínfima. Até o momento, existe apenas uma indústria que produz o sesquióxido de germânio, localizada no Japão. São fontes de germânio: aveia, alho, ginseng, clorela (alga), chá verde, aloe, confrei e cogumelos. Outras formas devem ser evitadas devido ao seu efeito cumulativo, que pode causar falência renal, miopatias e “rush” cutâneo (dióxido de germânio, por exemplo). Iodo O iodo foi descoberto em 1811, no laboratório do farmacêutico francês Bernard Courtois, quando tentava obter salitre de algas marinhas para o exército de Napoleão. Seu nome deve-se à palavra grega “iodes”, cujo significado é cor violeta. Em 1816, Coindet, médico de Genebra, descobriu a importância do iodo para a glândula tireoide. Em 1831, o
  • 58. 60 MINERAIS químico francês Boussingault recomendou ao governo da Colômbia a adição de iodo ao sal de cozinha para o tratamento do bócio. Em 1850, Chatton demonstrou que o bócio endêmico provinha da carência de iodo. Em 1895, Bammann descobriu que a tireoide continha iodo e que esta glândula era seu grande depósito. Napoleão foi o primeiro a mandar fazer uma pesquisa epidemiológica sobre o bócio, pois os jovens com bócio eram considerados incapazes para o serviço militar. A partir de 1924, a adição de iodo ao sal de cozinha (30mg de iodeto/1kg de sal) tornou-se obrigatória no estado de Michigan (USA), após a constatação de bócio em 47% de sua população. Logo após, a prática disseminou-se, o que praticamente erradicou o bócio endêmico nos EUA. A O.M.S. estima que existam no mundo mais de 200 milhões de pessoas com bócio carencial. Doses de iodo maiores do que 25 vezes a RDA podem ocasionar problemas, como hiperatividade, hipertireoidismo, etc. O uso da alga marinha data do ano 600 dC (na China); ainda hoje é utilizada na prevenção e no tratamento do bócio, graças ao seu elevado teor de iodo. A alga mais utilizada em terapêutica é o Kelp, uma alga marrom encontrada nas águas frias do Mar do Norte (100mg de Kelp standartizado contém 100mcg de iodo orgânico). Outra alga utilizada é o Fucus (Fucus vesiculosus). Doses excessivas de iodo (acima de 600mcg/dia) ou de iodeto de potássio presente nas formulações expectorantes podem bloquear a função da glândula tireoide, desenvolvendo quadro de hipotireoidismo. É um elemento essencial para a formação dos hormônios da tireoide. O nível de iodo no cabelo varia de acordo com a quantidade ingerida e a condição clínica do indivíduo, podendo haver contaminação externa. Está presente em quantidades mui- to pequenas no solo e nos alimentos. O organismo desenvolveu um mecanismo complexo para garantir sua absorção, retenção e
  • 59. NUTRIENTES E TERAPÊUTICA 61 concentração (é facilmente absorvido, tanto na forma orgânica como na forma inorgânica). O iodo se liga ao resíduo de tirosina, na tireoglobulina, para formar T-3 e T-4. No mineralograma o principal indicador de hipotireoidismo é o baixo teor de iodo, que pode estar acompanhado por zinco e manganês baixos. Baixos níveis de tirosina no plasma também têm sido associados ao hipotireoidismo. São fontes de iodo: algas marinhas (especialmente o Kelp), frutos do mar (moluscos, lagostas, sardinhas, bacalhau, haddock e outros peixes), vegetais marinhos, cebola, vagem, agrião, nabo, rabanete, alho porró e sal iodado. Também e encontrado em algumas frutas, como o ananás, groselhas e ameixas. O teor de iodo nos vegetais depende diretamente dos níveis de iodo presentes no solo. Lítio O nome lítio origina-se da palavra grega “lithos”, que significa pedra, pois os cristais de lítio formam rochas verdadeiramente duras. As maiores reservas mundiais do mineral (a metade) estão localizadas na Bolívia, nas salinas de Uyuni. O lítio foi descoberto pelo químico sueco Johan August Arfwedson, em 1817. Em 1877 S.W. Mitchell, neurologista da Filadélfia utilizou sais de lítio e de bromo em sua clínica com resultados favoráveis. Foi definitivamente introduzido na psiquiatria por John Cade, em 1949 (Austrália). A divulgação de seu trabalho teve escassa repercussão. O lítio foi a primeira droga de sucesso usada na mania, antes da carbamazepina (1952), considerada um marco na terapêutica psiquiátrica. Em 1953, surgiram os trabalhos do dinamarquês Mogen Schou e de Aarus e, em 1954, retomaram- se os trabalhos com lítio, especialmente no tratamento das psicoses maníaco-depressivas.
  • 60. 62 MINERAIS Pesquisas sobre o papel do lítio no comportamento têm sido prejudicadas porque seus efeitos variam muito conforme a via de administração, dose, forma química e outros fatores. É indicado nos estados maníacos e depressivos, embora alguns pacientes deprimidos apresentem distúrbios bioquímicos que dificultam a penetração do lítio através da membrana celular. O lítio parece ser um elemento-traço essencial, do qual o organismo necessita 2-3mg diários. Parece ser um modulador na conversão de ácidos graxos essenciais em prostaglandinas, regulando sua produção; é também um estabilizador do neurotransmissor serotonina. O uso do lítio na gravidez e na lactação deve ser evitado, pois ele é excretado no leite materno e existem trabalhos relatando casos de hipotonia, hipotermia, cianose e alterações eletrocardiográficas no lactente. O lítio, ao contrário da maior parte dos princípios ativos, não se liga a proteínas plasmáticas e se distribui de forma não uniforme pelos líquidos corporais. O lítio não deve ser usado durante os primeiros três meses de gestação devido ao risco de teratogênese, que ocorre em 3% dos fetos. O lítio pode prevenir a recorrência dos surtos maníacos ou depressivos, pela regulação de receptores presentes na superfície da membrana celular. O lítio inibe o aumento do número de receptores de acetilcolina no cérebro, o que ajuda na prevenção da mania. Tem sido usado no tratamento de alcoolistas, por ser capaz de desenvolver aversão ao álcool em algumas pessoas. Também pode beneficiar pacientes com a síndrome de Menière. O sinergismo entre lítio-serotonina-noradrenalina é importante para produzir melatonina, e para facilitar a síntese de serotonina, formando o círculo virtuoso serotonina-
  • 61. NUTRIENTES E TERAPÊUTICA 63 melatonina, reduzido nas depressões e nas esquizofrenias. O sinergismo triptofano-tirosina produz CCK-8-S, antidepressivo várias vezes mais potente do que o CCK-8 (o S é enxofre perdido no stress oxidativo). O lítio facilita a síntese de antioxidantes primários (SOD, glutation peroxidase e catalase), aumentando a CCK-8-S e reduzindo a destruição de triptofano e tirosina. Não está, ainda, bem definido o mecanismo de ação do lítio no tratamento da depressão. Sabe-se que nos indivíduos deprimidos ocorre um acúmulo de sódio a nível intracelular, desequilibrando a relação Na/K. O lítio é um elemento com propriedades químicas similares ao sódio e tem estreita relação com o potássio. Aparentemente (por essas propriedades) ajuda a restabelecer o equilíbrio das membranas celulares nos pacientes deprimidos ou em fase maníaca da PMD. O lítio diminui a liberação de monoaminas no SNC, sem afetar a liberação da serotonina. Colabora para a diminuição do efeito osmótico da arginina-vasopressina via redução do AMP- cíclico, o que se relaciona com diabete insípida e alteração tireoidiana. A teoria mais aceita atualmente diz que o lítio funciona através do bloqueio da enzima inositol-1-fosfatase, dos neurônios. Essa inibição resulta em uma diminuição das respostas celulares aos neurotransmissores, que estão ligados aos sistemas de segundos mensageiros do fosfatidilinositol. Ao iniciar o tratamento da depressão com inibidores da recaptação de serotonina (fluoxetina, sertralina, entre outros) 20% dos pacientes têm excesso de HT2, exacerbando a ansiedade, a agressividade e a queda da auto-estima. A administração de lítio deve preceder de 5 a 10 dias à administração de antidepressivos. O lítio aumenta o número dos receptores HT (que amplificam as emoções positivas de prazer e