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Doris de Almeida Soares




A presença social em um ambiente virtual de
aprendizagem: uma proposta de análise à luz
         da Linguística Sistêmico-Funcional




                               TESE DE DOUTORADO


                 Tese apresentada ao Programa de Pós-
                 Graduação em Letras da PUC-Rio como
                 requisito parcial para a obtenção do título de
                 Doutor em Letras.




                 Orientadora: Profa. Barbara Jane Wilcox Hemais
         Co-orientadora: Profa.Tânia Maria Granja Shepherd



                                               Rio de Janeiro
                                               Julho de 2011
Doris de Almeida Soares


   A presença social em um ambiente virtual de
aprendizagem: uma proposta de análise à luz da
               Linguística Sistêmico-Funcional
                 Tese apresentada como requisito parcial
                 para obtenção do grau de Doutor pelo
                 Programa de Pós-Graduação em Letras do
                 Departamento de Letras do Centro de
                 Teologia e Ciências Humanas da PUC-Rio.
                 Aprovada pela Comissão Examinadora
                 abaixo assinada.



                   Profa. Barbara Jane Wilcox Hemais
                                           Orientadora
                     Departamento de Letras – PUC-Rio


   Profa. Violeta de San Tiago Dantas Barbosa Quental
                      Departamento de Letras – PUC-Rio


               Profa. Maria do Carmo Leite de Oliveira
                     Departamento de Letras – PUC-Rio


               Profa. Kátia Cristina do Amaral Tavares
                                                 UFRJ


                             Profa. Gisele de Carvalho
                                                 UERJ


                     Profa. Denise Berruezo Portinari
            Coordenadora Setorial do Centro de Teologia
                       e Ciências Humanas – PUC-Rio


                    Rio de Janeiro, 12 de julho de 2011.
Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução total
ou parcial do trabalho sem autorização da autora, da
orientadora, da co-orientadora e da universidade.




                             Doris de Almeida Soares
Graduou-se em Língua Inglesa e Respectivas Literaturas
pela UERJ e cursou Especialização em Língua Inglesa na
mesma instituição. Concluiu o Mestrado em Interdisciplinar
em Lingüística Aplicada na UFRJ, desenvolvendo estudos
na área de produção textual em língua materna e língua
estrangeira. Atualmente é Professora Assistente de Língua
Inglesa na Escola Naval, onde atua no ensino presencial e a
distância bem como no desenho de cursos on-line para fins
específicos. Tem trabalhos publicados nas seguintes áreas:
Linguística Aplicada, Linguística Sistêmico-Funcional,
Tecnologia aplicada ao ensino de língua estrangeira, e
formação de professores.

                                     Ficha Catalográfica


 Soares, Doris de Almeida

     A presença social em um ambiente virtual de
 aprendizagem: uma proposta de análise à luz da
 Linguística Sistêmico-Funcional / Doris de Almeida
 Soares; orientadora: Barbara Jane Wilcox Hemais; co-
 orientadora: Tânia Maria Granja Shepherd. – 2011.
     247 f. : il. (color.) ; 30 cm

    Tese (doutorado) - Pontifícia Universidade Católica
 do Rio de Janeiro, Departamento de Letras, 2011.
     Inclui bibliografia

      1. Letras – Teses. 2. Comunicação mediada pelo
 computador. 3. Campo, Modo e Relação. 4. Ações
 sociais. 5. Ensino mediado pelo computador. 6.
 Interação em contextos pedagógicos digitais. 7.
 Presença social. 8. Linguística Sistêmico-Funcional. 9.
 Teoria da Valoração. I. Hemais, Barbara Jane Wilcox. II.
 Shepherd, Tânia Maria Granja. III. Pontifícia
 Universidade Católica do Rio de Janeiro. Departamento
 de Letras. IV. Título.

                                               CDD: 400
Para minha querida família.
Agradecimentos




A Deus, pela vida e pela saúde para esta jornada que agora chega ao fim.


Aos meus pais, por terem me ensinado a perseverar e por terem me dado acesso à
educação, me apoiando sempre para que eu pudesse chegar até aqui.


Ao meu marido, pela compreensão e o carinho nesta etapa atribulada de nossa
vida.


Ao meu filho, que soube compreender as horas que não estive presente, embora
estando em casa.


Aos Chefes de Centro e Coordenadores do Centro de Ciências Social (CCS) da
Escola Naval, os quais gentilmente deferiram o meu pedido de afastamento das
minhas funções profissionais para que eu concluísse esta tese.


Aos amigos, que me deram a força para eu seguir sempre adiante.


À Professora Doutora Barbara Jane Wilcox Hemais, pela orientação tranquila e
pela liberdade que me deu para a execução desta pesquisa.


À Professora Doutora Tânia Maria Granja Shepherd, pela co-orientação que tanto
enriqueceu este trabalho.


Aos professores de idiomas que participaram desta pesquisa, sem os quais este
trabalho não teria sido possível.
Resumo




       Soares, Doris de Almeida; Hemais, Barbara Jane Wilcox; Shepherd, Tânia
       Maria Granja. A presença social em um ambiente virtual de
       aprendizagem: uma proposta de análise à luz da Linguística
       Sistêmico-Funcional, 2011, 247p. Tese de Doutorado. Departamento de
       Letras, Pontifícia Universidade Católica do Rio de Janeiro.




       A presença social em um ambiente virtual de aprendizagem: uma
proposta de análise à luz da Linguística Sistêmico-Funcional é um estudo de
caso interpretativista dos elementos que contribuem para a co-presença (Goffman,
1963) e para a representação do eu (Goffman, 1959/2009) em um contexto
pedagógico on-line. Adotando uma visão Sistêmico-Funcional da linguagem
(Halliday, 1994), a tese analisa, pelo viés das variáveis Campo, Modo e Relação
(Halliday e Hasan, 1989) e da Teoria da Valoração (Martin, 2000), 510 textos
escritos por treze professores de idiomas em um curso de dez semanas no TelEduc
sobre a produção de material digital. O corpus contém amostras coletadas em três
ferramentas: perfil, fórum de discussão, e portfólio. A tese propõe um modelo
teórico-metodológico que engloba o estudo das funções discursivas, dos recursos
para aproximar a escrita da fala, das escolhas lexicogramaticais referentes a
Participantes e Processos, além de manifestações de Afeto, Julgamento e
Apreciação. Contempla, também, uma categorização dos tipos de mensagens e
como estas se relacionam para formar “conversas”, ou cadeias, entre os
participantes. O estudo aponta que o perfil é o único espaço em que há apenas
uma ação social (se apresentar ao grupo). Nos fóruns e portfólios, nos quais há
seis outras ações, os pedidos de ajuda e os oferecimentos de soluções ou de apoio
moral são as ações mais frequentes, seguidas pelo provimento de feedback sobre
as atividades dos colegas nos portfólios. Esse resultado sugere que a natureza
prática do curso faz com que as reflexões sobre as leituras e as atividades-modelo,
apesar de obrigatórias, fiquem em segundo plano. Há também mensagens que
visam somente à socialização (pedidos de desculpa, por exemplo), à auto-
avaliações, e à descrição das atividades nos portfólios. Dependendo do Campo e
da ferramenta, essas ações são mais comumente realizadas de modo independente,
gerando textos orientados para um único propósito comunicativo (amostras de
Campo simples), ou são combinadas (amostras de Campo combinado), gerando
textos com propósitos múltiplos, principalmente visando a salvar a face do autor.
Para construir um senso de comunidade, muito contribuem a função discursiva
identificar-se com o outro e os recursos que tendem a emular a fala, o que torna a
escrita mais pessoal e interativa. A visão dos sujeitos se faz presente na tese por
meio das opiniões coletadas em dois questionários on-line e em uma entrevista via
email. O cruzamento dos comportamentos linguísticos e das opiniões dos
participantes revela que há alguns desencontros entre o que se espera e o que
acontece no espaço de interação, especialmente no que tange o provimento de
respostas nos fóruns, verificável pela análise das funções perguntar e questionar,
e o conteúdo apresentado nos perfis, verificável pela análise das funções
discursivas que estruturam os mesmos. Essas evidências apontam para possíveis
implicações pedagógicas, as quais podem requerer revisões de práticas docentes e
discentes nos cursos on-line.


Palavras-chave
       Comunicação mediada pelo computador; Campo, Modo e Relação; ações
sociais; ensino mediado por computador; interação em contextos pedagógicos
digitais; Presença social; Linguística Sistêmico-Funcional; Teoria da Valoração.
Abstract




       Soares, Doris de Almeida; Hemais, Barbara Jane Wilcox (Advisor);
       Shepherd, Tânia Maria Granja. Social presence in a virtual learning
       environment: an analysis proposal in light of Systemic Functional
       Linguistics, 2011. 247p. Doctoral thesis. Departamento de Letras,
       Pontifícia Universidade Católica do Rio de Janeiro.




       Social presence in a virtual learning environment: an analysis
proposal in light of Systemic Functional Linguistics is an interpretive case
study of the elements which contribute to co-presence (Goffman, 1963) and to the
presentation of the self (Goffman, 1959/2009) in an online pedagogical context.
Adopting a Systemic Functional view of language (Halliday, 1994) and drawing
on the study of the variables Field, Tenor and Mode (Halliday and Hasan, 1989)
and Appraisal Theory (Martin, 2000), this thesis examines 510 texts written by
thirteen language teachers in a ten-week-course held in TelEduc, whose aim was
to enable participants to produce digital teaching materials. The corpus contains
samples that are representative of the linguistic exchanges in the students’
profiles, forum messages and portfolio messages. The theoretical and
methodological framework of the study encompasses the discursive functions
which make writing more interactive, specifically, the resources that simulate
speech in the written mode and the students’ lexicogramatical choices as regards
Participants and Processes as well as expressions of Affect, Judgment and
Appreciation. The study also categorizes the types of messages posted and
analyzes how they relate to one another to form conversations (chains) between
participants. The study shows that the profile is the only tool in which there is a
single social action. In the eleven forums and in the 13 portfolios, where six other
actions take place, requests and offers for help or moral support are the most
frequent, followed by feedback on the activities designed by colleagues. This
suggests that the practical nature of the course makes the reflections on the
readings and model activities less frequent, despite being compulsory. There are
also messages whose objective is just socialization (apologies for example), self-
assessment, and description of the activities posted on the portfolios. Depending
on the Field and the tool, these actions are most commonly performed
independently, generating single communicative purpose texts (Simple Field
samples) or they may be combined, for example, an apology, a reflection and
evaluation in one text (a Combined Field sample). Authors use this kind of
combination mainly so that they can save face. The discourse function identifying
with peers and the resources used for simulating speech, which make writing more
personal and interactive, greatly contribute to build a sense of community. The
participants’ perceptions, collected in two online questionnaires and in an email
interview, provide further information that complements the linguistic study of the
participants’ realization of social action. The triangulation of the linguistic
behavior observed and the participants’ opinions shows that there are some
mismatches between what can be expected from the survey of the literature and
what happens in the online space of interaction. In particular, the triangulation
highlights the expectation of answers in the forums, detected through the analysis
of the discursive functions asking question and questioning, and the content of the
profiles. Such evidence points to possible pedagogical implications, which could
involve a review of practices in online courses.




Keywords
        Computer mediated communication; Filed, Tenor and Mode; social
action; social interaction in online pedagogical contexts; Social presence;
Systemic Functional Linguistics; Appraisal Theory.
Sumário




1. Introdução                                                        18


2. A comunicação mediada por computador e a presença social          27
2.1. Introdução                                                      27
2.2. A comunicação mediada por computador (CMC)                      28
2.2.1. O email                                                       29
2.2.2. Sistemas de conferência em grupo                              32
2.2.2.1. Os sistemas de conferência em grupo: aspectos pedagógicos   34
2.2.2.2 Sistemas de conferência em grupo: aspectos psicológicos      36
2.3 A representação do eu e a co-presença mediada                    37
2.3.1. A presença social como conceito teórico                       40
2.3.2. Origens da presença social mediada                            40
2.3.3. A presença social em contextos educacionais on-line           44
2.3.3.1. A presença social segundo Gunawardena (1995)                45
2.3.3.2. A presença social segundo Gunawardena e Zittle (1997)       47
2.3.3.3. A presença social segundo Tu (200a, 2002b e 2004)           49
2.3.3.4. A presença social segundo Rourke et al. (1999)              52
2.3.3.5. A presença social na atualidade e uma nova proposta         56


3. Abordagem Sistêmico-Funcional da linguagem                        60
3.1 Introdução                                                       60
3.2. Panorama da Linguística Sistêmico-Funcional                     60
3.3. Teoria da Valoração                                             63
3.3.1. ATITUDE: Afeto                                                65
3.3.2. ATITUDE: Julgamento                                           70
3.3.3. ATITUDE: Apreciação                                           72
3.3.4 ENGAJAMENTO                                                    73
                                                                     76
4. O discurso virtual e a questão do gênero
4.1. Introdução                                                              76
4.2. Gênero no paradigma funcionalista                                       77
4.2.1. Campo, Modo e Relação                                                 78
4.2.2. Registro e gênero                                                     82
4.3. Modelos de análise funcional                                            84
4.4. Alguns estudos Sistêmico-Funcionais da CMC                              87


5. O contexto de pesquisa e a coleta de dados                                93
5.1. Introdução                                                              93
5.2. Conhecendo o ambiente TelEduc                                           93
5.2.1. Visão panorâmica da ferramenta perfil                                 95
5.2.2. Considerações sobre a ferramenta fórum de discussão                   97
5.2.3. Conhecendo a ferramenta portfólio                                     99
5.3 O Contexto da pesquisa e a compilação do corpus                         102
5.3.1. Instrumentos para coleta de dados                                    104
5.3.2. O perfil dos participantes                                           105


6. Proposta teórico-metodológica para o estudo da presença social           108
6.1. Introdução                                                             108
6.2. Proposta para a análise dos comportamentos associados a
presença social nas variáveis Campo e Modo                                  109
6.2.1. As funções discursivas, os recursos discursivos e a Avaliatividade   109
6.3. Proposta para a análise de comportamentos associados à
presença social na variável Relação                                         115
6.3.1. Orientação aos participantes                                         116
6.3.2. Iniciação das interações: as mensagens de abertura                   118
6.3.3. Movimentos de continuidade                                           120
6.3.4. Encerramento das interações                                          122
6.4. Modelo para a análise da interdependência nas trocas
comunicativas                                                               126
6.5. Considerações sobre a proposta para a análise da presença
social e a definição do escopo desta tese                                   130
7. Panorama das ações sociais no contexto de pesquisa             132
7.1. Introdução                                                   132
7.2. Identificação das ações sociais                              133
7.3. As ações sociais nas amostras de Campo simples               135
7.4. As ações sociais nas amostras de Campo combinado             138
7.4.1. Comparando as amostras de Campo simples e de Campo
combinado nos fóruns                                              139
7.4.2. Comparando as amostras de Campo simples e de Campo
combinado nos portfólios                                          146
7.5. Considerações sobre a distribuição das ações sociais no
contexto em estudo                                                152


8. A presença social na ferramenta perfil                         156
8.1. Introdução                                                   156
8.2. Considerações sobre a ferramenta perfil e o Campo 1          156
8.2.1. A revelação de dados pessoais                              160
8.2.2. A revelação dos dados profissionais                        162
8.2.3. A revelação de dados acadêmicos e revelação de dados
motivacionais                                                     164
8.3. A co-presença na ferramenta perfil                           167
8.4. Considerações sobre o Campo1                                 169


9. A co-presença nas ferramentas fórum e portfólio                175
9.1. Introdução                                                   175
9.2. Panorama da co-presença nas ferramentas fórum e portfólio    176
9.2.1. Os recursos discursivos nas postagens                      179
9.2.1.1. A frequência dos recursos discursivos nos fóruns         179
9.2.1.2. A frequência dos recursos discursivos nos portfólios     183
9.2.1.3. Emprego dos recursos discursivos nos diferentes Campos   185


10. As funções discursivas nos Campos C2-C7 e a presença
social nas ferramentas fórum e portfólio                          189
10.1 Introdução                                                        189
10.2. A identificação com o outro                                      189
10.2.1 A identificação com o outro no Campo 4: suporte                 191
10.2.2. A identificação com o outro nos demais Campos                  196
10.2.3. A identificação com o outro no Campo 3: reflexões              199
10.3. As funções discursivas questionar e perguntar em C3              202


11. Considerações finais e encaminhamentos                             210
11.1. O percurso da pesquisa e seus objetivos                          210
11.2. Reflexões sobre os achados desta tese                            213
11.2.1. Considerações sobre a co-construção de conhecimento nos
fóruns                                                                 216
11.2.2. Considerações sobre o uso da ferramenta perfil                 220
11.3. Encaminhamentos futuros                                          221


Referências bibliográficas                                             224


Apêndices                                                              237
Apêndice A- Questionário (Q1)                                          238
Apêndice B- Questionário (Q2)                                          241
Apêndice C- Esquema de postagens nos fóruns FS2 e FS3                  242
Apêndice D – Amostras das funções discursivas questionar e perguntar
em C3                                                                  245
Lista de Siglas e Abreviações



A           Apresentação acadêmica
A-A         Aluno-aluno(s) e/ou Tutor
A-T         Aluno - Tutor
AVA         Ambiente virtual de aprendizagem
C1          Campo 1: apresentação ao grupo
C2          Campo 2: impressões
C3          Campo 3: reflexões
C4          Campo 4: suporte
C5          Campo 5: preservação da face e manutenção do tecido
            social
C6          Campo 6: introdução de atividades
C7          Campo 7: feedback
CC          Campo combinado
CS          Campo simples
CMC         Comunicação mediada por computador
DCM         Discurso mediado por computador
E1          Entrevista 1
FS1         Fórum da semana 1
FS2         Fórum da semana 2
FS3         Fórum da semana 3
FS4         Fórum da semana 4
FS5         Fórum da semana 5
FS6         Fórum da semana 6
FS7         Fórum da semana 7
FS8         Fórum da semana 8
FS9         Fórum da semana 9
FS10        Fórum da semana 10
FAju        Fórum de ajuda (dúvidas e soluções)
M           Apresentação motivacional
MSGa        Mensagem de abertura
MSGRe       Mensagem de resposta
MSGReelab   Mensagem de reelaboração
MSGRef      Mensagem de reforço
MSGFeed     Mensagem de feedback
OP          Orientações aos participantes
P           Perfil
Part.       Participante
PE          Apresentação pessoal
PO          Portfólio
PR          Apresentação profissional
Q1          Questionário 1 (sobre as ferramentas do curso)
Q2          Questionário 2 (sobre o perfil)
Listas de Ilustrações, Telas e Tabelas




Ilustração 3.1   Sistema Interpessoal com base em Martins e
                 White (2005)                                        64
Ilustração 5.1   Gráficos de perfil sócio-acadêmico dos
                 participantes da pesquisa                          105
Ilustração 5.2   Gráficos das motivações para fazer o curso         106
Ilustração 5.3   Gráfico de familiaridade com relação à interação
                 virtual                                            107
Ilustração 6.1   Modelo de relações nos fóruns                      119
Ilustração 6.2   Graus de contato                                   129
Ilustração 9.1   Co-presença explícita por fórum                    181


Tela 5.1         Amostra da tela de acesso a lista            de
                 participantes                                       96
Tela 5.2         Editor de texto                                     96
Tela 5.3         Visualização do perfil                              97
Tela 5.4         Página do fórum de discussão semana 3               98
Tela 5.5         Portfólio sem mensagem de apresentação             100
Tela 5.6         Portfólio com mensagem de apresentação             101
Tela 5.7         Comentário feito pela dona do portfólio            101


Tabela 7.1       Campo       simples     e    Campo    combinado
                 (quantificação e distribuição)                     135
Tabela 7.2       Mapeamento das amostras de Campo simples           136
Tabela 7.3       Comparativo de Campos simples e Campos
                 combinados nos fóruns                              140
Tabela 7.4       Padrões de combinação das amostras de Campo
                 combinado nos fóruns                               143
Tabela 7.5       Comparativo de Campos simples e Campos
                 combinados nos portfólios                          147
Tabela 7.6       Combinações nas OPs e nos comentários nos
                 portfólios                                         148
Tabela 7.7       Total de Campos no curso                           153
Tabela 8.1       Presença das funções discursivas por amostra       159
Tabela 8.2       Aspectos mais valorizados na leitura dos perfis    169
Tabela 9.1       A co-presença nas ferramentas do curso             176
Tabela 9.2       Quantificação dos recursos por Campo nos
                 fóruns e portfólios                                185
Listas de Quadros




Quadro 2.1    Indicadores de presença social                        45
Quadro 2.2    Escala de presença social                             48
Quadro 2.3    Recorte do questionário da presença social e da
              privacidade                                           51
Quadro 2.4    Comparativo Tu (2004) e Gunawardena (1995)            51
Quadro 2.5    Presença social segundo o modelo de
              Comunidade de Investigação                            55
Quadro 2.6    Comparativo de asserções em Arbaugh et al.
              (2007) & Gunawardena e Zittle (1997)                  58
Quadro 3.1    Afeto realis (baseado em Martins, 1997)               68
Quadro 5.1    Total de textos no curso x Total de textos no
              corpus                                                103
Quadro 6.1    Compilação de comportamentos associados à
              presença social                                       110
Quadro 6.2    Funções discursivas que denotam presença
              social                                                111
Quadro 6.3    Recursos discursivos que denotam presença
              social                                                112
Quadro 6.4    Modelo de análise de ATITUDE associada à
              presença social                                       114
Quadro 6.5    Articulação dos participantes nas ações sociais       129
Quadro 7.1    Ações sociais em um AVA com fins pedagógicos          131
Quadro 8.1    Funções discursivas que formam a base dos
              perfis                                                157
Quadro 9.1    Co-presença implícita x Co-presença explícita em
              C3 nos portfólios                                     183
Quadro 9.2    Co-presença implícita x Co-presença explícita em
              C7 nos portfólios                                     184
Quadro 10.1   Características da função discursiva identificar-se
              com o outro                                           190
Quadro 10.2   Identificação com o outro em C3                       200
Quadro 10.3   Identificação com o outro em MSGRe e em
              MSGa                                                  201
Quadro 10.4   As funções discursivas questionar e perguntar em
              C3 (Part.10)                                          210
Learning is what most adults
will do for a living in the 21st
                        century

              -J.S. Perelman-
18



Introdução




       O termo tecnologia, no contexto pedagógico, geralmente nos remete aos
objetos que têm como função realizar a mediação entre o conhecimento e o
aprendiz (Belloni, 1999, p.55) tais como o livro e, mais recentemente, o
computador. Porém, Chaves (1999), ao adotar uma visão ampla do termo, afirma
que, do ponto de vista histórico, a primeira tecnologia que afetou profundamente a
educação foi a linguagem, pois


       (A)pesar de ser possível, dentro de limites, falar em educação através de interações
       não-verbais, é forçoso reconhecer que, sem a linguagem, que apareceu primeiro
       como fala, depois como escrita, não haveria educação como a entendemos hoje
       (Chaves, 1999, n.p).



       Essa asserção ganha maior destaque ao pensarmos na modalidade de
Educação a distância1 (EaD) conhecida por ensino on-line e que tem como base
preceitos sociointeracionistas. Nela, a linguagem não só disponibiliza os
conteúdos pedagógicos, mas também é, na maioria das vezes, o único recurso para
“corporificar” o aprendiz virtual, de quem é esperado um tipo de comportamento
que contribua para a co-construção do conhecimento pelo grupo.
       Assim sendo, a aprendizagem no ambiente virtual sociointeracionista gira
em torno da negociação social - processo pelo qual os aprendizes formam e testam
as suas construções de conhecimento em diálogos colaborativos com outros
indivíduos (Sousa e Fino, 2001, p.378). Idealmente, esses diálogos se estabelecem
na troca de mensagens escritas e assíncronas, por meio de ferramentas interativas
de comunicação tais como o email, as listas e fóruns de discussão e, com menor
frequência, de modo síncrono, nas salas de chat (Nipper, 1989, p. 64). Estas
tornam a comunicação rápida e eficaz, seja ela individual (entre tutor/aluno e


1
  Na expressão educação a distância, pode-se ou não usar a crase, pois ela é facultativa neste caso,
sendo obrigatória somente quando define-se a distância, por exemplo: à distância de três metros
(Nunes, 93/94, n.p.). Nesta tese, seguirei a tendência adotada pelos autores aqui resenhados de
apresentar a expressão não craseada.
19



aluno/aluno) ou em grupo, e valorizam o componente social da construção do
conhecimento (Gomes, 2003, p.146).
       Contudo, nem sempre esse cenário colaborativo ideal se instala nos cursos
on-line. Ás vezes, um espaço virtual como o fórum de discussão gera um
monólogo associal ao invés de um diálogo, pois, como bem observa Moran (1991,
p.51-53), há casos em que todos estão escrevendo simultaneamente e ninguém
está lendo e respondendo muito, ou seja, não escutando tanto quanto fariam em
uma conversa face a face. Esse comportamento faz com o aprendiz se sinta
falando para as paredes, “solitário e não ouvido”, além de gerar um volume de
textos que excede a capacidade de leitura e de resposta dos participantes, os
sobrecarregando.
       Sem as pistas-não verbais (olhar, gestos, paralinguagem) que ajudam a nos
mostrar se o interlocutor está conosco, ou não, e a levar a diante as interações em
contextos presenciais, cabem aos candidatos a aprendizes virtuais duas
alternativas: (i) caso já façam uso da linguagem na rede, adaptarem as suas
experiências bem-sucedidas com os gêneros digitais em interação não-
pedagógicas para a situação de aprendizagem que se apresenta, ou (ii) caso sejam
novatos, desenvolverem novas práticas discursivas, a partir dos gêneros dialógicos
bem estabelecidos que formam a base da comunicação mediada por computador
(CMC) como a carta, o bilhete e a conversa, e da observação das convenções
linguísticas que os membros mais experientes adotam no contexto digital. Em
ambos os casos, a utilização da linguagem digital com certo desembaraço é fator
crucial para dar conta da construção de uma imagem positiva de cada participante
perante o grupo, e que convide para a interação, estabelecendo, assim, relações
sociais com os seus pares no ambiente virtual de aprendizagem baseado na rede.
       Esse domínio dos gêneros digitais (ditos “emergentes”) representa, ao
mesmo tempo, um norte para alcançarmos nossos propósitos comunicativos nos
cursos on-line, mas, também se coloca como um desafio, pois nunca antes a
escrita foi usada como suporte primário para a interação em grupos (Feenberg,
1989, p.36).
       Nessas poucas décadas de existência, os gêneros digitais vêm se
organizando para atender às necessidades de uma sociedade que vive uma relação
entre tempo, proximidade física e interação humana que é distinta daquela que a
tem dominado desde tempos imemoriais. Assim, ainda estamos no processo de
20



entender como as mudanças no modo pelo qual nos comunicamos e nos
relacionamos nos contextos virtuais por meio dos gêneros emergentes estão se
refletindo, também, nesse novo espaço pedagógico que é a sala de aula on-line.
       Refletindo sobre essas questões, em especial sobre o efeito da linguagem
para a construção das relações entre pessoas que só se conhecem por meio da
rede, comecei a avaliar as minhas próprias experiências como tutora em um curso
de inglês on-line, função que desempenho desde 2005, e como aprendiz virtual,
posição na qual me encontrei diversas vezes desde então. Em alguns casos, houve
realmente o estabelecimento do cenário ideal descrito no início deste capítulo.
Como exemplo, cito minha participação como aluna em um curso para formação
de tutores no qual eu e outros colegas concluímos que estávamos ficando
“viciados” nos fóruns do curso, tal era o nosso desejo de nos fazermos presente e
atuantes no grupo. Em outro, de cunho acadêmico, no entanto, a minha sensação
foi de distanciamento e de falta de desejo de postar mensagens, apesar de eu ter de
realizar um volume grande de tarefas escritas que, obrigatoriamente, deveriam ser
redigidas em grupo.
       Foi então que tive uma experiência como aluna on-line que me motivou a
desenvolver esta tese.
       Em 2008, me inscrevi em um curso de dez semanas, ministrado totalmente
a distância, e cuja proposta era ensinar aos participantes, professores de idiomas,
como elaborar atividades para o ensino digital de línguas. Para tanto, o curso
utilizava as ferramentas de comunicação e de gerenciamento de aprendizagem
disponibilizadas na plataforma TelEduc, com a qual eu já estava familiarizada.
Esse ambiente virtual de aprendizagem (AVA) funciona como uma sala de aula,
na qual os participantes têm acesso aos materiais didáticos (textos e atividades
digitais), discutem os temas das aulas nos fóruns de discussão, apresentam as suas
tarefas nos portfólios particulares, e dão e recebem feedback sobre os trabalhos
uns dos outros nessa mesma ferramenta.
       Logo nas primeiras semanas, senti que havia se estabelecido uma
atmosfera de colaboração entre os membros do grupo, na qual as pessoas
pareciam estar motivadas e dialogando umas com as outras, compartilhando
experiências, pedindo e dando ajuda e trabalhando para o sucesso da
aprendizagem de todos. Enfim, parecia haver uma “química” muito boa entre o
21



grupo. Essa sensação me motivou a pesquisar esse contexto em particular, a partir
dos seguintes questionamentos preliminares:


         (i) O que estava acontecendo, do ponto de vista linguístico, que fazia
   com que eu me sentisse pertencendo a uma comunidade acolhedora,
   participativa e colaborativa?

        (ii) O que diferenciava este curso dos outros que eu já tinha feito, no
   mesmo ambiente de aprendizagem e com a mesma dinâmica, basicamente,
   mas que não despertaram o mesmo sentimento em mim?

         (iii) Por que as nossas trocas eram tão espontâneas enquanto que em
   outras experiências que tive as interações pareciam não fluir tão bem, ou era
   necessária a intervenção do tutor para que elas ocorressem?


       Ao buscar na literatura sobre EaD subsídios para entender melhor essas
minhas questões iniciais, encontrei no conceito de Presença social, proposto por
Rourke et al. (1999), uma definição que parecia se encaixar no que estava
ocorrendo naquele momento do curso.
       Segundo os autores, a presença social diz respeito à


      habilidade dos alunos de se projetarem social e emocionalmente em uma
      comunidade para dar apoio aos objetivos cognitivos e afetivos da aprendizagem,
      instigando, sustentando e dando suporte ao pensamento crítico e tornando as
      interações atraentes, engajadoras e intrinsecamente recompensadoras (Rourke et
      al., 1999, n.p.)


       Como resultado desse tipo de comportamento, há uma maior integração
acadêmica, social e institucional entre os membros do grupo.
       Contudo, ao procurar estudos empíricos que tratassem da presença social,
descobri que, além de haver outras definições para o mesmo termo, poucos
estudos a operacionalizam em partes observáveis e mensuráveis (Lowental, 2009,
p.1903), e que a maioria das pesquisas se baseia apenas em resultados de
questionários de escala bipolar de itens de diferenciais semânticos, por meio dos
quais os alunos avaliam subjetivamente a presença do outro no curso, conforme
mostra o Compêndio de medidas da presença social, organizado por van Baren e
IJsselsteijn (2004).
       Portanto, considero essa informação sobre as pesquisas um dado relevante
e que aponta a necessidade de uma maior produção de conhecimento na área por
22



duas razões. Primeiro, a EaD on-line está em franca expansão (Garrison, 2001)
para atender a crescente necessidade de formação continuada, pois “a relação
intensa com a aprendizagem, a transmissão, e a produção de conhecimentos agora
dizem respeito à massa de pessoas em suas vidas cotidianas e seus trabalhos, e não
somente às elites” (Levy,1999, p. 173). Segundo, com a proliferação dos cursos
on-line, a presença social como construto será ainda mais importante (Lowental,
2009, p.1902) porque a capacidade de os sujeitos se projetarem visando ao
sucesso das interações e a co-construção do conhecimento é um fator crucial para
a aprendizagem virtual nos moldes sociointeracionistas. Por conseguinte, o
entendimento de como essas projeções se manifestam e contribuem para o
andamento do curso pode auxiliar no monitoramento dos aspectos sociais da
aprendizagem on-line em um dado contexto.
       Acrescento, ainda, que essa produção de conhecimento sobre a presença
social deve ser realizada no viés dos estudos linguísticos em contextos
pedagógicos, levando-se em conta que, segundo Lapadat (2007, n.p.) as pesquisas
sobre os padrões do discurso on-line para prover evidências empíricas da natureza
das construções de significado e das relações sociais nos ambientes virtuais
compõem um campo investigativo promissor. Isto porque, como afirma Baron
(2000, p.18), devido à constante evolução das tecnologias de informação e
comunicação, “estamos apenas começando a descobrir quais efeitos o ciberespaço
está causando em nós como leitores e escritores”.
       Portanto, uma tese na área de Estudos da linguagem que se proponha a
trazer contribuições para o campo em tela vem ao encontro das necessidades
daqueles envolvidos com a EaD on-line, sejam eles os profissionais responsáveis
por estimular e gerenciar a qualidade das interações construídas entre sujeitos
virtuais, sejam eles os aprendizes que desejam entender melhor o seu papel para o
sucesso do grupo.
       Dito isso, apresento esta tese, que caracterizo como um estudo de caso de
cunho interpretativista, baseado em ferramentas da Análise do discurso e com
enfoque Funcionalista (Halliday, 1994), e que tem como proposta trazer um
modelo de análise de conteúdo que possibilite investigar o papel da linguagem
para o estabelecimento da presença social e a consequente formação de um grupo
orientado para um objetivo comum em um curso on-line.
23



          Para tanto, elegi como contexto de pesquisa o curso de extensão on-line
para professores de idiomas do qual participei em 2008, descrito nesta introdução,
tomando como objeto de estudo a produção linguística de treze participantes, em
três ferramentas na plataforma TelEduc: (i) perfil, na qual cada participante se
apresenta ao grupo, (ii) fórum de discussão, na qual por meio de troca de
mensagens os assuntos do curso são discutidos, e (iii) portfólio, na qual os
trabalhos desenvolvidos pelos participantes são compartilhados e comentados por
todos.2
          Além disso, coletei informações por meio de dois questionários on-line e
uma entrevista por email procurando saber a percepção de cada sujeito a cerca do
seu comportamento no curso em dois momentos: na sua metade (5ª semana) e ao
seu final.
          Com esses dados em mãos, e partindo do princípio de que, conforme
relatei anteriormente, as minhas percepções sobre o curso me levavam a crer que
havia naquele contexto pedagógico algo que se assemelhava a presença social,
proponho a seguinte questão central de pesquisa:



      Tomando por norte um enfoque funcionalista da linguagem (Halliday,
      1994), quais são os elementos linguísticos que estabelecem a presença
      social em um curso de formação continuada para professores de idiomas
      ministrado totalmente a distância na plataforma TelEduc?




       Para buscar responder a essa pergunta, o trabalho de pesquisa que ora
apresento se desenvolve em onze capítulos, da seguinte forma.
       O capítulo 2 enfoca a comunicação mediada por computador (CMC) e
discute alguns aspectos que julgo mais relevantes para o estudo da linguagem no
contexto virtual de aprendizagem. Dentre esses, destaco as principais
características sócio-discursivas do email e dos sistemas de conferência (quadros
de aviso, fóruns e listas de discussão), pois são a base da CMC e do ensino on-line


2
  As palavras perfil, fórum de discussão e portfólio virão grafadas em itálico quando se referirem
ao espaço virtual/ ferramenta ou quando se referirem ao gênero textual de modo amplo. Nas outras
situações, ou seja, para se referirem as amostras de textos produzidos por intermédio dessas
ferramentas, serão grafadas de modo simples.
24



(Baron, 2000; Herring, 2003 e Crystal, 2001, entre outros). Apresento, também,
dois conceitos propostos por Goffman (1959/2009; 1963) para explicar as
interações face a face, mas que têm servido de base para muitos estudos sobre a
comunicação mediada por computador (CMC). São eles: (i) a co-presença, que
diz respeito à percepção de que não se está sozinho em um determinado espaço, e
a representação do eu, que tem a ver com as revelações que fazemos a nosso
respeito quando em contato com outras pessoas. Por fim, discuto uma seleção de
diferentes Teorias de presença social (Short et al., 1976, Lea e Spears, 1992) até
chegar no modelo proposto por Garrison et al. (1999). Baseada nessas reflexões,
sugiro uma definição de presença social que possibilite realizar estudos pautados
nos fenômenos linguísticos observados em um corpus digital coletado em um
AVA.
      No capítulo 3, apresento, em linhas gerais, a Linguística Sistêmico-
Funcional (LSF) (Halliday, 1994), cuja visão de linguagem perpassa este trabalho
investigativo. Introduzo, também, a Teoria da Valoração (Martin, 2000) a qual
oferece um arcabouço teórico que possibilita investigar, através do sistema
Atitude, como os sujeitos utilizam o Afeto, o Julgamento e a Apreciação para, na
interação, construírem laços de solidariedade com os seus interlocutores e se
representarem de modo positivo perante o grupo.
       Como todos os usos da linguagem são dependentes do contexto sócio-
histórico e cultural nos quais ocorrem, o capítulo 4 discorre sobre a noção de
gêneros do discurso, segundo uma visão funcional, a qual leva em conta não só os
seus aspectos formais e estruturais, mas também as conexões entre Campo, Modo
e Relação (Halliday e Hasan, 1989), no estabelecimento da Configuração de
Contextual (CC) e o propósito das trocas comunicativas sob investigação. Essa
três variáveis são o ponto de partida para a organização dos estudos propostos
nesta tese.
       Estabelecido o arcabouço teórico que orienta esta tese, o capítulo 5
descreve a plataforma TelEduc, enfocando as ferramentas de comunicação que
possibilitaram as trocas comunicativas entre os participantes deste estudo. A
seguir, descreve os instrumentos para a coleta de dados, bem como o processo de
compilação do corpus, traçando, por fim, um perfil dos participantes deste estudo.
       O capítulo 6 inicia pela apresentação das perguntas de pesquisa, as quais
almejam prover insumos para a discussão da questão central desta tese. A partir
25



destas, apresento uma proposta teórico-metodológica, resultante da aplicação de
conceitos discutidos nos capítulos 2, 3 e 4 a um estudo preliminar do corpus, para
investigar, de modo abrangente, os comportamentos linguísticos associados à
presença social nas variáveis Campo, Modo e Relação. Esta etapa da pesquisa
possibilita, portanto, depreender todas as categorias de análise, bem como
conceituar e nomear os elementos que se fazem necessários para o tratamento do
corpus.
       O capítulo 7 complementa a proposta teórico-metodológica descrevendo as
ações sociais realizadas no contexto de pesquisa e mapeando as suas ocorrências
nas ferramentas perfil, fórum e portfólio, tomando por base um estudo da variável
Campo. Este tem por objetivo compreender como essas ações se distribuem e se
combinam ao longo das dez semanas do curso. A partir desse entendimento, é
possível iniciar um exame das ocorrências dos elementos que contribuem para o
estabelecimento da presença social em cada uma dessas ações sociais, ou
Campos.
          Destarte, o capítulo 8 enfoca as escolhas linguísticas instanciadas na
elaboração do perfil, primeira ação social na qual os participantes se engajam. Por
meio do estudo das funções discursivas, descritas no capítulo 6, teço
considerações sobre o papel dessa ferramenta para a co-presença e a
representação do eu no curso que motivou essa pesquisa.
          No capítulo 9, temos uma apreciação do material linguístico produzido
pelos participantes deste estudo nas ferramentas fórum de discussão e portfólio,
tomando como referência a observação da variável Modo. Esta visa a entender
como as escolhas linguísticas tornam explícita a percepção do aluno de que há
outros colegas presentes naquele mesmo espaço de interação.
          No capítulo 10, essas mesmas ferramentas são examinadas a partir de três
funções discursivas recorrentes e que perpassam as ações sociais encontradas
nesses espaços, a saber: identificar-se com o outro, questionar, e perguntar. Desta
forma, pretende-se tecer considerações sobre a presença social em ambos os
espaços.
          Por fim, no capítulo 11, apresento as minhas reflexões finais, nas quais
retomo os pontos mais relevantes desta tese, e avalio as suas contribuições para os
estudos da linguagem que se ocupam em entender a comunicação mediada por
computador (CMC) em ambientes virtuais de aprendizagem formal (AVAs).
26



Proponho, também, encaminhamentos para dar continuidade à investigação
iniciada com esta pesquisa.
27



2.
A comunicação mediada por computador e a presença
social




2.1.
Introdução

       O cientista cognitivo Steve Harnad (1991, p.39) afirma que estamos
vivendo uma era marcada por mudanças profundas no modo de nos
comunicarmos e de nos relacionarmos. Estas caracterizam o que ele denomina de
“quarta revolução” nos meios de comunicação e cognição humana, equiparada em
força as suas antecessoras, a saber: (i) o surgimento da linguagem oral, (ii) a
invenção da escrita, e (iii) a criação do texto impresso. Isso porque, com a
tecnologia digital, a divisão histórica entre oralidade e escrita está sendo superada
devido à capacidade da CMC de transcender a distância geográfica, de
democratizar o acesso à informação e de alterar as restrições de tempo e
materialidade (Lapadat, 2007, n.p.).
      Nesse aspecto, a CMC é um divisor de águas na EaD (Moore e Kearsley,
2007, p.63), pois, antes da sua difusão, o contato entre professor e aluno era
escasso e com grande defasagem temporal (Nipper, 1989, p. 63; Garrison, 1985,
Bates, 1995, p.23), tanto nos cursos veiculados exclusivamente pela remessa
postal de textos, como nos que contavam com tecnologias analógicas como o
rádio e a TV. Essa comunicação, quando existia, era marginal ao processo de
ensino e aprendizagem e era representada apenas por comentários e perguntas,
sendo inexistente a interação entre alunos (Moore e Kearsley, 2007, p. 50; Nipper,
1989, p.63). Consequentemente, sem acesso às ferramentas como o email e os
fóruns de discussão, amplamente utilizados nos cursos on-line, não seria possível
adotar um modelo pedagógico centrado no aluno e no qual o professor (tutor)
deva se tornar “um animador da inteligência coletiva, acompanhante e gestor da
aprendizagem oferecendo estímulo à troca de conhecimento e a mediação” (Levy,
1999, p. 171).
28



       Contudo, apesar do potencial revolucionário das novas tecnologias para
transformar a comunicação humana (Warschauer e Grimes, 2007, p. 1), apenas
aderir ao seu uso não garante sucesso na experiência on-line, pois a CMC
apresenta características únicas. Portanto, acredito que seja importante para quem
deseja trabalhar com a EaD se informar sobre a CMC de modo amplo. Isso
implica não só conhecer um pouco da sua história e saber do seu papel na
aprendizagem on-line, mas também entender quais conceitos teóricos têm sido
associados a ela, especialmente no que diz respeito a sua capacidade para
viabilizar as interações entre sujeitos por meio de texto escrito.
       Pensando nessa questão, este capítulo inicia apresentando alguns aspectos
históricos, sociais, linguísticos e pedagógicos da CMC. A seguir, ele apresenta e
discute as idéias de Goffman (1959/2009;1963) sobre (i) a representação do eu e
(ii) a co-presença social, além de resenhar criticamente os estudos mais relevantes
para conceituar a presença social mediada. Por fim, ele propõe uma definição de
presença social para nortear esta tese.


2.2.
A comunicação mediada por computador (CMC)

       A CMC surgiu a partir do desenvolvimento do ARPANET, sistema de
rede pelo qual os pesquisadores da Advanced Research Projects Agency,
conectados a um computador por meio do seu servidor local, se comunicavam
usando um protótipo do email nos anos 60 (Walker et al., 2009, n.p.). Na época,
essa ferramenta já possibilitava a troca rápida de informações escritas entre um
grande número de pessoas, encorajando diálogos extensos em qualquer tópico
(National Academy of Sciences, 1995, n.p).
       Desde então, a comunicação por texto, som e imagem na rede vem se
transformando na medida em que novas tecnologias para a informação e
comunicação surgem. Desse modo, encontramos na literatura sobre CMC
referências a dois gêneros principais: (i) os gêneros síncronos e (ii) os gêneros
assíncronos (Montero et al., 2007; Jonsson, 1997, Beißwenger e Storrer, 2008;
Herring, 2003; Warschauer, 2001). No primeiro grupo, temos os chats ou
mensagens instantâneas em tempo real, onde todos devem estar no mesmo
ambiente virtual no momento da comunicação. No segundo, isso não é necessário
29



visto que as mensagens podem ser lidas e respondidas a qualquer hora. Fazem
parte deste grupo o email, primeira ferramenta de CMC, e os sistemas de
conferência em grupo, originados a partir deste.
       Tomando por base o escopo desta tese, passemos, assim, as características
dos gêneros email, lista de discussão, quadro de avisos e fórum de discussão.


2.2.1.
O email

     Do ponto de vista histórico, o primeiro aplicativo de email foi desenvolvido
por Ray Tomlinson em 1971 e estabeleceu o modelo transacional básico que até
hoje define essa tecnologia (Stewart, 2000). O posterior desenvolvimento das
funções encaminhar e responder, que geram automaticamente o endereço para
resposta, caracterizou o primeiro programa de email moderno. Na opinião de
Dave Crocker, integrante do ARPANET nos anos 70, o comando responder foi
revolucionário, pois viabilizou o desenvolvimento de “conversas” em meio escrito
(Stewart, 2000).
     Do ponto de vista formal, o email com fins institucionais é similar a uma
carta ou a um memorando (Jonsson, 1997, p. 4). Da carta, herda as fórmulas de
abertura e de fechamento; do memorando, herda (i) as semelhanças de forma,
automaticamente gerada pelo programa de correio eletrônico (Paiva, 2005, p.85),
(ii) a linguagem direta, porém não coloquial, (iii) o uso de subtítulos e listas
(Yates e Orlikowski, 1992, p.316) e (iv) a predominância de um ou de poucos
tópicos em seu corpo (Marcuschi, 2005, p. 40; Paiva, 2005, p.85). Nos contextos
pessoais, o email pode apresentar, também, características que o aproximam do
bilhete ou do recado e fazer uso da linguagem coloquial. Em ambos os casos, o
email pode ser criado off-line e existir em formato impresso, além de não
apresentar garantia de que o seu destinatário o lerá e/ou o responderá
imediatamente, pois, apesar de sua transmissão ser instantânea, ele é um gênero
assíncrono de comunicação.
       Nesses aspectos, o email parece possuir características da correspondência
postal (Jonsson, 1997, p. 4). Contudo, já na época de sua criação, ele parecia ser
algo diferente do que existia até então. Nas palavras de Licklider e Vezza (1978,
p.1331),
30




         (L)ogo ficou óbvio que o ARPANET estava se tornando um meio de comunicação
         vantajoso, se comparado ao correio ou ao telefone. Uma das vantagens dos
         sistemas de mensagem sobre a carta é que podíamos escrever concisamente e com
         digitação imperfeita, mesmo para um superior ou para alguém que não
         conhecíamos muito bem, e o destinatário não se sentiria ofendido. A formalidade e
         perfeição que a maioria das pessoas esperava em uma carta datilografada não eram
         associadas às mensagens na rede, provavelmente porque a rede era muito mais
         rápida, muito mais parecida com o telefone. (...) porém com uma vantagem:
         poderíamos ir direto ao ponto, pulando a “conversa social” que é necessária quando
         em uma conversa telefônica.3

           Assim, a sua grande popularidade ao longo dos últimos 30 anos sugere que
o email veio para atender às necessidades comunicativas da nova era (Herring,
2004, p. 31) tais como a constante demanda por formas de comunicação e de
interação a distância mais rápidas e melhores (Yates e Orlikowski, 1992, p. 299),
tendo, portanto, suas características próprias. São elas: (i) a possibilidade de seu
encaminhamento para outros usuários, com ou sem alterações, pois o email é um
texto facilmente editável, (ii) o uso de citações copiadas e coladas do próprio
email recebido, o que facilita a organização do texto da resposta, e (iii) a
possibilidade de organização de uma sequência dialógica na qual, por meio da
função responder, as mensagens vão se moldando como turnos em uma conversa,
pois a mensagem que chega é input para a resposta que se segue, e assim por
diante, até que o assunto seja dado por encerrado. Essas características fazem com
que o email seja um gênero que se diferencia da correspondência tradicional e da
conversa face a face ou ao telefone (Jonsson, 1997, p.4).
           Em termos lingüísticos, os emails tendem a ser menos formais do que
outros gêneros escritos, o que se deve, em parte, aos propósitos comunicativos
para os quais ele é geralmente utilizado (Marcuschi, 2005, p.41; Yates e
Orlikowski, 1992, p.317; Herring, 2003, p.5-6). Sobre essa característica, alguns
estudos iniciais como os de Baron (1984, p. 131) atestavam que os participantes
usavam menos orações subordinadas e um vocabulário mais restrito e que, como
resultado da comunicação por computador, as funções expressivas da língua
poderiam ser diminuídas a longo prazo. Porém, os emails produzidos por
cientistas interagindo em grupos pelo ARPANET apresentavam mensagens em
conformidade com o padrão da escrita culta, ou seja, continham subordinação, uso


3
    Esta e as demais traduções são de minha autoria.
31



da voz passiva e um grande volume de sintagmas nominais. Portanto, percebe-se
que a relativa abertura do email como uma nova forma de comunicação que ainda
não foi colonizada por normas prescritivas rígidas permite um uso flexível da
linguagem, que será adequada ao contexto para o qual o email esta sendo
produzido. Isto porque, nas palavras de Danet (1997, p.6),


      (T)razemos conhecimento implícito de muitos gêneros para a experiência de
      compor emails, incluindo os gêneros escritos como a carta comercial, a carta
      pessoal, o memorando, o telegrama, o cartão-postal, bem com os gêneros orais
      como a conversa face a face e ao telefone. Não obstante, nenhum deles pode nos
      guiar completamente enquanto nos adaptamos ao novo meio.


        A título de exemplificação, cito algumas práticas já observadas, porém
ainda não homogêneas. Murray (2000, p.402) diz que o uso de saudação e de
assinatura é opcional no email, pois o próprio meio eletrônico identifica o
remetente e o destinatário. Assim, apontar explicitamente esses elementos parece
ser uma escolha do comunicante e não uma convenção do gênero. Além disso,
Gains (19994 apud Murray, 2000, p. 400), ao examinar 116 emails escritos no
Reino Unido (62 trocados em uma grande companhia de seguros e 54 entre
universidades), identificou o uso padrão de inglês comercial no primeiro contexto
(estilo semi-informal, não incorporação de traços da oralidade, tendência a não
incluir saudações e poucas características de um registro simplificado) enquanto
que, no meio acadêmico, havia características conversacionais, incluindo um
número variado de estilos e o uso de algum tipo de saudação.
        Marcuschi (2005, p. 40-41) também acrescenta que, em geral, os textos
são curtos e não é usual fazer paragrafação, porém os formatos são livres,
excetuando-se a parte pré-formatada pela própria ferramenta (endereço do
remetente, data e hora do envio). Além disso, o uso de emoticons e ortografia não-
convencional para representar textualmente informações auditivas tais como a
prosódia, o riso e comportamentos não-verbais demonstram a habilidade de
adaptação dos usuários ao meio, buscando tirar dele melhor proveito para suprir as
suas necessidades de expressão (Herring, 2003, p.5).



4
  GAINS, J. Electronic mail- a new style of communication or just a new medium? An
investigation into the textual features of e-mail. English for Specific Purposes, 18, p. 81-101,
1999.
32



       No caso da presente tese, destaco que esses comportamentos instáveis
quanto ao uso das convenções do gênero carta, a presença de traços da oralidade e
o uso de ortografia não-convencional também foram observados no corpus, como
discutiremos oportunamente.


2.2.2.
Sistemas de conferência em grupo

     Os sistemas de conferência em grupo surgiram a partir do email,
possibilitando que se enviasse uma mesma mensagem para muitas pessoas. Com
essa funcionalidade, a CMC habilitava os usuários a participarem, ao mesmo
tempo, de discussões em tópicos variados, com assistência automática e pouco
esforço, obtendo informações atualizadas e avalizadas por seus pares (Stewart,
2000). Assim, o seu maior diferencial com relação ao email é a finalidade para a
qual se destinam. Ou seja, gerenciar listas com muitos associados, provendo
formas efetivas de enviar e arquivar mensagens aos inscritos (Santoro, 1995).
       Um exemplo é o programa LISTSERV, desenvolvido em 1986, que envia a
contribuição individual do membro para toda a lista de distribuição (Willis,
1995). Outro exemplo é o Usenet, sistema de quadro de aviso, ou bulletin board
system (BBS), no qual os usuários deixam mensagens eletrônicas em seções do
tipo anúncios, empregos, etc. Estes tendem a ter uma circulação ampla e irrestrita
(Freire, 1994). Ambos os sistemas caracterizam um tipo de comunicação chamado
de um-para-muitos. Por fim, temos os sistemas de gerenciamento de conferência,
ou fóruns de discussão, que são um tipo de comunicação chamado de muitos-
para-muitos, o que significa que qualquer membro do grupo pode iniciar a
interação com alguém ou com todos, de modo similar ao que ocorre na interação
oral (Warschauer, 1995, p.7). Estes são muito comuns nos cursos on-line uma vez
que formam uma threaded discussion.
       Uma thread é uma série de mensagens interligadas e organizadas por
tópico na qual uma mensagem gera respostas que vão ficando aninhadas, umas
após as outras (Swan, 2009, p.2110). Sem este sistema, os usuários ficariam
perdidos em meio a um mar de mensagens, pois, ao ligar as respostas a sua
mensagem de origem, facilita o foco em uma conversa e evita a distração pela
leitura não intencional de postagens não relacionadas. No TelEduc, esse tipo de
33



organização é chamado de ordenação em árvore, que se distingue de dois outros
tipos apresentados por Paiva (2005, p.89), mas que também estão disponíveis na
plataforma. São eles (i) a hierarquia cronológica (da mensagem mais recente para
a mais antiga ou vice-versa), a qual dá uma dimensão temporal ao fórum, e a
organização por ordem alfabética do autor, a qual facilita quando queremos
enfocar as mensagens escritas por um dado participante, por exemplo.
         Do ponto de vista linguístico, as mensagens nos fóruns de discussão
tendem a ser curtas e a terem certa flexibilidade em termos de ortografia e
pontuação, podendo haver um exagero quanto ao uso de asteriscos, letras
maiúsculas, parênteses e outros recursos da escrita para ditar o tom conversacional
da mensagem (Giese, 1998). Outro fator que contribui para a sensação de
estarmos conversando, segundo Crystal (2001, p. 141), é a prática de iniciar uma
nova mensagem com uma referência explícita a alguma mensagem anterior,
geralmente em forma de citação ou paráfrase, por marcadores do discurso
tipicamente orais (bem, humm), ou por expressões que indiquem feedback e back-
chanelling. Do ponto de vista pragmático, estes mecanismos criam a impressão de
pares adjacentes fazendo com que a interação se pareça realmente com uma
conversa, e demonstram que os sujeitos reconhecem a sua participação em um
grupo.
         Em termos do gênero, Don (1997), partindo de uma orientação
funcionalista, estudou emails em uma lista de discussão acadêmica e concluiu que
o modo retórico é o expositivo, geralmente combinado com exemplum,
argumento, explicação ou episódio (anecdote) para realizar a Alegação. Segundo
ao autor, são realizados os seguintes movimentos: (i) saudar, (ii) nomear o
participante cujas palavras serão citadas ou comentadas na mensagem, (iii) citar,
(iv) comentar, (v) esclarecer, (vi) explicar, (vii) avaliar, (viii) contar, (ix)
discordar, (x) atacar, (xi) ignorar, (xii) orientar (quanto a local, tempo, razão,
opinião, sentimento, identidade, conhecimento compartilhado). Com exceção dos
movimentos (x) e (xi), os demais também foram observados no corpus desta tese.
Porém, o movimento (ii), como veremos no capítulo 6, nem sempre faz referência
a apenas um participante.
         Já um estudo realizado por Herring (1996, p.90-91) em duas listas de
discussão públicas sugere que os seus 136 participantes ainda estão buscando um
modelo de mensagem. Segundo a autora, esse modelo parece conter três
34



movimentos: (i) uma introdução, (ii) um corpo com conteúdo robusto que (a) o
ligue a mensagens anteriores, (b) expresse opiniões e (c) chame a atenção dos
outros participantes e (iii) um encerramento. Sobre as estratégias retóricas para
desenvolver as mensagens no meio eletrônico. Potter (2004), por exemplo, sugere:
(i) antecipação, que ocorre na argumentação quando o escritor antevê objeções
por parte do leitor e as neutraliza antes que ocorram, (ii) energia, que é o uso de
imagens vivas para conjurar situações e transmitir afeto e (iii) entimema, quando
a premissa lógica requerida se origina de um argumento e está implícita.
       Nos fóruns, portanto, todos os participantes têm a oportunidade de
responder, argumentar, acrescentar e oferecer alternativas, gerando a possibilidade
de uma conversação multidirecional (Lapadat, 2002). É justamente essa
capacidade que tem sido amplamente explorada nos contextos de aprendizagem
on-line, conforme se discute a seguir.


2.2.2.1.
Os sistemas de conferência em grupo: aspectos pedagógicos

      Do ponto de vista sócio-cognitivo, podemos ressaltar a relevância do fórum
como ferramenta pedagógica, pois, segundo Warschauer (1995, p. 6), pela
primeira vez na história, a interação humana pode acontecer por meio de texto que
é facilmente transmitido, arquivado, editado e reescrito, diferente do que acontecia
com as cartas tradicionais, por exemplo. Como isso, é criada a possibilidade de se
congelar um único quadro discursivo e focalizar a atenção do aprendiz nele, o que
torna viável o uso das suas próprias interações como base para o seu engajamento
epistêmico. Além disso, a divisão histórica entre fala/escrita é superada pelos
aspectos interacionais e reflexivos da linguagem convergida para um só meio - o
digital. Para Warschauer (1995, p. 6), é justamente esta interseção entre interação
e reflexão que é de crucial importância para a educação, daí o grande interesse em
se utilizar os sistemas de gerenciamento de conferência, especialmente na EaD.
       Segundo Lapadat (2002; 2007) e Walther (2007), as vantagens
pedagógicas são muitas, pois a assincronia permite ao comunicante gastar quanto
tempo desejar, elaborando e reelaborando o seu discurso antes de postá-lo em um
fórum. Isso pode resultar na produção de textos mais coerentes e completos,
densos em termos de sentido e adaptados para a audiência, se comparados às
35



contribuições que os alunos dão durante uma discussão presencial. As
propriedades de editoração (copiar e colar) permitem que os participantes
selecionem e utilizem em suas mensagens segmentos que considerem relevantes
para a sua argumentação, construindo conhecimento a partir das idéias geradas no
fórum ao longo do curso. Em termos de discurso, a conseqüência das
possibilidades (affordances) do meio é uma maior coesão semântica ao longo das
contribuições e tópicos, criando um potencial para uma elevada coerência
discursiva e conceitual (Herring, 2003, p.9)
       Contudo, conforme já dito no capítulo introdutório desta tese, alguns
pesquisadores nos alertam para o fato de que esse procedimento, tido como uma
estratégia que leva ao desenvolvimento de uma comunicação interpessoal que
promove aprendizagem, não é inerente ao meio, asserção com a qual me alinho.
Thomas (2002), por exemplo, ao realizar um estudo com 69 alunos universitários
na disciplina Estudos ambientais conclui que a maioria das mensagens trocadas
no fórum nunca foi lida e que, portanto, seria melhor descrever as mensagens
como dados em potencial para acesso por outros alunos ao invés de contribuições
para um diálogo corrente. Esse procedimento promoveria um aprendizado
individualizado e não interativo, como se apregoa. Já Victoriano Luiz (2008), ao
analisar a linguagem em fóruns de discussão em um curso de leitura instrumental
em língua inglesa oferecido pela COGEA e PUC-SP, verificou que os alunos
participavam mais enviando mensagens que expressavam suas próprias opiniões
do que considerando, refletindo ou comentando as opiniões de outros
participantes. Na visão da autora, isso se colocou como um problema porque
“feria o objetivo principal da utilização da ferramenta no curso, que era servir
como espaço para os alunos discutirem, refletirem e interagirem” (Victoriano
Luiz, 2008, p.36-7).
        Quanto às características apontadas pela autora supracitada, acredito que
elas representam, em verdade, um desencontro entre o que tutores e alunos
esperam que aconteça no fórum. Os primeiros parecem esperar uma participação
baseada explicitamente no que o outro diz, pois esse é um comportamento que
revela que houve efetivamente a leitura de outras mensagens e um engajamento
direto com outros participantes. Os segundos, como veremos na análise do corpus
nesta tese, muitas vezes organizam as suas mensagens de modo a responderem a
pergunta/tarefa proposta pelo tutor, não deixando claro se houve algum tipo de
36



consideração sobre o que foi dito pelos outros. Na visão do tutor, isso pode
significar que os alunos não estão interagindo ou refletindo a contento, e assim,
subutilizando o fórum.
       Na minha prática como tutora e como aluna, tenho visto fóruns que pouco
contribuem para a aprendizagem e outros em que as mensagens são estimulantes,
ambas as situações em cursos on-line com propostas sociointeracionistas.
Portanto, acredito que o papel do tutor, tanto para modelar o tipo de
comportamento linguístico esperado dos alunos quanto para mediar as interações,
seja de suma importância para a exploração do potencial do fórum de discussão
para a co-construção do conhecimento. Porém, um bom desempenho do tutor não
é garantia de que o fórum se tornará produtivo uma vez que, como na sala de aula
presencial, o sucesso do evento pedagógico depende também da participação do
aluno. Essa observação nos leva aos aspectos psicológicos que entram em cena na
aprendizagem on-line, discutidos a seguir.


2.2.2.2.
Sistemas de conferência em grupo: aspectos psicológicos

       Do ponto de vista psicológico, a CMC oferece uma distância confortável
entre escritor e leitor para que o primeiro seja ele mesmo, ou, se assim desejar e a
situação permitir, assuma outros traços de personalidade. Isto porque as pistas
sociais do contexto que poderiam reforçar uma participação acadêmica desigual
(raça, sexo, sotaque, status, limitações físicas) e os aspectos não-verbais da
comunicação (hesitação, expressões faciais, linguagem corporal) que poderiam
intimidar o comunicante ao lembrá-lo de que o seu discurso está sendo avaliado,
podem tanto estar ausentes ou serem diluídas nos fóruns de discussão
(Warschauer, 1995, p.7), conforme veremos mais adiante. E é justamente por elas
não estarem em jogo que os usuários são levados a voltar toda a sua atenção para
a mensagem em si (Walther, 2007). Além disso, diferente do que acontece em
situações mais reveladoras tais como uma conversa face a face ou ao telefone, os
participantes não ficam sob pressão para agir (Baron, 1998, p.158; Döring, 2002,
p.3), ganhando tempo para decidir que características pessoais desejam esconder
ou revelar (Walther, 2007).
37



       Essas características do meio têm sido apontadas como um fator
importante para estimular os alunos mais tímidos e inseguros a colaborarem nos
contextos pedagógicos on-line. Por outro lado, não podemos esquecer que são
justamente estas pistas não-verbais (olhar, gestos, aparência física, vestimenta,
etc.), associadas às pistas verbais, que ajudam os participantes a processar as
informações que estão chegando até eles em uma troca comunicativa e a
construírem uma imagem, tanto do seu interlocutor quanto do modo pela qual a
sua mensagem está sendo recebida.
       Essa questão merece destaque na EaD uma vez que está associada a dois
conceitos centrais para entendermos a construção das relações interpessoais em
contextos virtuais: a construção de uma identidade através do texto, ou seja, a
representação do eu, e o se fazer presente/fazer o outro presente através do texto,
ou seja, a co-presença, assuntos que formam o cerne desta tese.


2.3.
A representação do eu e a co-presença mediada

       Segundo Goffman (1959/2009, p.12), no nosso dia-a-dia vivemos um
“jogo” no qual as impressões formadas ao nosso respeito são resultado da nossa
habilidade em gerenciar dois tipos de expressividade com respeito à forma pela
qual nos apresentamos perante os outros. São elas: (i) a expressão transmitida, ou
seja, aquilo que deliberadamente revelamos sobre nós mesmos por meio dos
símbolos verbais e (ii) a expressão emitida, ou seja, aquilo que inconscientemente
revelamos através do nosso comportamento não-verbal durante a interação. Esta
última tem a função de realçar ou validar a comunicação verbal. Como base para
essa construção, o indivíduo emprega um equipamento expressivo, de tipo
padronizado, intencional, ou inconsciente, ao qual se dá o nome de fachada
(Goffman, 1959/2009, p.29). Quando há conflito, ou seja, a expressão transmitida
falha em apoiar a expressão emitida, a apresentação é questionada pelos
interlocutores e o indivíduo fica exposto.
       Esse processo, conhecido como representação do eu (presentation of self),
no qual o termo representação se refere a toda atividade de um indivíduo que se
passa na presença contínua de um grupo particular de observadores e que tem
sobre esses alguma influência (Goffman, 1959/2009, p. 29), tem servido de base
38



para muitos estudos sobre a CMC no campo da psicologia (Miller, 1995; Rogers e
Lea, 2005), das Ciências Sociais (Döring, 2002) e da Comunicação (Shapiro e
Shapiro, 1997; Turkle, 1997). Esses estudos têm em comum a busca pelo
entendimento de como os sujeitos manipulam, reinventam ou revelam aspectos de
sua identidade para criar o seu eu virtual nos mais diferentes ambientes da rede
(Papacharissi, 2002, p.644). Assim, parte-se do princípio de que, quando o
indivíduo assume um papel que é novo para ele, mas que também não está
estabelecido na sociedade, “provavelmente ele descobrirá a existência de várias
fachadas bem estabelecidas entre as quais tem de escolher” (Goffman 1959/2009,
p.34).
          No meu entender, essa situação pode se aplicar aos novatos na EaD on-
line,     que    provavelmente      irão   buscar     nas    suas    experiências    como
alunos/professores em contextos tradicionais um modelo de representação que os
auxilie a se construírem como alunos/tutores virtuais. Porém, a dinâmica da sala
de aula virtual tem as suas peculiaridades devido às affordances do meio
eletrônico, no qual as expressões emitidas são mínimas, ou cuidadosamente
controladas. Sobre este aspecto, Gunawardena (1995, p.165) afirma que os
instrutores que estejam acostumados a dar feedback se pautando em pistas não
verbais como um sorriso, um acenar de cabeça ou um gesto com as mãos se
sentirão perdidos ao ensinar on-line. Nesse caso, será preciso se adaptar as mídias
desenvolvendo habilidades interacionais que criem um senso de presença social.
Portanto, a habilidade do indivíduo em manipular a tecnologia e a linguagem em
seu favor influenciará diretamente na criação de condições ideais para o autor
realizar a sua representação perante a equipe com sucesso (Papacharissi, 2002,
p.644).
          Além desse construto, encontramos na literatura sobre CMC a expansão de
outro conceito originalmente proposto por Goffman (1963, p.17): o de co-
presença, o qual descreve as condições de interação em contextos face a face.
Segundo o autor, em situações dessa natureza,


          “as pessoas devem sentir que estão próximas o suficiente para serem percebidas
          no que quer que estejam fazendo, incluindo a sua vivência de sentir outro, e perto
          o suficiente para que o outro perceba que se está fazendo isso” (Goffman, 1963,
          p.17).
39



       Essa sensação de não se estar sozinho se dá a partir dos canais sensoriais
do usuário, os quais possibilitam “a percepção e a consciência das pistas sociais e
dos sentimentos, do sentido, ou da crença de que o interlocutor está realmente
presente” (Goffman, 1963, p.17). Portanto, a co-presença implica a existência de
um nível de consciência mútua, o qual coloca os participantes em uma mesma
situação e lhes dá acesso a um contexto compartilhado (Rettie, 2005, p.2).
       Contudo, a sensação de estar com outros é, também, um fenômeno
psicológico, pois um indivíduo pode ser levado a sentir que está interagindo com
outras pessoas, apresar de estar fisicamente sozinho, como acontece quando este
utiliza uma ferramentas de comunicação assíncrona, como o fórum de discussão,
por exemplo.
       Assim é que o conceito de co-presença, como proposto por Goffman, tem
sido aplicado à co-presença mediada (Rettie, 2005, p.3; Biocca, Harms, and
Gregg, 2001) para estudá-la a partir de duas visões. A primeira a entende como
um modo de estar com outros, ou seja, uma forma de colocação humana na qual
os indivíduos se tornam “acessíveis, disponíveis e sujeitos uns aos outros”
(Goffman, 1963, p.22). A segunda a entende como um sentimento de estar junto
com outros indivíduos, ou seja, uma experiência subjetiva de não se estar só
(Zhao, 2003, p.451). Ressalto, porém, que ambas as visões são complementares e
podem ser investigadas a partir da linguagem e da paralinguagem usada pelos
sujeitos envolvidos na interação.
        Sobre esse assunto, destaco que tanto no estabelecimento da co-presença
quando na representação do eu, é importante o uso dos sinais tácitos que, nas
conversas no “mundo real”, substituem as palavras como feedback na
comunicação (Feenberg, 1989, p.24). Estes contemplam o conceito de
proximidade, proposto por Mehrabian (1969) e que diz respeito aos
comportamentos verbais e não-verbais que reduzem a distância física ou
psicológica entre os indivíduos e favorecem sentimentos de afiliação, tais como
tocar o outro, se inclinar para diminuir a proximidade física, sinalizar “sim” ou
“não” com a cabeça, gesticular, mudar a expressão facial ou o tom da voz, entre
outros. O resultado é um aumento da estimulação sensorial levando a interações
mais intensas, mais afetivas e mais imediatas.
       Este conceito foi posteriormente adaptado por Short, William e Christie
(1976) para determinar a eficiência dos canais da mídia da época para a
40



comunicação social, originando a Teoria da presença social, que talvez seja o
construto mais popular como ponto de partida para entender como as pessoas
interagem socialmente em ambientes virtuais (Lowenthal, 2010, 3-4; Biocca,
Burgoon, Harms, Stoner, 2001, p.10). Sua importância jaz, portanto, no fato de
várias outras teorias terem sido desenvolvidas a partir de aproximações ou
distanciamentos da proposta inicial, e, como resultado, terem expandido o
conhecimento que temos sobre como geramos modelos mentais dos “outros
virtuais” na CMC (Biocca, Burgoon, Harms, Stoner, 2001, p.3).
        Para esta tese, associar os conceitos de Goffman (1959/2009; 1963) sobre
as representações do eu e a co-presença às discussões sobre a presença social
mediada é importante para compreendermos como se dá a interação e a
construção de relações sociais no ambiente ora estudado e, assim, tentar delinear o
papel das escolhas linguísticas para viabilizar a presença social no ambiente on-
line.


2.3.1.
A presença social como conceito teórico

        A presença social, tema central desta tese, tem um papel histórico especial
na EaD por ter sido o foco inicial dos estudos sobre a aprendizagem on-line. Na
época, a questão era se uma comunidade de aprendizes poderia ser estabelecida
sem as pistas que acompanham a comunicação face a face (Garrison et al., 2010,
p.32). Com o passar do tempo, as pesquisas sobre a CMC foram se distanciando
das análises inicias, as quais a entendiam como resultado de um conjunto de
características fixas das novas mídias, surgidas a partir da década de 60, para se
aproximarem de abordagens que levassem em conta o papel do contexto social
para a CMC (Lamerichs e Te Molder, 2003, p 452).
        Partindo dessa asserção, analisemos alguns estudos que influenciaram a
forma pela qual a presença social foi entendida, primeiramente nos contextos
institucionais e posteriormente nos domínios da EaD, até chegarmos ao momento
presente.
41



2.3.2.
Origens da presença social mediada

       A Teoria da presença social, desenvolvida por Short et al. (1976) parece
ser a referência mais citada e a medida mais usada nos estudos sobre a presença na
CMC, conforme veremos mais adiante. Porém, ressalto que ela não faz referência
direta aos meios de comunicação via computador. Ela foi financiada por empresas
inglesas como a General Electric, o Departamento de transportes e os Correios
com o objetivo de estabelecer uma medida das atitudes dos consumidores sobre os
meios de comunicação e o seu uso para a negociação, a persuasão e a organização
da comunicação comercial (Biocca et al. 2001, p.12). Como na época a CMC
ainda não era bastante difundida, acredito que este tenha sido o motivo pela qual
ela não foi estuda pelo grupo de Short.
       A Teoria da presença social se refere à capacidade de um meio de
comunicação de transmitir diferentes graus de informação sobre elementos não-
verbais em uma troca comunicativa. Desse modo, procurava-se explicar os efeitos
que uma mídia tem sobre o modo pelo qual as pessoas se comunicam (Rourke et
al. 1999; Lowenthal, 2009, p.1900; Lamerichs e Te Molder, 2003, p. 453; Rogers
e Lea, 2005, p.151). Para tanto, a presença social, definida por Short et al. (1976,
p. 65) como “a saliência do outro em uma comunicação mediada e a consequente
saliência de suas interações interpessoais”, era medida em laboratório usando a
Técnica de diferencial semântico. Nesses experimentos, pedia-se que os sujeitos
se submetessem a uma interação por telefone ou vídeo (circuito interno de TV),
por exemplo, e a avaliassem por intermédio de um questionário contendo vinte e
quatro itens em uma escala bipolar de sete pontos (associal/social;
insensível/sensível, fria/calorosa; impessoal/pessoal, entre outros). O grau da
presença social era resultado da observação de quais mídias eram evitadas para
determinados tipos de interação. Por exemplo, em tarefas envolvendo um alto
grau de confronto, a interação por áudio seria preferível em detrimento de outras
mídias que possibilitassem maior intimidade. Assim, segundo essa teoria, as
mídias com alta presença social conduziriam a uma maior influência social
(processo pelo qual atitudes e comportamentos são moldados pelos outros)
enquanto que aquelas com baixa presença social corresponderiam a uma
influência social menor (Short et al., 1976, p.108).
42



       Porém, houve na mesma época um estudo pioneiro por Turoff e Hiltz
(1977, p. 60) sobre o uso de fóruns entre grupos de engenheiro. O estudo
assinalava que o fato de o comunicante ter de digitar a mensagem e a pobreza da
mídia em passar elementos não-verbais colocavam dúvidas sobre a possibilidade
de esse sistema vir a ser utilizado para substituir as conferências face a face de
modo apropriado. Contudo, nesse mesmo estudo, os autores revelam que à medida
que os usuários adquiriam confiança com o sistema e aprendiam que esse modo de
comunicação não precisava ser tão rigoroso como a escrita de um trabalho
científico para a publicação, suas inibições quanto à escrita ficavam moderadas.
       Com o crescimento da comunicação on-line no final dos anos 80, cresceu
também o interesse na presença social, pois, no caso da EaD, alguns dos fatores
que determinam o sucesso da aprendizagem são a interação social e a colaboração
no grupo (Kreijns et al., 2007). Assim, estudos similares ao desenvolvido por
Short et.al. (1976) começaram a ser aplicados a CMC originando novas teorias
(Lowental, 2009, p.1902; Liu, 2002, p. 3). Algumas destas corroboraram as
afirmações sobre a inadequação da CMC para a comunicação. O Modelo das
Pistas Sociais Reduzidas (Kiesler et al., 1984), por exemplo, ao postular que na
CMC há ausência de elementos para definir a natureza do contexto social, avaliou
negativamente os efeitos sócio-psicológicos da CMC tomando por base como a
computação afetava os esforços do grupo para alcançar um consenso. Já o Modelo
de Riqueza da Mídia (Daft e Lengel,1986) estudou o processamento de
informações no contexto empresarial e chegou a conclusão de que quando as
mensagens eram simples e não ambíguas, um meio enxuto como a CMC seria
suficiente para a comunicação eficiente. Porém, quando a informação era
ambígua, fática ou emocional, um meio mais rico deveria ser usado. Como
resultado, estudos dessa natureza levaram a uma crença inicial de que o meio
eletrônico era muito adequado para a transmissão de dados e de informações, mas
pobre para usos sociais e afetivos (Herring, 2003, p.9).
       Apesar da importância histórica de tais estudos para a presença social,
acredito que essa visão de CMC como inadequada para usos sociais seja difícil de
sustentar na atualidade face ao número crescente de espaços baseados em texto
como os blogs, as Wikis e as redes sociais, que têm como proposta a interação, a
comunicação e a difusão de conhecimento co-construído. Para embasar meu ponto
de vista, recorro ao pensamento de Feenberg (1989, p.22) de que as teorias sobre a
43



interferência da mídia na comunicação e na interação poderiam fazer parecer que,
na época, se estava dando “um passo dramático para a impessoalidade”, mas, na
prática, os usuários experientes negavam que a CMC obstruísse o contato
humano. Isso porque os indivíduos possuem capacidades de letramento
compensatórias para projetar a sua personalidade na escrita destinada a tela do
computador (Feenberg,1989, p.23), como mostram as características linguísticas
do email e dos sistemas de conferência já apresentadas neste capítulo. Além
destas, ressalto também que a ausência de pistas não-verbais para o contato
interpessoal não implica, necessariamente, falta de pistas sociais per se. Lea e
Spears (1992) citam como exemplo as informações textuais no cabeçalho de uma
comunicação e que podem nos fornecer dados sobre o sexo, a etnia (pelo nome),
organização, afiliação e interesse do comunicante. Hering (2003, p. 9-11), por sua
vez, também aponta várias pistas sociais que são emitidas por nós nos fóruns de
discussão tais como:


        (i)        o nível de escolaridade, que pode ser deduzido pela
                   sofisticação do uso da linguagem, inclusive pela aderência às
                   normas prescritivas;
        (ii)        a faixa etária, que pode ser revelada pelas preocupações e
                   pelas experiências de vida comunicadas no conteúdo das
                   mensagens, e
        (iii)      o sexo do comunicante, revelado não só pelo nome, mas pelas
                   escolhas linguísticas, pela aderência as normas estereotipadas
                   de gênero e visão cultural, o tamanho da mensagem, e o grau
                   de assertividade, polidez ou agressividade.

       Além disso, a comunidade discursiva também compartilha propósitos
comunicativos e esse ponto em comum pode formar a base para uma identidade
social compartilhada.    Assim, Rogers e Lea (2005, p.123) concluem que a
saliência é, até certo ponto, independente das pistas interpessoais que estão
ausentes nos ambientes mediados por computador, o que possibilita a criação de
um sentimento de pertencer ao grupo, mesmo havendo poucos canais sensoriais
disponíveis. Por conseguinte, é possível afirmar que os detalhes pessoais emitidos
através do estilo da escrita, as alusões aplicadas e as inferências sobre o que não é
partilhado explicitamente contribuem para a construção da representação do eu
dos participantes (Rutter e Smith, 1999, p.11).
44



          Outro ponto que sustenta uma visão social da CMC tem a ver com a sua
constante evolução, alavancada principalmente pela Internet nos anos 90. Com as
novas possibilidades na área de tecnologia da comunicação e informação (TICs),
muitos pesquisadores começaram a entender a necessidade de um maior
distanciamento das dicotomias fala x escrita e comunicação face a face x
comunicação mediada, as quais guiaram os trabalhos iniciais sobre a presença
social, em prol de uma compreensão de que “a tecnologia cria um novo meio e
não somente reorganiza a oralidade e o letramento” (Howard, 19975, p.2 apud
Murray, 2000, p. 398). Sendo assim, prefiro me alinhar com as pesquisas que
entendem a CMC como caracterizando uma justaposição histórica do formato
texto com as pressões interativas e de tempo real da comunicação (Ferrara,
Brunner e Whittemore, 1991, p.8). Assim, as práticas discursivas ligadas a CMC
já iniciaram um período de mudanças sociais e materiais que estão alterando a
própria característica dos textos e das interações entre aqueles que deles fazem
uso (Geisler et al., 2001, p. 269), vide o surgimento de novas terminologias para
se referir a linguagem digital como Discurso escrito interativo (Ferrara, Brunner e
Whittemore, 1991, p.8), Networked texts (Howard, 1997, p.2 apud Murray, 2000,
p. 398), Netskpeak (Crystal, 2001, p. 17-18) e ITextos (Geisler et al., 2001, p.
269).
          Essa forma de entender a CMC como social também encontrou lastro nas
pesquisas em EaD que, a partir da observação de contextos pedagógicos reais de
uso, questionaram as afirmações de que os atributos do meio determinavam a
presença social. Assim, por meio de pesquisas usando não só questionários para
coletar a opinião dos alunos sobre o uso da CMC para o ensino e aprendizagem,
mas também pela análise do discurso nas ferramentas de CMC foi possível
identificar aspectos tais como piadas, expressões de sentimento, uso de
apresentações pessoais, de saudações e de fechamentos (Angeli, Bonk e Hara,
1998) bem como expressões de solidariedade e de abertura do sujeito para a
interação (MacDonald e Gibson, 1998). Com respeito às apresentações sociais,
muito incentivadas nos sites de relacionamento e nos cursos on-line por meio do
preenchimento de perfis, Cutler (1995, p.17) explica que quanto mais informações
pessoais estiverem disponíveis para o grupo, maior será a chance de se estabelecer


5
    Howard, T. A Rhetoric of electronic communities. Greenwich, CT: Ablex, 1997.
45



a confiança, de se buscar o grupo como suporte e de encontrar satisfação na
experiência on-line.
       Por conseguinte, diferente de Short et al. (1976), que realizaram
experimentos de laboratório de curta duração com grupos construídos
artificialmente para esse fim, as pesquisas de cunho pedagógico concluíram que a
percepção do usuário sobre o evento comunicativo, bem como os seus
comportamentos para suprir as pistas filtradas importavam tanto quanto, ou até
mais, que a capacidade do meio em transmitir pistas sociais de contexto
(Lowenthal, 2010).     Assim, surgiram novas definições de presença social,
atreladas aos contextos pedagógicos on-line e com similaridades entre si,
conforme será apresentado a seguir.


2.3.3.
A presença social em contextos educacionais on-line

       As leituras feitas para esta tese sobre presença social no contexto
pedagógico on-line são unânimes em afirmar que os estudos mais influentes para
o desenvolvimento do assunto em tela foram realizados por Gunawardena (1995),
Gunawardena e Zittle (1997), Tu (2002) e Rourke et al. (1999). Nos três
primeiros, os pesquisadores investigaram a presença social examinando as
atitudes dos alunos, a partir da Teoria de presença social proposta por Short et al.
(1976). Já no último, os pesquisadores partiram da observação do comportamento
dos alunos nos fóruns de discussão. Estes estudos são apresentados e discutidos
na sequência desta seção.


2.3.3.1.
A presença social segundo Gunawardena (1995)

       Gunawardena (1995) apresenta os resultados de uma pesquisa em
andamento na época e que buscava medir a reação de alunos sobre uma variedade
de sentimentos associados a CMC. Usando como construto a proximidade na
presença social (Short, Williams e Christie, 1976), a autora elaborou um
questionário com os quatro itens originais da Escala bipolar de diferencial
semântico de Short et al. (1976), acrescida de mais treze itens, conforme o quadro
2.1.
46



                    Quadro 2.1- Indicadores de presença social.

                 INDICADORES DE PRESENÇA SOCIAL(Gunawardena, 1995)

     •    Fácil/difícil.                             •    Estimulante/ desestimulante.
     •    Eficiente/ineficiente.                     •    Pessoal/impessoal.
     •    Sensível/insensível.                       •    Calorosa/fria.
     •    Colorida/ sem cor.                         •    Interativa/não-interativa.
                                                     •    Ativa /passiva.
     •    Interessante/chata.
                                                     •    Confiável /não-confiável.
     •    Atraente /não atraente.                    •    Sociável /não sociável.
     •    Imediata/não imediata.                     •    Humanizadora /desumanizadora.
     •    Não ameaçadora / ameaçadora.               •    Que ajuda / que atrapalha.




         Nesse instrumento, os sujeitos deveriam indicar, por meio de uma escala
Likert de cinco pontos, o seu sentimento sobre a CMC após participarem em uma
lista de discussão chamada de GlobalEd. Nessa lista, pós-graduandos discutiam
assuntos relacionados à EaD, se engajavam em aprendizagem colaborativa e
experimentavam um meio que estava sendo cada vez mais usado para fins
educacionais (Gunawardena, 1995, p.149).
         No artigo, dois estudos sobre a percepção dos usuários do GlobalEd foram
discutidos. O primeiro foi realizado em quatro universidades, sendo que duas
integraram o uso da lista nos seus cursos presenciais sobre EaD e duas a usaram
nos cursos a distância. O segundo foi realizado em dois momentos na
Universidade do Novo México. Neste, o primeiro grupo de alunos interagiu com
participantes em três outras instituições americanas e uma na Turquia, e o segundo
grupo interagiu com seis outras instituições americanas e uma na Austrália. No
total, foram aplicados 160 questionários.
         A análise dos Indicadores de presença social revelou dados similares no
que concerne a ausência de qualquer avaliação negativa e a presença de pontuação
alta nos itens “interativa”, “ativa”, “sociável”, “interessante” e “estimulante”
(p.162). Esses dados levaram a autora a concluir que, da perspectiva dos efeitos
do meio, há presença social, definida por ela como o “grau pelo qual as pessoas
são percebidas como reais na CMC” (Gunawardena, 1995, p.151), mas que este
resultado talvez não fosse replicável em outros contextos. Isso porque as listas de
discussão foram organizadas de modo que os alunos passassem a primeira semana
do curso se apresentando e falando de seus interesses profissionais e pessoais, e a
47



segunda e terceira discutindo aspectos do curso, o que ajudou a criar uma
identidade para o grupo e uma coesão social. Assim, apesar de a CMC ser descrita
em outras teorias como um meio que é baixo em pistas não verbais e pistas de
contexto, o estudo de Gunawardena (1995) afirmou que os participantes criaram a
presença social projetando as suas identidades e construindo uma comunidade on-
line.
        Não obstante, essa conclusão não parece ter lastro na análise dos
Indicadores de presença social em si, que, no meu entender, apenas avaliaram
subjetivamente a experiência como mais positiva ou mais negativa, mas nada
dizem sobre o “grau pelo qual as pessoas são percebidas como reais na CMC”.
Evidências para se chegar à conclusão relatada no parágrafo anterior estão em um
estudo anterior (Gunawardena, 1994), citado no artigo pela própria autora, e são
baseadas apenas na observação das mensagens e nos relatos desses mesmos
alunos sobre essas mesmas experiências. Como ela não explica de que modo as
mensagens foram analisadas nem o que se buscou nelas, no meu entender, um
estudo pautado apenas na escala de diferencial semântico e na opinião dos alunos
seria insuficiente para se chegar a uma definição de presença social como
proposta pela autora. Outra ressalva diz respeito ao próprio instrumento utilizado.
Para Tu e Yen (2006, p.88) não ficou claro como a autora teria chegado a esses
indicadores e nem se o instrumento teria medido o comportamento social ou a
reação do usuário quanto à mídia em análise, opinião da qual também partilho.
        A esses pontos, acrescento que os próprios Indicadores de presença social
são itens subjetivos, pois o uso de adjetivos como atraente, interessante, não
ameaçador ou fácil para avaliar a experiência careceriam de uma definição mais
precisa e contextualizada para minimizar o risco de serem interpretados de formas
distintas. Por exemplo, o que é fácil? Digitar as mensagens? Ter acesso ao fórum?
Elaborar o conteúdo das mensagens? Entender o que está sendo discutido? Ler as
mensagens? Outro ponto é a necessidade de determinar parâmetros concretos para
dizer que alguém “projetou a sua identidade” e “criou presença social” nos
fóruns, pois estes não estão explícitos nem no estudo de 1994 e nem no de 1995.
        Por fim, como dito anteriormente, nem sempre a obediência às
recomendações apontadas em Gunawardena (1995) e muito difundidas hoje em
dia como, por exemplo, começar o fórum com apresentações pessoais e trocas
A presença social em um ambiente virtual de aprendizagem: uma proposta de análise à luz da Linguística Sistêmico-Funcional/ Social presence in a virtual learning environment: an analysis proposal in light of Systemic Functional Linguistics/
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  • 1. Doris de Almeida Soares A presença social em um ambiente virtual de aprendizagem: uma proposta de análise à luz da Linguística Sistêmico-Funcional TESE DE DOUTORADO Tese apresentada ao Programa de Pós- Graduação em Letras da PUC-Rio como requisito parcial para a obtenção do título de Doutor em Letras. Orientadora: Profa. Barbara Jane Wilcox Hemais Co-orientadora: Profa.Tânia Maria Granja Shepherd Rio de Janeiro Julho de 2011
  • 2. Doris de Almeida Soares A presença social em um ambiente virtual de aprendizagem: uma proposta de análise à luz da Linguística Sistêmico-Funcional Tese apresentada como requisito parcial para obtenção do grau de Doutor pelo Programa de Pós-Graduação em Letras do Departamento de Letras do Centro de Teologia e Ciências Humanas da PUC-Rio. Aprovada pela Comissão Examinadora abaixo assinada. Profa. Barbara Jane Wilcox Hemais Orientadora Departamento de Letras – PUC-Rio Profa. Violeta de San Tiago Dantas Barbosa Quental Departamento de Letras – PUC-Rio Profa. Maria do Carmo Leite de Oliveira Departamento de Letras – PUC-Rio Profa. Kátia Cristina do Amaral Tavares UFRJ Profa. Gisele de Carvalho UERJ Profa. Denise Berruezo Portinari Coordenadora Setorial do Centro de Teologia e Ciências Humanas – PUC-Rio Rio de Janeiro, 12 de julho de 2011.
  • 3. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução total ou parcial do trabalho sem autorização da autora, da orientadora, da co-orientadora e da universidade. Doris de Almeida Soares Graduou-se em Língua Inglesa e Respectivas Literaturas pela UERJ e cursou Especialização em Língua Inglesa na mesma instituição. Concluiu o Mestrado em Interdisciplinar em Lingüística Aplicada na UFRJ, desenvolvendo estudos na área de produção textual em língua materna e língua estrangeira. Atualmente é Professora Assistente de Língua Inglesa na Escola Naval, onde atua no ensino presencial e a distância bem como no desenho de cursos on-line para fins específicos. Tem trabalhos publicados nas seguintes áreas: Linguística Aplicada, Linguística Sistêmico-Funcional, Tecnologia aplicada ao ensino de língua estrangeira, e formação de professores. Ficha Catalográfica Soares, Doris de Almeida A presença social em um ambiente virtual de aprendizagem: uma proposta de análise à luz da Linguística Sistêmico-Funcional / Doris de Almeida Soares; orientadora: Barbara Jane Wilcox Hemais; co- orientadora: Tânia Maria Granja Shepherd. – 2011. 247 f. : il. (color.) ; 30 cm Tese (doutorado) - Pontifícia Universidade Católica do Rio de Janeiro, Departamento de Letras, 2011. Inclui bibliografia 1. Letras – Teses. 2. Comunicação mediada pelo computador. 3. Campo, Modo e Relação. 4. Ações sociais. 5. Ensino mediado pelo computador. 6. Interação em contextos pedagógicos digitais. 7. Presença social. 8. Linguística Sistêmico-Funcional. 9. Teoria da Valoração. I. Hemais, Barbara Jane Wilcox. II. Shepherd, Tânia Maria Granja. III. Pontifícia Universidade Católica do Rio de Janeiro. Departamento de Letras. IV. Título. CDD: 400
  • 4. Para minha querida família.
  • 5. Agradecimentos A Deus, pela vida e pela saúde para esta jornada que agora chega ao fim. Aos meus pais, por terem me ensinado a perseverar e por terem me dado acesso à educação, me apoiando sempre para que eu pudesse chegar até aqui. Ao meu marido, pela compreensão e o carinho nesta etapa atribulada de nossa vida. Ao meu filho, que soube compreender as horas que não estive presente, embora estando em casa. Aos Chefes de Centro e Coordenadores do Centro de Ciências Social (CCS) da Escola Naval, os quais gentilmente deferiram o meu pedido de afastamento das minhas funções profissionais para que eu concluísse esta tese. Aos amigos, que me deram a força para eu seguir sempre adiante. À Professora Doutora Barbara Jane Wilcox Hemais, pela orientação tranquila e pela liberdade que me deu para a execução desta pesquisa. À Professora Doutora Tânia Maria Granja Shepherd, pela co-orientação que tanto enriqueceu este trabalho. Aos professores de idiomas que participaram desta pesquisa, sem os quais este trabalho não teria sido possível.
  • 6. Resumo Soares, Doris de Almeida; Hemais, Barbara Jane Wilcox; Shepherd, Tânia Maria Granja. A presença social em um ambiente virtual de aprendizagem: uma proposta de análise à luz da Linguística Sistêmico-Funcional, 2011, 247p. Tese de Doutorado. Departamento de Letras, Pontifícia Universidade Católica do Rio de Janeiro. A presença social em um ambiente virtual de aprendizagem: uma proposta de análise à luz da Linguística Sistêmico-Funcional é um estudo de caso interpretativista dos elementos que contribuem para a co-presença (Goffman, 1963) e para a representação do eu (Goffman, 1959/2009) em um contexto pedagógico on-line. Adotando uma visão Sistêmico-Funcional da linguagem (Halliday, 1994), a tese analisa, pelo viés das variáveis Campo, Modo e Relação (Halliday e Hasan, 1989) e da Teoria da Valoração (Martin, 2000), 510 textos escritos por treze professores de idiomas em um curso de dez semanas no TelEduc sobre a produção de material digital. O corpus contém amostras coletadas em três ferramentas: perfil, fórum de discussão, e portfólio. A tese propõe um modelo teórico-metodológico que engloba o estudo das funções discursivas, dos recursos para aproximar a escrita da fala, das escolhas lexicogramaticais referentes a Participantes e Processos, além de manifestações de Afeto, Julgamento e Apreciação. Contempla, também, uma categorização dos tipos de mensagens e como estas se relacionam para formar “conversas”, ou cadeias, entre os participantes. O estudo aponta que o perfil é o único espaço em que há apenas uma ação social (se apresentar ao grupo). Nos fóruns e portfólios, nos quais há seis outras ações, os pedidos de ajuda e os oferecimentos de soluções ou de apoio moral são as ações mais frequentes, seguidas pelo provimento de feedback sobre as atividades dos colegas nos portfólios. Esse resultado sugere que a natureza
  • 7. prática do curso faz com que as reflexões sobre as leituras e as atividades-modelo, apesar de obrigatórias, fiquem em segundo plano. Há também mensagens que visam somente à socialização (pedidos de desculpa, por exemplo), à auto- avaliações, e à descrição das atividades nos portfólios. Dependendo do Campo e da ferramenta, essas ações são mais comumente realizadas de modo independente, gerando textos orientados para um único propósito comunicativo (amostras de Campo simples), ou são combinadas (amostras de Campo combinado), gerando textos com propósitos múltiplos, principalmente visando a salvar a face do autor. Para construir um senso de comunidade, muito contribuem a função discursiva identificar-se com o outro e os recursos que tendem a emular a fala, o que torna a escrita mais pessoal e interativa. A visão dos sujeitos se faz presente na tese por meio das opiniões coletadas em dois questionários on-line e em uma entrevista via email. O cruzamento dos comportamentos linguísticos e das opiniões dos participantes revela que há alguns desencontros entre o que se espera e o que acontece no espaço de interação, especialmente no que tange o provimento de respostas nos fóruns, verificável pela análise das funções perguntar e questionar, e o conteúdo apresentado nos perfis, verificável pela análise das funções discursivas que estruturam os mesmos. Essas evidências apontam para possíveis implicações pedagógicas, as quais podem requerer revisões de práticas docentes e discentes nos cursos on-line. Palavras-chave Comunicação mediada pelo computador; Campo, Modo e Relação; ações sociais; ensino mediado por computador; interação em contextos pedagógicos digitais; Presença social; Linguística Sistêmico-Funcional; Teoria da Valoração.
  • 8. Abstract Soares, Doris de Almeida; Hemais, Barbara Jane Wilcox (Advisor); Shepherd, Tânia Maria Granja. Social presence in a virtual learning environment: an analysis proposal in light of Systemic Functional Linguistics, 2011. 247p. Doctoral thesis. Departamento de Letras, Pontifícia Universidade Católica do Rio de Janeiro. Social presence in a virtual learning environment: an analysis proposal in light of Systemic Functional Linguistics is an interpretive case study of the elements which contribute to co-presence (Goffman, 1963) and to the presentation of the self (Goffman, 1959/2009) in an online pedagogical context. Adopting a Systemic Functional view of language (Halliday, 1994) and drawing on the study of the variables Field, Tenor and Mode (Halliday and Hasan, 1989) and Appraisal Theory (Martin, 2000), this thesis examines 510 texts written by thirteen language teachers in a ten-week-course held in TelEduc, whose aim was to enable participants to produce digital teaching materials. The corpus contains samples that are representative of the linguistic exchanges in the students’ profiles, forum messages and portfolio messages. The theoretical and methodological framework of the study encompasses the discursive functions which make writing more interactive, specifically, the resources that simulate speech in the written mode and the students’ lexicogramatical choices as regards Participants and Processes as well as expressions of Affect, Judgment and Appreciation. The study also categorizes the types of messages posted and analyzes how they relate to one another to form conversations (chains) between participants. The study shows that the profile is the only tool in which there is a
  • 9. single social action. In the eleven forums and in the 13 portfolios, where six other actions take place, requests and offers for help or moral support are the most frequent, followed by feedback on the activities designed by colleagues. This suggests that the practical nature of the course makes the reflections on the readings and model activities less frequent, despite being compulsory. There are also messages whose objective is just socialization (apologies for example), self- assessment, and description of the activities posted on the portfolios. Depending on the Field and the tool, these actions are most commonly performed independently, generating single communicative purpose texts (Simple Field samples) or they may be combined, for example, an apology, a reflection and evaluation in one text (a Combined Field sample). Authors use this kind of combination mainly so that they can save face. The discourse function identifying with peers and the resources used for simulating speech, which make writing more personal and interactive, greatly contribute to build a sense of community. The participants’ perceptions, collected in two online questionnaires and in an email interview, provide further information that complements the linguistic study of the participants’ realization of social action. The triangulation of the linguistic behavior observed and the participants’ opinions shows that there are some mismatches between what can be expected from the survey of the literature and what happens in the online space of interaction. In particular, the triangulation highlights the expectation of answers in the forums, detected through the analysis of the discursive functions asking question and questioning, and the content of the profiles. Such evidence points to possible pedagogical implications, which could involve a review of practices in online courses. Keywords Computer mediated communication; Filed, Tenor and Mode; social action; social interaction in online pedagogical contexts; Social presence; Systemic Functional Linguistics; Appraisal Theory.
  • 10. Sumário 1. Introdução 18 2. A comunicação mediada por computador e a presença social 27 2.1. Introdução 27 2.2. A comunicação mediada por computador (CMC) 28 2.2.1. O email 29 2.2.2. Sistemas de conferência em grupo 32 2.2.2.1. Os sistemas de conferência em grupo: aspectos pedagógicos 34 2.2.2.2 Sistemas de conferência em grupo: aspectos psicológicos 36 2.3 A representação do eu e a co-presença mediada 37 2.3.1. A presença social como conceito teórico 40 2.3.2. Origens da presença social mediada 40 2.3.3. A presença social em contextos educacionais on-line 44 2.3.3.1. A presença social segundo Gunawardena (1995) 45 2.3.3.2. A presença social segundo Gunawardena e Zittle (1997) 47 2.3.3.3. A presença social segundo Tu (200a, 2002b e 2004) 49 2.3.3.4. A presença social segundo Rourke et al. (1999) 52 2.3.3.5. A presença social na atualidade e uma nova proposta 56 3. Abordagem Sistêmico-Funcional da linguagem 60 3.1 Introdução 60 3.2. Panorama da Linguística Sistêmico-Funcional 60 3.3. Teoria da Valoração 63 3.3.1. ATITUDE: Afeto 65 3.3.2. ATITUDE: Julgamento 70 3.3.3. ATITUDE: Apreciação 72 3.3.4 ENGAJAMENTO 73 76
  • 11. 4. O discurso virtual e a questão do gênero 4.1. Introdução 76 4.2. Gênero no paradigma funcionalista 77 4.2.1. Campo, Modo e Relação 78 4.2.2. Registro e gênero 82 4.3. Modelos de análise funcional 84 4.4. Alguns estudos Sistêmico-Funcionais da CMC 87 5. O contexto de pesquisa e a coleta de dados 93 5.1. Introdução 93 5.2. Conhecendo o ambiente TelEduc 93 5.2.1. Visão panorâmica da ferramenta perfil 95 5.2.2. Considerações sobre a ferramenta fórum de discussão 97 5.2.3. Conhecendo a ferramenta portfólio 99 5.3 O Contexto da pesquisa e a compilação do corpus 102 5.3.1. Instrumentos para coleta de dados 104 5.3.2. O perfil dos participantes 105 6. Proposta teórico-metodológica para o estudo da presença social 108 6.1. Introdução 108 6.2. Proposta para a análise dos comportamentos associados a presença social nas variáveis Campo e Modo 109 6.2.1. As funções discursivas, os recursos discursivos e a Avaliatividade 109 6.3. Proposta para a análise de comportamentos associados à presença social na variável Relação 115 6.3.1. Orientação aos participantes 116 6.3.2. Iniciação das interações: as mensagens de abertura 118 6.3.3. Movimentos de continuidade 120 6.3.4. Encerramento das interações 122 6.4. Modelo para a análise da interdependência nas trocas comunicativas 126 6.5. Considerações sobre a proposta para a análise da presença social e a definição do escopo desta tese 130
  • 12. 7. Panorama das ações sociais no contexto de pesquisa 132 7.1. Introdução 132 7.2. Identificação das ações sociais 133 7.3. As ações sociais nas amostras de Campo simples 135 7.4. As ações sociais nas amostras de Campo combinado 138 7.4.1. Comparando as amostras de Campo simples e de Campo combinado nos fóruns 139 7.4.2. Comparando as amostras de Campo simples e de Campo combinado nos portfólios 146 7.5. Considerações sobre a distribuição das ações sociais no contexto em estudo 152 8. A presença social na ferramenta perfil 156 8.1. Introdução 156 8.2. Considerações sobre a ferramenta perfil e o Campo 1 156 8.2.1. A revelação de dados pessoais 160 8.2.2. A revelação dos dados profissionais 162 8.2.3. A revelação de dados acadêmicos e revelação de dados motivacionais 164 8.3. A co-presença na ferramenta perfil 167 8.4. Considerações sobre o Campo1 169 9. A co-presença nas ferramentas fórum e portfólio 175 9.1. Introdução 175 9.2. Panorama da co-presença nas ferramentas fórum e portfólio 176 9.2.1. Os recursos discursivos nas postagens 179 9.2.1.1. A frequência dos recursos discursivos nos fóruns 179 9.2.1.2. A frequência dos recursos discursivos nos portfólios 183 9.2.1.3. Emprego dos recursos discursivos nos diferentes Campos 185 10. As funções discursivas nos Campos C2-C7 e a presença social nas ferramentas fórum e portfólio 189
  • 13. 10.1 Introdução 189 10.2. A identificação com o outro 189 10.2.1 A identificação com o outro no Campo 4: suporte 191 10.2.2. A identificação com o outro nos demais Campos 196 10.2.3. A identificação com o outro no Campo 3: reflexões 199 10.3. As funções discursivas questionar e perguntar em C3 202 11. Considerações finais e encaminhamentos 210 11.1. O percurso da pesquisa e seus objetivos 210 11.2. Reflexões sobre os achados desta tese 213 11.2.1. Considerações sobre a co-construção de conhecimento nos fóruns 216 11.2.2. Considerações sobre o uso da ferramenta perfil 220 11.3. Encaminhamentos futuros 221 Referências bibliográficas 224 Apêndices 237 Apêndice A- Questionário (Q1) 238 Apêndice B- Questionário (Q2) 241 Apêndice C- Esquema de postagens nos fóruns FS2 e FS3 242 Apêndice D – Amostras das funções discursivas questionar e perguntar em C3 245
  • 14. Lista de Siglas e Abreviações A Apresentação acadêmica A-A Aluno-aluno(s) e/ou Tutor A-T Aluno - Tutor AVA Ambiente virtual de aprendizagem C1 Campo 1: apresentação ao grupo C2 Campo 2: impressões C3 Campo 3: reflexões C4 Campo 4: suporte C5 Campo 5: preservação da face e manutenção do tecido social C6 Campo 6: introdução de atividades C7 Campo 7: feedback CC Campo combinado CS Campo simples CMC Comunicação mediada por computador DCM Discurso mediado por computador E1 Entrevista 1 FS1 Fórum da semana 1 FS2 Fórum da semana 2 FS3 Fórum da semana 3 FS4 Fórum da semana 4 FS5 Fórum da semana 5 FS6 Fórum da semana 6 FS7 Fórum da semana 7 FS8 Fórum da semana 8 FS9 Fórum da semana 9 FS10 Fórum da semana 10 FAju Fórum de ajuda (dúvidas e soluções) M Apresentação motivacional MSGa Mensagem de abertura MSGRe Mensagem de resposta MSGReelab Mensagem de reelaboração MSGRef Mensagem de reforço MSGFeed Mensagem de feedback OP Orientações aos participantes P Perfil Part. Participante PE Apresentação pessoal PO Portfólio PR Apresentação profissional Q1 Questionário 1 (sobre as ferramentas do curso) Q2 Questionário 2 (sobre o perfil)
  • 15. Listas de Ilustrações, Telas e Tabelas Ilustração 3.1 Sistema Interpessoal com base em Martins e White (2005) 64 Ilustração 5.1 Gráficos de perfil sócio-acadêmico dos participantes da pesquisa 105 Ilustração 5.2 Gráficos das motivações para fazer o curso 106 Ilustração 5.3 Gráfico de familiaridade com relação à interação virtual 107 Ilustração 6.1 Modelo de relações nos fóruns 119 Ilustração 6.2 Graus de contato 129 Ilustração 9.1 Co-presença explícita por fórum 181 Tela 5.1 Amostra da tela de acesso a lista de participantes 96 Tela 5.2 Editor de texto 96 Tela 5.3 Visualização do perfil 97 Tela 5.4 Página do fórum de discussão semana 3 98 Tela 5.5 Portfólio sem mensagem de apresentação 100 Tela 5.6 Portfólio com mensagem de apresentação 101 Tela 5.7 Comentário feito pela dona do portfólio 101 Tabela 7.1 Campo simples e Campo combinado (quantificação e distribuição) 135 Tabela 7.2 Mapeamento das amostras de Campo simples 136 Tabela 7.3 Comparativo de Campos simples e Campos combinados nos fóruns 140 Tabela 7.4 Padrões de combinação das amostras de Campo combinado nos fóruns 143 Tabela 7.5 Comparativo de Campos simples e Campos combinados nos portfólios 147 Tabela 7.6 Combinações nas OPs e nos comentários nos portfólios 148 Tabela 7.7 Total de Campos no curso 153 Tabela 8.1 Presença das funções discursivas por amostra 159 Tabela 8.2 Aspectos mais valorizados na leitura dos perfis 169 Tabela 9.1 A co-presença nas ferramentas do curso 176 Tabela 9.2 Quantificação dos recursos por Campo nos fóruns e portfólios 185
  • 16. Listas de Quadros Quadro 2.1 Indicadores de presença social 45 Quadro 2.2 Escala de presença social 48 Quadro 2.3 Recorte do questionário da presença social e da privacidade 51 Quadro 2.4 Comparativo Tu (2004) e Gunawardena (1995) 51 Quadro 2.5 Presença social segundo o modelo de Comunidade de Investigação 55 Quadro 2.6 Comparativo de asserções em Arbaugh et al. (2007) & Gunawardena e Zittle (1997) 58 Quadro 3.1 Afeto realis (baseado em Martins, 1997) 68 Quadro 5.1 Total de textos no curso x Total de textos no corpus 103 Quadro 6.1 Compilação de comportamentos associados à presença social 110 Quadro 6.2 Funções discursivas que denotam presença social 111 Quadro 6.3 Recursos discursivos que denotam presença social 112 Quadro 6.4 Modelo de análise de ATITUDE associada à presença social 114 Quadro 6.5 Articulação dos participantes nas ações sociais 129 Quadro 7.1 Ações sociais em um AVA com fins pedagógicos 131 Quadro 8.1 Funções discursivas que formam a base dos perfis 157 Quadro 9.1 Co-presença implícita x Co-presença explícita em C3 nos portfólios 183 Quadro 9.2 Co-presença implícita x Co-presença explícita em C7 nos portfólios 184 Quadro 10.1 Características da função discursiva identificar-se com o outro 190 Quadro 10.2 Identificação com o outro em C3 200 Quadro 10.3 Identificação com o outro em MSGRe e em MSGa 201 Quadro 10.4 As funções discursivas questionar e perguntar em C3 (Part.10) 210
  • 17. Learning is what most adults will do for a living in the 21st century -J.S. Perelman-
  • 18. 18 Introdução O termo tecnologia, no contexto pedagógico, geralmente nos remete aos objetos que têm como função realizar a mediação entre o conhecimento e o aprendiz (Belloni, 1999, p.55) tais como o livro e, mais recentemente, o computador. Porém, Chaves (1999), ao adotar uma visão ampla do termo, afirma que, do ponto de vista histórico, a primeira tecnologia que afetou profundamente a educação foi a linguagem, pois (A)pesar de ser possível, dentro de limites, falar em educação através de interações não-verbais, é forçoso reconhecer que, sem a linguagem, que apareceu primeiro como fala, depois como escrita, não haveria educação como a entendemos hoje (Chaves, 1999, n.p). Essa asserção ganha maior destaque ao pensarmos na modalidade de Educação a distância1 (EaD) conhecida por ensino on-line e que tem como base preceitos sociointeracionistas. Nela, a linguagem não só disponibiliza os conteúdos pedagógicos, mas também é, na maioria das vezes, o único recurso para “corporificar” o aprendiz virtual, de quem é esperado um tipo de comportamento que contribua para a co-construção do conhecimento pelo grupo. Assim sendo, a aprendizagem no ambiente virtual sociointeracionista gira em torno da negociação social - processo pelo qual os aprendizes formam e testam as suas construções de conhecimento em diálogos colaborativos com outros indivíduos (Sousa e Fino, 2001, p.378). Idealmente, esses diálogos se estabelecem na troca de mensagens escritas e assíncronas, por meio de ferramentas interativas de comunicação tais como o email, as listas e fóruns de discussão e, com menor frequência, de modo síncrono, nas salas de chat (Nipper, 1989, p. 64). Estas tornam a comunicação rápida e eficaz, seja ela individual (entre tutor/aluno e 1 Na expressão educação a distância, pode-se ou não usar a crase, pois ela é facultativa neste caso, sendo obrigatória somente quando define-se a distância, por exemplo: à distância de três metros (Nunes, 93/94, n.p.). Nesta tese, seguirei a tendência adotada pelos autores aqui resenhados de apresentar a expressão não craseada.
  • 19. 19 aluno/aluno) ou em grupo, e valorizam o componente social da construção do conhecimento (Gomes, 2003, p.146). Contudo, nem sempre esse cenário colaborativo ideal se instala nos cursos on-line. Ás vezes, um espaço virtual como o fórum de discussão gera um monólogo associal ao invés de um diálogo, pois, como bem observa Moran (1991, p.51-53), há casos em que todos estão escrevendo simultaneamente e ninguém está lendo e respondendo muito, ou seja, não escutando tanto quanto fariam em uma conversa face a face. Esse comportamento faz com o aprendiz se sinta falando para as paredes, “solitário e não ouvido”, além de gerar um volume de textos que excede a capacidade de leitura e de resposta dos participantes, os sobrecarregando. Sem as pistas-não verbais (olhar, gestos, paralinguagem) que ajudam a nos mostrar se o interlocutor está conosco, ou não, e a levar a diante as interações em contextos presenciais, cabem aos candidatos a aprendizes virtuais duas alternativas: (i) caso já façam uso da linguagem na rede, adaptarem as suas experiências bem-sucedidas com os gêneros digitais em interação não- pedagógicas para a situação de aprendizagem que se apresenta, ou (ii) caso sejam novatos, desenvolverem novas práticas discursivas, a partir dos gêneros dialógicos bem estabelecidos que formam a base da comunicação mediada por computador (CMC) como a carta, o bilhete e a conversa, e da observação das convenções linguísticas que os membros mais experientes adotam no contexto digital. Em ambos os casos, a utilização da linguagem digital com certo desembaraço é fator crucial para dar conta da construção de uma imagem positiva de cada participante perante o grupo, e que convide para a interação, estabelecendo, assim, relações sociais com os seus pares no ambiente virtual de aprendizagem baseado na rede. Esse domínio dos gêneros digitais (ditos “emergentes”) representa, ao mesmo tempo, um norte para alcançarmos nossos propósitos comunicativos nos cursos on-line, mas, também se coloca como um desafio, pois nunca antes a escrita foi usada como suporte primário para a interação em grupos (Feenberg, 1989, p.36). Nessas poucas décadas de existência, os gêneros digitais vêm se organizando para atender às necessidades de uma sociedade que vive uma relação entre tempo, proximidade física e interação humana que é distinta daquela que a tem dominado desde tempos imemoriais. Assim, ainda estamos no processo de
  • 20. 20 entender como as mudanças no modo pelo qual nos comunicamos e nos relacionamos nos contextos virtuais por meio dos gêneros emergentes estão se refletindo, também, nesse novo espaço pedagógico que é a sala de aula on-line. Refletindo sobre essas questões, em especial sobre o efeito da linguagem para a construção das relações entre pessoas que só se conhecem por meio da rede, comecei a avaliar as minhas próprias experiências como tutora em um curso de inglês on-line, função que desempenho desde 2005, e como aprendiz virtual, posição na qual me encontrei diversas vezes desde então. Em alguns casos, houve realmente o estabelecimento do cenário ideal descrito no início deste capítulo. Como exemplo, cito minha participação como aluna em um curso para formação de tutores no qual eu e outros colegas concluímos que estávamos ficando “viciados” nos fóruns do curso, tal era o nosso desejo de nos fazermos presente e atuantes no grupo. Em outro, de cunho acadêmico, no entanto, a minha sensação foi de distanciamento e de falta de desejo de postar mensagens, apesar de eu ter de realizar um volume grande de tarefas escritas que, obrigatoriamente, deveriam ser redigidas em grupo. Foi então que tive uma experiência como aluna on-line que me motivou a desenvolver esta tese. Em 2008, me inscrevi em um curso de dez semanas, ministrado totalmente a distância, e cuja proposta era ensinar aos participantes, professores de idiomas, como elaborar atividades para o ensino digital de línguas. Para tanto, o curso utilizava as ferramentas de comunicação e de gerenciamento de aprendizagem disponibilizadas na plataforma TelEduc, com a qual eu já estava familiarizada. Esse ambiente virtual de aprendizagem (AVA) funciona como uma sala de aula, na qual os participantes têm acesso aos materiais didáticos (textos e atividades digitais), discutem os temas das aulas nos fóruns de discussão, apresentam as suas tarefas nos portfólios particulares, e dão e recebem feedback sobre os trabalhos uns dos outros nessa mesma ferramenta. Logo nas primeiras semanas, senti que havia se estabelecido uma atmosfera de colaboração entre os membros do grupo, na qual as pessoas pareciam estar motivadas e dialogando umas com as outras, compartilhando experiências, pedindo e dando ajuda e trabalhando para o sucesso da aprendizagem de todos. Enfim, parecia haver uma “química” muito boa entre o
  • 21. 21 grupo. Essa sensação me motivou a pesquisar esse contexto em particular, a partir dos seguintes questionamentos preliminares: (i) O que estava acontecendo, do ponto de vista linguístico, que fazia com que eu me sentisse pertencendo a uma comunidade acolhedora, participativa e colaborativa? (ii) O que diferenciava este curso dos outros que eu já tinha feito, no mesmo ambiente de aprendizagem e com a mesma dinâmica, basicamente, mas que não despertaram o mesmo sentimento em mim? (iii) Por que as nossas trocas eram tão espontâneas enquanto que em outras experiências que tive as interações pareciam não fluir tão bem, ou era necessária a intervenção do tutor para que elas ocorressem? Ao buscar na literatura sobre EaD subsídios para entender melhor essas minhas questões iniciais, encontrei no conceito de Presença social, proposto por Rourke et al. (1999), uma definição que parecia se encaixar no que estava ocorrendo naquele momento do curso. Segundo os autores, a presença social diz respeito à habilidade dos alunos de se projetarem social e emocionalmente em uma comunidade para dar apoio aos objetivos cognitivos e afetivos da aprendizagem, instigando, sustentando e dando suporte ao pensamento crítico e tornando as interações atraentes, engajadoras e intrinsecamente recompensadoras (Rourke et al., 1999, n.p.) Como resultado desse tipo de comportamento, há uma maior integração acadêmica, social e institucional entre os membros do grupo. Contudo, ao procurar estudos empíricos que tratassem da presença social, descobri que, além de haver outras definições para o mesmo termo, poucos estudos a operacionalizam em partes observáveis e mensuráveis (Lowental, 2009, p.1903), e que a maioria das pesquisas se baseia apenas em resultados de questionários de escala bipolar de itens de diferenciais semânticos, por meio dos quais os alunos avaliam subjetivamente a presença do outro no curso, conforme mostra o Compêndio de medidas da presença social, organizado por van Baren e IJsselsteijn (2004). Portanto, considero essa informação sobre as pesquisas um dado relevante e que aponta a necessidade de uma maior produção de conhecimento na área por
  • 22. 22 duas razões. Primeiro, a EaD on-line está em franca expansão (Garrison, 2001) para atender a crescente necessidade de formação continuada, pois “a relação intensa com a aprendizagem, a transmissão, e a produção de conhecimentos agora dizem respeito à massa de pessoas em suas vidas cotidianas e seus trabalhos, e não somente às elites” (Levy,1999, p. 173). Segundo, com a proliferação dos cursos on-line, a presença social como construto será ainda mais importante (Lowental, 2009, p.1902) porque a capacidade de os sujeitos se projetarem visando ao sucesso das interações e a co-construção do conhecimento é um fator crucial para a aprendizagem virtual nos moldes sociointeracionistas. Por conseguinte, o entendimento de como essas projeções se manifestam e contribuem para o andamento do curso pode auxiliar no monitoramento dos aspectos sociais da aprendizagem on-line em um dado contexto. Acrescento, ainda, que essa produção de conhecimento sobre a presença social deve ser realizada no viés dos estudos linguísticos em contextos pedagógicos, levando-se em conta que, segundo Lapadat (2007, n.p.) as pesquisas sobre os padrões do discurso on-line para prover evidências empíricas da natureza das construções de significado e das relações sociais nos ambientes virtuais compõem um campo investigativo promissor. Isto porque, como afirma Baron (2000, p.18), devido à constante evolução das tecnologias de informação e comunicação, “estamos apenas começando a descobrir quais efeitos o ciberespaço está causando em nós como leitores e escritores”. Portanto, uma tese na área de Estudos da linguagem que se proponha a trazer contribuições para o campo em tela vem ao encontro das necessidades daqueles envolvidos com a EaD on-line, sejam eles os profissionais responsáveis por estimular e gerenciar a qualidade das interações construídas entre sujeitos virtuais, sejam eles os aprendizes que desejam entender melhor o seu papel para o sucesso do grupo. Dito isso, apresento esta tese, que caracterizo como um estudo de caso de cunho interpretativista, baseado em ferramentas da Análise do discurso e com enfoque Funcionalista (Halliday, 1994), e que tem como proposta trazer um modelo de análise de conteúdo que possibilite investigar o papel da linguagem para o estabelecimento da presença social e a consequente formação de um grupo orientado para um objetivo comum em um curso on-line.
  • 23. 23 Para tanto, elegi como contexto de pesquisa o curso de extensão on-line para professores de idiomas do qual participei em 2008, descrito nesta introdução, tomando como objeto de estudo a produção linguística de treze participantes, em três ferramentas na plataforma TelEduc: (i) perfil, na qual cada participante se apresenta ao grupo, (ii) fórum de discussão, na qual por meio de troca de mensagens os assuntos do curso são discutidos, e (iii) portfólio, na qual os trabalhos desenvolvidos pelos participantes são compartilhados e comentados por todos.2 Além disso, coletei informações por meio de dois questionários on-line e uma entrevista por email procurando saber a percepção de cada sujeito a cerca do seu comportamento no curso em dois momentos: na sua metade (5ª semana) e ao seu final. Com esses dados em mãos, e partindo do princípio de que, conforme relatei anteriormente, as minhas percepções sobre o curso me levavam a crer que havia naquele contexto pedagógico algo que se assemelhava a presença social, proponho a seguinte questão central de pesquisa: Tomando por norte um enfoque funcionalista da linguagem (Halliday, 1994), quais são os elementos linguísticos que estabelecem a presença social em um curso de formação continuada para professores de idiomas ministrado totalmente a distância na plataforma TelEduc? Para buscar responder a essa pergunta, o trabalho de pesquisa que ora apresento se desenvolve em onze capítulos, da seguinte forma. O capítulo 2 enfoca a comunicação mediada por computador (CMC) e discute alguns aspectos que julgo mais relevantes para o estudo da linguagem no contexto virtual de aprendizagem. Dentre esses, destaco as principais características sócio-discursivas do email e dos sistemas de conferência (quadros de aviso, fóruns e listas de discussão), pois são a base da CMC e do ensino on-line 2 As palavras perfil, fórum de discussão e portfólio virão grafadas em itálico quando se referirem ao espaço virtual/ ferramenta ou quando se referirem ao gênero textual de modo amplo. Nas outras situações, ou seja, para se referirem as amostras de textos produzidos por intermédio dessas ferramentas, serão grafadas de modo simples.
  • 24. 24 (Baron, 2000; Herring, 2003 e Crystal, 2001, entre outros). Apresento, também, dois conceitos propostos por Goffman (1959/2009; 1963) para explicar as interações face a face, mas que têm servido de base para muitos estudos sobre a comunicação mediada por computador (CMC). São eles: (i) a co-presença, que diz respeito à percepção de que não se está sozinho em um determinado espaço, e a representação do eu, que tem a ver com as revelações que fazemos a nosso respeito quando em contato com outras pessoas. Por fim, discuto uma seleção de diferentes Teorias de presença social (Short et al., 1976, Lea e Spears, 1992) até chegar no modelo proposto por Garrison et al. (1999). Baseada nessas reflexões, sugiro uma definição de presença social que possibilite realizar estudos pautados nos fenômenos linguísticos observados em um corpus digital coletado em um AVA. No capítulo 3, apresento, em linhas gerais, a Linguística Sistêmico- Funcional (LSF) (Halliday, 1994), cuja visão de linguagem perpassa este trabalho investigativo. Introduzo, também, a Teoria da Valoração (Martin, 2000) a qual oferece um arcabouço teórico que possibilita investigar, através do sistema Atitude, como os sujeitos utilizam o Afeto, o Julgamento e a Apreciação para, na interação, construírem laços de solidariedade com os seus interlocutores e se representarem de modo positivo perante o grupo. Como todos os usos da linguagem são dependentes do contexto sócio- histórico e cultural nos quais ocorrem, o capítulo 4 discorre sobre a noção de gêneros do discurso, segundo uma visão funcional, a qual leva em conta não só os seus aspectos formais e estruturais, mas também as conexões entre Campo, Modo e Relação (Halliday e Hasan, 1989), no estabelecimento da Configuração de Contextual (CC) e o propósito das trocas comunicativas sob investigação. Essa três variáveis são o ponto de partida para a organização dos estudos propostos nesta tese. Estabelecido o arcabouço teórico que orienta esta tese, o capítulo 5 descreve a plataforma TelEduc, enfocando as ferramentas de comunicação que possibilitaram as trocas comunicativas entre os participantes deste estudo. A seguir, descreve os instrumentos para a coleta de dados, bem como o processo de compilação do corpus, traçando, por fim, um perfil dos participantes deste estudo. O capítulo 6 inicia pela apresentação das perguntas de pesquisa, as quais almejam prover insumos para a discussão da questão central desta tese. A partir
  • 25. 25 destas, apresento uma proposta teórico-metodológica, resultante da aplicação de conceitos discutidos nos capítulos 2, 3 e 4 a um estudo preliminar do corpus, para investigar, de modo abrangente, os comportamentos linguísticos associados à presença social nas variáveis Campo, Modo e Relação. Esta etapa da pesquisa possibilita, portanto, depreender todas as categorias de análise, bem como conceituar e nomear os elementos que se fazem necessários para o tratamento do corpus. O capítulo 7 complementa a proposta teórico-metodológica descrevendo as ações sociais realizadas no contexto de pesquisa e mapeando as suas ocorrências nas ferramentas perfil, fórum e portfólio, tomando por base um estudo da variável Campo. Este tem por objetivo compreender como essas ações se distribuem e se combinam ao longo das dez semanas do curso. A partir desse entendimento, é possível iniciar um exame das ocorrências dos elementos que contribuem para o estabelecimento da presença social em cada uma dessas ações sociais, ou Campos. Destarte, o capítulo 8 enfoca as escolhas linguísticas instanciadas na elaboração do perfil, primeira ação social na qual os participantes se engajam. Por meio do estudo das funções discursivas, descritas no capítulo 6, teço considerações sobre o papel dessa ferramenta para a co-presença e a representação do eu no curso que motivou essa pesquisa. No capítulo 9, temos uma apreciação do material linguístico produzido pelos participantes deste estudo nas ferramentas fórum de discussão e portfólio, tomando como referência a observação da variável Modo. Esta visa a entender como as escolhas linguísticas tornam explícita a percepção do aluno de que há outros colegas presentes naquele mesmo espaço de interação. No capítulo 10, essas mesmas ferramentas são examinadas a partir de três funções discursivas recorrentes e que perpassam as ações sociais encontradas nesses espaços, a saber: identificar-se com o outro, questionar, e perguntar. Desta forma, pretende-se tecer considerações sobre a presença social em ambos os espaços. Por fim, no capítulo 11, apresento as minhas reflexões finais, nas quais retomo os pontos mais relevantes desta tese, e avalio as suas contribuições para os estudos da linguagem que se ocupam em entender a comunicação mediada por computador (CMC) em ambientes virtuais de aprendizagem formal (AVAs).
  • 26. 26 Proponho, também, encaminhamentos para dar continuidade à investigação iniciada com esta pesquisa.
  • 27. 27 2. A comunicação mediada por computador e a presença social 2.1. Introdução O cientista cognitivo Steve Harnad (1991, p.39) afirma que estamos vivendo uma era marcada por mudanças profundas no modo de nos comunicarmos e de nos relacionarmos. Estas caracterizam o que ele denomina de “quarta revolução” nos meios de comunicação e cognição humana, equiparada em força as suas antecessoras, a saber: (i) o surgimento da linguagem oral, (ii) a invenção da escrita, e (iii) a criação do texto impresso. Isso porque, com a tecnologia digital, a divisão histórica entre oralidade e escrita está sendo superada devido à capacidade da CMC de transcender a distância geográfica, de democratizar o acesso à informação e de alterar as restrições de tempo e materialidade (Lapadat, 2007, n.p.). Nesse aspecto, a CMC é um divisor de águas na EaD (Moore e Kearsley, 2007, p.63), pois, antes da sua difusão, o contato entre professor e aluno era escasso e com grande defasagem temporal (Nipper, 1989, p. 63; Garrison, 1985, Bates, 1995, p.23), tanto nos cursos veiculados exclusivamente pela remessa postal de textos, como nos que contavam com tecnologias analógicas como o rádio e a TV. Essa comunicação, quando existia, era marginal ao processo de ensino e aprendizagem e era representada apenas por comentários e perguntas, sendo inexistente a interação entre alunos (Moore e Kearsley, 2007, p. 50; Nipper, 1989, p.63). Consequentemente, sem acesso às ferramentas como o email e os fóruns de discussão, amplamente utilizados nos cursos on-line, não seria possível adotar um modelo pedagógico centrado no aluno e no qual o professor (tutor) deva se tornar “um animador da inteligência coletiva, acompanhante e gestor da aprendizagem oferecendo estímulo à troca de conhecimento e a mediação” (Levy, 1999, p. 171).
  • 28. 28 Contudo, apesar do potencial revolucionário das novas tecnologias para transformar a comunicação humana (Warschauer e Grimes, 2007, p. 1), apenas aderir ao seu uso não garante sucesso na experiência on-line, pois a CMC apresenta características únicas. Portanto, acredito que seja importante para quem deseja trabalhar com a EaD se informar sobre a CMC de modo amplo. Isso implica não só conhecer um pouco da sua história e saber do seu papel na aprendizagem on-line, mas também entender quais conceitos teóricos têm sido associados a ela, especialmente no que diz respeito a sua capacidade para viabilizar as interações entre sujeitos por meio de texto escrito. Pensando nessa questão, este capítulo inicia apresentando alguns aspectos históricos, sociais, linguísticos e pedagógicos da CMC. A seguir, ele apresenta e discute as idéias de Goffman (1959/2009;1963) sobre (i) a representação do eu e (ii) a co-presença social, além de resenhar criticamente os estudos mais relevantes para conceituar a presença social mediada. Por fim, ele propõe uma definição de presença social para nortear esta tese. 2.2. A comunicação mediada por computador (CMC) A CMC surgiu a partir do desenvolvimento do ARPANET, sistema de rede pelo qual os pesquisadores da Advanced Research Projects Agency, conectados a um computador por meio do seu servidor local, se comunicavam usando um protótipo do email nos anos 60 (Walker et al., 2009, n.p.). Na época, essa ferramenta já possibilitava a troca rápida de informações escritas entre um grande número de pessoas, encorajando diálogos extensos em qualquer tópico (National Academy of Sciences, 1995, n.p). Desde então, a comunicação por texto, som e imagem na rede vem se transformando na medida em que novas tecnologias para a informação e comunicação surgem. Desse modo, encontramos na literatura sobre CMC referências a dois gêneros principais: (i) os gêneros síncronos e (ii) os gêneros assíncronos (Montero et al., 2007; Jonsson, 1997, Beißwenger e Storrer, 2008; Herring, 2003; Warschauer, 2001). No primeiro grupo, temos os chats ou mensagens instantâneas em tempo real, onde todos devem estar no mesmo ambiente virtual no momento da comunicação. No segundo, isso não é necessário
  • 29. 29 visto que as mensagens podem ser lidas e respondidas a qualquer hora. Fazem parte deste grupo o email, primeira ferramenta de CMC, e os sistemas de conferência em grupo, originados a partir deste. Tomando por base o escopo desta tese, passemos, assim, as características dos gêneros email, lista de discussão, quadro de avisos e fórum de discussão. 2.2.1. O email Do ponto de vista histórico, o primeiro aplicativo de email foi desenvolvido por Ray Tomlinson em 1971 e estabeleceu o modelo transacional básico que até hoje define essa tecnologia (Stewart, 2000). O posterior desenvolvimento das funções encaminhar e responder, que geram automaticamente o endereço para resposta, caracterizou o primeiro programa de email moderno. Na opinião de Dave Crocker, integrante do ARPANET nos anos 70, o comando responder foi revolucionário, pois viabilizou o desenvolvimento de “conversas” em meio escrito (Stewart, 2000). Do ponto de vista formal, o email com fins institucionais é similar a uma carta ou a um memorando (Jonsson, 1997, p. 4). Da carta, herda as fórmulas de abertura e de fechamento; do memorando, herda (i) as semelhanças de forma, automaticamente gerada pelo programa de correio eletrônico (Paiva, 2005, p.85), (ii) a linguagem direta, porém não coloquial, (iii) o uso de subtítulos e listas (Yates e Orlikowski, 1992, p.316) e (iv) a predominância de um ou de poucos tópicos em seu corpo (Marcuschi, 2005, p. 40; Paiva, 2005, p.85). Nos contextos pessoais, o email pode apresentar, também, características que o aproximam do bilhete ou do recado e fazer uso da linguagem coloquial. Em ambos os casos, o email pode ser criado off-line e existir em formato impresso, além de não apresentar garantia de que o seu destinatário o lerá e/ou o responderá imediatamente, pois, apesar de sua transmissão ser instantânea, ele é um gênero assíncrono de comunicação. Nesses aspectos, o email parece possuir características da correspondência postal (Jonsson, 1997, p. 4). Contudo, já na época de sua criação, ele parecia ser algo diferente do que existia até então. Nas palavras de Licklider e Vezza (1978, p.1331),
  • 30. 30 (L)ogo ficou óbvio que o ARPANET estava se tornando um meio de comunicação vantajoso, se comparado ao correio ou ao telefone. Uma das vantagens dos sistemas de mensagem sobre a carta é que podíamos escrever concisamente e com digitação imperfeita, mesmo para um superior ou para alguém que não conhecíamos muito bem, e o destinatário não se sentiria ofendido. A formalidade e perfeição que a maioria das pessoas esperava em uma carta datilografada não eram associadas às mensagens na rede, provavelmente porque a rede era muito mais rápida, muito mais parecida com o telefone. (...) porém com uma vantagem: poderíamos ir direto ao ponto, pulando a “conversa social” que é necessária quando em uma conversa telefônica.3 Assim, a sua grande popularidade ao longo dos últimos 30 anos sugere que o email veio para atender às necessidades comunicativas da nova era (Herring, 2004, p. 31) tais como a constante demanda por formas de comunicação e de interação a distância mais rápidas e melhores (Yates e Orlikowski, 1992, p. 299), tendo, portanto, suas características próprias. São elas: (i) a possibilidade de seu encaminhamento para outros usuários, com ou sem alterações, pois o email é um texto facilmente editável, (ii) o uso de citações copiadas e coladas do próprio email recebido, o que facilita a organização do texto da resposta, e (iii) a possibilidade de organização de uma sequência dialógica na qual, por meio da função responder, as mensagens vão se moldando como turnos em uma conversa, pois a mensagem que chega é input para a resposta que se segue, e assim por diante, até que o assunto seja dado por encerrado. Essas características fazem com que o email seja um gênero que se diferencia da correspondência tradicional e da conversa face a face ou ao telefone (Jonsson, 1997, p.4). Em termos lingüísticos, os emails tendem a ser menos formais do que outros gêneros escritos, o que se deve, em parte, aos propósitos comunicativos para os quais ele é geralmente utilizado (Marcuschi, 2005, p.41; Yates e Orlikowski, 1992, p.317; Herring, 2003, p.5-6). Sobre essa característica, alguns estudos iniciais como os de Baron (1984, p. 131) atestavam que os participantes usavam menos orações subordinadas e um vocabulário mais restrito e que, como resultado da comunicação por computador, as funções expressivas da língua poderiam ser diminuídas a longo prazo. Porém, os emails produzidos por cientistas interagindo em grupos pelo ARPANET apresentavam mensagens em conformidade com o padrão da escrita culta, ou seja, continham subordinação, uso 3 Esta e as demais traduções são de minha autoria.
  • 31. 31 da voz passiva e um grande volume de sintagmas nominais. Portanto, percebe-se que a relativa abertura do email como uma nova forma de comunicação que ainda não foi colonizada por normas prescritivas rígidas permite um uso flexível da linguagem, que será adequada ao contexto para o qual o email esta sendo produzido. Isto porque, nas palavras de Danet (1997, p.6), (T)razemos conhecimento implícito de muitos gêneros para a experiência de compor emails, incluindo os gêneros escritos como a carta comercial, a carta pessoal, o memorando, o telegrama, o cartão-postal, bem com os gêneros orais como a conversa face a face e ao telefone. Não obstante, nenhum deles pode nos guiar completamente enquanto nos adaptamos ao novo meio. A título de exemplificação, cito algumas práticas já observadas, porém ainda não homogêneas. Murray (2000, p.402) diz que o uso de saudação e de assinatura é opcional no email, pois o próprio meio eletrônico identifica o remetente e o destinatário. Assim, apontar explicitamente esses elementos parece ser uma escolha do comunicante e não uma convenção do gênero. Além disso, Gains (19994 apud Murray, 2000, p. 400), ao examinar 116 emails escritos no Reino Unido (62 trocados em uma grande companhia de seguros e 54 entre universidades), identificou o uso padrão de inglês comercial no primeiro contexto (estilo semi-informal, não incorporação de traços da oralidade, tendência a não incluir saudações e poucas características de um registro simplificado) enquanto que, no meio acadêmico, havia características conversacionais, incluindo um número variado de estilos e o uso de algum tipo de saudação. Marcuschi (2005, p. 40-41) também acrescenta que, em geral, os textos são curtos e não é usual fazer paragrafação, porém os formatos são livres, excetuando-se a parte pré-formatada pela própria ferramenta (endereço do remetente, data e hora do envio). Além disso, o uso de emoticons e ortografia não- convencional para representar textualmente informações auditivas tais como a prosódia, o riso e comportamentos não-verbais demonstram a habilidade de adaptação dos usuários ao meio, buscando tirar dele melhor proveito para suprir as suas necessidades de expressão (Herring, 2003, p.5). 4 GAINS, J. Electronic mail- a new style of communication or just a new medium? An investigation into the textual features of e-mail. English for Specific Purposes, 18, p. 81-101, 1999.
  • 32. 32 No caso da presente tese, destaco que esses comportamentos instáveis quanto ao uso das convenções do gênero carta, a presença de traços da oralidade e o uso de ortografia não-convencional também foram observados no corpus, como discutiremos oportunamente. 2.2.2. Sistemas de conferência em grupo Os sistemas de conferência em grupo surgiram a partir do email, possibilitando que se enviasse uma mesma mensagem para muitas pessoas. Com essa funcionalidade, a CMC habilitava os usuários a participarem, ao mesmo tempo, de discussões em tópicos variados, com assistência automática e pouco esforço, obtendo informações atualizadas e avalizadas por seus pares (Stewart, 2000). Assim, o seu maior diferencial com relação ao email é a finalidade para a qual se destinam. Ou seja, gerenciar listas com muitos associados, provendo formas efetivas de enviar e arquivar mensagens aos inscritos (Santoro, 1995). Um exemplo é o programa LISTSERV, desenvolvido em 1986, que envia a contribuição individual do membro para toda a lista de distribuição (Willis, 1995). Outro exemplo é o Usenet, sistema de quadro de aviso, ou bulletin board system (BBS), no qual os usuários deixam mensagens eletrônicas em seções do tipo anúncios, empregos, etc. Estes tendem a ter uma circulação ampla e irrestrita (Freire, 1994). Ambos os sistemas caracterizam um tipo de comunicação chamado de um-para-muitos. Por fim, temos os sistemas de gerenciamento de conferência, ou fóruns de discussão, que são um tipo de comunicação chamado de muitos- para-muitos, o que significa que qualquer membro do grupo pode iniciar a interação com alguém ou com todos, de modo similar ao que ocorre na interação oral (Warschauer, 1995, p.7). Estes são muito comuns nos cursos on-line uma vez que formam uma threaded discussion. Uma thread é uma série de mensagens interligadas e organizadas por tópico na qual uma mensagem gera respostas que vão ficando aninhadas, umas após as outras (Swan, 2009, p.2110). Sem este sistema, os usuários ficariam perdidos em meio a um mar de mensagens, pois, ao ligar as respostas a sua mensagem de origem, facilita o foco em uma conversa e evita a distração pela leitura não intencional de postagens não relacionadas. No TelEduc, esse tipo de
  • 33. 33 organização é chamado de ordenação em árvore, que se distingue de dois outros tipos apresentados por Paiva (2005, p.89), mas que também estão disponíveis na plataforma. São eles (i) a hierarquia cronológica (da mensagem mais recente para a mais antiga ou vice-versa), a qual dá uma dimensão temporal ao fórum, e a organização por ordem alfabética do autor, a qual facilita quando queremos enfocar as mensagens escritas por um dado participante, por exemplo. Do ponto de vista linguístico, as mensagens nos fóruns de discussão tendem a ser curtas e a terem certa flexibilidade em termos de ortografia e pontuação, podendo haver um exagero quanto ao uso de asteriscos, letras maiúsculas, parênteses e outros recursos da escrita para ditar o tom conversacional da mensagem (Giese, 1998). Outro fator que contribui para a sensação de estarmos conversando, segundo Crystal (2001, p. 141), é a prática de iniciar uma nova mensagem com uma referência explícita a alguma mensagem anterior, geralmente em forma de citação ou paráfrase, por marcadores do discurso tipicamente orais (bem, humm), ou por expressões que indiquem feedback e back- chanelling. Do ponto de vista pragmático, estes mecanismos criam a impressão de pares adjacentes fazendo com que a interação se pareça realmente com uma conversa, e demonstram que os sujeitos reconhecem a sua participação em um grupo. Em termos do gênero, Don (1997), partindo de uma orientação funcionalista, estudou emails em uma lista de discussão acadêmica e concluiu que o modo retórico é o expositivo, geralmente combinado com exemplum, argumento, explicação ou episódio (anecdote) para realizar a Alegação. Segundo ao autor, são realizados os seguintes movimentos: (i) saudar, (ii) nomear o participante cujas palavras serão citadas ou comentadas na mensagem, (iii) citar, (iv) comentar, (v) esclarecer, (vi) explicar, (vii) avaliar, (viii) contar, (ix) discordar, (x) atacar, (xi) ignorar, (xii) orientar (quanto a local, tempo, razão, opinião, sentimento, identidade, conhecimento compartilhado). Com exceção dos movimentos (x) e (xi), os demais também foram observados no corpus desta tese. Porém, o movimento (ii), como veremos no capítulo 6, nem sempre faz referência a apenas um participante. Já um estudo realizado por Herring (1996, p.90-91) em duas listas de discussão públicas sugere que os seus 136 participantes ainda estão buscando um modelo de mensagem. Segundo a autora, esse modelo parece conter três
  • 34. 34 movimentos: (i) uma introdução, (ii) um corpo com conteúdo robusto que (a) o ligue a mensagens anteriores, (b) expresse opiniões e (c) chame a atenção dos outros participantes e (iii) um encerramento. Sobre as estratégias retóricas para desenvolver as mensagens no meio eletrônico. Potter (2004), por exemplo, sugere: (i) antecipação, que ocorre na argumentação quando o escritor antevê objeções por parte do leitor e as neutraliza antes que ocorram, (ii) energia, que é o uso de imagens vivas para conjurar situações e transmitir afeto e (iii) entimema, quando a premissa lógica requerida se origina de um argumento e está implícita. Nos fóruns, portanto, todos os participantes têm a oportunidade de responder, argumentar, acrescentar e oferecer alternativas, gerando a possibilidade de uma conversação multidirecional (Lapadat, 2002). É justamente essa capacidade que tem sido amplamente explorada nos contextos de aprendizagem on-line, conforme se discute a seguir. 2.2.2.1. Os sistemas de conferência em grupo: aspectos pedagógicos Do ponto de vista sócio-cognitivo, podemos ressaltar a relevância do fórum como ferramenta pedagógica, pois, segundo Warschauer (1995, p. 6), pela primeira vez na história, a interação humana pode acontecer por meio de texto que é facilmente transmitido, arquivado, editado e reescrito, diferente do que acontecia com as cartas tradicionais, por exemplo. Como isso, é criada a possibilidade de se congelar um único quadro discursivo e focalizar a atenção do aprendiz nele, o que torna viável o uso das suas próprias interações como base para o seu engajamento epistêmico. Além disso, a divisão histórica entre fala/escrita é superada pelos aspectos interacionais e reflexivos da linguagem convergida para um só meio - o digital. Para Warschauer (1995, p. 6), é justamente esta interseção entre interação e reflexão que é de crucial importância para a educação, daí o grande interesse em se utilizar os sistemas de gerenciamento de conferência, especialmente na EaD. Segundo Lapadat (2002; 2007) e Walther (2007), as vantagens pedagógicas são muitas, pois a assincronia permite ao comunicante gastar quanto tempo desejar, elaborando e reelaborando o seu discurso antes de postá-lo em um fórum. Isso pode resultar na produção de textos mais coerentes e completos, densos em termos de sentido e adaptados para a audiência, se comparados às
  • 35. 35 contribuições que os alunos dão durante uma discussão presencial. As propriedades de editoração (copiar e colar) permitem que os participantes selecionem e utilizem em suas mensagens segmentos que considerem relevantes para a sua argumentação, construindo conhecimento a partir das idéias geradas no fórum ao longo do curso. Em termos de discurso, a conseqüência das possibilidades (affordances) do meio é uma maior coesão semântica ao longo das contribuições e tópicos, criando um potencial para uma elevada coerência discursiva e conceitual (Herring, 2003, p.9) Contudo, conforme já dito no capítulo introdutório desta tese, alguns pesquisadores nos alertam para o fato de que esse procedimento, tido como uma estratégia que leva ao desenvolvimento de uma comunicação interpessoal que promove aprendizagem, não é inerente ao meio, asserção com a qual me alinho. Thomas (2002), por exemplo, ao realizar um estudo com 69 alunos universitários na disciplina Estudos ambientais conclui que a maioria das mensagens trocadas no fórum nunca foi lida e que, portanto, seria melhor descrever as mensagens como dados em potencial para acesso por outros alunos ao invés de contribuições para um diálogo corrente. Esse procedimento promoveria um aprendizado individualizado e não interativo, como se apregoa. Já Victoriano Luiz (2008), ao analisar a linguagem em fóruns de discussão em um curso de leitura instrumental em língua inglesa oferecido pela COGEA e PUC-SP, verificou que os alunos participavam mais enviando mensagens que expressavam suas próprias opiniões do que considerando, refletindo ou comentando as opiniões de outros participantes. Na visão da autora, isso se colocou como um problema porque “feria o objetivo principal da utilização da ferramenta no curso, que era servir como espaço para os alunos discutirem, refletirem e interagirem” (Victoriano Luiz, 2008, p.36-7). Quanto às características apontadas pela autora supracitada, acredito que elas representam, em verdade, um desencontro entre o que tutores e alunos esperam que aconteça no fórum. Os primeiros parecem esperar uma participação baseada explicitamente no que o outro diz, pois esse é um comportamento que revela que houve efetivamente a leitura de outras mensagens e um engajamento direto com outros participantes. Os segundos, como veremos na análise do corpus nesta tese, muitas vezes organizam as suas mensagens de modo a responderem a pergunta/tarefa proposta pelo tutor, não deixando claro se houve algum tipo de
  • 36. 36 consideração sobre o que foi dito pelos outros. Na visão do tutor, isso pode significar que os alunos não estão interagindo ou refletindo a contento, e assim, subutilizando o fórum. Na minha prática como tutora e como aluna, tenho visto fóruns que pouco contribuem para a aprendizagem e outros em que as mensagens são estimulantes, ambas as situações em cursos on-line com propostas sociointeracionistas. Portanto, acredito que o papel do tutor, tanto para modelar o tipo de comportamento linguístico esperado dos alunos quanto para mediar as interações, seja de suma importância para a exploração do potencial do fórum de discussão para a co-construção do conhecimento. Porém, um bom desempenho do tutor não é garantia de que o fórum se tornará produtivo uma vez que, como na sala de aula presencial, o sucesso do evento pedagógico depende também da participação do aluno. Essa observação nos leva aos aspectos psicológicos que entram em cena na aprendizagem on-line, discutidos a seguir. 2.2.2.2. Sistemas de conferência em grupo: aspectos psicológicos Do ponto de vista psicológico, a CMC oferece uma distância confortável entre escritor e leitor para que o primeiro seja ele mesmo, ou, se assim desejar e a situação permitir, assuma outros traços de personalidade. Isto porque as pistas sociais do contexto que poderiam reforçar uma participação acadêmica desigual (raça, sexo, sotaque, status, limitações físicas) e os aspectos não-verbais da comunicação (hesitação, expressões faciais, linguagem corporal) que poderiam intimidar o comunicante ao lembrá-lo de que o seu discurso está sendo avaliado, podem tanto estar ausentes ou serem diluídas nos fóruns de discussão (Warschauer, 1995, p.7), conforme veremos mais adiante. E é justamente por elas não estarem em jogo que os usuários são levados a voltar toda a sua atenção para a mensagem em si (Walther, 2007). Além disso, diferente do que acontece em situações mais reveladoras tais como uma conversa face a face ou ao telefone, os participantes não ficam sob pressão para agir (Baron, 1998, p.158; Döring, 2002, p.3), ganhando tempo para decidir que características pessoais desejam esconder ou revelar (Walther, 2007).
  • 37. 37 Essas características do meio têm sido apontadas como um fator importante para estimular os alunos mais tímidos e inseguros a colaborarem nos contextos pedagógicos on-line. Por outro lado, não podemos esquecer que são justamente estas pistas não-verbais (olhar, gestos, aparência física, vestimenta, etc.), associadas às pistas verbais, que ajudam os participantes a processar as informações que estão chegando até eles em uma troca comunicativa e a construírem uma imagem, tanto do seu interlocutor quanto do modo pela qual a sua mensagem está sendo recebida. Essa questão merece destaque na EaD uma vez que está associada a dois conceitos centrais para entendermos a construção das relações interpessoais em contextos virtuais: a construção de uma identidade através do texto, ou seja, a representação do eu, e o se fazer presente/fazer o outro presente através do texto, ou seja, a co-presença, assuntos que formam o cerne desta tese. 2.3. A representação do eu e a co-presença mediada Segundo Goffman (1959/2009, p.12), no nosso dia-a-dia vivemos um “jogo” no qual as impressões formadas ao nosso respeito são resultado da nossa habilidade em gerenciar dois tipos de expressividade com respeito à forma pela qual nos apresentamos perante os outros. São elas: (i) a expressão transmitida, ou seja, aquilo que deliberadamente revelamos sobre nós mesmos por meio dos símbolos verbais e (ii) a expressão emitida, ou seja, aquilo que inconscientemente revelamos através do nosso comportamento não-verbal durante a interação. Esta última tem a função de realçar ou validar a comunicação verbal. Como base para essa construção, o indivíduo emprega um equipamento expressivo, de tipo padronizado, intencional, ou inconsciente, ao qual se dá o nome de fachada (Goffman, 1959/2009, p.29). Quando há conflito, ou seja, a expressão transmitida falha em apoiar a expressão emitida, a apresentação é questionada pelos interlocutores e o indivíduo fica exposto. Esse processo, conhecido como representação do eu (presentation of self), no qual o termo representação se refere a toda atividade de um indivíduo que se passa na presença contínua de um grupo particular de observadores e que tem sobre esses alguma influência (Goffman, 1959/2009, p. 29), tem servido de base
  • 38. 38 para muitos estudos sobre a CMC no campo da psicologia (Miller, 1995; Rogers e Lea, 2005), das Ciências Sociais (Döring, 2002) e da Comunicação (Shapiro e Shapiro, 1997; Turkle, 1997). Esses estudos têm em comum a busca pelo entendimento de como os sujeitos manipulam, reinventam ou revelam aspectos de sua identidade para criar o seu eu virtual nos mais diferentes ambientes da rede (Papacharissi, 2002, p.644). Assim, parte-se do princípio de que, quando o indivíduo assume um papel que é novo para ele, mas que também não está estabelecido na sociedade, “provavelmente ele descobrirá a existência de várias fachadas bem estabelecidas entre as quais tem de escolher” (Goffman 1959/2009, p.34). No meu entender, essa situação pode se aplicar aos novatos na EaD on- line, que provavelmente irão buscar nas suas experiências como alunos/professores em contextos tradicionais um modelo de representação que os auxilie a se construírem como alunos/tutores virtuais. Porém, a dinâmica da sala de aula virtual tem as suas peculiaridades devido às affordances do meio eletrônico, no qual as expressões emitidas são mínimas, ou cuidadosamente controladas. Sobre este aspecto, Gunawardena (1995, p.165) afirma que os instrutores que estejam acostumados a dar feedback se pautando em pistas não verbais como um sorriso, um acenar de cabeça ou um gesto com as mãos se sentirão perdidos ao ensinar on-line. Nesse caso, será preciso se adaptar as mídias desenvolvendo habilidades interacionais que criem um senso de presença social. Portanto, a habilidade do indivíduo em manipular a tecnologia e a linguagem em seu favor influenciará diretamente na criação de condições ideais para o autor realizar a sua representação perante a equipe com sucesso (Papacharissi, 2002, p.644). Além desse construto, encontramos na literatura sobre CMC a expansão de outro conceito originalmente proposto por Goffman (1963, p.17): o de co- presença, o qual descreve as condições de interação em contextos face a face. Segundo o autor, em situações dessa natureza, “as pessoas devem sentir que estão próximas o suficiente para serem percebidas no que quer que estejam fazendo, incluindo a sua vivência de sentir outro, e perto o suficiente para que o outro perceba que se está fazendo isso” (Goffman, 1963, p.17).
  • 39. 39 Essa sensação de não se estar sozinho se dá a partir dos canais sensoriais do usuário, os quais possibilitam “a percepção e a consciência das pistas sociais e dos sentimentos, do sentido, ou da crença de que o interlocutor está realmente presente” (Goffman, 1963, p.17). Portanto, a co-presença implica a existência de um nível de consciência mútua, o qual coloca os participantes em uma mesma situação e lhes dá acesso a um contexto compartilhado (Rettie, 2005, p.2). Contudo, a sensação de estar com outros é, também, um fenômeno psicológico, pois um indivíduo pode ser levado a sentir que está interagindo com outras pessoas, apresar de estar fisicamente sozinho, como acontece quando este utiliza uma ferramentas de comunicação assíncrona, como o fórum de discussão, por exemplo. Assim é que o conceito de co-presença, como proposto por Goffman, tem sido aplicado à co-presença mediada (Rettie, 2005, p.3; Biocca, Harms, and Gregg, 2001) para estudá-la a partir de duas visões. A primeira a entende como um modo de estar com outros, ou seja, uma forma de colocação humana na qual os indivíduos se tornam “acessíveis, disponíveis e sujeitos uns aos outros” (Goffman, 1963, p.22). A segunda a entende como um sentimento de estar junto com outros indivíduos, ou seja, uma experiência subjetiva de não se estar só (Zhao, 2003, p.451). Ressalto, porém, que ambas as visões são complementares e podem ser investigadas a partir da linguagem e da paralinguagem usada pelos sujeitos envolvidos na interação. Sobre esse assunto, destaco que tanto no estabelecimento da co-presença quando na representação do eu, é importante o uso dos sinais tácitos que, nas conversas no “mundo real”, substituem as palavras como feedback na comunicação (Feenberg, 1989, p.24). Estes contemplam o conceito de proximidade, proposto por Mehrabian (1969) e que diz respeito aos comportamentos verbais e não-verbais que reduzem a distância física ou psicológica entre os indivíduos e favorecem sentimentos de afiliação, tais como tocar o outro, se inclinar para diminuir a proximidade física, sinalizar “sim” ou “não” com a cabeça, gesticular, mudar a expressão facial ou o tom da voz, entre outros. O resultado é um aumento da estimulação sensorial levando a interações mais intensas, mais afetivas e mais imediatas. Este conceito foi posteriormente adaptado por Short, William e Christie (1976) para determinar a eficiência dos canais da mídia da época para a
  • 40. 40 comunicação social, originando a Teoria da presença social, que talvez seja o construto mais popular como ponto de partida para entender como as pessoas interagem socialmente em ambientes virtuais (Lowenthal, 2010, 3-4; Biocca, Burgoon, Harms, Stoner, 2001, p.10). Sua importância jaz, portanto, no fato de várias outras teorias terem sido desenvolvidas a partir de aproximações ou distanciamentos da proposta inicial, e, como resultado, terem expandido o conhecimento que temos sobre como geramos modelos mentais dos “outros virtuais” na CMC (Biocca, Burgoon, Harms, Stoner, 2001, p.3). Para esta tese, associar os conceitos de Goffman (1959/2009; 1963) sobre as representações do eu e a co-presença às discussões sobre a presença social mediada é importante para compreendermos como se dá a interação e a construção de relações sociais no ambiente ora estudado e, assim, tentar delinear o papel das escolhas linguísticas para viabilizar a presença social no ambiente on- line. 2.3.1. A presença social como conceito teórico A presença social, tema central desta tese, tem um papel histórico especial na EaD por ter sido o foco inicial dos estudos sobre a aprendizagem on-line. Na época, a questão era se uma comunidade de aprendizes poderia ser estabelecida sem as pistas que acompanham a comunicação face a face (Garrison et al., 2010, p.32). Com o passar do tempo, as pesquisas sobre a CMC foram se distanciando das análises inicias, as quais a entendiam como resultado de um conjunto de características fixas das novas mídias, surgidas a partir da década de 60, para se aproximarem de abordagens que levassem em conta o papel do contexto social para a CMC (Lamerichs e Te Molder, 2003, p 452). Partindo dessa asserção, analisemos alguns estudos que influenciaram a forma pela qual a presença social foi entendida, primeiramente nos contextos institucionais e posteriormente nos domínios da EaD, até chegarmos ao momento presente.
  • 41. 41 2.3.2. Origens da presença social mediada A Teoria da presença social, desenvolvida por Short et al. (1976) parece ser a referência mais citada e a medida mais usada nos estudos sobre a presença na CMC, conforme veremos mais adiante. Porém, ressalto que ela não faz referência direta aos meios de comunicação via computador. Ela foi financiada por empresas inglesas como a General Electric, o Departamento de transportes e os Correios com o objetivo de estabelecer uma medida das atitudes dos consumidores sobre os meios de comunicação e o seu uso para a negociação, a persuasão e a organização da comunicação comercial (Biocca et al. 2001, p.12). Como na época a CMC ainda não era bastante difundida, acredito que este tenha sido o motivo pela qual ela não foi estuda pelo grupo de Short. A Teoria da presença social se refere à capacidade de um meio de comunicação de transmitir diferentes graus de informação sobre elementos não- verbais em uma troca comunicativa. Desse modo, procurava-se explicar os efeitos que uma mídia tem sobre o modo pelo qual as pessoas se comunicam (Rourke et al. 1999; Lowenthal, 2009, p.1900; Lamerichs e Te Molder, 2003, p. 453; Rogers e Lea, 2005, p.151). Para tanto, a presença social, definida por Short et al. (1976, p. 65) como “a saliência do outro em uma comunicação mediada e a consequente saliência de suas interações interpessoais”, era medida em laboratório usando a Técnica de diferencial semântico. Nesses experimentos, pedia-se que os sujeitos se submetessem a uma interação por telefone ou vídeo (circuito interno de TV), por exemplo, e a avaliassem por intermédio de um questionário contendo vinte e quatro itens em uma escala bipolar de sete pontos (associal/social; insensível/sensível, fria/calorosa; impessoal/pessoal, entre outros). O grau da presença social era resultado da observação de quais mídias eram evitadas para determinados tipos de interação. Por exemplo, em tarefas envolvendo um alto grau de confronto, a interação por áudio seria preferível em detrimento de outras mídias que possibilitassem maior intimidade. Assim, segundo essa teoria, as mídias com alta presença social conduziriam a uma maior influência social (processo pelo qual atitudes e comportamentos são moldados pelos outros) enquanto que aquelas com baixa presença social corresponderiam a uma influência social menor (Short et al., 1976, p.108).
  • 42. 42 Porém, houve na mesma época um estudo pioneiro por Turoff e Hiltz (1977, p. 60) sobre o uso de fóruns entre grupos de engenheiro. O estudo assinalava que o fato de o comunicante ter de digitar a mensagem e a pobreza da mídia em passar elementos não-verbais colocavam dúvidas sobre a possibilidade de esse sistema vir a ser utilizado para substituir as conferências face a face de modo apropriado. Contudo, nesse mesmo estudo, os autores revelam que à medida que os usuários adquiriam confiança com o sistema e aprendiam que esse modo de comunicação não precisava ser tão rigoroso como a escrita de um trabalho científico para a publicação, suas inibições quanto à escrita ficavam moderadas. Com o crescimento da comunicação on-line no final dos anos 80, cresceu também o interesse na presença social, pois, no caso da EaD, alguns dos fatores que determinam o sucesso da aprendizagem são a interação social e a colaboração no grupo (Kreijns et al., 2007). Assim, estudos similares ao desenvolvido por Short et.al. (1976) começaram a ser aplicados a CMC originando novas teorias (Lowental, 2009, p.1902; Liu, 2002, p. 3). Algumas destas corroboraram as afirmações sobre a inadequação da CMC para a comunicação. O Modelo das Pistas Sociais Reduzidas (Kiesler et al., 1984), por exemplo, ao postular que na CMC há ausência de elementos para definir a natureza do contexto social, avaliou negativamente os efeitos sócio-psicológicos da CMC tomando por base como a computação afetava os esforços do grupo para alcançar um consenso. Já o Modelo de Riqueza da Mídia (Daft e Lengel,1986) estudou o processamento de informações no contexto empresarial e chegou a conclusão de que quando as mensagens eram simples e não ambíguas, um meio enxuto como a CMC seria suficiente para a comunicação eficiente. Porém, quando a informação era ambígua, fática ou emocional, um meio mais rico deveria ser usado. Como resultado, estudos dessa natureza levaram a uma crença inicial de que o meio eletrônico era muito adequado para a transmissão de dados e de informações, mas pobre para usos sociais e afetivos (Herring, 2003, p.9). Apesar da importância histórica de tais estudos para a presença social, acredito que essa visão de CMC como inadequada para usos sociais seja difícil de sustentar na atualidade face ao número crescente de espaços baseados em texto como os blogs, as Wikis e as redes sociais, que têm como proposta a interação, a comunicação e a difusão de conhecimento co-construído. Para embasar meu ponto de vista, recorro ao pensamento de Feenberg (1989, p.22) de que as teorias sobre a
  • 43. 43 interferência da mídia na comunicação e na interação poderiam fazer parecer que, na época, se estava dando “um passo dramático para a impessoalidade”, mas, na prática, os usuários experientes negavam que a CMC obstruísse o contato humano. Isso porque os indivíduos possuem capacidades de letramento compensatórias para projetar a sua personalidade na escrita destinada a tela do computador (Feenberg,1989, p.23), como mostram as características linguísticas do email e dos sistemas de conferência já apresentadas neste capítulo. Além destas, ressalto também que a ausência de pistas não-verbais para o contato interpessoal não implica, necessariamente, falta de pistas sociais per se. Lea e Spears (1992) citam como exemplo as informações textuais no cabeçalho de uma comunicação e que podem nos fornecer dados sobre o sexo, a etnia (pelo nome), organização, afiliação e interesse do comunicante. Hering (2003, p. 9-11), por sua vez, também aponta várias pistas sociais que são emitidas por nós nos fóruns de discussão tais como: (i) o nível de escolaridade, que pode ser deduzido pela sofisticação do uso da linguagem, inclusive pela aderência às normas prescritivas; (ii) a faixa etária, que pode ser revelada pelas preocupações e pelas experiências de vida comunicadas no conteúdo das mensagens, e (iii) o sexo do comunicante, revelado não só pelo nome, mas pelas escolhas linguísticas, pela aderência as normas estereotipadas de gênero e visão cultural, o tamanho da mensagem, e o grau de assertividade, polidez ou agressividade. Além disso, a comunidade discursiva também compartilha propósitos comunicativos e esse ponto em comum pode formar a base para uma identidade social compartilhada. Assim, Rogers e Lea (2005, p.123) concluem que a saliência é, até certo ponto, independente das pistas interpessoais que estão ausentes nos ambientes mediados por computador, o que possibilita a criação de um sentimento de pertencer ao grupo, mesmo havendo poucos canais sensoriais disponíveis. Por conseguinte, é possível afirmar que os detalhes pessoais emitidos através do estilo da escrita, as alusões aplicadas e as inferências sobre o que não é partilhado explicitamente contribuem para a construção da representação do eu dos participantes (Rutter e Smith, 1999, p.11).
  • 44. 44 Outro ponto que sustenta uma visão social da CMC tem a ver com a sua constante evolução, alavancada principalmente pela Internet nos anos 90. Com as novas possibilidades na área de tecnologia da comunicação e informação (TICs), muitos pesquisadores começaram a entender a necessidade de um maior distanciamento das dicotomias fala x escrita e comunicação face a face x comunicação mediada, as quais guiaram os trabalhos iniciais sobre a presença social, em prol de uma compreensão de que “a tecnologia cria um novo meio e não somente reorganiza a oralidade e o letramento” (Howard, 19975, p.2 apud Murray, 2000, p. 398). Sendo assim, prefiro me alinhar com as pesquisas que entendem a CMC como caracterizando uma justaposição histórica do formato texto com as pressões interativas e de tempo real da comunicação (Ferrara, Brunner e Whittemore, 1991, p.8). Assim, as práticas discursivas ligadas a CMC já iniciaram um período de mudanças sociais e materiais que estão alterando a própria característica dos textos e das interações entre aqueles que deles fazem uso (Geisler et al., 2001, p. 269), vide o surgimento de novas terminologias para se referir a linguagem digital como Discurso escrito interativo (Ferrara, Brunner e Whittemore, 1991, p.8), Networked texts (Howard, 1997, p.2 apud Murray, 2000, p. 398), Netskpeak (Crystal, 2001, p. 17-18) e ITextos (Geisler et al., 2001, p. 269). Essa forma de entender a CMC como social também encontrou lastro nas pesquisas em EaD que, a partir da observação de contextos pedagógicos reais de uso, questionaram as afirmações de que os atributos do meio determinavam a presença social. Assim, por meio de pesquisas usando não só questionários para coletar a opinião dos alunos sobre o uso da CMC para o ensino e aprendizagem, mas também pela análise do discurso nas ferramentas de CMC foi possível identificar aspectos tais como piadas, expressões de sentimento, uso de apresentações pessoais, de saudações e de fechamentos (Angeli, Bonk e Hara, 1998) bem como expressões de solidariedade e de abertura do sujeito para a interação (MacDonald e Gibson, 1998). Com respeito às apresentações sociais, muito incentivadas nos sites de relacionamento e nos cursos on-line por meio do preenchimento de perfis, Cutler (1995, p.17) explica que quanto mais informações pessoais estiverem disponíveis para o grupo, maior será a chance de se estabelecer 5 Howard, T. A Rhetoric of electronic communities. Greenwich, CT: Ablex, 1997.
  • 45. 45 a confiança, de se buscar o grupo como suporte e de encontrar satisfação na experiência on-line. Por conseguinte, diferente de Short et al. (1976), que realizaram experimentos de laboratório de curta duração com grupos construídos artificialmente para esse fim, as pesquisas de cunho pedagógico concluíram que a percepção do usuário sobre o evento comunicativo, bem como os seus comportamentos para suprir as pistas filtradas importavam tanto quanto, ou até mais, que a capacidade do meio em transmitir pistas sociais de contexto (Lowenthal, 2010). Assim, surgiram novas definições de presença social, atreladas aos contextos pedagógicos on-line e com similaridades entre si, conforme será apresentado a seguir. 2.3.3. A presença social em contextos educacionais on-line As leituras feitas para esta tese sobre presença social no contexto pedagógico on-line são unânimes em afirmar que os estudos mais influentes para o desenvolvimento do assunto em tela foram realizados por Gunawardena (1995), Gunawardena e Zittle (1997), Tu (2002) e Rourke et al. (1999). Nos três primeiros, os pesquisadores investigaram a presença social examinando as atitudes dos alunos, a partir da Teoria de presença social proposta por Short et al. (1976). Já no último, os pesquisadores partiram da observação do comportamento dos alunos nos fóruns de discussão. Estes estudos são apresentados e discutidos na sequência desta seção. 2.3.3.1. A presença social segundo Gunawardena (1995) Gunawardena (1995) apresenta os resultados de uma pesquisa em andamento na época e que buscava medir a reação de alunos sobre uma variedade de sentimentos associados a CMC. Usando como construto a proximidade na presença social (Short, Williams e Christie, 1976), a autora elaborou um questionário com os quatro itens originais da Escala bipolar de diferencial semântico de Short et al. (1976), acrescida de mais treze itens, conforme o quadro 2.1.
  • 46. 46 Quadro 2.1- Indicadores de presença social. INDICADORES DE PRESENÇA SOCIAL(Gunawardena, 1995) • Fácil/difícil. • Estimulante/ desestimulante. • Eficiente/ineficiente. • Pessoal/impessoal. • Sensível/insensível. • Calorosa/fria. • Colorida/ sem cor. • Interativa/não-interativa. • Ativa /passiva. • Interessante/chata. • Confiável /não-confiável. • Atraente /não atraente. • Sociável /não sociável. • Imediata/não imediata. • Humanizadora /desumanizadora. • Não ameaçadora / ameaçadora. • Que ajuda / que atrapalha. Nesse instrumento, os sujeitos deveriam indicar, por meio de uma escala Likert de cinco pontos, o seu sentimento sobre a CMC após participarem em uma lista de discussão chamada de GlobalEd. Nessa lista, pós-graduandos discutiam assuntos relacionados à EaD, se engajavam em aprendizagem colaborativa e experimentavam um meio que estava sendo cada vez mais usado para fins educacionais (Gunawardena, 1995, p.149). No artigo, dois estudos sobre a percepção dos usuários do GlobalEd foram discutidos. O primeiro foi realizado em quatro universidades, sendo que duas integraram o uso da lista nos seus cursos presenciais sobre EaD e duas a usaram nos cursos a distância. O segundo foi realizado em dois momentos na Universidade do Novo México. Neste, o primeiro grupo de alunos interagiu com participantes em três outras instituições americanas e uma na Turquia, e o segundo grupo interagiu com seis outras instituições americanas e uma na Austrália. No total, foram aplicados 160 questionários. A análise dos Indicadores de presença social revelou dados similares no que concerne a ausência de qualquer avaliação negativa e a presença de pontuação alta nos itens “interativa”, “ativa”, “sociável”, “interessante” e “estimulante” (p.162). Esses dados levaram a autora a concluir que, da perspectiva dos efeitos do meio, há presença social, definida por ela como o “grau pelo qual as pessoas são percebidas como reais na CMC” (Gunawardena, 1995, p.151), mas que este resultado talvez não fosse replicável em outros contextos. Isso porque as listas de discussão foram organizadas de modo que os alunos passassem a primeira semana do curso se apresentando e falando de seus interesses profissionais e pessoais, e a
  • 47. 47 segunda e terceira discutindo aspectos do curso, o que ajudou a criar uma identidade para o grupo e uma coesão social. Assim, apesar de a CMC ser descrita em outras teorias como um meio que é baixo em pistas não verbais e pistas de contexto, o estudo de Gunawardena (1995) afirmou que os participantes criaram a presença social projetando as suas identidades e construindo uma comunidade on- line. Não obstante, essa conclusão não parece ter lastro na análise dos Indicadores de presença social em si, que, no meu entender, apenas avaliaram subjetivamente a experiência como mais positiva ou mais negativa, mas nada dizem sobre o “grau pelo qual as pessoas são percebidas como reais na CMC”. Evidências para se chegar à conclusão relatada no parágrafo anterior estão em um estudo anterior (Gunawardena, 1994), citado no artigo pela própria autora, e são baseadas apenas na observação das mensagens e nos relatos desses mesmos alunos sobre essas mesmas experiências. Como ela não explica de que modo as mensagens foram analisadas nem o que se buscou nelas, no meu entender, um estudo pautado apenas na escala de diferencial semântico e na opinião dos alunos seria insuficiente para se chegar a uma definição de presença social como proposta pela autora. Outra ressalva diz respeito ao próprio instrumento utilizado. Para Tu e Yen (2006, p.88) não ficou claro como a autora teria chegado a esses indicadores e nem se o instrumento teria medido o comportamento social ou a reação do usuário quanto à mídia em análise, opinião da qual também partilho. A esses pontos, acrescento que os próprios Indicadores de presença social são itens subjetivos, pois o uso de adjetivos como atraente, interessante, não ameaçador ou fácil para avaliar a experiência careceriam de uma definição mais precisa e contextualizada para minimizar o risco de serem interpretados de formas distintas. Por exemplo, o que é fácil? Digitar as mensagens? Ter acesso ao fórum? Elaborar o conteúdo das mensagens? Entender o que está sendo discutido? Ler as mensagens? Outro ponto é a necessidade de determinar parâmetros concretos para dizer que alguém “projetou a sua identidade” e “criou presença social” nos fóruns, pois estes não estão explícitos nem no estudo de 1994 e nem no de 1995. Por fim, como dito anteriormente, nem sempre a obediência às recomendações apontadas em Gunawardena (1995) e muito difundidas hoje em dia como, por exemplo, começar o fórum com apresentações pessoais e trocas