SlideShare uma empresa Scribd logo
1 de 31
Baixar para ler offline
Pai contra mãe :
Machado de Assis e a
escravidão
Prof. Victor Creti Bruzadelli
“o dispositivo literário capta e dramatiza a estrutura social do
país”
(SCHWARZ, Roberto. Um mestre na periferia do capitalismo: Machado de Assis. São Paulo:
Duas cidades; Ed. 34, 2000, p. 11)
Arte &
História
prof. Victor Creti
@arteehistoria
MPB no Vestibular
prof.vcb@gmail.com
História e literatura
Aristóteles:
Origens comuns da história e da
poética;
Ambas artes miméticas;
Conceito de representação;
Relações entre literatura e história:
Literatura como expressão de
sensibilidades e sociabilidades de um
indivíduo em um tempo;
A história nos textos literários.
“A representação não é cópia
do real, sua imagem perfeita, espécie
de reflexo, mas uma construção feita a
partir dele. Essas representações são
portadoras do simbólico e dotam o
mundo de uma certa inteligibilidade
para aquele que estiver ‘iniciado’ nos
seus códigos, geram regimes de
verossimilhança e credibilidade”
(PESAVENTO, Sandra. História e História Cultural. Belo
Horizonte: Autêntica, 2008, p. 40)
Machado de Assis: escritor
Conto: “Pai contra mãe”;
Publicado originalmente em 1906, no livro
“Relíquias da casa velha”;
Realismo:
Característico da segunda metade do XIX;
Oposição à idealização romântica e materialismo
histórico;
Fruto de uma sociedade urbana e apego às ciências;
Presença de uma crítica aos costumes e à burguesia;
Preocupação com o humano e as questões
intelectuais;
Objetividade nas descrições e denúncia social.
Machado de Assis: escritor
Comerciais da Caixa Econômica Federal (2011)
Machado de Assis: historiador
Escravidão como uma forma
tradicional de trabalho;
Teorizada na Grécia por
Aristóteles:
Escravo como base da política;
A questão da alma do escravo;
Mito de Cam;
Fundamental no processo de
colonização e formação do Brasil;
Projeto de esquecimento da
escravidão a partir de 1888.
“Por natureza, na maior parte dos casos,
há o que comanda e o que é comandado. O
homem livre comanda o escravo da mesma forma
que o macho à fêmea [...]. E, todavia, as partes da
alma existem de maneira diferente: o escravo
está totalmente privado da parte deliberativa; o
sexo feminino a possui, mas sem a possibilidade
de decisão [...]. Estabelecemos que o escravo é
útil para as necessidades da vida. Fica, portanto,
claro que ele não tem a necessidade senão de
pequena parcela de virtude. O suficiente apenas
para não ficar inferior à sua tarefa, por
desregramento ou negligência”
(ARISTÓTELES apud REDE, Marcelo. A Grécia Antiga.
São Paulo: Saraiva, 2012, p. 33)
Machado de Assis: historiador
“Os historiadores também têm um papel a
desempenhar no processo de resistência. Heródoto
os considerava guardiães da memória, a memória de
feitos gloriosos. Prefiro vê-los como guardiães dos
segredos da memória social, as ‘anomalias’, [...] que
revelam fraquezas em teorias grandiosas e não tão
grandiosas. Houve outrora um funcionário chamado
‘Lembrete’ [...]. A tarefa oficial era lembrar às
pessoas o que elas gostariam de ter esquecido. Uma
das mais importantes funções do historiador é ser
um lembrete”
(BURKE, Peter. Variedade de história cultural. Rio de Janeiro: Civilização
brasileira, 200, p. 88-89)
Escravidão e esquecimento:
Peter Burke
Machado de Assis: historiador
“A escravidão levou consigo ofícios e
aparelhos, como terá sucedido a outras
instituições sociais. Não cito alguns aparelhos
senão por se ligarem a certo ofício. Um deles
era o ferro ao pescoço, outro o ferro ao pé
havia também a máscara de folha de flandres
A máscara fazia perder o vício da embriaguez
aos escravos, por lhes tapar a boca Tinha só
três buracos, dois para ver, um para respirar, e
era fechada atrás da cabeça por um cadeado.”
(ASSIS, Machado de. Pai contra mãe In: MORICONI,
Italo. Os cem melhores contos brasileiros do século. Rio
de Janeiro: Objetiva, 2001, p. 19)
Escravidão e esquecimento:
Liberdade! Liberdade!
Abre as asas sobre nós!
Das lutas na tempestade
Da amada terra do Brasil!
Nós nem cremos que escravos
outrora tenha havido em tão nobre País...
Hoje o rubro lampejo da aurora
Acha irmãos, não tiranos hostis.
Somos todos iguais! Ao futuro
Saberemos, unidos, levar
Nosso augusto estandarte que, puro
Brilha, ovante, da Pátria no altar!
(Hino da Proclamação da República, letra Medeiros e
Albuquerque e música de Leopoldo Américo Miguez – 1890)
As origens da escravidão de africanos
Atividade ancestral nas sociedades
africanas;
Escravidão de africanos pelos
portugueses desde 1441;
Intensificada a partir de 1570;
Africanos adaptados tanto ao trabalho
nos moldes portugueses;
A questão da alma e da salvação;
A lucratividade do tráfico negreiro:
“Paradoxalmente, é a partir do tráfico negreiro que
se pode entender a escravidão africana colonial, e não o
contrário”
(NOVAIS, Fernando. Portugal e Brasil na crise do Antigo sistema colonial)
"Os filhos de Noé que saíram da arca
eram Sem, Cam e Jafet. Cam era o pai de
Canaã. Estes eram os três filhos de Noé. É por
eles que foi povoada toda a terra. Noé, que era
agricultor, plantou uma vinha. Tendo bebido
vinho, embriagou-se, e apareceu nu no meio
de sua tenda. Cam, o pai de Canaã, vendo a
nudez de seu pai, saiu e foi contá-lo aos seus
irmãos. Mas, Sem e Jafet, tomando uma capa,
puseram-na sobre os seus ombros e foram
cobrir a nudez de seu pai, andando de costas;
e não viram a nudez de seu pai, pois que
tinham os seus rostos voltados. Quando Noé
despertou de sua embriaguez, soube o que lhe
tinha feito o seu filho mais novo. “Maldito seja
Canaã, disse ele; que ele seja o último dos
escravos de seus irmãos!” E acrescentou :
“Bendito seja o Senhor Deus de Sem, e Canaã
seja seu escravo!"
(Gênesis, 9:18-26)
As origens da escravidão de africanos
A redenção de Cam, de Modesto Brocos
y Gomes (1895)
Eu no programa Enredo Cultural: Artefilia da TV UFG
As origens da escravidão de africanos
Propaganda oficial
do Ministério da
Educação em
13/06/2019
Ser escravizado no Brasil no séc. XIX
A onipresença do
escravo;
Heterogeneidade da
condição de escravo:
Rurais e urbanos;
Trabalhadores
domésticos;
Negro no eito;
Escravos de ganho.
Recife, capital de Pernambuco, Johan Moritz Rugendas (c. 1820)
Ser escravizado no Brasil no séc. XIX
Vendidos no porto, como
“animais”;
Tipos de trabalho:
Negro no eito;
Escravo doméstico;
Escravo de ganho;
Presentes em quase todos os
espaços coloniais;
Miscigenação: originada de
relações sexuais com ou sem
consentimento.
“Os escravos são as mãos e os pés do senhor
de engenho, porque sem eles no Brasil não é possível
fazer, conservar e aumentar a fazenda, nem ter engenho
corrente. E do modo como se há com eles, depende tê-
los bons ou maus para o serviço. Por isso, é necessário
comprar cada ano algumas peças e reparti-las pelos
partidos, roças, serrarias e barcas. E porque comumente
são de nações diversas, e uns mais boçais que outros e
de forças muito diferentes, se há de fazer a repartição
com reparo e escolha, e não às cegas. No Brasil,
costumam dizer que para o escravo são
necessários PPP, a saber, pau, pão e pano. E, posto que
comecem mal, principiando pelo castigo que é o pau,
contudo, prouvera a Deus que tão abundante fosse o
comer e o vestir como muitas vezes é o castigo, dado
por qualquer causa pouco provada, ou levantada; e com
instrumentos de muito rigor, ainda quando os crimes
são certos, de que se não usa nem com os brutos
animais”
(ANTONIL, A. J. Cultura e opulência do Brasil por
suas drogas e minas. Livro I, Capítulo IX, 1771)
Ser escravizado no Brasil no séc. XIX
Distinções sociais entre os
africanos:
Condição política:
Senhores de escravos, Livres,
Libertos ou forros e Escravos;
Condição social:
Nacionalidade, tempo de
permanência no país, entre
outros;
Cor (Colorismo):
Brancos, Mulatos e Negros.
Trecho do filme Quanto Vale ou É por Quilo?, de Sérgio
Bianchi (2005)
Ser escravizado no Brasil no séc. XIX
A brecha camponesa:
Proposta por Ciro F. Cardoso;
Permissão a escravos produzirem gêneros
alimentícios nos latifúndios de seus senhores;
Criação de um mercado liderado por
“camponeses” escravos;
As alforrias:
Libertos representavam, no XIX, 42% da
população de origem africana;
Facilitadores:
Ambientes urbanos, mulheres e aos velhos e doentes;
Possibilidade de ser revertida por “ingratidão”.
“Quando ele chegava à
tarde, via se lhe pela cara que
não trazia vintém Jantava e saía
outra vez, à cata de algum
fugido Já lhe sucedia, ainda que
raro, enganar se de pessoa, e
pegar em escravo fiel que ia a
serviço de seu senhor tal era
acegueira da necessidade Certa
vez capturou um preto livre;
desfez se em desculpas, mas
recebeu grande soma de murros
que lhe deram os parentes do
homem”
(ASSIS, Machado de. Pai contra mãe In:
MORICONI, Italo. Os cem melhores
contos brasileiros do século. Rio de
Janeiro: Objetiva, 2001, p. 23)
A violência
Violência moderada pelo
“sentimento de propriedade”;
Ausência de um “Código
Negro”: violência
institucionalizada pelas leis;
Punições aplicadas,
geralmente, por feitores ou no
“calabouço”;
Diversos castigos físicos.
“Há meio século, os escravos
fugiam com frequência. Eram muitos, e
nem todos gostavam da escravidão.
Sucedia ocasionalmente apanharem
pancada, e nem todos gostavam de
apanhar pancada. Grande parte era
apenas repreendida; havia alguém de
casa que servia de padrinho, e o
mesmo dono não era mau; além disso,
o sentimento da propriedade
moderava a ação, porque dinheiro
também dói. A fuga repetia-se,
entretanto”
(ASSIS, Machado de. Pai contra mãe In:
MORICONI, Italo. Os cem melhores contos
brasileiros do século. Rio de Janeiro: Objetiva,
2001, p. 19-20)
A violência
Trecho do filme
Quanto Vale ou É por
Quilo?, de Sérgio
Bianchi (2005)
A resistência
Resistências culturais:
Capoeira;
Sincretismo religioso;
Banzo;
Abortos e suicídios;
Fugas;
Quilombos;
Revoltas;
Assassinatos de senhores.
“Há meio século, os escravos fugiam
com freqüência. Eram muitos, e nem todos
gostavam da escravidão. Sucedia
ocasionalmente apanharem pancada, e
nem todos gostavam de apanhar pancada.
Grande parte era apenas repreendida; havia
alguém de casa que servia de padrinho, e o
mesmo dono não era mau; além disso, o
sentimento da propriedade moderava a
ação, porque dinheiro também dói. A fuga
repetia-se, entretanto.”
(ASSIS, Machado de. Pai contra mãe In: MORICONI, Italo. Os cem
melhores contos brasileiros do século. Rio de Janeiro: Objetiva,
2001, p. 19-20)
A resistência
O Abolicionismo
As ideias fora do lugar:
“No plano, das convicções, a
incompatibilidade é clara [...]. Mas também
no plano prático ela se fazia sentir. Sendo
uma propriedade, um escravo pode ser
vendido, mas não despedido. O trabalhador
livre, nesse ponto, dá mais liberdade a seu
patrão, além de imobilizar menos capital.
Este aspecto um entre muitos indica o limite
que a escravatura opunha à racionalização
produtiva. Comentando o que vira numa
fazenda, um viajante escreve: ‘não há
especialização do trabalho, porque se
procura economizar a mão-de-obra’”
(SCHWARZ, Roberto. As ideias fora do lugar In: idem. Ao
vencedor as batatas. São Paulo: Duas Cidades; Ed. 34,
2000, p. 13)
Conceito elaborado pelo crítico Roberto
Schwarz, a partir de sua leitura de
“Memórias Póstumas de Brás Cubas”
(1881);
Contradições da elite econômica brasileira
no século XIX:
Defensores do liberalismo político
(republicanismo);
Defensores do liberalismo econômico e do
trabalho assalariado;
Defesa da manutenção do escravismo;
Anacronismo da “modernização” brasileira.
O Abolicionismo
As ideias fora do lugar:
“havia também a máscara de folha-de-flandres. A máscara
fazia perder o vício da embriaguez aos escravos, por lhes
tapar a boca. Tinha só três buracos, dois para ver, um para
respirar, e era fechada atrás da cabeça por um cadeado. Com
o vício de beber, perdiam a tentação de furtar, porque
geralmente era dos vinténs do senhor que eles tiravam com
que matar a sede, e aí ficavam dois pecados extintos, e a
sobriedade e a honestidade certas. Era grotesca tal máscara,
mas a ordem social e humana nem sempre se alcança sem
o grotesco, e alguma vez o cruel”
(ASSIS, Machado de. Pai contra mãe In: MORICONI, Italo. Os cem melhores
contos brasileiros do século. Rio de Janeiro: Objetiva, 2001, p. 19)
Cativo com máscara de folha-de-flandres,
de Jean-Baptiste Debret (1835)
O Abolicionismo
Abolição fruto da relação entre diversos grupos:
Elite liberal, ligada ao império:
D. Pedro II e Princesa Isabel: abolição lenta e gradual;
Medo de revolta dos escravizados;
Juventude intelectualizada:
Castro Alves: abolição imediata;
Negros livres ou cativos:
Luis Gama: Abolição imediata e a inclusão social do
negro.
“Os conflitos entre essas três correntes
definiram o ritmo da escravatura”
(DEL PRIORE, Mary; VENÂNCIO, Renato. Uma breve história do Brasil. São
Paulo: Editora Planeta do Brasil, 2010, p. 203)
“Graças ao
abolicionismo, a mobilização
popular tornou-se um elemento
de transformação consciente da
realidade. A revolta agora não
era circunstancial, contra o
aumento dos preços de
alimentos ou contra alguma
medida que prejudicava os
interesses populares, mas sim
efetiva, pois tinha por objetivo
alterar a estrutura da sociedade”
(DEL PRIORE, Mary; VENÂNCIO, Renato.
Uma breve história do Brasil. São Paulo:
Editora Planeta do Brasil, 2010, p. 206)
O Abolicionismo
Movimento abolicionista:
Organizado ao longo da segunda
metade do século XIX, através de
associações e jornais;
Organização de comícios,
palestras e panfletagens;
Expansão entre as classes médias
urbanas;
Como consequência do aumento
das pressões pela abolição, há um
aumento do tráfico ilegal.
Nesse ambiente, o nó da escravidão
acabou sendo desatado basicamente à margem
do circuito decisório oficial. Na década de 1880,
o movimento abolicionista pipocou por todo o
país, impulsionado quase exclusivamente pela
sociedade. No Ceará, já em 1884 decretou-se
uma abolição. No Rio de Janeiro, figuras
importantes como Joaquim Nabuco, André
Rebouças e José do Patrocínio comandavam a
pregação, com o apoio nem sempre velado da
princesa Isabel. Em São Paulo, Luiz Gama
comandou a formação de uma imensa rede
abolicionista informal, cuja amplitude pôde ser
medida no dia do seu enterro, quando 3 mil
pessoas pararam a cidade em torno do féretro
(CALDEIRA, Jorge. História da riqueza no Brasil: cinco séculos
de pessoas costumes e governos. Rio de Janeiro: Estação
Brasil, 2017, p. 283)
O abolicionismo
Movimento dos Caifazes:
Liderado por Antônio
Bento de Souza e
Castro;
Propostas:
Criar redes de apoio;
Organizar fugas
coletivas e quilombos;
“Roubar” de
escravizados;
Organizar a luta armada.
No fechamento do caixão [de Luiz Gama em 1882],
um dos que juraram continuar a luta tinha um perfil
aparentemente estranho à causa: um ex-delegado de polícia
perseguidor de cativos, católico tradicional e membro do
Partido Conservador. Mas Antônio Bento mostrou-se pouco
convencional ao criar uma organização que chamou de
Caifazes. Criou uma rede de pontos de apoio que
funcionavam tanto em sacristias como em prostíbulos.
Treinou grupos de negros fugidos e ergueu refúgios nos
caminhos percorridos por capitães do mato. Promoveu a
organização do quilombo do Jabaquara, em Santos – os atos
preparatórios incluíram uma declaração municipal de
abolição, o que mostra o tamanho do apoio à causa. Armou e
venceu uma guerra. Em 1887 o quilombo contava 10 mil
habitantes, metade da população da cidade e parte
significativa dos 150 mil cativos paulistas contados pouco
antes do movimento
(CALDEIRA, Jorge. História da riqueza no Brasil: cinco séculos de pessoas
costumes e governos. Rio de Janeiro: Estação Brasil, 2017, p. 283)
O Abolicionismo
Protagonismo negro:
Intelectuais negros:
Luís da Gama;
José do Patrocínio;
André Rebouças;
Machado de Assis;
Revoltas constantes:
Revolta de Carrancas (1833);
Revolta dos Malês (1835);
Revolta de Manuel Congo
(1838).
“Em 1873 Machado de Assis tornou se
funcionário do Ministério da Agricultura; a partir
de meados de 1876, passou a chefiar a seção desse
ministério encarregada de estudar e acompanhar a
aplicação da lei de emancipação [do Ventre Livre].
O romancista formou se e transformou se ao longo
dos anos 1870 em diálogo constante com a
experiência do funcionário público e do cidadão. De
fato, é possível até mesmo investigar as relações
entre a experiência do funcionário e a famosa
virada narrativa do romancista ocorrida entre 1878
e 1880, ou entre Iaiá Garcia e Memórias póstumas
de Brás Cubas”
(CHALHOUB, Sidney. Machado de Assis: historiador. São
Paulo: Companhia das Letras, 2003 p. 138-139)
O Abolicionismo
Abolicionistas brancos:
Joaquim Nabuco;
José Bonifácio;
Ângelo Agostini;
Joaquim Manuel de Macedo;
Castro Alves;
Obs.: eram motivados por
motivos diversos e não
somente “humanitários”.
“Trabalhar no sentido de
tornar bem manifesta e clara a
torpeza da escravidão, sua influência
malvada, suas deformidades morais e
congênitas, seus instintos ruins, seu
horror, seus perigos, sua ação
infernal, é também contribuir para
condená-la e para fazer mais suave e
simpática a idéia da emancipação
que a aniquila”
(MACEDO, Joaquim Manuel de. As vítimas
algozes: quadros da escravidão. São Paulo:
Editora Scipione, 1991, p. 4)
Abolição legal
Lenta e gradual, “para evitar
uma guerra civil”;
Lei Feijó (1831):
Proibia o tráfico, multava
traficantes e abolia a
escravidão;
“Lei para inglês ver”;
Lei (Bill) Aberdeen (1845):
Lei inglesa que tratava navios
negreiros como piratas.
“Ao longo do século XVIII,
apurando a definição do direito universal
ao bem-estar e à liberdade, antropólogos,
filósofos e teólogos voltaram-se para o
caso do africano e de sua condição no
mundo. Sua reflexão levou-os a modificar
as noções ordinariamente admitidas até
então sobre o negro da África e o escravo
americano: de bruto e animal de carga,
eles transformaram-no em um ser moral e
social”
(DAGET, Serge. A abolição do tráfico de escravos. In:
AJAYI, Jacob, F. A. História Geral da África, VI: África do
século XIX à década de 1880. Brasília: UNESCO, 2010, p.
77)
Abolição Legal
Lei Eusébio de Queirós (1850):
Proibição do tráfico
internacional de escravizados;
Lei de Terras (1850):
Terras devolutas compradas
junto ao Estado;
Lei Nabuco de Araújo (1854):
Sanções e punições mais
severas contra traficantes
ilegais.
Declara desde quando deve ter lugar a competencia
dos Auditores de marinha para processar e julgar
os réos mencionados no Art. 3.º da lei N.º 581 de 4
de Setembro de 1850, e os casos em que devem ser
impostas pelos mesmos Auditores as penas de
tentativa de importação de escravos. [...]
Art. 2º Será punido com as penas de tentativa
de importação de escravos, processado e julgado
pelos ditos Auditores, o Cidadão Brasileiro, aonde
quer que resida, e o estrangeiro residente no Brasil,
que for dono, capitão ou mestre, piloto ou contra-
mestre, ou interessado no negocio de qualquer
embarcação, que se occupe no trafico de escravos,
continuando, em relação aos que importarem para o
Brasil, a disposição da Lei de quatro de Setembro
de mil oitocentos e cincoenta
(Trecho da Lei Nabuco de Araújo)
Abolição legal
Lei do Ventre Livre (1871):
Os filhos de escravizados nasciam livres, embora devessem ou pagar uma
indenização ou prestar serviços até os 21 anos;
Machado de Assis, como funcionário do Min. da Agricultura, vai ser um dos
responsáveis pela aplicação dessa lei a partir de 1873;
Segundo Sidney Chalhoub, essa experiência vai mudar decisivamente a literatura
e a postura intelectual do escritor;
Lei dos Sexagenários (1885):
Alforria de escravizados com mais de sessenta anos, com o pagamento de mais
3 anos de trabalho como indenização;
Lei Áurea (1888):
Abolição da escravidão
Abolição legal
A Princesa Imperial Regente, em nome de
Sua Majestade o Imperador, o Senhor D. Pedro II,
faz saber a todos os súditos do Império que a
Assembleia Geral decretou e ela sancionou a lei
seguinte:
Art. 1.º: É declarada extinta desde a data desta lei a
escravidão no Brasil.
Art. 2.º: Revogam-se as disposições em contrário.
Manda, portanto, a todas as autoridades, a quem o
conhecimento e execução da referida Lei pertencer,
que a cumpram, e façam cumprir e guardar tão
inteiramente como nela se contém
(Lei Áurea)
Meme da página do Twitter História no
Paint
Abolição legal
1793
1823
1826
1833
1834
1837
1842
1848
1848
1851
1853
1853
1854
1854
1862
1863
1873
1880
1888
1740 1760 1780 1800 1820 1840 1860 1880 1900
Haiti
Bolívia
Trinidad
Paraguai
Guiana Francesa
Argentina
Peru
EUA
Porto Rico
Brasil
Cronologia do fim da escravidão nas Américas
(Fonte: Atlas IstoÉ Brasil 500 Anos. São
Paulo: Editora Três S/A, 1998, p. 71)

Mais conteúdo relacionado

Semelhante a pai-contra-mae-machado-de-assis-e-a-escravidao peguei isso aqui no gogle

Exercícios especiais literatura 2
Exercícios especiais literatura 2Exercícios especiais literatura 2
Exercícios especiais literatura 2Sergio Proença
 
EscravidãO Av 70 Maio 2009
EscravidãO Av 70 Maio 2009EscravidãO Av 70 Maio 2009
EscravidãO Av 70 Maio 2009Nelson Silva
 
República velha questões
República velha questõesRepública velha questões
República velha questõescida0159
 
República velha questões
República velha questõesRepública velha questões
República velha questõescida0159
 
Escravidão no Brasil do século XIX
Escravidão no Brasil do século XIXEscravidão no Brasil do século XIX
Escravidão no Brasil do século XIXAnderson Torres
 
Aula 5 [1-2022-filo] - O mundo sob outros olhos olhos outros
Aula 5 [1-2022-filo] - O mundo sob outros olhos olhos outrosAula 5 [1-2022-filo] - O mundo sob outros olhos olhos outros
Aula 5 [1-2022-filo] - O mundo sob outros olhos olhos outrosGerson Coppes
 
Capitães de Areia
Capitães de AreiaCapitães de Areia
Capitães de Areiaquel.silva
 
Como bem castigar os escravos - Jorge Benci 1700.pdf
Como bem castigar os escravos - Jorge Benci 1700.pdfComo bem castigar os escravos - Jorge Benci 1700.pdf
Como bem castigar os escravos - Jorge Benci 1700.pdfTiagoGarros
 
E. MÉDIO 2 MANHÃ LITERATURA 08 03 2023 ROMANTISMO NO BRASIL (1).pdf
E. MÉDIO 2 MANHÃ LITERATURA 08 03 2023 ROMANTISMO NO BRASIL (1).pdfE. MÉDIO 2 MANHÃ LITERATURA 08 03 2023 ROMANTISMO NO BRASIL (1).pdf
E. MÉDIO 2 MANHÃ LITERATURA 08 03 2023 ROMANTISMO NO BRASIL (1).pdfElizeth608
 
Literaturas africanas de expressão portuguesa
Literaturas africanas de expressão portuguesaLiteraturas africanas de expressão portuguesa
Literaturas africanas de expressão portuguesaAna Eunice
 
Africanidades na historiografia e na literatura brasileira
Africanidades na historiografia e na literatura brasileiraAfricanidades na historiografia e na literatura brasileira
Africanidades na historiografia e na literatura brasileiraAline Sesti Cerutti
 
3 8 graça aranha
3 8 graça aranha3 8 graça aranha
3 8 graça aranhaLuan02
 

Semelhante a pai-contra-mae-machado-de-assis-e-a-escravidao peguei isso aqui no gogle (20)

Livreto O escravo negro no Brasil Colonial: tráfico e cotidiano
Livreto O escravo negro no Brasil Colonial: tráfico e cotidianoLivreto O escravo negro no Brasil Colonial: tráfico e cotidiano
Livreto O escravo negro no Brasil Colonial: tráfico e cotidiano
 
Exercícios especiais literatura 2
Exercícios especiais literatura 2Exercícios especiais literatura 2
Exercícios especiais literatura 2
 
EscravidãO Av 70 Maio 2009
EscravidãO Av 70 Maio 2009EscravidãO Av 70 Maio 2009
EscravidãO Av 70 Maio 2009
 
República velha questões
República velha questõesRepública velha questões
República velha questões
 
República velha questões
República velha questõesRepública velha questões
República velha questões
 
Escravidão no Brasil do século XIX
Escravidão no Brasil do século XIXEscravidão no Brasil do século XIX
Escravidão no Brasil do século XIX
 
PRÉ-MODERNISMO.pptx
PRÉ-MODERNISMO.pptxPRÉ-MODERNISMO.pptx
PRÉ-MODERNISMO.pptx
 
PRE-MODERNISMO.pptx
PRE-MODERNISMO.pptxPRE-MODERNISMO.pptx
PRE-MODERNISMO.pptx
 
PRE-MODERNISMO.pptx
PRE-MODERNISMO.pptxPRE-MODERNISMO.pptx
PRE-MODERNISMO.pptx
 
Etnia, cultura e cidadania
Etnia, cultura e cidadaniaEtnia, cultura e cidadania
Etnia, cultura e cidadania
 
Aula 5 [1-2022-filo] - O mundo sob outros olhos olhos outros
Aula 5 [1-2022-filo] - O mundo sob outros olhos olhos outrosAula 5 [1-2022-filo] - O mundo sob outros olhos olhos outros
Aula 5 [1-2022-filo] - O mundo sob outros olhos olhos outros
 
Pre modernismo
Pre modernismoPre modernismo
Pre modernismo
 
Capitães de Areia
Capitães de AreiaCapitães de Areia
Capitães de Areia
 
Como bem castigar os escravos - Jorge Benci 1700.pdf
Como bem castigar os escravos - Jorge Benci 1700.pdfComo bem castigar os escravos - Jorge Benci 1700.pdf
Como bem castigar os escravos - Jorge Benci 1700.pdf
 
E. MÉDIO 2 MANHÃ LITERATURA 08 03 2023 ROMANTISMO NO BRASIL (1).pdf
E. MÉDIO 2 MANHÃ LITERATURA 08 03 2023 ROMANTISMO NO BRASIL (1).pdfE. MÉDIO 2 MANHÃ LITERATURA 08 03 2023 ROMANTISMO NO BRASIL (1).pdf
E. MÉDIO 2 MANHÃ LITERATURA 08 03 2023 ROMANTISMO NO BRASIL (1).pdf
 
10 livros essenciais
10 livros essenciais10 livros essenciais
10 livros essenciais
 
Literaturas africanas de expressão portuguesa
Literaturas africanas de expressão portuguesaLiteraturas africanas de expressão portuguesa
Literaturas africanas de expressão portuguesa
 
AULA NEGRO DRAMA.pptx
AULA NEGRO DRAMA.pptxAULA NEGRO DRAMA.pptx
AULA NEGRO DRAMA.pptx
 
Africanidades na historiografia e na literatura brasileira
Africanidades na historiografia e na literatura brasileiraAfricanidades na historiografia e na literatura brasileira
Africanidades na historiografia e na literatura brasileira
 
3 8 graça aranha
3 8 graça aranha3 8 graça aranha
3 8 graça aranha
 

Último

Atividade sobre os Pronomes Pessoais.pptx
Atividade sobre os Pronomes Pessoais.pptxAtividade sobre os Pronomes Pessoais.pptx
Atividade sobre os Pronomes Pessoais.pptxDianaSheila2
 
PRÉDIOS HISTÓRICOS DE ASSARÉ Prof. Francisco Leite.pdf
PRÉDIOS HISTÓRICOS DE ASSARÉ Prof. Francisco Leite.pdfPRÉDIOS HISTÓRICOS DE ASSARÉ Prof. Francisco Leite.pdf
PRÉDIOS HISTÓRICOS DE ASSARÉ Prof. Francisco Leite.pdfprofesfrancleite
 
Atividade - Letra da música Esperando na Janela.
Atividade -  Letra da música Esperando na Janela.Atividade -  Letra da música Esperando na Janela.
Atividade - Letra da música Esperando na Janela.Mary Alvarenga
 
Slides Lição 5, Betel, Ordenança para uma vida de vigilância e oração, 2Tr24....
Slides Lição 5, Betel, Ordenança para uma vida de vigilância e oração, 2Tr24....Slides Lição 5, Betel, Ordenança para uma vida de vigilância e oração, 2Tr24....
Slides Lição 5, Betel, Ordenança para uma vida de vigilância e oração, 2Tr24....LuizHenriquedeAlmeid6
 
ENSINO RELIGIOSO 7º ANO INOVE NA ESCOLA.pdf
ENSINO RELIGIOSO 7º ANO INOVE NA ESCOLA.pdfENSINO RELIGIOSO 7º ANO INOVE NA ESCOLA.pdf
ENSINO RELIGIOSO 7º ANO INOVE NA ESCOLA.pdfLeloIurk1
 
DeClara n.º 75 Abril 2024 - O Jornal digital do Agrupamento de Escolas Clara ...
DeClara n.º 75 Abril 2024 - O Jornal digital do Agrupamento de Escolas Clara ...DeClara n.º 75 Abril 2024 - O Jornal digital do Agrupamento de Escolas Clara ...
DeClara n.º 75 Abril 2024 - O Jornal digital do Agrupamento de Escolas Clara ...IsabelPereira2010
 
Literatura Brasileira - escolas literárias.ppt
Literatura Brasileira - escolas literárias.pptLiteratura Brasileira - escolas literárias.ppt
Literatura Brasileira - escolas literárias.pptMaiteFerreira4
 
PROGRAMA DE AÇÃO 2024 - MARIANA DA SILVA MORAES.pdf
PROGRAMA DE AÇÃO 2024 - MARIANA DA SILVA MORAES.pdfPROGRAMA DE AÇÃO 2024 - MARIANA DA SILVA MORAES.pdf
PROGRAMA DE AÇÃO 2024 - MARIANA DA SILVA MORAES.pdfMarianaMoraesMathias
 
5 bloco 7 ano - Ensino Relogioso- Lideres Religiosos _ Passei Direto.pdf
5 bloco 7 ano - Ensino Relogioso- Lideres Religiosos _ Passei Direto.pdf5 bloco 7 ano - Ensino Relogioso- Lideres Religiosos _ Passei Direto.pdf
5 bloco 7 ano - Ensino Relogioso- Lideres Religiosos _ Passei Direto.pdfLeloIurk1
 
Noções de Farmacologia - Flávia Soares.pdf
Noções de Farmacologia - Flávia Soares.pdfNoções de Farmacologia - Flávia Soares.pdf
Noções de Farmacologia - Flávia Soares.pdflucassilva721057
 
Discurso Direto, Indireto e Indireto Livre.pptx
Discurso Direto, Indireto e Indireto Livre.pptxDiscurso Direto, Indireto e Indireto Livre.pptx
Discurso Direto, Indireto e Indireto Livre.pptxferreirapriscilla84
 
11oC_-_Mural_de_Portugues_4m35.pptxTrabalho do Ensino Profissional turma do 1...
11oC_-_Mural_de_Portugues_4m35.pptxTrabalho do Ensino Profissional turma do 1...11oC_-_Mural_de_Portugues_4m35.pptxTrabalho do Ensino Profissional turma do 1...
11oC_-_Mural_de_Portugues_4m35.pptxTrabalho do Ensino Profissional turma do 1...licinioBorges
 
Bullying - Atividade com caça- palavras
Bullying   - Atividade com  caça- palavrasBullying   - Atividade com  caça- palavras
Bullying - Atividade com caça- palavrasMary Alvarenga
 
o ciclo do contato Jorge Ponciano Ribeiro.pdf
o ciclo do contato Jorge Ponciano Ribeiro.pdfo ciclo do contato Jorge Ponciano Ribeiro.pdf
o ciclo do contato Jorge Ponciano Ribeiro.pdfCamillaBrito19
 
JOGO FATO OU FAKE - ATIVIDADE LUDICA(1).pptx
JOGO FATO OU FAKE - ATIVIDADE LUDICA(1).pptxJOGO FATO OU FAKE - ATIVIDADE LUDICA(1).pptx
JOGO FATO OU FAKE - ATIVIDADE LUDICA(1).pptxTainTorres4
 
Considere a seguinte situação fictícia: Durante uma reunião de equipe em uma...
Considere a seguinte situação fictícia:  Durante uma reunião de equipe em uma...Considere a seguinte situação fictícia:  Durante uma reunião de equipe em uma...
Considere a seguinte situação fictícia: Durante uma reunião de equipe em uma...azulassessoria9
 
PROVA - ESTUDO CONTEMPORÂNEO E TRANSVERSAL: LEITURA DE IMAGENS, GRÁFICOS E MA...
PROVA - ESTUDO CONTEMPORÂNEO E TRANSVERSAL: LEITURA DE IMAGENS, GRÁFICOS E MA...PROVA - ESTUDO CONTEMPORÂNEO E TRANSVERSAL: LEITURA DE IMAGENS, GRÁFICOS E MA...
PROVA - ESTUDO CONTEMPORÂNEO E TRANSVERSAL: LEITURA DE IMAGENS, GRÁFICOS E MA...azulassessoria9
 
PROVA - ESTUDO CONTEMPORÂNEO E TRANSVERSAL: COMUNICAÇÃO ASSERTIVA E INTERPESS...
PROVA - ESTUDO CONTEMPORÂNEO E TRANSVERSAL: COMUNICAÇÃO ASSERTIVA E INTERPESS...PROVA - ESTUDO CONTEMPORÂNEO E TRANSVERSAL: COMUNICAÇÃO ASSERTIVA E INTERPESS...
PROVA - ESTUDO CONTEMPORÂNEO E TRANSVERSAL: COMUNICAÇÃO ASSERTIVA E INTERPESS...azulassessoria9
 
Pedologia- Geografia - Geologia - aula_01.pptx
Pedologia- Geografia - Geologia - aula_01.pptxPedologia- Geografia - Geologia - aula_01.pptx
Pedologia- Geografia - Geologia - aula_01.pptxleandropereira983288
 

Último (20)

Atividade sobre os Pronomes Pessoais.pptx
Atividade sobre os Pronomes Pessoais.pptxAtividade sobre os Pronomes Pessoais.pptx
Atividade sobre os Pronomes Pessoais.pptx
 
PRÉDIOS HISTÓRICOS DE ASSARÉ Prof. Francisco Leite.pdf
PRÉDIOS HISTÓRICOS DE ASSARÉ Prof. Francisco Leite.pdfPRÉDIOS HISTÓRICOS DE ASSARÉ Prof. Francisco Leite.pdf
PRÉDIOS HISTÓRICOS DE ASSARÉ Prof. Francisco Leite.pdf
 
Atividade - Letra da música Esperando na Janela.
Atividade -  Letra da música Esperando na Janela.Atividade -  Letra da música Esperando na Janela.
Atividade - Letra da música Esperando na Janela.
 
Slides Lição 5, Betel, Ordenança para uma vida de vigilância e oração, 2Tr24....
Slides Lição 5, Betel, Ordenança para uma vida de vigilância e oração, 2Tr24....Slides Lição 5, Betel, Ordenança para uma vida de vigilância e oração, 2Tr24....
Slides Lição 5, Betel, Ordenança para uma vida de vigilância e oração, 2Tr24....
 
ENSINO RELIGIOSO 7º ANO INOVE NA ESCOLA.pdf
ENSINO RELIGIOSO 7º ANO INOVE NA ESCOLA.pdfENSINO RELIGIOSO 7º ANO INOVE NA ESCOLA.pdf
ENSINO RELIGIOSO 7º ANO INOVE NA ESCOLA.pdf
 
DeClara n.º 75 Abril 2024 - O Jornal digital do Agrupamento de Escolas Clara ...
DeClara n.º 75 Abril 2024 - O Jornal digital do Agrupamento de Escolas Clara ...DeClara n.º 75 Abril 2024 - O Jornal digital do Agrupamento de Escolas Clara ...
DeClara n.º 75 Abril 2024 - O Jornal digital do Agrupamento de Escolas Clara ...
 
Literatura Brasileira - escolas literárias.ppt
Literatura Brasileira - escolas literárias.pptLiteratura Brasileira - escolas literárias.ppt
Literatura Brasileira - escolas literárias.ppt
 
CINEMATICA DE LOS MATERIALES Y PARTICULA
CINEMATICA DE LOS MATERIALES Y PARTICULACINEMATICA DE LOS MATERIALES Y PARTICULA
CINEMATICA DE LOS MATERIALES Y PARTICULA
 
PROGRAMA DE AÇÃO 2024 - MARIANA DA SILVA MORAES.pdf
PROGRAMA DE AÇÃO 2024 - MARIANA DA SILVA MORAES.pdfPROGRAMA DE AÇÃO 2024 - MARIANA DA SILVA MORAES.pdf
PROGRAMA DE AÇÃO 2024 - MARIANA DA SILVA MORAES.pdf
 
5 bloco 7 ano - Ensino Relogioso- Lideres Religiosos _ Passei Direto.pdf
5 bloco 7 ano - Ensino Relogioso- Lideres Religiosos _ Passei Direto.pdf5 bloco 7 ano - Ensino Relogioso- Lideres Religiosos _ Passei Direto.pdf
5 bloco 7 ano - Ensino Relogioso- Lideres Religiosos _ Passei Direto.pdf
 
Noções de Farmacologia - Flávia Soares.pdf
Noções de Farmacologia - Flávia Soares.pdfNoções de Farmacologia - Flávia Soares.pdf
Noções de Farmacologia - Flávia Soares.pdf
 
Discurso Direto, Indireto e Indireto Livre.pptx
Discurso Direto, Indireto e Indireto Livre.pptxDiscurso Direto, Indireto e Indireto Livre.pptx
Discurso Direto, Indireto e Indireto Livre.pptx
 
11oC_-_Mural_de_Portugues_4m35.pptxTrabalho do Ensino Profissional turma do 1...
11oC_-_Mural_de_Portugues_4m35.pptxTrabalho do Ensino Profissional turma do 1...11oC_-_Mural_de_Portugues_4m35.pptxTrabalho do Ensino Profissional turma do 1...
11oC_-_Mural_de_Portugues_4m35.pptxTrabalho do Ensino Profissional turma do 1...
 
Bullying - Atividade com caça- palavras
Bullying   - Atividade com  caça- palavrasBullying   - Atividade com  caça- palavras
Bullying - Atividade com caça- palavras
 
o ciclo do contato Jorge Ponciano Ribeiro.pdf
o ciclo do contato Jorge Ponciano Ribeiro.pdfo ciclo do contato Jorge Ponciano Ribeiro.pdf
o ciclo do contato Jorge Ponciano Ribeiro.pdf
 
JOGO FATO OU FAKE - ATIVIDADE LUDICA(1).pptx
JOGO FATO OU FAKE - ATIVIDADE LUDICA(1).pptxJOGO FATO OU FAKE - ATIVIDADE LUDICA(1).pptx
JOGO FATO OU FAKE - ATIVIDADE LUDICA(1).pptx
 
Considere a seguinte situação fictícia: Durante uma reunião de equipe em uma...
Considere a seguinte situação fictícia:  Durante uma reunião de equipe em uma...Considere a seguinte situação fictícia:  Durante uma reunião de equipe em uma...
Considere a seguinte situação fictícia: Durante uma reunião de equipe em uma...
 
PROVA - ESTUDO CONTEMPORÂNEO E TRANSVERSAL: LEITURA DE IMAGENS, GRÁFICOS E MA...
PROVA - ESTUDO CONTEMPORÂNEO E TRANSVERSAL: LEITURA DE IMAGENS, GRÁFICOS E MA...PROVA - ESTUDO CONTEMPORÂNEO E TRANSVERSAL: LEITURA DE IMAGENS, GRÁFICOS E MA...
PROVA - ESTUDO CONTEMPORÂNEO E TRANSVERSAL: LEITURA DE IMAGENS, GRÁFICOS E MA...
 
PROVA - ESTUDO CONTEMPORÂNEO E TRANSVERSAL: COMUNICAÇÃO ASSERTIVA E INTERPESS...
PROVA - ESTUDO CONTEMPORÂNEO E TRANSVERSAL: COMUNICAÇÃO ASSERTIVA E INTERPESS...PROVA - ESTUDO CONTEMPORÂNEO E TRANSVERSAL: COMUNICAÇÃO ASSERTIVA E INTERPESS...
PROVA - ESTUDO CONTEMPORÂNEO E TRANSVERSAL: COMUNICAÇÃO ASSERTIVA E INTERPESS...
 
Pedologia- Geografia - Geologia - aula_01.pptx
Pedologia- Geografia - Geologia - aula_01.pptxPedologia- Geografia - Geologia - aula_01.pptx
Pedologia- Geografia - Geologia - aula_01.pptx
 

pai-contra-mae-machado-de-assis-e-a-escravidao peguei isso aqui no gogle

  • 1. Pai contra mãe : Machado de Assis e a escravidão Prof. Victor Creti Bruzadelli “o dispositivo literário capta e dramatiza a estrutura social do país” (SCHWARZ, Roberto. Um mestre na periferia do capitalismo: Machado de Assis. São Paulo: Duas cidades; Ed. 34, 2000, p. 11) Arte & História prof. Victor Creti @arteehistoria MPB no Vestibular prof.vcb@gmail.com
  • 2. História e literatura Aristóteles: Origens comuns da história e da poética; Ambas artes miméticas; Conceito de representação; Relações entre literatura e história: Literatura como expressão de sensibilidades e sociabilidades de um indivíduo em um tempo; A história nos textos literários. “A representação não é cópia do real, sua imagem perfeita, espécie de reflexo, mas uma construção feita a partir dele. Essas representações são portadoras do simbólico e dotam o mundo de uma certa inteligibilidade para aquele que estiver ‘iniciado’ nos seus códigos, geram regimes de verossimilhança e credibilidade” (PESAVENTO, Sandra. História e História Cultural. Belo Horizonte: Autêntica, 2008, p. 40)
  • 3. Machado de Assis: escritor Conto: “Pai contra mãe”; Publicado originalmente em 1906, no livro “Relíquias da casa velha”; Realismo: Característico da segunda metade do XIX; Oposição à idealização romântica e materialismo histórico; Fruto de uma sociedade urbana e apego às ciências; Presença de uma crítica aos costumes e à burguesia; Preocupação com o humano e as questões intelectuais; Objetividade nas descrições e denúncia social.
  • 4. Machado de Assis: escritor Comerciais da Caixa Econômica Federal (2011)
  • 5. Machado de Assis: historiador Escravidão como uma forma tradicional de trabalho; Teorizada na Grécia por Aristóteles: Escravo como base da política; A questão da alma do escravo; Mito de Cam; Fundamental no processo de colonização e formação do Brasil; Projeto de esquecimento da escravidão a partir de 1888. “Por natureza, na maior parte dos casos, há o que comanda e o que é comandado. O homem livre comanda o escravo da mesma forma que o macho à fêmea [...]. E, todavia, as partes da alma existem de maneira diferente: o escravo está totalmente privado da parte deliberativa; o sexo feminino a possui, mas sem a possibilidade de decisão [...]. Estabelecemos que o escravo é útil para as necessidades da vida. Fica, portanto, claro que ele não tem a necessidade senão de pequena parcela de virtude. O suficiente apenas para não ficar inferior à sua tarefa, por desregramento ou negligência” (ARISTÓTELES apud REDE, Marcelo. A Grécia Antiga. São Paulo: Saraiva, 2012, p. 33)
  • 6. Machado de Assis: historiador “Os historiadores também têm um papel a desempenhar no processo de resistência. Heródoto os considerava guardiães da memória, a memória de feitos gloriosos. Prefiro vê-los como guardiães dos segredos da memória social, as ‘anomalias’, [...] que revelam fraquezas em teorias grandiosas e não tão grandiosas. Houve outrora um funcionário chamado ‘Lembrete’ [...]. A tarefa oficial era lembrar às pessoas o que elas gostariam de ter esquecido. Uma das mais importantes funções do historiador é ser um lembrete” (BURKE, Peter. Variedade de história cultural. Rio de Janeiro: Civilização brasileira, 200, p. 88-89) Escravidão e esquecimento: Peter Burke
  • 7. Machado de Assis: historiador “A escravidão levou consigo ofícios e aparelhos, como terá sucedido a outras instituições sociais. Não cito alguns aparelhos senão por se ligarem a certo ofício. Um deles era o ferro ao pescoço, outro o ferro ao pé havia também a máscara de folha de flandres A máscara fazia perder o vício da embriaguez aos escravos, por lhes tapar a boca Tinha só três buracos, dois para ver, um para respirar, e era fechada atrás da cabeça por um cadeado.” (ASSIS, Machado de. Pai contra mãe In: MORICONI, Italo. Os cem melhores contos brasileiros do século. Rio de Janeiro: Objetiva, 2001, p. 19) Escravidão e esquecimento: Liberdade! Liberdade! Abre as asas sobre nós! Das lutas na tempestade Da amada terra do Brasil! Nós nem cremos que escravos outrora tenha havido em tão nobre País... Hoje o rubro lampejo da aurora Acha irmãos, não tiranos hostis. Somos todos iguais! Ao futuro Saberemos, unidos, levar Nosso augusto estandarte que, puro Brilha, ovante, da Pátria no altar! (Hino da Proclamação da República, letra Medeiros e Albuquerque e música de Leopoldo Américo Miguez – 1890)
  • 8. As origens da escravidão de africanos Atividade ancestral nas sociedades africanas; Escravidão de africanos pelos portugueses desde 1441; Intensificada a partir de 1570; Africanos adaptados tanto ao trabalho nos moldes portugueses; A questão da alma e da salvação; A lucratividade do tráfico negreiro: “Paradoxalmente, é a partir do tráfico negreiro que se pode entender a escravidão africana colonial, e não o contrário” (NOVAIS, Fernando. Portugal e Brasil na crise do Antigo sistema colonial) "Os filhos de Noé que saíram da arca eram Sem, Cam e Jafet. Cam era o pai de Canaã. Estes eram os três filhos de Noé. É por eles que foi povoada toda a terra. Noé, que era agricultor, plantou uma vinha. Tendo bebido vinho, embriagou-se, e apareceu nu no meio de sua tenda. Cam, o pai de Canaã, vendo a nudez de seu pai, saiu e foi contá-lo aos seus irmãos. Mas, Sem e Jafet, tomando uma capa, puseram-na sobre os seus ombros e foram cobrir a nudez de seu pai, andando de costas; e não viram a nudez de seu pai, pois que tinham os seus rostos voltados. Quando Noé despertou de sua embriaguez, soube o que lhe tinha feito o seu filho mais novo. “Maldito seja Canaã, disse ele; que ele seja o último dos escravos de seus irmãos!” E acrescentou : “Bendito seja o Senhor Deus de Sem, e Canaã seja seu escravo!" (Gênesis, 9:18-26)
  • 9. As origens da escravidão de africanos A redenção de Cam, de Modesto Brocos y Gomes (1895) Eu no programa Enredo Cultural: Artefilia da TV UFG
  • 10. As origens da escravidão de africanos Propaganda oficial do Ministério da Educação em 13/06/2019
  • 11. Ser escravizado no Brasil no séc. XIX A onipresença do escravo; Heterogeneidade da condição de escravo: Rurais e urbanos; Trabalhadores domésticos; Negro no eito; Escravos de ganho. Recife, capital de Pernambuco, Johan Moritz Rugendas (c. 1820)
  • 12. Ser escravizado no Brasil no séc. XIX Vendidos no porto, como “animais”; Tipos de trabalho: Negro no eito; Escravo doméstico; Escravo de ganho; Presentes em quase todos os espaços coloniais; Miscigenação: originada de relações sexuais com ou sem consentimento. “Os escravos são as mãos e os pés do senhor de engenho, porque sem eles no Brasil não é possível fazer, conservar e aumentar a fazenda, nem ter engenho corrente. E do modo como se há com eles, depende tê- los bons ou maus para o serviço. Por isso, é necessário comprar cada ano algumas peças e reparti-las pelos partidos, roças, serrarias e barcas. E porque comumente são de nações diversas, e uns mais boçais que outros e de forças muito diferentes, se há de fazer a repartição com reparo e escolha, e não às cegas. No Brasil, costumam dizer que para o escravo são necessários PPP, a saber, pau, pão e pano. E, posto que comecem mal, principiando pelo castigo que é o pau, contudo, prouvera a Deus que tão abundante fosse o comer e o vestir como muitas vezes é o castigo, dado por qualquer causa pouco provada, ou levantada; e com instrumentos de muito rigor, ainda quando os crimes são certos, de que se não usa nem com os brutos animais” (ANTONIL, A. J. Cultura e opulência do Brasil por suas drogas e minas. Livro I, Capítulo IX, 1771)
  • 13. Ser escravizado no Brasil no séc. XIX Distinções sociais entre os africanos: Condição política: Senhores de escravos, Livres, Libertos ou forros e Escravos; Condição social: Nacionalidade, tempo de permanência no país, entre outros; Cor (Colorismo): Brancos, Mulatos e Negros. Trecho do filme Quanto Vale ou É por Quilo?, de Sérgio Bianchi (2005)
  • 14. Ser escravizado no Brasil no séc. XIX A brecha camponesa: Proposta por Ciro F. Cardoso; Permissão a escravos produzirem gêneros alimentícios nos latifúndios de seus senhores; Criação de um mercado liderado por “camponeses” escravos; As alforrias: Libertos representavam, no XIX, 42% da população de origem africana; Facilitadores: Ambientes urbanos, mulheres e aos velhos e doentes; Possibilidade de ser revertida por “ingratidão”. “Quando ele chegava à tarde, via se lhe pela cara que não trazia vintém Jantava e saía outra vez, à cata de algum fugido Já lhe sucedia, ainda que raro, enganar se de pessoa, e pegar em escravo fiel que ia a serviço de seu senhor tal era acegueira da necessidade Certa vez capturou um preto livre; desfez se em desculpas, mas recebeu grande soma de murros que lhe deram os parentes do homem” (ASSIS, Machado de. Pai contra mãe In: MORICONI, Italo. Os cem melhores contos brasileiros do século. Rio de Janeiro: Objetiva, 2001, p. 23)
  • 15. A violência Violência moderada pelo “sentimento de propriedade”; Ausência de um “Código Negro”: violência institucionalizada pelas leis; Punições aplicadas, geralmente, por feitores ou no “calabouço”; Diversos castigos físicos. “Há meio século, os escravos fugiam com frequência. Eram muitos, e nem todos gostavam da escravidão. Sucedia ocasionalmente apanharem pancada, e nem todos gostavam de apanhar pancada. Grande parte era apenas repreendida; havia alguém de casa que servia de padrinho, e o mesmo dono não era mau; além disso, o sentimento da propriedade moderava a ação, porque dinheiro também dói. A fuga repetia-se, entretanto” (ASSIS, Machado de. Pai contra mãe In: MORICONI, Italo. Os cem melhores contos brasileiros do século. Rio de Janeiro: Objetiva, 2001, p. 19-20)
  • 16. A violência Trecho do filme Quanto Vale ou É por Quilo?, de Sérgio Bianchi (2005)
  • 17. A resistência Resistências culturais: Capoeira; Sincretismo religioso; Banzo; Abortos e suicídios; Fugas; Quilombos; Revoltas; Assassinatos de senhores. “Há meio século, os escravos fugiam com freqüência. Eram muitos, e nem todos gostavam da escravidão. Sucedia ocasionalmente apanharem pancada, e nem todos gostavam de apanhar pancada. Grande parte era apenas repreendida; havia alguém de casa que servia de padrinho, e o mesmo dono não era mau; além disso, o sentimento da propriedade moderava a ação, porque dinheiro também dói. A fuga repetia-se, entretanto.” (ASSIS, Machado de. Pai contra mãe In: MORICONI, Italo. Os cem melhores contos brasileiros do século. Rio de Janeiro: Objetiva, 2001, p. 19-20)
  • 19. O Abolicionismo As ideias fora do lugar: “No plano, das convicções, a incompatibilidade é clara [...]. Mas também no plano prático ela se fazia sentir. Sendo uma propriedade, um escravo pode ser vendido, mas não despedido. O trabalhador livre, nesse ponto, dá mais liberdade a seu patrão, além de imobilizar menos capital. Este aspecto um entre muitos indica o limite que a escravatura opunha à racionalização produtiva. Comentando o que vira numa fazenda, um viajante escreve: ‘não há especialização do trabalho, porque se procura economizar a mão-de-obra’” (SCHWARZ, Roberto. As ideias fora do lugar In: idem. Ao vencedor as batatas. São Paulo: Duas Cidades; Ed. 34, 2000, p. 13) Conceito elaborado pelo crítico Roberto Schwarz, a partir de sua leitura de “Memórias Póstumas de Brás Cubas” (1881); Contradições da elite econômica brasileira no século XIX: Defensores do liberalismo político (republicanismo); Defensores do liberalismo econômico e do trabalho assalariado; Defesa da manutenção do escravismo; Anacronismo da “modernização” brasileira.
  • 20. O Abolicionismo As ideias fora do lugar: “havia também a máscara de folha-de-flandres. A máscara fazia perder o vício da embriaguez aos escravos, por lhes tapar a boca. Tinha só três buracos, dois para ver, um para respirar, e era fechada atrás da cabeça por um cadeado. Com o vício de beber, perdiam a tentação de furtar, porque geralmente era dos vinténs do senhor que eles tiravam com que matar a sede, e aí ficavam dois pecados extintos, e a sobriedade e a honestidade certas. Era grotesca tal máscara, mas a ordem social e humana nem sempre se alcança sem o grotesco, e alguma vez o cruel” (ASSIS, Machado de. Pai contra mãe In: MORICONI, Italo. Os cem melhores contos brasileiros do século. Rio de Janeiro: Objetiva, 2001, p. 19) Cativo com máscara de folha-de-flandres, de Jean-Baptiste Debret (1835)
  • 21. O Abolicionismo Abolição fruto da relação entre diversos grupos: Elite liberal, ligada ao império: D. Pedro II e Princesa Isabel: abolição lenta e gradual; Medo de revolta dos escravizados; Juventude intelectualizada: Castro Alves: abolição imediata; Negros livres ou cativos: Luis Gama: Abolição imediata e a inclusão social do negro. “Os conflitos entre essas três correntes definiram o ritmo da escravatura” (DEL PRIORE, Mary; VENÂNCIO, Renato. Uma breve história do Brasil. São Paulo: Editora Planeta do Brasil, 2010, p. 203) “Graças ao abolicionismo, a mobilização popular tornou-se um elemento de transformação consciente da realidade. A revolta agora não era circunstancial, contra o aumento dos preços de alimentos ou contra alguma medida que prejudicava os interesses populares, mas sim efetiva, pois tinha por objetivo alterar a estrutura da sociedade” (DEL PRIORE, Mary; VENÂNCIO, Renato. Uma breve história do Brasil. São Paulo: Editora Planeta do Brasil, 2010, p. 206)
  • 22. O Abolicionismo Movimento abolicionista: Organizado ao longo da segunda metade do século XIX, através de associações e jornais; Organização de comícios, palestras e panfletagens; Expansão entre as classes médias urbanas; Como consequência do aumento das pressões pela abolição, há um aumento do tráfico ilegal. Nesse ambiente, o nó da escravidão acabou sendo desatado basicamente à margem do circuito decisório oficial. Na década de 1880, o movimento abolicionista pipocou por todo o país, impulsionado quase exclusivamente pela sociedade. No Ceará, já em 1884 decretou-se uma abolição. No Rio de Janeiro, figuras importantes como Joaquim Nabuco, André Rebouças e José do Patrocínio comandavam a pregação, com o apoio nem sempre velado da princesa Isabel. Em São Paulo, Luiz Gama comandou a formação de uma imensa rede abolicionista informal, cuja amplitude pôde ser medida no dia do seu enterro, quando 3 mil pessoas pararam a cidade em torno do féretro (CALDEIRA, Jorge. História da riqueza no Brasil: cinco séculos de pessoas costumes e governos. Rio de Janeiro: Estação Brasil, 2017, p. 283)
  • 23. O abolicionismo Movimento dos Caifazes: Liderado por Antônio Bento de Souza e Castro; Propostas: Criar redes de apoio; Organizar fugas coletivas e quilombos; “Roubar” de escravizados; Organizar a luta armada. No fechamento do caixão [de Luiz Gama em 1882], um dos que juraram continuar a luta tinha um perfil aparentemente estranho à causa: um ex-delegado de polícia perseguidor de cativos, católico tradicional e membro do Partido Conservador. Mas Antônio Bento mostrou-se pouco convencional ao criar uma organização que chamou de Caifazes. Criou uma rede de pontos de apoio que funcionavam tanto em sacristias como em prostíbulos. Treinou grupos de negros fugidos e ergueu refúgios nos caminhos percorridos por capitães do mato. Promoveu a organização do quilombo do Jabaquara, em Santos – os atos preparatórios incluíram uma declaração municipal de abolição, o que mostra o tamanho do apoio à causa. Armou e venceu uma guerra. Em 1887 o quilombo contava 10 mil habitantes, metade da população da cidade e parte significativa dos 150 mil cativos paulistas contados pouco antes do movimento (CALDEIRA, Jorge. História da riqueza no Brasil: cinco séculos de pessoas costumes e governos. Rio de Janeiro: Estação Brasil, 2017, p. 283)
  • 24. O Abolicionismo Protagonismo negro: Intelectuais negros: Luís da Gama; José do Patrocínio; André Rebouças; Machado de Assis; Revoltas constantes: Revolta de Carrancas (1833); Revolta dos Malês (1835); Revolta de Manuel Congo (1838). “Em 1873 Machado de Assis tornou se funcionário do Ministério da Agricultura; a partir de meados de 1876, passou a chefiar a seção desse ministério encarregada de estudar e acompanhar a aplicação da lei de emancipação [do Ventre Livre]. O romancista formou se e transformou se ao longo dos anos 1870 em diálogo constante com a experiência do funcionário público e do cidadão. De fato, é possível até mesmo investigar as relações entre a experiência do funcionário e a famosa virada narrativa do romancista ocorrida entre 1878 e 1880, ou entre Iaiá Garcia e Memórias póstumas de Brás Cubas” (CHALHOUB, Sidney. Machado de Assis: historiador. São Paulo: Companhia das Letras, 2003 p. 138-139)
  • 25. O Abolicionismo Abolicionistas brancos: Joaquim Nabuco; José Bonifácio; Ângelo Agostini; Joaquim Manuel de Macedo; Castro Alves; Obs.: eram motivados por motivos diversos e não somente “humanitários”. “Trabalhar no sentido de tornar bem manifesta e clara a torpeza da escravidão, sua influência malvada, suas deformidades morais e congênitas, seus instintos ruins, seu horror, seus perigos, sua ação infernal, é também contribuir para condená-la e para fazer mais suave e simpática a idéia da emancipação que a aniquila” (MACEDO, Joaquim Manuel de. As vítimas algozes: quadros da escravidão. São Paulo: Editora Scipione, 1991, p. 4)
  • 26.
  • 27. Abolição legal Lenta e gradual, “para evitar uma guerra civil”; Lei Feijó (1831): Proibia o tráfico, multava traficantes e abolia a escravidão; “Lei para inglês ver”; Lei (Bill) Aberdeen (1845): Lei inglesa que tratava navios negreiros como piratas. “Ao longo do século XVIII, apurando a definição do direito universal ao bem-estar e à liberdade, antropólogos, filósofos e teólogos voltaram-se para o caso do africano e de sua condição no mundo. Sua reflexão levou-os a modificar as noções ordinariamente admitidas até então sobre o negro da África e o escravo americano: de bruto e animal de carga, eles transformaram-no em um ser moral e social” (DAGET, Serge. A abolição do tráfico de escravos. In: AJAYI, Jacob, F. A. História Geral da África, VI: África do século XIX à década de 1880. Brasília: UNESCO, 2010, p. 77)
  • 28. Abolição Legal Lei Eusébio de Queirós (1850): Proibição do tráfico internacional de escravizados; Lei de Terras (1850): Terras devolutas compradas junto ao Estado; Lei Nabuco de Araújo (1854): Sanções e punições mais severas contra traficantes ilegais. Declara desde quando deve ter lugar a competencia dos Auditores de marinha para processar e julgar os réos mencionados no Art. 3.º da lei N.º 581 de 4 de Setembro de 1850, e os casos em que devem ser impostas pelos mesmos Auditores as penas de tentativa de importação de escravos. [...] Art. 2º Será punido com as penas de tentativa de importação de escravos, processado e julgado pelos ditos Auditores, o Cidadão Brasileiro, aonde quer que resida, e o estrangeiro residente no Brasil, que for dono, capitão ou mestre, piloto ou contra- mestre, ou interessado no negocio de qualquer embarcação, que se occupe no trafico de escravos, continuando, em relação aos que importarem para o Brasil, a disposição da Lei de quatro de Setembro de mil oitocentos e cincoenta (Trecho da Lei Nabuco de Araújo)
  • 29. Abolição legal Lei do Ventre Livre (1871): Os filhos de escravizados nasciam livres, embora devessem ou pagar uma indenização ou prestar serviços até os 21 anos; Machado de Assis, como funcionário do Min. da Agricultura, vai ser um dos responsáveis pela aplicação dessa lei a partir de 1873; Segundo Sidney Chalhoub, essa experiência vai mudar decisivamente a literatura e a postura intelectual do escritor; Lei dos Sexagenários (1885): Alforria de escravizados com mais de sessenta anos, com o pagamento de mais 3 anos de trabalho como indenização; Lei Áurea (1888): Abolição da escravidão
  • 30. Abolição legal A Princesa Imperial Regente, em nome de Sua Majestade o Imperador, o Senhor D. Pedro II, faz saber a todos os súditos do Império que a Assembleia Geral decretou e ela sancionou a lei seguinte: Art. 1.º: É declarada extinta desde a data desta lei a escravidão no Brasil. Art. 2.º: Revogam-se as disposições em contrário. Manda, portanto, a todas as autoridades, a quem o conhecimento e execução da referida Lei pertencer, que a cumpram, e façam cumprir e guardar tão inteiramente como nela se contém (Lei Áurea) Meme da página do Twitter História no Paint
  • 31. Abolição legal 1793 1823 1826 1833 1834 1837 1842 1848 1848 1851 1853 1853 1854 1854 1862 1863 1873 1880 1888 1740 1760 1780 1800 1820 1840 1860 1880 1900 Haiti Bolívia Trinidad Paraguai Guiana Francesa Argentina Peru EUA Porto Rico Brasil Cronologia do fim da escravidão nas Américas (Fonte: Atlas IstoÉ Brasil 500 Anos. São Paulo: Editora Três S/A, 1998, p. 71)