3. Quinhentismo
(1500-1600)
Literatura de Informação
• Carta de Pero Vaz de Caminha
Além da Carta, outras produções
sobre o Brasil, de viajantes diversos,
sobre a fauna, a flora, o clima e os
habitantes da nova terra.
Literatura de Catequese
• Auto da Pregação Universal (1570)
• Diálogo do Pe. Pero Dias Martir (1571)
• Na Festa de Natal ou Pregação (1577)
Produções escritas dos padres jesuítas
(princ. Pe. José de Anchieta) com o objetivo
principal de catequizar os indígenas.
4. Barroco
(1601-1768)
• Movimento artístico e filosófico que surge com o
conflito entre a Reforma Protestante e a Contra
Reforma.
• Seu objetivo era propagar a religião católica através de
uma arte de impacto, sinuosa, enfeitada ao extremo.
• Costuma-se considerar a publicação da obra
Prosopopéia (1601), de Bento Teixeira, como o marco
inicial do Barroco no Brasil.
Retábulo da Basílica de Nossa Senhora do Carmo
em Recife, uma das glórias do barroco brasileiro
5. Características gerais da Literatura Barroca
• O homem dividido entre o desejo de aproveitar a vida e o de garantir um lugar no céu – o
prazer pagão e a fé religiosa;
• Antropocentrismo x Teocentrismo (homem X Deus, carne X espírito);
• Rebuscamento, extravagância e o exagero nos detalhes;
• A arte do contraditório, onde é comum a ideia de opostos;
• Linguagem rebuscada e trabalhada ao extremo, usando muitos recursos estilísticos e figuras
de linguagem e sintaxe;
• Regido por duas filosofias: Cultismo e Conceptismo. Cultismo é o jogo de palavras, o uso
culto da língua, predominando inversões sintáticas. Conceptismo são os jogos de raciocínio
e de retórica que refletiam o conflito dos opostos.
6. Principais Autores
“Fazer pouco fruto a palavra de Deus no
Mundo, pode proceder de um de três
princípios: ou da parte do pregador, ou da
parte do ouvinte, ou da parte de Deus..(...)”
• (Sermão da Sexagésima, Padre Antônio Vieira,
pregado na Capela Real, no ano de 1655)
A JESUS CRISTO NOSSO SENHOR
Pequei, Senhor; mas não porque hei pecado,
da vossa alta clemência me despido;
porque, quanto mais tenho delinqüido,
vos tenho a perdoar mais empenhado.
Se basta a vos irar tanto pecado,
a abrandar-vos sobeja um só gemido:
que a mesma culpa, que os há ofendido
vos tem para o perdão lisonjeado.
Se uma ovelha perdida, e já cobrada
glória tal e prazer tão repentino
vos deu, como afirmais na sacra história,
eu sou Senhor, a ovelha desgarrada,
cobrai-a; e não queirais, pastor divino,
perder na vossa ovelha, a vossa glória.
(Gregório de Matos)
7. Arcadismo ou Neoclassicismo
(1768 – 1836)
• O Arcadismo desenvolveu-se no
Brasil do século XVIII especialmente
em Minas Gerais, onde se havia
descoberto ouro, fato que marcou o
local como centro econômico e,
portanto, cultural da colônia
portuguesa.
Pastoral de outono, por François Boucher.
8. Características do Neoclassicismo
• Retomada dos ideais clássicos. Utilização de personagens mitológicas;
• Idealização da vida campestre (bucolismo);
• Eu lírico caracterizado como um pastor e a mulher amada como uma pastora (pastoralismo);
• Ambiente tranquilo, idealização da natureza, cenário perfeito e aprazível (locus amoenus);
• Visão da cidade como local de sofrimento e corrupção (fugere urbem);
• Elogio ao equilíbrio e desprezo às extremidades (aurea mediocritas – expressão de Horácio);
• Desprezo aos prazeres do luxo e da riqueza;
• Aproveitamento do momento presente, devido à incerteza do amanhã. Vivência plena do
amor durante a juventude, porque a velhice é incerta (carpe diem).
9. Principais Autores
• Cláudio Manoel da Costa (Glauceste
Satúrnio) produziu o poema épico Vila Rica.
.
• Basílio da Gama (Termindo Sipílio) sua
obra principal foi o poema épico O Uraguai.
• Frei José de Santa Rita Durão, com
o Caramuru
• Tomás Antonio Gonzaga (Dirceu)
escreveu As Liras de Marília de Dirceu.
Eu, Marília, não sou algum vaqueiro,
Que viva de guardar alheio gado;
De tosco trato, d’ expressões grosseiro,
Dos frios gelos, e dos sóis queimado.
Tenho próprio casal, e nele assisto;
Dá-me vinho, legume, fruta, azeite;
Das brancas ovelhinhas tiro o leite,
E mais as finas lãs, de que me visto.
Graças, Marília bela,
Graças à minha Estrela!
Edição de 1824
10. Romantismo
(1836-1881)
• O Romantismo surge, no Brasil, em 1830,
influenciado pela Independência, em 1822.
Desenvolve uma linguagem própria e aborda
temas ligados à natureza e às questões
político-sociais. Defende a liberdade de
criação e privilegia a emoção.
• Compôs-se de 3 fases:
1ª geração: Indianista ou Nacionalista
2ª geração: Ultrarromântica
3ª geração: Condoreira
Independência ou Morte ou O Grito do Ipiranga, de Pedro Américo, 1888
11. Geração Indianista ou Nacionalista
Características:
• Nacionalismo, ufanismo;
• Exaltação à natureza e à pátria;
• O Índio como grande herói nacional;
• Sentimentalismo.
12. Principais Autores
da
1ª Geração
Canção do Exílio – Gonçalves Dias
Minha terra tem palmeiras,
Onde canta o Sabiá;
As aves que aqui gorjeiam,
Não gorjeiam como lá.
Nosso céu tem mais estrelas,
Nossas várzeas têm mais flores,
Nossos bosques têm mais vida,
Nossa vida mais amores.
(...)
Além, muito além daquela serra, que ainda
azula no horizonte, nasceu Iracema.
Iracema, a virgem dos lábios de mel, que
tinha os cabelos mais negros que a asa da
graúna, e mais longos que seu talhe de
palmeira.
O favo da jati não era doce como seu sorriso;
nem a baunilha recendia no bosque como seu
hálito perfumado.
Trecho de Iracema, da trilogia indianista (O guarani 1857 e
Ubirajara 1874) de José de Alencar.
13. Geração Ultrarromântica
• CARACTERÍSTICAS:
• Estilo subjetivo;
• Vida boêmia, noturna, voltada para o vício e
os prazeres da bebida, do fumo e do sexo;
• Mal do século;
• Fuga da realidade, evasão através da morte,
do sonho, da loucura, do vinho, etc.;
• Mulher idealizada, distante;
• Introspecção.
O pesadelo (The nightmare) – Henry Füssli 1781
14. Principais Autores
da
2ª Geração
Álvares de Azevedo
Casimiro de Abreu
Junqueira Freire
Fagundes Varela
Meu Sonho
( Álvares de Azevedo )
Eu
Cavaleiro das armas escuras,
Onde vais pelas trevas impuras
Com a espada sanguenta na mão?
Por que brilham teus olhos ardentes
E gemidos nos lábios frementes
Vertem fogo do teu coração?
Cavaleiro, quem és? o remorso?
Do corcel te debruças no dorso.
E galopas do vale através.
Oh! da estrada acordando as poeiras
Não escutas gritar as caveiras
E morder-te o fantasma nos pés?
Onde vais pelas trevas impuras,
Cavaleiro das armas escuras,
Macilento qual morto na tumba.
Tu escutas. Na longa montanha
Um tropel teu galope acompanha?
E um clamor de vingança retumba?
Cavaleiro, quem és? – que mistério,
Quem te força da morte no império
Pela noite assombrada a vagar?
O Fantasma
Sou o sonho da tua esperança,
Tua febre que nunca descansa,
O delírio que te há de matar!.
15. Geração Condoreira
• 1888 - Abolição da Escravatura
• 1889 - Proclamação da República
• Influenciada pelos acontecimentos
sociais, discursa sobre liberdade,
questões sociais, o abolicionismo;
• Uso de exclamações, exageros;
• Mulher presente, carnal;
• Volta-se para o futuro, progresso;
A liberdade guiando o povo,1830 de Eugène Delacroix Louvre-Lens, França
16. IV
Era um sonho dantesco... o tombadilho
Que das luzernas avermelha o brilho.
Em sangue a se banhar.
Tinir de ferros... estalar de açoite...
Legiões de homens negros como a noite,
Horrendos a dançar...
Negras mulheres, suspendendo às tetas
Magras crianças, cujas bocas pretas
Rega o sangue das mães:
Outras moças, mas nuas e espantadas,
No turbilhão de espectros arrastadas,
Em ânsia e mágoa vãs!
E ri-se a orquestra irônica, estridente...
E da ronda fantástica a serpente
Faz doudas espirais ...
Se o velho arqueja, se no chão resvala,
Ouvem-se gritos... o chicote estala.
E voam mais e mais...
Presa nos elos de uma só cadeia,
A multidão faminta cambaleia,
E chora e dança ali!
Um de raiva delira, outro enlouquece,
Outro, que martírios embrutece,
Cantando, geme e ri!
No entanto o capitão manda a manobra,
E após fitando o céu que se desdobra,
Tão puro sobre o mar,
Diz do fumo entre os densos nevoeiros:
"Vibrai rijo o chicote, marinheiros!
Fazei-os mais dançar!..."
E ri-se a orquestra irônica, estridente. . .
E da ronda fantástica a serpente
Faz doudas espirais...
Qual um sonho dantesco as sombras voam!...
Gritos, ais, maldições, preces ressoam!
E ri-se Satanás!...
Navio
Negreiro
(
Castro
Alves
)
17. Realismo
(1881-1922)
O Realismo na Literatura manifesta-se na prosa. A
poesia da época vive o Parnasianismo. O romance
– social, psicológico e de tese – é a principal
forma de expressão. Deixa de ser apenas distração
e torna-se veículo de crítica a instituições, como a
Igreja Católica, e à hipocrisia burguesa. A
escravidão, os preconceitos raciais e a sexualidade
são os principais temas, tratados com linguagem
clara e direta.
As catadoras, 1857 Jean-François Millet
18. Diferenças entre Realismo e Romantismo
Realismo
• Distanciamento do narrador
• Valoriza o que se é
• Crítica direta
• Objetividade
• Textos, às vezes, sem censura
• Imagens sem fantasias, reais
• Aversão ao amor platônico
• Mistura de épico e lírico nos textos
Romantismo
• Narrador em primeira pessoa
• Valoriza o que se idealiza e sente
• Crítica indireta
• Sentimentos à flor da pele
• Textos geralmente respeitosos
• Imagens fantasiadas, perfeitas
• Amores platônicos
• Separação
19. Principais Autores
Descrição de Capitu, em Dom Casmurro:
"criatura de 14 anos, alta, forte e cheia,
apertada em um vestido de chita, meio
desbotado. Os cabelos grossos, feitos em duas
tranças, com as pontas atadas uma à outra, à
moda do tempo,... morena, olhos claros e
grandes, nariz reto e comprido, tinha a boca
fina e o queixo largo... calçava sapatos de
duraque, rasos e velhos, a que ela mesma dera
alguns pontos”
Raul Pompéia, com O Ateneu
Visconde de Taunay, com Inocência
Machado de Assis com, dentre outros,
Memórias Póstumas De Brás Cubas, 1881.
Quincas Borba, 1891.
Dom Casmurro, 1899.
20. Naturalismo
(1881-1922)
• É a radicalização do Realismo;
• Visão determinista: o homem como animal, presa de
forças fatais e superiores (meio, herança genética,
fisiologia, momento);
• Tendência para análise dos deslizes de personalidade;
• Deturpações psíquicas e físicas;
• Preferência pela classe operária;
• Patologia social: miséria, adultério, criminalidade, etc.
O mendigo cego – Jean Baptiste Lepage
21. “Daí a pouco, em volta das bicas era um zunzum
crescente; uma aglomeração tumultuosa de machos e
fêmeas. Uns, após outros, lavavam a cara,
incomodamente, debaixo do fio de água que escorria da
altura de uns cinco palmos. O chão inundava-se. As
mulheres precisavam já prender as saias entre as coxas
para não as molhar; via-se-lhes a tostada nudez dos
braços e do pescoço, que elas despiam, suspendendo o
cabelo todo para o alto do casco; os homens, esses não se
preocupavam em não molhar o pêlo, ao contrário metiam
a cabeça bem debaixo da água e esfregavam com força as
ventas e as barbas, fossando e fungando contra as palmas
da mão. As portas das latrinas não descansavam, era um
abrir e fechar de cada instante, um entrar e sair sem
tréguas. Não se demoravam lá dentro e vinham ainda
amarrando as calças ou as saias; as crianças não se davam
ao trabalho de lá ir, despachavam-se ali mesmo, no
capinzal dos fundos, por detrás da estalagem ou no
recanto das hortas.”
(Trecho de O cortiço, 1890 de Aluízio de Azevedo)
22. Parnasianismo
(1881-1922)
• Arte pela arte;
• Objetividade;
• Poesia descritiva;
• Exatidão e economia de imagens e metáforas;
• Retomada de valores clássicos;
• Preciosismo rítmico e vocabular;
• Rimas raras e estruturas fixas, como os sonetos;
• Apego à mitologia greco-romana.
O seu nome vem do Monte
Parnaso, a montanha que, na
mitologia grega, era consagrada
a Apolo e às musas.
23. Principais Autores
Profissão de fé (Olavo Bilac)
Invejo o ourives quando escrevo:
Imito o amor
Com que ele, em ouro, o alto relevo
Faz de uma flor.
Imito-o. E, pois, nem de Carrara
A pedra firo:
O alvo cristal, a pedra rara,
O ônix prefiro.
Por isso, corre, por servir-me,
Sobre o papel
A pena, como em prata firme
Corre o cinzel.
Corre; desenha, enfeita a imagem,
A idéia veste:
Cinge-lhe ao corpo a ampla roupagem
Azul-celeste.
Torce, aprimora, alteia, lima
A frase; e, enfim,
No verso de ouro engasta a rima,
Como um rubim.
Quero que a estrofe cristalina,
Dobrada ao jeito
De ourives, saia da oficina
Sem um defeito:
[...]
Assim procedo. Minha pena
Segue esta norma,
Por te servir, Deusa serena,
Serena Forma!
Olavo Bilac
Alberto de Oliveira
Raimundo Correia
Vicente de Carvalho
24. Simbolismo
(1893-1922)
• Transcendentalismo, misticismo;
• Obsessão pelo branco;
• Preocupação com a forma: preocupação maior com
a escolha e beleza das palavras do que com as ideias;
• Musicalidade: vocábulos sonoros, onomatopeias, etc.;
• Uso das cores;
• Uso de palavras ambíguas, com duplo sentido;
• Sinestesia: junção dos sentidos.
De onde viemos? Quem somos? Para onde vamos?, 1897 Paul Gauguin
Museu de Belas-Artes - Boston
25. Cruz e Sousa
VIOLÕES QUE CHORAM
Ah! plangentes violões dormentes, mornos,
Soluços ao luar, choros ao vento...
Tristes perfis, os mais vagos contornos,
Bocas murmurejantes de lamento.
Noites de além, remotas, que eu recordo,
Noites da solidão, noites remotas
Que nos azuis da Fantasia bordo,
Vou constelando de visões ignotas.
(...)
Vozes veladas, veludosas vozes,
Volúpias dos violões, vozes veladas,
Vagam nos velhos vórtices velozes
Dos ventos, vivas, vãs, vulcanizadas.
(...)
Missal (prosa) 1893
Broquéis (poesia) 1893