Machado de Assis deixa o leitor na dúvida sobre se Capitu traiu ou não Bentinho em seu romance Dom Casmurro. Ao longo da narrativa, Bentinho apresenta evidências tanto da culpa quanto da inocência de Capitu em relação ao suposto triângulo amoroso com o amigo Escobar. Machado de Assis influencia o leitor ora a culpar, ora inocentar Capitu de forma habilidosa, fazendo com que a questão central do livro permaneça em aberto e subjetiva à interpretação de cada leitor.
3. Realismo
O período realista marca a consolidação de uma
mentalidade burguesa na Europa, época marcada também por
amplos movimentos sociais que não aceitavam essa hegemonia
social. A predominância desta época é a do DESENVOLVIMENTO
CIENTÍFICO e da INDUSTRIALIZAÇÃO, refletindo as profundas
transformações econômicas, políticas, sociais e culturais do
período.
A literatura deste período é marcada pela busca da
OBJETIVIDADE, CRENÇA NA RAZÃO e PREOCUPAÇÕES SOCIOPOLÍTICAS. Descobrindo o cotidiano, os escritores realistas
apresentam seus heróis (ou anti-heróis) como homens comuns,
com problemas comuns, semelhantes aos vividos pelo público
leitor deste novo período histórico.
4. A OBRA
Publicado pela primeira vez
em 1899, Dom Casmurro é uma
das grandes obras de Machado
de Assis;
Esse romance causa intricadas
e acirradas polêmicas há cerca de
um século;
Dentre as obras do autor, é a
considerada mais feliz, mais
enigmática, mais rica;
Confirma o olhar certeiro e
crítico que o autor estendia
sobre a sociedade brasileira;
6. Personagens Principais
Bentinho – Bento Santiago, o
narrador-personagem que conta
suas memórias; membro da elite
carioca do século XIX;
Capitu – Capitolina, grande
amor de Bentinho, personagem de
origem pobre, mas independente
e avançada;
Escobar – melhor amigo de
bentinho, a quem conheceu
quando estudaram juntos no
seminário.
7. SINOPSE
Dom Casmurro é um romance narrado em primeira pessoa por Bentinho que
conta sua própria história, a partir de um flashback da velhice para a adolescência.
Apelidado ‘Dom Casmurro’ por viver recluso e solitário, conta fatos de sua infância na
casa da mãe, D. Glória, e também passagens de sua vida adulta ao lado de Capitu, que
suspeitava ser adúltera. Órfão de pai, cresceu num ambiente familiar muito carinhoso,
recebendo todo o cuidado de tia Justina, tio Cosme, José Dias, empregado da família, e
da mãe, D. Glória, que o destinara a vida sacerdotal. Entretanto, Bentinho não quer ser
Padre – namora a vizinha Capitu, e quer se casar com ela. D. Glória presa a uma
promessa que fizera, aceita a idéia inteligente de Escobar, colega de Bentinho da época
de seminário, a enviar um substituto ao seminário para ser ordenado no lugar de
Bentinho. Livre do sacerdócio, o moço se forma em direito e acaba se casando mesmo
com Capitu. A vida segue seu curso. Nasce-lhe um filho, Ezequiel. Escobar morre e,
durante
o seu enterro, Bentinho começa achar Capitu estranha: surpreende-a
contemplando o cadáver de uma forma que ele interpreta como apaixonada. A partir
do episódio, Bentinho se consome em ciúmes e tem uma crise no casamento . Ezequiel
se torna cada vez mais parecido com Escobar, que precipita em Bentinho a certeza
de que ele não é seu filho. Em consequência disso, o casal se separa. Capitu e Ezequiel
vão para a Europa. Algum tempo depois ela morre. Já moço, Ezequiel volta ao Brasil
para visitar o pai, que constata a semelhança entre o filho e o antigo colega de
seminário. Ezequiel morre no estrangeiro . Bentinho, cada vez mais fechado em sua
dúvida, ganha o apelido de “Dom Casmurro” e se põe a escrever o livro de sua vida.
8. CARACTERÍSTICAS DO
AUTOR ENCONTRADAS
NA OBRA
A ironia
“Foi dos últimos que usaram presilhas
No Rio de Janeiro, e talvez neste mundo.” (cap. V p, 11)
“Raramente a besta deixava de mostrar
por um gesto que acabava de receber
o mundo” (cap. VI, p, 15)
9. Valores Sociais
“(...) Sua Majestade pedindo, mamãe cede”
(cap, XXIX.)
“(...) bem, uma vez que não
perdeu a idéia de o fazer padre,
tem-se ganho o principal.
Bentinho há de satisfazer os
desejos de sua mãe. E depois a
igreja brasileira tem altos
destinos. Não esqueçamos que
um Bispo presidiu a Constituinte,
e que o Padre Feijó governou o
Império”... (cap. III)
10. Dúvida/Metáfora
“Escobar morre e, durante o seu enterro,
Bentinho começa a achar Capitu
estranha: surpreende-a contemplando o
cadáver de uma forma que ele
interpreta como apaixonada” (cap
CXXII.)
“(...) A confusão era geral. No
meio dela, Capitu olhou alguns
instantes para o cadáver tão
apaixonadamente fixa, que não
admira lhe saltassem algumas
lágrimas poucas e caladas”
(cap.CXXIII).
11. Materialismo
“Escobar observou que, pelo lado
econômico, a questão era fácil; minha mãe
gastaria o mesmo que comigo, e um órfão
não precisaria grandes comodidades. Citou
a soma dos aluguéis das casas, 1:070$000,
além dos escravos” (cap. XCVI).
12. Fraqueza de Personagens
“(...) De caminho, pediu-me que, se
acaso fosse a Roma, jurasse que no
fim de seis meses estaria de volta.
-Juro.
-Por Deus?
-Por Deus (...)” (cap. XCVI)
“(...) Sua mãe fez promessa a
Deus de lhe dar um sacerdote,
não é? Pois bem, dê-lhe um
sacerdote que não seja você. Ela
pode muito bem tomar a si
algum mocinho órfão, fazê-lo
ordenar à sua custa, está dado
um padre ao altar, sem que
você...” (cap, XCVI.)
13. Indução ao Leitor
“(...)Ezequiel se torna cada vez
mais parecido com Escobar “(...)
“Já moço, Ezequiel volta ao Brasil
para visitar o pai, que constata a
semelhança entre o filho e o amigo
de seminário” (cap. CXLV)
14. “Muitos
homens
choravam
também, as mulheres todas. Só
Capitu amparando a viúva,
parecia vencer-se a si mesma.”
(cap, CXXIII).
“(...) No meio dela Capitu olhou
alguns instantes para o cadáver
tão fixa, tão apaixonadamente
fixa, que não admira lhe
saltassem
algumas
lágrimas
poucas e caladas...” (cap. CXXIII).
15. “As minhas cessaram logo. Fiquei a ver as dela; Capitu
enxugou-as depressa, olhando a furto para a gente que
estava na sala. Redobrou as carícias para a amiga, e quis
levá-la; mas o cadáver parece que a retinha também.
Momento houve que os olhos de Capitu fitaram os do
defunto quais os da viúva, sem o pranto nem palavras desta,
mas grandes e abertos como a vaga do mar lá fora, como se
quisesse tragar também o nadador da manhã” (cap. CXXIII).
17. Não! Eu acho
que apesar do
amor que tinha
por
Capitu,
Bentinho tinha
uma
visão
preconceituosa
da
amada
devido a sua
condição social,
mais baixa que
a dele.
18. Para mim, Capitu nunca traiu
Bentinho. Tudo não passou de
paranóia de sua cabeça.
Bentinho sempre se mostrou
um ser fraco e manipulável,
incapaz de conduzir sua vida
sozinho. Por isso não teve
estrutura psicológica para
assumir uma família e daí
pirou.
19. Apesar do ciúme que era
explícito em Bentinho, acredito
que Capitu o traiu, percebi isso
juntando os comentários de José
Dias sobre o comportamento
dela e também pelo jeito
dissimulado que a acompanhava
desde a infância.
20. Acho que sim, porque no inicio do
casamento eles sempre tentavam um
filho e nunca conseguiam. Teve uma
vez que o Bentinho queria ir ao teatro
e ela disse que estava passando mal.
Ele decidiu voltar mais cedo para casa
e encontra o amigo Escobar a sós com
a esposa. Outra, o filhinho Ezequiel era
a cara do Escobar, no livro conta que
mais tarde quando Bentinho e
Ezequiel se encontraram o rapaz era a
cara do Escobar até o mesmo jeito ele
tinha. Beleza?
21. CONCLUSÃO
Machado de Assis conseguiu, com
maestria, por meio do narrador-personagem
Bentinho, deixar a cargo do leitor o julgamento
sobre ter havido ou não a traição de Capitu com
seu amigo de seminário, Escobar, tema central da
obra Dom Casmurro.
Durante a narrativa, ele apresenta provas
e, em seguida, contraprovas do adultério. Ora ele
influência o leitor a culpar Capitu e, no momento
seguinte, inocentá-la.
Analisando-se
as
tais
provas
e
contraprovas, pode-se opinar a favor ou contra a
existência do adultério, ou ainda, permanecer na
indecifrável dúvida.