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O computador 
e a contracultura 
COS471 - Computador e Sociedade 
Professor: Henrique Cukierman 
Estágio de docência: Alberto de Lima
Apresentando... 
Luiz Henrique 
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Vasconcellos
Capítulo do livro “O Culto da 
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“Quase sempre os computadores 
são usados contra as pessoas, e não 
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Recurso Um e Memória Comunitária
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Em meados dos 
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Em 1975, o Altair 
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Em algum momento dos anos 80, os 
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Daí, o mundo dos 
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Foi o que Wozniak, já desligado da Apple, 
tirou do próprio bolso para produzir um 
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Havia dois campos filosóficos para 
enxergar o futuro: saudosista e tecnófilo
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igualitária da terra, mas no 
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cheia de pinheiros e acessórios eletrônicos 
onde servos vagueiam pacificamente 
perto de computadores 
como se fossem flores 
com botões suaves”
No final dos anos 70, os remanescentes 
da contracultura acreditavam que a 
informação digital conduziria o mundo 
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apocalíptica do mundo industrial 
havendo necessidade do 
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O computador e a contracultura dos anos 70

  • 1. O computador e a contracultura COS471 - Computador e Sociedade Professor: Henrique Cukierman Estágio de docência: Alberto de Lima
  • 2. Apresentando... Luiz Henrique Pinho de Sá Pedro de Vasconcellos
  • 3. Capítulo do livro “O Culto da Informação – O Folclore dos Computadores e a Verdadeira Arte de Pensar” 1986 Theodore Roszak (1933-2011)
  • 4. O que é contracultura?
  • 5. Conjunto de ideias e comportamentos que se opõem ou se diferenciam das instituições e dos valores dominantes de uma sociedade
  • 6. Até meados dos anos 70, a TI era vista como austera e exótica
  • 7. Máquinas eram elitistas e intimidadoras, operada apenas por técnicos
  • 8. Os negócios de TI tinham enorme domínio da Tinham...
  • 9. Nos anos 60, a “Big Blue” optou por não investir em computadores pequenos, de baixo custo
  • 10. Foi aberta a brecha para o surgimento dos microcomputadores...
  • 11. E quem tirou proveito disso?
  • 12. Jovens entusiastas dos computadores apaixonados por resolver problemas, os hackers
  • 13. Dentre os hackers, havia os hackers radicais ou guerrilheiros
  • 14. “Quase sempre os computadores são usados contra as pessoas, e não a favor delas para controlá-las, ao invés de libertá-las...
  • 15. ... É hora de mudar tudo isto – nós precisamos de uma empresa de computadores para as pessoas.”
  • 17. Mas o que foi feito para mudar esse panorama? Recurso Um e Memória Comunitária
  • 19. “Uma empresa comunitária de computadores” Criado por cientistas da computação que abandonaram a Universidade da Califórnia
  • 20. Recebia pequenas verbas de corporações e instituições Reformou um computador obsoleto para servir de utilidade pública a ativistas políticos Não conseguiu ir “para frente”
  • 22.
  • 23. Planejada para ser uma rede de pequenos terminais de computadores distribuídos pela Baía de São Francisco Estaria ligada ao Recurso Um Alguns previam que iria unir cidades e campi universitários de toda a América (!)
  • 24. Tinha como objetivo criar uma “democracia direta da informação” Transmitia boatos, desabafos terapêuticos, fofocas... Teve seu fim logo depois do Recurso Um falir
  • 27. Em meados dos anos 70, o microcomputador cada vez mais parecia ter mercado e ser um instrumento acessível Olha eu de novo!
  • 28. Grupos de hackers começaram a se reunir em sessões informais onde a ciência da computação era discutida...
  • 29. No Homebrew Computer Club ocorriam as reuniões mais produtivas e foi onde Steve Wozniak, cofundador da Apple, revelou seu novo microcomputador
  • 30. Tom orgânico Suavizar as pontas duras da tecnologia Tecnologia familiar e amistosa
  • 31. Em 1975, o Altair foi o primeiro computador a circular no submundo hacker
  • 32. Em algum momento dos anos 80, os hackers guerrilheiros pareciam estar a ponto de refazer a Era da Informação...
  • 33. Saindo de suas garagens, eles conseguiram desbancar as gigantescas corporações da indústria
  • 34. Hackers desenvolveram uma conexão interativa entre teclado e a tela de vídeo
  • 35. Teclado Tela de vídeo Disk drive (Steve Wozniak) + Apple II
  • 36. Daí, o mundo dos softwares se tornou uma indústria própria
  • 37. A IBM já estava bem atrás e precisou rever seus conceitos para tentar recuperar sua posição na corrida...
  • 38. Surgiam novas empresas e produtos: jorrava dinheiro no Vale do Silício...
  • 39. US$ 20.000.000 Foi o que Wozniak, já desligado da Apple, tirou do próprio bolso para produzir um festival de rock ao ar livre
  • 40. Havia dois campos filosóficos para enxergar o futuro: saudosista e tecnófilo
  • 41. Saudosista Queria o final do mundo industrial Sociedade de aldeias Organizações tribais Ideal econômico baseado nos trabalhos manuais
  • 42. Tecnófilo Apoio ao sistema urbano-industrial Acreditam no domínio da ciência e tecnologia sobre as forças da natureza
  • 43. Tecnófilo + Saudosista = ? S = {Hackers guerrilheiros}
  • 44. Baseiam-se não na distribuição igualitária da terra, mas no igual acesso à informação
  • 45. O destino do microcomputador era criar uma cultura global de aldeias eletrônicas localizadas num ambiente natural
  • 46. “Eu gosto de pensar (agora por favor!) numa floresta cibernética cheia de pinheiros e acessórios eletrônicos onde servos vagueiam pacificamente perto de computadores como se fossem flores com botões suaves”
  • 47. No final dos anos 70, os remanescentes da contracultura acreditavam que a informação digital conduziria o mundo para a terra prometida pós-Industrial
  • 48. Alguns tinham uma visão apocalíptica do mundo industrial havendo necessidade do reaproveitamento de material
  • 49. “Devo projetar de tal maneira que você possa montar tudo com peças tiradas da lata de lixo”
  • 50. A síntese saudosista-tecnófila na qual se baseavam essas esperanças dos hackers é ingênua e idealista...
  • 51. Como é possível acreditar em alguma coisa tão improvável?
  • 52. Final dos anos 50 e início dos 60 A música conecta os dois valores através do folk, rock and roll e depois rock e variações
  • 53. Amplificada eletronicamente, o poder da música vinha do equipamento
  • 54. Garantir a pureza e a singularidade 1965
  • 58. A droga salva sua alma Caminho mais curto para a iluminação Sensação de magnificência e euforia
  • 59. “Doing LSD was one of the two or three most important things I have done in my life“
  • 60. “Esta geração engole computadores inteiros, da mesma forma que a droga”
  • 61. • M Meteórica história da “revolução” do microcomputador pode ser resumida em dois grandes esforços da propaganda...
  • 62. • M Comercial do Apple Macintosh (1984) Investimento da Apple (de novo!) numa campanha de fim de ano
  • 63. Comercial do Apple Macintosh (1984)
  • 64. Exibido no terceiro quarto do Super Bowl Inspirado no livro “1984”, George Orwell Dirigido por Ridley Scott (“Alien”, “Blade Runner”, “Gladiador”)
  • 66. Imagens de desafio e libertação Espírito dos hackers guerrilheiros Esperança de um populismo eletrônico
  • 67. Mas no fim do mesmo ano, o panorama da indústria de microcomputadores havia mudado significativamente: vendas paralisadas e mercado saturado
  • 68. Investimento da Apple numa campanha de fim de ano
  • 69. Compra do espaço publicitário da edição especial de eleições de novembro da revista Newsweek
  • 70. Tema audacioso da edição
  • 71.
  • 72. “O princípio da democracia aplicada à tecnologia: uma pessoa, um computador”
  • 73. Foi publicada a história fictícia de um jovem empresário inteligente...
  • 74. ... Presumivelmente um “ex-escravo da IBM”...
  • 75. ... Agora capaz de exercitar a liberdade que a Apple lhe concedeu
  • 76. O jovem tem uma ideia “quente” e quer entrar nos negócios
  • 77. Sendo magnata bem informado e esperto, ele escolhe os computadores da Apple...
  • 78. ... Para planejar seu produto e manter sua contabilidade. O produto...
  • 80. Uma queda com relação ao ataque idealista contra o “Grande Irmão” no começo do ano Mas uma assertiva mais realista quanto ao mercado de microcomputadores
  • 81. Em 1985, Steve Jobs admite que o mercado de computadores domésticos foi superestimado
  • 82. O computador não tinha um uso específico claramente definido Máquina confusa e aplicações dispensáveis Instruções (documentação) incompreensíveis Preço dos equipamentos e programas nunca tão baixos quanto os anunciados
  • 83. O ideal populismo eletrônico se tornou mais débil...
  • 84. A Apple, defensora da causa, ganhou seu espaço comercial atacado pela IBM e AT&T
  • 85. A tecnologia retornava ao seu gigantismo original
  • 86. “Existe uma tal mudança no mundo atual que fica difícil para o sujeito de garagem tornar-se o próximo Apple”
  • 87. A dominação renovada da IBM foi vista por alguns como a única chance da América poder competir com o Japão
  • 88. IBM foi vista como uma corporação Rambo: “símbolo vivo de que o sistema industrial americano ainda conserva um pouco de vida”