O documento discute as sociedades indígenas e africanas no Brasil, abordando tópicos como: a importância do território para os indígenas; a diversidade cultural dos povos originários; e o tráfico de escravos africanos e a resistência por meio de quilombos.
Diversidade cultural e resistência negra no Brasil colonial
1.
2. Um povo. "Nós, brasileiros, somos
um povo em ser, impedido
Uma cultura? de sê-lo. Um povo mestiço
na carne e no espírito, já
que aqui a mestiçagem
jamais foi crime ou pecado.
Nela fomos feitos e ainda
continuamos nos fazendo.
Essa massa de nativos
viveu por séculos sem
consciência de si... Assim
foi até se definir como uma
nova identidade étnico-
nacional, a de
brasileiros...“
Darcy Ribeiro, em O Povo Brasileiro
3. Do ponto de vista cultural:
•Os índios brasileiros já participavam de uma grande
diversidade de naç õ com línguas e costumes distintos
es,
•Os portugueses trouxeram para o Brasil sé culos de integraç ão
gené tica e cultural de povos europeus, como os celtas e os
lusitanos. Embora os portugueses sejam basicamente uma
populaç ã europé ia, traziam o legado de sé culos de
o
convivê ncia com mouros do norte da Á
frica e com judeus.
•Os escravos africanos trazidos ao Brasil pertenciam a uma
diversidade de etnias e naç õ A maior parte eram originá
es. rios
de Angola, Congo e Moç ambique. Em alguns lugares, poré m,
predominaram africanos da Nigé ria e Daomé
7. Posse da terra
Sendo um recurso natural vinculado à
vida social como um todo, a terra não é
e não pode ser objeto de propriedade
individual. De fato, a noção de
propriedade privada da terra não existe
nas sociedades indígenas.
8. Para as sociedades
indígenas a terra é muito
mais importante do que
simples meio de
subsistência. Ela
representa o suporte da
vida social e está
diretamente ligada ao
sistema de crenças e
conhecimento. Não é
apenas um recurso natural
mas – é tão importante
quanto este – um recurso
sociocultural.
9. A escassez social de recursos
Mesmos limitadas e encravadas
territorialmente como estão hoje as
muitas sociedades indígenas do
continente sul-americano, elas ainda
mantêm, basicamente, a mesma
relação com a terra e o meio ambiente
que tinham antes das restrições que
lhes têm sido impostas pelos Estados-
nações que as envolvem.
10. Noção de Trabalho
Nas sociedades indígenas não existe a
dicotomia entre trabalho x laser, o que
de fato existe é um simbiose entre
ambos. Ao mesmo tempo que um índio
desempenha uma tarefa “laborativa”
existe um alto grau de identificação com
as coisas criadas por ele, como sendo
“fruto de seu trabalho”.
Trabalho é “produtivo” (conceito de
Marx)
11. A sentença bíblica de viver à custa do trabalho foi
pronunciada contra nós. Escassez é a sentença
decretada por nossa economia – e é também o axioma
de nossa ciência econômica: a aplicação de meios
escassos contra fins alternativos, conforme as
circunstâncias, para tirar a maior satisfação possível. E
é precisamente a partir dessa vantagem que voltamos
o olhar para os [povos] caçadores. Mas, se o homem
moderno, com todas as suas vantagens tecnológicas,
ainda não conseguiu os meios, que chance possui
esse selvagem desprotegido, com seu insignificante
arco e flecha? Tendo equipado o caçador com
impulsos burgueses e ferramentas paleolíticas,
julgamos sua situação desesperadora (Sahlins
1978:10).15
12. O território na cultura
Considerações de ordem social, ritual
ou religiosa pesam igualmente na
importância que o território tem para as
populações indígenas.
Casamento (exogâmico e endogâmico).
Nome das “crianças”.
Rituais de “passagem”.
A arte da guerra.
15. Contexto Histórico
Ao longo de mais de trezentos anos (1559-1888),
os escravos negros foram responsáveis pela
produção de boa parte das riquezas no Brasil,
no qual milhões de africanos foram tirados de
suas terras para uma viagem na qual
aproximadamente a metade morria de fome,
doenças e maus-tratos, ou, já em terras
americanas.
16. Os escravos capturados na África eram
provenientes de várias situações:
poderiam ser prisioneiros de guerra;
punição para indivíduos condenados por
roubo, assassinato, feitiçaria ou adultério;
indivíduos penhorados como garantia de
pagamento de dívidas;
raptos em pequenas vilas ou mesmo troca de
um membro da comunidade por alimentos;
17. A Escravidão Negra Africana
O tráfico de escravos foi,
durante séculos, uma
das atividades mais
lucrativas do comércio
internacional, com a
África sendo duramente
disputadas pelas
principais potências da
Europa.
18. O Comércio de Escravos Negros
Na África, os escravos eram adquiridos por
traficantes a preços baixos e revendido a
preços altos na América. Muitas vezes, o
açúcar, o tabaco, a aguardente e outros
produtos serviam de moeda de troca.
Quando chegavam à América
portuguesa, os escravos eram colocados
à venda em mercados. Ficavam a
mostra em exposição sendo tratados
como mercadorias.
19. Origem dos Escravos Negros
A maioria dos africanos trazidos à colônia
portuguesa como escravos pertencia a
dois grandes grupos étnicos: os bantos,
originários de Angola, Moçambique e
Congo, e que se tornaram mais
numerosos no centro-sul e no Nordeste;
e os sudaneses, provenientes da Guiné,
da Nigéria e da Costa do Ouro, e que
foram levados principalmente para a
região da Bahia.
20.
21. Resistência e Punições
A saudade da terra natal (banzo) e o
descontentamento com as condições de
vidas impostas eram a principal razão
das fugas, revoltas e até mesmo dos
suicídio dos escravos. A ―rebeldia era
punida pelos feitores com torturas que
variavam entre chicotadas, privação de
alimento e bebida e o ―tronco. Durante
essas punições, os negros tinham seus
ferimentos salgados para provocar mais
dor.
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23. Os Quilombos
Grande parte do escravos negros fugitivos reuniram-
se em comunidades chamadas de quilombos. A
maior parte dos quilombos organizaram-se no
Nordeste (Sergipe, Alagoas e Bahia). Os
habitantes do quilombos eram chamados de
quilombolas.
Dentre os quilombos mais conhecidos, destacam-se
os da Serra da Barriga, região situada entre os
atuais estados de Alagoas e Pernambuco. Eram
cerca de dez quilombos, unidos sob o nome de
Palmares, que resistiram durante quase todo o
século XVII aos ataques do governo e dos
senhores de escravos. Palmares chegou a ter
entre 20 mil e 30 mil habitantes e seu líder mais
importante foi Zumbi.
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25. O Movimento Abolicionista
Evolução das leis
Lei Eusébio de Queirós (1850) – Proibia o tráfico
de escravos no Brasil;
Lei do Ventre Livre (1871) – Determinava que os
filhos de mulher escrava nascidos a partir
daquela data seriam livres, mas continuariam
na condição de propriedade do senhor até os
21 anos de idade;
Lei do Sexagenário (1885) – Declarava livres os
escravos com mais de 65 anos de idade;
Lei Áurea (1888) – Declarava extinta a
escravidão no Brasil.
26. Cronologia da abolição da escravidão na América
Saint Domingue (Haiti) 1804
Chile 1823
Províncias Unidas da América Central 1824
México 1829
Uruguai 1842
Colônias suecas 1847
Colônias dinamarquesas 1848
Colônias francesas 1848
Bolívia 1851
Colômbia 1851
Equador 1852
Argentina 1853
Venezuela 1854
Peru 1855
Colônias holandesas 1863
Estados Unidos 1863
Porto Rico 1873
Cuba 1886
Brasil 1888