O documento apresenta três solos poéticos: Desrealização de Denise Curtouké, Sabiá com Trevas, Folhas Vermelhas de Marco Xavier e biografias dos artistas.
3. Sabiá com Trevas (a um Pierrô de Picasso)
Pierrô é desfigura errante, andarejo de arrebol. Vivendo do que desiste, se expressa melhor em inseto. Pierrô tem um rosto de água que se aclara com a máscara. Sua descor aparece como um rosto de vidro na água. Pierrô tem sua vareja íntima: é viciado em raiz de parede. Sua postura tem anos de amorfo e deserto Pierrô tem o seu lado esquerdo atrelado aos escombros. E o outro lado aos escombros. Solidão tem um rosto de antro.
4. ... é um solo poético,
criado por Denise Courtouké e Alexandre Magno,
uma miniatura poética que germinou através
da investigação da poesia de Manoel de Barros, sobretudo, do poema Pierrô. Uma poética do rés
do chão que abriga microcosmos sem
“importância nenhuma” que vivem e
respiram num quintal de infância,
mundinho em miniatura de folhas,
insetos e outros trastes “insignificantes”.
Desrealização é uma reflexão em movimento
sobre o tempo, que ocorre através de traduções simultâneas entre as linguagens da dança,
artes visuais e literatura.
Desrealização...
5. Desrealização investiga as relações entre o literário e o plástico, aumentando as possibilidades do sentido poético para o corpo. No poema Pierrô, emergem referências às obras de Paul Klee, Picasso e Miró, que agem como intertextos e atualizam conceitos, técnicas e elementos de linguagem visual, fazendo surgir novos efeitos de sentido a partir das imagens criadas. O processo de composição pictórica a partir do poema conduz processos corpóreos imaginativos, os quais, através de um extravasamento semântico visual, resultaram em respostas do/no corpo.
A pesquisa que deu origem ao solo foi iniciada em 2011, em São Paulo, com uma residência de três meses de duração que enfocou a obra do poeta Manoel de Barros, envolvendo os artistas Alexandre Magno, Denise Courtouké e o artista convidado Sherwood Chen (USA).
A pesquisa foi contemplada com o “Lugarização 2012”, prêmio da Cia Corpos Nômades (Brasil), e foi levada a público através de ensaios abertos, realizados no Lugar, em 2013, em São Paulo.
6. Ficha Técnica
Criação e concepção
Denise Courtouké
Alexandre Magno
Intérprete
Denise Courtouké
Design de luz
Técnico de som e luz
Alexandre Magno
Direção de arte
Denise Courtouké
Produção
Renata Andrade
Desrealização
Duração
40 minutos
Classificação etária
16 anos
7. Denise Courtouké
Iniciou sua trajetória como atriz com o diretor Ulysses Cruz no espetáculo “Os Velhos Marinheiros” do Grupo Boi Voador, apresentando-se em diversos estados do Brasil e em festivais de teatro brasileiros e europeus.
Foi atriz protagonista dos espetáculos: A Mãe (Núcleo Fábrica São Paulo), projeto contemplado com a Lei de Fomento ao Teatro; Vestir o Pai (direção Ângela Barros), apresentado nos Ceus e nas Satyrianas; participou do espetáculo Rainer Muller, em Repertório (Companhia Nova), nos Sescs Pinheiros, Campinas e Copacabana.
Foi artista criadora do espetáculo de dança “Divino Impulso”, inspirado na obra da escultora Camille Claudel, apresentada no Sesc Vila Mariana e Aliança Francesa, com direção musical de Danilo Tomic.
Fez colaborações com os artistas: Danilo Tomic, Samir Yasbek, André Mehmari , entre outros. Participou do recital “Noite na Repartição” , convidada pelo músico André Mehmari. Coordenou diversos projetos multimídia , nos quais também participou como artista, alguns deles: A Terra Desolada e Camille Claudel , no Sesc Vila Mariana , e mais recentemente “Construindo Mabe com o Corpo”, nas diretorias de ensino do interior do Estado de São Paulo.
Como solista , apresentou-se na Espanha, Alemanha, Inglaterra, Japão. Foi membro da Cia Mai Juku, dirigida pelo coreógrafo japonês Min Tanaka.
Com a Cia Mai Juku atuou: na ópera Joana D‟Arc , no Festival Internacional de Matsumoto, ao lado do maestro Seiji Ozawa, do diretor George Wilson, do iluminador Jean Kallman (do espetáculo Mahabharata do diretor Peter Brook); para a NHK, rede de televisão japonesa em Hamlet Machine e no Festival Artcamp , nos espetáculos Ancient Women e Ancient Greenland. Foi dirigida por Min Tanaka , no solo Let Us break bread together , apresentando-se no Plan B , em Tóquio.
Como educadora do método Estações do Corpo (Body Weather) , atuou em diversas instituições no Brasil, entre elas: Fundação Japão, Sesc, Secretaria da Cultura do Estado de São Paulo, Secretaria Municipal de Cultura de São Paulo etc.
Recentemente, foi contemplada pelo Prêmio Funarte Klauss Viana de Dança 2010 e pelo Proac Novas Produções em Dança 2010 pelo espetáculo Mabe Ma , dirigido pelo coreógrafo Tadashi Endo, participando do Metrópolis da TV Cultura e do projeto “Plataforma da Dança” 2010 , apresentando-se no Sesc e no Teatro Cacilda Becker.
Artista criadora do Bando ao lado do bailarino Alexandre Magno. A partir de 2010 , O Bando realiza o intercâmbio Body Weather: uma série de workshops, performances, encontros teóricos e trocas com cias de São Paulo e apoio da Sala Crisantempo e do Arquivo Mariposa. Inaugura o projeto residência “Manual para coisas desimportantes” sobre a obra do poeta Manoel de Barros em colaboração com o dançarino Sherwood Chen (Body Weather/USA). Em 2012 , O Bando é contemplado com o Lugarização para a continuidade da pesquisa sobre Manoel de Barros. Em 2013 , inicia frutífera parceria com os bailarinos Simone Mello e Marco Xavier e se integra ao projeto Flutuações do butoh em sua décima edição entre Brasil e Peru.
10. Folhas Vermelhas é uma poética do outono no corpo. Como uma árvore, que solta suas folhas secas, é o corpo em desapego, desprendendo-se de suas próprias memórias e de tudo o que não lhe serve mais.
O mito de Osanha é outra fonte de inspiração. Osanha, divindade das folhas, que se espalham com o vento. A beleza exuberante de seus tufos vermelhos é partícula que instaura a criação, desenvolvendo-se num cruzamento entre a dança dos orixás, raízes afro-brasileiras do artista, e sua experiência em butoh, vivida com Takao Kusuno e a Cia. Tamanduá.
Folhas Vermelhas traz no corpo a trajetória de um homem que vai perdendo seu vigor e, como uma folha seca, fica à mercê do vento.
Desde sua estréia, no projeto Arquipélago, no Teatro de Arena, em 2004, São Paulo, o trabalho delineia-se num processo contínuo, inscrito entre butoh e dança afro, desmembrando-se ao longo do tempo em duas frentes de pesquisa artística: Sonhos de Orixá e Folhas Vermelhas.
A vida, o dia-a-dia, a decadência física, as estações do ano, o vento, a desta de santo... Folhas Vermelhas é um corpo que ritualiza a
sua própria passagem por esse tempo.
Folhas Vermelhas
11. FICHA TÉCNICA
Concepção, criação e interpretação
MARCO XAVIER
Figurino
PAULA YNE
Plano de luz
SÉRGIO PUPO
Trilha Sonora
MARCO XAVIER
Fotografia
HIDEKI MATSUKA
Produção
RENATA ANDRADE
Duração
30 MINUTOS
Classificação etária
18 ANOS
12. Folhas Vermelhas
Histórico
Arquipélago Tamanduá Teatro Eugênio Kusnet, Funarte
17 e 18/junho/2004 São Paulo – SP
Tokiogaqui andar-Ohno101+Kusuno SESC Paulista
24 e 25/abril/2008, São Paulo – SP
Virada Cultural SESC Paulista
26/abril/2008, São Paulo – SP
Inst. Cultural Peruano Norte Americano Galeria Miraflores
28/junho/2010, Lima – Peru
Encuentro de Creadores en el Jardin Zen Centro Cultural Peruano Japonés
04/julho/2010, Lima – Peru
Satyrianas 2010 Espaço Cultural Bordô
26/novembro/2010, São Paulo - SP
Fluctuaciones Del Butoh 2012 Inst. Cult. Peruano Norte Americano de Cuzco
11/fevereiro/2012, Cuzco – Peru
13. Marco Xavier
Ator, dançarino e coreógrafo, músico e preparador corporal, pesquisador da cultura afro-brasileira e do butoh. Foi integrante da Cia. Tamanduá de Dança e Teatro desde sua formação em 1995. Participou de festivais internacionais de artes cênicas, como de Havana, Monique, Kyoto e Koshiro, Sapporo/Hokaido. Trabalhou em Quimera, O Anjo Vai Voando, obra concebida por Takao Kusuno. Se apresentou no Projeto Tokyiogaqui – Exposição: Ohno 101+Kusuno, no Sesc Paulista . Participou do espetáculo Totem; dirigido por Emilie Sugai, comtemplado pelo Dança em pauta CCBB Brasília. Em 2005, participou do Espetáculo Sollos, dirigido por José Maria Carvalho, na Caravana FUNARTE de Circulação Nacional. Em 2003, colaborou no espetáculo Asas, sob a direção de Lara Pinheiro, no SESC Santos. Em 2000, encena o espetáculo O Olho do Tamanduá, sob a direção de Takao Kusuno, no Teatro São Pedro e no SESC Vila Mariana. Em 1998, participa da Mostra de Arte Brasileira Brasil Já, em Munique, na Alemanha. Em 1997, viaja a Cuba para participar do Festival Internacional de Teatro de Havana/Cuba. Em 1996, apresenta-se no FIT - Festival Internacional de Teatro de Palco e Rua. Em 1996, apresenta-se na 5ª Mostra de Teatro do Monte Azul 1996 - Centenário do Tratado de Amizade entre Brasil e Japão.
Integrante fundador da Cia. Autofalante, em parceria com Simone Mello. Criador e diretor do espetáculo Jardim Zen. Atualmente, apresenta seu espetáculo solo Folhas Vermelhas. Em 2010, foi a Lima, Peru, a convite do Centro Cultural Peruano Japonês de Lima, para dirigir junto a Simone Mello as apresentações do Projeto „Encuentro de Creadores en el Jardin Zen. Em 2012, recebeu apoio do MINC para retornar ao Peru (Cusco e Lima) e desenvolver o projeto Flutuações do Butoh. Em 2009, dirigiu a temporada do espetáculo Jardim Zen, da Cia. Autofalante, no Teatro Ágora. Em 2008, apresentou Lucíola, da Cia Panapaná, sob a direção de Patrícia Noronha.
Em 2002, atuou como ator e músico no espetáculo Os Lusíadas, dirigido por Márcio Aurélio, apresentado no Teatro Sérgio Cardoso, ficando em cartaz em FITEN, Festival Internacional de Teatro da Cidade do Porto, Portugal, e em Lisboa, no Centro Cultural de Belém. Em 2001, atuou como ator, dançarino e cantor no espetáculo Os Lusíadas, sob a direção de Yacov Hillel. Em 1993/1992, colaborou em Sáfara - Uma Ciranda Para Uma Lua e Meia, espetáculo de dança, sob a direção de Denilto Gomes, no Centro Cultural São Paulo e Teatro João Caetano; e em 1991, participou em Dança Coral Origens, direção de Maria Mommenson, apresentado no Teatro Municipal de São Paulo.