Esta cena descreve um Corregedor e um Procurador que vêm carregados com processos judiciais e livros, respectivamente. A cena critica a justiça humana corrupta em contraste com a justiça divina. Ambos usam latim para impressionar o Diabo e ridicularizar os réus.
2. Esta cena é composta por duas personagens do meio
judicial que se complementam (um Corregedor e um
Procurador).
Atualmente, o primeiro seria juiz e o segundo advogado.
O Corregedor vem carregado de feitos (processos
judiciais).
O Procurador vem carregado de livros.
As personagens vêm efetivamente muito carregadas de
pecados.
Esta cena é uma crítica à justiça humana (corrompida e
que se deixa subornar) por oposição à justiça divina.
3. Ambos utilizam o latim, pois era a língua usada no
meio jurídico na época.
O latim também serve para impressionar o Diabo.
O Diabo e o Parvo usam igualmente o latim
macarrónico (incorreto) de forma a ridicularizarem os
réus e a provocar o riso (cómico de linguagem).
4. O Corregedor assemelha-se ao Fidalgo, mostrando-se
muito superior quando diz “Está aqui o senhor juiz”
O Corregedor também mostra semelhança com o
Sapateiro quando diz “ Eu mui bem me confessei,/mais
tudo quanto roubei/encobri ao confessor…”
O Sapateiro também tinha morrido “comungado e
confessado”.
Brísida reage mal à chegada do Corregedor, pois já se
conheciam certamente. Ela teria sido julgada por ele em
mais que uma ocasião “Já siquer estou em paz,/que não
me leixáveis lá…”
5. ACUSAÇÕES FEITAS AO
CORREGEDOR
“Oh amador de perdiz”;
“Santo Descorregedor”
Quando éreis ouvidor/nonne accepistis rapina?
“quia judicastis malitia”
“E as peitas dos judeus/que vossa mulher levava?
“Et vobis quoque cum ea,/não temuistis Deus”./ A
largo modo adquiristis/sanguinis laboratorum, /
ignorantes peccatorum/ ut quid eos non audistis?
“Os mestres das burlas vistas/lá estão bem freguados”
6. “Para além da nobreza, aponta Gil Vicente uma
administração e uma magistratura corrompidas,
venais, insaciáveis espoliadoras dos próprios
administrados. Meirinhos, corregedores, juízes, altos
funcionários são fustigados impiedosamente.” – diz
António José Saraiva
7. “Para além da nobreza, aponta Gil Vicente uma
administração e uma magistratura corrompidas,
venais, insaciáveis espoliadoras dos próprios
administrados. Meirinhos, corregedores, juízes, altos
funcionários são fustigados impiedosamente.” – diz
António José Saraiva