Este documento discute o método da economia política de acordo com Marx. Ele argumenta que (1) o objeto da economia política é a totalidade social e histórica do modo de produção capitalista, não partes isoladas; (2) o método envolve abstrair partes do todo, analisar suas leis e relações, e reconstruir conceitualmente o todo; (3) a indução e dedução não são métodos separados, mas momentos do mesmo processo de conhecimento.
[1] O texto discute o capítulo "O papel da sociedade civil e da esfera pública política" do livro "Direito e Democracia" de Jürgen Habermas. [2] Habermas analisa o papel da sociedade civil e da esfera pública na consolidação da democracia e circulação do poder político. [3] Ele defende que a democracia requer a demanda vir da periferia para o centro, com a sociedade civil tematizando problemas e introduzindo-os no sistema político.
A teoria crítica dos sistemas da Escola de FrankfurtFelipe Labruna
O documento discute a Teoria Crítica dos Sistemas da Escola de Frankfurt, que analisa as antinomias e contradições nas estruturas sociais. A teoria critica os valores jurídicos e o estatismo, buscando desmistificar os discursos hegemônicos e promover a emancipação social. Ela influenciou teorias contemporâneas como o pluralismo jurídico global e a economia política internacional.
Habermas, jürgen. direito e democracia (volume ii)Luiza Moreira
Este documento apresenta um resumo de três capítulos do livro "Direito e Democracia" de Jürgen Habermas. O primeiro capítulo critica um modelo empírico de democracia e defende uma abordagem normativa. O segundo capítulo desenvolve um conceito procedimental de democracia. O terceiro capítulo discute como traduzir sociologicamente o conceito normativo de política deliberativa.
Comentários introdutórios sobre o Pragmatismo JurídicoFelipe Labruna
1) O pragmatismo jurídico surgiu nos EUA entre os séculos XIX-XX e busca gerar resultados que atendam aos anseios humanos.
2) Ele não é uma teoria do direito, mas sim um método filosófico baseado em argumentação para fundamentar decisões.
3) Seus principais conceitos são o antifundacionalismo, o consequencialismo e o contextualismo.
O documento discute a filosofia do direito de Jürgen Habermas e sua teoria da razão comunicativa. Habermas argumenta que (1) a razão comunicativa permite a coordenação da ação social através de pretensões de validade, embora não forneça normas diretas; e (2) o direito atua como uma categoria mediadora entre a facticidade e a validade na sociedade, possibilitando a coesão social através de normas legais.
Abordagens teóricas sobre o trabalho informal - Luis EstenssoroLuis E R Estenssoro
Este documento discute as principais abordagens teóricas sobre o trabalho informal e a economia informal. Primeiro, apresenta quatro perspectivas teóricas: 1) como um setor extralegal, 2) como um problema estrutural, 3) como um setor marginal, 4) como resultado do subdesenvolvimento capitalista. Em seguida, discute a necessidade de uma abordagem interdisciplinar para compreender melhor este tema complexo. Finalmente, realiza uma aproximação inicial do debate, distinguindo diferentes tipos de atividades econômicas informais.
1) O documento discute a compreensão metodológica do autor, comparando os métodos dialético de Hegel e Marx.
2) Marx e Engels se opuseram ao entendimento idealista da história de Hegel, propondo em vez disso uma dialética materialista focada nas relações sociais de produção e na luta de classes.
3) O autor defende o uso do materialismo dialético de Marx e Engels para analisar as realidades sociais, considerando as relações sociais concretas e a unidade na diversidade como um processo de síntese.
Grupo de estudos anarquistas josé oiticicamoratonoise
Este documento resume os principais conceitos do anarquismo de acordo com a dissertação de mestrado "Rediscutindo o Anarquismo" de Felipe Corrêa. Ele define anarquismo como uma ideologia socialista e revolucionária que defende a autogestão contra a dominação através da estratégia da revolução e da construção da autogestão em microesferas sociais. Também discute conceitos centrais como ideologia, teoria, estratégia, força social, poder e classes sociais.
[1] O texto discute o capítulo "O papel da sociedade civil e da esfera pública política" do livro "Direito e Democracia" de Jürgen Habermas. [2] Habermas analisa o papel da sociedade civil e da esfera pública na consolidação da democracia e circulação do poder político. [3] Ele defende que a democracia requer a demanda vir da periferia para o centro, com a sociedade civil tematizando problemas e introduzindo-os no sistema político.
A teoria crítica dos sistemas da Escola de FrankfurtFelipe Labruna
O documento discute a Teoria Crítica dos Sistemas da Escola de Frankfurt, que analisa as antinomias e contradições nas estruturas sociais. A teoria critica os valores jurídicos e o estatismo, buscando desmistificar os discursos hegemônicos e promover a emancipação social. Ela influenciou teorias contemporâneas como o pluralismo jurídico global e a economia política internacional.
Habermas, jürgen. direito e democracia (volume ii)Luiza Moreira
Este documento apresenta um resumo de três capítulos do livro "Direito e Democracia" de Jürgen Habermas. O primeiro capítulo critica um modelo empírico de democracia e defende uma abordagem normativa. O segundo capítulo desenvolve um conceito procedimental de democracia. O terceiro capítulo discute como traduzir sociologicamente o conceito normativo de política deliberativa.
Comentários introdutórios sobre o Pragmatismo JurídicoFelipe Labruna
1) O pragmatismo jurídico surgiu nos EUA entre os séculos XIX-XX e busca gerar resultados que atendam aos anseios humanos.
2) Ele não é uma teoria do direito, mas sim um método filosófico baseado em argumentação para fundamentar decisões.
3) Seus principais conceitos são o antifundacionalismo, o consequencialismo e o contextualismo.
O documento discute a filosofia do direito de Jürgen Habermas e sua teoria da razão comunicativa. Habermas argumenta que (1) a razão comunicativa permite a coordenação da ação social através de pretensões de validade, embora não forneça normas diretas; e (2) o direito atua como uma categoria mediadora entre a facticidade e a validade na sociedade, possibilitando a coesão social através de normas legais.
Abordagens teóricas sobre o trabalho informal - Luis EstenssoroLuis E R Estenssoro
Este documento discute as principais abordagens teóricas sobre o trabalho informal e a economia informal. Primeiro, apresenta quatro perspectivas teóricas: 1) como um setor extralegal, 2) como um problema estrutural, 3) como um setor marginal, 4) como resultado do subdesenvolvimento capitalista. Em seguida, discute a necessidade de uma abordagem interdisciplinar para compreender melhor este tema complexo. Finalmente, realiza uma aproximação inicial do debate, distinguindo diferentes tipos de atividades econômicas informais.
1) O documento discute a compreensão metodológica do autor, comparando os métodos dialético de Hegel e Marx.
2) Marx e Engels se opuseram ao entendimento idealista da história de Hegel, propondo em vez disso uma dialética materialista focada nas relações sociais de produção e na luta de classes.
3) O autor defende o uso do materialismo dialético de Marx e Engels para analisar as realidades sociais, considerando as relações sociais concretas e a unidade na diversidade como um processo de síntese.
Grupo de estudos anarquistas josé oiticicamoratonoise
Este documento resume os principais conceitos do anarquismo de acordo com a dissertação de mestrado "Rediscutindo o Anarquismo" de Felipe Corrêa. Ele define anarquismo como uma ideologia socialista e revolucionária que defende a autogestão contra a dominação através da estratégia da revolução e da construção da autogestão em microesferas sociais. Também discute conceitos centrais como ideologia, teoria, estratégia, força social, poder e classes sociais.
1) O documento discute as formas sociais de consciência segundo o pensamento de Antonio Gramsci, incluindo senso comum, bom senso, folclore, religião, ideologia e filosofia.
2) Gramsci acreditava que essas formas constituem a "filosofia de uma época" e explicam como a ideologia se torna o terreno para os conflitos sociais.
3) A linguagem é vista como uma forma de consciência que reflete diferenças culturais e carrega concepções de mundo do passado e presente.
O artigo discute três perspectivas a partir das quais a filosofia contemporânea aborda o tema da mística: 1) A filosofia analítica da linguagem de Tugendhat, que vê na mística uma forma de relativizar o ego; 2) A fenomenologia de Sartre, que analisa diferentes caminhos ascéticos que levam ao aniquilamento da singularidade; 3) A semiótica de Barthes, que contrasta uma perspectiva mística negativa com uma positiva baseada no uso de linguagem e imagens.
Max Weber nasceu na Prússia em 1864 e se tornou um importante sociólogo, economista e filósofo. Sua epistemologia defendia que o conhecimento está ligado aos valores do pesquisador, mas ainda assim é possível alcançar um conhecimento objetivo. Sua sociologia enfatizava a análise da ação social individual e como ela configura a sociedade, rejeitando estruturas sociais pré-determinadas.
Este documento discute a concepção de Estado e sociedade civil em Hegel. Segundo Hegel, a sociedade civil surge da dinâmica das necessidades individuais e da propriedade privada, enquanto o Estado representa o interesse geral da coletividade. Hegel também distingue três classes sociais - agricultores, burocratas e industriais - que contribuem de forma complementar para a sociedade. Finalmente, o documento explica que o Estado moderno, para Hegel, é a realização da razão e da liberdade.
O documento descreve a vida e obra de Maquiavel, considerado o fundador da política moderna. Após exercer cargos públicos em Florença, Maquiavel foi deposto e torturado durante o exílio. Neste período, escreveu "O Príncipe", que separou política e ética e definiu o poder como um fim em si mesmo, influenciando o pensamento político moderno.
1) O documento discute conceitos importantes de filosofia e sociologia para o ENEM, incluindo movimentos sociais, ação social, estado de natureza e contrato social.
2) Apresenta pensadores como Sócrates, Platão, Aristóteles, Hobbes, Locke, Rousseau e conceitos de Marx.
3) Discutem temas como ética, política, estado e igreja.
Max weber textos selecionados (os economistas)cosmonina
Este documento apresenta Max Weber, um dos fundadores da sociologia como disciplina científica. Ele defendeu que as ciências sociais requerem um método compreensivo diferente das ciências naturais, focado em entender os sentidos e significados subjacentes às ações humanas. Weber propôs o uso de "tipos ideais" para generalizar conceitos de forma a preservar as características individuais dos fenômenos sociais.
O documento discute a relação entre a autogovernabilidade consciencial e a política. Apresenta exemplos de políticos que não atingiram um nível satisfatório de autogovernabilidade, como Churchill, Vargas, JK e Lula, que tiveram problemas com álcool e tabaco. Também mostra como acidentes em série podem evidenciar fissuras cosmoéticas na liderança política.
Sociedade alemã a contribuição de max weberViviane Guerra
O documento descreve a contribuição do sociólogo alemão Max Weber para o desenvolvimento da sociologia, especialmente sua análise da ação social e do tipo ideal. O texto fornece detalhes sobre a vida e obra de Weber, incluindo sua principal obra "A Ética Protestante e o Espírito do Capitalismo".
Paradigmas sociológicos e análise organizacional, segundo burrel e morganNicemara Cardoso
O documento descreve os paradigmas sociológicos e análises organizacionais segundo Burrell e Morgan, incluindo debates ontológicos, epistemológicos e metodológicos. Ele também discute quatro paradigmas principais - funcionalista, humanista radical, estruturalista radical e interpretativo - e suas abordagens à teoria organizacional.
O documento discute as origens da sociologia jurídica e sua relação com a sociologia. Aponta que autores fundamentais como Montesquieu, Tocqueville, Marx, Durkheim e Weber contribuíram para o desenvolvimento inicial da sociologia jurídica, mas que o interesse na área diminuiu depois, permanecendo apenas como criminologia.
1) A Psicologia Social na América Latina passou por uma "crise teórica e metodológica" na década de 1970, levando a uma revisão crítica dos conceitos e métodos.
2) Isso resultou no desenvolvimento de novas abordagens como a Psicologia Comunitária e o estudo do "Processo Grupal", focando em questões sociais e de poder.
3) Experiências nessas novas abordagens ajudaram a avançar tanto a teoria quanto a prática da Psicologia Social na região.
1) O artigo discute como a perspectiva histórico-cultural de Vigotski pode contribuir para a práxis do psicólogo comunitário.
2) A perspectiva de Vigotski enfatiza a natureza social e mediada dos processos psicológicos, o método de investigação genético e a zona de desenvolvimento proximal.
3) Essas abordagens podem ajudar a superar dicotomias entre social e individual e enfatizar as interações dinâmicas em comunidades.
1) O método de Max Weber para estudar a ciência social é o método compreensivo, que busca entender o sentido que os autores atribuem às suas ações.
2) Weber define a sociologia como o estudo dos fenômenos culturais específicos de uma sociedade.
3) A oração não constitui uma ação social na perspectiva de Weber, pois não está orientada para a conduta de outros indivíduos.
02 magda e viritiana-os paradigmas da análise politicaSérgio Braga
O documento discute três paradigmas da análise política - elitismo, pluralismo e marxismo - e como eles explicam a relação entre democracia e economia. O elitismo argumenta que o poder é concentrado nas elites. O pluralismo defende que o poder emana da capacidade de convencimento de grupos. O marxismo vê o poder como determinado pelas relações econômicas de classe.
Fichamento analítico do livro cultura e democrácia de Marilena ChauíMarcus Leal
Este documento resume um trabalho sobre o livro "Cultura e Democracia" de Marilena Chauí. Ele discute como Chauí traça a evolução do conceito de cultura ao longo da história e como diferentes grupos usaram a cultura para hierarquizar sociedades. Também analisa como o Estado, mercado e classes dominantes usaram a cultura para fins antidemocráticos no Brasil.
O documento discute as ideias de Max Weber sobre sociologia. Weber defendia que a ciência social não poderia reduzir a realidade a leis devido aos valores e fatores contextuais do pesquisador. Ele propôs o uso do "tipo ideal" como modelo de interpretação para analisar as sociedades e ações humanas. Weber também construiu quatro tipos ideais de ação social.
Max Weber foi um sociólogo alemão influente do século XX. Sua biografia inclui estudos em várias áreas e trabalho como professor universitário. Ele desenvolveu uma abordagem interpretativa para compreender a ação social e tipos ideais para analisar a sociedade. Sua obra analisou como a ética protestante influenciou o surgimento do capitalismo moderno e como a racionalização mudou o mundo.
O documento discute os principais teóricos da sociologia: Augusto Comte, Karl Marx, Max Weber e Émile Durkheim. Augusto Comte introduziu o positivismo, a abordagem de estudar apenas fatos observáveis. Marx desenvolveu a teoria do materialismo histórico e da luta de classes. Weber analisou as ações sociais e seus motivos. Durkheim defendia o estudo objetivo e quantitativo dos fatos sociais.
[1] O documento discute as perspectivas sociológicas clássicas de Durkheim, Marx e Weber. [2] Durkheim via a sociedade como maior que a soma de seus indivíduos e focou no papel da "consciência coletiva" na integração social. [3] Marx argumentou que as relações econômicas de produção determinam a estrutura social e que a luta de classes é inerente ao capitalismo levando a conflitos e mudanças sociais.
O documento discute o conceito de sociologia desde sua origem com Auguste Comte. A sociologia nasceu com o objetivo de estudar a sociedade de forma objetiva e empírica, como as ciências naturais. No entanto, desde o início o positivismo sociológico apresentava limitações como a renúncia à possibilidade de transformação social e a separação entre teoria e prática. Ao longo do tempo, surgiram críticas a essa abordagem como a perda da função crítica e a busca por purismo metodológico em detrimento
1) O documento discute as formas sociais de consciência segundo o pensamento de Antonio Gramsci, incluindo senso comum, bom senso, folclore, religião, ideologia e filosofia.
2) Gramsci acreditava que essas formas constituem a "filosofia de uma época" e explicam como a ideologia se torna o terreno para os conflitos sociais.
3) A linguagem é vista como uma forma de consciência que reflete diferenças culturais e carrega concepções de mundo do passado e presente.
O artigo discute três perspectivas a partir das quais a filosofia contemporânea aborda o tema da mística: 1) A filosofia analítica da linguagem de Tugendhat, que vê na mística uma forma de relativizar o ego; 2) A fenomenologia de Sartre, que analisa diferentes caminhos ascéticos que levam ao aniquilamento da singularidade; 3) A semiótica de Barthes, que contrasta uma perspectiva mística negativa com uma positiva baseada no uso de linguagem e imagens.
Max Weber nasceu na Prússia em 1864 e se tornou um importante sociólogo, economista e filósofo. Sua epistemologia defendia que o conhecimento está ligado aos valores do pesquisador, mas ainda assim é possível alcançar um conhecimento objetivo. Sua sociologia enfatizava a análise da ação social individual e como ela configura a sociedade, rejeitando estruturas sociais pré-determinadas.
Este documento discute a concepção de Estado e sociedade civil em Hegel. Segundo Hegel, a sociedade civil surge da dinâmica das necessidades individuais e da propriedade privada, enquanto o Estado representa o interesse geral da coletividade. Hegel também distingue três classes sociais - agricultores, burocratas e industriais - que contribuem de forma complementar para a sociedade. Finalmente, o documento explica que o Estado moderno, para Hegel, é a realização da razão e da liberdade.
O documento descreve a vida e obra de Maquiavel, considerado o fundador da política moderna. Após exercer cargos públicos em Florença, Maquiavel foi deposto e torturado durante o exílio. Neste período, escreveu "O Príncipe", que separou política e ética e definiu o poder como um fim em si mesmo, influenciando o pensamento político moderno.
1) O documento discute conceitos importantes de filosofia e sociologia para o ENEM, incluindo movimentos sociais, ação social, estado de natureza e contrato social.
2) Apresenta pensadores como Sócrates, Platão, Aristóteles, Hobbes, Locke, Rousseau e conceitos de Marx.
3) Discutem temas como ética, política, estado e igreja.
Max weber textos selecionados (os economistas)cosmonina
Este documento apresenta Max Weber, um dos fundadores da sociologia como disciplina científica. Ele defendeu que as ciências sociais requerem um método compreensivo diferente das ciências naturais, focado em entender os sentidos e significados subjacentes às ações humanas. Weber propôs o uso de "tipos ideais" para generalizar conceitos de forma a preservar as características individuais dos fenômenos sociais.
O documento discute a relação entre a autogovernabilidade consciencial e a política. Apresenta exemplos de políticos que não atingiram um nível satisfatório de autogovernabilidade, como Churchill, Vargas, JK e Lula, que tiveram problemas com álcool e tabaco. Também mostra como acidentes em série podem evidenciar fissuras cosmoéticas na liderança política.
Sociedade alemã a contribuição de max weberViviane Guerra
O documento descreve a contribuição do sociólogo alemão Max Weber para o desenvolvimento da sociologia, especialmente sua análise da ação social e do tipo ideal. O texto fornece detalhes sobre a vida e obra de Weber, incluindo sua principal obra "A Ética Protestante e o Espírito do Capitalismo".
Paradigmas sociológicos e análise organizacional, segundo burrel e morganNicemara Cardoso
O documento descreve os paradigmas sociológicos e análises organizacionais segundo Burrell e Morgan, incluindo debates ontológicos, epistemológicos e metodológicos. Ele também discute quatro paradigmas principais - funcionalista, humanista radical, estruturalista radical e interpretativo - e suas abordagens à teoria organizacional.
O documento discute as origens da sociologia jurídica e sua relação com a sociologia. Aponta que autores fundamentais como Montesquieu, Tocqueville, Marx, Durkheim e Weber contribuíram para o desenvolvimento inicial da sociologia jurídica, mas que o interesse na área diminuiu depois, permanecendo apenas como criminologia.
1) A Psicologia Social na América Latina passou por uma "crise teórica e metodológica" na década de 1970, levando a uma revisão crítica dos conceitos e métodos.
2) Isso resultou no desenvolvimento de novas abordagens como a Psicologia Comunitária e o estudo do "Processo Grupal", focando em questões sociais e de poder.
3) Experiências nessas novas abordagens ajudaram a avançar tanto a teoria quanto a prática da Psicologia Social na região.
1) O artigo discute como a perspectiva histórico-cultural de Vigotski pode contribuir para a práxis do psicólogo comunitário.
2) A perspectiva de Vigotski enfatiza a natureza social e mediada dos processos psicológicos, o método de investigação genético e a zona de desenvolvimento proximal.
3) Essas abordagens podem ajudar a superar dicotomias entre social e individual e enfatizar as interações dinâmicas em comunidades.
1) O método de Max Weber para estudar a ciência social é o método compreensivo, que busca entender o sentido que os autores atribuem às suas ações.
2) Weber define a sociologia como o estudo dos fenômenos culturais específicos de uma sociedade.
3) A oração não constitui uma ação social na perspectiva de Weber, pois não está orientada para a conduta de outros indivíduos.
02 magda e viritiana-os paradigmas da análise politicaSérgio Braga
O documento discute três paradigmas da análise política - elitismo, pluralismo e marxismo - e como eles explicam a relação entre democracia e economia. O elitismo argumenta que o poder é concentrado nas elites. O pluralismo defende que o poder emana da capacidade de convencimento de grupos. O marxismo vê o poder como determinado pelas relações econômicas de classe.
Fichamento analítico do livro cultura e democrácia de Marilena ChauíMarcus Leal
Este documento resume um trabalho sobre o livro "Cultura e Democracia" de Marilena Chauí. Ele discute como Chauí traça a evolução do conceito de cultura ao longo da história e como diferentes grupos usaram a cultura para hierarquizar sociedades. Também analisa como o Estado, mercado e classes dominantes usaram a cultura para fins antidemocráticos no Brasil.
O documento discute as ideias de Max Weber sobre sociologia. Weber defendia que a ciência social não poderia reduzir a realidade a leis devido aos valores e fatores contextuais do pesquisador. Ele propôs o uso do "tipo ideal" como modelo de interpretação para analisar as sociedades e ações humanas. Weber também construiu quatro tipos ideais de ação social.
Max Weber foi um sociólogo alemão influente do século XX. Sua biografia inclui estudos em várias áreas e trabalho como professor universitário. Ele desenvolveu uma abordagem interpretativa para compreender a ação social e tipos ideais para analisar a sociedade. Sua obra analisou como a ética protestante influenciou o surgimento do capitalismo moderno e como a racionalização mudou o mundo.
O documento discute os principais teóricos da sociologia: Augusto Comte, Karl Marx, Max Weber e Émile Durkheim. Augusto Comte introduziu o positivismo, a abordagem de estudar apenas fatos observáveis. Marx desenvolveu a teoria do materialismo histórico e da luta de classes. Weber analisou as ações sociais e seus motivos. Durkheim defendia o estudo objetivo e quantitativo dos fatos sociais.
[1] O documento discute as perspectivas sociológicas clássicas de Durkheim, Marx e Weber. [2] Durkheim via a sociedade como maior que a soma de seus indivíduos e focou no papel da "consciência coletiva" na integração social. [3] Marx argumentou que as relações econômicas de produção determinam a estrutura social e que a luta de classes é inerente ao capitalismo levando a conflitos e mudanças sociais.
O documento discute o conceito de sociologia desde sua origem com Auguste Comte. A sociologia nasceu com o objetivo de estudar a sociedade de forma objetiva e empírica, como as ciências naturais. No entanto, desde o início o positivismo sociológico apresentava limitações como a renúncia à possibilidade de transformação social e a separação entre teoria e prática. Ao longo do tempo, surgiram críticas a essa abordagem como a perda da função crítica e a busca por purismo metodológico em detrimento
O documento apresenta os principais conceitos da sociologia como ciência, tais como: seu objeto de estudo são os problemas sociais e sua abordagem é científica e objetiva para explicar racionalmente os fenômenos sociais; discute os principais pensadores da sociologia clássica como Comte, Spencer e Durkheim, destacando a visão de Comte de que a sociologia é a "física social" e sua lei dos três estados; e aborda as transformações sociais do século XVIII, como a Revolução Industrial e Revolução Francesa, que
O documento descreve a sociologia de Max Weber, seu contexto histórico e intelectual na Alemanha do século XIX, e suas principais ideias e conceitos, como a ação social, os tipos ideais e a relação entre ética protestante e espírito do capitalismo.
1) Max Weber desenvolveu a sociologia alemã em um contexto de industrialização e expansão do capitalismo na Europa.
2) Weber analisou como fatores históricos, culturais e religiosos influenciaram o desenvolvimento do capitalismo, especialmente no Protestantismo.
3) Para Weber, as ações sociais individuais devem ser compreendidas a partir dos motivos e sentidos subjetivos dos agentes.
Este documento discute os conceitos fundamentais da sociologia weberiana, incluindo a distinção entre compreensão e explicação; a busca da objetividade e do conhecimento na sociologia; e os conceitos de ação social, tipo ideal, dominação e racionalização. O documento também examina a influência da ética protestante no desenvolvimento do capitalismo, de acordo com a análise de Weber.
1) O documento discute conceitos importantes de filosofia e sociologia para o ENEM, incluindo movimentos sociais, ação social, filósofos clássicos e teorias sociológicas.
2) Apresenta conceitos de Weber, Hobbes, Locke, Rousseau, Marx e Durkheim sobre ação social, estado de natureza, contrato social e solidariedade.
3) Discutem-se filósofos como Sócrates, Platão, Aristóteles, São Tomás de Aquino e teorias como o materialismo históric
Este artigo compara duas teorias da democracia deliberativa: a teoria da ação comunicativa de Jürgen Habermas e a teoria da escolha racional de Jon Elster. Discute como cada teoria define e enquadra os processos de deliberação e como avançam em relação ao modelo de democracia representativa. Conclui indicando questões relevantes para a psicologia social crítica.
1) O documento discute a sociologia de Max Weber e como ela se diferencia da sociologia positivista.
2) Weber enfatiza a importância da ação social e do sentido subjetivo dado pelos indivíduos às suas ações.
3) Ele usa o método do "tipo ideal" para analisar conceitos como capitalismo de forma interpretativa.
O documento discute o método marxista, enfatizando que (1) Marx parte da realidade empírica para identificar as determinações subjacentes por meio de abstrações sucessivas, (2) a ontologia está acima da epistemologia em Marx, com foco no conhecimento do ser social, (3) o método dialético de totalidade é essencial para compreender as partes em sua articulação no todo.
Fundamentos a compreensao da economia-paulo ricardo casa novaThais Cristo
1. O documento discute os fundamentos da economia como ciência social, abordando conceitos como senso comum, construção do conhecimento científico e ideologia.
2. Define economia como a administração de recursos escassos entre usos alternativos visando fins competitivos.
3. Explica que a economia estuda como indivíduos e sociedade tomam decisões sobre trabalho, consumo, poupança e investimento.
Resenha sobre capitalismo_socialismo_e_democracia_de_schumpeterJuscislayne Bianca
resenha que fala sobre capitalismo e democracia na america latina na concepção de um consagrado autor. Este arquivo é uma forma de divulgar esse importante trabalho cientifico.
O objeto da sociologia e a objetividade doDavi Islabao
O documento discute diferentes abordagens sociológicas sobre o objeto e a objetividade da sociologia. A visão funcionalista de Durkheim define o objeto como o fato social, enquanto Weber propõe a ação social. Marx critica a noção de ciência objetiva e defende que as condições materiais determinam as relações sociais.
Este documento fornece informações sobre educação de jovens e adultos, abordando tópicos como: 1) o material é organizado para aqueles que desejam completar os estudos rapidamente e de maneira eficiente; 2) o material foi elaborado por profissionais qualificados e respeita metodologias de aprendizagem modernas; 3) acredita-se que entendimento e reflexão sobre princípios como transparência e respeito permitirão alcançar padrões morais e éticos mais elevados.
O documento discute os principais conceitos da sociologia clássica de três pensadores: Marx, Durkheim e Weber. Apresenta brevemente suas biografias e áreas de estudo, como classes sociais, fato social e ação social. Também resume os principais conceitos de Durkheim como fato social, consciência coletiva e solidariedade mecânica e orgânica.
1. O documento discute as abordagens teórico-metodológicas dialéticas de Hegel e Marx, explicando suas concepções de dialética ontológica e metodológica.
2. Na dialética de Hegel, a realidade é compreendida como uma constante transformação através da contradição, enquanto o método dialético segue a lógica de tese-antítese-síntese.
3. Já a dialética materialista de Marx tem como ponto de partida a vida material e histórica,
[1] O documento discute a evolução da Sociologia como ciência, desde seus fundadores como Comte e Durkheim até teóricos contemporâneos como Wallerstein. [2] Apresenta as principais abordagens teóricas da Sociologia, como o funcionalismo de Comte e Durkheim, a compreensão de Weber e o materialismo dialético de Marx. [3] Destaca a teoria do sistema-mundo de Wallerstein, que propõe analisar a sociedade globalmente ao invés de apenas os Estados-nação.
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Introducao ao metodo_da_economia_politica
1. O TODO E AS PARTES:
Uma Introdução ao Método
da Economia Política
Gentil Corazza Professor Adjunto do Depto. de Economia da UFRGS
RESUMO ABSTRACT
O método da economia política se define The method of political economy is defined
pela natureza da realidade a ser investigada, by a social reality in which the historical and
a realidade social, que não é um aglomerado social process are contradictories and
de partes isoladas, mas forma a totalidade dialeticals. The main questions of the
histórico-social, contraditória e dialética. As method of political economy are the
questões centrais do método da economia relations between abstract and material,
política são o problema das relações entre o induction and deduction, logical and
abstrato e o concreto, a indução e a historical, individual and the social relations
dedução, o lógico e o histórico, o indivíduo and the problem of relations between the
e as relações sociais e o problema das general capital and the specific capitals.
relações entre o capital em geral e os This article emphasizes a necessity of going
capitais individuais. Este artigo acentua a beyond the abstract knowledge of the parts
necessidade de se superar tanto o mero and the knowledge that is characterized by
conhecimento abstrato das partes como o deduction of a reality from the abstract
conhecimento apenas dedutivo da realidade, general laws. Besides, it aims at knowing the
a partir das leis gerais abstratas, para se social reality as a whole. To know the reality
atingir o conhecimento abrangente do todo is a process related to three movements: to
concreto. Conhecer a realidade concreta é abstract the parts from the whole; to analyze
um processo que envolve três movimentos: its laws and internal relations; and to
abstrair as partes do todo, analisar suas leis e reproduce conceptually the reality as a
relações internas e, finalmente, reproduzir whole.
conceitualmente o todo concreto.
PALAVRAS-CHAVE KEY WORDS
método, economia política, Marx method, political economy, Marx
EST. ECON. SÃO PAULO, V. 26, N. ESPECIAL, P. 35-50, 1996
2. O TODO E AS PARTES
INTRODUÇÃO
Um método científico é um caminho para se chegar ao conhecimento de
uma determinada realidade. Não um caminho traçado arbitrariamente, mas
de acordo com a concepção que se tem dessa mesma realidade, ou seja, a
definição do método do conhecimento não é independente da definição do
objeto do conhecimento. É por esse motivo que temos muitos objetos e muitos
métodos na ciência econômica.
Qual a realidade-objeto e qual o método da Economia Política de Marx é a
questão principal a ser analisada neste texto. Nosso estudo se orienta pela
idéia de que a realidade é um todo e as determinações recíprocas entre o
todo e as partes constituem a essência do seu método dialético. Para tal,
partimos das colocações feitas por Marx em O Método da Economia Política.
Neste curto e tão pouco compreendido texto buscamos inspiração para
entender questões metodológicas fundamentais, tais como o problema das
relações entre o abstrato e o concreto, a indução e a dedução, o lógico e o
histórico, indivíduo e a sociedade e, finalmente, o problema das relações
entre o plano das leis gerais abstratas do capital e o comportamento dos
capitais concretos.
A compreensão desses problemas passa pela concepção da realidade da
Economia Política como um todo social e histórico, complexo e contraditório,
cujo conhecimento se processa, primeiro, por meio da abstração de suas partes
e análise de suas articulações e leis internas e, depois, pela reconstrução desse
todo concreto pelo pensamento. Nesse processo mental, o problema básico
consiste em se ir além do mero conhecimento abstrato das partes, superando-
se também um conhecer apenas dedutivo a partir das leis gerais abstratas,
para se atingir um conhecimento abrangente e real do todo concreto.
1. O OBJETO DA ECONOMIA POLÍTICA: O TODO
PRESSUPOSTO
Na visão de Marx, o mundo real, antes de ser conhecido teoricamente pelo
pensamento, existe apenas como pressuposição, uma vez que só se torna
realidade efetiva como realidade de pensamentos. Por esse motivo, a pergunta
inicial que vai definir o método da Economia Política não é “como conhecer
a realidade?” e, sim, “o que é” ou “como é” a realidade?
36 Est. econ., São Paulo, 26(especial):35-50, 1996
3. Gentil Corazza
Se a realidade é imaginada apenas como realidade natural ou realidade
prático-sensível, o empirismo ou o método das ciências naturais pode ser o
mais adequado para conhecê-la; se a realidade é pressuposta apenas como
um conjunto de fatos, de indivíduos ou de coisas isoladas, a simples análise e
a abstração podem ser o método suficiente. Mas se a realidade, como no caso
da Economia Política, é concebida e pressuposta como um todo complexo, o
método dialético se afigura ser o mais adequado. No campo da economia, as
respostas a estas perguntas definiram os objetos e métodos das diferentes
correntes teóricas.
O objetivo de Marx era mais abrangente que o dos economistas clássicos,
uma vez que se propunha investigar a economia e a sociedade dominadas
pelas leis do capital. Visando conhecer o mundo do seu tempo, iniciou pelo
estudo do Direito e da Filosofia, -“minha especialidade era a jurisprudência” -
mas, após muito investigar, descobriu que a Economia Política era a chave
para o conhecimento da sociedade moderna e, por isso, se propôs a desvendar
a sua lei econômica.
Por que, para Marx, conhecer a sociedade moderna significa conhecer a lei
econômica de seu desenvolvimento histórico?
“Minha investigação desembocou no seguinte resultado:
relações jurídicas, tais como formas de Estado, não podem ser
compreendidas, nem a partir de si mesmas, nem a partir do
assim chamado desenvolvimento geral do espírito humano,
mas, pelo contrário, elas se enraízam nas relações materiais
da vida... (...)... a anatomia da sociedade burguesa deve ser
procurada na Economia Política.”(MARX, 1978, p. 129)
Trata-se, portanto, de descobrir a lei econômica dos fenômenos e, mais, a lei
de sua modificação, de seu desenvolvimento, ou seja, a transição de uma
forma de relações econômicas para outra, pois o desenvolvimento da
sociedade é visto como um processo histórico, dirigido por leis que se
sobrepõem e determinam a vontade, consciência e intenção dos homens. No
entanto, as leis da vida econômica não são leis abstratas, válidas para sempre,
pois cada período histórico possui suas leis próprias, de modo que os
organismos sociais se distinguem entre si tão profundamente como organismos
animais e vegetais.
Est. econ., São Paulo, 26(especial):35-50, 1996 37
4. O TODO E AS PARTES
O resultado a que Marx chega com sua investigação e que serve de fio
condutor de seus estudos é de que as leis do capital são as leis básicas de
organização e desenvolvimento da sociedade moderna: “O capital é a potência
econômica da sociedade burguesa, que domina tudo. Deve constituir o ponto inicial
e o ponto final a ser desenvolvido ...”(MARX, 1978, p. 126) O modo de produção
capitalista, o conjunto das relações sociais, as leis do capital, atuando como
processo-movimento como um todo, que confere sentido às partes, aos
indivíduos e aos capitais particulares, é que constituem o objeto complexo
da Economia Política.
A pergunta que se coloca, agora, é como conhecer, qual o caminho ou qual o
método para se chegar ao conhecimento desse todo complexo, o objeto da
Economia Política? Ou melhor, qual o modo de proceder do pensamento
para se apropriar teoricamente dessa realidade?
2. O MÉTODO DA ECONOMIA POLÍTICA: O
CAMINHO DE VOLTA
“... o método que consiste em elevar-se do abstrato ao con-
creto não é senão a maneira de proceder do pensamento
para se apropriar do concreto, para reproduzi-lo como con-
creto pensado. “(MARX, 1978, p. 117)
A abstração é o caminho e o instrumento pelos quais o pensamento se apropria
da realidade, pois “na análise das formas econômicas, não podem servir nem o
microscópio, nem reagentes químicos. A faculdade de abstrair deve substituir a
ambos.”(MARX, 1983, p. 12)
No entanto, diferentemente de Smith, Ricardo e Robins, para Marx o
conhecimento abstrato é insuficiente para revelar a verdadeira natureza do
objeto da Economia Política, dado que é apenas conhecimento das partes,
dos fenômenos isolados, conhecimento da aparência da realidade e não da
sua essência e de seu todo; a abstração é apenas um meio, não o fim do
conhecimento. O conhecimento concreto da realidade só é possível se as
partes, abstraídas do todo pelo pensamento, forem rearticuladas ao todo con-
creto.
38 Est. econ., São Paulo, 26(especial):35-50, 1996
5. Gentil Corazza
Embora Marx afirme que o método científico correto é o que parte do abstrato
para chegar ao concreto, isto não quer dizer que o verdadeiro ponto de partida
não seja a realidade sensível, pois está se referindo ao momento da exposição,
que foi precedido por todo um trabalho de investigação, momento em que
são feitas as abstrações. O conhecimento teórico, que não é apenas o
conhecimento abstrato, se realiza percorrendo o caminho de volta, do abstrato
ao concreto.
Fazendo a crítica da Economia Política Clássica, Marx distingue dois métodos:
o primeiro, que parte do todo concreto e chega ao conhecimento abstrato de
suas partes; e o segundo, que parte das abstrações feitas pelo pensamento, e
retorna ao todo concreto, agora reconstruído pelo pensamento.
O primeiro foi o caminho trilhado pelos economistas clássicos, que ficaram
apenas no conhecimento abstrato da realidade, pois começaram pelo todo
vivo, a população, e descobriram certo número de elementos gerais abstratos,
como o trabalho, a divisão do trabalho, o valor e o dinheiro, a partir dos
quais construíram dedutivamente seu sistema econômico.
“No primeiro método, a representação plena volatiliza-se em
determinações abstratas; no segundo, as determinações
abstratas conduzem à reprodução do concreto por meio do
pensamento.”(MARX, 1978, p. 116)
O segundo método, o caminho de volta, que vai do abstrato, o simples, o
particular, à reconstrução do todo, é o que Marx chama de “método
cientificamente exato”, pois:
“Chegados a este ponto, teríamos que voltar a fazer a viagem
de modo inverso, até dar de novo com a população, mas desta
vez não com uma representação caótica de um todo, porém
com uma rica totalidade de determinações e relações
diversas.”(MARX, 1978, p. 116)
Como a sociedade capitalista se define, em sua essência, como uma relação
de troca entre trabalho assalariado e capital, Marx inicia pelo estudo da
mercadoria, objeto principal do fenômeno da troca; pela abstração, isola o
elemento mais simples, a célula da economia capitalista, procurando dela
extrair a lei, ao mesmo tempo lógica e histórica, de movimento da sociedade
Est. econ., São Paulo, 26(especial):35-50, 1996 39
6. O TODO E AS PARTES
moderna; por isso, o estudo da mercadoria se processa num elevado nível de
abstração. O seu objetivo, porém, não é obter apenas um conhecimento
abstrato e lógico da mercadoria, mas sim, por meio do estudo do seu
desenvolvimento, reconstruir lógica e historicamente o todo vivo e concreto
que é o modo de produção capitalista.
Estas atividades de abstrair as partes, e de reconstruir o todo concreto,
constituem um único processo teórico do conhecimento: ir do concreto real
ao abstrato, e deste ao concreto concebido pelo pensamento, forma um único
processo, cujos momentos se implicam mutuamente, cada um dos quais se
realiza por meio do outro. O momento da abstração aparece como momento
que se apaga e se realiza no momento seguinte, o momento dominante, que
vai do abstrato ao concreto. Por isso, ir do abstrato ao concreto, como diz
Marx, sem ir, ao mesmo tempo, do concreto ao abstrato, fazendo a crítica das
abstrações, levaria a um conjunto vazio de abstrações; mas, por outro lado, ir
do concreto ao abstrato, ao azar, sem hipótese, também não leva a uma teoria,
mas apenas a um conjunto de abstrações desordenadas; por esse motivo, as
abstrações devem ser feitas a partir de um princípio unificador, uma
pressuposição da existência e uma determinada concepção do todo; cada
passo da análise e da abstração deve ter em conta, desde o começo, esse
todo, que ultrapassa a intuição e a representação; análise (abstração) e síntese
(concreção) formam um único método do conhecimento.
3. A INDUÇÃO E A DEDUÇÃO
Esta visão unitária e dialética do processo do conhecimento permite superar
a clássica oposição entre conhecimento indutivo e conhecimento dedutivo,
uma vez que indução e dedução não constituem métodos independentes,
mas apenas momentos do mesmo processo do conhecimento teórico da
realidade.
De um lado, não é possível um conhecimento indutivo puro, pois a indução
não se resume a uma mera análise de dados empíricos; não se pode ir do
particular ao geral, sem que se tenha de antemão uma idéia “geral” do par-
ticular; é impossível fazer tábula rasa da mente ou se ter uma consciência
vazia para analisar os fatos empíricos; não se pode captar fatos sem uma
determinada concepção dos mesmos, ou seja, os fatos não são fotografados
pela mente, mas se expressam em conceitos, os quais resultam de processos
40 Est. econ., São Paulo, 26(especial):35-50, 1996
7. Gentil Corazza
de elaboração mental bem mais complexos que uma imagem fotográfica. Por
isso, a intuição do fato sem seu significado e a indução sem idéia são pura
ficção.
De outro lado, assim como não há fatos puros, também não há pensamentos
puros. A dedução não é mera análise de conceitos, de suas determinações
internas, não é simples exposição de conhecimentos já adquiridos, mas implica
criação de novos conhecimentos. A dedução envolve também um momento
empírico ou um momento indutivo. Não se pode ir do geral ao particular,
sem antes ter ido do particular ao geral. As novas determinações obtidas pela
dedução resultam não apenas da análise de conceitos, mas também de uma
análise mais rigorosa dos fatos empíricos.
Por isso, indução e dedução fazem parte do mesmo processo do conhecimento;
uma se realiza dialeticamente por meio da outra, enquanto seu momento
abolido. A indução e a dedução, do mesmo modo que a análise e a síntese, o
abstrato e o concreto, são momentos contrários internos e inseparáveis do
mesmo processo do conhecimento. O método que vai do abstrato ao con-
creto não é um procedimento puramente lógico, que vai de uma análise pura
a uma síntese pura, mas é um movimento permanente nos dois sentidos,
como ressalta Ilienkov:
“Esta forma mais elevada, que une organicamente em si mesma
a análise dos fatos com a análise dos conceitos, é precisamente
a forma que passa do abstrato ao concreto de que fala Marx.
É a única forma lógica de desenvolvimento do conhecimento
que corresponde à natureza real do objeto.”(ILIENKOV,
1978, p. 49)
4. O LÓGICO E O HISTÓRICO
“O histórico é a vida mesma. O lógico é a essência da vida,
desentranhada pela investigação teórica.”(ROSENTAL,
1978, p. 168)
O método do conhecimento que vai do abstrato ao concreto permite entender
a questão da relação entre o conhecimento lógico e o processo histórico real.
Trata-se aqui de saber em que medida o processo do conhecimento, que vai
Est. econ., São Paulo, 26(especial):35-50, 1996 41
8. O TODO E AS PARTES
do mais simples, do abstrato, ao mais complexo e concreto, corresponde ao
processo histórico real, ou ainda se a ordenação lógica das categorias
econômicas corresponde à mesma ordem do seu surgimento histórico.
A esse respeito, Marx (1978, p. 118) afirma que “o curso do pensamento
abstrato, que se eleva do mais simples ao mais complexo, corresponde ao processo
histórico efetivo.”
O que significa isto?
Por um lado, é verdade que as categorias mais simples expressam também
relações econômicas mais simples, cuja existência é também historicamente
anterior às relações econômicas mais complexas, expressas por categorias
mais complexas. Por outro, um fenômeno só pode ser plenamente
compreendido a partir de sua forma mais desenvolvida. “Anatomia do homem
é a chave da anatomia do macaco”, ou seja, é só a partir das formas mais
desenvolvidas que se pode compreender as menos desenvolvidas. Ora, isto
implica que a ordenação lógica das categorias, isto é, seu grau de importância,
sua hierarquia e subordinação, não necessariamente devam obedecer à ordem
de seu aparecimento histórico. O lógico é a disposição das categorias, não
segundo sua história, mas segundo a lógica de seu desenvolvimento.
Se a economia capitalista não é uma economia natural, mas uma economia
que expressa a natureza e as leis do capital, é a partir do capital que podem
ser entendidos os fatos históricos e as categorias que os expressam, mesmo
que tenham surgido historicamente antes dele. Se a produção da mais-valia
é a lei econômica fundamental do capitalismo, é a partir dela que todos os
eventos históricos ganham significação. É isto que afirma Marx:
“Nada parece mais natural, por exemplo, do que começar pela
renda da terra, pela propriedade fundiária, dado que está ligada
à terra, fonte de toda produção e de todo modo de ser, e por
ela ligada à primeira forma de produção de qualquer sociedade
que atingiu um certo grau de estabilidade - à agricultura. Ora,
nada seria mais errôneo.”(MARX, 1978, p. 121)
E conclui:
“Seria, pois, impraticável e errôneo colocar as categorias
econômicas na ordem segundo a qual tiveram historicamente
uma ação determinante. A ordem, em que se sucedem, se acha
42 Est. econ., São Paulo, 26(especial):35-50, 1996
9. Gentil Corazza
determinada, ao contrário, pelo relacionamento que têm umas
com as outras na sociedade burguesa moderna, e que é
precisamente o inverso do que parece ser uma relação natu-
ral, ou do que corresponde à série do desenvolvimento histórico.
(...) Trata-se da sua hierarquia no interior da moderna
sociedade burguesa.”(MARX, 1978, p. 122)
Da mesma forma que a renda da terra, o dinheiro surge historicamente antes
do capital e no desenvolvimento de suas determinações se transforma em
capital, mas logicamente só se explica a partir do capital, do qual passa a ser
apenas uma de suas formas. O capital comercial também surgiu antes do
capital industrial, mas é só a partir deste último que se explica seu movimento,
pois o ganho comercial seria incompreensível sem o conceito de mais-valia,
associado ao processo produtivo e ao capital industrial. Isto também é verdade
com relação à acumulação primitiva, base e fundamento da acumulação
capitalista. Pareceria lógico começar pela acumulação primitiva, mas ela só
ganha significação a partir da lógica da acumulação capitalista. É o capital
plenamente constituído que ilumina o mistério de sua gênese.
O Capital reproduz , seguindo uma ordem lógica das categorias, as grandes
linhas do desenvolvimento histórico do capitalismo. Isto quer dizer que, já
no seu Volume I, Marx não está simplesmente expondo o desenvolvimento
histórico de uma economia mercantil simples, mas, ao analisar a mercadoria,
ponto de partida lógico e histórico, analisa a gênese lógica e ao mesmo tempo
histórica do modo de produção capitalista. Desde seu primeiro parágrafo, ele
está reconstruindo o processo histórico, a partir da lógica do desenvolvimento
do capital.
Portanto, retomando a questão inicial deste item, o processo lógico do
conhecimento não segue, nem reproduz, necessariamente, em todos os seus
detalhes, o processo histórico real. Ele segue a lógica do desenvolvimento
histórico, corrige e reconstrói o curso da história de acordo com a lei e a
lógica interna dos fenômenos, o que implica que nem sempre se segue
estritamente a linha do desenvolvimento histórico real. Neste sentido, como
afirma Rosental:
“Não se trata de desnaturalizar o curso da história, mas de
conferir-lhe uma compreensão maior, mais profunda, não para
separar o lógico do histórico, mas para revelar melhor sua
unidade.”(ROSENTAL, 1978, p. 169)
Est. econ., São Paulo, 26(especial):35-50, 1996 43
10. O TODO E AS PARTES
5. OS INDIVÍDUOS E AS RELAÇÕES SOCIAIS
O pensamento “pós-moderno” faz uma forte crítica às análises totalizantes e
se propõe a libertar o indivíduo da trama de suas relações sociais, resgatando
seu papel como agente histórico. Até que ponto isto representa mudanças
substanciais na organização social? Pergunta-se, o que é o indivíduo na
sociedade moderna e qual o seu papel na história? Qual o pensamento de
Marx sobre esta questão?
A análise da relação entre o todo e as partes permite compreender a natureza
do indivíduo e o seu papel na história. Antes de tudo, sobre a pretensão de
libertar o indivíduo, Marx (1986, p. 65) diz que “a libertação é um ato histórico
e não um ato do pensamento.” No capitalismo, os homens não são os verdadeiros
sujeitos, mas apenas suportes de suas relações sociais. O homem não é homem
porque portador de uma “essência humana abstrata” e, sim, o conjunto das
suas relações sociais. É inegável que, para Marx, a história é dirigida “por leis
que não apenas são independentes da vontade, consciência e intenção dos homens,
mas, pelo contrário, muito mais lhes determina a vontade, a consciência e as
intenções.”(MARX, 1983, p. 19)
Seu pensamento poderia ser resumido da seguinte forma: existe um caráter
determinante das relações sociais sobre o ser, a consciência e a vontade dos
indivíduos; a natureza dessas relações se impõe como “necessidade férrea”,
de tal forma que os indivíduos isolados, dotados de interesses, vontade e
consciência não passam de pura abstração. Historicamente também, diz Marx,
o indivíduo era apenas “um acessório de um conglomerado humano limitado e
determinado.” Quanto mais se recua na história, mais aparece o indivíduo
como dependente da sociedade. Nesse sentido, o caçador e o pescador, como
indivíduos isolados e independentes de seus laços sociais, de que partem
Smith e Ricardo, são pura ficção do século XVIII. Eles imaginaram o indivíduo
isolado como um ideal, que sempre teria existido no passado, como um
indivíduo natural e não como um indivíduo social e histórico, um indivíduo
produzido pela natureza e não pelas relações sociais; para esse indivíduo natu-
ral e isolado o conjunto social era visto como um meio de realizar seus fins
privados e não uma estrutura que realiza suas leis por meio dos indivíduos.
Nesta perspectiva histórica, o indivíduo isolado e independente, dotado de
interesses, consciência e vontade próprias, constitui apenas a aparência, e
não a verdadeira realidade pois “a época que produz o indivíduo isolado é
precisamente aquela na qual as relações sociais alcançaram o mais alto grau de
desenvolvimento.“(MARX, 1978, p. 104)
44 Est. econ., São Paulo, 26(especial):35-50, 1996
11. Gentil Corazza
Para Marx, o ponto de partida não são simplesmente os indivíduos isolados,
mas “os indivíduos produzindo em sociedade”, ou “a produção dos indivíduos
determinada socialmente.” Tomando um exemplo da vida prática, vemos que
os homens não produzem num mundo abstrato e vazio; eles fazem o pano, a
tela, a seda, no marco de relações sociais determinadas; mas estas relações
sociais determinadas, as quais não são relações naturais e eternas, mas
produzidas pelos homens, da mesma maneira que o pano, a tela e a seda.
Acontece, porém, que “no interior da divisão social do trabalho, as relações
sociais adquirem uma existência autônoma.”(MARX, 1986, p. 119) E, portanto,
“a própria ação do homem converte-se num poder estranho e a ele oposto, que o
subjuga ao invés de ser por ele dominado.”(MARX, 1986, p. 47)
O que se pode concluir dessas afirmações?
Uma primeira conclusão seria no sentido de que o todo das relações sociais
anula completamente as ações e o poder de iniciativa de suas partes, os
indivíduos - “as leis naturais da produção capitalista atuam e se impõem como
necessidade férrea.” No entanto, isto não retrata toda verdade, dado que as
relações sociais tanto produzem o ser social dos indivíduos como são por eles
produzidas. Existe uma ação recíproca e autocondicionante entre ambos, pois
“as circunstâncias fazem os homens da mesma forma que os homens fazem as
circunstâncias.”(MARX, 1986, p. 56)
A natureza da relação indivíduo-sociedade só pode ser entendida,
dialeticamente, como relação do todo com suas partes, como relação de
fenômeno e essência. Se a realidade, como diz Kosik (1989, p. 12), é a unidade
do diverso, a unidade da aparência (os indivíduos) e a essência (as relações
sociais), o todo (a lei) e suas partes (os fenômenos), nem os indivíduos podem
ser concebidos sem suas relações sociais, nem estas sem os indivíduos; estes
não são apenas suportes, mas também sujeitos de suas relações sociais; existe
aqui uma permanente in(ter)versão entre sujeito e objeto, entre o indivíduo
e suas relações sociais. O indivíduo tanto cria suas relações quanto é por elas
criado.
Marx não nega que “os homens façam sua própria história”; o que ele diz é
que eles “não a fazem como querem”, pois não atuam num mundo
determinístico, nem tampouco num mundo vazio de determinações, mas sim
num estruturado universo de relações sociais.
Est. econ., São Paulo, 26(especial):35-50, 1996 45
12. O TODO E AS PARTES
6. O CAPITAL E OS CAPITAIS
O problema das relações entre o capital e os muitos capitais pode ser mais
facilmente compreendido quando se tem presente a substância comum de
que participam todos: o ser capital. Trata-se, na verdade, de se compreender
a relação entre as leis abstratas do capital e o comportamento real dos capitais
concretos. As colocações anteriores sobre a passagem do abstrato ao con-
creto são importantes para o entendimento desta complexa questão
metodológica.
Tomo, como ponto de partida de minha análise, a polêmica levantada por
Faria (1992), onde acusa a Escola de Campinas (Belluzzo e Mazzucchelli) de
“dividir a construção teórica do marxismo entre duas esferas”: uma mais abstrata,
absoluta e eterna, e outra, concreta e finita. Como conseqüência, diz Faria,
essa visão postula a necessidade de se construir categorias de mediação, para
que se possa aplicar as leis gerais do capital à análise dos fenômenos concretos.
Meu objetivo não é tomar partido nessa controvérsia, mas tão-somente tentar
compreender o problema e contribuir para o seu esclarecimento. Nesse
sentido, começo dizendo que Faria tem o mérito de colocar com precisão a
natureza da questão e de tentar encaminhar corretamente sua solução teórica,
mas, em seguida, devo dizer que não concordo inteiramente com a
interpretação que faz dos autores da Unicamp. A interpretação de Faria é
certamente válida com referência a Possas (1989), pois este autor, embora
não mencionado expressamente na referida crítica, realmente se debate com
o dilema da mediação entre dois níveis teóricos, o das leis gerais de movimento
e o da dinâmica real, dualismo teórico certamente não partilhado por por
Belluzzo (1980) e Mazzucchelli (1985).
Por exemplo, não há citações onde Belluzzo teria expresso o ponto de vista
que lhe é imputado. Ao contrário, a leitura do referido texto sugere uma
visão diferente do problema. Por outro lado, uma leitura mais atenta do texto
de Mazzucchelli desautoriza a crítica que lhe é feita. O que este autor diz é
que “é impossível deduzir diretamente (grifo original) o ‘movimento real do capi-
tal’, a partir das ‘leis baseadas no valor e na mais-valia, e talvez seja este o pecado
mais recorrente da maior parte da literatura econômica marxista.” (MAZU-
CCHELLI, 1985, p. 52). Se, efetivamente, o movimento real do capital não
46 Est. econ., São Paulo, 26(especial):35-50, 1996
13. Gentil Corazza
pode ser deduzido diretamente das leis gerais, afirmação com que certamente
Faria concordaria, pois o método de Marx não é o dedutivo, o que sugere
Mazzucchelli para entender o comportamento dos capitais?
“Em primeiro lugar, fica claro que a análise da concorrência
constitui uma mediação teórica (grifo nosso) imprescindível
ao entendimento das “situações reais” ou ‘do movimento real
do capital’, pois é somente mediante (grifo nosso) a
consideração da concorrência e de suas determinações .... que
se torna possível a compreensão das ‘formas concretas da
produção capitalista’.”(MAZZUCCHELLI, 1985, p. 52)
O que é dito aqui e o que há de equivocado? Se as formas concretas da
produção capitalista não podem ser ser deduzidas a partir das leis gerais,
como podem ser compreendidas? Pela “mediação”, “mediante”, isto é, pelo
intermédio da análise da concorrência e das determinações que, por meio
dela, o capital impõe sobre o comportamento dos capitais particulares. Não
se trata de mediação entre dois planos teóricos, mas simplesmente de entender
a vigência das leis abstratas mediante a análise das situações concretas.
Outras citações, que faz de Marx, em nada sugerem a alegada divisão do seu
sistema teórico em duas esferas. Ao contrário, fica clara sua visão unitária e
dialética do abstrato e do concreto, pois, se por um lado, os fenômenos
concretos não podem ser deduzidos das leis gerais, por outro, também é
verdade que “as leis imanentes do capitalismo não podem ser deduzidas a partir
da concorrência” (MAZZUCCHELLI, 1985, p. 42), pois a concorrência exe-
cuta as leis internas do capital:
“A concorrência não é outra coisa que a natureza interna do
capital, sua determinação essencial, que se apresenta e realiza
como ação recíproca dos diversos capitais entre si; a tendência
interior, como necessidade externa.”(MARX, citado por
MAZZUCCHELLI, 1985, p. 51)
No mesmo sentido que estou sugerindo, Braga (1989), outro membro da
Escola de Campinas, reforça justamente esta visão dialética, quando propõe
que a relação entre o capital e as decisões capitalistas pode ser entendida
como:
Est. econ., São Paulo, 26(especial):35-50, 1996 47
14. O TODO E AS PARTES
“... um movimento onde a relação sujeito-objeto é não só uma
complexa interação, mas também uma intermitente
interversão, ou seja, troca temporária e reversível nas posições
de sujeito e objeto.”
“Num universo determinístico, as decisões são vazias, quer o
determinismo decorra da concepção das decisões como ligações
meramente mecânicas ..., quer decorra da concepção segundo
a qual os capitalistas são meros suportes do capital, cujas leis
gerais determinariam, absolutamente, o movimento da
estrutura ... . Num universo sem ordem, sem ligação entre
ação e conseqüência, tampouco as decisões têm sentido, seriam
pura fantasia, imaginação.”(BRAGA, 1989, p. 206)
Nesta perspectiva, avaliamos que esta questão metodológica pode ser mais
facilmente compreendida quando se tem presente que o capital existe na
realidade, não como agregação ou como totalidade dos capitais particulares,
nem tampouco como um ente abstrato, mas como sujeito, como movimento,
como relação-processo objetivo e coercitivo que se sobrepõe e dá sentido às
decisões dos capitais particulares. O capital é um universal concreto, pois a
autovalorização do valor é um movimento objetivo.
Na visão de Marx, o capitalista se transforma em personificação do capital
quando o movimento objetivo de expansão do valor se transforma em
propósito subjetivo de cada capitalista individual. Ou, como diz Belluzzo
(1980, p. 91): “A acumulação não é, portanto, uma questão de escolha indi-
vidual.” Enquanto possuidor de capital, o capitalista, por natureza, age
“livremente” coagido pela necessidade e pela sua ânsia de valorizar seu capi-
tal. É a lei interna do valor que se impõe como lei externa coercitiva.
Se, por um lado, é verdade que não há capitais, sem que exista antes o capi-
tal como relação social e histórica, por outro, também é verdade que o capi-
tal não subsiste e não se move senão mediante ações dos capitalistas. Os
pressupostos e o ponto de partida do capital, a relação contratual entre dois
agentes livres, o capitalista e o trabalhador, são internalizados e repostos como
seus resultados, a partir do momento em que o capital se instaura como
processo de acumulação e reprodução. O movimento objetivo de expansão
do valor se traduz em motivação e impulso subjetivos de cada capitalista em
busca do lucro, mas o que importa para o sistema é o primeiro movimento,
48 Est. econ., São Paulo, 26(especial):35-50, 1996
15. Gentil Corazza
não este último. Ou seja, não é a partir dos capitais que se chega, por
agregação, ao capital, mas, ao contrário, é pela vigência das leis objetivas do
capital que indivíduos se transformam em capitalistas e coisas assumem a
forma de capitais concretos; fora disto, as coisas não seriam capital, nem seus
possuidores, capitalistas.
Os capitais se movem, “livre e autonomamente”, não em qualquer direção,
mas necessariamente no sentido de realizar sua natureza de ser capital.
7. CONCLUSÃO: O TODO CONCRETO COMO
RESULTADO
Como já salientamos, na visão de Marx a realidade existente, antes de ser
conhecida, figura apenas como pressuposição, pois “para a consciência, o mundo
concebido é o único efetivo” e “a totalidade concreta, como totalidade de
pensamentos, é de fato um produto do pensar, do conceber.” “O todo, tal como
aparece no cérebro, como um todo de pensamentos, é um produto do cérebro
pensante que se apropria do mundo do único modo que lhe é possível.”(MARX,
1978, p. 117)
Se o abstrato é apenas um meio para o conhecimento, o concreto é o fim, o
objetivo e também o resultado do conhecimento, que se realiza como
movimento permanente em busca de uma compreensão cada vez mais
completa (concreta) da realidade. O concreto não é uma simples imagem da
intuição, mas o conceito da coisa, é o resultado, a coisa reconstruída pelo
pensamento. É este o sentido da afirmação de Marx:
“O concreto é concreto porque é a síntese de muitas
determinações, isto é, unidade do diverso. Por isso, o concreto
aparece no pensamento como processo de síntese, como
resultado, não como ponto de partida, ainda que seja o ponto
de partida efetivo e, portanto, o ponto de partida da intuição e
da representação.”(MARX, 1978, p. 116)
Dessa forma, conhecer a realidade não é apenas abstrair as partes do todo,
para conhecer suas leis internas, como fizeram os economistas clássicos, mas
reproduzi-lo conceitualmente. O conceito, como o próprio nome indica (con-
ceptus), é o real concebido. Conhecimento teórico de uma realidade não é
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16. O TODO E AS PARTES
nem conhecimento prático-sensível, nem contemplação, mas atividade de
“re-criação” da realidade. Na ótica da Economia Política de Marx, conhecer
o concreto real não significa nem aplicar os princípios gerais abstratos, nem
deduzi-lo desses princípios, mas sim recriá-lo lógica e historicamente a partir
de sua lei interna. Por isso, conhecer a realidade também não significa
conhecer todos os fatos, pois estes só significam conhecimento da realidade
à medida que forem explicitadas suas leis internas e suas articulações na
estrutura do todo.
REFERÊNCIAS BILIOGRÁFICAS
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