A Commedia Dell'arte foi uma forma de teatro popular italiano do século XV que se desenvolveu na França até o século XVIII. Apresentações eram feitas por atores profissionais itinerantes nas ruas usando máscaras e personagens fixos como Arlequim. As peças improvisadas giravam em torno de encontros amorosos com comédia e acrobacias.
3. A commedia dell'arte foi uma forma de teatro popular
improvisado, que começou no séc. XV na Itália e se desenvolveu
posteriormente na França e que se manteve popular até o séc.
XVIII. A “Commedia dell’arte” vem se opor à “Comédia Erudita”,
também sendo chamada de “Commedia All’improviso” e
“Commedia a Soggetto”. Esta forma ainda sobrevive através de
alguns grupos de teatro.
Suas apresentações eram feitas pelas ruas e praças públicas. Ao
chegarem à cidade pediam permissão para se apresentar, em suas
carroças ou em pequenos palcos improvisados. As companhias de
commedia dell’arte eram itinerantes e possuíam uma estrutura de
esquema familiar. Seguiam apenas um roteiro, que se denominava
“canovaccio”, mas possuindo total liberdade de criação; os
personagens eram fixos, sendo que muitos atores viviam
exclusivamente esses papéis até a sua morte.
6. As representações teatrais, levadas a cabo por atores
profissionais, eram feitas nas ruas e nas praças, e fundaram um novo
estilo e uma nova linguagem, caracterizadas pela utilização do cómico.
Ridicularizando militares, prelados, banqueiros, negociantes, nobres e
plebeus, o seu objetivo último era o de entreter um vasto público que lhe
era fiel, provocando o riso através do recurso à música, à dança, a
acrobacias e diálogos pejados de ironia e humor.
As encenações da Commedia dell’arte baseavam-se na criação
coletiva. Os atores apoiavam-se num esquema orientador e
improvisavam os diálogos e a ação, deixando-se levar ao sabor da
inspiração do momento, criando o tão desejado efeito humorístico.
Eventualmente, as soluções para determinadas situações foram sendo
interiorizadas e memorizadas, pelo que os atores se limitavam a
acrescentar pormenores que o acaso suscitava, ornamentados com jogos
acrobáticos.
7. O elevado número de dialetos que se falavam na Itália pós-
renascentista determinou a importância que a mímica assumia neste tipo
de comédia. O seu uso exagerado servia, não só o efeito do riso, mas a
comunicação em si. Comumente uma companhia nada fazia para traduzir
o dialeto em que a peça era representada à medida que fosse atuando
nas inúmeras regiões por que passava. Mesmo no caso das companhias
locais, raras eram as vezes em que os diálogos eram entendidos na sua
totalidade. Daí que atenção se centrasse na mímica e nas acrobacias, a
única forma de se ultrapassar a barreira da ausência de unidade
lingüística.
8. As companhias, formadas por até dez ou doze atores, apresentavam
personagens tipificados. Cada ator desenvolvia e especializava-se numa
personagem fixa, cujas características físicas e habilidades cômicas eram
exploradas até ao limite. Variavam apenas as situações em que as
personagens se encontravam.
O comportamento destas personagens enquadrava-se num padrão:
o amoroso, o velho ingênuo, o soldado, o fanfarrão, o pedante, o criado
astuto. Scaramouche, Briguela, Isabela, Columbina,Polichinelo, Arlequim,
o Capitão Matamoros e Pantaleone são personagens que esta arte
celebrizou e eternizou. Importante na caracterização de cada personagem
era o vestuário, e em especial as máscaras. As máscaras utilizadas
deixavam a parte inferior do rosto descoberto, permitindo uma dicção
perfeita e uma respiração fácil, ao mesmo tempo que proporcionavam o
reconhecimento imediato da personagem pelo público.
9. As peças giravam em torno de encontros e desencontros
amorosos, com um inesperado final feliz. As personagens
representadas inseriam-se em três categorias: a dos enamorados, a
dos velhos e a dos criados (zannis). Estes últimos constituíam os
tipos mais variados e populares. Havia o zanni esperto, que
movimentava as ações e a intriga, e o zanni rude e simplório, que
animava a ação com as suas brincadeiras atrapalhadas. O mais
popular é, sem dúvida, Arlequim, o empregado trapalhão, ágil e
malandro, capaz de colocar o patrão ou a si em situações confusas,
que desencadeavam a comicidade. No quadro de personagens,
merecem ainda destaque Briguela, um empregado correto e fiel,
mas cínico e astuto, e rival de Arlequim, Pantaleone ou Pantaleão,
um velho fidalgo, avarento e eternamente enganado. Papel
relevante era ainda o do Capitano (capitão), um covarde que
contava as suas proezas de amor e em batalhas, mas que acabava
sempre por ser desmentido. Com ele procurava-se satirizar os
soldados espanhóis.
10. As representações tinham lugar em palcos
temporários, na maior parte das vezes nas ruas e praças das
cidades e, ocasionalmente, na corte. A precariedade dos
meios de transporte e vias e as conseqüentes dificuldades de
locomoção, determinavam a simplicidade e minimalismo dos
adereços e cenários. Muitas vezes, estes últimos resumiam-
se a uma enorme tela pintada com a perspectiva de uma rua,
de uma casa ou de um palácio. O ator surge assim como o
elemento mais importante neste tipo de peças. Sem grandes
recursos materiais, eles tornaram-se grandes intérpretes,
levando a teatralidade ao seu expoente mais elevado.
Trecho de “As artimanhas de Scapino” da Cia. Atores de Laura
https://www.youtube.com/watch?v=C4N-PNntIIM