As DSTs são doenças transmitidas sexualmente que podem causar sérios problemas de saúde. Algumas das principais DSTs descritas no documento incluem a sífilis, que pode ser transmitida através do sangue e da mãe para o feto durante a gravidez, causando complicações como natimortos; o herpes genital, que causa surtos recorrentes de lesões dolorosas; e a gonorréia, que pode levar à esterilidade se não tratada.
2. DSTs - INTRODUÇÃO
As Doenças Sexualmente Transmissíveis (DSTs) são muito
freqüentes em nosso meio, bastando dizer que, de cada
dez consultas realizadas no Brasil, duas são relacionadas
a esse tipo de doença.
As DSTs são doenças que passam de uma pessoa para outra
através da relação sexual sem preservativo, seja de homem
com mulher, homem com homem ou mulher com mulher.
Qualquer pessoa pode contrair essas doenças.
Portanto, fique atento!
“Use sempre a camisinha em todas as relações sexuais”.
3. DSTs – TRANSMISSÃO E CONSEQUÊNCIAS
Algumas DSTs, como a sífilis, a hepatite B e a AIDS,
podem ser transmitidas também através do sangue
contaminado e durante a gravidez para o bebê, se a
mãe estiver contaminada.
Ao contrário do que muitos pensam, as DSTs podem
causar doenças graves, podendo causar problemas
sexuais, esterilidade, aborto, nascimento de bebês
prematuros, deficiência física ou mental nos bebês de
grávidas contaminadas e alguns tipos de câncer.
Além disso, quando uma pessoa apresenta uma DST
tem uma chance maior de pegar outra DST, inclusive
a AIDS.
4. DSTs - DIAGNÓSTICO E TRATAMENTO
A maioria das doenças sexualmente transmissíveis
tem cura, mas devem ser corretamente
diagnosticadas e tratadas por profissionais de
saúde.
Nunca siga conselhos de vizinhos, colegas,
parentes, balconistas de farmácia ou qualquer
outra pessoa.
Siga o tratamento até o final e informe ao seu
parceiro que está com uma DST, evitando que o
problema continue.
5. PRINCIPAIS DSTs
A) CORRIMENTOS : Gonorréia.
Uretrite não gonocócica – clamídia.
Tricomoníase.
Vaginose.
Candidíase.
B) ÚLCERAS (FERIDAS): Sífilis ou Cancro duro.
Cancro mole.
Herpes genital.
Linfogranuloma venéreo.
Donovanose (granuloma inguinal).
C) VERRUGAS: HPV ou Condiloma acuminado
6. CORRIMENTOS
Gonorréia
Esta é uma das mais comuns entre as doenças
transmitidas sexualmente.
De seis a oito dias após a transa, a pessoa
começa a sentir ardência e dificuldade ao urinar e
apresentar corrimento amarelo ou esverdeado ou até
mesmo com um pouco de sangue, que sai do pênis,
vagina ou ânus.
Se esta doença não for tratada, tanto no homem
como na mulher, pode haver sérias conseqüências:
pode causar esterilidade, que é a incapacidade de ter
filhos; pode atacar o sistema nervoso, causando
meningite; pode afetar os ossos e até o coração.
Na mulher é mais difícil identificar os sintomas,
por isso ela deve sempre procurar o Serviço de Saúde
quando sentir alguma coisa diferente no seu corpo.
7. Uretrite não gonocócica (clamídia )
Nos homens aparece corrimento de oito a dez
dias após a contaminação. Este corrimento é
discreto (em pequena quantidade), parecido com
água e há vontade freqüente e ardência ao urinar.
Já a mulher muitas vezes não sente nada, porém
ela é portadora e transmissora da doença.
CORRIMENTOS
8. Tricomoníase
É uma doença comum nas mulheres.
O corrimento é abundante, amarelado,
aquoso e com mau cheiro. Pode provocar
coceira e irritação da vulva, bem como dor
durante a relação sexual. O período de
incubação é, em média, de 7 dias após a
transa com pessoa infectada.
CORRIMENTOS
9. Vaginose bacteriana
É causada por um desequilíbrio
da flora vaginal normal.
O corrimento é fétido, cremoso e
acinzentado. Tanto o corrimento
como o mau cheiro aumenta
depois da relação sexual e na
menstruação, que fica escura,
com aspecto de borra de café.
CORRIMENTOS
10. Candidíase (monilíase, sapinho)
A candidíase provoca coceira intensa e
vermelhidão nos órgãos sexuais
e ardência para urinar. Na mulher, causa
corrimentos brancos, semelhantes à
nata de leite.
A candidíase pode se desenvolver durante
o uso de antibióticos ou
anticoncepcionais. É comum nas pessoas
que tem diabete. O período de
incubação é de 2 a 5 dias e é transmissível
enquanto persistirem os sintomas.
CORRIMENTOS
11. ÚLCERAS - FERIDAS
Conceito
Doença infecto-contagiosa sistêmica (acomete todo o organismo), que
evolui de forma crônica (lenta) e que tem períodos de acutização
(manifesta-se agudamente) e períodos de latência (sem
manifestações). Pode comprometer múltiplos órgãos (pele, olhos,
ossos, sistema cardiovascular, sistema nervoso). De acordo com
algumas características de sua evolução a sífilis divide-se em Primária,
Secundária, Latente e Terciária ou Tardia. Quando transmitida da mãe
para o feto é chamada de Sífilis Congênita.
O importante a ser considerado aqui é a sua lesão primária, também
chamada de cancro de inoculação (cancro duro), que é a porta de
entrada do agente no organismo da pessoa.
Sífilis ou Cancro duro
12. ÚLCERAS - FERIDAS
Estágios da sífilis
Sífilis primária: trata-se de uma lesão ulcerada (cancro) não dolorosa (ou
pouco dolorosa), em geral única, com a base endurecida, lisa, brilhante, com
presença de secreção serosa (líquida, transparente) escassa e que pode
ocorrer nos grandes lábios, vagina, clitóris, períneo e colo do útero na mulher
e na glande e prepúcio no homem, mas que pode também ser encontrada
nos dedos, lábios, mamilos e conjuntivas. É freqüente também a adenopatia
inguinal (íngua na virilha) que, em geral passa desapercebida. O cancro
usualmente desaparece em 3 a 4 semanas, sem deixar cicatrizes. Entre a
segunda e quarta semanas do aparecimento do cancro, as reações
sorológicas (exames realizados no sangue) para sífilis tornam-se positivas.
Sífilis Secundária: é caracterizada pela disseminação dos treponemas pelo
organismo e ocorre de 4 a 8 semanas do aparecimento do cancro. As
manifestações nesta fase são essencialmente dermatológicas e as reações
sorológicas continuam positivas.
13. ÚLCERAS - FERIDAS
Estágios da sífilis
Sífilis Latente: nesta fase não existem manifestações visíveis mas
as reações sorológicas continuam positivas.
Sífilis Adquirida Tardia: a sífilis é considerada tardia após o
primeiro ano de evolução em pacientes não tratados ou
inadequadamente tratados. Apresentam-se após um período
variável de latência sob a forma cutânea, óssea, cardiovascular,
nervosa etc. As reações sorológicas continuam positivas também
nesta fase.
Sífilis Congênita: é devida a infecção do feto pelo Treponema por
via transplacentária, a partir do quarto mês da gestação. As
manifestações da doença, na maioria dos casos, estão presentes já
nos primeiros dias de vida e podem assumir formas graves,
inclusive podendo levar ao óbito da criança.
14. ÚLCERAS - FERIDAS
Sífilis
Complicações/Conseqüências
Aborto espontâneo, natimorto, parto prematuro,
baixo peso, endometrite pós-parto. Infecções peri
e neonatal. Sífilis Congênita. Neurossífilis. Sífilis
Cardiovascular.
Transmissão
Relação sexual (vaginal anal e oral), transfusão de
sangue contaminado, transplacentária (a partir do
quarto mês de gestação).
Sífilis primaria
Sífilis secundária
Sífilis congênita
15. ÚLCERAS - FERIDAS
Cancro mole
Conceito
Ulceração (ferida) dolorosa, com a base mole, hiperemiada
(avermelhada), com fundo purulento e de forma irregular que
compromete principalmente a genitália externa mas pode comprometer
também o ânus e mais raramente os lábios, a boca, língua e garganta.
Estas feridas são muito contagiosas, auto-inoculáveis e portanto,
freqüentemente múltiplas. Em alguns pacientes, geralmente do sexo
masculino, pode ocorrer enfartamento ganglionar na região inguino-
crural (inchação na virilha). Não é rara a associação do cancro mole e
o cancro duro (sífilis primária).
Sinônimos
Cancróide, cancro venéreo simples, "cavalo"
16. ÚLCERAS - FERIDAS
Cancro mole
Complicações/Conseqüências
Não tem. Tratado adequadamente, tem cura completa.
Transmissão
Relação sexual
Período de Incubação
2 à 5 dias
Diagnóstico
Pesquisa do agente em material colhido das lesões.
Tratamento
Antibiótico.
Prevenção
Camisinha. Higienização genital antes e após o relacionamento
sexual. Escolha do(a) parceiro(a).
17. ÚLCERAS - FERIDAS
Herpes genital
Conceito
Infecção recorrente (vem, melhora e volta) causadas por um grupo
de vírus que determinam lesões genitais vesiculares (em forma de
pequenas bolhas) agrupadas que, em 4-5 dias, sofrem erosão
(ferida) seguida de cicatrização espontânea do tecido afetado. As
lesões com freqüência são muito dolorosas e precedidas por eritema
(vermelhidão) local. A primeira crise é, em geral, mais intensa e
demorada que as subseqüentes. O caráter recorrente da infecção é
aleatório (não tem prazo certo) podendo ocorrer após semanas,
meses ou até anos da crise anterior. As crises podem ser
desencadeadas por fatores tais como stress emocional, exposição
ao sol, febre, baixa da imunidade etc.
A pessoa pode estar contaminada pelo vírus e não apresentar ou
nunca ter apresentado sintomas e, mesmo assim, transmití-lo a(ao)
parceira(o) numa relação sexual.
18. ÚLCERAS - FERIDAS
Herpes genital
Complicações/Conseqüências
Aborto espontâneo, natimorto, parto prematuro, baixo peso,
endometrite pós-parto. Infecções peri e neonatais. Vulvite. Vaginite.
Cervicite. Ulcerações genitais. Proctite. Complicações neurológicas
etc.
Transmissão
Freqüentemente pela relação sexual. Da mãe doente para o recém-
nascido na hora do parto.
Período de Incubação
1 a 26 dias. Indeterminado se levar em conta a existência de
portadores em estado de latência (sem manifestações) que podem,
a qualquer momento, manifestar a doença.
19. ÚLCERAS - FERIDAS
Herpes genital
Diagnóstico
O diagnóstico é essencialmente clínico (anamnese e exame
físico). A cultura e a biópsia são raramente utilizados.
Tratamento
Não existe ainda tratamento eficaz quanto a cura da
doença. O tratamento tem por objetivo diminuir as
manifestações da doença ou aumentar o intervalo entre as
crises.
Prevenção
Não está provado que a camisinha diminua a
transmissibilidade da doença. Higienização genital antes e
após o relacionamento sexual é recomendável. Escolha
do(a) parceiro(a).
20. ÚLCERAS - FERIDAS
Linfogranuloma venéreo
Conceito
O Linfogranuloma venéreo caracteriza-se pelo aparecimento de
uma lesão genital (lesão primária) que tem curta duração e que
se apresenta como uma ulceração (ferida) ou como uma pápula
(elevação da pele). Esta lesão é passageira (3 a 5 dias) e
freqüentemente não é identificada pelos pacientes,
especialmente do sexo feminino. Após a cura desta lesão
primária, em geral depois de duas a seis semanas, surge o
bubão inguinal que é uma inchação dolorosa dos gânglios de
uma das virilhas (70% das vezes é de um lado só). Se este
bubão não for tratado adequadamente ele evolui para o
rompimento expontâneo e formação de fístulas que drenam
secreção purulenta.
21. ÚLCERAS - FERIDAS
Linfogranuloma venéreo
Complicações/Conseqüências
Elefantíase do pênis, escroto, vulva. Proctite (inflamação do reto)
crônica. Estreitamento do reto.
Transmissão
Relação sexual é a via mais freqüente de transmissão. O reto de
pessoas cronicamente infectada é reservatório de infecção.
Período de Incubação
7 a 60 dias.
22. ÚLCERAS - FERIDAS
Linfogranuloma venéreo
Diagnóstico
Em geral o diagnóstico é feito com base nas
manifestações clínicas (íngua, elefantíase genital,
estenose uretral etc) sendo ocasional a necessidade
de comprovação laboratorial (teste de fixação de
complemento, cultura, biópsia etc).
Tratamento
Sistêmico, através de antibióticos. Aspiração do
bubão inguinal. Tratamento das fístulas
Prevenção
Camisinha. Higienização após o coito.
23. ÚLCERAS - FERIDAS
Donovanose
O que é
É uma infecção causada pela bactéria que afeta a pele e mucosas das
regiões da genitália, da virilha e do ânus. Causa úlceras e destrói a pele
infectada. É mais freqüente no Norte do Brasil e em pessoas com baixo
nível socioeconômico e higiênico.
Sinais e sintomas
Os sintomas incluem caroços e feridas vermelhas e sangramento fácil.
Após a infecção, surge uma lesão nos órgãos genitais que lentamente
se transforma em úlcera ou caroço vermelho. Essa ferida pode atingir
grandes áreas, danificar a pele em volta e facilitar a infecção por
outras bactérias. Como as feridas não causam dor, a procura pelo
tratamento pode ocorrer tardiamente, aumentando o risco de
complicações.
Tratamento
O tratamento, com uso de antibióticos, deve ser prescrito pelo
profissional de saúde após avaliação cuidadosa. Deve haver retorno
após término do tratamento para avaliação de cura da infecção. É
necessário evitar contato sexual até que os sintomas tenham
desaparecidos e o tratamento finalizado.
24. VERRUGAS
HPV ou Condiloma acuminado
Conceito
Infecção causada por um grupo de vírus (HPV - Human Papiloma Viruses)
que determinam lesões papilares (elevações da pele) as quais, ao se
fundirem, formam massas vegetantes de tamanhos variáveis, com aspecto
de couve-flor (verrugas).
Os locais mais comuns do aparecimento destas lesões são a glande, o
prepúcio e o meato uretral no homem e a vulva, o períneo, a vagina e o
colo do útero na mulher.
Em ambos os sexos pode ocorrer no ânus e reto, não necessariamente
relacionado com o coito anal.
Com alguma freqüência a lesão é pequena, de difícil visualização à vista
desarmada (sem lentes especiais), mas na grande maioria das vezes a
infecção é assintomática ou inaparente, sem nenhuma manifestação
detectável pelo(a) paciente.
Sinônimos
Jacaré, jacaré de crista, crista de galo, verruga genital.
25. VERRUGAS
HPV ou Condiloma acuminado
Complicações/Conseqüências
Câncer do colo do útero e vulva e, mais raramente, câncer do pênis e também do
ânus.
Transmissão
Contacto sexual íntimo (vaginal, anal e oral). Mesmo que não ocorra penetração
vaginal ou anal o vírus pode ser transmitido.
O recém-nascido pode ser infectado pela mãe doente, durante o parto.
Pode ocorrer também, embora mais raramente, contaminação por outras vias
(fômites) que não a sexual : em banheiros, saunas, instrumental ginecológico, uso
comum de roupas íntimas, toalhas etc.
Período de Incubação
Semanas a anos. (Como não é conhecido o tempo que o vírus pode permanecer
no estado latente e quais os fatores que desencadeiam o aparecimento das
lesões, não é possível estabelecer o intervalo mínimo entre a contaminação e o
desenvolvimento das lesões, que pode ser de algumas semanas até anos ou
décadas).
26. VERRUGAS
HPV ou Condiloma acuminado
Diagnóstico
O diagnóstico é essencialmente clínico (anamnese e exame físico).
Eventualmente recorre-se a uma biópsia da lesão suspeita.
Tratamento
O tratamento visa a remoção das lesões (verrugas, condilomas e lesões do
colo uterino).
Os tratamentos disponíveis são locais (cirúrgicos, quimioterápicos,
cauterizações etc). As recidivas (retorno da doença) podem ocorrer e são
freqüentes, mesmo com o tratamento adequado.
Eventualmente, as lesões desaparecem espontaneamente.
Não existe ainda um medicamento que erradique o vírus, mas a cura da
infecção pode ocorrer por ação dos mecanismos de defesa do organismo.
Já existem vacinas para proteção contra alguns tipos específicos do HPV,
estando as mesmas indicadas para pessoas não contaminadas.
27. VERRUGAS
HPV ou Condiloma acuminado
Prevenção
Camisinha usada adequadamente, do início ao fim da
relação, pode proporcionar alguma proteção. Ter parceiro
fixo ou reduzir numero de parceiros. Exame ginecológico
anual para rastreio de doenças pré-invasivas do colo do
útero. Avaliação do(a) parceiro(a). Abstinência sexual
durante o tratamento.
Em 2006 foi aprovada pela ANVISA (Agência Nacional de
Vigilância Sanitária) a utilização da Vacina Quadrivalente
produzida pelo Laboratório Merck Sharp & Dohme contra
os tipos 6,11,16 e 18 do HPV, para meninas e mulheres
de 9 a 26 anos que não tenham a infecção. Esta vacina
confere proteção contra os vírus citados acima, os quais
são responsáveis por 70% dos casos de câncer do colo do
útero (tipos 16 e 18) e 90% dos casos de verrugas
(condilomas) genitais (tipos 6 e 11).
29. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
BRASIL. Ministério da Saúde. Secretaria de Vigilância em Saúde. Programa
Nacional de DST e AIDS. Manual de Controle das Doenças
Sexualmente Transmissíveis/Ministério da Saúde, Secretaria de
Vigilância em Saúde, Programa Nacional de DST e AIDS. Brasília:
Ministério da Saúde. 2005.
BRASIL. Ministério da Saúde. Secretaria de Vigilância em Saúde. Programa
Nacional de DST e AIDS. Diretrizes para o Controle da Sífilis
Congênita/Ministério da Saúde, Secretaria de Vigilância em Saúde,
Programa Nacional de DST e AIDS. Brasília: Ministério da Saúde. 2006.
Doenças Sexualmente Transmissíveis - DST. - Florianópolis. SEA/DGAO, 2006.