O ancião Eurico tenta recuperar o jovem Edmilson de uma vida de crime, mas ele parece um caso perdido. Enquanto ora no terraço onde Edmilson executa seus inimigos, Eurico encontra uma assustadora velha que procura por Edmilson. Ela revela ser uma entidade maligna, aumentando a determinação de Eurico em salvar a alma do jovem.
Este documento apresenta uma introdução ao livro "O Livro de Mirdad" de Mikhail Naimy. Contém uma breve história sobre a origem do mosteiro da Arca, localizado no topo de uma montanha, e sobre um monge que ficou preso lá após ser amaldiçoado. O documento também descreve a decisão do narrador de escalar a perigosa escarpa rochosa da montanha para chegar ao mosteiro.
O documento conta a história de Tomasino Pereira, um homem infeliz e amargurado que se suicidou há 30 anos. Ele se queixava constantemente de sua vida, família e trabalho. Seu amigo Oscar Fraga tentou ajudá-lo com mensagens espíritas, mas Tomasino permaneceu rebelde. Uma noite, ele cometeu suicídio atirando contra a própria cabeça. Agora, seu espírito sofre em uma região escura, onde é visitado por Rogério e recebe notícias de
Francisco cândido xavier cornélio pires - baú de casosAntonio SSantos
Este documento apresenta vários casos e histórias curtas ditadas pelo Espírito Cornélio Pires. As histórias abordam temas como educação, fé, queixas, provas, perseguição e mostram exemplos de como as pessoas vivem no plano espiritual após a morte dependendo de como viviam na Terra.
Este documento apresenta o início da história "A Mão do Hindu", de Arthur Conan Doyle. Sir Dominick Holden, um cirurgião aposentado da Índia, confessa ao Dr. Hardacre que ele e sua esposa estão sendo perturbados por um fenômeno misterioso que ameaça destruir seus nervos. Sir Holden espera que o Dr. Hardacre, como observador psíquico, possa investigar o fenômeno sem se impressionar de forma desastrosa.
Este documento descreve uma visão de um exército demoníaco atacando a igreja, usando cristãos enganados para semear divisão. O exército do mal é liderado pelo acusador e está dividido em divisões representando pecados. Há também muitos cristãos cativos. A batalha final entre os exércitos do bem e do mal é descrita.
Este documento descreve duas visões: 1) Um enorme exército demoníaco usando cristãos para semear divisão na igreja. 2) Uma batalha entre o exército de Deus e as forças demoníacas, onde muitos cristãos são feridos e levados para o acampamento inimigo devido à falta de proteção e divisão interna.
O documento descreve a manhã do dia da festa de comemoração dos 100 anos da relojoaria da família ten Boom. Corrie ten Boom acorda animada para o evento e se prepara. Logo cedo recebem um grande buquê de flores de um cliente rico chamado Pickwick. Corrie e sua irmã Betsie levam as flores para a loja de relógios da família, onde começam os preparativos para a celebração.
Este documento discute três situações de indivíduos marginalizados pela sociedade: 1) Um criminoso demonizado publicamente recebeu poucas oportunidades de ser amado; 2) Uma mulher que caiu em desequilíbrio foi julgada sem compaixão; 3) Um homem que se afastou do trabalho moral foi criticado sem que vissem suas dificuldades. O texto defende ver além das aparências e julgar com misericórdia.
Este documento apresenta uma introdução ao livro "O Livro de Mirdad" de Mikhail Naimy. Contém uma breve história sobre a origem do mosteiro da Arca, localizado no topo de uma montanha, e sobre um monge que ficou preso lá após ser amaldiçoado. O documento também descreve a decisão do narrador de escalar a perigosa escarpa rochosa da montanha para chegar ao mosteiro.
O documento conta a história de Tomasino Pereira, um homem infeliz e amargurado que se suicidou há 30 anos. Ele se queixava constantemente de sua vida, família e trabalho. Seu amigo Oscar Fraga tentou ajudá-lo com mensagens espíritas, mas Tomasino permaneceu rebelde. Uma noite, ele cometeu suicídio atirando contra a própria cabeça. Agora, seu espírito sofre em uma região escura, onde é visitado por Rogério e recebe notícias de
Francisco cândido xavier cornélio pires - baú de casosAntonio SSantos
Este documento apresenta vários casos e histórias curtas ditadas pelo Espírito Cornélio Pires. As histórias abordam temas como educação, fé, queixas, provas, perseguição e mostram exemplos de como as pessoas vivem no plano espiritual após a morte dependendo de como viviam na Terra.
Este documento apresenta o início da história "A Mão do Hindu", de Arthur Conan Doyle. Sir Dominick Holden, um cirurgião aposentado da Índia, confessa ao Dr. Hardacre que ele e sua esposa estão sendo perturbados por um fenômeno misterioso que ameaça destruir seus nervos. Sir Holden espera que o Dr. Hardacre, como observador psíquico, possa investigar o fenômeno sem se impressionar de forma desastrosa.
Este documento descreve uma visão de um exército demoníaco atacando a igreja, usando cristãos enganados para semear divisão. O exército do mal é liderado pelo acusador e está dividido em divisões representando pecados. Há também muitos cristãos cativos. A batalha final entre os exércitos do bem e do mal é descrita.
Este documento descreve duas visões: 1) Um enorme exército demoníaco usando cristãos para semear divisão na igreja. 2) Uma batalha entre o exército de Deus e as forças demoníacas, onde muitos cristãos são feridos e levados para o acampamento inimigo devido à falta de proteção e divisão interna.
O documento descreve a manhã do dia da festa de comemoração dos 100 anos da relojoaria da família ten Boom. Corrie ten Boom acorda animada para o evento e se prepara. Logo cedo recebem um grande buquê de flores de um cliente rico chamado Pickwick. Corrie e sua irmã Betsie levam as flores para a loja de relógios da família, onde começam os preparativos para a celebração.
Este documento discute três situações de indivíduos marginalizados pela sociedade: 1) Um criminoso demonizado publicamente recebeu poucas oportunidades de ser amado; 2) Uma mulher que caiu em desequilíbrio foi julgada sem compaixão; 3) Um homem que se afastou do trabalho moral foi criticado sem que vissem suas dificuldades. O texto defende ver além das aparências e julgar com misericórdia.
Três frases:
1. O documento descreve um ataque de demônios a uma mulher em uma fazenda, que é defendida por anjos guerreiros.
2. Os demônios fogem para a floresta e depois para o céu, sendo perseguidos e derrotados pelos anjos.
3. A mulher fica ferida e assustada e decide fugir da fazenda, enquanto outras pessoas na cidade também passam por momentos de tensão naquela noite.
Esta lenda conta a história de um fidalgo que fugia do rei e invocou o diabo para atravessar o rio durante uma tempestade. O diabo construiu uma ponte para que ele atravessasse, mas a ponte desapareceu atrás dele. Anos mais tarde, um padre tentou reconstruir a ponte invocando novamente o diabo, e conseguiu benzê-la com água benta.
Zadig é um jovem sábio de Babilônia que se apaixona por Semira. Quando são atacados por Orcan, Zadig defende Semira mas é ferido. Semira se casa com Orcan depois que Zadig fica cego de um olho. Zadig se casa com Azora mas descobre que ela é infiel. Ele continua seus estudos da natureza e ajuda oficiais do rei a encontrarem a cadela da rainha usando apenas sua observação.
1. Jake Wilde retorna para casa no Texas após 4 anos servindo no exército. Ele está machucado física e emocionalmente por uma missão que deu errado.
2. Seus irmãos Caleb e Travis o convencem a passar alguns dias no rancho da família, El Sueno. Eles esperam que isso ajude Jake a se recuperar.
3. No caminho para o rancho, Jake reflete sobre seu passado na família e sobre como sua vida mudou depois que ficou ferido na guerra. Ele ainda não sabe o que quer fazer daqui
O documento é um conto de Machado de Assis sobre um deputado chamado Cordovil que reflete sobre a morte após saber que um inimigo político morreu. Ele imagina cenários de uma morte repentina para si mesmo e conclui que preferiria uma morte rápida e indolor a uma longa doença.
O documento discute três personagens principais de romances populares:
1) Edward Rochester, o anti-herói de Jane Eyre, cuja história trágica ajuda os leitores a entenderem suas falhas, mas que acaba se redimindo graças à influência de Jane.
2) Peeta e Gale, personagens de Jogos Vorazes, que se desenvolvem de forma diferente no contexto de uma trama distópica e de ritmo acelerado.
3) Hermione, Bella e Katniss, heroínas modernas que serviram
Livro a arte de envelhecer com sabedoria abrahao & bertha grinbergMab Davilla
Este documento discute a arte de envelhecer com sabedoria. Apresenta brevemente alguns pioneiros que se preocuparam com o envelhecimento ao longo da história, como os mesopotâmios, Hipócrates e Aristóteles. Também fornece contatos para eventuais sugestões, dúvidas, críticas ou reclamações dos leitores.
1) Felisberto era um espírita convicto, mas passava o tempo criticando outros de forma áspera e sem reflexão. 2) Após a morte, Felisberto incorporou-se em uma sessão espírita chorando e vendo apenas coisas horríveis, revelando que ele ainda não havia recuperado a visão espiritual. 3) O mentor explicou que Felisberto só via o lado negativo das coisas enquanto vivo e que agora precisava passar por uma provação para aprender a ver o lado positivo também.
1) O narrador Armando Botelho teve uma visão de sua mãe falecida, mas duvidou que fosse real e atribuiu a sua mente.
2) Ao longo de sua vida, Botelho continuou recebendo mensagens espíritas de sua mãe pedindo que mudasse seu comportamento, mas ele nunca aceitou e continuou com seu estilo de vida dissoluto.
3) No leito de morte, Botelho implorou pela ajuda de sua mãe, mas ela não apareceu porque esperou por sua conversão por mais
Certo dia, um casal, ao chegar do trabalho, encontrou algumas pessoas dentro de sua casa. Achando que eram ladrões, marido e mulher ficaram assustados, mas um homem forte e saudável, com corpo de halterofilista disse:
O documento descreve uma aula sobre Chico Xavier para jovens, incluindo uma discussão sobre sua vida e ensinamentos de humildade, amor e caridade. Os jovens serão divididos em grupos para apresentar histórias sobre Chico Xavier. A aula terminará com uma discussão sobre projetos sociais da Mocidade e um vídeo com uma mensagem de Chico Xavier.
O documento é um resumo do segundo livro da série "Irmãos Wilde" e descreve a história do advogado Caleb Wilde. Anos de trabalho duro o deixaram cansado, até que uma noite em Nova York com uma mulher muda tudo. Agora, ele descobre que ela esconde um segredo dele e irá reivindicar o que é seu por direito.
1) Jacob envia uma carta a Bella dizendo que eles não podem ser amigos enquanto ela fica com Edward, um vampiro. Isso magoa Bella.
2) Charlie tenta cozinhar o jantar, o que deixa Bella surpresa. Enquanto conversam, fica claro que algo incomoda Charlie.
3) Bella sente falta de Edward durante as tardes, quando não pode vê-lo devido a um castigo. Ela sabe que brevemente terá que fazer uma escolha difícil entre sua vida humana e se juntar aos Cullen como uma vamp
O documento descreve o dia de trabalho de um homem em São Paulo. Ao chegar em casa após um dia estressante, ele observa sua vizinha Bárbara dançando nua em sua janela. Ele passa a espioná-la diariamente com binóculos. Um dia, ele encontra Bárbara no supermercado e eles acabam se conhecendo. Eles descobrem ter interesses em comum e trocam telefones.
Este resumo contém 3 frases ou menos:
1) O livro apresenta a história de Caroline, uma mulher livre que se sente instintivamente atraída por Jack Shaw, um homem americano rico e misterioso, durante um baile na Inglaterra do século XIX.
2) Apesar de seu desejo por ele, Caroline teme seus próprios instintos desconhecidos e foge do baile, porém Jack está determinado a conquistá-la.
3) O livro explora o desenvolvimento do relacionamento entre Caroline e Jack
Fascinante história de uma africana idosa, cega e à beira da morte, que viaja da África para o Brasil em busca do filho perdido há décadas.
Ao longo da travessia, ela vai contando sua vida, marcada por mortes, estupros, violência e escravidão. Inserido em um contexto histórico.
O documento é um resumo do romance Memórias Póstumas de Brás Cubas de Machado de Assis. A obra é narrada em primeira pessoa por Brás Cubas após sua morte e aborda sua vida, incluindo suas experiências amorosas, viagens, reflexões sobre a vida e morte, e encontros com personagens como Quincas Borba. A narrativa segue os meandros da memória do narrador morto-vivo e critica aspectos da sociedade brasileira da época pelo viés do humor, ironia e psicologismo tí
A história conta o encontro de uma senhora com um escravo que procurava sua mãe, que havia fugido de seu cruel dono. A senhora esconde a mãe do escravo e engana o dono, dizendo que a mulher havia fugido em outra direção. Isso permite que a mãe escape com a ajuda da senhora.
O documento apresenta um resumo do prólogo de um livro fictício. O prólogo descreve um homem chamado Quelônimo fugindo através de uma caverna e emergindo no deserto após a morte de seus companheiros crucificados. Ele jura vingança contra Ptolomeu, responsável pelas mortes. O prólogo termina descrevendo Quelônimo como um homem transformado, com um propósito determinado de cumprir seu juramento de lealdade aos companheiros.
O documento apresenta trechos de obras literárias clássicas em língua portuguesa e alemã que abordam temas como a metamorfose, a subjetividade do tempo, a solidão e a fragilidade humana. Inclui também poemas de Fernando Pessoa que refletem sobre temas como a imperfeição, a ridicularização e a busca por humanidade.
Este documento apresenta a introdução da história. Nele, Travis Cornell viaja para as montanhas onde passou a infância para aliviar sua solidão. Lá, ele encontra uma cascavel e um cachorro ferido que impede que ele siga por uma trilha, como se estivesse protegendo algo.
Três frases:
1. O documento descreve um ataque de demônios a uma mulher em uma fazenda, que é defendida por anjos guerreiros.
2. Os demônios fogem para a floresta e depois para o céu, sendo perseguidos e derrotados pelos anjos.
3. A mulher fica ferida e assustada e decide fugir da fazenda, enquanto outras pessoas na cidade também passam por momentos de tensão naquela noite.
Esta lenda conta a história de um fidalgo que fugia do rei e invocou o diabo para atravessar o rio durante uma tempestade. O diabo construiu uma ponte para que ele atravessasse, mas a ponte desapareceu atrás dele. Anos mais tarde, um padre tentou reconstruir a ponte invocando novamente o diabo, e conseguiu benzê-la com água benta.
Zadig é um jovem sábio de Babilônia que se apaixona por Semira. Quando são atacados por Orcan, Zadig defende Semira mas é ferido. Semira se casa com Orcan depois que Zadig fica cego de um olho. Zadig se casa com Azora mas descobre que ela é infiel. Ele continua seus estudos da natureza e ajuda oficiais do rei a encontrarem a cadela da rainha usando apenas sua observação.
1. Jake Wilde retorna para casa no Texas após 4 anos servindo no exército. Ele está machucado física e emocionalmente por uma missão que deu errado.
2. Seus irmãos Caleb e Travis o convencem a passar alguns dias no rancho da família, El Sueno. Eles esperam que isso ajude Jake a se recuperar.
3. No caminho para o rancho, Jake reflete sobre seu passado na família e sobre como sua vida mudou depois que ficou ferido na guerra. Ele ainda não sabe o que quer fazer daqui
O documento é um conto de Machado de Assis sobre um deputado chamado Cordovil que reflete sobre a morte após saber que um inimigo político morreu. Ele imagina cenários de uma morte repentina para si mesmo e conclui que preferiria uma morte rápida e indolor a uma longa doença.
O documento discute três personagens principais de romances populares:
1) Edward Rochester, o anti-herói de Jane Eyre, cuja história trágica ajuda os leitores a entenderem suas falhas, mas que acaba se redimindo graças à influência de Jane.
2) Peeta e Gale, personagens de Jogos Vorazes, que se desenvolvem de forma diferente no contexto de uma trama distópica e de ritmo acelerado.
3) Hermione, Bella e Katniss, heroínas modernas que serviram
Livro a arte de envelhecer com sabedoria abrahao & bertha grinbergMab Davilla
Este documento discute a arte de envelhecer com sabedoria. Apresenta brevemente alguns pioneiros que se preocuparam com o envelhecimento ao longo da história, como os mesopotâmios, Hipócrates e Aristóteles. Também fornece contatos para eventuais sugestões, dúvidas, críticas ou reclamações dos leitores.
1) Felisberto era um espírita convicto, mas passava o tempo criticando outros de forma áspera e sem reflexão. 2) Após a morte, Felisberto incorporou-se em uma sessão espírita chorando e vendo apenas coisas horríveis, revelando que ele ainda não havia recuperado a visão espiritual. 3) O mentor explicou que Felisberto só via o lado negativo das coisas enquanto vivo e que agora precisava passar por uma provação para aprender a ver o lado positivo também.
1) O narrador Armando Botelho teve uma visão de sua mãe falecida, mas duvidou que fosse real e atribuiu a sua mente.
2) Ao longo de sua vida, Botelho continuou recebendo mensagens espíritas de sua mãe pedindo que mudasse seu comportamento, mas ele nunca aceitou e continuou com seu estilo de vida dissoluto.
3) No leito de morte, Botelho implorou pela ajuda de sua mãe, mas ela não apareceu porque esperou por sua conversão por mais
Certo dia, um casal, ao chegar do trabalho, encontrou algumas pessoas dentro de sua casa. Achando que eram ladrões, marido e mulher ficaram assustados, mas um homem forte e saudável, com corpo de halterofilista disse:
O documento descreve uma aula sobre Chico Xavier para jovens, incluindo uma discussão sobre sua vida e ensinamentos de humildade, amor e caridade. Os jovens serão divididos em grupos para apresentar histórias sobre Chico Xavier. A aula terminará com uma discussão sobre projetos sociais da Mocidade e um vídeo com uma mensagem de Chico Xavier.
O documento é um resumo do segundo livro da série "Irmãos Wilde" e descreve a história do advogado Caleb Wilde. Anos de trabalho duro o deixaram cansado, até que uma noite em Nova York com uma mulher muda tudo. Agora, ele descobre que ela esconde um segredo dele e irá reivindicar o que é seu por direito.
1) Jacob envia uma carta a Bella dizendo que eles não podem ser amigos enquanto ela fica com Edward, um vampiro. Isso magoa Bella.
2) Charlie tenta cozinhar o jantar, o que deixa Bella surpresa. Enquanto conversam, fica claro que algo incomoda Charlie.
3) Bella sente falta de Edward durante as tardes, quando não pode vê-lo devido a um castigo. Ela sabe que brevemente terá que fazer uma escolha difícil entre sua vida humana e se juntar aos Cullen como uma vamp
O documento descreve o dia de trabalho de um homem em São Paulo. Ao chegar em casa após um dia estressante, ele observa sua vizinha Bárbara dançando nua em sua janela. Ele passa a espioná-la diariamente com binóculos. Um dia, ele encontra Bárbara no supermercado e eles acabam se conhecendo. Eles descobrem ter interesses em comum e trocam telefones.
Este resumo contém 3 frases ou menos:
1) O livro apresenta a história de Caroline, uma mulher livre que se sente instintivamente atraída por Jack Shaw, um homem americano rico e misterioso, durante um baile na Inglaterra do século XIX.
2) Apesar de seu desejo por ele, Caroline teme seus próprios instintos desconhecidos e foge do baile, porém Jack está determinado a conquistá-la.
3) O livro explora o desenvolvimento do relacionamento entre Caroline e Jack
Fascinante história de uma africana idosa, cega e à beira da morte, que viaja da África para o Brasil em busca do filho perdido há décadas.
Ao longo da travessia, ela vai contando sua vida, marcada por mortes, estupros, violência e escravidão. Inserido em um contexto histórico.
O documento é um resumo do romance Memórias Póstumas de Brás Cubas de Machado de Assis. A obra é narrada em primeira pessoa por Brás Cubas após sua morte e aborda sua vida, incluindo suas experiências amorosas, viagens, reflexões sobre a vida e morte, e encontros com personagens como Quincas Borba. A narrativa segue os meandros da memória do narrador morto-vivo e critica aspectos da sociedade brasileira da época pelo viés do humor, ironia e psicologismo tí
A história conta o encontro de uma senhora com um escravo que procurava sua mãe, que havia fugido de seu cruel dono. A senhora esconde a mãe do escravo e engana o dono, dizendo que a mulher havia fugido em outra direção. Isso permite que a mãe escape com a ajuda da senhora.
O documento apresenta um resumo do prólogo de um livro fictício. O prólogo descreve um homem chamado Quelônimo fugindo através de uma caverna e emergindo no deserto após a morte de seus companheiros crucificados. Ele jura vingança contra Ptolomeu, responsável pelas mortes. O prólogo termina descrevendo Quelônimo como um homem transformado, com um propósito determinado de cumprir seu juramento de lealdade aos companheiros.
O documento apresenta trechos de obras literárias clássicas em língua portuguesa e alemã que abordam temas como a metamorfose, a subjetividade do tempo, a solidão e a fragilidade humana. Inclui também poemas de Fernando Pessoa que refletem sobre temas como a imperfeição, a ridicularização e a busca por humanidade.
Este documento apresenta a introdução da história. Nele, Travis Cornell viaja para as montanhas onde passou a infância para aliviar sua solidão. Lá, ele encontra uma cascavel e um cachorro ferido que impede que ele siga por uma trilha, como se estivesse protegendo algo.
1) O documento discute o gênero discursivo da crônica, sua origem e evolução no Brasil.
2) A crônica é um relato em relação com o tempo que usa a linguagem coloquial para narrar fatos do cotidiano.
3) No Brasil, a crônica se consolidou na década de 1930 e se desenvolveu graças a escritores como Rubem Braga e Luís Fernando Veríssimo.
O documento é um conto de Machado de Assis chamado "A Segunda Vida". Ele conta a história de um homem chamado José Maria que alega ter renascido após a morte com a experiência de sua vida anterior. Ele visita um padre chamado Monsenhor Caldas para contar sua história e pedir conselhos sobre um dilema amoroso atual.
O documento discute a jornada de redenção de uma alma através do sofrimento e da dor educadora. Fala sobre uma mulher que se perdeu pela vaidade e orgulho e agora deve reconstruir seu destino através do sofrimento. Também menciona a história de Roberto Canallejas, um médico espanhol que cometeu suicídio no passado e agora ajuda almas como mentor espiritual.
O documento descreve o ritual final de iniciação de um homem em uma sociedade secreta. Ele bebe vinho de um crânio humano e jura guardar os segredos da irmandade, mas planeja traí-los para obter poder sobre os líderes.
O conto descreve o encontro emocional entre uma menina ruiva e um cachorro basset também ruivo. Embora se conectem profundamente, eles são forçados a se separar quando o cachorro precisa seguir sua dona. A menina fica com uma sensação de perda por algo que mal teve a chance de experimentar.
O documento fornece informações sobre os direitos autorais da obra e sobre a equipe que a disponibilizou. Também resume brevemente alguns trechos da obra "Lenço Encarnado" de Érico Verissimo, incluindo a visita da tia Vanja à casa dos Cambarás e as notícias sobre a revolução que ela traz.
Este documento é um resumo de 3 frases do conto "O Enfermeiro" de Machado de Assis. O narrador aceita o trabalho de enfermeiro para cuidar de um Coronel idoso e difícil. Após meses de maus-tratos, ele estrangula o Coronel durante uma briga. Aterrorizado com o que fez, ele tenta esconder evidências do crime enquanto lida com o remorso e medo de ser descoberto.
O documento relata uma conversa entre santos que desceram de seus nichos na igreja e comentavam as orações e sentimentos dos fiéis daquele dia. São Francisco de Sales conta a história de um homem chamado Sales que estava preocupado com a esposa doente, contrariando a reputação dele ser apenas interessado em dinheiro.
Um rouxinol cantou... (a nightingale sang) barbara cartland-www.livros grat...blackink55
1. Tybalt encontra uma moça sozinha em um templo durante um baile. Eles conversam e ele tenta animá-la, já que ela estava se sentindo solitária no baile.
2. A moça é nova em Londres e é seu primeiro baile. Ela diz a Tybalt que está com medo de cometer erros por ser tudo novo.
3. Tybalt diz a ela que entende como é difícil se readaptar depois da guerra e procurar emprego.
O conto narra a história de Jacobina, que conta aos amigos sobre uma experiência que teve aos 25 anos onde sua alma exterior mudou de natureza. Após ser nomeado alferes da Guarda Nacional, Jacobina passa um mês na casa de sua tia Marcolina, que o trata como o "senhor alferes". Isso faz com que sua alma exterior passe a ser seu posto de alferes, e não mais o homem. Quando fica sozinho na casa após a tia ir embora, Jacobina se vê sem sua alma exterior e sente uma grande opress
O documento apresenta um resumo do conto "O Espelho" de Machado de Assis. Nele, Jacobina explica sua teoria de que cada pessoa possui duas almas: uma que olha para dentro e outra que olha para fora. Ele conta a história de quando era jovem e como se tornou alferes da Guarda Nacional, fazendo com que sua alma exterior se tornasse o cargo, em detrimento de sua humanidade.
O documento apresenta um resumo biográfico do autor Max Mallmann e informações sobre seu novo livro "Tomai e bebei". O livro conta a história de um padre que recebe a visita inesperada de um bispo durante a noite em sua paróquia rural.
Tessituras 3ª edição: Se eu me decifro, ninguém me devora... palestra com Cel...Ana Paula Cecato
O documento descreve o mito de Édipo, que matou seu pai Laio e se casou com sua mãe Jocasta sem saber, cumprindo assim a profecia de Apolo. Édipo resolveu o enigma da Esfinge e se tornou rei de Tebas, recebendo Jocasta como esposa. Quando uma praga atinge a cidade, Édipo descobre a verdade sobre sua origem, tornando-se a grande vítima de uma maldição familiar.
Semelhante a Joed Venturini - Contos Reunidos (20)
Vivendo a vontade de Deus para adolescentes - Cleide SilvaSammis Reachers
Nesta inspiradora caminhada espiritual, os adolescentes exploram o significado e a importância de viver de acordo com a vontade de Deus. Através de histórias cativantes de personagens bíblicos, os leitores são guiados a refletir sobre como discernir e seguir o Senhor em suas vidas.
Este livro oferece orientações práticas, versículos inspiradores e reflexões sinceras para ajudar os adolescentes a crescerem na fé e se tornarem testemunhas do amor e do poder de Deus no mundo.
Vivendo na Vontade de Deus é uma fonte de inspiração para adolescentes que querem construir um relacionamento com Deus e viver uma vida que glorifica Seu nome. A jornada de fé e descoberta é uma oportunidade para os adolescentes explorarem o propósito e direção de Deus, encontrando alegria, paz e significado para sua vida espiritual.
Mais em https://arsenaldocrente.blogspot.com/
O fanzininho Samizdat, publicação irregular que reúne meus textos (frases, poemas e contos), chegou à sua sétima edição, a primeira de 2024 (não costumam sair muitos por ano...).
O enfoque aqui é a metapoesia, ou seja, a poesia que, nariz em riste, fala de si mesma. Além dos poemas, frases e pensamentos sobre a poesia e o fazer poético compõem a humílima edição.
Tire cópias, distribua. Ajude a cultura fanzineira a sobreviver.
O Aborto em Frases, Poemas e Reflexões - AntologiaSammis Reachers
O tema do aborto tem mobilizado mentes, corações e culturas ao longo da história. Nos dias de hoje, tornou-se questão incontornável, transcendendo delimitações sanitárias, sociológicas, políticas e religiosas para inserir-se no centro do debate público.
Transitando, por prazer e a trabalho, por dezenas de antologias e mesmo dicionários de citações, jamais vimos o verbete “aborto” categorizado em obra alguma. Até citações esparsas sobre um tema tão significativo estão curiosamente ausentes deste gênero de literatura. Assim, tomamos para nós a tarefa de, mesmo reféns da brevidade, organizar e disponibilizar a presente obra, de maneira alguma exaustiva, sobre esse assunto vital.
E este pequeno livro é na verdade uma antologia multigêneros: às diversas citações sobre o aborto, unimos uma seleção de poemas e, por fim, uma coleção de pequenos textos de reflexão que ajudarão a iluminar nosso entendimento sobre o assunto.
Esse é um livro gratuito, que nasce em serviço da sociedade e da melhor das intenções. Convidamos você a ler e também a compartilhar este conteúdo, com quantos achar conveniente.
Amor (ou caridade), Esperança e Fé: As três principais virtudes cristãs, conforme arroladas pelo apóstolo Paulo no décimo terceiro capítulo da Primeira Carta aos Coríntios, um dos ou talvez mesmo o mais belo capítulo de todo o Novo Testamento. Os católicos chamam-nas de virtudes teologais, que seriam infundidas por Deus no homem, e cuja ação é complementada pelas virtudes cardinais (prudência, justiça, fortaleza e temperança).
Nesta breve seleta, reunimos nada menos que mil (e cem) citações. São textos notadamente de autores cristãos (reformados, católicos e de outras vertentes), mas não somente; autores de outras confissões religiosas aqui comparecem, e mesmo agnósticos e livres pensadores os mais diversos, contribuindo para o entendimento e a reflexão plurais sobre tais temas de infindável profundidade. Assim, mesmo focado na seara cristã, esta pequena antologia é de valia para todo tipo de leitor, todo aquele que tem sua atenção capturada pelo mundo das ideias.
Este livro é uma edição revista e ampliada do e-book “Amor, Esperança e Fé – Uma antologia de citações”, publicado em 2017, e que reunia em torno de 750 citações sobre as três virtudes. Além do acréscimo em citações, aqui inserimos uma nova seção, “As Três Virtudes”, reunindo citações que falem ao mesmo tempo sobre as três, ou ao menos duas delas.
Que esta pequena seleta seja de proveitosa e edificante leitura a você, amigo leitor. Mais do que um livro a ser lido, nosso esforço foi para tornar este volume um livro a ser revisitado enquanto durar nossa peregrinação terrena.
Ah, e caso você queira o LIVRO IMPRESSO, ele também está disponível, sendo comercializado pelo site da UICLAP, aqui: https://loja.uiclap.com/titulo/ua42297/
1) O documento é uma edição de um fanzine contendo poemas, contos curtos e editoriais. 2) Dois contos curtos são apresentados em forma de fábeal e tratam de temas como sonhos, dinheiro e liberdade. 3) A edição também traz poemas originais e reflexões sobre a importância dos livros.
Revista Muito Além dos Videogames Extra 2 - Jogos bíblicos e cristãosSammis Reachers
O projeto Muito Além dos Videogames é uma iniciativa do pastor Luiz Miguel Gianeli, que nasceu com o objetivo de falar do universo dos videogames a partir de uma perspectiva cristã.
“Jogos de videogame baseados nas histórias bíblicas, games com versículos e princípios cristãos, aventuras sem violência ou imoralidade.” Este era o sonho de muitos pais cristãos nos anos 80. Sendo assim, era de se esperar que bons jogos neste estilo tivessem saído para os consoles da Sega e da Nintendo, não é?! Infelizmente não! Jogos bíblicos e religiosos existiram sim, mas foram poucos e, em sua grande maioria, bem fracos. Apesar do preconceito e de outras dificuldades, alguns jogos com temas bíblicos e cristãos foram lançados nas gerações passadas. Atualmente vemos algumas iniciativas visando a produção de novos jogos bíblicos com mais qualidade, especialmente no cenário indie, mas o preconceito impede os games de alcançarem bom sucesso comercial. De qualquer forma, a Bíblia está repleta de histórias incríveis e maravilhosas que renderiam excelentes jogos, tanto no estilo retrô quanto no moderno e nossa esperança é que isso aconteça mais e mais.
Nesta revista gratuita, resenhamos em 73 páginas diversos jogos cristãos antigos e atuais, das mais diversas plataformas. Uma obra única, fruto do projeto Muito Além dos Videogames.
Acesse o vídeo de lançamento da revista: https://www.youtube.com/watch?v=_g7hnGRJaQ4&t=31s
Complexo, arguto, irônico, poético, multiplamente genial: Assim foi o dinamarquês, nascido em Copenhague, Søren Aabye Kierkegaard (1813 – 1855).
Ao compreender o peso que se estabelece sobre cada ser humano – a liberdade que exige uma tomada de posição, e ao postular que o mundo interior, subjetivo, era muito mais importante que o exterior, Kierkegaard antecipou temas da psicologia e da filosofia que, doravante, nortearam boa parte dessas disciplinas.
Viveu uma vida reclusa e conturbada, na qual sua profunda percepção da situação angustiante e mais do que isso, absurda do homem – enquanto criatura afastada de seu Criador – lhe infligiram duros pesares.
Seu entendimento profundo do cristianismo o levou a ser um crítico da igreja de seu tempo, pois Kierkegaard, mais do que talvez qualquer homem em séculos antes e depois dele, sabia que a verdadeira vivência da fé cristã era um salto – oneroso ao máximo – dentro do absurdo, salto paradoxal (pois a fé é a superação da racionalidade) que significava a única oportunidade de transcender tal absurdo rumo ao absoluto, e o ápice a que o homem poderia almejar, dentro dos três estágios existenciais propostos pelo pensador: o estético, o ético e o religioso.
Sua vasta obra, desenvolvida através de pseudônimos que dialogam entre si, tem influenciado pensadores e artistas das mais variadas correntes, desde seu advento. Não sem razão ele é considerado o pai do Existencialismo.
Aqui, um pouco do melhor de Kierkegaard.
Este e-book possui uma versão ampliada (250 citações) na Amazon, gratuita para assinantes Kindle.
Poemas sobre Sua Majestade, o LIVRO - Uma microantologiaSammis Reachers
Esta coleção mambembe, “Separatas a Esmo”, é a desculpa que me dou quando não quero realizar uma antologia temática de maior fôlego, mas não posso deixar de cumprir meu solitário papel social de antologista, que é nutrir o leitor com leituras benfazejas (ou que ao menos eu goste de ler). Assim, bom é já avisar que há de certeza muitos outros poemas sobre o Livro e a Leitura que aqui poderiam figurar; estão por aí, perdidos/pulsantes no hiperuniverso da literatura. Mas temos aqui algo com que começar, algo com que alegrar-nos.
A confirmar o caráter de breve fôlego deste plaquete, preciso assinalar que a maior parte destes poemas foram retirados, sim, de antologia senão de facto, ao menos de direito e ISBN, a obra (que também organizamos) O Livro e o Prazer da Leitura em 600 Citações (Uiclap, 2023). A maior parte, mas não todos. Há poemas aqui que não entraram na referida seleta, e aquela é, afinal, focada no universo das frases. Aqui, embora em espaço exíguo, a poesia reina sozinha, esporte primevo que sempre lhe aprouve e bem vestiu.
No mais, aqui estão, graciosamente para você ler e compartilhar, poemas sobre Sua Majestade, o Livro.
Linha de Esplendor Sem Fim - Histórias missionárias metodistasSammis Reachers
O documento descreve a origem do Metodismo na Inglaterra no século XVIII através de três eventos-chave: 1) A pregação ao ar livre de John Wesley que marcou o início do movimento metodista; 2) A educação religiosa dada por Susana Wesley aos seus filhos, incluindo John e Charles Wesley, que serviu de base para o Metodismo; 3) A origem do Metodismo nas pequenas aldeias inglesas de Scrooby e Epworth, que tiveram grande influência espiritual nos séculos XVIII e
GoMobilize - Manual de Mibilização MissionáriaSammis Reachers
O documento discute o conceito de mobilização para missões. Ele define mobilização como o processo de envolver e inspirar pessoas para uma ação específica, como levar o evangelho às nações. O documento afirma que existem três passos para mobilizar as pessoas: (1) mostrar a base bíblica para missões; (2) ajudar os cristãos a compreender o mundo de Deus; e (3) desafiar os cristãos a participar da obra de Deus.
Este documento discute a importância e as oportunidades do ministério de visitação hospitalar. Ele enfatiza que os hospitais recebem muito mais pessoas do que as igrejas e que os pacientes estão muitas vezes mais receptivos ao evangelho. O documento também discute como os visitantes devem se preparar espiritual e emocionalmente para o ministério e como conduzir as visitas de forma efetiva e compassiva.
COMO CRIAR UM INFORMATIVO MISSIONARIO QUE GERE RESULTADOS.pdfSammis Reachers
A empresa anunciou um novo produto que combina hardware e software para fornecer uma solução integrada de automação industrial. O produto permite que as fábricas monitorem e controlem máquinas de forma remota para melhorar a eficiência e reduzir custos. A nova solução será lançada no próximo trimestre e espera-se que gere receita adicional significativa para a empresa no próximo ano fiscal.
As Mais Belas Citações Sobre a Gratidão - 250 Citações Selecionadas.pdfSammis Reachers
Este documento apresenta 250 citações sobre gratidão de diversos autores ao longo da história. A introdução conta a história de um homem que distribuiu dinheiro para os vizinhos durante um mês para demonstrar como as pessoas passaram a esperar o dinheiro e reclamar quando ele não apareceu mais, ilustrando como podemos nos tornar ingratos pelas coisas que recebemos. O texto defende a importância de cultivar a gratidão.
Este documento é uma coleção de poemas natalinos escritos por Filemon Martins. Os poemas celebram o nascimento de Jesus em Belém e refletem sobre o verdadeiro significado do Natal em contraste com sua comercialização moderna.
Renato Cascão e Sammy Maluco - Uma dupla do balacobaco - Sammis ReachersSammis Reachers
Este livro conta histórias da infância do autor em uma região pobre no Rio de Janeiro nos anos 1980 e 1990. Ele descreve a vizinhança chamada Jardim Nazaré, onde passou a maior parte da infância, e suas aventuras com o amigo Renato, incluindo catar ferro-velho para ganhar dinheiro e pequenos furtos de comida e objetos abandonados. O autor também menciona um assalto à horta de um hospital psiquiátrico nas proximidades para roubar verduras.
Este livro contém mais de 50 cartas poéticas dirigidas a diferentes destinatários como árvores, amigos, bibliotecas e cidades. As cartas fornecem adjetivações e definições poéticas sobre cada tema de forma a magnificar e expandir as percepções sobre os mesmos. O livro também inclui alguns poemas de maior hermetismo intitulados "Retornos".
Sabenças & Sentenças da Missão: Frases e provocações missionais de Sammis Rea...Sammis Reachers
Este livro reúne frases curtas sobre a vida cristã e a missão da igreja escritas pelo autor ao longo de 15 anos. As frases exortam os cristãos a saírem da zona de conforto e a se engajarem na missão de levar o evangelho a todos. A coletânea também critica pastores que abandonam suas ovelhas e a tendência das igrejas se fecharem em si mesmas em vez de avançarem na missão.
Pôsteres para Mobilização para Missões em LETTERINGSammis Reachers
Sempre buscando ajudar irmãos e igrejas na promoção e mobilização de missões, Veredas Missionárias preparou um valioso recurso: Uma série de 13 cartazes para mobilização. Os cartazes trazem citações (frases) de grande força, escritas/proferidas por renomados autores, e são ilustradas no estilo lettering, bastante bonito e comunicativo.
Um material de imenso impacto, imensa beleza e ideal para você imprimir e fixar em paredes e murais de igrejas, seminários, eventos - e até em sua casa, por que não?
O recurso é totalmente GRATUITO, e você é livre para baixar, imprimir (como, onde e o quanto quiser) e compartilhar com outros irmãos.
Atenção: Cada cartaz/imagem possui três variações: com FUNDO PRETO, com FUNDO BRANCO, e COLORIDO, para que você escolha aquele que achar melhor.
Preparamos um arquivo PDF contendo TODAS as imagens (13 x 3 = 39 cartazes). E também disponibilizamos PASTAS DO GOOGLE DRIVE com as imagens unitárias, em formato PNG de grande resolução, ideais para a impressão em grandes formatos ou outras superfícies que não folhas A4.
Para baixar os Cartazes em PDF, pelo site Google Drive, acesse: https://drive.google.com/file/d/1daGoZynO4thd7n6NrV5Pwi9-8OCfOyDh/view
Para ver/baixar as imagens separadamente, confira os links das seguintes pastas do Google Drive:
FUNDO PRETO -
https://drive.google.com/drive/folders/12CKd9yuL77t4T1dRC32aR51YnpausyAj?usp=sharing
FUNDO BRANCO -
https://drive.google.com/drive/folders/1kx4G3YqBOynpADJE7Ds4jWm_44Q5WKEO?usp=sharing
COLORIDAS -
https://drive.google.com/drive/folders/11jEm_OJljZ0IFZ73UQAFzND6HVAeL5Vc?usp=sharing
ATENÇÃO: É proibida qualquer utilização COMERCIAL ($$$) das artes, e recomendamos que, se possível, o nome “Veredas Missionárias”, constante em cada arte, não seja removido.
Este pequeno e-book é simples e bem objetivo, e foi elaborado no intuito de comunicar informação sobre a pessoa de Jesus Cristo. Nosso objetivo é que o leitor tenha a curiosidade e a percepção de fazer a sua própria pesquisa investigativa. Desejamos que você, leitor/a, tenha uma proveitosa leitura e uma percepção da pessoa de Cristo através de uma nova ótica, conforme as Escrituras Sagradas o apresentam. Boa leitura!
Este documento apresenta ensinamentos bíblicos sobre Jesus como o único mediador entre Deus e os homens, e como a salvação só pode ser alcançada através da fé nele. Através de parábolas e passagens bíblicas, destaca a importância do perdão, da graça divina e da necessidade de aceitar Cristo antes do juízo final.
PROFECIAS DE NOSTRADAMUS SÃO BÍBLICAS_.pdfNelson Pereira
As profecias bíblicas somente são fantasias para os analfabetos bíblicos e descrentes. A Escatologia é uma doutrina central das Escrituras que anunciam a Primeira Vinda no AT e o NT a Segunda.
Eu comecei a ter vida intelectual em 1985, vejam que coincidência, um ano após o título deste livro, e neste ano de 1985 me converti a Cristo e passei a estudar o comunismo e como os cristãos na União Soviética estavam sofrendo. Acompanhava tudo através de dois periódicos cristãos chamados: Missão Portas Abertas e “A voz dos mártires.” Neste contexto eu e o Eguinaldo Helio de Souza, que éramos novos convertidos tomamos conhecimento das obras de George Orwell, como a Revolução dos Bichos e este livro chamado “1984”. Ao longo dos últimos anos eu assino muitas obras como DIREITA CONSERVADORA CRISTÃ e Eguinaldo Helio se tornou um conferencista e escritor reconhecido em todo território nacional por expor os perigos do Marxismo Cultural. Naquela época de 1985-88 eu tinha entre 15 a 17 anos e agora tenho 54 anos e o que aprendi lendo este livro naquela época se tornou tão enraizado em mim que sempre oriento as pessoas do meu círculo de amizade ou grupos de whatsapp que para entender política a primeira coisa que a pessoa precisa fazer é ler estas duas obras de George Orwell. O comunismo, o socialismo e toda forma de tirania e dominação do Estado sobre o cidadão deve ser rejeitado desde cedo pelo cidadão que tem consciência política. Só lembrando que em 2011 foi criado no Brasil a Comissão da Verdade, para reescrever a história do período do terrorismo comunista no Brasil e ao concluir os estudos, a “Comissão da Verdade” colocou os heróis como vilões e os vilões como heróis.
Eu tomei conhecimento do livro DIDÁTICA MAGNA quando estava fazendo licenciatura em História e tínhamos que adquirir conhecimentos sobre métodos de ensinos. Não adianta conhecer história e não ter métodos didáticos para transmitir estes conhecimentos aos alunos. Neste contexto conheci Comenius e fiquei encantado com este livro. Estamos falando de um livro de séculos atrás e que revolucionou a metodologia escolar. Imagine que a educação era algo somente destinada a poucas pessoas, em geral homens, ricos, e os privilegiados. Comenius ficaria famoso e lembrado para sempre como aquele educador que tinha como lema: “ensinar tudo, para todos.” Sua missão neste mundo foi fantástica: Ele entrou em contato com vários príncipes protestantes da Europa e passou a criar um novo modelo de escola que depois se alastrou para o mundo inteiro. Comenius é um orgulho do cristianismo, porque ele era um fervoroso pastor protestante da Morávia e sua missão principal era anunciar Jesus ao mundo e ele sabia que patrocinar a educação a todas as pessoas iria levar a humanidade a outro patamar. Quem estuda a história da educação, vai se defrontar com as ideias de Comenius e como nós chegamos no século XXI em que boa parte da humanidade sabe ler e escrever graças em parte a um trabalho feito por Comenius há vários séculos atrás. Até hoje sua influencia pedagógica é grande e eu tenho a honra de republicar seu livro DIDÁTICA MAGNA com comentários. Comenius ainda foi um dos líderes do movimento enciclopédico que tentava sintetizar todo o conhecimento humano em Enciclopédias. Hoje as enciclopédias é uma realidade.
Lição 10 - Desenvolvendo Uma Consciência de Santidade.pptxCelso Napoleon
Lição 10 - Desenvolvendo Uma Consciência de Santidade
EBD – Escola Bíblica Dominical
Lições Bíblicas Adultos 2° trimestre 2024 CPAD
REVISTA: A CARREIRA QUE NOS ESTÁ PROPOSTA: O Caminho da Salvação, Santidade e Perseverança para Chegar ao Céu
Comentarista: Pr. Osiel Gomes
Apresentação: Missionário Celso Napoleon
Renovados na Graça
Resguardada as devidas proporções, a minha felicidade em entrar no Museu do Cairo só percebeu em ansiedade a de Jean-François Champollion, o decifrador dos hieróglifos. Desde os meus 15 anos que estudo a Bíblia e consequentemente acabamos por estudar também a civilização egípcia, uma vez que o surgimento da nação de Israel tem relação com a imigração dos patriarcas Abraão, Isaque, Jacó e José ao Egito. Depois temos a história do Êxodo com Moisés e quando pensamos que o Egito não tem mais relação com a Bíblia, ai surge o Novo Testamento e Jesus e sua família foge de Belém para o Egito até Herodes morrer, uma vez que perseguiu e queria matar o ainda menino Jesus. No museu Egípcio do Cairo eu pude saborear as obras de arte, artefatos, sarcófagos, múmias e todo esplendor dos faraós como Tutancâmon. Ao chegar na porta do Museu eu fiquei arrepiado, cheguei mesmo a gravar um vídeo na hora e até printei este momento único. Foi um arrepio de emoção, estou com 54 anos e foram quase 40 anos lendo e estudando sobre a antiga civilização do Egito e ao chegar aqui no museu do Cairo, eu concretizei um sonho da adolescência e que esperei uma vida inteira por este momento. Neste livro vou pincelar informações e mostrar fotos que tirei no museu sempre posando do lado destas peças que por tantos anos só conhecia por fotos e vídeos. Recomendo que antes de visitar o Museu leia este livro par você já ir com noções do que verá lá.
Lição 11 - A Realidade Bíblica do Inferno.pptxCelso Napoleon
Lição 11 - A Realidade Bíblica do Inferno
EBD – Escola Bíblica Dominical
Lições Bíblicas Adultos 2° trimestre 2024 CPAD
REVISTA: A CARREIRA QUE NOS ESTÁ PROPOSTA: O Caminho da Salvação, Santidade e Perseverança para Chegar ao Céu
Comentarista: Pr. Osiel Gomes
Apresentação: Missionário Celso Napoleon
Renovados na Graça
renovadosnagraca@gmail.com
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Oração Ao Sagrado Coração De Jesus E Maria (2)Nilson Almeida
Presente especial para os cristãos e cristãs do Brasil e do mundo. Material distribuído gratuitamente. Desejo muitas luzes e bênçãos para todos. Devemos sempre ser caridosos com os nossos semelhantes.
Este livro serve para desmitificar a crença que o apostólo Pedro foi o primeiro Papa. Não havia papa no cristianismo nem nos tempos de Jesus, nem nos tempos apostólicos e nem nos tempos pós-apostólicos. Esta aberração estrutural do cristianismo se formou lá pelo quarto século. Nesta obra literária o genial ex-padre Anibal Pereira do Reis que faleceu em 1991 liquida a fatura em termos de boas argumentações sobre a questão de Pedro ser Papa. Sempre que lemos ou ouvimos coisas que vão contra nossa fé ou crença, criamos uma defesa para não se convencer. Fica a seu critério ler este livro com honestidade intelectual, ou simplesmente esquecer que teve esta oportunidade de confronto consigo mesmo. Qualquer leigo de inteligência mediana, ao ler o livro de Atos dos Apóstolos que é na verdade o livro da história dos primeiros anos do cristianismo, verá que até um terço do livro de Atos vários personagens se alternam em importância no seio cristão, entre eles, Pedro, Filipe, Estevão, mas dois terço do livro se dedica a conta as proezas do apóstlo Paulo. Se fosse para colocar na posição de papa, com certeza o apóstolo seria Paulo porque ele centraliza as atenções no livro de Atos e depois boa parte dos livros do Novo Testamento foram escritos por Paulo. Pedro escreveu somente duas epístolas. A criação do papado foi uma forma de uma elite criar um cargo para centralizar o poder sobre os cristãos. Estudando antropologia, veremos que sempre se formam autocratas nas sociedades para tentar manter um grupo coeso, só que no cristianismo o que faz a liga entre os cristãos é o próprio Cristo.
Oração Para Pedir Bênçãos Aos AgricultoresNilson Almeida
Conteúdo recomendado aos cristãos e cristãs do Brasil e do mundo. Material publicado gratuitamente. Desejo muitas luzes e bênçãos para todos. Devemos sempre ser caridosos com os nossos semelhantes.
3. [3]
Índice
Apresentação .............................................................................................. 04
A Troca .......................................................................................................... 05
O Homem do Comboio ............................................................................ 17
Rui ou “As Aparências Enganam!” ...................................................... 23
O Sábio ........................................................................................................... 28
“É para se ir fazendo...” ............................................................................ 35
Saudades do Paraíso (Reflexões de Adão) ...................................... 46
A Serpente de Bronze .............................................................................. 49
O Puro ............................................................................................................ 59
Nico, o Valentão ......................................................................................... 67
O Sonho de Demba ................................................................................... 75
Sobre o autor .............................................................................................. 93
4. [4]
Apresentação
O médico, pastor e escritor Joed Venturini disponibilizou, há alguns
anos já, boa quantidade de sua produção literária na internet, através de
seus blogs. São poemas, crônicas, estudos bíblicos e contos de excelente
qualidade que remetem, para além de sua capacidade como escritor,
suas vastas experiências de vida e caminhada cristã. Uma dessas ricas
experiências é o período em que serviu como missionário no Oeste
africano, mais especificamente em Guiné Bissau.
Se o escritor colombiano Vargas Vila diz que "um escritor não revela
nada em seus livros se não se revela a si mesmo”, é certo que deste mal
não padece o pastor Joed: em seus contos, ambientados em três
continentes, o autor revela toda a sua mundivivência e dá notícia de sua
grande humanidade.
A força do ótimo narrador em Joed mostra-se no amálgama entre o
singular e o prosaico, no uso desassombrado do tom coloquial e na
profusão de histórias e estórias bem urdidas, que transitam do mistério
ao humor, do drama ao tragicômico, em relatos sempre com base em
alguma lição/passagem bíblica. Outra peculiaridade desta seleta é que
aqui contos bíblicos (que utilizam personagens bíblicas como
protagonistas) somam-se a outros ambientados em Portugal, Brasil e
Guiné Bissau, formando um pitoresco passeio pela lusofonia, redigidos
por quem a viveu e vive na pele – algo ao alcance de muito poucos
autores.
Assim, este e-book surge com a proposta de reunir numa única
plataforma os ótimos contos já publicados pelo autor, que encontravam-
se disseminados em seus blogs. Como promotores da boa literatura
evangélica e sabedores da carência de bons títulos ficcionais em nossa
seara, é com grande prazer que apresentamos este livro aos leitores.
Sammis Reachers
5. [5]
A Troca
Um grupo de garotos passou correndo pela frente da porta, enquanto
o velho Eurico a fechava para sair. Um deles praticamente esbarrou no
ancião, mas Eurico parecia não perceber ou pelo menos não se
incomodar. Era parte de sua maneira de reagir ao ambiente. E seu estilo
poderia ser considerado perfeito. Fazia já quinze anos que vivia naquela
favela e nunca fora assaltado! Ninguém o molestava. Vivia só e
sossegado e era respeitado.
Saía pouco, pois era aposentado. Ia metodicamente à igreja
evangélica mais próxima, mas tirando isso, e as saídas diárias à padaria
e semanais ao supermercado, era ali mesmo, nas estreitas ruas da
comunidade pobre, que fazia sua vida. O velho era conhecido como uma
espécie de operador de milagres. Distribuía compaixão como o orvalho
matinal e sua especialidade, se é que se poderia chamar assim, era
recuperar jovens desviados. E na sua favela havia muito material de
trabalho.
O ancião tinha uma estratégia pouco comum. Poderia se dizer que
ganhava pela exaustão. Primeiro escolhia, em oração, um jovem que
estivesse mesmo muito mal. Em geral eram delinquentes envolvidos
com o tráfico de drogas e membros de gangues da favela. Então iniciava
uma maratona de jejum e oração por aquele jovem. Quando sentia que
tinha suficiente cobertura de oração, “atacava”. De tal forma procurava
o seu alvo que às vezes virava sua sombra. Em regra era rejeitado de
início, mas ia ganhando terreno até que o jovem acabava ouvindo o
homem.
Mesmo com meios tão arcaicos à psicologia moderna, o ancião tinha
resultados surpreendentes. Podia citar uma lista respeitável de nomes
de jovens que tinham deixado uma vida que levaria a uma morte
prematura e que tinham sido recuperados ao ponto de se casarem,
terem emprego e serem fiéis membros de igreja, e até dois que eram
pastores.
Mas Eurico não fazia propaganda de seu trabalho. Seria contrário ao
seu estilo e personalidade. Além de mais ele considerava seu ministério
como uma simples retribuição pelo que ele mesmo recebera. Fora, em
tempos idos, um alcoólatra que estragara a vida e desgraçara a família.
6. [6]
Teria morrido assim, se não fosse o amor paciente e perseverante de um
antigo diácono da igreja onde agora assistia. Essa era sua história. Essa
era sua vida.
Ultimamente, porém, o homem andava um tanto preocupado e
nervoso. O caso que tomara parecia não se resolver como os anteriores.
Estava já há meses orando, jejuando e lutando pela vida de Edmilson e
parecia não haver nenhuma sensibilidade da parte do rapaz. A cada nova
investida de Eurico o jovem se afundava mais em sua vida de pecado.
Como chefe de uma facção da gangue, tinha dinheiro e poder sobre
outros jovens. Não se importava com nada a não ser usar e abusar de
seu poder sobre os assustados moradores da favela. Passear de carro e
trocar de namorada eram outros de seus passatempos e, claro, tudo bem
regado a chope e cocaína.
Eurico não era homem de desistir fácil. Não sentira ainda que fosse
tempo de deixar de lutar pela vida e salvação de Edmilson e por isso
mais uma vez após uma semana de intensa oração, ele se dirigia até o
local aonde sabia que poderia encontrar o rapaz.
O jovem não estava em casa. Fora visto indo para o topo do morro,
aonde tinham uma casa que servia como uma espécie de prisão para
inimigos capturados ou devedores que não pagavam suas remessas de
droga. Era ali, no terraço, que costumavam executar aqueles que tinham
atravessado o caminho dos líderes do pedaço. Eurico estremecera, mas
não de medo. Estava seguro. Temia pelo seu alvo. Era pelo moço que
sentia medo.
Subiu custosamente o morro, parando várias vezes. A idade já não
facilitava. As oitenta primaveras já tinham passado há alguns anos e os
músculos não tinham a força de outrora. Perto do local que queria
alcançar o ancião foi barrado por dois garotos armados, de uns dezesseis
anos.
— E aí vovô, aonde é que pensa que vai?
— Vim ver o Edmilson — Explicou Eurico com toda a naturalidade.
— Manero — riu o outro garoto — Ó velho, cê num acha que tá velho
demais pra andar cheirando?
7. [7]
Eurico baixou a cabeça cansada e levantando-a, fitou o rapaz bem nos
olhos, de tal forma que o fez ficar sem jeito. Foi então que o outro notou
a Bíblia na mão do velho e reagiu:
— Pode passar velho, vai logo!
Mais uma vez a superstição local se fazia sentir. Os traficantes, por
regra, não se metiam com “crentes” porque diziam que dava azar. As
evidências confirmavam. Eurico avançou até a casa. Era um casarão
abandonado. Por todo o lado cheirava a dejetos humanos e havia ratos
andando em plena luz do dia. Um despacho de macumba bem na entrada
terminava de compor o quadro macabro.
O ancião não hesitou. Subiu as escadas gastas. Não havia ninguém no
1º andar, nem no 2º. Ao chegar ao terraço já o velho arfava novamente.
Parou e viu um jovem negro, alto, de soberbo aspecto, perto de um corpo
que jazia no chão em meio a uma poça de sangue. Ao pressentir a
presença do homem o jovem apontou a arma com ar furioso e olhos
arregalados onde se evidenciavam sinais da última dose de droga.
Eurico levantou a Bíblia em sinal de identificação. A arma foi baixada
e os olhos do rapaz se encheram de impaciência e aborrecimento.
— Cê num me larga velho? Me deixa, pô! Tô cansado de te aturar! Vê
se me esquece!
— Boa tarde, Edmilson! — o ancião respondeu em tom triste.
Um silêncio pesado se seguiu.
— Não posso desistir de você, Edmilson. — continuou o ancião —
Você está no meu coração. Quero ver você salvo e seguro nos braços de
Jesus!
O Jovem riu com sarcasmo e balançou a cabeça.
— Os braços que eu quero são outros. — gozou ele — Além do que,
se você qué rezá aproveita e vê se ajuda esse aqui que precisa mais que
eu — riu apontando o cadáver — Eu tenho mais que fazer.
Dizendo isso o rapaz passou pelo velho com desdém e o empurrou
8. [8]
com violência. Eurico perdeu o equilíbrio e caiu sentado junto ao muro
que circundava o terraço e o jovem se foi.
O ancião encolheu-se. Estaria errado desta vez? Seria Edmilson um
caso realmente perdido? Na verdade o livre arbítrio era de se
considerar. Ele não podia forçar a vontade de alguém a quem Deus fizera
livre. No entanto o peso da alma do jovem o fazia sofrer e as lágrimas
brotavam de seu rosto cansado. Ali ficou com a cabeça apoiada nos
joelhos chorando e clamando por uma oportunidade de ser
verdadeiramente intercessor, de ficar na brecha por este rapaz.
O tempo passou. Eurico não sabia se muito ou pouco. Quando se deu
conta havia outra pessoa no terraço e o sol declinava rapidamente no
horizonte. A presença dessa pessoa o fez erguer-se um tanto assustado.
Limpou as lágrimas do rosto e o nariz que pingava e tentou se recompor.
Mas a aproximação da outra pessoa o deixou deveras surpreso.
Saída como que de uma espécie de névoa veio ao seu encontro uma
velha de aspecto medonho. Curvada e cheia de reumatismo ela parecia
não ter sequer um osso que não fosse deformado. Ergueu o rosto para
Eurico e o fitou com superioridade. O ancião tremeu sem querer.
O rosto da velha era de tal forma enrugado e cheio de espinhas e
pontos negros que só o fixá-lo já era penoso. O nariz de proporções
significativas era peludo e torto. A boca irregular de lábios secos. Da
cabeça quase careca saíam uns poucos fios de cabelo grisalho em total
desalinho. A mulher trazia uma roupa toda negra e esfarrapada
condizente com seu aspecto físico. Sua presença causava repulsa e
medo, tremor e asco ao mesmo tempo.
Depois do primeiro susto Eurico tentou se recuperar. Pensou que
fosse alguém da família do homem morto que permanecia no extremo
do terraço e tentou ser gentil:
— Boa tarde, senhora. Veio pelo moço acidentado? — perguntou
apontando o cadáver.
— Acidentado? — pronunciou a velha com sarcasmo.
Sua voz era metálica e grave. Um tanto inesperado. Causava arrepios
na medula e parecia penetrar os ossos. Não parecia ser humana.
9. [9]
— Acidentado? — repetiu a velha.
— Bem — titubeou Eurico sem jeito — eu, na verdade, não sei.
Quando cheguei aqui já estava morto.
A velha parecia não estar interessada no que ele dizia. Aproximou-se
do ancião e o rodeou examinando cada detalhe dele e em especial a
Bíblia em sua mão. À sua aproximação Eurico experimentou um
fenômeno de todo inusitado. O chão parecia ter se tornado frio. Como se
a temperatura à volta da mulher fosse bem mais baixa que o resto do ar.
A tal ponto se fez sentir isso que o pobre homem quase tremia de frio e
segurava o queixo para que não batesse.
A velha tornou a se afastar dele sem palavras como se tivesse perdido
o interesse e avançou até o parapeito da varanda examinando as
redondezas. Eurico fez enorme esforço para sair de seu estado quase
catatônico.
— Posso ajudá-la de alguma forma? — perguntou com educação.
A velha o mirou de novo com aquele olhar gelado e desdenhou:
— Não é você que quero! — respondeu secamente.
— Então, quem é? — insistiu o ancião já com seus pressentimentos.
A mulher parecia incomodada com a presença e a insistência do
homem e pareceu atacá-lo. Voltando-se com rapidez surpreendente o
questionou:
— Não tem medo de mim?
Desta vez foi Eurico que ficou firme e com olhar tranquilo e seguro
sorriu e respondeu:
— Deveria ter?
— A grande maioria dos homens tem… — disse a velha com
segurança.
— Parece ter muita experiência! — refletiu Eurico.
10. [10]
— Alguma... — devolveu a outra com sarcasmo.
— E está procurando... — sugeriu o ancião.
— Edmilson — declarou a velha de forma seca e voltou a perscrutar
a vizinhança.
Eurico ficou abalado com a revelação e se aproximou corajosamente
da velha apesar de que o frio que ela transmitia ser a última coisa do
mundo que queria experimentar de novo. De súbito, sentiu-se cheio de
ousadia para lutar pelo jovem que pretendia ver salvo, e pressentia que
esta anciã só podia trazer más notícias. Chegou-se com convicção e
disparou:
— Quem é a senhora?
A velha olhou Eurico com um misto de admiração e desprezo e sorriu.
Um sorriso que faria gelar o coração do mais corajoso. De sua boca
disforme se viam uns poucos dentes amarelo-acastanhados e a risada
qual grito de hiena na noite africana parecia vindo de outro mundo. A
mulher, olhando o homem no fundo dos olhos, pronunciou calmamente:
— Sou a Morte!
— Não pode levá-lo! — foi à reação imediata e quase impensada do
ancião.
A Morte mostrou surpresa, franzindo o sobrolho que logo abriu em
novo sorriso desdenhoso.
— Você vai me impedir?
— Não posso... — reconheceu Eurico — Mas ele não está pronto!
— Isso não é problema meu. — deu de ombros a velha — Cumpro
minhas obrigações e chegou a hora do rapaz. Se não se preparou para
me receber é problema dele.
— E meu também. — protestou o homem — Eu assumi a
responsabilidade por ele.
11. [11]
— Ninguém pode assumir a responsabilidade por outro. — devolveu
a Morte — Cada um tem que me enfrentar sozinho e a hora de Edmilson
é chegada.
— Então, me leve a mim. — tentou Eurico já desesperado — Eu posso
ir já, estou pronto. Não tenho medo de você. Leve-me no lugar dele!
Agora o homem parecia pela primeira vez ter conseguido a total
atenção de sua interlocutora que o examinava com mais cuidado ainda.
A morte aproximou-se novamente e o frio glaciar de ainda a pouco
voltou a gelar Eurico de forma desagradável e quase insuportável. Tudo
nele clamava por se ver livre dessa sensação, mas ficou quieto, em seu
interior lutando pela alma de seu protegido.
A morte percebeu a luta do homem e sua forte resolução e se afastou
lentamente.
— Tem a certeza do que me propõe? — questionou tentando
verificar a certeza do homem.
— Sim! — afirmou Eurico com total convicção.
— E porque faz isso? — quis saber a morte.
— Pela salvação dele. — explicou o ancião — Ele não está pronto
para ir. Precisa de mais tempo. O amor de Deus há de vencer em sua
vida, mas precisa de mais tempo.
— E é esse tempo que você quer comprar para ele? — sugeriu a velha
rindo.
— Se for possível… — clamou ele.
— Possível é… — disse ela — Não seria a primeira vez. Tem-se feito
muitas vezes e creio que ainda se farão muitas mais.
— E ele terá tempo suficiente? — quis saber o homem ansioso.
— Isso não pode saber. Só o Todo Poderoso sabe essas coisas. Pode
ser que sim. Pode ser que não. Acha que vale a pena mesmo assim?
Morrer sem ter a certeza? Pode ser em vão… — tentou a morte matreira.
12. [12]
— O amor nunca é em vão! - sentenciou Eurico — Estou disposto a
dar a Edmilson mais uma oportunidade, nem que seja a última!
A morte balançou a cabeça e chegou-se ao fim do terraço aonde se
via toda a favela. Suspirou com ar cansado e olhou mais uma vez com
seus pequeninos olhos negros o homem que a observava em suspense.
— Tanto trabalho a fazer... Voltarei por você... Amanhã!
Antes que Eurico pudesse dizer qualquer coisa uma névoa vinda não
se sabe de onde encobriu a velha e a sua figura fantasmagórica
desapareceu.
O homem ficou muito tempo ali em pé sem saber bem o que se
passara com ele. Fora sonho? Fora visão? Fora real? Como saber a
verdade? O ancião sentia-se confuso. Seria genuíno que ele negociara
com a morte e se oferecera para ir ao lugar de Edmilson? Isso seria
possível? Seria aceito? No dia seguinte seria a sua vez? Estaria realmente
tão preparado como se julgava?
Com esses pensamentos na cabeça ele deixou o local e à medida que
descia do morro notava toda a agitação típica do fim de dia, mas algo
mais do que era normal. Finalmente um jovem o informou. A polícia
havia estado no morro durante a tarde. Tinha havido troca de tiros e
Edmilson fora baleado. Estava no hospital.
Eurico estremeceu. Tinha que verificar. Sentia-se cansado. Na
verdade exausto, mas não teria paz sem confirmar o que sucedera.
Questionou sobre o hospital em que o jovem estaria internado e foi até
lá, chegando já noite cerrada. Procurou o médico que atendera
Edmilson. O clínico sentou com o ancião e parecia confuso.
— Foi algo muito estranho. — disse o médico — O rapaz foi baleado
três vezes no abdômen, na região do fígado. Chegou aqui com
hemorragia interna incontrolável. Não havia nada que pudéssemos
fazer. Nem se o tivéssemos recebido logo após os tiros. Mas tinham
passado mais de duas horas! Ele estava à morte! O pulso estava indo e
todos nos preparávamos para deixá-lo cadáver quando, de repente, o
sangue parou. O cara se recuperou bem ali, à nossa frente. Olha, se eu
não tivesse visto, não acreditaria. Se é que existe essa coisa de milagre,
este foi um!
13. [13]
Eurico ouviu tudo com lágrimas nos olhos e sentindo que, afinal, tudo
o que vivera fora verdade. Cheio de convicção e certeza conseguiu
autorização e chegou à cabeceira do moço por quem se dispusera a
morrer. O jovem orgulhoso e cheio de antipatia que ele vira no começo
do dia já não estava ali. Edmilson tinha um ar assustado de garoto pobre
que era o verdadeiro estado de sua alma. Olhou Eurico com vergonha e
uma pitada de esperança. Tremia ao lhe contar.
— Foi uma emboscada. O meu pessoal me traiu. O desgraçado do
Mendes queria a minha posição. Miserável! Vai pagar caro! — dizia com
o rosto se contorcendo de dor e raiva.
— Ainda odiando? — interrompeu Eurico — Isso não te trouxe nada
de bom.
O moço parou de falar e o olhou triste. Desta vez parecia reconhecer
a verdade nas palavras do velho.
— Eu vi a morte! — disse então tremendo — E era horrível!
— Eu sei. — balançou a cabeça o ancião — Mas não precisa ter medo
dela agora. Você vai viver. Mas o quanto e como vai depender de onde
você vai colocar o coração.
Na entrada do quarto uma enfermeira fez sinal ao ancião que era
hora de se retirar. Edmilson segurou o braço dele com angústia. Em seus
olhos ele via agora todo o vazio de seu coração, toda a busca de sua alma.
— O que é que eu faço? — perguntou com voz embargada.
Eurico o olhou com carinho. Colocou sua Bíblia na cabeceira. Era a
sua velha Bíblia. Companheira de tantos anos. Ganhara aquele livro do
homem que o levara a Cristo. Era seu mais precioso tesouro. Mas sentia
que agora o rapaz precisava mais dela do que ele. Sorriu de leve e
acrescentou:
— Comece lendo o livro onde está marcado. Depois, quando sair
daqui procure o pastor João da igreja lá da favela. Ele saberá te ajudar.
Não desperdice seu tempo, meu filho! A vida é curta! Você não sabe o
que vem amanhã.
14. [14]
— Você virá me visitar? — quis saber o moço.
— Não sei. — respondeu o velho com o olhar perdido — Tenho
amanhã um compromisso muito importante. Logo você saberá.
Com uma breve oração ele se despediu do moço e saiu. Trazia o
coração em paz. Sentia que aquele jovem estava a caminho da
recuperação. Seria difícil o caminho e muito espinhoso. As tentações
seriam múltiplas e a luta tremenda. Mas ele queria acreditar. Era tudo
que precisava. Fizera a sua parte. Talvez até demais. E com esse
pensamento enchendo sua mente chegou a casa finalmente e dormiu um
sono pesado, sem sobressaltos, cheio de paz.
No dia seguinte, levantou-se à hora habitual. Fez tudo como em
qualquer outro dia. Por que seria diferente? Foi o que pensou. O dia
inteiro, porém, esperava sentir aquela presença gelada que o envolvera
no dia anterior e que certamente o viria buscar. Mas nada aconteceu de
manhã e à tarde ia já avançada quando se sentou em seu sofá de leitura
e adormeceu com um velho livro de poesia no colo.
Acordou com uma sensação estranha e imediatamente sentiu que
não estava só. Um arrepio percorreu sua espinha, mas recuperou
depressa e levantando-se deu de cara com uma moça que, sentada à
mesa da sala, preparava um chá.
Era jovem e extremamente bela. Alta e esbelta, de feições finas, rosto
pequeno emoldurado por abundante cabelo castanho claro, olhos
enormes de um verde enigmático, lábios bem desenhados e um queixo
artístico. Era branca, muito branca e dela parecia emanar um perfume
doce inebriante que o ancião sentiu ser delicioso demais.
Eurico sorriu diante de tal visão e limpando a garganta, se desculpou:
— Peço desculpa não a vi entrar, estava lendo e creio que cochilei.
— Não tem problema, eu tenho tempo. — ela respondeu numa voz
maviosa e musical.
E as palavras foram acompanhadas de um sorriso que trazia a beleza
sombria de uma noite de luar. Eurico não pode evitar um novo arrepio,
mas não sabia como reagir.
15. [15]
— Em que posso servi-la? — quis saber, sempre educado.
— Temos encontro marcado. — lembrou a moça com certo ar de
surpresa no rosto — Certamente não esqueceu!
O ancião recuou um passo e parou. Estava confuso e admirado.
Balançou a cabeça e fixou melhor o olhar.
— Tenho encontro marcado com a... — não foi capaz de dizê-lo.
— Comigo! — completou a moça.
— Não pode ser! — continuou estranhando o velho.
— Porque não? — insistiu ela.
— Não foi você que vi ontem!
— Ah! — riu ela e se aproximou estendendo a xícara de chá
fumegante e cheiroso.
À sua aproximação ele sentiu o frio que lhe percorrera o corpo no dia
anterior. Mas este não era o mesmo tipo de frio. Não gelava. Não fazia
tremer. Era mais um tipo refrescante, qual brisa gostosa em tarde
abafada.
A moça fez sinal e ele tornou a sentar-se no sofá. Ela foi postar-se não
muito longe, bem em frente a ele.
— Na verdade foi comigo que falou ontem. — continuou a morte —
Mas ontem você me viu como Edmilson me veria. Ontem eu era a morte
aos olhos dele. Hoje estou diferente, ou talvez não. Na verdade não
mudo. O que muda é a maneira como as pessoas me veem.
Eurico abanou a cabeça. Fazia sentido. Era mesmo bastante lógico.
Sorriu. Não podia evitá-lo. Como temer uma morte com esta cara?
— Está preparado?
— Sim! — disse prontamente o homem sem hesitar — E Edmilson?
16. [16]
— Terá sua oportunidade.
— E será suficiente? - insistiu ele.
— Só o Todo Poderoso sabe! — decretou ela — Tome seu chá. Você
já fez sua parte.
Novo sorriso encheu o ar de parte a parte. Ele bebeu o chá e encostou
a cabeça na poltrona. Fechou os olhos sentido o perfume que enchia o
ar. Logo estava dormindo.
No outro dia de manhã corria a notícia na favela. O velho Eurico
morrera na tarde anterior enquanto dormia e o barbeiro que costumava
cortar-lhe o cabelo comentava:
— Isso é que é uma Bela Morte!
* * * * * * * * * * *
Baseado em João 15:13: “Ninguém tem maior amor do que este: de
dar alguém a própria vida em favor de seus amigos."
17. [17]
O Homem do Comboio1
Muito se tem escrito sobre os heróis da História. Ponto comum
nessas narrativas é o realçar da coragem, da ousadia, da iniciativa desses
homens e mulheres cujos feitos ficaram para as gerações posteriores
como marco de valentia. E, no entanto, a maioria dos descendentes de
Adão é caracterizada pela falta de ousadia.
Milhões em todo o mundo vivem vidas pacatas, sem nunca dar um
passo que obrigue a Ter coragem ou fazer um ato que indique bravura.
A falta de ousadia e de iniciativa parece contagiosa. Qual doença. Muitos
se abrigarão sob o escudo da prudência lembrando que o “seguro
morreu de velho”. E se é verdade que assim foi, também é notória que
não lhe conhecemos o nome e para além do fato de que viveu até idade
avançada não sabemos que tipo de realizações, se alguma sequer,
chegou a alcançar. É caso para perguntar, será que o tal Senhor seguro
chegou mesmo a viver na plena acepção da palavra? Faltando-nos arte
para melhor defender a necessidade de ousadia na vida deixamos uma
singela estória que talvez ajude a meditar nessa questão.
Havia um homem. Um homem já maduro e avançado em anos. Ele
morava do lado de uma passagem de nível de movimentada linha
ferroviária lá para os lados de Santarém, Portugal. Vamos chamá-lo de
João, que é um nome tão bom quanto outro qualquer.
Era de estatura mediana, entroncado, músculos bem desenvolvidos
por anos de labor manual, mas um pouco flácidos pelo chegar da idade.
Rosto moreno, tostado de sol, com as rugas exageradas denunciando
mais idade do que realmente tinha. Testa alta, serena, cabelos
abundantes, bem aparados, já bastante grisalhos nas têmporas, bigode
farto e bem cuidado. Os olhos de um negro límpido cheios de expressão,
lábios grossos, mas de pouco falar, queixo quadrangular, masculino,
mãos enormes, rudes, calejadas, fortes.
O Sr. João vestia invariavelmente calças pretas de lã por cima das
ceroulas, camisa branca abotoada até o colarinho, colete do mesmo
tecido e cor das calças e um paletó de tom cinza escuro um bocado gasto,
sobretudo nos cotovelos, mas sempre asseado. Um boné de lã de tecido
1
Em Portugal, comboio é como são chamados os trens. (N.E.)
18. [18]
quadriculado em tons de bege e castanho terminava de compor o visual
com botas alentejanas de cano alto e biqueiro larga.
O homem vivia sozinho. Tivera família no passado. Mulher e filhos.
Mas, ou por infortúnio de doença, ou por desgraça de acidente, ou por
mero acaso da sorte, estava agora só e isolado na sua pequena casa junto
à passagem de nível. A casinha, em cuja frente se via apenas a porta e
duas janelas em cada lado desta, estava cuidadosamente caiada e um
jardim diminuto, mas belo, se podia ver à entrada. Era em frente a esse
jardim que o homem se sentava diariamente a ver passar o comboio. Ali
nascera, crescera e se casara. Ali morava ainda, e ali esperava morrer.
Nunca fora além da cidade de Santarém, ali perto onde o levavam as
obrigações do negócio para vender o fruto da terra e já nem isso fazia
nesses últimos anos em que já só trabalhava para o sustento próprio e
comprava o que precisava na vendinha do mestre Tonho ali logo ao
lado.
Dias e dias, tardes e tardes ele assistia à passagem das locomotivas
por sua casa. Ao cruzarem aquela passagem elas diminuíam bastante a
velocidade. O homem podia ver o interior das carruagens, os rostos das
pessoas, as cores das roupas, os semblantes mais ou menos pesados.
Admirava a beleza dos estofados da primeira classe, a macieza dos
bancos da Segunda classe e a alegria do povo da terceira. Enlevava-se
com o brilho dos metais novos nos carros que faziam transporte de
passageiros e se entusiasmava com a quantidade de material que podia
ser levado pelos enormes e quase intermináveis comboios de carga.
Conhecia já a maioria dos maquinistas. Não de nome, só de rosto. E estes
também o conheciam e cumprimentavam já com o boné nas mãos e um
sorriso amigável ante a aparente onipresença do homem junto à linha
férrea.
De tal maneira o Sr. João conhecia os trens que a ele lhe perguntavam
horários e destinos e ele a todos respondia com exatidão matemática,
acrescentando o andamento do dia e um possível atraso ou antecipação.
Era para a maioria, o Ti João do Comboio, embora nunca, em toda a sua
vida, tivesse embarcado num.
O melhor amigo de Sr. João era tal Manuel da Várzea, porque sua casa
ficava num terreno baixo próximo ao Tejo e um tanto sujeita a
inundações. Os dois se entretiam muitas tardes em jogos de cartas
infindáveis em meio a conversas banais e a observação do movimento
dos trens. A mesa pequenina colocada no jardim do Sr. João, cada qual
19. [19]
sentado sobre um tosco banquinho de madeira, dois copos pequenos e
uma garrafa de licor ou vinho compunham o quadro já conhecido na
vizinhança.
— Olá Ti João, Olá Senhor Manuel — dizia uma moça que passava.
— Olá rapariga — retribuiu o Manuel.
— Olá Margarida — devolvia atencioso o Sr. João tirando o boné.
— Então, a jogar? — brincava ela.
— É para matar o tempo — desculpava-se o Manuel.
O João só encolhia os ombros.
— Então Ti João o comboio do Porto, a que horas chega? —
perguntou ela.
— Olha filha — informava o homem do comboio — deve aí estar a
qualquer momento, pois o horário dele é 17h25min e já são 17h15min
e como o de Coimbra passou hoje a modos que quinze minutos
adiantado o teu deve estar mesmo aí.
— Obrigado Ti João, tenho que ir a correr — despediu-se ela.
Os dois observaram a bela trigueira que se afastava apressada e
sorriam quase imperceptivelmente. Passados mais uns minutos o
Manuel comentava:
— Deve estar à espera do rapaz do Vieira. Parece que estão
prometidos ou o que é. Acho que agora se fala namorado.
O João encolheu os ombros.
— Tempos novos — continuava o Manuel — que na nossa época uma
rapariga não ia a correr esperar-nos a lado nenhum e nem nós vínhamos
da cidade em comboios de primeira.
O João levantou o sobrolho e encolheu os ombros.
20. [20]
— Que rica vida leva o rapaz. — falava ainda o Manuel — Sempre
daqui para lá, de lá para cá nesses comboios. Isso é que é passear! O Ti
João sempre havia de querer saber o que é que há depois do Porto.
O João não respondeu. Sua mente vagava com o comboio que pouco
depois apitava e passava majestoso e imponente estremecendo a
cancela. O maquinista fez sinal ao Sr. João que lhe retribuiu e suspirou.
O que estaria no fim da linha? Quantas noites ela já sonhara com isso?
Quantos dias ele levara a pensar nisso?
Por vezes, imaginava cidades cheias de luz, com ruas movimentadas,
vitrines repletas de coisas caras e supérfluas, mas bonitas e coloridas.
Cafés, bares, restaurantes, carros, transportes públicos e uma enorme
confusão de gente de raças e cores diferentes com línguas estranhas e
incompreensíveis. Como seria ver a cidade grande? Sentir aquele calor,
aquele reboliço na azáfama da metrópole que não pode parar.
Outras vezes o homem pensava em paisagens belas e distantes, em
pastos verdejantes, colinas cobertas de árvores de frutas, montanhas e
rios, lagos e represas e o mar. Sim o mar de que lera e ouvira falar e até
o vira uma vez na televisão da dona Joaquina. Como seria ver o mar?
Dizem que é como um rio, mas não tem fim, ou os olhos não lhe vem o
fim. Que mistério isso, seria verdade? Que paisagens e que contrastes
esta linha de trem continha? Ela podia levar um homem a um mundo
novo e quem sabe a uma nova vida. E a voz monótona do Manuel o
acordava de suas divagações.
— Então eu já contei ao compadre aquela passada do Tonico da Praça
no outro dia? Pois olha que foi dos diabos, o rapaz ia partindo tudo lá na
feira do sitio por vias de um negócio mal feito por um cigano!
Sim, ele já conhecia a história. O Manuel fizera o favor de contá-la
dúzias de vezes, mas a ouviria de novo com o mesmo ar de pachorra das
outras vezes e provavelmente comentaria a mesma coisa que em outras
ocasiões. Tanto fazia o Manuel não reparava que estava sempre a se
repetir, coisas da idade. “E não tardo como ele” pensava o João e
suspirava e a mente vagava.
Que tipo de pessoas poderia conhecer num comboio? Viajantes
inveterados que viajam pelo simples prazer de se deslocarem. Homens
de negócio, estudantes em férias, agricultores com arranjos na cidade,
padres que vão para novas paróquias, senhoras que visitam a família. E
21. [21]
que tipo de amizades se fariam ali? Ou no destino a que chegasse a quem
se ligaria sua alma pela força de descerem na mesma paragem? Que
emoções estariam reservadas a uma viagem destas? O medo do
desconhecido, a alegria do encontro inesperado. A angústia da incerteza,
a tristeza da saudade, o esclarecimento do conhecimento adquirido, o
enriquecimento do coração, o alargar da visão, o reavivar do Espírito.
— E tudo terminou bem — falava ainda o Manuel — que a polícia não
estava lá para brincadeiras e fechou os ciganos a sete chaves e quase deu
uma medalha ao nosso Tonico que saiu um valente rapaz.
— Fez ele muito bem — comentou o João sem pensar no que dizia e
suspirou.
O jogo acabou e o Manuel se foi, deixando o amigo envolto pela luz
exangue do anoitecer.
No dia seguinte o Manuel procurou seu parceiro de cartas logo cedo,
mas não o achou em casa. Andou pela vila e não o viu pelo que calculou
que fora ás terras buscar algo para o almoço. À tarde, porém, o João não
estava, como habitualmente, no seu posto de vigia, a controlar a
passagem dos comboios. O Manuel começou a se conturbar. Perguntou
pelo amigo em toda a redondeza. Não, ninguém vira o Ti João dos
comboios...
E foi a Dona Maria da Encarnação que desvendou o mistério. Vira o
Sr. João na estação de comboios em Santarém a andar de um lado para
outro em traje de domingo. Parecia tomado de uma febre! Inicialmente,
ela pensou que ele esperava alguém, mas depois o viu encaminhar-se à
bilheteria e pedir um bilhete até o fim da linha. Nem sequer se
preocupou com o nome da estação final ou o preço da passagem. A
mulher, curiosa, ficou a observar e viu com espanto o homem entrar no
primeiro comboio que parou e só pode descortinar o seu sorriso de
satisfação sentado à janela e falando com uma senhora que seria
companheira de viagem.
— Ai! Que o diabo do homem perdeu a cabeça! — foi a sentença
extemporânea do Sr. Manuel arreliado por perder o parceiro de cartas e
de entardecer.
E a notícia correu célere. O Ti João, aquele que por mais de vinte anos
22. [22]
fora visto a espreitar a passagem dos trens sem nunca entrar num,
aquele que sonhara com o destino das locomotivas durante décadas sem
sequer chegar próximo da estação, o homem que ficara conhecido por
toda a redondeza como o ti João dos comboios, finalmente e
inexplicavelmente, embarcara.
* * * * * * * * * * *
Baseado em Neemias 11:4: "Quem observa o vento nunca semeará e
quem olha para as nuvens nunca segará."
23. [23]
Rui ou "As Aparências Enganam"!
(Conto baseado em história real)
— Ninguém fala mal da minha mãe! — gritou o garoto mirando o
oponente com raiva nos olhos.
— Pois, eu repito o que disse! — reiterou o outro rindo.
Maldita e pejorativa, a frase lhe escapuliu dos lábios, qual cuspidela
fétida de tuberculose terminal, levantando uma onda de risos e
provocações do bando reunido.
O menino olhava o inimigo com os olhos injetados de sangue. Era
pequeno, talvez dez anos, franzino e branquinho, de cabelo louro como
uma espiga de trigo madura e certamente mais fraco que o adversário.
Sem medir as consequências de seu ato fútil, carregou sobre o outro
cheio de fúria justificada.
O grandalhão, bem uns quinze anos, braços de homem acostumado
ao trabalho pesado limitou-se a se desviar ligeiramente e aproveitar o
embalo do garoto para o projetar sobre o chão de cascalho. A patota riu
alto, divertida. As provocações e gargalhadas cresciam de tom à medida
que o desastre era mais evidente.
Levantando-se a custo, com os braços ralados e ardendo e as calças
já rasgadas a criança não se conteve. No seu rosto lia-se um misto de
medo, susto, indignação e ódio. Não aceitaria aquela situação enquanto
ainda tivesse um pouco de dignidade. Tentou novo assalto. Desta vez foi
mais moderado e cuidadoso. O chão de pedrinhas e alcatrão não era
nada convidativo.
O resultado foi tão mal ou pior do que o anterior. O saldo foi um olho
negro e toda a turma o rodeando com insultos. Ele se deixou ficar no
chão chorando baixinho, derrotado, humilhado, destruído.
Aquela tinha sido a vingança covarde dos que não podiam competir
com ele na sala de aula. Desde que chegara ali não se limitara a ser
estrangeiro, o “russinho”, o protestante. Era também o melhor aluno em
tudo, querido e admirado dos professores, bajulado dos pais, bem visto
24. [24]
pelas meninas. Estas coisas se pagam caro aos dez anos. E o carrasco
fora bem escolhido!
O Rui não era muito alto, mas trabalhava como ajudante de mecânico
há vários anos e ganhara músculos de ferro. Era repetente já de fama
maior, só por isso ainda circulava entre a criançada. No dia a dia era
pacato e calmo, sempre bem disposto e de olhar submisso. Mas o tinham
excitado com mentiras e provocado até que servisse de vingador sobre
o loirinho.
Ele cumprira seu papel sem grande gosto. Até uma ponta de remorso
parecia o atacar, mas o coração embrutecido de adolescente que não
tivera infância não se deixava tomar de ternura. A única linguagem que
conhecia era a da violência. Em casa e na oficina era ele que
apanhava. Ali, quem dava as cartas primeiro era ele e se não era grande
motivo de orgulho vista a diferença de tamanhos, servia-lhe
perfeitamente de compensação.
Magoado de corpo e alma o garotinho encetou o caminho de casa. Foi
um autêntico calvário com os demais a seguirem–no de perto com os
mesmos palavrões e provocações de antes e os risos. O olhar das pessoas
que o viam rasgado e podiam ler na sua órbita roxa o desfecho pouco
feliz de uma luta infantil era duro de enfrentar. Mas, o pior era o medo
da reação paterna e as consequências que daí poderiam advir. Foi longa
a estrada...
Ele nem reparou na beleza do caminho, no recorte dos campos
divididos por muros de pedras artisticamente desenhados, a brancura
da cal das casinhas que pareciam mais de bonecas que de gente, o
vermelho das telhas portuguesas a contrastar com o azul do céu, o gado
gordo e malhado a preto e branco que pintava a paisagem qual postal
holandês. O estado de alma não lhe permitia ver nada a não ser as pedras
frias da estrada de paralelepípedos antigos e alguns tufos de grama que
teimavam em crescer aqui e além por entre as pedras desafiando os
carros que passavam por ali sem sequer os notar.
Finalmente perdeu o cortejo blasfemador ao chegar à sua rua. Mas
isso não lhe aliviara o coração. Restava enfrentar a família e isso ele teria
que o fazer sozinho. E ali estava sua casa. O sobrado mal pintado, a loja
por baixo e a casa por cima, com vista para o interior.
Felizmente, a reação paterna foi bem mais suave do que ele previra. Sua
explicação do motivo da briga parecera ter servido de amortecedor ao
25. [25]
estado triste em que se apresentava. Nem sequer se mencionou o fato
de ter a roupa rasgada e o olho negro. Ficara apenas a promessa do
progenitor:
— Amanhã estarei à tua espera na saída das aulas para que me mostres
quem é esse Rui!
Aquilo entrou-lhe na alma como profecia messiânica! Teria afinal
vingança, um salvador surgiria do fundo de um carro verde e como no
grande e terrível dia do Senhor! Ele espalharia o terror entre as hostes
de escarnecedores que o importunavam, e a partir dali reinaria
soberano sobre toda a escola e arredores!
A noite chegou sem sono, apenas a grande expectativa de ter a honra
lavada, do nome limpo e exaltado. O Rui saberia quem ele era e que não
estava só no mundo, por mais que se pensasse o contrário. O pai subia-
lhe no conceito uns dez degraus. Sua pose masculina e séria afirmando
que resolveria o problema, de repente, lhe pareceu ver nele músculos
que nunca antes notara com o peito largo de um boxeador, as mãos
grandes e apropriadas. Aquele seria um combate desigual, como fora o
seu. A sede de vingança tomara conta do garoto e somente de
madrugada adormeceu, com sonhos de cargas de cavalaria e massacre
de exércitos rivais, com muito sangue e dor, muita dor para o inimigo...
As aulas no dia seguinte foram um total desperdício. Como prestar
atenção nos professores com a expectativa que o consumia por
dentro? Olhava o rosto impávido do Rui, desconhecendo a destruição
que o aguardava e isso lhe trazia tamanha satisfação que ria sem querer
e procurava evitar tal reação, não fosse ela denunciá-lo.
Por duas ou três vezes durante a longa manhã tivera momentos de
rara lucidez em que duvidou da vinda do pai ou do cumprimento da
promessa. Mas, afogara a razão no seu lago de vingança. A injustiça tinha
que ser resolvida, era urgente e necessária a retribuição. A vida lhe
parecia sem sentido sem aquele corretivo dado ao mau elemento e à sua
corja.
Finalmente, o último sinal soou, como trombeta divina, e lá estava o
carro verde e o salvador imponente e com ar decidido. Aproximou-se
tremendo e o pai o saudou perguntando:
— Quem é o Rui?
26. [26]
— É aquele! — mostrou-lhe excitado — Aquele tolo ali, metido a
esperto, que não sabe nada de História, nem de Português ou de Inglês,
ou Matemática, ou seja que matéria for. Aquele ali que só sabe dar
caneladas no futebol, se assoa para o chão, cospe a torto e a direito e diz
palavrões. É aquele ali, com ar de parvo que nunca vai saber mais do
que 2 + 2 e que merecia ser aniquilado como verme que era!
Já o pai galgara o espaço que o separava do guri. A mão erguera-se
no ar e o menino esperou o barulho do primeiro estalo com os olhos
semi-cerrados. Mas, qual quê? O pai apenas pousara a mão suavemente
sobre o ombro do inimigo e lhe falava amistosamente, convidando a
aproveitar a carona até à vila.
Atordoado, o garoto tentou tirar sentido de tudo aquilo. Seria
verdade tamanha traição? Podia o pai ser tão falso a ponto de o
desfeitear de maneira tão vil? E então lhe veio a luz... É claro! O pai não
podia bater no Rui ali à frente de todos! Ele era um homem de respeito
na sociedade local, isso não lhe ficaria bem. A carona era o engodo para
levar o Rui até um descampado, onde o corretivo seria aplicado. Neste
momento, a sabedoria do homem parecia realmente superior! Afinal é
verdade está tão propalada superioridade dos adultos!
O Rui caíra na armadilha. Aceitara a carona e se instalara no banco
da frente, ao lado do motorista. O menino atrás contava os minutos até
o local do esperado massacre. Porém, o carro se dirigia estupidamente
para a vila, pelo caminho mais curto e povoado. O pai falava
mansamente ao Rui sobre o sucedido como se tivesse ocorrido um erro
ligeiro. Queria a ajuda do rapagão para futuros erros do menino?!! Ele
era o pai e ele deveria corrigir o filho, não um qualquer na rua.
Terminaram fazendo uma espécie de pacto. Se o garoto fizesse ou
dissesse algo errado, o Rui tinha permissão para o denunciar ao Pai, que
lhe aplicaria a disciplina devida à falta em causa. E assim se despediram
na frente da casa do moço.
A criança no banco de trás desaparecera em sua decepção. Lágrimas
sentidas lhe queimavam os olhos numa nova humilhação tão difícil de
suportar quanto inesperada. Jamais teria esperado isso do próprio
pai! Fora entregue como se fosse ele o verdadeiro culpado. Será que o
homem não vira logo no rosto do Rui que era ele o culpado, que era ele
o mau da estória?
27. [27]
O dia se arrastou qual caracol paralítico, sem ânimo, sem interesse,
sem remissão. O menino se sentia traído, ultrajado e só. Como poderia
enfrentar a escola? Como olhar para o grupo de escarnecedores? Como
encarar o Rui? Tudo parecia desfocado e em meio a uma névoa de
dúvida. A própria questão da justiça e do direito tinham sido violadas. E
logo por quem se supunha ser o defensor sagrado de tudo o que era
virtuoso na vida!
O que o garoto não sabia é que aquela conversa a que ele chamara
traição tivera o mais profundo efeito no Rui. O moço, acostumado ao
punho de aço do padrasto e ao trabalho duro desde menino, nunca
tivera alguém que o tratasse como igual. Nunca experimentara a palavra
de confiança e respeito. Jamais encarara o olhar limpo de franqueza que
conhecera nesse dia.
Aquela conversa e mais do que isso, aquela atitude o resgatara
verdadeiramente! Tinham lhe dado uma nova visão do mundo, da vida
e da própria humanidade. Uma centelha de honra e dignidade foi
acendida em seu coração, e mesmo sem saber bem o que fazer com ela
o rapaz sentia que era algo tão bom que precisava ser valorizado. No
seu coração de pedra surgira uma brecha e ali poderia brotar uma flor
de esperança e, quem sabe, se suas raízes não abririam outras brechas,
deixando que a alma florisse em botão e a vida sorrisse afinal?
No dia seguinte, Rui olhou o loirinho com simpatia e quase
carinho. Sem perceber ele era já parte essencial da solução do problema
do garotinho assustado. E foi assim que, para surpresa do menino,
quando dois malandros troçadores se aproximaram dele com más
intenções, o gigante mecânico se interpôs e disse de sobrolho carregado
e punho fechado numa voz rouca:
— Se tocar no miúdo, vai ter que se ver comigo ...
* * * * * * * * * * *
Baseado em Romanos 8:28.
28. [28]
O Sábio
A cidade era minúscula, como tantas outras nos estados sulistas da
América do Norte. O auto-carro2 que cruzava a região, a maioria das
vezes nem parava. Mas nesse dia, para surpresa dos cerca de 500
habitantes locais, descera um estranho e se dirigiu à pensão da Betty
Sue.
Bem, aquele era o único local na cidade onde se podia alugar um
quarto, comer uma refeição e beber uma cerveja fresca. Betty Sue era o
centro nervoso da cidadezinha. Todas as fofocas passavam por lá e para
se estar em dia com o mexerico era obrigatório dar uma paradinha lá,
pelo menos dia sim, dia não.
O cavalheiro que descera do auto-carro estava munido de uma só
mala. Bastante apresentável o tipo. De terno cinzento-escuro, camisa
branca, impecavelmente engomada e uma gravata com desenhos
modernos, difíceis de decifrar, mas que ficava bem no conjunto. Rosto
comprido e sério, a testa alta, o cabelo recuado, cortado à escovinha, os
olhos grandes de um azul profundo, a boca larga, lábios estreitos e
orelhas meio de abano com o nariz razoavelmente grande.
Parecia preparado para ficar uns dias, pois pagou previamente pela
semana. Betty Sue, que fora quem o viu de mais perto, assegurou que era
muito sério e de poucas falas. O nome não dizia nada de novo: Nick
Thompson. Mas, no fim da tarde, já o estranho era o motivo principal das
conversas e todos lutavam para acrescentar mais pormenores sobre o
indivíduo. Havia que se apressar, pois quem mais tirasse dele mais teria
proeminência na cidade nos dias subsequentes.
O dia seguinte foi de grande agitação na cidade. É claro que alguém
que não conhecesse o local nem daria por isso. Só os da terra podiam ver
a procura febril de novos dados sobre o Sr. Thompson.
O homem levantou-se cedo. Pediu um café puro, uma torrada e nada
mais. Passou no barbeiro para fazer a barba e além da saudação e alguns
monossílabos nada mais dissera. Comprou um jornal do dia anterior na
2
Em Portugal, auto-carro é como são chamados os ônibus. (N.E.)
29. [29]
banca, engraxou os sapatos com o Tony e se retirou para o quarto até o
almoço. Foi aí que Betty Sue tentou sua sorte.
— O Sr. Thompson pretende se demorar por estas bandas? —
perguntou com um sorriso franco do seu rosto bolachudo e sempre
exageradamente maquiado.
— Talvez — fora a resposta lacônica.
— Vem de longe?
— Um pouco.
— A negócios?
— Certamente.
— Muito dinheiro envolvido?
— É possível…
E assim prosseguiu a conversa. A mulher tentando tirar e o homem
sem largar nada. Ficara quase na mesma. Tudo que lhe perguntava ele
concordava de um modo pouco convicto, o que a deixou um tanto
contrariada e confusa. O que poderia relatar às comadres no fim do dia?
Estavam mortas por saber mais do desconhecido e ele ali armado com
uma couraça de indiferença perante a curiosidade quase mórbida da
pequena cidade.
E não é que fora o Smith da tabacaria que conseguiu a nota mais
saliente do dia? Ao vender um maço de cigarro ao Sr. Thompson lhe
inquiriu sobre a visita àquela cidade. Porque ali, um local tão pequeno?
— Gosto muito de sossego — foi a resposta.
Todos gostaram daquela palavra. Era sem dúvida um atestado de
bom senso e levantou a ideia de que o homem poderia querer se instalar
ali mesmo. Afinal, dinheiro era o que parecia não lhe faltar. A Betty Sue
lhe vira a carteira cheia, fora os cartões de crédito, e garantia a quem
quisesse ouvir, e todos queriam, que o Sr. Nick devia ser um desses
milionários excêntricos.
30. [30]
Os dias foram se passando lentamente para o povo da cidade e pouco
se acrescentava sobre o mistério do visitante. Vestia sempre bem,
apesar de variar muito pouco. Andava muito limpo. Fora visto colhendo
plantas locais e terra. Iniciara um jardim no parapeito da janela do seu
quarto e respondia com expressões guturais ou monossílabos.
No salão de barbearia se discutia sobre ele a todo o vapor:
— Deve ser podre de rico. — referia Tony o engraxate — De outra
forma não viria gastar dinheiro num local tão afastado e perdido no
mapa.
— Escolheu muito bem, se quer saber a minha opinião — interpôs o
prefeito Jackson, meio magoado com a desconsideração do Tony.
— Pode ser um fugitivo da lei — tentou o Barnaby aposentado das
linhas de ferro.
— Não tem cara disso. — resistiu MacSurrey o barbeiro — Ele é
muito calmo para quem está fugindo e já está aqui há mais de uma
semana! Um fugitivo não fica tanto tempo em lugar nenhum.
— Pois eu acho que é um escritor, um sábio de alguma espécie! —
opinou Larry, um caminhoneiro meio desempregado — Deve estar
fazendo pesquisa para um novo livro ou lá como o chamam.
— Bem pensado! — reagiu o prefeito — Lá cara de entendido ele tem!
Olha para as coisas sempre com um ar de quem conhece bem. Ouve os
assuntos com atenção e apesar de não dar opiniões vê-se perfeitamente
que está por dentro de tudo. Eu não me admiraria se fosse professor
universitário ou até coisa maior.
— Mas porque é que não fala? — estranhou Tony — Parece até que
o gato lhe comeu a língua!
— E lá é preciso falar para se ser alguém? — retorquiu MacSurrey
irritado — Lembro-me bem do que meu avô contava de um grande génio
que conheceu e que quase não falava. Estava sempre tão absorto em
pensamentos superiores que as conversas do dia-a-dia o distraíam e não
se dava a bater papo nas esquinas. Pode ser esse o caso.
31. [31]
— Exatamente! — concordou Larry sacudindo com uma risada seu
enorme corpo de mais de dois metros e 130 quilos — Até tem graça, um
crânio desses aqui na nossa cidade! Ainda vai tornar famosa a nossa
região, descobrindo alguma coisa importante por aqui.
— Seria boa ideia — opinou Jackson com os olhos brilhando — Podia
ser que implementasse o turismo. Podíamos ter um hotel ou dois, e
quem sabe um drive-in, para dar mais animação à cidade.
— Sim, Porque a Betty Sue já deu o que tinha a dar — comentou o
Tony rindo ao que todos gargalharam com gosto.
E de fato, no café-restaurante-pensão, outro grupo, este de mulheres,
também conversava sobre o desconhecido enquanto tomavam xícaras
de chá e biscoitos de chocolate.
— Tem um ar tão distinto — dizia a Mary Lou — Acho que é mesmo
um dos homens mais charmosos que já conheci! Me lembra artista de
cinema...
— Poderia ser. — riu de excitação a Conchita que estava ali desde que
viera do México — Pode bem-estar descansando da cidade grande e se
escondendo da fama e dos jornalistas. Li numa revista que há muitos
atores que fazem isso.
— Já pensou que emocionante? — sorriu a Sra. Jackson — Isso pode
trazer fama à nossa terra, turistas, quem sabe?
— Não parece ator. — comentou a Betty Sue, que para todos os
efeitos era a maior entendida na matéria, pois hospedava o homem —
Parece mais um estudioso ou professor de alguma coisa.
— Sim — retrucou Samantha — tem mesmo cara de doutor! Aquela
testa não engana ninguém!
— Olha que se calhar não era mal partido hein? — tentou a Sra.
Jackson rindo para Samantha, que era a solteira mais cobiçada da
cidade.
— Lá dinheiro tem de sobra! — disse Betty Sue — Isso eu posso
32. [32]
garantir!
— E é bem mais bonito que o Perkins — riu Mary Lou lembrando um
pretendente de Samantha.
— Mas, falando sério — procurava acalmar os ânimos a visada nas
brincadeiras — que o homem tem cara de sábio lá isso tem e ninguém
pode negar.
A partir desse dia então, Nick Thompson, passou a ter a fama,
merecida ou não, de sábio de grande valor. E tudo que fizesse ou
dissesse era interpretado à luz dessa opinião. Se ele pegava uma pena
de pássaro que caíra estava estudando aerodinâmica. Se demorava-se a
ver o pôr do sol, estaria compondo poesias imortais. Se respondia por
monossílabas era para não gastar seus preciosos neurônios com
conversas tolas e se vestia sempre a mesma cor de roupa era porque isso
certamente teria um efeito positivo na saúde e bem-estar das pessoas.
Até houve quem notasse que o prefeito estava repetindo mais vezes o
seu terno azul-marinho...
Certa ocasião enquanto os homens estavam reunidos a tomar cerveja
o Sr. Nick entrou e saudou a todos cordialmente. Ofereceram-lhe cerveja
e o homem aceitou de bom grado, pois estava quente e uma geladinha ia
bem. Discutia-se a supremacia do transporte aéreo sobre o marítimo.
Havia, como sempre, dois partidos. Uns defendiam os aviões, outros os
navios. A conversa estava acalorada. Havia que aproveitar o fim da tarde
em discussão, já que mais nada havia a fazer na cidade, senão esperar
pelo jornal da noite na televisão e isso ainda ia demorar ainda um bom
tempo.
Depois de muitos argumentos pró aéreos e pró marítimos houve um
que teve a ideia de questionar o ilustre visitante, que segundo o conceito
geral era um sábio. O arguido olhou para os presentes com ar distraído,
levantou as sobrancelhas por alguns segundos e baixando-as de seguida
abriu um sorriso suave e encantador e com um leve dar de ombros
abanou a cabeça como que reiterando o óbvio.
Aquele gesto foi seguido de perto por todos e por incrível que pareça
terminou a discussão. A todos parecera que o génio visitante rematara
a polémica como ninguém e o gesto foi descrito exaustivamente sobre
as mesas de jantar das várias casas locais. É claro que cada lado da
33. [33]
disputa reclamava o referido gesto como sendo a afirmação cabal de sua
vitória no conceito do sábio. Mas a verdade é que todos concordavam
com a profunda astúcia e tremenda sabedoria do indivíduo.
Ainda não completara um mês que o Sr. Nick estava na cidade e o
prefeito já o convidara a ser sócio de um negócio importante, o xerife lhe
encomendara dois discursos sobre segurança pública no centro cívico e
a senhorita Samantha Brown se preparava para acabar com seus dias de
solteira, no que seria o grande casamento da década.
Porém, misteriosa e quase furtivamente como chegara, o estranho se
foi. Não chegou a se despedir de ninguém. Não terminou de usar os dias
pelos quais pagara a pensão da Betty Sue. Simplesmente saiu de mala na
mão e fora dos limites da cidade pegou carona, desaparecendo das vidas
de todos sem deixar rastro.
Iniciava-se a lenda, o mito. Tinham sido visitados por um gênio por
algum tempo e alguns mais espiritualistas até falavam de anjo ou outro
ser se uma realidade desconhecida. Houve inclusive quem sugerisse
trazer a televisão para fazer uma reportagem, pois jurava que o tal Nick
era, na verdade, um extraterrestre que viera investigá-los. Fosse como
fosse, tinham sido dias de excitação na cidadezinha.
Passaram-se algumas semanas e um carro com chapa de outro estado
e símbolo oficial parou à frente da pensão de Betty Sue. Era um sábado
de manhã, perto da hora do almoço e o local estava abarrotado, como de
costume. Os dois homens que desceram pareciam de alguma instituição
estatal e o carro trazia um emblema na porta. Alguma coisa sobre Saúde
Pública. Entraram, pediram café e sanduíches e ficaram conversando um
pouco.
Quando a dona da pensão trouxe os pedidos lhe mostraram uma
fotografia. Era do Nick! Betty Sue gelou! Conhecia ela o homem? Ela fez
sinal que não. Todos os presentes estavam em suspense, acompanhando
a situação.
— É algum criminoso? — perguntou ela, temerosa.
— Não! — afirmou o homem rindo — Nick não faria mal a uma
borboleta! É apenas maluco! Completamente louco! Fugiu do Sanatório
de Memphis há dois meses e tivemos uma denúncia que teria vindo para
34. [34]
estes lados. É que levou todo o dinheiro da recepção... Ainda era uma boa
quantia!
Betty Sue deu um sorriso amarelo e voltou-se. Todos os cidadãos
presentes a olhavam. Podia-se ver em seus olhos o espanto e a quase
incredulidade.
A verdade é que nunca mais ninguém falou de Nick Thompson
naquelas paragens.
* * * * * * * * * * *
Baseado em Provérbios 17:28: “Até o tolo quando se cala será
reputado por sábio; e o que cerrar os seus lábios por entendido.”
35. [35]
"É para se ir fazendo..." (Conto regional)
Fui criado nas ilhas portuguesas dos Açores. Guardo recordações
maravilhosas desses tempos. A cosmovisão açoreana é típica do ilhéu e
se resume na frase que serve de título a este conto. A narrativa é
ambientada nos Açores e se baseia no texto de Eclesiastes 11:4:
"Quem observa o vento nunca semeará, e o que olha para as nuvens
nunca segará".
A Maria tinha o ar mais consolado do mundo. É verdade que a vida
ia difícil. Era verdade que o Manuel não era lá o marido que ela
esperava. Mas, que importava isso se estava agora à espera de seu
primeiro rebento? Vivia pelo ser que lhe crescia no ventre e que já sentia
espernear. Havia de ser forte e belo.
E sentada na varanda bordava para seu enxoval quando o Ti Zeca, da
Herminia lhe gritou:
— Ó Maria, antã isso faz-se ou não? Nunca mais terminas o bordado,
rapariga...
Ela riu gostoso e respondeu:
— Não se preocupe tio, é para se ir fazendo...
E o garoto nasceu. De fato, forte e saudável, cabeludo e
vermelhão. Francisco de nascimento, Francisco José de Batismo, que o
padrinho na cidade assim o quis. Cresceu rápido, bem constituído e com
força, que é o que se precisava naquelas terras de vida dura.
Cresceu ilhéu, vendo o Atlântico norte todos os dias, e aprendendo a
amar o ar húmido e a terra fértil dos Açores. Desde muito cedo ouviu
aquela frase tão tradicional da região e que parecia andar de boca em
boca como doce preferido. Chavão máximo do modo de ser e de viver se
dizia com pachorra e boa disposição de qualquer coisa em que se estava
envolvido: “Não é para se fazer, é para se ir fazendo” ...
O Francisco incorporou facilmente o dito que melhor do que
qualquer outro falava da cosmovisão das gentes açoreanas. Cresceu na
36. [36]
tranquilidade da vida do campo, rodeado dos animais domésticos e das
vacas nos cerrados do pai. Viu as estações passarem e as festas
chegarem com seu reboliço, mas sempre numa paz de alma própria de
quem tem horizontes limitados pela imensidão dos mares que o cercam.
Pelo que tranquilo nascera e calmo se desenvolveu.
Na idade apropriada começou a frequentar a escola da
freguesia. Antes, de madrugada ainda, ia aos campos com o pai tratar
das vacas. Depois, havia as aulas e à tarde um pouco de tempo livre para
brincar. O menino era sossegado na sala, não dava nenhum trabalho à
professora. No recreio preferia se quedar vendo os outros a gastar
energias correndo de um lado para o outro, qual coelhos
assanhados. Não se metia em brigas, não discutia e nunca era
repreendido pela mestra. Apenas não era de muito estudo.
O 1º ano passou sem que aprendesse mais que as vogais. No 2º, e já
repetente, ia pelo mesmo caminho. E quando um dia, já um pouco
preocupada pela lentidão do filho a mãe o repreendeu pela demora em
terminar o dever de casa, o menino a olhou com olhos meigos e com um
ligeiro sorriso ainda bem infantil e respondeu:
— Ó mãe, isto é para se ir fazendo!
E não dera mesmo para aquilo, dizia o pai. Era pau de outra cepa.
Aprendeu a escrever o nome que era o que o progenitor sabia, e lhe
chegara para ter família e casa. Havia de chegar também ao Francisco. A
família aceitou tudo passivamente. Não valia a pena fazer confusão por
causa disso. Nem todos nascem para doutores e o filho do Manuel da
Burra havia de ser mesmo um agricultor e criador de gado como o pai.
O rapaz cresceu forte, que lá comer, comia que dava gosto. Então
pelas festas do Divino Espirito Santo era um ver se te avias que ninguém
o batia numa mesa de banquete. E foi mais ou menos por essa altura,
devia o garoto ter já uns 18 anos, que viu a Susana, na tourada das
Fontinhas.
O dia estava de festa, o sol a pino, tudo florido, um cheiro de perfume
no ar e a freguesia cheia para a tourada a moda da Terceira. O Francisco
fora com outros amigos, a modes de espairecer um bocado. Mas logo
olhara para cima e notara numa janela vermelha, uma rapariga com os
ombros apoiados numa linda colcha bordada com motivos campestres
37. [37]
com fios dourados num fundo azul e rosa. Ficara fisgado à primeira
como peixe que encara isca colorida.
Os amigos o impulsionaram na aventura, que era bem hora do rapaz
se entusiasmar por alguma coisa. Mas o Francisco com seu ar bonachão
limitou-se a olhar, e a olhar. Lá a cachopa o viu sim senhor, e até lhe
retribuiu o olhar. Mas mais do que isso não se passou. Na hora dos
touros o rapaz não ousou sair à rua a modos de impressionar como seria
a tradição. Não era do seu estilo e estava muito bem sentado com um
chouriço preto à frente que até dava gosto. Mas, nos intervalos entre
cada touro lá se arrastava até a janela rubra a fim de admirar a flor
humana que brilhava mais que as vegetais. Mas quando os colegas o
apertaram querendo saber se o namoro era para se fazer, respondeu
dando de ombros:
— É para se ir fazendo...
A partir daquele dia da festa, Francisco passou a frequentar as
Fontinhas a cada fim de semana, que era freguesia vizinha à sua. Ia de
bicicleta e passava frente á casa da Susana vezes sem conta, nunca
ousando, no entanto, encetar conversa. E fora a pequena que o abordara
um dia, perto do portão da casa e que lhe permitira iniciar este namoro
meio amizade que frustrava os familiares. É que os pais da moça tinham
planos mais elevados. Havia um filho do Sr. Dr. Azevedo de Angra que
parecia arrastar a asa à pequena, e este brutamontes da Vila Nova que
nem sabia falar direito vinha entornar o caldo. E o que é que a rapariga
via naquela cara bolachuda e avermelhada?
Mas as coisas do coração são assim e a Susana saía à mãe, de pelo na
venta, não aceitava ser pau-mandado e nunca se poderia dizer que era
uma maria–vai-com–as-outras. Bem o Pedro Azevedo, filho do doutor,
destinado à alta sociedade de Angra a presenteava com as prendas mais
bonitas vindas do continente. A rapariga agradecia e continuava a falar
ao Francisco a cada fim de semana, apesar de ser ela a puxar a conversa
e a dar as conclusões. E os meses se arrastaram. Um ano se passou e já
iam quase no fim do segundo e a coisa não atava nem desatava.
O Manuel da Burra não dava interesse a esse namorico do filho, mas
a mãe se arreliava e não pouco. Foi ter com o padre Bento que a casara
e batizara o pequerucho.
38. [38]
— Ó Senhor Padre, a sua bênção.
— Deus te abençoe, minha filha.
— Sr. Padre, ando com uma coisa cá a atraverssar-me o coração, a
modes que me deixa louca!
— Ó rapariga de Deus, diz lá o que tens. Sou teu confessor há poderes
de anos.
— É o Francisco, sr. Padre. O rapaz é trabalhador e nunca me dá
canseiras, lá isso é verdade, é uma paz de espírito. Mas não é capaz de
fazer nada sozinho. Tudo tem que ser à pressão. Se não for empurrado
não desemperra.
— Feitios filha, são feitios... cada um tem o seu... Lá o rapaz é assim
quieto, que não é nenhum pecado. Vê lá o Luciano da Mariquita, que
trabalhos lhe dá! Vês logo que te saiu a sorte grande!
— Loivado seja, Sr. Padre! Não estou a reclamar que o meu Francisco
é uma joia de rapaz. Mas queria vê-lo casado e não sei se o veja.
— Então não hás-de ver? Isso se arranja facilmente. Ouvi até que tem
rapariga lá para as Fontinhas.
— Ter tem, mas não sei se por muito tempo.
— Explica-te lá criatura, que não te entendo. Tem ou não tem?
— Ó Sr. Padre, o Francisco anda de namoro com uma pequena das
Fontinhas há quase 2 anos. É boa rapariga, sim senhor, que lhe conheço
a família e até me dei com a mãe dela nos meus tempos de solteira. Casou
com o Firmino, aquele que anda metido nisso dos laticínios lá pra Angra.
— Sei quem é, boa gente.
— Pois o Francisco vai lá todo santo domingo. Faça chuva ou faça sol,
não falha. Mas a coisa não anda.
— Como assim?
39. [39]
— Ele nunca mais se despacha a pedi-la. E o pior é que o filho mais
novo do Dr. Azevedo tem o olho na pequena e se o meu Francisco não se
avia vai ficar a ver navios.
— Ó lá... isso é outra história, que o Pedrinho do Dr. Azevedo eu
conheço e não é rapaz para desfeitas. Se cismou com a rapariga temos
sarilho e do grosso.
— Está a ver sr. Padre. Sei que se falar ao Francisco ele há de escutá-
lo. A mim já se me secou a língua de tentar, e parece que estou como o
santo a pregar aos peixinhos.
— Ó rapariga, isso não é problema e se arranja. Dou três palavrinhas
ao pequeno e já tens nora noutra freguesia que até te regalas!
— Valha-me nossa Senhora, que era um alivio grande! Sr. Padre era
uma esmola que me fazia ...
— Não fales mais nisso! Vai-te descansada e com a ajuda de Deus!
E ela foi. Se havia alguém que podia tratar da coisa era o Padre Bento,
que casamenteiro como ele não havia em todo aquele lado da ilha.
Nisso se passou mais um ano e quando chegou a primavera e Abril
entrou, havia ares de festa na casa do Firmino das Fontinhas. Foi uma
boda como poucas e o banquete demorou até de noite com tudo do bom
e do melhor. A Susana e o Pedrinho do Dr. Azevedo deram o nó na Sé de
Angra com pompa e circunstância com a igreja cheia de convidados que
o pai da noiva não cabia em si de contente.
Não fora falta de paciência da rapariga que levara a este
desenlace. Praticamente iniciara o namoro e a cada fim de semana era
ela que fazia a maior parte do trabalho perguntando e
respondendo. Lutara contra a vontade do pai e de todos ao
redor. Ninguém se levantara a favor do tosco agricultor. Meses a fio à
espera que o rapaz se decidisse e tentou várias vezes levar a conversa
para o lado do pedido de casamento. Mas, o Francisco parecia
irredutível. Era mais fácil Moisés tirar água da rocha que ela um pedido
de casamento daquele criador de vacas! Por fim cansou! Não dava para
continuar perdendo a juventude numa causa vã. Aceitara o pedido do
Pedro e despediu o Francisco com lágrimas nos olhos.
40. [40]
O Manuel da Burra quase não ligou ao caso. A Maria, porém,
desesperou! Adivinhava que se o filho não casasse ali, não havia de casar
mais! E como é comum as mães conhecerem bem os filhos que têm, ela
estava mais que certa. Se o moço já era fechado e titubeante antes
daquilo tudo, agora é que não se abria mais. Preferia as vacas às pessoas
e o campo à freguesia. Fechou-se em copas e passou a falar ainda menos
que antes.
Mas a sorte, esta personagem tão desejada mas difícil de encontrar,
parecia ter um gosto especial por aquele campônio tranquilo e veio lhe
bater à porta novamente com armas e bagagens e sem que ninguém
pudesse prever. O Antônio da Canada das Flores tinha embarcado para
o Brasil há anos, era o Francisco ainda novo. Fizera fortuna considerável
e voltara agora com ideias de se estabelecer na terrinha e montar um
negócio. Chegara com todo o aparato próprio do emigrante que regressa
em grande. Fizera logo festa.
Foi mordomo da festa do Senhor Espirito Santo e pagou uma tourada
como há anos não se via pelos lados da Vila Nova. Iluminou a Igreja para
gáudio do Padre Bento e construiu uma senhora casa com sobrado e
tudo. Andava de carro para todo o lado e vestia roupas um tanto
extravagantes. Manias dos trópicos... Mas quem reparava nisso, quando
o sujeito era tão mão aberta?
Só uma nuvem escura toldava o sol da felicidade do Sr. Antônio. Mas
era uma nuvem de volume considerável. É que a Ivone, sua senhora, não
lhe dera herdeiros. Dois abortos e um pequeno que não chegara a uma
semana e lá se tinham ido as esperanças de ter continuidade. E para
quem deixar aquele dinheiro todo se não tinha irmãos ou sobrinhos e os
primos eram todos afastados? Foi aí que entrou o Francisco.
Não se sabe por obra de quem, talvez a fada madrinha, o Sr. Antônio
fincou os olhos no rapaz do Manuel da Burra e decidiu que ali estava um
bom moço para se investir. A aproximação não se fez esperar e logo o
Antônio e o Manuel eram vistos juntos por toda a freguesia, bebendo
vinho dosBiscoitos, comendo espetadas de porco ou chouriço na birosca
da Madalena. Eram verdadeiros compadres. E ninguém na freguesia
entendia o que o Antônio via no raio do Francisco. Era trabalhador sim
senhor, comedido e respeitador. Nunca fora visto em patuscadas
noturnas ou sarilhos de saias. Ia à missa com a mãe todos os domingos,
cuidava da sua vidinha sem chatear ninguém. Mas era também um
41. [41]
mosca-morta completo, não se lhe tirava duas frases de jeito. Andava
quase na casa dos 30 e nem sinal de casamento. E não fora ele que
perdera, por falta de iniciativa, a Susana do Firmino das Fontinhas?
Nenhuma razão porém, demovia o Antônio. Meteu na cabeça que o
Francisco era um rapaz ás direitas e que era ele que lhe serviria de filho
e herdeiro à falta de prole própria. E lá se puseram ele e o Manuel da
Burra a fazer planos e esquemas de como usar a fortuna brasileira em
bons fins e de preferência bem lucrativos. Só um problema havia. O
Manuel colocara no nome do filho tudo o que tinha. É que tivera pelo
inverno uma pneumonia das brabas e pensara que estava a esticar o
pernil, pelo que, antes que o Diabo as tecesse foi tratando da papelada
com o Osório do caminho da Praia. Agora pois, para que qualquer
negócio fosse tratado, era preciso que o Francisco anui-se e colocasse no
papel aquele garrancho a que chamava assinatura. E aqui começou o
cabo dos trabalhos.
Convencer o rapaz é que eram elas. Ouvia tudo com paciência
angelical e parecia concordar, mas mal o Antônio saia de sua casa
Francisco voltava aos campos e ás vacas, como se sua vida não estivesse
prestes a mudar completamente com o simples riscar de uma caneta
barata. Ele só se sentia bem no seu ambiente. Só e sossegado no meio do
gado, cheirando a erva molhada e o estrume fresco é que parecia feliz e
contentado. Que isso de negócios e planos não lhe entrava bem.
Foi levado a Angra para tratar da papelada, mas a viagem fora um
desastre! Primeiro que o Francisco não se sentia bem nas roupas que lhe
arranjaram para a ocasião solene. O sapato o apertava e a gravata o
sufocava. Depois que a cidade o deixava assustado e nervoso com tantos
carros e movimento.
A rua da Sé lhe parecia um formigueiro humano e a praça velha uma
verdadeira babel. O Pior foi ver a Susana de repente a sair de uma loja,
muito bem vestida á senhora da cidade de braço dado com o marido que
já era doutor desde que voltara de Coimbra. A visão o aterrara e lhe
tirara o sossego e nem toda a boa vontade do Antônio ou a bonomia do
Manuel o demoveram. Ele não quis saber de assinar nada sem pensar
bem antes.
— Mas já pensara por mais de três meses!... — reclamou o Antônio.
42. [42]
Afinal de contas, quanto tempo é que se ia perder nisso? Não se podia
ficar adiando eternamente o assunto pois tinha necessidade de andar
com o negócio. O tempo das festas já se fora e havia que colocar o
dinheiro a render pois não há felicidade que não acabe e fortuna que não
se esgote.
Novamente a indecisão do Francisco e sua falta de iniciativa
trabalhou contra ele. Parecia que a tal sorte que quando sorri traz
alegria a qualquer um, só podia azedar o humor do Francisco. O Pai
desesperou, a mãe redobrou os rosários e as missas, o padre Bento
gastou mais um bocado do seu latim e o “Brasileiro” esperou mais um
tempo. Sempre que arguiam o Francisco se o negócio se fazia ou não
respondia invariavelmente:
— Vai-se fazendo ...
Os anos se passaram. O Antônio Brasileiro lá se arranjou com um
proprietário de terras da Agualva e o negócio até lhe ia bem. Produzia
queijo de cabra e outras coisas e fornecia aos laticínios de Angra. O
Manuel da Burra morrera, que Deus o tenha; não suportou por mais de
2 dias depois que o touro do Constantino lhe dera uma valente marrada
na preparação da tourada das Lajes. A Maria o chorou a valer e passou a
usar luto completo que havia de envergar até a morte. E o Francisco
mantinha a vida quieta e sumida de sempre sem que nada parecesse o
tirar daquela quase sonolência.
A pobre mãe vendo os anos se chegarem e pensando no futuro lá
resolveu tornar a atazinar o filho a ver se desta a coisa ia, pois já não lhe
devia restar muito tempo. Numa tarde fria de Outono com a chuva
caindo impiedosa e o vento soprando por entre as frestas da janela,
esperou o Francisco com uma sopa bem quentinha e o pão de milho que
ele tanto gostava barrado em manteiga suculenta. Quando o moço
parecia estar se satisfazendo encheu-lhe de novo o prato do líquido
espesso e revitalizante e começou:
— Ó filho, tens que pensar na vida.
O Francisco levantou os olhos lentamente da sopa e perscrutou a face
da mãe à procura de sinais do que ela tinha preparado para aquela
conversa. Não via nada que o ajudasse e tornou a baixar a cabeça para o
43. [43]
prato.
— Teu pai, que Deus o receba, já aí não está para nos valer. E eu não
posso durar para sempre filho. Estou a ficar velha e cansada.
O filho suspirou como que a mostrar que não estava para discussões
no fim de um dia de trabalho que fora bastante dificultado pelo tempo
agreste.
— Tu tens vivido tua vida sossegado e não tens me dado desgostos
de mais, que Deus te pague.
Mas o teu feitio também não tem dado para mais. À esta altura eu já
devia ter 3 ou 4 pequenos a pular à minha volta e cá estou sozinha nesta
casa que mais parece um sepulcro. Já não te posso sofrer assim tão
apagadinho e mudo. Ainda estás em tempo de fazeres pela vida. Olha
que sabia bem ter netos antes de ir desta para melhor. Mas é preciso
que te decidas a dar o passo e deixar de seres tão teimoso.
Francisco não lhe respondeu. Ele nunca respondia. Ouvia sempre
calado e escusava de dar trela ás conjecturas da mãe. Aprendera depois
de tantos anos que se ficasse bem quieto a velhota se havia de cansar e
parar de o apoquentar. Era o único jeito. Mas Maria continuava.
— Tenho estado a tentar ajudar-te que só quero o teu melhor filho.
Então uma mulher não há de lutar pelos filhos? Olha a Berta, viúva do
Fernandinho, é boa rapariga. Já lhe acabou o luto maior e pode casar. É
trabalhadora e asseada e traz o seu pequeno sempre tão limpinho que
dá gosto. Mas vive com dificuldade. É uma cruz. Tu bem que podias
amanhar-te com ela e todos ficavam felizes. O padre Bento já me disse
que via esse arranjo com bons olhos. Tu já não podes pensar em
raparigas novas, mas a Berta vinha mesmo a calhar. Não me dizes nada?
A Mulher desta vez estava irritada. Desde que perdera o seu Manuel
que andava desensofrida. Aquilo nem era vida nem nada. Para ouvir
uma voz tinha que ser ela a falar, pois a voz do filho só a ouviam as vacas.
As vezes até achava que o rapaz já perdera a faculdade da fala ou
esquecera como pronunciar as palavras. Mas o Francisco não parecia se
enternecer com os arroubos da mãe.
Então, perdera a Susana que era uma flor de estufa e ia agora
44. [44]
amarrar-se á Berta que coitada já vira melhores dias? Não estava tudo
tão bem assim, sem mudanças bruscas, sem confusões? Agora queria ele
lá um filho de outro para criar? Crianças gritam e choram e sujam tudo.
Não lhe parecia bom arranjo e quando a mãe desesperada lhe perguntou
se não lhe ajudava a fazer a vida melhor, respondeu lacônica e
silenciosamente:
— Há de se ir fazendo ...
Mas dois anos se passaram, e no tempo se armar o presépio a Maria
adoeceu. Não parecia coisa de monta mas já não se levantou, e mesmo o
Francisco tendo vendido duas vacas para pagar as deslocações do
médico de Angra já não havia o que fazer. Antes que o carnaval chegasse,
já se lhe fazia o funeral e o Francisco só no mundo se afundava em sua
solidão e silêncio.
Nunca deixara de ser trabalhador. Não fora por falta de sorte que
estava só e mal na vida. Tivera tantas oportunidades que desperdiçara
que já tinha a fama e o proveito de ser o indivíduo mais perdulário da
ilha e quase não o viam mais. Deixara de ir á missa. Não andava pelo
povoado, não ia á tasca beber e ás vezes, nos meses de verão, já nem
sequer à casa vinha de noite. Dormia nos campos, metido entre as vacas
e coberto pelo capote que não deixava há anos.
Por falta de alimentação correta e submetido daquele jeito ás
intempéries, acabou por emagrecer. Apesar de rijo e forte e de se gabar
de não ter ficado um dia sequer doente desde o sarampo que tivera aos
8; agora estava mal, com uma tosse que não o largava. A princípio achou
que fosse só uma constipação. Depois atribuiu tudo a uma pancada de
vento que o pegara desprevenido. Mas quando começou a cuspir sangue
lembrou-se do pai e procurou descansar em casa. Foi aí que o padre
Bento o encontrou numa tarde de sábado, consumido de febre e já há 3
dias sem comer. Procurou tratá-lo, mas a coisa já estava avançada
demais... O Francisco morreu antes que o médico pudesse aviar a receita.
Que desperdício!
O velho pároco que o batizara pensava na futilidade daquela vida. Na
constante indecisão do rapaz. Nunca sabia se queria ou não. Nunca se
resolvia a fazer o que era preciso. Recordando o texto sagrado o padre
recitou em voz alta o Eclesiastes: “Quem olha o vento nunca semeará e
quem olha as nuvens nunca segará”. O Francisco fora o exemplo
45. [45]
consumado disso mesmo e custava ao religioso ver uma vida assim
perdida sem realização ou fruto. E, enquanto pensava nisso chegou ao
cemitério aonde o coveiro cavava a cova do malogrado.
O rapaz estava sentado encostado a uma campa fumando um cigarro
de palha e pareceu ter sido apanhado de surpresa pelo visitante.
— Então? — disse o cura — Essa cova é para se fazer ou que?
O coveiro de sobrolho levantado e tentando um sorriso desdentado
respondeu com gosto:
— Ó Senhor Padre, é para se ir fazendo ...
* * * * * * * * * * *
Conto baseado em Eclesiastes 11:4 e 5.
46. [46]
Saudades do Paraíso (Reflexões de Adão...)
Tenho saudades da Inocência ...Hoje fui até lá. Não sei bem o porquê.
Não disse nada a Eva. Já fazia tanto tempo que não ia...
No princípio passávamos por lá muitas vezes, mas a luz da espada
flamejante nos mantinha distantes e ela chorava. Depois paramos de ir.
Não fazia mais sentido.
Mas hoje fui lá... Está tão mudado... O mato cresceu tanto que há uma
verdadeira floresta onde antes havia só um belo jardim. Logo estará
perdido. Bem, acho que para nós está perdido há muito tempo...
Creio que queria recordar. Lembrar a liberdade, a paz, a inocência, a
comunhão. Tudo parece hoje tão distante que nem me lembro mais
como era. Depois que Abel morreu, ficou ainda mais difícil. O erro de
tudo aquilo parecia pesar ainda sobre nossas cabeças, como se a culpa
no fundo fosse nossa. Não sei se é isso que os pais devem sentir ao ver
os erros dos filhos, mas é o que sentimos.
Então Caim foi embora. Agora raramente ouvimos falar dele. É
verdade que outro dia um filho de seu filho passou por aqui. Estranho,
é homem crescido. Estou ficando velho e cansado e nem sabia.
Tenho saudade! Saudade da força, da vitalidade que tinha com Deus
no jardim. Ele nos perdoou mas as consequências são terríveis e mesmo
o perdão não as pode apagar.
Os sacrifícios aliviam, a esperança traz algum consolo, mas a
comunhão nunca mais será a mesma e meu coração parece não ter
parado de murchar desde aquele dia fatídico. Maldito dia, terrível dia.
Tanto engano e mentira!
A serpente ainda vai aparecendo de vez em quando. Já não fala, mas
o veneno está lá. Tenho matado algumas, mas parecem renascer com
facilidade e sua malícia não diminuiu nada com o tempo. Como fomos
enganados!
"Conhecereis a verdade", disse ela. Sim, mas não explicou como
iríamos lidar com ela. "Sabereis a diferença entre o bem e o mal", sim, mas
quem disse que teríamos a força para escolher o certo? Sereis como
47. [47]
Deus! Ah! Como se isso fosse possível ...como se isso fosse desejável...
Quanto mais o tempo passa, mais parece grande a tolice daquele dia,
mais parece incrível que tenhamos caído tão facilmente. Mas, a verdade
é que caímos. E o peso dessa escolha vai manchar meu nome por toda a
eternidade. Multidões de gerações me amaldiçoarão ao saber como fui
enganado. Ninguém estava tão habilitado a resistir... e é isso o que mais
me dói. Ter caído sem necessidade. Ter caído podendo ter ficado de pé.
Tenho saudades da inocência, do riso alegre e sem malícia que enchia
o rosto de minha mulher, dos sonhos tão doces à noite, do trabalho tão
recompensador, da natureza tão amiga. Saudades da sensação de pureza
e santidade que me enchia cada vez que o Criador vinha nos visitar.
Aqueles momentos eram tão plenos. Sua presença era a razão de toda a
existência, o motivo da vida, a causa de nos sentirmos desfalecer com
sua ausência. Não se pode mesmo viver sem a Sua presença.
Simplesmente tudo deixa de fazer sentido.
A chama se apagou e não encontro maneira de acendê-la
novamente. O céu parece sempre escuro e fechado. Não creio que o
Criador tenha deixado de nos amar. Posso ver seu cuidado de muitas
formas. No entanto, a relação não pode ser a mesma. Quebrei sua
confiança, que fora total. Falhei no único ponto em que Ele me pôs à
prova. Dei um voto de desconfiança em sua provisão, logo naquilo em
que sua prodigalidade fora tão evidente.
Sinto saudade da harmonia, da paz! Agora parece que não passa um
dia sem que eu discuta com Eva ou um de meus filhos ou netos. É que
com o conhecimento do bem e do mal nos veio uma incrível,
incontrolável e permanente vontade de julgar os outros. Julgar o que
fazem e o que não fazem. Dizer se é bom ou mal. Mas nossos
julgamentos falham justamente por falta de conhecimento. Sim, nosso
conhecimento é tão limitado! Conhecemos pouco dos outros, de suas
razões e motivos. Conhecemos pouco de nós mesmos, de nossas
verdadeiras razões e motivos para julgar. Conhecemos pouco sobre o
próprio ato de julgar e por isso os julgamentos falhos nos levam a tantos
conflitos e injustiças.
Sinto saudade da liberdade! E é tão estranho. Lá no jardim havia
limites que Deus colocara. Mas eu me sentia tão seguro, tão confortável,
tão protegido! Foi só quando saímos dos limites e aparentemente
podíamos fazer o que desejássemos com nossas vidas é que notei que a
48. [48]
liberdade se fora. Compramos uma ilusão, um engano e pensávamos que
estávamos nos libertando, quando na verdade estávamos entrando
direto numa escravidão que parece não ter saída.
Como sinto saudade do sono bem dormido do jardim! Da sensação
de plenitude e satisfação. Esta vida que ganhamos não consegue trazer
isso. Durmo sempre preocupado com o dia de amanhã. Sob o peso das
necessidades da família. A responsabilidade de ser o que todos esperam
que eu seja: O líder, o chefe, aquele que sabe. E no entanto, acho que
todos já perceberam que, por trás de meus olhos murchos e barba
branca, eu sei tanto quanto eles. Que estou tão perdido quanto eles. Tão
arrependido e só quanto qualquer outro. Insatisfeito e cansado...
No jardim não sentíamos dor e não sabíamos o que era solidão. A
presença do Criador era tão completa e constante que enchia o dia e a
noite como um doce perfume que sentimos sempre no ar, mesmo sem
saber de onde vem. Mas o perfume se foi... Descobrimos que é possível
alguém sentir-se só. É possível se ter medo. É possível morrer!
Coisa estranha a morte. Não deveria trazer tanto medo, mas chego à
conclusão que ela é tão terrível porque é contrária à nossa
natureza. Fomos criados pela Fonte da Vida para termos vida. A morte
é tudo que a vida não é. Fria, vazia, sem razão, quebrando a
continuidade, separando, rasgando, silenciando de uma vez. Sei que vou
morrer! Não sei quando nem como, mas isso talvez não seja tão
importante quanto saber para quê. Sim, para que morrer? Por que
motivo? Para onde? E é isso que mais me assusta.
Sinto saudade da inocência, da justificação! De poder estar em pé
diante de Deus sem vergonha ou receio. De sentir-me digno, puro,
perfeito. Resta hoje só o sonho, a esperança. O eco daquelas palavras:
“esmagará a cabeça da serpente”. E é esse sonho distante, que nem
entendo bem, que me faz caminhar e olhar adiante com alguma
expectativa. Cada criança que nasce me traz a pergunta: Será este? Cada
dia que passa me traz a certeza: estamos mais perto dele. E pelo dia da
redenção anseio, por ele vivo, creio que por ele morrerei. Nesse dia
viverei novamente e então, só então, deixarei de sentir saudades do
Paraíso.
* * * * * * * * * * *
Baseado em Gênesis 3.
49. [49]
A SERPENTE DE BRONZE
Milca acordou cedo como fazia todos os dias. Eram as
responsabilidades da mãe da família. Seu marido ainda dormia e os
filhos demorariam algum tempo até despertar. Ela cingiu-se e tomou um
cesto feito de vime bem largo, mas pouco fundo. Era a medida exata para
a alimentação da família durante um dia normal de semana. Com gestos
mecânicos, produto do automatismo do hábito diário, ela saiu da tenda.
Estava ainda clareando no gigantesco arraial de Israel. Milhares de
tendas com milhões de ocupantes no meio do deserto, no caminho do
mar vermelho. Estavam nos limites da região de Edom. Tinham deixado
para trás o monte Hor aonde Arão morrera e fora enterrado por ordem
de Deus.
A tenda de Milca ficava a meio do arraial da tribo de Dã no extremo
nordeste do acampamento de Israel segundo a disposição das tribos que
Moisés ordenara por orientação divina. A mulher aproximou-se de outra
tenda e chamou com voz baixa:
— Lia esperou pouco tempo e outra mulher surgiu do interior desta
tenda com um largo sorriso nos lábios e olhar brilhante.
— A Paz seja contigo — saudou a recém chegada.
— E contigo seja a paz — retribuiu Milca.
Ela e Lia eram companheiras e amigas desde a infância. Criadas no
Egito ainda lembravam-se da terra do cativeiro. Casaram-se no deserto
quase no mesmo dia e já embalavam os netos apesar de terem pouco
mais de 40 anos. A amizade era algo tão natural que já não sabiam viver
sem a outra ali ao lado, na tenda vizinha.
Todos os dias iam juntas buscar o maná que Deus dava para a
alimentação do povo no deserto. Era uma tarefa rotineira que permitia
iniciar o dia com uma boa conversa. As duas seguiram em direção ao
alimento por entre outras tendas armadas na vizinhança trocando
pequenas informações pouco importantes da vida das respectivas
famílias.
A região era árida e pedregosa. Um vento quente e seco soprava
50. [50]
quase continuamente de leste e trazia com ele um cansaço fora do
normal. A respiração parecia mais difícil neste clima inóspito e baixo
desse calor opressivo. Mas a verdade é que já não se lembravam de
quando não estavam no deserto caminhando de um lado para outro.
Fora do arraial pararam. Lá estava o pão do céu como todos os dias.
Uma camada de farinha amarelada, quase dourada, fina e fácil de
recolher que cobria a região de forma milagrosa todas as manhãs sem
falha. Cada família devia tomar o suficiente para o dia sob pena de
perder o excedente que se estragava no dia seguinte. A única exceção
era a sexta-feira. No Sábado não havia maná, mas a dose dupla recolhida
na Sexta não se deteriorava. Tudo isso, prova tão inequívoca do cuidado
divino, parecia Ter perdido sua importância para o povo. Á força de ver
o milagre se repetir semanas e meses a fio o tornavam banal e até
cansativo.
— De vez em quando não tens vontade de comer uma coisa
diferente? — perguntou Milca parando de colher por um instante.
— Como assim? — estranhou Lia.
— Comer comida de verdade. Comer algo fresco, bem suculento.
Ainda não esqueci as frutas que tínhamos no Egito. A carne gostosa que
é tão rara aqui no deserto. A água em abundância, o pão e os bolos dos
padeiros egípcios. Estou farta de maná. São a mesma coisa todos os dias.
— Mas que mais poderíamos pedir no deserto? Esta é uma prova do
cuidado de Deus. Nunca nos faltou alimento. Não devemos desprezar um
milagre assim. Lembra só da quantidade de gente que se alimenta disto
todos os dias.
— Sim... Todos os dias, e sempre o mesmo. E porque é que não saímos
deste maldito deserto? Já vão mais de 30 anos andando aqui de um lado
para outro. Às vezes acho que Moisés não sabe o que fazer. Não sabe
para onde vai.
— Não podes dizer isso. — reclamou Lia séria — Ele é o profeta de
Deus. Além disso, é o Senhor que nos guia através da nuvem e da coluna
de fogo. Não é Moisés que escolhe o caminho.
— Pois Deus poderia Ter algo melhor a nos dar. Afinal é Deus só no
51. [51]
deserto?
— Milca! Não fale assim! Já te esqueces-te de como o Senhor nos tirou
do Egito? Ainda há poucas semanas não fomos vitoriosos sobre o Rei
Arade dos cananeus? Não tomamos suas cidades?
— E porque não ficamos nelas? Não eram melhores que o deserto?
— A isso não posso responder, mas a verdade é que o Senhor sempre
nos protegeu e nos guiou bem. Não é agora que vou começar a duvidar
dele.
— Pois eu não sou tão passiva como tu. Não vou ficar o resto da
minha vida neste deserto. Já viste que quase toda a força adulta que saiu
do Egito morreu neste deserto? Foi para isso que Deus nos tirou da
escravidão?
— Milca, tu sabes a razão — protestou Lia ainda com paciência —
Fomos nós que tivemos falta de fé e deixamos de confiar no Senhor
quando era hora de conquistar Canaã. Foi essa a promessa do Senhor,
que a geração adulta morreria.
— Mas começo a achar que nós também não vamos chegar a viver
em Canaã. E está tão perto!
— Deus tem seu tempo.
Milca calou-se. Gostava tanto de Lia, mas às vezes não se entendiam.
A amiga era tola e ingénua. Acreditava em tudo que Moisés e os levitas
falavam. Afinal, havia que questionar um pouco. Porque eram os
sacerdotes tão especiais? Não eram da família de Moisés? E Levi não era
a sua tribo? Muito conveniente para Ele que ficassem na direção do
povo...
Lia também se manteve quieta. Ficava triste com a rebeldia de Milca.
Era uma mulher trabalhadora e boa mãe, mas parecia não se submeter
à lei de Deus e cumpria tudo mecanicamente. Não conseguia entender o
valor do Senhor de Israel. Estava sempre a murmurar e a se lembrar do
Egito. Alimentava seus ressentimentos constantemente.
A tarefa da recolha de maná acabava. Por todo o deserto à volta do
52. [52]
acampamento viam-se pessoas recolhendo a sagrada farinha para seus
familiares. As duas mulheres colocaram os cestos na cabeça e partiram
em direção ás suas tendas ainda sem falar. Já perto de casa foi Milca
quem quebrou o silêncio.
— Acho que alguém deveria falar seriamente com Moisés sobre esta
situação. Isto tem que acabar.
Lia preferiu não responder. Já aprendera que não valia a pena
argumentar com Milca, pois o que ela decidia estava decidido e pronto.
As duas se separaram e o dia correu normalmente. Surgiu um boato de
que um grupo de líderes tinha reclamado com Moisés sobre o maná e a
constante permanência no deserto. Não constava que o homem de Deus
tivesse respondido. Manso e sereno como sempre, deixara para Deus a
resposta, pois na verdade era para o Senhor a questão.
E a resposta veio mais depressa do que se poderia prever.
Subitamente, sem que soubessem dizer de onde, começaram a surgir
serpentes abrasadoras cuja picada era extremamente dolorosa. Os
répteis pareciam brotar do nada e não havia lugar seguro. Estavam por
toda a parte. Dentro das tendas. Por baixo das caixas e esteiras, no
interior dos cestos e panelas de barro, no meio da areia, atrás das
pedras. O povo estava totalmente vulnerável.
As estórias de picadas fatais começaram a propagar-se à medida que
crescia o número de pessoas mortas pelo veneno das cobras. O quadro
era tétrico e aterrador. A pessoa era normalmente surpreendida pelas
serpentes e atacada com violência sendo mordida uma ou mais vezes.
Ao fim de dez minutos o local da mordida estava inchado por vezes em
forma de bolha e com perda de sensação. A partir desse local se
espalhava uma dor fina e aguda. A pessoa se mostrava em pânico e por
vezes mesmo histérica. Em menos de meia hora estava corada, tonta ou
até com vertigens e vomitando á medida que a tensão arterial descia.
As vítimas então se queixavam de opressão no peito com dificuldade
de respirar e alguns apresentavam febre. A pele no local da mordida ia
ficando pálida e com mau cheiro indicando necrose. A pessoa ficava
prostrada e começava a sangrar pelo nariz, gengivas e olhos.
Normalmente em menos de duas horas estava já inconsciente e morria
antes de completar três horas.
53. [53]
Todos os esforços para fazer parar essa evolução eram fúteis e o
número de mortes cresceu em poucos dias junto com o temor das
serpentes incutido no povo por todo o arraial. Constava que apenas na
região da tribo de Levi perto do tabernáculo é que as serpentes não
atacavam.
Alguns homens tentaram organizar grupos de caça aos répteis, mas
os resultados tinham sido muito fracos, pois as cobras pareciam
proliferar mais a cada dia e vários dos caçadores tinham tido a mesma
sorte das vítimas incautas. Em todo o acampamento o clamor era um só,
e o reconhecimento do pecado crescia à medida que aumentavam os
casos de fatalidade entre o povo.
Milca e Lia também sofriam com esta situação. Também elas haviam
visto as serpentes abrasadoras e tinham escapado por pouco de suas
picadas mortais. Não podiam evitar a preocupação e, no entanto nada
restava ao povo senão pedir a misericórdia de Deus.
Era novamente manhã e as duas amigas recolhiam como sempre o
maná cotidiano tão providencial. Nesta manhã, porém, estavam mais
caladas do que habitualmente.
— Ouviste sobre o Abiel? — perguntou Liz a meia voz.
— Quem? O marido da Tamar? — tentou localizar Milca.
— Sim, esse mesmo. — confirmou Lia — Foi picado ontem à tarde.
Dizem que durou ainda menos que os outros.
Milca abanou a cabeça indignada e como sempre reclamou:
— E será que ninguém vai fazer nada a respeito disso? Vão
simplesmente assistir ao povo sendo envenenado e morrendo? Que
espécie de líderes é que temos?
— Mas já fizeram. — respondeu Lia — Não ouvistes?
— Ouvi o que? Sobre o grupo que foi a Moisés?
— Fazer o que?
54. [54]
— Confessar o pecado do povo e pedir a Ele que intercedesse por nós
a Deus. Afinal foram as nossas murmurações que trouxeram as
serpentes. Foi um castigo para nossa rebeldia e ingratidão para com o
Senhor.
— Lá estas tu outra vez. — reclamou Milca — Mas o que foi que
Moisés respondeu?
— Ele orou a Deus.
— Como sempre...
— E o Senhor respondeu. Será que ninguém te contou?
— Não ouvi nada.
— Bem, o que me disseram ontem à noite é que Deus deu a Moisés a
incumbência de fazer uma serpente semelhante as que andam por aí e
colocá-la sobre uma estaca. Dizem que todo aquele que for mordido por
uma cobra e olhar aquela serpente viverá. Moisés então uma serpente
de bronze e a levantou lá no arraial de Levi perto do tabernáculo.
— Essa é a solução? — disse Milca indignada — Então não havia coisa
melhor a fazer? Porque não nos deu Moisés um remédio fácil que nos
cure dessas malditas mordidas. Porque não nos deu um veneno que
mate as cobras ou armadilhas para as apanharem? Porque não vamos
embora deste deserto horrível onde moram estas cobras? Ou então, já
que Moisés é tão íntimo de Deus, porque não ora simplesmente e pede a
Deus que acabe de uma vez com essas cobras?
Milca parecia enfurecida. Sua rebeldia crescia de dia para dia em vez
de diminuir. O castigo pelo pecado de que ela também era culpada
parecia não Ter lhe trazido qualquer convicção de pecado. Apenas
queria o lado bom da aliança, as bênçãos. Não estava disposta a suportar
a parte da obediência e do compromisso. Esbravejou mais um bocado
sobre o ridículo que lhe parecia ser a solução de Deus por Moisés e então
parou de falar.
— Bem — iniciou Lia com calma — não sei bem porque o Senhor deu
55. [55]
essa solução a Moisés, mas foi o que ele mandou. Ele é nosso Deus e
devemos obedecê-lo.
— Pois me parece uma solução bem pouco criativa e muito
inconveniente para nós!
— Mas é eficaz segundo dizem. Já esta manhã eu mesma ouvi de
pessoas que foram mordidas e olharam a serpente de bronze e ficaram
curadas.
— Mas teve que se deslocar uma distância enorme até o local da
estaca que está convenientemente dentro do acampamento de Levi.
Para nós são quase cinco quilômetros.
— No entanto, é isso ou a morte!
— Não sei se é tão simples assim. Duvidas de Deus?
— Talvez de Moisés e seus artifícios.
— Ele sempre nos guiou bem...
Milca calou-se. Mais uma vez preferia ficar com sua opinião e deixar
a amiga piedosa pensar o que quisesse. Ela é que não queria ouvir falar
de andar até o tabernáculo por causa de uma mordida. Aliás, ela era
cuidadosa e não seria picada. Não tinha nada a ver com a ralé do povo
que mais precisava mesmo era de um corretivo.
A tarde chegou e o sol declinou trazendo o início da noite. Lia foi
preparar a refeição noturna e assim que acendeu o fogo uma pequena
serpente pulou das chamas e a mordeu na mão. Ela gritou de dor e
abafou a mão com um pano enquanto via a cobra fugir por baixo da
tenda para fora. Primeiro se desesperou com a dor local e o inchaço.
Colocou a mão na água e tentou esfregá-la, mas a dor crescia e parecia
se espalhar pelo braço até o ombro ardendo muito na axila. Ela estava
sozinha em casa e não hesitou. Tomou um archote e saiu.
Mal saíra encontrou o marido de Milca que a procurava. A amiga
acabara de ser picada e pedia ajuda. Lia mostrou a mão que começava a
inchar visivelmente ao homem horrorizado. Na entrada da tenda de
Milca ela surgiu arrastando a perna e a mancar um pouco.