O documento resume as principais figuras de linguagem, classificando-as em figuras da palavra, figuras de pensamento e figuras de sintaxe. Ele define figuras como metáfora, comparação, metonímia, antítese, hipérbole, ironia e personificação, dando exemplos de cada uma.
2. AS FIGURAS DE LINGUAGEM...
[...]São recursos de expressão, utilizados por um escritor, com o
objetivo de ampliar o significado de um texto literário ou também para
suprir a falta de termos adequados em uma frase. É um recurso que dá
uma grande expressividade ao texto literário.
6. METÁFORA
EXEMPLO: Percebemos neste exemplo a relação implícita,
onde o tempo é tão valoroso quanto o dinheiro, por
isso ele é colocado como semelhante à moeda.Tempo é dinheiro
A metáfora é um tipo de comparação, mas sem os termos comparativos (tal como, como, são
como, tanto quanto, etc). Na metáfora, a comparação entre dois elementos está implícita,
trazendo uma relação de semelhança entre eles.
7. COMPARAÇÃO
A comparação consiste na aproximação entre dois objetos por meio de uma característica
semelhante entre eles, dando a um as características do outro. Difere da metáfora porque
possui, obrigatoriamente, termos comparativos. Em suma, é uma comparação explícita.
EXEMPLO:
Tempo é como dinheiro.
Neste exemplo vemos o principal definidor de
uma comparação: a palavra como traz
explicitamente a ideia de que o tempo é
valoroso como o dinheiro.
8. METONÍMIA
É a substituição de uma palavra por outra sendo que, entre ambas, há uma
proximidade de sentidos, uma relação de implicação
EXEMPLO:
• Não leu Machado de
Assis.
• Não leu a obra de
Machado de Assis.
Vemos no exemplo que a obra de
Machado de Assis foi substituída só
pelo nome do autor. A metonímia
consiste nessa substituição de
palavras, dando o mesmo sentido a
uma frase.
9. SINESTESIA
A sinestesia traz textos que expressam as sensações humanas, com o cruzamento de
palavras referentes aos cinco sentidos.
EXEMPLO:
Recordação
Agora, o cheiro áspero das flores
leva-me os olhos por dentro de suas
pétalas.
- Cecília Meireles
Aqui, vamos uma característica do
olfato (cheiro) misturada com outra do
tato (áspero).
11. ANTÍTESE
A antítese consiste no uso de palavras, expressões ou ideias que se opõem.
EXEMPLO:
Soneto da Separação
De repente do riso fez-se o pranto
Silencioso e branco como a bruma
E das bocas unidas fez-se a espuma
E das mãos espalmadas fez-se o
espanto
-Vinícius de Moraes
Neste soneto vemos claramente a antítese
por trás da temática da separação amorosa:
o que antes era riso trouxe lágrimas com a
separação; as bocas unidas pelo beijo no
amor se separam como a espuma que se
espalha e se dissolve. A oposição de
sentimentos e atos forma claramente a
antítese.
12. EUFEMISMO
O eufemismo ocorre quando utilizamos palavras ou expressões que
atenuam e substituem outras que produzem um efeito desagradável e
chocante.
EXEMPLO:
• Faltei com a verdade ao dizer que
fui à igreja.
• Menti ao dizer que fui à igreja.
A expressão e o impacto negativo
que a palavra menti traz é
"suavizado" ao dizer que "faltei com
a verdade“.
13. HIPÉRBOLE
Esta figura de linguagem consiste no emprego de palavras que
expressam uma ideia de exagero de forma intencional.
EXEMPLO:
Ela chorou rios de
lágrimas.
Chorar rios remete a um choro
contínuo, exagerado e o termo
rios vem para enfatizar a ideia
de que foi um choro intenso.
14. IRONIA
É a expressão de ideias com significado oposto ao que se realmente
pensa ou acredita.
EXEMPLO:
Moça linda, bem tratada,
Três séculos de família,
Burra como uma porta:
Um amor!
- Mário de Andrade
O trecho é o exemplo claro de ironia: a
moça é descrita como, bonita e bem
tratada, tradicional, conservadora (é de
família) e burra. O destaque em "um
amor", apoiando-se na descrição da moça,
mostra que ela, ao contrário de ser esse
"amor de pessoa", é, na verdade, alguém
sem atrativos, sem graça.
15. PERSONIFICAÇÃO
(PROSOPOPÉIA)
A personificação, também chamada prosopopeia, consiste na atribuição
de características humanas, como sentimentos, linguagem humana e
ações do homem, a coisas não-humanas.
EXEMPLO:
Congresso Internacional do Medo
Provisoriamente não cantaremos o amor,
que se refugiou mais abaixo dos subterrâneos.
Cantaremos o medo, que esteriliza os abraços,
não cantaremos o ódio, porque esse não existe,
existe apenas o medo, nosso pai e nosso companheiro.
-Carlos Drummond de Andrade
Neste exemplo, o medo,
uma sensação, é
transformado em pai e
companheiro, algo que
só é atribuído a um ser
humano.
16. GRADAÇÃO
Nesta figura as ideias aparecem de forma crescente ou decrescente
dentro de um texto.
EXEMPLO:
Meia noite em ponto em Xangai
A mulher foi-se encolhendo, agarrada aos
braços da poltrona. Cravou o olhar esgazeado
no retângulo negro do céu. Encolheu-se mais
ainda, cruzando os braços. Limpou as
mãos pegajosas no brocado da bata. Susteve a
respiração.
- Lygia Fagundes Telles
Aqui a gradação crescente vem
trazendo uma ideia da
sensação do medo que vai
aumentando.
18. ELIPSE
Temos elipse quando, em um texto, alguns elementos são omitidos sem ocasionar
a perda de sentido, uma vez que as palavras omitidas ficam subentendidas
através do contexto.
EXEMPLO:
• Ela está passando mal! Depressa,
um médico!
• Ela está passando mal!
Depressa, chamem um médico!
Na primeira frase temos a elipse ao
vermos que a palavra chamem está
escondida. Não é necessário colocá-la e
não há perda de sentido, porque mesmo
sem ela entendemos que é necessário
chamar um médico depressa porque ela
está passando mal.
19. ZEUGMA
É parecido com a elipse, no entanto, só podemos identificar desta
forma esta figura de linguagem quando há omissão de algo que já foi
expresso no texto. Sabemos que o termo foi omitido porque já foi
apresentado.
EXEMPLO:
Canção do Exílio
Nosso céu tem mais estrelas
Nossas várzeas tem mais flores
Nossos bosques tem mais vida
Nossa vida mais amores
-Gonçalves Dias
Neste trecho vemos a
omissão da palavra tem no
último trecho. Não foi
necessário o emprego dessa
palavra para entender que a
vida tem mais amores, pois
já houve repetição da palavra
nos outros versos.
20. POLISSÍNDETO
Consiste na repetição de conjunções para garantir um texto mais
expressivo.
EXEMPLO:
O olhar para trás
E o olhar estaria ansioso esperando
E a cabeça ao sabor da mágoa balançada
E o coração fugindo e o coração voltando
E os minutos passando e os minutos
passando...
- Vinícius de Moraes
A conjunção e vem para
caracterizar o polissíndeto,
trazendo ações e sensações que
ocorrem de forma contínua e
rápida.
21. ASSÍNDETO
O assíndeto ocorre quando há omissão das conjunções.
EXEMPLO:
Morte no avião
Acordo para a morte.
Barbeio-me, visto-me, calço-me.
-Carlos Drummond de Andrade
A conjunção geralmente é
substituída por vírgula, como
no exemplo.
22. PLEONASMO
Repetição de uma ideia por meio de outras palavras. É utilizado como
forma de ênfase e, além de ser figura de linguagem, é classificada como
vício. A diferença entre a figura de linguagem e o vício de linguagem é
simples: para ser figura de linguagem, o pleonasmo vem de forma
intencional, para dar mais expressividade no texto, enquanto no vício
vem como uma repetição não intencional e desnecessária.
EXEMPLO:
Quando hoje acordei, ainda fazia escuro
(Embora a manhã já estivesse avançada).
Chovia.
Chovia uma triste chuva de resignação
Como contraste e consolo ao calor tempestuoso
da noite.
- Manuel Bandeira
A repetição proposital de
Manuel Bandeira ao dizer
que "chovia uma chuva"
intensifica a ideia de que
estava chovendo.
23. ANÁFORA
Consiste na repetição de palavras ou expressões com o objetivo de
enfatizar uma ideia.
EXEMPLO:
Elegia Desesperada
Tende piedade, Senhor, de todas as mulheres
Que ninguém mais merece tanto amor e amizade
Que ninguém mais deseja tanto poesia e sinceridade
Que ninguém mais precisa tanto de alegria e
serenidade
-Vinícius de Moraes