SlideShare uma empresa Scribd logo
Ficha Informativa 8 – 11º Ano FILOSOFIA

     Argumentação, Persuasão e Manipulação. Publicidade e Propaganda


Argumentação e Persuasão

A argumentação é distinta da persuasão. Se podemos dizer que todo o discurso argumentativo é
persuasivo, o contrário não é verdadeiro, pois nem todo o discurso persuasivo é argumentativo.

A argumentação para poder ser convincente tem que fazer apelo à razão, ao julgamento de
quem participa ou assiste ao confronto de ideias.

A persuasão está ligada à sedução. A adesão de alguém a certas ideias é feita através de
gestos, palavras ou imagens que estimulam nela sentimentos ou desejos ocultos, acabando por
gerar falsas crenças. Através da persuasão o orador reforça os seus argumentos despertando
emoções, de modo a criar uma adesão emotiva às suas teses. Na persuasão ao contrário da
argumentação faz-se apelo a processos menos racionais. Como veremos, os actuais meios de
comunicação de massas, veiculam discursos publicitários que utilizam sofisticadas técnicas de
persuasão dirigidas a públicos-alvo bem determinados.

Chaim Perelman questiona este critério de distinção. Segundo este autor, o critério de
distinçãonão assenta na dicotomia razão/emoção, mas sim na dimensão do auditório: os
discursos argumentativos dirigem-se a públicos particulares, capazes de avaliarem as teses em
confronto. Os discursos persuasivos dirigem-se a públicos universais, pouco versados nos tema
em discussão e por isso mais receptivos à sedução.

2. Logos, Ethos e Pathos

Um discurso argumentativo requer uma organização e encadeamento de argumentos, tal de
forma lógica que o auditório não apenas possa acompanhar o raciocínio do orador, mas também
que possa ser convencido da justeza da posição que está a ser defendida (Logos). Para além
deste aspecto, é também fundamental para que o discurso seja persuasivo que o próprio orador
seja credível (Ethos) e que desperte simpatia ou gere empatia com o auditório (Pathos)

Este aspecto realça a importância do emissor (orador, o que elabora a argumentação). Ele tem
que conhecer as características do seu receptor (auditório) e saber calcular as suas reacções
face à mensagem pretende veicular. O discurso argumentativo valoriza o receptor e as suas
opiniões ou reacções.

3. Persuasão e Manipulação

Persuadir não é a mesma coisa que manipular. A grande diferença reside na intenção do orador.
No caso da persuasão o objectivo é apenas provocar a adesão, apelando a factores racionais e
emocionais. No caso da manipulação, existe uma intenção deliberada de desvalorizar os
factores racionais, apelando a uma adesão emocional. O próprio discurso é baseado em
falácias, onde é patente a intenção de confundir o auditório.
As técnicas de persuasão (manipulação ) ensinadas pelos sofistas, apesar da sua eficácia,
podem ser consideradas muito rudimentares face às aplicadas no século XX para manipularem
milhões de pessoas.

A persuasão dos sofistas estava muito confinada às capacidades manifestadas pelo orador. A
palavra tinha ainda uma lugar central. As técnicas de persuasão actuais, ornaram os oradores
parte de uma vasta encenação, onde se recorre a uma enorme variedade de mais para seduzir,
persuadir e manipular.

O ditador Adolfo Hitler, foi o primeiro a integrar a retórica em gigantescos espectáculos de
propaganda, produzindo um poderoso efeito hipnótico sobre os auditórios.

Os discursos Hitler eram cuidadosamente ensaiados. Modelações no tom de voz, gestos
dramáticos, olhares acutilantes, e expressões faciais acentuavam os momentos mais
importantes nos seus discursos. Os discursos abordavam de forma muito emocional quase
sempre os mesmos temas: o ódio aos judeus, o desemprego e o orgulho ferido da Alemanha. Os
locais eram decorados de forma a acentuar a sua presença. As paradas militares, bandeiras e
símbolos conferiam à sua figura e palavras uma dimensão sobrenatural.

4. Novas Formas de Manipulação

As práticas de manipulação são milenares. Estão intrinsecamente ligadas à vontade de domínio.
Há manipulação sempre que alguém procura controlar o conhecimento de outro tendem
em vista condicionar ou alterar o seu comportamento. As formas de manipulação ligadas ao
poder político são as mais conhecidas, mas não são as únicas existentes.

Formas Directas de Manipulação

As formas manipulação mais conhecidas são as realizadas pelos regimes ditatoriais. Podemos
neste caso identificar facilmente quem as faz, com que objectivos e os meios que utiliza. Trata-
se de um manipulação com rosto, que coloca desde logo os cidadãos de sobreaviso em relação
àqueles que as planeiam e executam. A censura, a propaganda e a violência repressiva sobre os
"desviantes" são os seus meios privilegiados .

Censura: a informação é manipulada não apenas tendo em vista omitir factos relevantes, mas
também deformar o conteúdo da informação veiculada de modo a que a mesma se ajuste às
ideias dos censores. Em Portugal a censura foi um dos instrumentos mais utilizados pela
ditadura (1926-1974) para a manipulação da opinião pública: a informação que era autorizada
era previamente mutilada. A restante era simplesmente proibida.

Propaganda: a informação é forjada de forma provocar a uma adesão imediata a certos
estímulos, explorando para tal as emoções ou os medos das pessoas. Durante a 1ª. Guerra
Mundial (1914-1945), as técnicas de propaganda aos serviços dos Estados tornaram-se
enormes máquinas de mobilização de massa, dotadas de enormes recursos técnicos, que foram
depois eficazmente aplicados e desenvolvidos pelos diferente regimes totalitários.
Em Portugal, uma das primeiras acções da ditadura (1926-1974) foi a de criar importantes
orgãos de propaganda do regime ( consultar ). O regime de nazi, foi contudo aquele mais
desenvolveu as técnicas de propaganda e as aplicou com grande êxito. No Congresso de
Nuremberg, em 1936, Hitler afirmou: "a propaganda conduziu-nos ao poder, a propaganda
permitiu-nos conservar depois o poder, a propaganda, ainda, dar-nos-à a possibilidade de
conquistar o mundo". Uma das suas acções mal conquistou o poder foi criar um Ministério da
Propaganda, dotando-o de enormes recursos. A propaganda nazi assentava em ideias muitos
simples, que podia ser facilmente apreendidas pelas pessoas. Estas ideias apelavam à emoção,
estimulando reacções de medo, ódio, violência e desejo de vingança.

Formas Difusas Manipulação

Os processos de manipulação da informação são todavia mais amplos, e estão largamente
disseminados nas sociedades democráticas ocidentais, utilizando-se técnicas muito sofisticadas,
mas não menos eficazes, nomeadamente porque os cidadãos estão desprevenidos.

Televisão: Um Perigo para a Democracia ?

Karl Popper, no início da década de 90, acusou a televisões de estarem a destruir os regimes
democráticos. Afirmando:

1. A finalidade das televisões não é a educação ou a melhoria das pessoas, mas apenas o lucro.

2. Aquilo que oferecem às pessoas não é o que é melhor para a sua educação, mas apenas
aquilo que as seduz e as mantém presas aos ecrans de televisão, fazendo desta forma subir as
audiências. A receita que utilizam é sempre a mesma: sexo, violência, sensacionalismo, etc.
Uma receita que cansa, por isso mesmo obriga-as a um reforço continuo das suas doses diárias
(mais sexo, mais violência, mais sensacionalismo…).

3.Com o aumento do número de canais de televisão, cresceu também o número de pessoas
mediocres ou gente sem escrúpulos ligadas à produção de programas televisivos. Gente que
apesar da sua enorme influência social, trabalha na mais completa impunidade e sem qualquer
controlo democrático.

4. As pessoas mais vulneráveis a esta influência nefasta da televisão são as que possuem um
nível de formação e maturidade insuficiente para estabelecerem uma distinção entre a ficção e a
realidade.

Exemplos de Manipulação

A - Os meses que precederam a ocupação do Iraque, em 19 de Março de 2003, assistiu-se a
uma campanha de manipulação da informação a nível mundial.

As principais agências de comunicação social divulgavam informações provenientes das mais
diversas fontes e origens todas num único sentido: sustentarem a tese dos EUA de que a o
ditador do Iraque possui armas de destruição maciça .
Em vários países, como Portugal, muitos jornalistas e especialistas em questões militares
apoiaram activamente esta campanha preparando a opinião pública para aceitar a inevitabilidade
de uma intervenção no Iraque, a fim de acabar com os arsenais e a produção das alegadas
armas de destruição maciça.

Um ano depois da ocupação, os governos dos EUA e da Grã-Bretanha reconheciam que estas
armas não existiam e que haviam enganado a opinião pública. Acusaram na altura os seus
serviços de espionagem de lhes terem fornecido de informações forjadas.

Objectivo da manipulação: o controlo das enormes reservas de petróleo existentes no
Iraque.

B - Logo após o atentado de Madrid de 11 de Março de 2004, o governo espanhol procurou
deliberadamente manipular a comunicação social, veiculando informações no sentido de fazer
crer à população que a ETA era a autora do atentado ( A ETA é uma organização fundada em
finais dos anos 50 do século XX e que luta pela Independência do país Basco (Euskadia). O
próprio primeiro-ministro da altura (José Maria Aznar) pressionou directamente directores de
jornais para veicularem uma informação que sabia ser falsa.

Objectivo da manipulação: vencer uma disputa eleitoral.


                                                                Professora: Rosa Sousa

Mais conteúdo relacionado

Destaque

matéria 1º período
matéria 1º períodomatéria 1º período
matéria 1º período
atamenteesas
 
Ficha inf. 7 arg e dem.
Ficha inf. 7 arg e dem.Ficha inf. 7 arg e dem.
Ficha inf. 7 arg e dem.pyteroliva
 
Abel salazar
Abel salazarAbel salazar
Abel salazar
atamenteesas
 
Notas soltas sobre abel salazar
Notas soltas sobre abel salazarNotas soltas sobre abel salazar
Notas soltas sobre abel salazar
atamenteesas
 
Corr. ficha fil.
Corr. ficha fil.Corr. ficha fil.
Corr. ficha fil.pyteroliva
 
Ficha kant 1
Ficha kant 1Ficha kant 1
Ficha kant 1
pyteroliva
 
Prep. tg...
Prep. tg...Prep. tg...
Prep. tg...
pyteroliva
 
Abel salazar pintura
Abel salazar   pinturaAbel salazar   pintura
Abel salazar pintura
atamenteesas
 
Corr. ficha prep. teste 2
Corr. ficha prep. teste 2Corr. ficha prep. teste 2
Corr. ficha prep. teste 2pyteroliva
 
Como se formam os conceitos
Como se formam os conceitosComo se formam os conceitos
Como se formam os conceitos
pyteroliva
 
Ficha arg. 9
Ficha arg. 9Ficha arg. 9
Ficha arg. 9
pyteroliva
 
Ficha arg. 9
Ficha arg. 9Ficha arg. 9
Ficha arg. 9
pyteroliva
 
Orig. conh.
Orig. conh.Orig. conh.
Orig. conh.
pyteroliva
 
Ficha kant 2
Ficha kant 2Ficha kant 2
Ficha kant 2
pyteroliva
 
Ficha arg. 10
Ficha arg. 10Ficha arg. 10
Ficha arg. 10
pyteroliva
 
Matéria 1º Período
Matéria 1º Período Matéria 1º Período
Matéria 1º Período
atamenteesas
 
Khun, pop..
Khun, pop..Khun, pop..
Khun, pop..
pyteroliva
 

Destaque (20)

Trab. gru..
Trab. gru..Trab. gru..
Trab. gru..
 
matéria 1º período
matéria 1º períodomatéria 1º período
matéria 1º período
 
Ficha inf. 7 arg e dem.
Ficha inf. 7 arg e dem.Ficha inf. 7 arg e dem.
Ficha inf. 7 arg e dem.
 
Abel salazar
Abel salazarAbel salazar
Abel salazar
 
Notas soltas sobre abel salazar
Notas soltas sobre abel salazarNotas soltas sobre abel salazar
Notas soltas sobre abel salazar
 
Corr. ficha fil.
Corr. ficha fil.Corr. ficha fil.
Corr. ficha fil.
 
Ficha kant 1
Ficha kant 1Ficha kant 1
Ficha kant 1
 
Prep. tg...
Prep. tg...Prep. tg...
Prep. tg...
 
Prep. teste 2
Prep. teste 2Prep. teste 2
Prep. teste 2
 
Abel salazar pintura
Abel salazar   pinturaAbel salazar   pintura
Abel salazar pintura
 
Corr. ficha prep. teste 2
Corr. ficha prep. teste 2Corr. ficha prep. teste 2
Corr. ficha prep. teste 2
 
Como se formam os conceitos
Como se formam os conceitosComo se formam os conceitos
Como se formam os conceitos
 
Ficha arg. 9
Ficha arg. 9Ficha arg. 9
Ficha arg. 9
 
Prep. teste
Prep. testePrep. teste
Prep. teste
 
Ficha arg. 9
Ficha arg. 9Ficha arg. 9
Ficha arg. 9
 
Orig. conh.
Orig. conh.Orig. conh.
Orig. conh.
 
Ficha kant 2
Ficha kant 2Ficha kant 2
Ficha kant 2
 
Ficha arg. 10
Ficha arg. 10Ficha arg. 10
Ficha arg. 10
 
Matéria 1º Período
Matéria 1º Período Matéria 1º Período
Matéria 1º Período
 
Khun, pop..
Khun, pop..Khun, pop..
Khun, pop..
 

Semelhante a Ficha arg. 8

Apresentação monografia
Apresentação  monografiaApresentação  monografia
Apresentação monografia
RICARDO GOMES
 
Grupo 6
Grupo 6Grupo 6
Teorias da Comunicação II
Teorias da Comunicação IITeorias da Comunicação II
Teorias da Comunicação II
Ana Sibele
 
Daniel- teorias da comunicação
Daniel- teorias da comunicaçãoDaniel- teorias da comunicação
Daniel- teorias da comunicação
Venelouis Polar
 
Projeto de Série
 Projeto de Série Projeto de Série
Projeto de Série
Gabriela Mendes
 
Grupo 2
Grupo 2Grupo 2
Teoria hipodermica
Teoria hipodermicaTeoria hipodermica
Teoria hipodermica
Weicker Gutierrez
 
Design gráfico 6a aula
Design  gráfico   6a aulaDesign  gráfico   6a aula
Design gráfico 6a aula
Unip e Uniplan
 
Grupo 3
Grupo 3Grupo 3
O poder da comunicação walbar
O poder da comunicação   walbarO poder da comunicação   walbar
O poder da comunicação walbar
Luísa Romanov
 
O poder da comunicação walbar
O poder da comunicação   walbarO poder da comunicação   walbar
O poder da comunicação walbar
Luísa Romanov
 
Teoria hipodérmica
Teoria hipodérmicaTeoria hipodérmica
Teoria hipodérmica
raquelboreli
 
Grupo 5
Grupo 5Grupo 5
Midia Noam Chomsky LIVRO PDF
Midia   Noam Chomsky LIVRO PDFMidia   Noam Chomsky LIVRO PDF
Midia Noam Chomsky LIVRO PDF
ELIAS OMEGA
 
Midia PROPAGADA POLITICA E MANIPULAÇAO Noam chomsky (2)
Midia PROPAGADA POLITICA E MANIPULAÇAO Noam chomsky (2)Midia PROPAGADA POLITICA E MANIPULAÇAO Noam chomsky (2)
Midia PROPAGADA POLITICA E MANIPULAÇAO Noam chomsky (2)
ELIAS OMEGA
 
4a aula de design grafico lasswell
4a aula de design grafico   lasswell 4a aula de design grafico   lasswell
4a aula de design grafico lasswell
Unip e Uniplan
 
Trabalho
TrabalhoTrabalho
Trabalho
André
 
O quinto poder – ignácio ramonet
O quinto poder – ignácio ramonetO quinto poder – ignácio ramonet
O quinto poder – ignácio ramonet
Geralda Ferraz
 
"Persuasão e Manipulação"-"Argumentação, verdade e ser"
"Persuasão e Manipulação"-"Argumentação, verdade e ser""Persuasão e Manipulação"-"Argumentação, verdade e ser"
"Persuasão e Manipulação"-"Argumentação, verdade e ser"
Jorge David
 
Mobilização de Pessoas pelas Mídias Sociais - Paula Diniz e Kalyl Rachid -
Mobilização de Pessoas pelas Mídias Sociais - Paula Diniz e Kalyl Rachid -Mobilização de Pessoas pelas Mídias Sociais - Paula Diniz e Kalyl Rachid -
Mobilização de Pessoas pelas Mídias Sociais - Paula Diniz e Kalyl Rachid -
Kalyl Rachid
 

Semelhante a Ficha arg. 8 (20)

Apresentação monografia
Apresentação  monografiaApresentação  monografia
Apresentação monografia
 
Grupo 6
Grupo 6Grupo 6
Grupo 6
 
Teorias da Comunicação II
Teorias da Comunicação IITeorias da Comunicação II
Teorias da Comunicação II
 
Daniel- teorias da comunicação
Daniel- teorias da comunicaçãoDaniel- teorias da comunicação
Daniel- teorias da comunicação
 
Projeto de Série
 Projeto de Série Projeto de Série
Projeto de Série
 
Grupo 2
Grupo 2Grupo 2
Grupo 2
 
Teoria hipodermica
Teoria hipodermicaTeoria hipodermica
Teoria hipodermica
 
Design gráfico 6a aula
Design  gráfico   6a aulaDesign  gráfico   6a aula
Design gráfico 6a aula
 
Grupo 3
Grupo 3Grupo 3
Grupo 3
 
O poder da comunicação walbar
O poder da comunicação   walbarO poder da comunicação   walbar
O poder da comunicação walbar
 
O poder da comunicação walbar
O poder da comunicação   walbarO poder da comunicação   walbar
O poder da comunicação walbar
 
Teoria hipodérmica
Teoria hipodérmicaTeoria hipodérmica
Teoria hipodérmica
 
Grupo 5
Grupo 5Grupo 5
Grupo 5
 
Midia Noam Chomsky LIVRO PDF
Midia   Noam Chomsky LIVRO PDFMidia   Noam Chomsky LIVRO PDF
Midia Noam Chomsky LIVRO PDF
 
Midia PROPAGADA POLITICA E MANIPULAÇAO Noam chomsky (2)
Midia PROPAGADA POLITICA E MANIPULAÇAO Noam chomsky (2)Midia PROPAGADA POLITICA E MANIPULAÇAO Noam chomsky (2)
Midia PROPAGADA POLITICA E MANIPULAÇAO Noam chomsky (2)
 
4a aula de design grafico lasswell
4a aula de design grafico   lasswell 4a aula de design grafico   lasswell
4a aula de design grafico lasswell
 
Trabalho
TrabalhoTrabalho
Trabalho
 
O quinto poder – ignácio ramonet
O quinto poder – ignácio ramonetO quinto poder – ignácio ramonet
O quinto poder – ignácio ramonet
 
"Persuasão e Manipulação"-"Argumentação, verdade e ser"
"Persuasão e Manipulação"-"Argumentação, verdade e ser""Persuasão e Manipulação"-"Argumentação, verdade e ser"
"Persuasão e Manipulação"-"Argumentação, verdade e ser"
 
Mobilização de Pessoas pelas Mídias Sociais - Paula Diniz e Kalyl Rachid -
Mobilização de Pessoas pelas Mídias Sociais - Paula Diniz e Kalyl Rachid -Mobilização de Pessoas pelas Mídias Sociais - Paula Diniz e Kalyl Rachid -
Mobilização de Pessoas pelas Mídias Sociais - Paula Diniz e Kalyl Rachid -
 

Mais de pyteroliva

Verificab..
Verificab..Verificab..
Verificab..
pyteroliva
 
Conh. cientifico
Conh. cientificoConh. cientifico
Conh. cientifico
pyteroliva
 
David hume texto
David hume   textoDavid hume   texto
David hume texto
pyteroliva
 
Ficha inf. 6 a argumentação
Ficha inf. 6 a argumentaçãoFicha inf. 6 a argumentação
Ficha inf. 6 a argumentação
pyteroliva
 
Discurso de obama
Discurso de obamaDiscurso de obama
Discurso de obamapyteroliva
 
Ficha inf. 7 arg e dem.
Ficha inf. 7 arg e dem.Ficha inf. 7 arg e dem.
Ficha inf. 7 arg e dem.pyteroliva
 
Ficha inf. 6 - A argumentação
Ficha inf. 6 - A argumentaçãoFicha inf. 6 - A argumentação
Ficha inf. 6 - A argumentação
pyteroliva
 
Discurso de obama
Discurso de obamaDiscurso de obama
Discurso de obamapyteroliva
 

Mais de pyteroliva (8)

Verificab..
Verificab..Verificab..
Verificab..
 
Conh. cientifico
Conh. cientificoConh. cientifico
Conh. cientifico
 
David hume texto
David hume   textoDavid hume   texto
David hume texto
 
Ficha inf. 6 a argumentação
Ficha inf. 6 a argumentaçãoFicha inf. 6 a argumentação
Ficha inf. 6 a argumentação
 
Discurso de obama
Discurso de obamaDiscurso de obama
Discurso de obama
 
Ficha inf. 7 arg e dem.
Ficha inf. 7 arg e dem.Ficha inf. 7 arg e dem.
Ficha inf. 7 arg e dem.
 
Ficha inf. 6 - A argumentação
Ficha inf. 6 - A argumentaçãoFicha inf. 6 - A argumentação
Ficha inf. 6 - A argumentação
 
Discurso de obama
Discurso de obamaDiscurso de obama
Discurso de obama
 

Ficha arg. 8

  • 1. Ficha Informativa 8 – 11º Ano FILOSOFIA Argumentação, Persuasão e Manipulação. Publicidade e Propaganda Argumentação e Persuasão A argumentação é distinta da persuasão. Se podemos dizer que todo o discurso argumentativo é persuasivo, o contrário não é verdadeiro, pois nem todo o discurso persuasivo é argumentativo. A argumentação para poder ser convincente tem que fazer apelo à razão, ao julgamento de quem participa ou assiste ao confronto de ideias. A persuasão está ligada à sedução. A adesão de alguém a certas ideias é feita através de gestos, palavras ou imagens que estimulam nela sentimentos ou desejos ocultos, acabando por gerar falsas crenças. Através da persuasão o orador reforça os seus argumentos despertando emoções, de modo a criar uma adesão emotiva às suas teses. Na persuasão ao contrário da argumentação faz-se apelo a processos menos racionais. Como veremos, os actuais meios de comunicação de massas, veiculam discursos publicitários que utilizam sofisticadas técnicas de persuasão dirigidas a públicos-alvo bem determinados. Chaim Perelman questiona este critério de distinção. Segundo este autor, o critério de distinçãonão assenta na dicotomia razão/emoção, mas sim na dimensão do auditório: os discursos argumentativos dirigem-se a públicos particulares, capazes de avaliarem as teses em confronto. Os discursos persuasivos dirigem-se a públicos universais, pouco versados nos tema em discussão e por isso mais receptivos à sedução. 2. Logos, Ethos e Pathos Um discurso argumentativo requer uma organização e encadeamento de argumentos, tal de forma lógica que o auditório não apenas possa acompanhar o raciocínio do orador, mas também que possa ser convencido da justeza da posição que está a ser defendida (Logos). Para além deste aspecto, é também fundamental para que o discurso seja persuasivo que o próprio orador seja credível (Ethos) e que desperte simpatia ou gere empatia com o auditório (Pathos) Este aspecto realça a importância do emissor (orador, o que elabora a argumentação). Ele tem que conhecer as características do seu receptor (auditório) e saber calcular as suas reacções face à mensagem pretende veicular. O discurso argumentativo valoriza o receptor e as suas opiniões ou reacções. 3. Persuasão e Manipulação Persuadir não é a mesma coisa que manipular. A grande diferença reside na intenção do orador. No caso da persuasão o objectivo é apenas provocar a adesão, apelando a factores racionais e emocionais. No caso da manipulação, existe uma intenção deliberada de desvalorizar os factores racionais, apelando a uma adesão emocional. O próprio discurso é baseado em falácias, onde é patente a intenção de confundir o auditório.
  • 2. As técnicas de persuasão (manipulação ) ensinadas pelos sofistas, apesar da sua eficácia, podem ser consideradas muito rudimentares face às aplicadas no século XX para manipularem milhões de pessoas. A persuasão dos sofistas estava muito confinada às capacidades manifestadas pelo orador. A palavra tinha ainda uma lugar central. As técnicas de persuasão actuais, ornaram os oradores parte de uma vasta encenação, onde se recorre a uma enorme variedade de mais para seduzir, persuadir e manipular. O ditador Adolfo Hitler, foi o primeiro a integrar a retórica em gigantescos espectáculos de propaganda, produzindo um poderoso efeito hipnótico sobre os auditórios. Os discursos Hitler eram cuidadosamente ensaiados. Modelações no tom de voz, gestos dramáticos, olhares acutilantes, e expressões faciais acentuavam os momentos mais importantes nos seus discursos. Os discursos abordavam de forma muito emocional quase sempre os mesmos temas: o ódio aos judeus, o desemprego e o orgulho ferido da Alemanha. Os locais eram decorados de forma a acentuar a sua presença. As paradas militares, bandeiras e símbolos conferiam à sua figura e palavras uma dimensão sobrenatural. 4. Novas Formas de Manipulação As práticas de manipulação são milenares. Estão intrinsecamente ligadas à vontade de domínio. Há manipulação sempre que alguém procura controlar o conhecimento de outro tendem em vista condicionar ou alterar o seu comportamento. As formas de manipulação ligadas ao poder político são as mais conhecidas, mas não são as únicas existentes. Formas Directas de Manipulação As formas manipulação mais conhecidas são as realizadas pelos regimes ditatoriais. Podemos neste caso identificar facilmente quem as faz, com que objectivos e os meios que utiliza. Trata- se de um manipulação com rosto, que coloca desde logo os cidadãos de sobreaviso em relação àqueles que as planeiam e executam. A censura, a propaganda e a violência repressiva sobre os "desviantes" são os seus meios privilegiados . Censura: a informação é manipulada não apenas tendo em vista omitir factos relevantes, mas também deformar o conteúdo da informação veiculada de modo a que a mesma se ajuste às ideias dos censores. Em Portugal a censura foi um dos instrumentos mais utilizados pela ditadura (1926-1974) para a manipulação da opinião pública: a informação que era autorizada era previamente mutilada. A restante era simplesmente proibida. Propaganda: a informação é forjada de forma provocar a uma adesão imediata a certos estímulos, explorando para tal as emoções ou os medos das pessoas. Durante a 1ª. Guerra Mundial (1914-1945), as técnicas de propaganda aos serviços dos Estados tornaram-se enormes máquinas de mobilização de massa, dotadas de enormes recursos técnicos, que foram depois eficazmente aplicados e desenvolvidos pelos diferente regimes totalitários.
  • 3. Em Portugal, uma das primeiras acções da ditadura (1926-1974) foi a de criar importantes orgãos de propaganda do regime ( consultar ). O regime de nazi, foi contudo aquele mais desenvolveu as técnicas de propaganda e as aplicou com grande êxito. No Congresso de Nuremberg, em 1936, Hitler afirmou: "a propaganda conduziu-nos ao poder, a propaganda permitiu-nos conservar depois o poder, a propaganda, ainda, dar-nos-à a possibilidade de conquistar o mundo". Uma das suas acções mal conquistou o poder foi criar um Ministério da Propaganda, dotando-o de enormes recursos. A propaganda nazi assentava em ideias muitos simples, que podia ser facilmente apreendidas pelas pessoas. Estas ideias apelavam à emoção, estimulando reacções de medo, ódio, violência e desejo de vingança. Formas Difusas Manipulação Os processos de manipulação da informação são todavia mais amplos, e estão largamente disseminados nas sociedades democráticas ocidentais, utilizando-se técnicas muito sofisticadas, mas não menos eficazes, nomeadamente porque os cidadãos estão desprevenidos. Televisão: Um Perigo para a Democracia ? Karl Popper, no início da década de 90, acusou a televisões de estarem a destruir os regimes democráticos. Afirmando: 1. A finalidade das televisões não é a educação ou a melhoria das pessoas, mas apenas o lucro. 2. Aquilo que oferecem às pessoas não é o que é melhor para a sua educação, mas apenas aquilo que as seduz e as mantém presas aos ecrans de televisão, fazendo desta forma subir as audiências. A receita que utilizam é sempre a mesma: sexo, violência, sensacionalismo, etc. Uma receita que cansa, por isso mesmo obriga-as a um reforço continuo das suas doses diárias (mais sexo, mais violência, mais sensacionalismo…). 3.Com o aumento do número de canais de televisão, cresceu também o número de pessoas mediocres ou gente sem escrúpulos ligadas à produção de programas televisivos. Gente que apesar da sua enorme influência social, trabalha na mais completa impunidade e sem qualquer controlo democrático. 4. As pessoas mais vulneráveis a esta influência nefasta da televisão são as que possuem um nível de formação e maturidade insuficiente para estabelecerem uma distinção entre a ficção e a realidade. Exemplos de Manipulação A - Os meses que precederam a ocupação do Iraque, em 19 de Março de 2003, assistiu-se a uma campanha de manipulação da informação a nível mundial. As principais agências de comunicação social divulgavam informações provenientes das mais diversas fontes e origens todas num único sentido: sustentarem a tese dos EUA de que a o ditador do Iraque possui armas de destruição maciça .
  • 4. Em vários países, como Portugal, muitos jornalistas e especialistas em questões militares apoiaram activamente esta campanha preparando a opinião pública para aceitar a inevitabilidade de uma intervenção no Iraque, a fim de acabar com os arsenais e a produção das alegadas armas de destruição maciça. Um ano depois da ocupação, os governos dos EUA e da Grã-Bretanha reconheciam que estas armas não existiam e que haviam enganado a opinião pública. Acusaram na altura os seus serviços de espionagem de lhes terem fornecido de informações forjadas. Objectivo da manipulação: o controlo das enormes reservas de petróleo existentes no Iraque. B - Logo após o atentado de Madrid de 11 de Março de 2004, o governo espanhol procurou deliberadamente manipular a comunicação social, veiculando informações no sentido de fazer crer à população que a ETA era a autora do atentado ( A ETA é uma organização fundada em finais dos anos 50 do século XX e que luta pela Independência do país Basco (Euskadia). O próprio primeiro-ministro da altura (José Maria Aznar) pressionou directamente directores de jornais para veicularem uma informação que sabia ser falsa. Objectivo da manipulação: vencer uma disputa eleitoral. Professora: Rosa Sousa