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Revista Pandora Brasil - Edição especial Nº 4 - "Cultura e materialidade escolar" - 2011
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ESCOLAS DEMOCRÁTICAS UTOPIA OU
REALIDADE
Rosanei Tosto1
Resumo: O presente artigo tem como finalidade analisar como ocorre à educação
em uma escola democrática, defende a idéia de que se deve utilizar a abordagem
curricular integradora, colaborativa, planificadas pelos professores e pelos
estudantes, enquadradas por uma sala de aula democrática, que se utiliza de
diversas fontes que vão além das disciplinas acadêmicas tradicionais.
Palavras-chave: Escola democrática, projetos de trabalho, pedagogia libertária.
ESCOLAS DEMOCRÁTICAS
As escolas democráticas estão inseridas dentro de uma linha chamada de Pedagogia
Libertária que se caracteriza por abordar a questão pedagógica diante de uma perspectiva
baseada na liberdade e igualdade, eliminando as relações autoritárias presentes no modelo
educacional tradicional.
1
Discente do curso de pedagogia pela Universidade Presbiteriana Mackenzie - SP
Revista Pandora Brasil - Edição especial Nº 4 - "Cultura e materialidade escolar" - 2011
Segundo Luckesi (1994) a pedagogia libertária espera que a escola exerça uma
transformação na personalidade dos alunos num sentido libertário e autogestionário. A idéia
básica é introduzir modificações institucionais, a partir dos níveis subalternos que, em
seguida, vão “contaminando” todo o sistema.
Uma escola democrática é uma escola que se baseia em princípios democráticos, em
especial na democracia participativa, dando direitos de participação iguais para estudantes,
professores e funcionários. Esses ambientes de ensino colocam os alunos como os atores
centrais do processo educacional, ao engajar estudantes em cada aspecto das operações da
escola, incluindo aprendizagem, ensino e liderança. Os adultos participam do processo
educacional facilitando as atividades de acordo com os interesses dos estudantes.
Outro aspecto importante de uma escola democrática é dar aos estudantes a
possibilidade de escolher o que querem fazer com seu tempo. Em muitas escolas, não existe
a obrigatoriedade de freqüentar as aulas. Os estudantes são livres para escolher as
atividades que desejam ou que acham que devem fazer. Dessa forma aprendem a ter
iniciativa. Eles também ganham a vantagem do aumento na velocidade e no aproveitamento
do aprendizado, como acontece quando alguém está praticando uma atividade que é do seu
interesse. Os estudantes dessas escolas são responsáveis por e têm o poder de dirigir seus
estudos desde muito novos.
Uma das primeiras experiências nesta visão é a de uma escola na Inglaterra,
Summerhill, fundada em 1921 pelo escocês Alexander Sutherland Neil. Summerhill é uma
escola particular que não recebe dinheiro público e não é obrigada a atender os padrões
governamentais. Summerhill se mantém fiel às idéias de seu fundador, que há 87 anos
pregava contra a pedagogia tradicional. Na escola britânica, nenhum adulto impõe sua
autoridade à criança. Hoje administrada pela filha de Neil, Zoë Readhead, a escola tem 73
alunos matriculados. (Revista Educação, 2009)
Summerhill atende alunos de 5 a 16 anos. As crianças são divididas em três grupos
etários: dos 5 aos 7 anos, dos 8 aos 10 anos, dos 11 aos 15 anos.
Revista Pandora Brasil - Edição especial Nº 4 - "Cultura e materialidade escolar" - 2011
Nesse modelo de escola, os alunos são responsáveis pela formação e cumprimento
de regras a serem seguidas para um bom funcionamento da escola. São incentivados a
buscar o conhecimento a partir de seu próprio interesse, iniciativa, ritmo e também são
responsáveis pelo desenvolvimento intelectual, sem cobranças autoritárias de quaisquer
entidades superiores de ensino. Os conteúdos que devem ser aprendidos costumam estar
muito próximos da estrutura cognitiva dos alunos, assim como dos seus interesses e
expectativas de conhecimento.
A partir do regime de livre-educação o aluno acaba seguindo seu ritmo de
aprendizagem sem pressões, além de adquirir a responsabilidade de seguir o cronograma
que ele mesmo se impôs a fazer, estimulando assim o desenvolvimento da autonomia e
controle pessoal. Ao colocá-lo como integrante ativo e participante das regras e do
funcionamento da escola, o aluno conscientiza-se dos direitos e deveres para com a
sociedade dentro e fora da escola, formando-se cidadão.
As salas de aula não são divididas por idade. As crianças dispõe-se em grupos (pré-
determinados pelos tutores no início do ano letivo) para realizar suas respectivas atividades
escolhidas, trabalhando em conjunto e interagindo com diferentes idades e personalidades.
Essas atividades necessitam de pesquisa em livros e com os colegas para serem feitas. Em
nenhum momento há a figura do professor explicando ou anotando algo na lousa para ser
copiado pelos alunos. O professor é presente na sala de estudo para esclarecimentos de
dúvidas (apenas depois de questionar todos do grupo) e orientação, apenas quando for
consultado. Aos alunos portadores de deficiência mental (conforme o grau) não há nenhum
tipo de atenção especial. Os mesmos são dispostos nos grupos pré-determinados para
realizar suas atividades, organizadas com os respectivos orientadores. Os professores
dispostos nas salas de estudo também estão disponíveis para auxiliar estes alunos da
maneira que lhes for mais útil. Essa perspectiva de aprendizado, no mesmo sentido dos
outros alunos, estimula o desenvolvimento próprio do aluno.
Segundo Luckesi (2006,) “A avaliação é inclusiva porque o estudante vai ser
ajudado a dar um passo à frente. Essa concepção político-pedagógica é para todos os alunos
Revista Pandora Brasil - Edição especial Nº 4 - "Cultura e materialidade escolar" - 2011
e por outro lado é um ato dialógico, que implica necessariamente uma negociação entre o
professor e o estudante”.
Na proposta pedagógica da Escola Democrática a avaliação é feita de forma
continuada a partir da auto-avaliação. Também há Planos de aula (o que pretende saber e
como proceder), relatório constando suas descobertas e jornal, com a publicação dessas; ata
de assembléia – que ocorre semanalmente e é composta por alunos, pais, profissionais de
educação e demais agentes educativos para resolver os problemas da escola em conjunto;
quadro de solicitações de orientação; disponibilidade para ajudar os colegas; comparação
entre o plano de atividades e impressões do trabalho realizado no dia.
O TRABALHO DOS PROFESSORES
Segundo Freire (1991), “a partir do diálogo enfatiza-se a reflexão, a investigação
crítica, a análise, a interpretação e a reorganização do conhecimento.”
Na escola democrática o professor deixa de ser autoridade ou transmissor do
conhecimento para tornar-se mediador das relações interpessoais e facilitador do
descobrimento. Os educadores são tutores responsáveis por determinados alunos e, junto
com eles, determinam quais conteúdos serão estudados conforme a vontade do próprio
aluno. Atuam como orientadores e esclarecedores de dúvidas, diferente do papel de um
professor autoritário e rígido das escolas tradicionais. A partir deste conceito a relação
professor-aluno torna-se de parceria e ausente de qualquer tipo de autoritarismo ou
inferioridade em ambos os lados. A atuação direta do profissional resume-se em co-orientar
o percurso educativo de cada aluno e a apoiar os seus processos de aprendizagem, assim
como acompanhar todos os educandos e trabalhar para que conquistem sua autonomia,
compreendendo o porquê e o para quê estudar.
A ESCOLA DEMOCRÁTICA NO BRASIL E NO MUNDO
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Hoje temos uma escola como referência de Escola Democrática no mundo todo, a
Escola da Ponte. Situada em Portugal e fundada pelo educador Professor José Francisco de
Almeida Pacheco, a instituição recebe milhares de estudantes encaminhados pelos
responsáveis que conhecem seu trabalho pedagógico diferenciado das demais. Sua proposta
de aprendizagem é libertária e inclusiva, a partir da idéia construtivista que desencadeia a
nova pedagogia em andamento. Essa escola destaca-se por trabalhar inteiramente na gestão
democrática, tornando-se exemplo para pesquisas e estudos nessa área.
No Brasil, duas escolas atualmente trabalham nesta proposta. A Escola Municipal
de Ensino Fundamental Amorim Lima, em São Paulo, está realizando seu processo de
democratização desde 2003, quando entrou em contato com a Escola da Ponte, em
Portugal. A escola teve sua proposta mudada drasticamente devido a fatores não muito
incomuns na realidade das escolas públicas de São Paulo. A violência e o tráfico na região
onde está localizada tinham números alarmantes, e refletia nos alunos. A ausência era
constante também no corpo docente. A partir disso o conselho da escola iniciou projetos de
melhoria abrindo as portas para alunos e comunidade de final de semana para proporcionar
um ambiente tranqüilo onde todos poderiam ficar em tempo integral interagindo através do
esporte, oficinas de arte e salas de informática. Logo em seguida o modelo de escola
democrática foi apresentado ao conselho através de um vídeo sobre a Escola da Ponte.
Desde então a instituição tem aplicado a metodologia de ensino democrática, e tem gerado
resultados acima das expectativas.
Outra escola a adotar esta proposta pedagógica é a Escola Municipal Presidente
Campos Sales, também em São Paulo, que começou mais recentemente (em 2008) e
também reflete resultados positivos.
ESCOLA DA PONTE
Sobre a Escola
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Fundada em 1970 pelo educador José Pacheco e localizada na Vila das Aves em
Portugal, a escola da Ponte é a primeira instituição que surgiu no mundo onde se trabalha
numa proposta pedagógica de liberdade e igualdade, na qual o aluno é o centro do
aprendizado. Seu fundador defende que é indispensável alterar as práticas educacionais das
escolas de maneira que haja muito mais contato humano fraternal, trabalhando sempre a
autonomia dos alunos e professores, estimulando o desenvolvimento da cidadania, da
liberdade responsável e a solidariedade. Estes são os grandes valores cultivados dentro da
Escola da Ponte, pois os alunos são chamados a praticar a democracia dentro da própria
escola, como cidadãos autônomos.
O projeto “Fazer a Ponte” tem como base realizar a inter-relação dos alunos entre si
e com todos os outros indivíduos, mantendo os mesmos responsáveis pela escola para que
esta se torne a sociedade onde o aluno é atuante. Esse exercício de cidadania faz com que
os alunos aprendam a viver em sociedade, ao mesmo tempo que a estrutura administrativa
da escola funcione.
Hoje a instituição é um exemplo de trabalho eficaz e de democracia em todo o
mundo.
Histórico
Em 1976 a Escola da Ponte era como todas as outras, mas possuía problemas graves
em toda sua estrutura. O mal-estar pedagógico era evidente e os professores eram
autoritários com os alunos (seres apenas nulos de conhecimento e razão), individualistas em
seus conteúdos e metodologias de ensino. O trabalho escolar era exclusivamente centrado
no professor, e estes trabalhavam com manuais iguais para todos, repetição de lições,
passividade. As crianças que chegavam à escola com uma cultura diferente da que aí
prevalecia eram desfavorecidas pelo não reconhecimento da sua experiência sociocultural.
As instalações da escola eram depredadas e os alunos tinham que se ajudar para usar
os banheiros, formando uma barreira humana no lugar da porta do banheiro, que havia sido
arrancada há tempos. Apesar da solidariedade entre alunos, o índice de violência era
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alarmante e o descaso com a instituição influenciou o fundador da escola a pensar numa
nova maneira de resolver os problemas e revolucionar a educação para adequar-se aos
alunos e professores.
A partir deste quadro José Pacheco resolveu re-estruturar todos os alicerces da
instituição e transformar o local em um centro de desenvolvimento social e educacional. O
mesmo afirma que nenhuma idéia sobre a Escola da Ponte foi inventada, mas sim baseada
em pesquisas realizadas por vários educadores e psicólogos competentes. A linha de
pensamento da educação democrática é uma idéia já relatada desde John Dewey. O
problema principal era simplesmente montar a estrutura dentro de uma escola, realizar a
mudança total e colocar a teoria em prática.
Claro que a mudança não foi bem vista por toda a sociedade dentro e fora da
escola, mas os resultados que logo apareceram trouxeram compreensão e esperança a todos
os envolvidos.
Estrutura
A escola tradicional está estruturada de modo reproduzir a divisão do trabalho
existente na sociedade capitalista. Por isso, o que competia à administração escolar não se
confundia com a coordenação pedagógica, isto é, a estrutura pedagógico-administrativa
estava subdividida, como se ambas fossem funções diferentes, cada qual com prerrogativas
distintas. Assim, ao diretor cabia deliberar soberanamente sem consultar os professores e a
estes era reservada a tarefa de cumprir ordens e diretrizes emanadas do setor administrativo
da escola e das secretarias de educação, de maneira verticalizada.
Por outro lado, a estrutura de gestão de uma escola democrática pressupõe a
reativação ou mesmo a constituição de mecanismos de participação, a exemplo dos
colegiados, que devem assumir funções não apenas de apoio à direção, mas de consulta
quanto à sua opinião e participando nas deliberações sobre assuntos que remetam ao
cotidiano escolar. Essa caracterização renovada dos colegiados conduz a um olhar sobre
eles enquanto órgãos efetivos de gestão colegiada, abandonando os estereótipos de simples
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associações de intercâmbio com a comunidade local e arrecadação de recursos ou meras
agremiações voltadas apenas ao lazer e integração do estudante.
Os órgãos de gestão têm como elemento unificador de esforços o projeto político-
pedagógico, que é construído de modo coletivo e, portanto, atendendo aos requisitos de
participação da comunidade escolar.
Objetivos do Projeto
No início do projeto, em 1976, foram definidos como objetivos: concretizar uma
efetiva diversificação das aprendizagens tendo por referência uma política de direitos
humanos que garantisse as mesmas oportunidades educacionais e de realização pessoal para
todos e promover a autonomia e a solidariedade.
Ainda hoje, apesar das mudanças e dificuldades, os objetivos principais do projeto
dentro da Escola da Ponte são: manter a concretização efetiva da diversificação do
aprendizado, tendo por referência uma política de direitos humanos que garantisse as
mesmas oportunidades educacionais e de realização pessoal para todos; promover a
autonomia e a solidariedade, operar transformações nas estruturas de comunicação e
intensificar a colaboração entre instituições e agentes educativos locais. A construção do
que a escola é hoje é resultado de uma melhora progressiva ao longo dos anos.
Proposta Pedagógica
Ao contrário da metodologia tradicional aplicada na grande totalidade das escolas
espalhadas pelo mundo, essa escola adota uma metodologia democrática onde cada aluno é
único em seu aprendizado e por isso respeita-se o ritmo e as escolhas de cada um.
Inicialmente fundada por John Dewey, a teoria central que serviu de inspiração para o
surgimento da Escola da Ponte era denominada „escola pragmática‟ – ou educação
progressista – e tinha como princípio que os alunos aprendem melhor realizando tarefas
associadas aos conteúdos ensinados. Atividades manuais e criativas ganharam destaque no
currículo e as crianças passaram a ser estimuladas a experimentar e pensar por si mesmas.
Nesse contexto, a democracia ganha peso, por ser a ordem política que permite o maior
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desenvolvimento dos indivíduos, no papel de decidir em conjunto o destino do grupo a que
pertencem. Dewey defendia a democracia não só no campo institucional, mas também no
interior das escolas.
Um dos principais argumentos do fundador José Pacheco para justificar a
necessidade de mudança na abordagem pedagógica é que não passa de um grave equívoco a
idéia de que se poderá construir uma sociedade de indivíduos personalizados, participantes
e democráticos enquanto a escolaridade for concebida como um mero adestramento
cognitivo. No entanto para que haja a mudança é necessário um grande reconhecimento das
condições por todos os envolvidos e um trabalho em equipe com o mesmo objetivo.
Pacheco acredita que qualquer escola pode aderir à democratização de seus alicerces, uma
vez que alunos, professores e funcionários em geral estiverem abertos e convencidos a
contribuírem para a democratização dos alicerces das instituições.
Referências Bibliográficas
FREIRE, Paulo. Pedagogia do Oprimido. Rio de Janeiro: Paz e Terra, 1979.
LUCKESI, Cipriano Carlos. A avaliação da aprendizagem escolar. São Paulo: Cortez,
2002
LUCKESI, Cipriano Carlos. Filosofia da Educação – São Paulo: Ed. Cortez, 1994.
Projeto Político-Pedagógico da EMEF Amorim Lima. Disponível em:
http://www.amorimlima.org.br/tiki-index.php
Projeto Pedagógico da Escola da Ponte. Disponível em:
http://www.escoladaponte.com.pt/documen/projecto.pdf
ROSA, S.S. Construtivismo e mudança. 8 ed. São Paulo, Cortez editora: 2002

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Escolas democráticas utopia ou realidade

  • 1. Revista Pandora Brasil - Edição especial Nº 4 - "Cultura e materialidade escolar" - 2011 Home Índice ESCOLAS DEMOCRÁTICAS UTOPIA OU REALIDADE Rosanei Tosto1 Resumo: O presente artigo tem como finalidade analisar como ocorre à educação em uma escola democrática, defende a idéia de que se deve utilizar a abordagem curricular integradora, colaborativa, planificadas pelos professores e pelos estudantes, enquadradas por uma sala de aula democrática, que se utiliza de diversas fontes que vão além das disciplinas acadêmicas tradicionais. Palavras-chave: Escola democrática, projetos de trabalho, pedagogia libertária. ESCOLAS DEMOCRÁTICAS As escolas democráticas estão inseridas dentro de uma linha chamada de Pedagogia Libertária que se caracteriza por abordar a questão pedagógica diante de uma perspectiva baseada na liberdade e igualdade, eliminando as relações autoritárias presentes no modelo educacional tradicional. 1 Discente do curso de pedagogia pela Universidade Presbiteriana Mackenzie - SP
  • 2. Revista Pandora Brasil - Edição especial Nº 4 - "Cultura e materialidade escolar" - 2011 Segundo Luckesi (1994) a pedagogia libertária espera que a escola exerça uma transformação na personalidade dos alunos num sentido libertário e autogestionário. A idéia básica é introduzir modificações institucionais, a partir dos níveis subalternos que, em seguida, vão “contaminando” todo o sistema. Uma escola democrática é uma escola que se baseia em princípios democráticos, em especial na democracia participativa, dando direitos de participação iguais para estudantes, professores e funcionários. Esses ambientes de ensino colocam os alunos como os atores centrais do processo educacional, ao engajar estudantes em cada aspecto das operações da escola, incluindo aprendizagem, ensino e liderança. Os adultos participam do processo educacional facilitando as atividades de acordo com os interesses dos estudantes. Outro aspecto importante de uma escola democrática é dar aos estudantes a possibilidade de escolher o que querem fazer com seu tempo. Em muitas escolas, não existe a obrigatoriedade de freqüentar as aulas. Os estudantes são livres para escolher as atividades que desejam ou que acham que devem fazer. Dessa forma aprendem a ter iniciativa. Eles também ganham a vantagem do aumento na velocidade e no aproveitamento do aprendizado, como acontece quando alguém está praticando uma atividade que é do seu interesse. Os estudantes dessas escolas são responsáveis por e têm o poder de dirigir seus estudos desde muito novos. Uma das primeiras experiências nesta visão é a de uma escola na Inglaterra, Summerhill, fundada em 1921 pelo escocês Alexander Sutherland Neil. Summerhill é uma escola particular que não recebe dinheiro público e não é obrigada a atender os padrões governamentais. Summerhill se mantém fiel às idéias de seu fundador, que há 87 anos pregava contra a pedagogia tradicional. Na escola britânica, nenhum adulto impõe sua autoridade à criança. Hoje administrada pela filha de Neil, Zoë Readhead, a escola tem 73 alunos matriculados. (Revista Educação, 2009) Summerhill atende alunos de 5 a 16 anos. As crianças são divididas em três grupos etários: dos 5 aos 7 anos, dos 8 aos 10 anos, dos 11 aos 15 anos.
  • 3. Revista Pandora Brasil - Edição especial Nº 4 - "Cultura e materialidade escolar" - 2011 Nesse modelo de escola, os alunos são responsáveis pela formação e cumprimento de regras a serem seguidas para um bom funcionamento da escola. São incentivados a buscar o conhecimento a partir de seu próprio interesse, iniciativa, ritmo e também são responsáveis pelo desenvolvimento intelectual, sem cobranças autoritárias de quaisquer entidades superiores de ensino. Os conteúdos que devem ser aprendidos costumam estar muito próximos da estrutura cognitiva dos alunos, assim como dos seus interesses e expectativas de conhecimento. A partir do regime de livre-educação o aluno acaba seguindo seu ritmo de aprendizagem sem pressões, além de adquirir a responsabilidade de seguir o cronograma que ele mesmo se impôs a fazer, estimulando assim o desenvolvimento da autonomia e controle pessoal. Ao colocá-lo como integrante ativo e participante das regras e do funcionamento da escola, o aluno conscientiza-se dos direitos e deveres para com a sociedade dentro e fora da escola, formando-se cidadão. As salas de aula não são divididas por idade. As crianças dispõe-se em grupos (pré- determinados pelos tutores no início do ano letivo) para realizar suas respectivas atividades escolhidas, trabalhando em conjunto e interagindo com diferentes idades e personalidades. Essas atividades necessitam de pesquisa em livros e com os colegas para serem feitas. Em nenhum momento há a figura do professor explicando ou anotando algo na lousa para ser copiado pelos alunos. O professor é presente na sala de estudo para esclarecimentos de dúvidas (apenas depois de questionar todos do grupo) e orientação, apenas quando for consultado. Aos alunos portadores de deficiência mental (conforme o grau) não há nenhum tipo de atenção especial. Os mesmos são dispostos nos grupos pré-determinados para realizar suas atividades, organizadas com os respectivos orientadores. Os professores dispostos nas salas de estudo também estão disponíveis para auxiliar estes alunos da maneira que lhes for mais útil. Essa perspectiva de aprendizado, no mesmo sentido dos outros alunos, estimula o desenvolvimento próprio do aluno. Segundo Luckesi (2006,) “A avaliação é inclusiva porque o estudante vai ser ajudado a dar um passo à frente. Essa concepção político-pedagógica é para todos os alunos
  • 4. Revista Pandora Brasil - Edição especial Nº 4 - "Cultura e materialidade escolar" - 2011 e por outro lado é um ato dialógico, que implica necessariamente uma negociação entre o professor e o estudante”. Na proposta pedagógica da Escola Democrática a avaliação é feita de forma continuada a partir da auto-avaliação. Também há Planos de aula (o que pretende saber e como proceder), relatório constando suas descobertas e jornal, com a publicação dessas; ata de assembléia – que ocorre semanalmente e é composta por alunos, pais, profissionais de educação e demais agentes educativos para resolver os problemas da escola em conjunto; quadro de solicitações de orientação; disponibilidade para ajudar os colegas; comparação entre o plano de atividades e impressões do trabalho realizado no dia. O TRABALHO DOS PROFESSORES Segundo Freire (1991), “a partir do diálogo enfatiza-se a reflexão, a investigação crítica, a análise, a interpretação e a reorganização do conhecimento.” Na escola democrática o professor deixa de ser autoridade ou transmissor do conhecimento para tornar-se mediador das relações interpessoais e facilitador do descobrimento. Os educadores são tutores responsáveis por determinados alunos e, junto com eles, determinam quais conteúdos serão estudados conforme a vontade do próprio aluno. Atuam como orientadores e esclarecedores de dúvidas, diferente do papel de um professor autoritário e rígido das escolas tradicionais. A partir deste conceito a relação professor-aluno torna-se de parceria e ausente de qualquer tipo de autoritarismo ou inferioridade em ambos os lados. A atuação direta do profissional resume-se em co-orientar o percurso educativo de cada aluno e a apoiar os seus processos de aprendizagem, assim como acompanhar todos os educandos e trabalhar para que conquistem sua autonomia, compreendendo o porquê e o para quê estudar. A ESCOLA DEMOCRÁTICA NO BRASIL E NO MUNDO
  • 5. Revista Pandora Brasil - Edição especial Nº 4 - "Cultura e materialidade escolar" - 2011 Hoje temos uma escola como referência de Escola Democrática no mundo todo, a Escola da Ponte. Situada em Portugal e fundada pelo educador Professor José Francisco de Almeida Pacheco, a instituição recebe milhares de estudantes encaminhados pelos responsáveis que conhecem seu trabalho pedagógico diferenciado das demais. Sua proposta de aprendizagem é libertária e inclusiva, a partir da idéia construtivista que desencadeia a nova pedagogia em andamento. Essa escola destaca-se por trabalhar inteiramente na gestão democrática, tornando-se exemplo para pesquisas e estudos nessa área. No Brasil, duas escolas atualmente trabalham nesta proposta. A Escola Municipal de Ensino Fundamental Amorim Lima, em São Paulo, está realizando seu processo de democratização desde 2003, quando entrou em contato com a Escola da Ponte, em Portugal. A escola teve sua proposta mudada drasticamente devido a fatores não muito incomuns na realidade das escolas públicas de São Paulo. A violência e o tráfico na região onde está localizada tinham números alarmantes, e refletia nos alunos. A ausência era constante também no corpo docente. A partir disso o conselho da escola iniciou projetos de melhoria abrindo as portas para alunos e comunidade de final de semana para proporcionar um ambiente tranqüilo onde todos poderiam ficar em tempo integral interagindo através do esporte, oficinas de arte e salas de informática. Logo em seguida o modelo de escola democrática foi apresentado ao conselho através de um vídeo sobre a Escola da Ponte. Desde então a instituição tem aplicado a metodologia de ensino democrática, e tem gerado resultados acima das expectativas. Outra escola a adotar esta proposta pedagógica é a Escola Municipal Presidente Campos Sales, também em São Paulo, que começou mais recentemente (em 2008) e também reflete resultados positivos. ESCOLA DA PONTE Sobre a Escola
  • 6. Revista Pandora Brasil - Edição especial Nº 4 - "Cultura e materialidade escolar" - 2011 Fundada em 1970 pelo educador José Pacheco e localizada na Vila das Aves em Portugal, a escola da Ponte é a primeira instituição que surgiu no mundo onde se trabalha numa proposta pedagógica de liberdade e igualdade, na qual o aluno é o centro do aprendizado. Seu fundador defende que é indispensável alterar as práticas educacionais das escolas de maneira que haja muito mais contato humano fraternal, trabalhando sempre a autonomia dos alunos e professores, estimulando o desenvolvimento da cidadania, da liberdade responsável e a solidariedade. Estes são os grandes valores cultivados dentro da Escola da Ponte, pois os alunos são chamados a praticar a democracia dentro da própria escola, como cidadãos autônomos. O projeto “Fazer a Ponte” tem como base realizar a inter-relação dos alunos entre si e com todos os outros indivíduos, mantendo os mesmos responsáveis pela escola para que esta se torne a sociedade onde o aluno é atuante. Esse exercício de cidadania faz com que os alunos aprendam a viver em sociedade, ao mesmo tempo que a estrutura administrativa da escola funcione. Hoje a instituição é um exemplo de trabalho eficaz e de democracia em todo o mundo. Histórico Em 1976 a Escola da Ponte era como todas as outras, mas possuía problemas graves em toda sua estrutura. O mal-estar pedagógico era evidente e os professores eram autoritários com os alunos (seres apenas nulos de conhecimento e razão), individualistas em seus conteúdos e metodologias de ensino. O trabalho escolar era exclusivamente centrado no professor, e estes trabalhavam com manuais iguais para todos, repetição de lições, passividade. As crianças que chegavam à escola com uma cultura diferente da que aí prevalecia eram desfavorecidas pelo não reconhecimento da sua experiência sociocultural. As instalações da escola eram depredadas e os alunos tinham que se ajudar para usar os banheiros, formando uma barreira humana no lugar da porta do banheiro, que havia sido arrancada há tempos. Apesar da solidariedade entre alunos, o índice de violência era
  • 7. Revista Pandora Brasil - Edição especial Nº 4 - "Cultura e materialidade escolar" - 2011 alarmante e o descaso com a instituição influenciou o fundador da escola a pensar numa nova maneira de resolver os problemas e revolucionar a educação para adequar-se aos alunos e professores. A partir deste quadro José Pacheco resolveu re-estruturar todos os alicerces da instituição e transformar o local em um centro de desenvolvimento social e educacional. O mesmo afirma que nenhuma idéia sobre a Escola da Ponte foi inventada, mas sim baseada em pesquisas realizadas por vários educadores e psicólogos competentes. A linha de pensamento da educação democrática é uma idéia já relatada desde John Dewey. O problema principal era simplesmente montar a estrutura dentro de uma escola, realizar a mudança total e colocar a teoria em prática. Claro que a mudança não foi bem vista por toda a sociedade dentro e fora da escola, mas os resultados que logo apareceram trouxeram compreensão e esperança a todos os envolvidos. Estrutura A escola tradicional está estruturada de modo reproduzir a divisão do trabalho existente na sociedade capitalista. Por isso, o que competia à administração escolar não se confundia com a coordenação pedagógica, isto é, a estrutura pedagógico-administrativa estava subdividida, como se ambas fossem funções diferentes, cada qual com prerrogativas distintas. Assim, ao diretor cabia deliberar soberanamente sem consultar os professores e a estes era reservada a tarefa de cumprir ordens e diretrizes emanadas do setor administrativo da escola e das secretarias de educação, de maneira verticalizada. Por outro lado, a estrutura de gestão de uma escola democrática pressupõe a reativação ou mesmo a constituição de mecanismos de participação, a exemplo dos colegiados, que devem assumir funções não apenas de apoio à direção, mas de consulta quanto à sua opinião e participando nas deliberações sobre assuntos que remetam ao cotidiano escolar. Essa caracterização renovada dos colegiados conduz a um olhar sobre eles enquanto órgãos efetivos de gestão colegiada, abandonando os estereótipos de simples
  • 8. Revista Pandora Brasil - Edição especial Nº 4 - "Cultura e materialidade escolar" - 2011 associações de intercâmbio com a comunidade local e arrecadação de recursos ou meras agremiações voltadas apenas ao lazer e integração do estudante. Os órgãos de gestão têm como elemento unificador de esforços o projeto político- pedagógico, que é construído de modo coletivo e, portanto, atendendo aos requisitos de participação da comunidade escolar. Objetivos do Projeto No início do projeto, em 1976, foram definidos como objetivos: concretizar uma efetiva diversificação das aprendizagens tendo por referência uma política de direitos humanos que garantisse as mesmas oportunidades educacionais e de realização pessoal para todos e promover a autonomia e a solidariedade. Ainda hoje, apesar das mudanças e dificuldades, os objetivos principais do projeto dentro da Escola da Ponte são: manter a concretização efetiva da diversificação do aprendizado, tendo por referência uma política de direitos humanos que garantisse as mesmas oportunidades educacionais e de realização pessoal para todos; promover a autonomia e a solidariedade, operar transformações nas estruturas de comunicação e intensificar a colaboração entre instituições e agentes educativos locais. A construção do que a escola é hoje é resultado de uma melhora progressiva ao longo dos anos. Proposta Pedagógica Ao contrário da metodologia tradicional aplicada na grande totalidade das escolas espalhadas pelo mundo, essa escola adota uma metodologia democrática onde cada aluno é único em seu aprendizado e por isso respeita-se o ritmo e as escolhas de cada um. Inicialmente fundada por John Dewey, a teoria central que serviu de inspiração para o surgimento da Escola da Ponte era denominada „escola pragmática‟ – ou educação progressista – e tinha como princípio que os alunos aprendem melhor realizando tarefas associadas aos conteúdos ensinados. Atividades manuais e criativas ganharam destaque no currículo e as crianças passaram a ser estimuladas a experimentar e pensar por si mesmas. Nesse contexto, a democracia ganha peso, por ser a ordem política que permite o maior
  • 9. Revista Pandora Brasil - Edição especial Nº 4 - "Cultura e materialidade escolar" - 2011 desenvolvimento dos indivíduos, no papel de decidir em conjunto o destino do grupo a que pertencem. Dewey defendia a democracia não só no campo institucional, mas também no interior das escolas. Um dos principais argumentos do fundador José Pacheco para justificar a necessidade de mudança na abordagem pedagógica é que não passa de um grave equívoco a idéia de que se poderá construir uma sociedade de indivíduos personalizados, participantes e democráticos enquanto a escolaridade for concebida como um mero adestramento cognitivo. No entanto para que haja a mudança é necessário um grande reconhecimento das condições por todos os envolvidos e um trabalho em equipe com o mesmo objetivo. Pacheco acredita que qualquer escola pode aderir à democratização de seus alicerces, uma vez que alunos, professores e funcionários em geral estiverem abertos e convencidos a contribuírem para a democratização dos alicerces das instituições. Referências Bibliográficas FREIRE, Paulo. Pedagogia do Oprimido. Rio de Janeiro: Paz e Terra, 1979. LUCKESI, Cipriano Carlos. A avaliação da aprendizagem escolar. São Paulo: Cortez, 2002 LUCKESI, Cipriano Carlos. Filosofia da Educação – São Paulo: Ed. Cortez, 1994. Projeto Político-Pedagógico da EMEF Amorim Lima. Disponível em: http://www.amorimlima.org.br/tiki-index.php Projeto Pedagógico da Escola da Ponte. Disponível em: http://www.escoladaponte.com.pt/documen/projecto.pdf ROSA, S.S. Construtivismo e mudança. 8 ed. São Paulo, Cortez editora: 2002