1) O documento discute a necessidade de novas estruturas de governo que promovam a participação democrática e a gestão compartilhada.
2) Argumenta que a sociedade atual exige mais transparência, diálogo e responsabilidade compartilhada entre governo, mercado e sociedade civil.
3) Defende que governos devem priorizar políticas públicas que garantam o bem-estar social de forma harmoniosa entre os setores.
Construindo uma governança solidária em Porto Alegre
1. A CONSTRUÇÃO DE NOVOS ESPAÇOS PARA UMA
MELHOR CONVIVÊNCIA ENTRE OS HUMANOS
CONECTANDO A GOVERNANÇA SOLIDÁRIA LOCAL AO FUTURO
QUE QUEREMOS PARA PORTO ALEGRE
CEZAR BUSATTO
Secretário de Coordenação Política e Governança Local de Porto Alegre
JANDIRA FEIJÓ
Conexões de Conteúdos / Secretaria de Coordenação Política e Governança Local de Porto Alegre
Julho /2010
Emails: busatto@smgl.prefpoa.com.br / jandiraf@smgl.prefpoa.com.br
Blogs: http://www.vidademocratica.com/ http://jandirafeijo.blogspot.com
2. Uma nova expressão do viver em sociedade
A expansão democrática, aliada aos avanços
científicos e tecnológicos, e à crescente
consciência do papel dos cidadãos na
condução dos seus destinos, trouxe à tona
uma nova expressão do viver em sociedade.
Você pode identificar alguns exemplos
concretos desta nova forma da sociedade se expressar?
Os cidadãos deste novo Século
A sociedade do século XXI reflete o fortalecimento de
cidadãos mais conscientes; o alastramento de
organizações não-governamentais e o crescimento do
número de empresas socialmente responsáveis –
autores sociais que introduzem na agenda mundial
movimentos conectados e uma cidadania em rede cada
vez mais atenta e articulada.
Você pode identificar na sua rua, no seu bairro, na sua região, na sua cidade,
na sua atividade profissional, no seu ativismo comunitário, na sua militância
política ou na sua atuação como voluntário quais são estes autores sociais
que se dispõem a compartilhar responsabilidades e agir de forma articulada
em benefício do local onde vivem ou trabalham?
2
3. De qual progresso e civilização estamos falando?
Entre as sombras e as luzes da globalização, surge
uma nova visão de progresso e civilização: a
sustentabilidade do planeta e da humanidade
depende do desenvolvimento das capacidades
individuais do ser humano e do estreitamento das
relações de confiança, solidariedade, cooperação e
espírito cívico das comunidades.
Você pode identificar quem são as pessoas na
sua rua, no seu bairro, na sua região, na sua
cidade, na sua atividade profissional, no seu ativismo comunitário, na sua
militância política, na sua família, entre seus amigos ou na sua atuação como
voluntário que efetivamente constroem relações de confiança, solidariedade e
cooperação?
De que governo estamos falando?
É neste ambiente, favorável à abertura de novos
espaços para a participação democrática e ao
crescimento da gestão participativa, que o Estado,
os governos – estruturados a partir de conceitos,
modelos e arquiteturas arcaicas e ultrapassadas –
precisam adequar-se para oferecer respostas à
altura dos novos tempos.
3
4. Você pode identificar de que modo se manifesta negativamente as
estruturas e organizações da máquina pública, impedindo, assim, a solução
dos problemas das comunidades locais? E você consegue identificar
estruturas semelhantes às estatais que se reproduzem nas associações,
ONGs, sindicatos,etc?
Os senhores feudais e a formação da exclusão
Atrelados a decisões de corporações
transnacionais, cujos capitais financeiros entram e
saem das economias locais qual nuvem de
gafanhotos; expostos às deliberações das grandes
potências mundiais, cujos resultados moldam
campos de refugiados, favelas e um contingente
cada vez maior de excluídos, os governos ainda
reagem como se estivessem em 1900, concentrados nas velhas práticas de
gestão centralizada e imediatista, com ações setoriais, desarticuladas,
sobrepostas e sem foco.
Os clientes do assistencialismo
De um modo em geral, os governos têm
dificuldade de livrar-se dos programas
assistencialistas e paternalistas, ignoram a
energia liberada pela nova sociedade e investem
sem preocupação com a definição de metas e
sem o monitoramento de suas ações.
4
5. Você pode identificar alguns exemplos concretos que demonstrem que
também muitas comunidades e corporações se acomodam e gostam do
paternalismo estatal que as mantém reféns e clientes?
Os burocratas e os carentes
Os governos agem, de um modo em geral, sem
preocupação com a eficiência e com a eficácia de
seus projetos; perdem-se pelos obscuros caminhos
da burocracia, alimentam ciclos clientelistas e tratam
parcelas enormes da população como carentes –
criaturas desprovidas de iniciativa e possibilidade de
emancipação.
Quem elege os governantes e legisladores? Quem são os candidatos às
carreiras do funcionalismo público? Quem compõe os Partidos Políticos?
Quem exige responsabilidade social dos militantes partidários?Quem pode
democraticamente buscar as mudanças e transformações que estão sendo
colocadas em prática pela sociedade?
Orçamentos com pouco dinheiro, serviços para os cidadãos com muitos
déficits
Por outro lado, restritos a orçamentos fiscais limitados, estes governos
acumulam déficits sociais imensos, contribuindo – e não enfrentando
efetivamente o problema – com o alargamento e permanência de
desigualdades crônicas. Ante a este mundo em mutação, a saída para
o enfrentamento dos problemas sociais é, portanto, política.
5
6. De que modo a sociedade em geral, e você, especificamente, pode apontar
saídas para enfrentar estes desafios?
Mais Democracia e menos Igualdade?
Em todos os países democráticos, especialmente
na América Latina, assusta “a sensação crescente
de que a democracia não trouxe desenvolvimento
na forma de mais empregos, escolas e saúde1”,
mas sim a elevação das desigualdades, dos
índices de violência e da criminalidade. No caso
brasileiro, todavia, a apreensão é ainda maior.
Democracia se traduz em emprego, saúde e educação?
O Brasil, por exemplo, consolidou sua democracia
eleitoral, mas está longe de ser considerado uma
democracia efetiva pela população, revelando um Estado
enfraquecido2.
Os brasileiros cada vez mais aderem à democracia, na
prática, porém, não confiam que suas instituições possam
melhorar a vida delas. O Estado brasileiro ensimesmou-se,
enveredando por caminhos não necessariamente amalgamados pela ética e pela
responsabilidade social.
1 Relatório da ONU sobre os Índices de Desenvolvimento Humano de 2002.
2 “A Desconfiança dos Cidadãos nas Instituições Democráticas”, pesquisa coordenada pelos cientistas políticos José Álvaro Moisés (USP) e
Rachel Meneguello (Unicamp), 2006, com dados comparados com estudos semelhantes feitos em 2000, 1997, 1993 e 1990.
6
7. Resultados sociais correspondem aos anseios da população?
“O efeito disso foi o acúmulo de resultados sociais
não correspondentes aos anseios e necessidades
da população, má utilização de recursos públicos e
uma arquitetura velha, centralizada, dispersa em
dezenas de órgãos que não atuam
coordenadamente e que não operam em sintonia
com a iniciativa privada, com as organizações não-
governamentais, com o voluntariado, enfim, com a
sociedade, que tem hoje forças vivas que trabalham pelo bem-estar-social e que
estão dispostas a fazê-lo em parceria com os governos3”.
Ética, Responsalidade Social e Harmonia
A questão chave é que o novo paradigma, voltado para o desenvolvimento
sustentável e eqüitativo, lastreado nos princípios da responsabilidade social,
equilibra-se na relação mais harmoniosa entre Estado, Mercado e Sociedade.
Se a chave para a mudança é esta, você concorda que a
nossa força, como sociedade está em aceitar,
compreender e potencializar o que nos diferencia, vendo
na diferença a possibilidade de complementar idéias,
ações e recursos? Você concorda que o quê nos separa
não é diferença, mas sim a desigualdade?
3 A Era dos Vagalumes – O Florescer de uma Nova Cultura Política, Cézar Busatto e Jandira Feijó, Editora da Ulbra, 2006, página 28.
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8. Governos existem para melhorar a vida e as relações entre as pessoas
Hoje, mais do que nunca, é chegado o momento do
Estado reinventar-se e, ao mesmo tempo, reassumir seu
papel primordial e prioritário que é prover políticas
públicas que garantam o bem-estar social de todos, com e para a sociedade.
“Afinal, governos existem para melhorar a vida
das pessoas, para assegurar a paz e autonomia
das comunidades4”.
Uma nova estrutura de Estado e de Governo
A nova arquitetura estatal deve compartilhar o poder,
ser efetivamente pública, “compatibilizar pluralidade e
especificidades, induzir o fortalecimento sociais
locais de desenvolvimento integrado e sustentável, e,
principalmente, compreender o protagonismo da
cidadania, abandonando as políticas públicas
assistencialistas, clientelistas, paternalistas,
fisiológicas5”.
4
Cezar Busatto, Secretário de Coordenação Política e Governança Local de Porto Alegre
5 A Era dos Vagalumes – O Florescer de uma Nova Cultura Política, Cézar Busatto e Jandira Feijó, Editora da Ulbra, 2006, página 32.
8
9. NOVO PARADIGMA
A Sociedade da Informação
A necessidade de mais transparência,
diálogo, participação, co-
responsabilidade, ética, eficácia,
monitoramento e avaliação de
resultados tanto na esfera pública
quanto privada, é fruto desta sociedade
do século XXI, onde a informação
circula e é gerada em todas as direções,
possibilitando maior comunicação entre as pessoas e tecendo uma vigorosa teia
de relações.
Sobre redes e conexões
Nesta sociedade em que se melhor visualiza as
redes e conexões entre os humanos não se
delega poder e sim se distribui
responsabilidades em torno de objetivos
comuns.
Conforme o fluxo das informações e das
conexões construídas, o desenho dessa rede
vai se alterando de estruturas centralizadas
9
10. para estruturas distribuídas e isto fará, cada vez, uma grande diferença no
comportamento dos governantes, legisladores, empresários, entidades
comunitárias e cidadãos de um modo em geral.
Diálogo e Colaboração
Com a emergência da força de tantos autores sociais
entrelaçados e articulados, torna-se imperativa a
construção de caminhos que desobstruam os entraves ao
diálogo, à diversidade, à pluralidade e, portanto, da
sustentabilidade das relações humanas, políticas, sociais,
institucionais e mercadológicas.
Este é o caminho da inovação, da criatividade, do empreendedorismo.
A inovação é a solução que só aparece na alquimia da relação e isto ocorre com a
negociação.
Temos que estar preparados para o debate e preparar-
se para o debate não significa armar-se para destruir os
argumentos do outro e sim ter consciência de nossos
argumentos e capacidade para ouvir os argumentos do
outro. Não precisamos temer os conflitos, temos que
saber gerenciá-los, isto é muito diferente da prática da cooptação, da censura, que
renegam e sufocam as divergências, acirrando ânimos.
Você se dispõe a enfrentar este tipo de desafio? Você concordaria em dar o
primeiro passo para introduzir a prática do diálogo na comunidade onde vive
ou atua?
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11. Estado, Mercado e Sociedade são feitos por pessoas e só existem porque
seres humanos precisam se relacionar
A partir dessa pressão espontânea, o que se
convencionou chamar de primeiro, segundo e terceiro
setores – Estado, Mercado e Sociedade – são levados a
adequar-se sob pena de tornarem-se inviáveis, pelo
menos nos moldes de até então.
Compreender isso é aceitar o diálogo, compreender isso
é fundamental para sobreviver, seja no mundo dos negócios, no mundo da
política, na vida familiar, ou em qualquer grupo social.
Dialogar, portanto, é a essência dos relacionamentos.
Dialogar não é trocar frases e palavras, é ver nascerem novas convicções e
argumentos pela troca de energia e conhecimento com o nosso interlocutor.
Dialogar é mais do que uma soma: é uma espécie de “fecundação” decisiva
para a compreensão do “outro”. É o diálogo que gera conhecimento e a
inovação que poderá resultar na solução!
Você já tentou dialogar ouvindo sem
preconceitos, sem idéias pré-concebidas o que
outra pessoa possa a ter para lhe dizer?
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12. Governança como sinônimo de respeito, diálogo e participação democrática
É assim que no passado recente fraudes e escândalos
no Mercado, com graves impactos financeiros para a
iniciativa privada (e prejuízos sociais como a redução
de emprego e diminuição do pagamento de impostos)
colocaram em evidência no mundo dos negócios a
necessidade de práticas de “governança corporativa”.
Da mesma forma, a concretização da União Européia
exigiu a concepção de um ambiente político mais além da “governabilidade”.
Sociedades, como nós, seres humanos, também precisam amadurecer
Isso significa uma guinada de rumos importante, já que
potências econômicas, financeiras, Nações, governos e
corporações de várias partes do mundo se vêem obrigadas a
alterar rotas para adaptarem-se aos movimentos de uma
sociedade mais madura.
Porto Alegre, deste ponto de vista tem uma
história com marcas indeléveis. A cidade
tem suas origens mais profundas na longa tradição de
associativismo e vida comunitária que acompanha o
surgimento e a historia de nossos bairros e vilas. Essa atitude
participativa de homens e mulheres que se estabeleceram aqui conformou ao
longo de tempo as mais variadas formas de ação coletiva em favor do interesse
comum, da construção de uma cidade mais justa e inclusiva para todos.
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13. Tipos de comunidades
Podemos identificar três grandes formas da participação
comunitária que contribuíram para a construção da
democracia e para o desenvolvimento da cidade de Porto
Alegre. Todas elas se relacionam e convivem entre si,
embora em cada situação e em cada momento uma ou outra
possa predominar em relação às demais, conferindo uma
determinada identidade a vida associativa e comunitária.
Resistência – Uma primeira forma de participação na
construção da cidade pode ser caracterizada como de
resistência aos desmandos, a violência, as
arbitrariedades, aos preconceitos, as discriminações de
todo tipo. Através desta forma de participação
democrática se constituem comunidades de resistência
ao arbítrio e as injustiças. A defesa da dignidade humana e da liberdade e a idéia
forca que anima estas pessoas e comunidades.
Reinvindicação – Uma segunda forma de participação
caracteriza-se pela defesa dos direitos humanos e
sociais básicos, como o acesso a terra, a moradia, aos
serviços públicos essenciais como a educação, a
saúde, o saneamento, o transporte, a segurança
pública.
Nesta forma de participação comunitária, formam-se comunidades de
reivindicação e de controle social sobre as políticas publicas, para que estas
respondam as necessidades dos que mais precisam. Colocar o poder público a
serviço do cidadão e a idéia força que anima estas pessoas e comunidades.
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14. Emancipação e Projeto – Podemos identificar uma
terceira forma de participação, quando uma comunidade
vai mais alem da resistência, da reivindicação e do
controle social sobre as políticas publicas e começa a
protagonizar seu próprio projeto de desenvolvimento,
colocando-se na condição de sujeito do seu presente e
da construção de seu futuro.
Nesta situação, as pessoas somam suas capacidades e energias para elaborar
seus planos de melhorias e de desenvolvimento comunitário, exercem seu espírito
inovador e empreendedor para buscar alternativas de autonomia e
sustentabilidade, de geração de riqueza, trabalho e renda, buscam viabilizar
parcerias e alianças estratégicas com governos, empresas e organizações sociais,
universidades e institutos de pesquisa para colocar em prática os planos e projetos
elaborados coletivamente.
A sustentabilidade coletiva virá com a ruptura de comportamentos
individualistas
A velocidade com que estas mudanças estão ocorrendo
representa, enfim, que temos uma real possibilidade de ofertar
resultados positivos e concretos à população por meio de
políticas públicas sustentáveis e eficazes; de geração e
distribuição de renda e oportunidades, e, finalmente, de
constituição de ambiente gerador de paz, harmonia e felicidade exigem a imediata
superação de antigos paradigmas.
14
15. O que pode ser o grande salto da humanidade neste novo século? Como nos
apropriarmos de todas as camadas e superposições do conhecimento
herdado das gerações que nos antecederam para conectá-las ao
conhecimento que está sendo gerado agora e com isso assegurar a
sustentabilidade do planeta e da própria humanidade?
A inteligência coletiva apontará as soluções
Temos, efetivamente, neste novo século, a possibilidade de
constituirmos uma nova civilização, onde os saberes e
capacidades individuais são cada vez mais importantes, desde
que os indivíduos se disponham a abrir mão de comportamentos
individualistas e cooperem, coloquem seu saber à disposição;
aprendam a dialogar para aprender ainda mais. É isto que gera a inteligência
coletiva.
“Os universos burocráticos e totalitários terminam por fracassar porque
impedem que a inteligência coletiva se manifeste”.
A inteligência do todo não resulta mais mecanicamente de atos cegos e
automáticos, pois é o pensamento das pessoas que pereniza, inventa e põe
em movimento o pensamento da sociedade.
Em um coletivo inteligente, a comunidade assume como objetivo a
negociação permanente da ordem estabelecida, de sua linguagem, o papel
de cada um, o discernimento, a definição de seus objetos, a reinterpretação
do seu futuro6.”
6
Pierre Levy, em palestra no Fronteiras do Pensamento, 2006.
15
16. A tecnologia gerou o motor que dá acesso à informação e identifica as
conexões, mas o que aciona o motor das mudanças é o compartilhamento
do conhecimento, é a colaboração
Os fluxos vertiginosos de recursos e informação que atravessam os continentes
sem levar em conta fronteiras territoriais geraram experiências inovadoras e
transformadoras onde temos, via de regra, as cidades como atores locais
emergentes no mundo globalizado.
O território como o local da atitude que supera os desafios e pratica a
colaboração
Ao mesmo tempo em que as cidades precisam estar
conectadas à modernidade, é nos seus territórios que
as populações sofrem e gozam os impactos dos
novos tempos.
Isto exige que tanto os governantes municipais,
servidores públicos, quanto todos os cidadãos,
empresas locais, organizações não-governamentais efetivamente se unam para
enfrentar os desafios de um mundo globalizado e usufruam das vantagens que um
mundo sem fronteira oferta com cardápios de soluções compartilhadas.
A cidade como potência, o cidadão exercitando o poder
A potência das cidades com seus múltiplos territórios e a rica
diversidade dos cidadãos que realizam suas vidas nestes locais,
será tão mais intensa quanto mais atentos e receptivos
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17. estivermos para diagnosticar as deficiências que ali surgem e os ativos que
também ali existem para enfrentá-los.
A força dos cidadãos, por sua vez, está em exigir seus direitos com a mesma
intensidade com que assume seus deveres. Isto se reflete positivamente na vida
da cidade quando a participação pró-ativa da população conecta-se de forma
plural e respeitosa em prol de um objetivo comum e, gerenciando seus conflitos,
constrói agendas onde juntos os cidadãos daquele local formam um time para
alcançar as metas estabelecidas conjuntamente.
O que dá efetividade à Democracia é o respeito à pluralidade, a valorização
da diversidade, a articulação de saberes, a gestão dos conflitos
Se a iniciativa privada já compreendeu tudo isso, se as
organizações não-governamentais, o voluntariado,
enfim, se Mercado e Sociedade já começam a
transformar sua forma de relacionar-se, como pode o
Estado, os governos seguirem repetindo padrões de
ação e comportamento ultrapassados?
E você, o que tem feito para não se omitir? O que
tem feito para alterar seus padrões de ações e comportamentos para que
não repita paradigmas ultrapassados?
17
18. Conexões, Sinergia e Cooperação: vocês ainda vão ouvir falar muito nisso
Hoje, não é mais possível imaginar um poder
estatal público que não atue conjugando os
esforços de governabilidade (adesão dos
segmentos interessados e da opinião pública) e
esforços de governança (negociação com atores).
A sinergia entre estas duas concepções,
potencializada pela necessidade de agir com foco
preciso no lugar onde as pessoas vivem, resgata uma espécie de reconhecimento
ao indispensável equilíbrio do ecossistema social.
Governança Solidária Local
Coesão ou conflito social, êxito ou do fracasso do
desenvolvimento econômico, preservação ou
deterioração do ambiente natural, bem como o respeito
ou a violação dos direitos humanos e das liberdades
fundamentais são opções da encruzilhada em que se
vê a humanidade e que podem ser iluminadas pelo
que denominamos “Governança Solidária Local”: um
jeito de melhor nos comunicarmos, melhor nos relacionarmos, melhor
governarmos.
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19. AVANÇOS DEMOCRÁTICOS
MAIS ALGUMAS REFLEXÕES
O papel dos articuladores de governança é fomentar a confiança, a
cooperação e o fortalecimento das redes sociais, com pluralidade, sem
exclusões:
Despertar as capacidades dos indivíduos, os ativos da
comunidade, não apenas as suas necessidades;
Despertar nas pessoas a capacidade de enxergar não só
as suas carências, mas também suas forças, potências
Lembre que para articular Redes de Governança Solidária Local é preciso ter
em mente que:
Humanos são seres essencialmente sociais. Por serem
necessariamente seres sociais, as pessoas cooperam entre si e são
solidárias;
Humanos para viver e sobreviver em sociedade precisam fortalecer as
relações de cooperação entre pessoas. As pessoas querem melhorar-se,
desenvolverem-se, emanciparem-se. As comunidades também: é preciso
despertá-las, estimulá-las a sonhar, fomentar as parcerias e alianças para realizar
seus sonhos.
19
20. RELEMBRANDO:
A Governança Solidária Local é simplesmente um jeito de governar que prioriza
as relações horizontais e solidárias com vistas ao desenvolvimento local
sustentável:
Governança porque visa a gestão de saberes, de relacionamentos e de
processos. Solidária porque incentiva à cooperação e à resolução de conflitos.
Local porque precisa acontecer no território, que é o local onde o ser humano se
expressa na sua integralidade.
Por fim:
Porto Alegre é uma cidade que resiste à
modernidade?
Porto Alegre reivindica e não assume
seus deveres?
Porto Alegre se une em torno de um
projeto de futuro?
Qual a forma de participação predominante na sua comunidade: resistência,
reivindicação ou projeto?
Qual a avaliação que fazemos da democracia que estamos construindo em
Porto Alegre?
De que modo a democracia está alavancando o desenvolvimento econômico
e social de Porto Alegre?
Como podemos contribuir para democratizar a democracia em Porto Alegre?
Como podemos contribuir para o desenvolvimento de Porto Alegre?
20
21. Ao adotar o conceito de Governança Solidária Local
como bússola, a Prefeitura Municipal de Porto
Alegre se coloca o compromisso de:
Diagnosticar a realidade social – trabalhando com indicadores territoriais.
Adotar orçamento por programas – reduzindo a setorização e
potencializando a aplicação dos recursos públicos.
Atuar territorialmente – governando no local onde as pessoas vivem
Governar por metas de melhoria social – estimulando a transparência dos
programas estratégicos.
Promover a transversalidade nas ações governamentais – reduzindo áreas
de conflitos entre as visões / interesses dos múltiplos partidos que formam o
governo.
Avaliar a eficácia das políticas sociais – prestando contas de suas ações.
Construir políticas públicas e definir aplicações de recursos a partir do ciclo
do Orçamento Participativo e das múltiplas instâncias, conselhos e fóruns de
participação democrática da cidade.
Encontrar alternativas criativas para potencializar os recursos da cidade de
modo a viabilizar os projetos de futuro das comunidades locais e da cidade
como um todo.
Desenvolver a co-responsabilidade e gerar ambiente de diálogo
Construir visão de futuro coletiva e estimular parcerias e cooperação
Incentivar o empreendedorismo e alcançar novo patamar de bem estar
social
Fortalecer a democracia
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22. Mas, afinal, o que são Redes?
Texto de Egeu Laus
“Mas, afinal, nos dias de hoje, que diabo
de expressão é esta? O que significa esta
palavrinha que vem sendo lida e citada em
toda parte nas mais variadas acepções?
Trabalhar em rede, rede de
relacionamentos, organizações em rede,
gestão em rede, etc. Tudo agora é em rede?
Na sua definição mais básica podemos dizer que qualquer artefato que permita
uma comunicação mais ou menos permanente entre um determinado número de
pessoas conforma uma rede.
Nesse sentido, a malha telefônica de uma cidade, é a rede telefônica. Ou muito
antigamente a de trens formava a rede ferroviária. Com o tempo, os usuários
constantes de um determinado tipo de informação passam a ser chamados
também de uma rede.
Portanto, a Ordem dos Cavaleiros Templários configurava de
certo modo uma rede, as lojas das Casas Pernambucanas
eram uma rede, e assim por diante. Invente aí os exemplos que
você quiser, até chegar aos emblemáticos exemplos do
segmento das comunicações como a Rede Globo, a Rede
Record, as redes radiofônicas e as redes de jornais e revistas,
etc.
22
23. Qual é a grande diferença entre elas e o que hoje estamos conhecendo como
Redes Sociais?
É que elas recebiam erradamente o nome
de redes centralizadas, quando toda a
informação era enviada apenas de um
ponto, ou eram chamadas de redes
descentralizadas, quando vários pontos
intermediários emitiam também
informações. Mas, no fundo, elas nunca
desenharam realmente uma Rede.
O que configura verdadeiramente uma
Rede é a possibilidade de TODOS os
pontos poderem se comunicar com
TODOS os outros pontos, em todas as direções, livremente, ponto a ponto,
naquilo que se conhece conceitualmente como Rede Distribuída.
Qual é a grande mudança? A possibilidade de todos os cidadãos ouvirem e
serem ouvidos e poderem congregar em torno de suas vozes as mais
variadas e múltiplas maneiras e formas de ação e atuação. Sem que ninguém
tenha que falar por elas”.
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24. Rede Social Centralizada
Estabelece relações piramidais, hierárquicas e de comando e controle entre pessoas
Corresponde a uma prática política competitiva, adversarial, de disputa pelo poder
Resolve conflitos com baixa intensidade democrática – Vencedores e Perdedores
Situação típica da atual democracia representativa, dos partidos políticos e do voto
Exemplos de como a rede social centralizada se expressa:
Governo Provedor
Cidadão de Direitos - usuário/eleitor
Oferta de serviços públicos de boa qualidade
Voto bem informado e consciente
Facilidades do governo eletrônico – Web 1.0
Rede Social distribuída
Estabelece relações horizontais, igualitárias e de convivência entre pessoas.
Corresponde a uma prática política cooperativa (diálogo, respeito à diferença) de busca
do bem comum.
Resolve conflitos com alta intensidade democrática – Todos Vencedores.
Ambiente típico da democracia como modo de vida comunitário, local, na base da
sociedade e no cotidiano dos cidadãos.
Exemplos de como a rede social distribuída se expressa:
Governança Solidária Local / Cidadão de Direitos e Responsabilidades
Co-produção de serviços públicos / Co-produção da informação
Co-produção da cidade / Facilidades das plataformas colaborativas - Web 2.0
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25. Lições de um cara dançante!!!
Se você já aprendeu bastante sobre liderança e como criar um movimento, então
que tal assistirmos um movimento acontecer, do início ao fim, em menos de 3
minutos, e retirar algumas lições:
Um líder precisar ter a ousadia de começar sozinho e se passar por ridículo. Mas o
que ele está fazendo é tão simples, é quase instrutivo. Essa é a chave. Você deve
ser fácil de seguir!
Então, chega o primeiro seguidor com um papel crucial: ele mostra publicamente
como seguir. Perceba que o líder o recebe como um igual, então já não é mais a
respeito do líder - é a respeito deles, plural. Veja que ele está chamando os
amigos para juntarem-se a ele. É necessário ousadia para ser o primeiro seguidor!
Você se expõe e desafia o ridículo, por conta própria. Ser um primeiro seguidor é
uma forma de liderança menosprezada. O primeiro seguidor transforma um
maluco solitário em um líder. Se o líder é a perdeneira, então, o primeiro seguidor
é a faísca que acende o fogo.
O 2º seguidor é um ponto decisivo: é a prova de que o primeiro se saiu bem.
Agora já não é um maluco solitário, nem dois malucos. Três é uma multidão e uma
multidão é notícia.
Um movimento deve ser público. Certifique-se que os de fora possam ver mais
que apenas o líder. Todos precisam ver os seguidores, porque os novos adeptos
imitam os veteranos - não o líder.
Então chegam mais 2, depois mais 3. Agora temos cinética. Esse é o ponto da
virada! Agora temos um movimento!
Quanto mais pessoas aderem, deixa de ser arriscado. Se antes estavam encima
do muro, agora não há razão para não se juntarem. Elas não serão ridicularizadas,
não ficarão expostas, e estarão no centro da multidão, caso se apressem. Ao
longo do próximo minuto veremos que o restante prefere fazer parte da multidão,
uma vez que poderiam ser ridicularizados por não se juntarem.
Senhoras e senhores, essa é a maneira como se produz um movimento! Vamos
recapitular o que aprendemos:
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26. Se você for uma versão do cara dançante sem camisa, completamente sozinho,
lembre-se da importância de tratar seus primeiros seguidores como seus iguais,
deixe tudo claro sobre o movimento, não sobre você.
Seja público. Seja fácil de seguir! Mas a maior lição aqui - você percebeu?
Liderança é superestimada. Sim, isso começou com um cara sem camisa, e ele
levará todo o crédito, mas vocês viram o que realmente aconteceu:
Foi o primeiro seguidor que transformou um maluco solitário em um líder.
Não há movimento sem um primeiro seguidor. Dizem que todos nós precisamos
ser líderes, mas isso seria realmente inútil. A melhor maneira de criar um
movimento, se você realmente se importa, é corajosamente seguir e mostrar aos
outros como seguir. Quando você encontrar um maluco solitário fazendo algo
formidável, tenha a ousadia de ser a primeira pessoa a se levantar e juntar-se a
ele.
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