Organização do Exercício Mediúnico - Material de Apoio
Currículo de apoio para exercício mediúnico
1. SOCIEDADE BRASILEIRA DE ESTUDOS ESPÍRITAS
COLETÂNEA DE MATERIAL DE APOIO
PARA USO NA APLICAÇÃO DO CURRÍCULO NOS
GRUPOS DE EXERCÍCIO MEDIÚNICO
Agosto 2013
Versão 1.6
www.sbee.org.br
sbee@sbee.org.br
2. 2
O centro espírita busca revelar Deus ao ser e o ser a si mesmo.
Nosso maior inimigo é o desconhecimento de quem somos.
Espírito Leocádio José Correia
O Centro Espírita deve trabalhar para alcançar
o padrão de Universidade aberta.
A Doutrina dos Espíritos ensina a pensar, não o que pensar.
Espírito Antonio Grimm
Currículo é vida; é, portanto, a totalidade das experiências do ser humano que são dirigidas, conotadas, para
os fins de educação. O exercício mediúnico deve refletir no seu currículo a conduta de todos, permitindo uma
linha processual educativa com continuidade e sequência.
O futuro está aberto à todos.
Espírito Marina Fidélis
3. 3
SUMÁRIO
Proposta desta coletânea .....................................................................................................5
Filosofia e objetivo do exercício mediúnico..............................................................................6
Planejamento do semestre de reuniões do GEM.......................................................................6
Fase preparatória - antecede o início do semestre ...................................................................6
Leitura básica e sugestões de releitura...................................................................................6
Livro Espiritismo e Currículo .................................................................................................6
Sugestões de leitura complementar e material de apoio ...........................................................7
Programa de atividades do Semestre.....................................................................................8
Plano de reunião semanal do GEM.........................................................................................8
Exemplo de um plano reunião: (aplicável ao Módulo 4):...........................................................8
Avaliação ...........................................................................................................................9
Coordenando a reunião de exercício mediúnico .......................................................................9
Recursos da primeira reunião ...............................................................................................9
Técnicas de reunião.............................................................................................................9
Informativo da fase pré-curricular ....................................................................................... 12
Natureza e significado do convite para participação do GEM - Grupo de Exercício Mediúnico ........ 13
Currículo.......................................................................................................................... 13
Plano de reunião de Grupo de Estudos Espíritas - Reunião nº 1 ............................................... 14
Plano de reunião de Grupo de Estudos Espíritas - Reunião nº 2 ............................................... 17
Auto-avaliação: ................................................................................................................ 20
Fazendo a diferença - Stephen Kanitz .................................................................................. 21
Existe mesmo injustiça? - Nelson J. Wedderhoff .................................................................... 22
O que é ser espírita? - Mario Eduardo Branco........................................................................ 23
Fazer o quê? - Nelson J. Wedderhoff.................................................................................... 24
Vôo Tam 3054 – Acaso, Destino ou Livre Arbítrio? - Paulo H. Wedderhoff ................................. 25
Política e cidadania – Paulo H. Wedderhoff ............................................................................ 28
Observar e Pensar - Stephen Kanitz .................................................................................... 29
Carbono14 uma máquina de tempo ..................................................................................... 31
Darwin – A Origem das Espécies ......................................................................................... 32
Conceitos - Espiritualismo versus Espiritismo ........................................................................ 33
Reencarnação................................................................................................................... 33
Espiritualização................................................................................................................. 34
O que é o Espiritismo? – Alguns conceitos ............................................................................ 35
Doutrina dos Espíritos........................................................................................................ 36
Introdução à Filosofia ........................................................................................................ 37
O QUE É FILOSOFAR? ........................................................................................................ 37
Para que serve a filosofia?.................................................................................................. 40
CONCEITOS – O PASSE ..................................................................................................... 43
ÉTICA
é
uma
coisa
relativa?
Dinâmica ............................................................................................ 44
O Caso da Ponte ............................................................................................................... 45
Dinâmica de Grupo - O Caso da Ponte - Instruções para o Coordenador: .................................. 46
O Dilema da Vacina........................................................................................................... 48
O Dilema da Vacina (Parte 2) ............................................................................................. 49
O PODER DA EDUCAÇÃO – texto da dinâmica da vacina ............................................................... 50
VELÓRIO – Dinâmica ......................................................................................................... 51
TESTE: Você se conhece?................................................................................................... 52
Carta do Chefe Seatle........................................................................................................ 53
Evangelho no Lar .............................................................................................................. 55
FILMES............................................................................................................................ 56
Fichamento de leitura do livro “O Médium e o Exercício Mediúnico” da irmã Marina Fidélis........... 57
Allan Kardec (1804 - 1869) ................................................................................................ 60
Breve História do Espiritismo .............................................................................................. 61
Breve história da SBEE ...................................................................................................... 62
4. 4
O Livro da Vida................................................................................................................. 63
Um pequeno serviço.......................................................................................................... 64
A Resposta da Gratidão ..................................................................................................... 65
Competência e Humildade.................................................................................................. 66
Festival do Vinho .............................................................................................................. 67
Cercas ou Pontes?............................................................................................................. 68
Duas Histórias, Dois Destinos ............................................................................................. 69
A JANELA......................................................................................................................... 70
O monge e o escorpião ...................................................................................................... 71
A traseira do cavalo e a engenharia..................................................................................... 72
UMA PESCARIA INESQUECÍVEL........................................................................................... 73
SEM CHANCE.................................................................................................................... 75
VOCÊ É O QUE DESEJA SER ............................................................................................... 77
ECOGRAFIA DOS GEMEOS – módulo inicial........................................................................... 78
DIÁLOGO PRÉ NASCIMENTO – Módulo 2 ou 3 ....................................................................... 79
HAGAR – RECRUTADOR DE TRIPULAÇÕES – Sintonia entre semelhantes .................................. 80
HAGAR - RESOLUÇÃO DE ANO NOVO................................................................................... 81
O ECO ............................................................................................................................. 82
SÓ NÃO ERRA QUEM NÃO FAZ – ERRO COMO ACERTO EM PROCESSO ..................................... 83
CALVIN & HOBBES – Questões da vida - materialismo ........................................................... 84
CALVIN & HOBBES – Limites do livre arbítrio ........................................................................ 85
Exercício da Amnésia: ....................................................................................................... 87
Regras para viver no planeta Terra...................................................................................... 88
MOSAICO
TERAPEUTICO
NATURAL ............................................................................................... 89
Caminhante ..................................................................................................................... 90
Prece de Francisco de Assis ................................................................................................ 91
PAI NOSSO ...................................................................................................................... 92
A ignorância também mata. Alumínio: útil e mortal............................................................ 93
Alimentação Natural .......................................................................................................... 94
A Força da Prece............................................................................................................... 95
A eficiência da 'lei seca' ..................................................................................................... 97
Sócrates o filósofo e Hípias o sofista – (Teatro) ..................................................................... 98
DIÁLOGO EM ATENAS – (Teatro)......................................................................................... 99
Preâmbulo do livro “O Que é o Espiritismo” ........................................................................ 101
Exemplo de texto do Evangelho para leitura de debate - Morte Prematura .............................. 102
SBEE - Exercício Mediúnico – Módulo 2 (2/2002) ................................................................. 104
Deus ............................................................................................................................. 104
Jesus e a Moral Cristã...................................................................................................... 109
Um Homem Chamado Jesus ............................................................................................. 111
Da Pluralidade das Existências - A Reencarnação – O Livro dos Espíritos............................... 115
Reencarnação................................................................................................................. 117
Livre-arbítrio .................................................................................................................. 119
Cultura e Mediunidade ..................................................................................................... 120
Mediunidade – SBEE – Sociedade Brasileira de Estudos Espíritas – Maio/2000 ......................... 121
Trajetória de Vida ........................................................................................................... 122
Das coisas que presenciaram na terra do Eldorado - CAPÍTULO XVIII ..................................... 124
Um Novo Fim ................................................................................................................. 128
Decisão da Assembleia .................................................................................................... 129
Ética é uma coisa relativa? ............................................................................................... 129
INVENTÁRIO DA ESTRUTURA E ATIVIDADES DA SBEE – JUNHO DE 2006 - (SUMÁRIO) ........... 130
Caminhos da vida ........................................................................................................... 138
INDICE REMISSIVO DA COLETÂNEA 1.5............................................................................. 140
5. 5
Proposta desta coletânea
A proposta deste trabalho é reunir um conjunto de documentos que possam servir de apoio
para a leitura, estudo e debate nos grupos de exercício mediúnico.
O livro ESPIRITISMO E CURRÍCULO II sugere os temas a serem trabalhados nos grupos;
este trabalho sugere alguns artigos, recortes, reproduções e dinâmicas que podem facilitar a
abordagem ao conhecimento que se pretende explorar.
O conteúdo deste trabalho tem caráter exemplificativo e não deve ser visto como modelo,
mas como padrão da diversidade de meios que o coordenador pode lançar mão para alcançar os
objetivos do exercício mediúnico.
Os recursos aqui disponibilizados podem servir tanto aos grupos que já possuem módulos
sequenciais estruturados, como aos grupos que por razões diversas ainda não tem condições de
aplicar o currículo proposto de forma sequencial.
As fontes utilizadas são várias e incluem as obras da codificação espírita; livros editados
pela SBEE; conteúdos do site www.sbee.org.br; jornal Documentos SBEE; edições da revista SER
Espírita; matérias e artigos do site www.serespírita.com.br; artigos de jornais e revistas; notícias
do cotidiano; artigos espíritas; dinâmicas de grupo e outras técnicas de apoio à condução das
reuniões.
Cada tema sugerido pelo currículo pode ser trabalhado com profundidade variável
dependendo do módulo, prontidão ou experiência dos coordenadores e coordenandos. Para tanto o
coordenador pode fazer uso de um documento base que facilite a abertura do debate e sirva de
referencial para o coordenando.
Tipicamente, a reunião do grupo de exercício mediúnico consiste em um debate em torno de
uma questão onde o coordenador pede a opinião dos participantes; expressa sua opinião sobre o
assunto; apresenta um material que sirva de referencia e conduz para uma conclusão antes da
prece de encerramento da atividade do dia. A proposta não é convencer pessoas, mas ajudá-las a
repensar o pensado, expondo ideias sem impor convicções. O convencimento ocorre de dentro para
fora quando as evidências e o encadeamento lógico ajudam o coordenando a chegar à suas
próprias conclusões.
Sempre que um grupo, por alguma razão, recebe novos integrantes é importante relembrar
os princípios básicos da Doutrina dos Espíritos para facilitar aos novos o entendimento e
encadeamento das ideias que estão sendo trabalhadas.
6. 6
Filosofia e objetivo do exercício mediúnico
A filosofia do Grupo Exercício Mediúnico é alcançar o princípio básico da vida que é o
espiritual e o planejamento das reuniões de grupos visa à aplicação do currículo dentro de uma
pedagogia construtivista.
O objetivo é promover em cada pessoa o autoconhecimento e o desenvolvimento de uma
consciência crítica e ativa de seu próprio processo de vida, trazendo instrumentos e instruções
fundamentais ao gerenciamento mais consciente das oportunidades, desafios e contradições do
cotidiano.
Planejamento do semestre de reuniões do GEM
Fase preparatória - antecede o início do semestre
Antes do início do semestre é importante organizar o conteúdo e o material de apoio para o
desenvolvimento das reuniões.
Leitura básica e sugestões de releitura
A leitura mínima recomendada ao coordenador e seu grupo pode ser encontrada nas
páginas 39 e 63 do Livro Espiritismo e Currículo.
Um método que o Coordenador pode utilizar no planejamento das 16 ou 18 reuniões do
semestre é o de definir um tema para cada reunião e selecionar um texto ou outro recurso que
represente o exemplo ou o apoio lógico do que se está debatendo ou estudando.
Sugestões de releitura
Como preparação para o início de cada semestre, recomenda-se a releitura periódica de
textos, mensagens e livros de apoio, que permitem a ampliação e o enriquecimento da
interpretação alcançada em leituras anteriores.
1- Textos de apoio e glossário do livro “Espiritismo e Currículo - 2011”
2 - Espiritismo e Exercício Mediúnico da Irmã Marina Fidélis
3 - O Médium e o Exercício Mediúnico pelo espírito Leocádio José Correia
4 - Cadernos de Psicofonias pelo espírito Antonio Grimm
5 - Textos do jornal Documentos SBEE
6 – Editoriais, textos, entrevistas, matérias e frases da revista SER Espírita
7 - A espiritualidade ilumina a vida do homem, entre outros livros pelo espírito Leocádio J. Correia.
Livro Espiritismo e Currículo
O livro que orienta a aplicação do currículo dos Grupos de Exercício Mediúnico apresenta o seguinte
conteúdo:
7. 7
Sugestões para o Ciclo Básico
Sugestões para o Ciclo Complementar
Glossário
Textos de Apoio:
Deus
Jesus e a Moral Cristã
Livre Arbítrio
Mediunidade
Reencarnação
Espírito
Evolução
Trajetória de Vida
Mediunato Espírita
Homem Integral
Auto atualização permanente
Avaliação no Exercício Mediúnico
Sugestões de leitura complementar e material de apoio
• Filosofia para não filósofos. Albert Jacquard
• Iniciação à História da Filosofia. Danilo Marcondes
• Introdução à Filosofia Espírita – Herculano Pires
• Sementes da descoberta científica. W.I.B. Beveridge
• Ética para meu filho. Fernando Savater
• As Perguntas da Vida. Fernando Savater
• Sociologia básica. Machado Neto, A.L.
• Cultura - Um Conceito Antropológico. Roque Laraya
• Coleção Caminhos da Ciência. Steve Parker
o Einstein e a Relatividade
o Franklin e a Eletrostática
o Edison e a Lâmpada Elétrica
o Galileu e o Universo
o Darwin e a Evolução
o Newton e a Gravitação
o Pasteur e os Microorganismos
o Marie Curie e a Radioatividade
Material de apoio
Seleção de materiais que permitam fazer o cruzamento do cotidiano com os princípios
doutrinários e que possam ajudar a enriquecer as reuniões:
• editoriais de jornais
• artigos de revistas e jornais
• textos de apoio do livro Espiritismo e Currículo
• tirinhas de jornais e revistas
• imagens e outros recursos.
8. 8
Programa de atividades do Semestre
Definição dos temas, estratégias e técnicas que poderão ser aplicadas para as reuniões do
semestre.
Trata-se de um programa genérico, suscetível a mudanças no decorrer do semestre de
acordo com o emergente do grupo.
Plano de reunião semanal do GEM
. Abertura:
. Tema:
. Assunto:
. Objetivo:
. Conteúdo:
. Técnica:
. Recursos:
. Encerramento:
Exemplo de um plano reunião: (aplicável ao Módulo 4):
. Abertura: Prece
Conversa dois a dois por cinco minutos
. Tema: Autoconhecimento
. Assunto: Objetivos de vida
. Objetivo: Promover reflexão sobre história e trajetória de vida.
. Conteúdo:
. Construção do significado de história de vida;
. Entendimento do que é trajetória de vida e o impacto das escolhas;
. A importância do estabelecimento de objetivos de vida;
. Técnica:
. Primeiro momento: solicitar ao grupo que elabore um cartaz através de recorte e
colagem, respondendo a questão:
“Quais são os meus objetivos (2 ou 3) de vida?”
. Segundo momento: breves apresentações individuais.
. Terceiro momento: fechamento.
. Recursos: Cartolina, cola, tesouras, revistas velhas.
. Encerramento: Relaxamento rápido e prece final.
9. 9
Avaliação
A avaliação das reuniões de grupo de exercício mediúnico é processo e como tal deve ser
contínua, ampla e permanente. Sua função é permitir o diagnóstico para manutenção ou correção
de rota, assim como a auto-avaliação (do coordenador).
No processo de avaliação cabe alguns questionamentos, entre outros:
. Como coordenador(a), tenho procurado conhecer cada integrante do meu grupo?
. Tenho sabido lidar com o emergente do grupo?
. Tenho conseguido perceber o perfil dominante do grupo? (Mais científico. Mais afetivo. Mais
preocupado com fenômenos.)
. Conhecendo o perfil do grupo, tenho conseguido adaptar métodos, linguagem e conteúdo às suas
necessidades?
. Tenho procurado ampliar meu conhecimento através da boa leitura?
. Tenho alcançado os objetivos planejados?
. O grupo vem participando de forma ativa nas reuniões? Têm feito comentários e/ou perguntas?
. Estou alcançando o que o grupo quer e o que ele precisa?
. Os coordenandos vêm compreendendo os conceitos trabalhados?
. Os coordenandos conseguem entender os desdobramentos dos conceitos e princípios
trabalhados?
. Os coordenandos tem conseguido aplicar os conceitos no seu cotidiano?
Coordenando a reunião de exercício mediúnico
O Coordenador do Grupo de Exercício Mediúnico – GEM é misto de estudante e facilitador de
aprendizado. Entre as ferramentas que dispõe está a leitura da natureza, do mundo, dos textos,
das pessoas e das coisas. Uma de suas grandes contribuições é o exemplo.
A reunião é aberta com uma prece por parte do coordenador, segue com a leitura de um
trecho do Evangelho que pode ou não ter relação com o tema a ser tratado.
As técnicas devem se alternar de modo a não cansar os participantes. Se em uma semana a
atividade foi uma palestra expositiva, a atividade da semana seguinte deve propiciar o debate que
aprofunde o tema anterior esclarecendo dúvidas que possam ter ficado.
Recursos da primeira reunião
- Lista coletando nomes, fones e e-mails
- Crachás com nome legível à distância
- Regras de horário
- Orientação sobre água fluída
- Apresente o colega do lado.
Técnicas de reunião
São inúmeras as técnicas que podem ser adotadas de modo a enriquecer a prática das
reuniões. Alguns exemplos abaixo:
10. 10
. Apresentação expositiva e interativa. Após o “aquecimento” o apresentador coloca uma ou várias
perguntas para incentivar a participação do grupo;
. Discussão em grande grupo.
Colocado o assunto em questão o coordenador vai estimulando o grupo e construindo os
conceitos a partir da colaboração do grupo.
. Discussão em sub-grupos utilizando textos com mesmo conteúdo ou com conteúdos diferentes de
modo a permitir o cruzamento no momento da discussão em grande grupo.
. Debate entre dois sub-grupos que defendem posições opostas.
Dependendo da maturidade do grupo em um primeiro momento o coordenador solicita aos sub-
grupos que discutam o assunto assumindo uma posição e no momento do debate inverte as
posições.
11. 11
REDE DE CONTATOS DO GRUPO DE EXERCÍCIO MEDIÚNICO
Fone Fone Fone
Nome e-mail Comercial Residencial Celular
1
2
3
4
5
6
7
8
9
10
11
12
13
14
15
16
17
18
19
20
21
22
23
24
25
12. 12
Informativo da fase pré-curricular
A filosofia do Exercício Mediúnico é a promoção, preservação e valorização da vida. Tem como
objetivo maior promover em cada pessoa o desenvolvimento de uma consciência crítica e ativa de
seu próprio processo de vida, trazendo instrumentos e instruções fundamentais ao gerenciamento
de seu cotidiano.
A Educação Espírita é libertadora. Procura, através do conhecimento, conscientizar e
desenvolver em cada indivíduo o sentido universal da vida que é a evolução.
A Educação Espírita quer revelar a cada um o que cada um realmente é. Entendemos que
todas as potencialidades, todos os recursos, todas as ferramentas para a vida, existem e subsistem
no interior da pessoa. O espiritismo é a vida e o caminho da vida.
O Espiritismo, através da pedagogia da cultura, demonstra, permanentemente, que a
consciência do homem representa a sua liberdade. Temos consciência de que o homem alcançará
uma maior e melhor constituição do exterior pela força de seu interior.
Alcançando-se é que o homem alcança o Universo; é sendo que ele é a vida. O Exercício
Mediúnico é encontro, fraternidade, caridade e diálogo, troca de experiências e informações, é
estudo e pesquisa, é construção do conhecimento.
O grupo de Exercício Mediúnico busca, continuamente, na própria vida, a descoberta de
novos caminhos, para a aprendizagem da vida. Trabalha permanentemente na abertura de
horizontes mais amplos, mais claros, que permitam a cada um se renovar e crescer no sentido do
seu viver.
Secretaria do Exercício Mediúnico
13. 13
Natureza e significado do convite para participação do GEM - Grupo de Exercício Mediúnico
A escassez de pessoas, tempo e recursos nos obriga a concentrar esforços com pessoas realmente
interessadas em ampliar o seu conhecimento dos princípios espíritas.
O fato de vir até a casa espírita é um indicador da busca por um entendimento maior sobre o sentido e
o significado da vida.
O centro espírita é um laboratório que busca a verdade e deve trabalhar no sentido de alcançar e
manter o foro de universidade aberta.
Através do estudo da filosofia, da ciência e da religião, o Espiritismo busca oferecer os instrumentos e
as instruções para que cada pessoa se revele a si mesma, alcance a identidade creatura-Creador e exerça seu
livre arbítrio de maneira mais consciente.
Currículo
Seguimos um currículo que procura auxiliar cada um a fazer um melhor entendimento dos princípios
da Doutrina Espírita:
Deus
Jesus e a moral cristã
Reencarnação
Livre arbítrio
Mediunidade
Imortalidade
Espírito
Evolução
À medida que o estudioso espírita amplia seu conhecimento do significado de Deus, Jesus e seu
exemplo, reencarnação, livre arbítrio, mediunidade, e outros princípios que vão se revelando à medida que
seu entendimento se amplia, a visão de mundo se altera. Mudando a visão, mudam os valores e com isso o
comportamento vai entrando em sintonia com as leis naturais.
A assiduidade às reuniões do grupo de exercício mediúnico tem real importância, pois os temas se
interligam uns com os outros e com o tempo o exercitando vai percebendo, não só a ligação entre os temas,
com também o impacto do conhecimento adquirido no seu comportamento diário. Outro aspecto a considerar
é o respeito aos espíritos que se acompanham cada exercitando durante o exercício mediúnico.
14. 14
Plano
de
reunião
de
Grupo
de
Estudos
Espíritas
-‐
Reunião
nº
1
1) Deixar
giz
e
apagador
disponíveis;
2) A
organização
das
cadeiras
em
semicírculo
facilita
a
integração
do
grupo;
3) Agradecer
a
presença
de
todos;
Se
houver
um
(a)
novo
(a)
participante
no
grupo,
é
importante
que
se
faça
uma
breve
apresentação
do(a)
mesmo(a):
.
nome
.
profissão
ou
atividade
que
exerça;
.
se
já
teve
contato
anterior
com
a
Doutrina
Espírita;
.
em
caso
positivo,
vale
a
pena
perguntar
se
já
participou
de
outros
grupos,
etc.
4) Tema
do
dia:
“Introdução
à
Doutrina
Espírita”
Primeira
parte:
Perguntar
ao
grupo
se
eles
podem
colaborar
indicando
os
principais
fundamentos
da
Doutrina
Espírita;
Escrever
no
quadro
na
medida
em
que
as
pessoas
forem
dizendo;
Listar
os
principais
fundamentos,
caso
eles
não
tenham
sido
mencionados
ainda:
Deus
Jesus
e
a
moral
cristã
Livre
arbítrio
Reencarnação
Mediunidade
Espírito
Evolução
Há
outros
importantes
como
a
caridade
e
o
amor
que
estão
inseridos
na
moral
cristã.
Os
fundamentos
não
são
exclusivos
da
Doutrina
Espírita,
pois
outras
religiões
também
reconhecem
e
trabalham
os
mesmos
princípios.
A
principal
diferença
está
na
interpretação
dada
pela
Doutrina.
Fazer
uma
breve
abordagem
sobre
cada
um
dos
fundamentos
da
Doutrina:
É
importante
estimular
a
participação
de
todos,
no
sentido
de
ir
compondo
os
conceitos.
Depois
que
o
grupo
expõe
suas
ideias,
cabe
ao
coordenador
fazer
a
síntese,
chegando
o
mais
próximo
possível
dos
conceitos
abaixo.
Deus
como
fundamento
do
fundamento
da
vida.
Causa
primária
de
todas
as
coisas.
Jesus
como
referencial
moral.
Construiu
valores
universais
únicos,
capazes
de
promover
mudanças
profundas.
O
significado
de
Jesus
encontra-‐se
em
seu
exemplo
de
vida
e
nos
seus
ensinamentos.
Livre
arbítrio
–
a
possibilidade
de
cada
um
de
nós
fazer
nossas
escolhas
e
construir
a
nossa
trajetória,
tendo
de
um
lado
a
liberdade
de
escolha
e
no
outro
a
responsabilidade
pelas
consequências;
15. 15
Reencarnação
–
como
oportunidade
de,
na
vivência
material,
ampliar
conhecimento
e
aplicar
o
que
já
foi
construído
anteriormente;
Mediunidade
–
como
entendimento
de
que
a
vida
não
se
limita
ao
plano
material,
mas
sim
que
há
uma
interação
entre
o
material
e
o
espiritual.
Espírito
–
ser
vivo,
inteligente,
consciente,
do
universo.
(consciente
de
si
mesmo).
Evolução
–
capacidade
de
adaptação
e
transformação;
Segunda
parte:
A
Doutrina
Espírita
busca
o
entendimento,
a
construção
do
conhecimento
através
dos
três
eixos
do
conhecimento:
Cabe
neste
momento
também,
solicitar
a
participação
do
grupo.
Filosofia
–
porque
questiona
se
o
que
entendemos
ou
sabemos
é
mesmo
verdade;
porque
busca
novas
respostas
para
velhas
questões;
porque
busca
novas
questões;
porque
ensina
a
pensar
e
não
o
que
pensar;
Ciência
–
porque
busca
na
ciência
as
evidências
que
sustentem
o
conhecimento;
porque
incorpora
as
novas
descobertas
científicas
comprovadas;
Religião
–
a
interpretação
religiosa
para
a
Doutrina,
resulta
da
soma
de
conhecimento
de
várias
pessoas
encarnadas
e
desencarnadas.
Nâo
é
a
religião
do
sobrenatural,
do
mágico,
do
oculto,
do
mistério,
pois
toda
a
sua
extensão
é
alcançável
através
do
conhecimento.
A
religião
espírita
é
transformação
individual,
é
intensa
e
extensa
modificação
de
comportamento
da
pessoa,
segundo
valores
que
ampliam
a
consciência
de
sua
unidade
com
o
Creador.
Tem
como
base
a
moral
cristã.
Portanto,
na
visão
espírita,
a
interpretação
religiosa
não
está
isolada
da
ciência
e
da
filosofia.
A
ciência,
a
filosofia
e
religião
são
interdependentes
e
se
completam,
tendo
como
resultado
um
quadro
muito
mais
amplo
de
entendimento
do
ser
humano
e
da
vida,
do
que
cada
um
deles
isoladamente.
Terceira
parte:
Leitura
do
trecho
do
Evangelho
Segundo
o
Espiritismo
–
Capítulo
I
“
Aliança
da
Ciência
e
da
Religião”
A
leitura
deste
trecho
do
Evangelho
tem
por
objetivo
ilustrar
o
tema
até
agora
abordado,
da
Doutrina
Espírita
trafegar
pelos
três
eixos
do
conhecimento,
fazendo
a
unidade
do
conhecimento.
16. 16
8.
A
Ciência
e
a
Religião
são
as
duas
alavancas
da
inteligência
humana;
uma
revela
as
leis
do
mundo
material
e
a
outra
as
leis
do
mundo
moral;
mas
umas
e
outras,
tendo
o
mesmo
princípio
que
é
Deus,
não
podem
se
contradizer;
se
elas
são
a
negação
uma
da
outra,
uma
necessariamente
é
errada
e
a
outra
certa,
porque
Deus
não
pode
querer
destruir
sua
própria
obra.
A
incompatibilidade
que
se
acreditava
ver
entre
essas
duas
ordens
de
ideias,
prende-‐se
a
um
defeito
de
observação
e
a
muito
de
exclusivismo
de
uma
parte
e
da
outra;
daí
um
conflito
de
onde
nasceram
a
incredulidade
e
a
intolerância.
Os
tempos
são
chegados
em
que
os
ensinamentos
do
Cristo
devem
receber
seu
complemento;
em
que
o
véu,
lançado
propositadamente
sobre
algumas
partes
desse
ensinamento,
deve
ser
levantado;
em
que
a
Ciência,
deixando
de
ser
exclusivamente
materialista,
deve
inteirar-‐se
do
elemento
espiritual,
e
em
que
a
Religião,
cessando
de
menosprezar
as
leis
orgânicas
e
imutáveis
da
matéria,
essas
duas
forças,
apoiando-‐se
uma
sobre
a
outra,
e
andando
juntas,
se
prestarão
um
mútuo
apoio.
Então,
a
Religião,
não
recebendo
mais
o
desmentido
da
Ciência,
adquirirá
uma
força
inabalável,
porque
estará
de
acordo
com
a
razão,
e
não
se
lhe
poderá
opor
a
irresistível
lógica
dos
fatos.
Quarta
parte:
Se
houver
tempo,
pedir
para
o
grupo
comentar
rapidamente
sobre
o
trecho
do
Evangelho.
Quinta
e
última
parte:
Prece
de
encerramento.
Observações:
É
importante
estimular
a
participação
de
todos,
pois
é
comum
que
algumas
pessoas
sejam
mais
falantes
que
outras.
É
preciso
também,
ao
solicitar
ao
grupo
os
comentários,
manter
o
controle
da
reunião
e
do
tempo,
para
que
todos
possam
participar.
17. 17
Plano
de
reunião
de
Grupo
de
Estudos
Espíritas
-‐
Reunião
nº
2
1) Deixar
giz
e
apagador
disponíveis;
2) A
organização
das
cadeiras
em
semicírculo
facilita
a
integração
do
grupo;
3) Agradecer
a
presença
de
todos;
Se
houver
um(a)
novo(a)
participante
no
grupo,
é
importante
que
se
faça
uma
breve
apresentação
do(a)
mesmo(a):
.
nome
.
profissão
ou
atividade
que
exerça;
.
se
já
teve
contato
com
a
Doutrina
Espírita;
.
em
caso
positivo,
vale
a
pena
perguntar
se
já
participou
de
outros
grupos,
etc.
4) Tema
do
dia:
“Espírito”
Primeira
parte:
Pedir
para
que
o
grupo
se
divida
em
duplas;
As
duplas
irão
conversar
por
5
a
10
minutos
no
máximo,
sobre
“o
que
entendem
por
espírito”;
Terminada
a
discussão,
cada
uma
das
duplas
apresenta
seu
entendimento,
que
é
registrado
no
quadro,
de
forma
resumida;
Segunda
parte:
Aproveitando
da
melhor
forma
possível,
a
contribuição
apresentada
pelas
duplas,
o
coordenador
inicia
a
apresentação
do
conteúdo
do
dia.
A
ideia
de
espírito
não
está
associada
à
morte
ou
à
dor.
Com
o
entendimento
do
que
é
o
espírito,
a
morte
deixa
de
significar
a
extinção
do
ser.
Espírito
não
é
fantasma,
nem
incorpora.
Conceito
de
espírito:
Neste
momento
cabe
uma
colocação:
Pergunta-‐se
ao
grupo
se
eles
sabem
a
diferença
entre
“definição”
e
“conceito”.
Explicação:
A
definição
fecha,
define
limites,
dá
a
ideia
de
que
não
sofrerá
mudanças.
O
conceito
por
sua
vez
é
aberto,
permite
interpretações
e
ampliações
na
medida
em
que
o
conhecimento
e
a
consciência
se
ampliam.
Conceito
de
espírito:
Ser
vivo,
inteligente,
consciente
do
universo.
18. 18
Através
do
processo
de
evolução
pelo
conhecimento,
os
seres
vivos
passam
de
seres
vivos
inteligentes,
para
seres
vivos
auto
conscientes,
a
que
chamamos
de
espírito.
Ser
vivo
que
alcançou
um
patamar
de
inteligência
e
consciência
de
si
mesmo,
ou
seja,
com
a
capacidade
de
se
perguntar
-‐
“quem
sou
eu?”
“qual
o
significado
da
vida?”
etc...
O
nível
de
consciência
de
cada
espírito
é
diferenciado,
pois
depende
da
sua
história.
O
espírito
é
em
essência
conhecimento
acumulado:
o
acervo
de
cada
um,
a
história,
a
trajetória,
todas
as
escolhas
feitas
no
exercício
do
livre
arbítrio.
Este
acervo
é
que
dá
a
cada
um
a
individualidade
e
a
singularidade.
É
o
que
o
Irmão
Antonio
Grimm,
um
dos
mentores
da
SBEE,
denomina
de
“irredutibilidade
da
singularidade”.
Ou
seja,
o
espírito
é
irredutível
porque
não
há
como
negar
as
escolhas
que
fez,
o
conhecimento
que
acumulou
ninguém
retira
ou
diminui.
Para
fazer
o
acúmulo
de
conhecimento,
periodicamente
o
espírito
faz
o
trânsito
entre
o
polissistema
material
e
o
polissistema
espiritual,
gerando
experiências,
vivências,
convivências
que
lhe
são
úteis.
Quando
o
espírito
está
transitando
na
matéria,
ou
seja,
está
encarnado,
ele
é
imortal.
Embora
a
matéria
pereça,
quem
está
dando
vida
àquele
corpo
físico,
é
imortal,
não
vai
se
desagregar
com
a
desagregação
do
corpo
físico.
Não
há
morte,
mas
sim
evolução.
O
espírito
assume
funções,
desempenha
papéis,
ocupa
espaços,
sustenta
compromissos,
determina
uma
trajetória
no
exercício
do
seu
livre
arbítrio
que
lhe
permite
romper
suas
limitações
e
aplicar
suas
habilidade
e
capacidades.
Evolução
=
evoluir
implica
em
mudar
a
mentalidade
e
a
massa
crítica
do
grupo
social.
É
o
objetivo
da
vida.
Para
a
Doutrina,
evolução
significa
modificação
de
comportamento
pelo
acúmulo,
associação
e
operação
de
experiências.
Principais
características
do
espírito:
• Individualidade
• Inteligência
=
capacidade
de
se
adaptar;
capacidade
de
resolver
problemas;
• Percepção
• Intuição
• Razão
• Imaginação
=>
dá
sentido
ao
que
percebe
• Memória
• Vontade,
capacidade
de
agir,
de
fazer
Portanto,
o
espírito
faz
o
trânsito
entre
frequências
diferenciadas
–
encarnado
no
polissistema
material
e
desencarnado
no
polissistema
espiritual.
Para
mudar
de
frequência,
do
polissitema
19. 19
espiritual
para
o
material,
precisa
de
equipamento
especial
que
é
o
corpo
físico.
Para
estar
e
ficar
na
matéria
precisa
do
corpo
físico.
Para
fazer
a
interface
do
PSE
com
o
PSM
precisa
do
períspirito
Espírito
desencarnado
Espírito
encarnado
espírito
espírito
perispírito
perispírito
corpo
Quando
encarna,
o
espírito
faz
a
somatória
do
seu
acervo
mais
toda
a
informação
genética
que
recebe.
Espírito
encarnado
=
Acervo
do
espírito
+
genética
(história
biológica)
+
cultura
O
corpo
humano
possui
aproximadamente
60
trilhões
de
células
e
aproximadamente
100
bilhões
de
neurônios.
O
espírito
é
o
grande
maestro
que
dá
o
ritmo
e
estrutura
o
corpo.
O
espírito,
quando
encarnado,
percebe
pelos
sentidos
físicos.
20. 20
Auto-avaliação:
1) Quem eu sou?
2) Quem eu amo?
3) Como eu vejo e sinto DEUS?
4) Estou realizando meus objetivos?
5) O que eu quero fazer?
6) O que eu pensava há um ano atrás?
7) O que faço para deixar as pessoas mais alegres?
8) O que posso fazer para melhorar o mundo?
9) Faça um verbete: quem sou? Com se fosse para ser publicado em uma enciclopédia.
21. 21
Fazendo a diferença - Stephen Kanitz
Ser rico, famoso ou poderoso tem sido o objetivo da maioria das pessoas, mas
sempre falta algo. Recentemente, ouvi sobre uma nova postura ética de
sucesso, que vale a pena resumir aqui, porque na época ninguém noticiou.
Numa reunião no World Economic Forum, em Davos, o local onde o mundo
empresarial se reúne uma vez por ano em janeiro, um empresário que
acabava de fazer um tremendo negócio foi convidado numa das várias sessões
a expor suas idéias.
Primeiro perguntaram como ele se sentia, subitamente um bilionário. Sem
pestanejar um único minuto, ele afirmou que o dinheiro não lhe pertencia, e
que doaria toda sua fortuna a instituições beneficentes.
"Sou simplesmente fruto do acaso, tenho os genes certos e estou no momento
certo, no setor certo. É difícil falar em 'mérito' numa situação dessas."
"Se eu, o Bill Gates aqui presente, ou então o Warren Buffett, tivéssemos nascido 2.000 anos atrás, nenhum
de nós teria tido o porte atlético necessário para se tornar um general do Império Romano, posição de
destaque equivalente à nossa, na época. Teríamos sido trucidados na primeira batalha."
Alguns seres humanos sempre estarão momentaneamente mais adequados ao ambiente que os outros e
receberão, portanto, melhores salários, apesar do esforço dos demais.
A idéia da meritocracia, tão decantada pela direita conservadora como justificativa para a sua riqueza, cai por
terra se levarmos em consideração a nova teoria de que somos todos frutos do acaso genético das
interpolações do DNA de nossos pais.
Se nossos genes são mero acaso da variação genética, falar em QI, mérito, proeza atlética e se achar
merecedor de 100% dos ganhos que esses atributos nos proporcionam não faz mais muito sentido. O que há
de meritocrático em ter os genes certos?
Ninguém está sugerindo o outro extremo de salários iguais para todos, porque toda sociedade precisa
incentivar os que se esforçam mais, os que trabalham melhor e especialmente os que assumem riscos e têm a
coragem de inovar.
O que essa nova postura sugere delicadamente é uma maior humildade e generosidade daqueles que ganham
fortunas por ter uma inteligência superior, um porte atlético avantajado ou um talento excepcional. Por trás
de toda "fortuna" existe um elemento de sorte, muito maior do que os "afortunados" gostariam de admitir.
Mas a frase que mais tocou a platéia estarrecida foi esta: "Mesmo doando toda a minha fortuna", disse o
empresário, "continuará a existir uma enorme injustiça social no mundo. Eu terei tido um privilégio que
muitos não terão. O privilégio de ter feito uma diferença com o meu trabalho e minha vida."
Segundo essa visão, o mundo é dividido entre aqueles que fizeram ou não uma diferença com sua vida, o
dinheiro não é o objetivo final. E existem inúmeras maneiras de fazer uma diferença, desde inventar coisas,
gerar novos empregos, criar novos produtos, até ajudar os outros com o dinheiro obtido.
Aproximadamente 55% dos empresários americanos não pretendem legar sua fortuna aos filhos. Acham que
estariam estragando sua vida gerando playboys e um bando de infelizes. Percebem que o divertido na vida é
chegar lá, não estar lá. Ser filho de empresário e receber de mão beijada uma BMW, um Rolex e uma
supermesada não é o caminho mais curto para a felicidade. Muito pelo contrário, é uma roubada.
Por isso, os ricos de lá criaram instituições como a Fundação Rockfeller, a Fundação Ford, a Fundação Kellogg,
a Fundação Hewlett. No Brasil, estamos muito longe de convencer os empresários a fazer o mesmo, razão
pela qual sua fortuna provavelmente virará mais um imposto. O imposto sobre herança.
O segredo da felicidade, portanto, não é ganhar dinheiro, que a maioria acabará perdendo de uma forma ou
de outra. O segredo é ter feito uma diferença.
Stephen Kanitz é administrador por Harvard (www.kanitz.com.br)
Revista Veja, Editora Abril, edição 1838, ano 37, nº 4, 28 de janeiro de 2004
22. 22
Existe mesmo injustiça? - Nelson J. Wedderhoff
O contato com a realidade do nosso tempo é constante. Somos testemunhas oculares de muitos fatos, leitores
ou ouvintes de outros. Para cada notícia temos diferentes reações; ficamos alegres, indiferentes, concordamos
ou discordamos. Cada reação decorre da avaliação que fazemos da notícia quanto à sua ”adequação“, isto é,
se a julgamos boa ou ruim, construtiva ou destrutiva, certa ou errada, etc. Esta avaliação é individual, e está
baseada em conhecimento e valores, ou ainda na noção das leis de causa e efeito. Em muitos casos avaliamos
que a situação é injusta, ou seja, que o efeito é coerente com sua causa. Como um exemplo simples pode-se
citar um jogo de futebol onde a equipe A esteve melhor, mas acabou perdendo por um gol feito pela equipe B
no final da partida.
Mas o que é injustiça? Pelo exemplo que citamos, uma situação onde o resultado não é coerente com sua
causa ou intenção. Para esclarecer tomemos outro exemplo: o motorista A respeita a sinalização, porém sofre
um acidente devido ao motorista B, que naquele momento não respeitou a sinalização. Para o motorista A o
efeito sofrido é incoerente com seus atos, considerando exclusivamente o respeito à sinalização. Porém é
importante lembrar que o respeito às leis não foi a única escolha do motorista A; ambos os motoristas fizeram
escolhas que os levaram ao mesmo local.
Percebe-se que a ação isolada de uma pessoa contribui para o resultado, porém não o garante. Outros fatores
originários do meio ambiente e do meio social podem influenciar o resultado de uma ação. No exemplo do
jogo de futebol, as regras não impedem que uma equipe marque gols apenas por que joga mal. O resultado
está de acordo com as regras conhecidas e aceitas por ambas as equipes, e pode ocorrer.
Ao aceitarmos viver em um grupo social aceitamos influenciá-lo e sermos influenciados. Diante desta noção de
influência mútua conhecida e aceita, substitui-se o termo injustiça por distorção. No exemplo do jogo de
futebol, o resultado não depende somente da equipe A, mas de vários outros fatores, como a atitude da
equipe B ou a percepção dos juízes. No exemplo do motorista A, as atitudes de todos os demais motoristas,
dos pedestres, entre outros fatores, influenciarão nos desdobramentos da sua vida.
Pelo exposto conclui-se que não existe injustiça, pois cada indivíduo posiciona-se em um meio segundo
escolhas decorrentes do seu nível evolutivo, da sua proposta de vida, da sua mentalidade. Logo, está
aceitando as influências diversas advindas deste meio, e que certamente poderão distorcer os resultados
esperados a partir de suas ações.
Como avaliar então as diversas dificuldades que enfrentamos, ou as diferenças sociais existentes em nossa
própria cidade? Certamente um ambiente composto por indivíduos cuja visão restringe-se, em grande parte, a
seus interesses pessoais, tenderá a gerar distorções, pois o respeito pelo semelhante ou pelo ambiente não é
prioridade. E não sendo prioridade não há por que preservar planos, trajetórias ou equilíbrio de outros. O
contrário, que normalmente denominamos de “sociedade justa“, é aquela onde a intenção de um indivíduo
sofre pouca distorção devido às intenções dos demais, assim como o equilíbrio do ambiente é preservado.
Esta pouca distorção deriva de um sistema que preserva o respeito ao semelhante, à individualidade, à
diversidade e ao ambiente.
Com base no princípio do livre-arbítrio, apoiado na visão que a Doutrina dos Espíritos traz sobre Deus,
caracterizando-o como “causa primária de todas as coisas“, assim como “justo e bom“, fundamenta-se a
noção de que tudo é justo, pois deriva de uma causa justa. A relação entre as diversas causas possíveis e os
respectivos efeitos são as leis naturais do ambiente em que vivemos, das quais conhecemos ainda muito
pouco, mas que também estão vinculadas à causa primária, que é justa. A situação contemporânea seja nossa
individual, seja da sociedade, não necessariamente nos agrada, mas é efeito de nossas próprias atitudes ao
longo de nossas existências.
Por fim cabe perguntar quais influências esta reflexão pode ter em nosso cotidiano? Uma delas é a visão mais
crítica e menos revoltada sobre o ambiente, que não é injusto, e apenas reflete resultados de nossas diversas
ações. Se existem muitas distorções, muitas diferenças, cabe a cada um atuar para reduzi-las, e o primeiro
passo é expandir o conhecimento, com base no qual fazemos as escolhas.
23. 23
O que é ser espírita? - Mario Eduardo Branco
O Espiritismo não é a religião que ausenta a pessoa da realidade, não é a filosofia que se
perde em especulação, não é a ciência que descobre sem dar sentido. Espiritismo é a ciência, a
religião e a filosofia que permitem, facilitam, orientam a ação, o comportamento diferenciado. A
Doutrina não é, portanto, uma doutrina de contemplação, da recompensa futura, do paraíso
prometido, da fuga da realidade.
Há espaço, dentro do Espiritismo, para a espera e planejamento, para a cautela e a
avaliação, há espaço para a ponderação e meditação, reflexão e preparação para a decisão. Mas o
Espiritismo é, essencialmente, a doutrina da ação, do fazimento. É a Doutrina da construção
pessoal e da construção social, da construção intelectual e moral, da construção de si mesmo
através da construção dos outros, da construção da mentalidade, da linguagem, dos atos, das
instituições, da sociedade, da construção espiritual.
A Doutrina, ao explicitar valores universais, sustenta a ação, o comportamento diferenciado,
continuado, da pessoa dentro de seu grupo cultural.
A Doutrina se caracteriza por um conjunto de princípios, fundamentos, conceitos, valores
que determinam uma visão singular do espírito, da sociedade, da natureza, do universo, do cosmo,
de Deus. À medida que a pessoa conhece, interpreta e contextualiza a visão espírita, ela é colocada
diante do desafio da coerência, da compatibilização entre conceito adquirido e ação. Entre a sua
nova mentalidade e a mentalidade de seu grupo cultural. Um hiato permanente, uma tensão
essencial entre o que se é e o que se pode ser, entre o ser e o vir-a-ser.
Só, de fato, se aproxima da Doutrina, a pessoa que alcança e expressa o novo
entendimento através de sua linguagem, de suas ações, de seu comportamento. Só é espírita
aquele que age com coerência em relação aos princípios que aceita, aquele que o tempo todo está
avaliando as suas ações, em todos os seus papéis e funções na sociedade, procurando cada vez
mais a coerência possível.
A condição para ser espírita não é só conhecer a Doutrina, embora seja fundamental
conhecê-la; não é apenas participar do centro espírita, embora seja importante dele participar; não
é se utilizar de instrumentos de equilíbrio desenvolvidos pela Doutrina embora sejam eficazes para
a preservação da saúde; não é se sentir bem ao participar do exercício mediúnico embora a
persistência e a continuidade na atividade mediúnica abra perspectivas novas para a pessoa. Ser
espírita é, fundamentalmente, fazer “integral mudança de seu comportamento porque sua
consciência crítica se alterou” (Leocádio J. Correia, fevereiro de 2000).
24. 24
Fazer o quê? - Nelson J. Wedderhoff
O que nos faz pensar que uma outra pessoa ou que muitas outras pessoas não são importantes? Que sua vida
não tem valor? Que não merecem nosso respeito ou a nossa atenção? O que nos leva a não gostar dos
outros? A não entendê-los ou a não aceitá-los?
Pode ser que alguns de nós vivenciemos algumas dificuldades de caráter biológico ou psicológico, o que
poderia explicar, mas nunca justificará qualquer ação de agressão à vida, ao meio e às pessoas.
O que fazer? O que fazer para não ser agredido, para não ser roubado, para não ter sua vida interrompida
pela ação de uma outra pessoa? O que fazer para não ser privado da companhia de alguém próximo, ou muito
próximo?
Quem de nós não deseja viver? Viver mais e melhor, na companhia da família e de amigos? O que fazer para
que possamos desfrutar nossa vida com tranqüilidade? Ou, pelo menos, com menor risco de interrupção
devido à ação invasiva de outras pessoas? Veja, refiro-me à pessoas, portanto, seres iguais a nós!
Talvez seja necessário cuidar mais dos outros. Isso mesmo, cuidar! Cuidar para que tenham o Amor como
referência de vida. Amor pela natureza, pelas pessoas (com base em exemplos de Amor). Quem sabe assim
as pessoas passem a gostar mais dos outros, a entender que a vida de todas as pessoas é muito importante e
que ela serão respeitadas como pessoas porque, pelo seu exemplo, ensinaram o respeito pelo ser humano.
Isso vai resolver no curto prazo? Certamente não significativamente, mas é no médio e no longo prazo que
precisamos pensar. Talvez não seja possível evitar outros assassinatos de crianças, de jovens e adultos no
curto prazo, mas certamente conseguiremos reduzir outros que aconteceriam quando a geração de crianças
de hoje alcance a maturidade e tenha seus filhos.
Não nos resta outra saída, senão cuidar das outras pessoas. Mas, quais ações práticas representariam este
cuidado? Vejamos alguns exemplos:
- Faça autoconhecimento. Pergunte-se: Qual é o propósito da minha vida? Mas pense se colocando no lugar
dos menos favorecidos (em diversos aspectos).
- Repense seu voto. Acompanhe seu representante e quem sabe, candidate-se também.
- Envolva-se em trabalhos comunitários.
- Faça planejamento pessoal para poder estudar, trabalhar, cooperar com os outros, participar da família,
cuidar da saúde.
- Preserve a natureza. Reduza a geração de lixo, poupe água e energia, use materiais recicláveis.
Enfim, existe além destas, muitas outras maneiras de ajudar pessoas a se construírem de tal forma que elas
vejam nos outros o significado de estar temporariamente na Terra e possam, por sua vez, investir sua
inteligência, seu tempo, seu potencial na preservação e valorização da vida.
Assim, mesmo sendo temporária, sua passagem por aqui, deixará contribuições permanentes. Por isso deseje
e faça por merecer o maior titulo que alguém pode desejar: o de uma pessoa boa!
Nelson José Wedderhoff
Consultor, professor do ensino superior
www.mediunato.org
25. 25
Vôo Tam 3054 – Acaso, Destino ou Livre Arbítrio? - Paulo H. Wedderhoff
Após uma tragédia coletiva como o acidente da GOL em 2006 ou o acidente da TAM em 2007, é
comum ouvirmos comentários de pessoas ligadas ao meio espírita procurando dar uma explicação que
conforte as pessoas que perderam seus entes queridos.
A maioria das explicações que temos ouvido e lido no meio espírita se direcionam para as ideias mais
trabalhadas pelas pessoas que buscam conforto e esperança. Uma é o acaso e a outra é o destino.
Dependendo da idéia de destino que o leitor faça, pode ficar a sensação de que era para ser assim ou que pela
imprevisibilidade do acaso, a tragédia se tornou inevitável. O perigo é que estas duas opções diminuem a
importância de se investigar causas, estabelecer responsabilidades e punir culpados para evitar que tais fatos
de repitam.
Se aceitarmos que se trata de destino, isto significa que a situação está sob controle de uma força
superior, o que equivale a negar o livre arbítrio. Tal idéia parece aceitável quando analisamos fenômenos
naturais, como terremotos, tsunamis, furacões e inundações. Mesmo assim, depois da primeira surpresa,
passamos a ter a opção de fazer algo a respeito para minimizar os danos decorrentes destas catástrofes
naturais previsíveis. Um exemplo disso está nos efeitos de alguns terremotos no Japão. É admirável notar
que fortes tremores de terra causem poucos danos em algumas áreas do Japão, ao passo que tremores
similares, causem enorme destruição e um enorme número de mortos em outros países. Os Japoneses não
tem controle sobre os terremotos, mas constroem seus novos prédios de modo a resistir a eles com o menor
dano possível.
Se aceitarmos que um acidente, como o TAM 3054, se trata de acaso, isto significa que a situação
não está nem sob o controle humano e nem sob o controle de uma força superior; ou seja, se os fatores
negativos coincidirem, o acidente se tornará inevitável. Estaríamos então nas mãos da sorte. Uma espécie de
loteria da vida onde se não chover tudo dará certo.
Ambas as linhas de pensamento nos encaminham para um perigoso conformismo capaz de gerar uma
repetição infindável de acidentes com perdas de vidas, sem esquecer, que devido ao caos aéreo há uma
enorme perda de tempo que poderia ser aplicado de maneira mais produtiva.
Precisamos pensar mais profundamente sobre o assunto, e tentar construir uma resposta que
sobreviva ao teste da lógica e seja coerente com o que sabemos dos princípios doutrinários do espiritismo.
Entre eles destacamos o princípio do livre arbítrio. Este princípio não significa que temos controle de tudo,
mas que somos responsáveis sobre os desdobramentos daquilo que está sob o nosso controle. O espiritismo
entende que livre arbítrio é o espírito agindo no limite do seu conhecimento e sendo responsável na medida do
seu entendimento.
As unidades culturais espíritas, apoiadas no estudo transdisciplinar da Filosofia, Ciência e Religião,
trabalham no desenvolvimento da capacidade pensante dos seus estudiosos encarnados e desencarnados.
Assim sendo, como espíritas, temos a responsabilidade de questionar, construir evidências e propor
referenciais que contribuam para a mudança nos padrões morais e administrativos das organizações
humanas. Afinal, em muitas situações, transferimos a estas organizações a responsabilidade pelo nosso bem
estar e segurança. Ao confiarmos nossas vidas à manutenção de uma empresa aérea; ao comando da
Aeronáutica ou às decisões de uma agencia reguladora, estamos renunciando a uma parte do nosso livre
arbítrio e passando o controle àqueles que comandam o sistema aéreo.
Quando rejeitamos a idéia de destino ou acaso, nos obrigamos a propor uma terceira alternativa que
explique racionalmente o que aconteceu. Esta terceira explicação aparece quando relacionamos as variáveis
que contribuíram para a ocorrência do acidente. Uma vez listada, a somatória de variáveis causais, indicam
que o acidente poderia ter sido evitado. Para tanto, bastava que cada um cumprisse o seu dever. Cumprir o
dever pode significar estar mais atento às condições de sucesso de qualquer ação. Pode ser uma viagem de
ônibus, um pouso, uma cirurgia, uma operação que pode levar uma empresa à falência, uma alimentação que
pode fazer muito mal, dirigir um automóvel, etc...
26. 26
Em 1978 sobrevivi a uma tentativa de aterrissagem que não terminou em tragédia. Chegávamos ao
aeroporto de Congonhas em um vôo Vasp vindo de Foz do Iguaçu. Já era noite e o aeroporto estava sob uma
forte tempestade. Mesmo assim a torre de comando autorizou o pouso. Ventava muito. Éramos jogados de
um lado para outro nas poltronas a ponto de sentir dores devido ao choque dos quadris contra o apoio dos
braços. O medo era geral. No ultimo instante, ao perceber o fim da pista chegando rapidamente, o piloto
arremeteu o 737 e subiu em uma inclinação inacreditável para uma aeronave tão pesada. Dentro do avião a
gritaria era geral. Homens e mulheres choravam. Atrás de mim alguém gritou: - Eu não quero morrer!
Depois de um pouso suave em Viracopos, muitos bateram na porta da cabine de comando exigindo
que o piloto abrisse a porta e liberasse os passageiros. Depois de uma breve mensagem, o piloto levou o
avião para a cabeceira da pista, decolou novamente e voltou para Congonhas, onde, já sem vento, o pouso
ocorreu normalmente.
Perguntado sobre como via aquilo tudo, o presidente da empresa em que eu trabalhava e que estava
no mesmo vôo respondeu com uma serenidade invejável: - Acho que o piloto também não quer morrer e ele é
o mais preparado entre nós para decidir o que fazer.
Será que teria ocorrido o acidente da TAM se a proibição de pousar apenas com um reverso em dias
de chuva, aplicada ao avião presidencial, fosse também aplicada aos vôos comerciais? Ou se tivesse sido
proibido o pouso de aviões de grande porte em um aeroporto tão pequeno e sem pista de escape? Se a
derrapagem do vôo da Pantanal, no dia anterior e os alertas dos pilotos que apelidaram a pista de “skate no
gelo” fosse levada a sério pelas autoridades do Aeroporto, da Aeronáutica ou da agência reguladora, o
acidente teria ocorrido? Ou se a agência reguladora não tivesse enviado o documento que enganou a juíza que
fechou o aeroporto, forçando-a a liberar a pista recém reformada?
Será que as pessoas que deveriam ter assumido uma posição radical como fez a corajosa juíza, não
deixaram para alguém decidir, ou confiaram no acaso ou no destino?
Quando se somaram as variáveis com potencial de gerar acidentes como: avião de grande porte
pousando em pista de 1940 metros sem escape, comparado com pistas de até 4000 metros; chuva na pista;
pista nova com ausência de canaletas para escoamento da água; limitações no reverso, o qual era
extremamente importante em situações de chuva na pista, percebemos que o acidente se tornou impossível
de evitar. Assim sendo, mesmo sem um profundo conhecimento técnico, é possível a qualquer pessoa que o
analisa, compreender que este acidente ocorreu porque todas as pessoas diretamente envolvidas, permitiram
que a somatória de variáveis causais ultrapassasse os limites de segurança de pouso.
Sem uma melhor compreensão do livre arbítrio e das nossas conseqüentes responsabilidades,
continuaremos prisioneiros de mitos e crenças que tem o potencial de contribuir para gerar novas tragédias.
Como espíritos, todos sabemos de antemão que iremos desencarnar um dia. Saber qual dia e de que maneira
iremos morrer, não nos parece coerente com a lei da diversidade.
Administrar a nossa vida e os fatores que afetam a vida de outros com coerência é responsabilidade
de cada um; assim como, administrar recursos financeiros e técnicos, que impliquem em risco de interrupção
da vida encarnada de muitos é responsabilidade de poucos. Por isso, seria desejável que estas poucas pessoas
passassem a ter acesso a um melhor entendimento do sentido e do significado da vida; para que não sejamos
surpreendidos por novos acidentes que possam interromper nossos projetos de vida antes do esgotamento
natural do nosso capital de vida.
Depois que decola, o destino de um avião é o solo, quer seja por meio de um pouso normal, de um
pouso forçado ou de uma queda fatal. Só devemos lembrar que, antes do pouso, houve a livre escolha do
passageiro de aceitar o risco da viagem e a decisão soberana do piloto de autorizar a decolagem.
Quando as variáveis causais estiverem sob o controle humano, não há porque acreditar que somos
vítimas do destino ou do acaso. Assim sendo, precisamos assumir que somos responsáveis pelas variáveis que
estão sob nosso controle e cumprir com nosso dever sob pena de assumir sérios débitos morais perante nossa
consciência e, portanto, perante as leis naturais.
27. 27
Livre
arbítrio
e
obsessão
-‐
Rui
Paz
A
obsessão
é
tema
recorrente
em
grande
parte
das
casas
espíritas.
Eu
diria,
inclusive,
que
em
muitas
este
tema
é
o
eixo
condutor
das
atividades
nessas
casas.
Portanto,
somente
por
essa
razão
a
questão
requer
uma
reflexão
cuidadosa.
O
conceito
corrente
sobre
obsessão
refere-‐se,
via
de
regra,
à
influência
exercida
por
espíritos
malévolos
sobre
outras
pessoas,
inclusive,
alcançando
estados
de
domínio
e
possessão.
Com
efeito,
a
pessoa
obsidiada
torna-‐se
vítima
de
um
controle
ao
qual
não
pode
resistir,
ou
seja,
seu
livre
arbítrio
fica
tolhido
pela
ação
de
terceiros.
Ora,
em
primeiro
lugar,
devemos
refletir
sobre
algumas
questões
fundamentais
relativas
a
esse
suposto
fenômeno:
há
espíritos
desencarnados
malévolos
entre
nós
encarnados?
O
que
acontece
depois
que
desencarnamos?
Para
onde
vamos?
O
espírito,
sem
o
corpo
físico,
é
capaz
de
permanecer
aqui
na
Terra,
segundo
a
sua
vontade?
Vejamos.
Para
vivermos
na
matéria,
precisamos
de
um
corpo
físico
compatível
com
a
densidade
e
a
frequência
vibratória
dessa
matéria.
Em
outras
palavras,
é
preciso
estabelecer
uma
simetria
entre
matéria
e
espírito.
Como
ambos
são
substancialmente
diferentes,
o
corpo
e
o
perispírito
cumprem
essa
função
mediadora.
Analogamente,
um
profissional
de
mergulho
em
grandes
profundidades,
por
exemplo,
necessita
de
uma
roupagem
especial,
associada
a
tubos
de
oxigênio
e
outros
gases,
para
poder
permanecer
nesses
ambientes
por
um
determinado
tempo.
Ora,
essa
parafernália
nada
mais
é
do
que
o
elemento
mediador
entre
a
assimetria
do
corpo
humano
e
o
ambiente
subaquático,
do
contrário,
seria
impossível
ao
mergulhador
permanecer
submerso
por
longos
períodos.
O
mesmo
ocorre
com
o
espírito
reencarnante.
Ele
necessita
de
um
“escafandro”
para
mediar
a
distância
entre
a
sua
natureza
e
a
da
matéria.
A
assimetria
é
compensada
pelo
perispírito,
que
é
o
elemento
intermediário
entre
ambos.
Esse
“escafandro”
é,
pois,
o
copo
físico.
E,
quando
desencarna,
em
face
do
esgotamento
ou
de
dano
irreparável
do
corpo
material,
perde
completamente
a
condição
de
permanecer
no
ambiente
Terra,
por
absoluta
ausência
de
simetria.
Então,
como
poderia
o
espírito
permanecer
vinculado
ao
polissistema
material
sem
a
mediação
do
corpo
físico?
Qualquer
espírito,
independentemente
de
seu
grau
de
evolução
é
capaz
de,
num
ato
volitivo,
aqui
permanecer
ao
seu
bel-‐prazer?
28. 28
Política
e
cidadania – Paulo
H.
Wedderhoff
Atribui-‐se
a
origem
da
palavra
política
ao
termo
grego
“pólis”
que
significa
cidade.
Quando
pensamos
em
política,
logo
nos
vem
à
mente
a
idéia
de
decisões
que
afetam
muitos.
Uma
política
comercial
de
vender
só
a
vista
ou
só
a
prazo,
é
um
exemplo
de
como
uma
decisão
pode
afetar
um
grupo
de
clientes
ou
todos
os
clientes
de
uma
empresa.
Quando
pensamos
em
política
no
sentido
público,
logo
associamos
com
decisões
que
viram
leis
e
que
podem
afetar
uma
cidade,
um
estado,
uma
nação
ou
todo
o
planeta.
Veja
o
impacto
da
decisão
que
gerou
o
incidente
conhecido
como
11
de
setembro
nos
EUA.
Tomás
de
Aquino,
o
filósofo
dizia
que
política
é
a
arte
de
governar
os
homens
e
administrar
as
coisas,
visando
o
bem
comum,
de
acordo
com
as
normas
da
reta
razão.
A
qualidade
das
decisões
políticas
de
um
governo,
pode
ampliar
ou
diminuir
sua
habilidade
de
influenciar
as
decisões
dos
governados.
Em
uma
democracia,
isto
pode
redundar
na
renovação
de
um
mandato
ou
até
na
remoção
de
um
governante
como
foi
o
caso
do
impedimento
do
ex-‐presidente
Collor.
Devido
à
desinformação
ou
desilusão
relacionadas
às
suas
expectativas,
muitas
pessoas
dizem
categoricamente
que
não
gostam
de
política.
Essas
pessoas,
não
tem
idéia
do
prejuízo
que
estão
gerando
para
si
mesmas
e
para
o
grupo
social.
Votando
em
branco,
ou
anulando
o
voto,
por
exemplo,
diminuem
o
número
de
votos
válidos
e
facilitam
a
vida
de
quem
não
gostariam
de
eleger.
Seria
importante
que
todos
compreendessem
que
seu
desinteresse
equivale
a
renunciar
à
cidadania.
Platão,
o
filósofo
grego,
discípulo
de
Sócrates
dizia:
-‐
Não
há
nada
de
errado
com
aqueles
que
não
gostam
de
política.
Simplesmente
serão
governados
por
aqueles
que
gostam.
Precisamos
mudar
o
nosso
conceito
de
política
e
o
primeiro
passo
é
separar
a
palavra
política,
de
politiqueiro
e
da
politicagem.
Na
Grécia
antiga,
em
cidades
como
Atenas,
os
cidadãos
livres
participavam
da
assembléia
para
discutir
os
problemas
comuns
a
todos
e
tomavam
decisões
destinadas
a
solucioná-‐los.
Baseado
nesta
experiência,
Aristóteles,
um
dos
maiores
sábios
gregos,
dizia
que
política
é
a
ciência
e
a
arte
do
bem
comum.
Para
ele
a
cidade
deveria
ser
governada
em
proveito
de
todos,
e
não
apenas
em
proveito
dos
governantes
ou
de
alguns
grupos.
Muitas
vezes,
não
percebemos,
mas
algumas
decisões
políticas
afetam
a
vida
de
todos.
Os
gastos
públicos,
por
exemplo,
diminuem
as
verbas
disponíveis
para
investimentos
públicos
em
educação,
estradas,
saúde,
segurança,
financiamento
de
novas
empresas,
etc.
Estes
gastos
aumentam
a
dívida
pública
a
qual
precisa
ser
“rolada”,
ou
seja,
contrata-‐se
uma
nova
dívida,
para
pagar
a
velha.
Isto
mantém
os
juros
elevados
e
atrai
especuladores
estrangeiros.
O
aumento
da
oferta
de
dólares
fortalece
o
real
e
derruba
o
cambio.
O
cambio
barato,
deixa
o
produto
importado
mais
competitivo
e
fica
difícil
exportar.
A
produção
cai
e
as
fábricas
dispensam
parte
da
sua
mão
de
obra,
passam
a
produzir
no
exterior
ou
fecham.
Criamos
empregos
lá
fora
e
desemprego
no
Brasil.
É
por
razões
como
estas
que
nenhum
cidadão
sensato
pode
ignorar
a
política.
Cada
pessoa
deve
procurar
compreender
e
participar
da
política.
Para
atuar
politicamente
e
assim
influenciar
o
poder,
cada
cidadão
e
cidadã
deve
se
conscientizar,
informar-‐se,
ouvir,
ler,
falar,
debater,
estudar
e
procurar
formar
sua
opinião
sobre
os
diferentes
problemas.
Com
consciência
política
estaremos
preparados
para
votar,
fazer
sugestões,
acompanhar
os
trabalhos
dos
seus
parlamentares,
exigir
e
reagir
quando
for
necessário.
Toda
eleição
é
um
contrato.
O
candidato
promete,
a
gente
vota
e
espera
que
ele
cumpra
o
que
prometeu.
Se
ele
mentiu
ou
foi
incompetente,
temos
o
direito
de
não
renovar
o
contrato
ou
afastá-‐lo
antes
que
seja
tarde.
A
conscientização
é
o
melhor
remédio
para
que
o
Brasil
desperte.
29. 29
Observar e Pensar - Stephen Kanitz
O primeiro passo para aprender a pensar, curiosamente, é aprender a observar. Só que
isso, infelizmente, não é ensinado. Hoje nossos alunos são proibidos de observar o mundo,
trancafiados que ficam numa sala de aula, estrategicamente colocada bem longe do dia-a-
dia e da realidade. Nossas escolas nos obrigam a estudar mais os livros de antigamente do
que a realidade que nos cerca. Observar, para muitos professores, significa ler o que os
grandes intelectuais do passado observaram – gente como Rousseau, Platão ou Keynes.
Só que esses grandes pensadores seriam os primeiros a dizer "esqueçam tudo o que
escrevi", se estivessem vivos. Na época não existia internet nem computadores, o mundo
era totalmente diferente. Eles ficariam chocados se soubessem que nossos alunos são
impedidos de observar o mundo que os cerca e obrigados a ler teoria escrita 200 ou 2.000
anos atrás – o que leva os jovens de hoje a se sentir alienados, confusos e sem respostas
coerentes para explicar a realidade.
Não que eu seja contra livros, muito pelo contrário. Sou a favor de observar primeiro, ler
depois. Os livros se forem bons, confirmarão o que você já suspeitava. Ou porão tudo em
ordem, de forma esclarecedora. Existem livros antigos maravilhosos, com fatos que não podem ser esquecidos, mas
precisam ser dosados com o aprendizado da observação.
Ensinar a observar deveria ser a tarefa número 1 da educação. Quase metade das grandes descobertas científicas surgiu
não da lógica, do raciocínio ou do uso de teoria, mas da simples observação, auxiliada talvez por novos instrumentos, como o
telescópio, o microscópio, o tomógrafo, ou pelo uso de novos algoritmos matemáticos. Se você tem dificuldade de raciocínio,
talvez seja porque não aprendeu a observar direito, e seu problema nada tem a ver com sua cabeça.
Ensinar a observar não é fácil. Primeiro você precisa eliminar os preconceitos, ou pré-conceitos, que são a carga de atitudes
e visões incorretas que alguns nos ensinam e nos impedem de enxergar o verdadeiro mundo. Há tanta coisa que é escrita
hoje simplesmente para defender os interesses do autor ou grupo que dissemina essa idéia, o que é assustador. Se você
quer ter uma visão independente, aprenda correndo a observar você mesmo.
Sou formado em contabilidade e administração. A contabilidade me ensinou a observar primeiro e opinar (muito) depois.
Ensinou-me o rigor da observação, da necessidade de dados corretamente contabilizados, e também a medir resultados, a
recusar achismos e opiniões pessoais. Aprendi ainda estatística e probabilidade, o método científico de chegar a conclusões,
e finalmente que nunca teremos certeza de nada. Mas aprendi muito tarde, tudo isso me deveria ter sido ensinado bem antes
da faculdade.
Se eu fosse ministro da Educação, criaria um curso obrigatório de técnicas de observação, quanto mais cedo na escala
educacional, melhor. Incentivaria os alunos a estudar menos e a observar mais, e de forma correta. Um curso que
apresentasse várias técnicas e treinasse os alunos a observar o mundo de diversas formas. O curso teria diariamente
exercícios de observação, como:
1. Pegue uma cadeira de rodas, vá à escola com ela por uma semana e sinta como é a vida de um deficiente físico no
Brasil.
2. Coloque uma venda nos olhos e vivencie o mundo como os cegos o vivenciam.
3. Escolha um vereador qualquer e observe o que ele faz ao longo de uma semana de trabalho. Observe quanto ele ganha
por tudo o que faz ou não faz.
Quantas vezes não participamos de uma reunião e alguém diz "vamos parar de discutir", no sentido de pensar e tentar "ver" o
problema de outro ângulo? Quantas vezes a gente simplesmente não "enxerga" a questão? Se você realmente quiser ter
idéias novas, ser criativo, ser inovador e ter uma opinião independente, aprimore primeiro os seus sentidos. Você estará no
caminho certo para começar a pensar.
30. 30
Qual é o Problema? - Stephen Kanitz
Um dos maiores choques de minha vida foi na noite anterior ao meu primeiro dia de pós-graduação em
administração. Havia sido um dos quatro brasileiros escolhidos naquele ano, e todos nós acreditávamos,
ingenuamente, que o difícil fora ter entrado em Harvard, e que o mestrado em si seria sopa. Ledo engano.
Tínhamos de resolver naquela noite três estudos de caso de oitenta páginas cada um. O estudo de caso era
uma novidade para mim. Lá não há aulas de inauguração, na qual o professor diz quem ele é e o que ensinará
durante o ano, matando assim o primeiro dia de aula. Essas informações podem ser dadas antes. Aliás, a
carta em que me avisaram que fora aceito como aluno veio acompanhada de dois livros para ser lidos antes
do início das aulas. O primeiro caso a ser resolvido naquela noite era de marketing, em que a empresa
gastava boas somas em propaganda, mas as vendas caíam ano após ano. Havia comentários detalhados de
cada diretor da companhia, um culpando o outro, e o caso terminava com uma análise do presidente sobre a
situação.
O caso terminava ali, e ponto final. Foi quando percebi que estava faltando algo. Algo que nunca tinha me
ocorrido nos dezoito anos de estudos no Brasil. Não havia nenhuma pergunta do professor a responder. O que
nós teríamos de fazer com aquele amontoado de palavras? Eu, como meus outros colegas brasileiros,
esperava perguntas do tipo "Deve o presidente mudar de agência de propaganda ou demitir seu diretor de
marketing?". Afinal, estávamos todos acostumados com testes de vestibular e perguntas do tipo "Quem
descobriu o Brasil?".
Harvard queria justamente o contrário. Queria que nós descobríssemos as perguntas que precisam ser
respondidas ao longo da vida. Uma reviravolta e tanto. Eu estava acostumado a professores que insistiam em
que decorássemos as perguntas que provavelmente iriam cair no vestibular. Adorei esse novo método de
ensino, e quando voltei para dar aulas na Universidade de São Paulo, trinta anos atrás, acabei implantando o
método de estudo de casos em minhas aulas. Para minha surpresa, a reação da classe foi a pior possível.
"Professor, qual é a pergunta?", perguntavam-me. E, quando eu respondia que essa era justamente a
primeira pergunta a que teriam de responder, a revolta era geral: "Como vamos resolver uma questão que
não foi sequer formulada?".
Temos um ensino no Brasil voltado para perguntas prontas e definidas, por uma razão muito simples: é mais
fácil para o aluno e também para o professor. O professor é visto como um sábio, um intelectual, alguém que
tem solução para tudo. E os alunos, por comodismo, querem ter as perguntas feitas, como no vestibular.
Nossos alunos estão sendo levados a uma falsa consciência, o mito de que todas as questões do mundo já
foram formuladas e solucionadas. O objetivo das aulas passa a ser apresentá-las, e a obrigação dos alunos é
repeti-las na prova final.
Em seu primeiro dia de trabalho você vai descobrir que seu patrão não lhe perguntará quem descobriu o Brasil
e não lhe pagará um salário por isso no fim do mês. Nem vai lhe pedir para resolver "4/2 = ?". Em toda a
minha vida profissional nunca encontrei um quadrado perfeito, muito menos uma divisão perfeita, os números
da vida sempre terminam com longas casas decimais. Seu patrão vai querer saber de você quais são os
problemas que precisam ser resolvidos em sua área. Bons administradores são aqueles que fazem as
melhores perguntas, e não os que repetem suas melhores aulas.
Uma famosa professora de filosofia me disse recentemente que não existem mais perguntas a ser feitas,
depois de Aristóteles e Platão. Talvez por isso não encontramos solução para os inúmeros problemas
brasileiros de hoje. O maior erro que se pode cometer na vida é procurar soluções certas para os problemas
errados. Em minha experiência e na da maioria das pessoas que trabalham no dia-a-dia, uma vez definido
qual é o verdadeiro problema, o que não é fácil, a solução não demora muito a ser encontrada.
Se você pretende ser útil na vida, aprenda a fazer boas perguntas mais do que sair arrogantemente ditando
respostas. Se você ainda é um estudante, lembre-se de que não são as respostas que são importantes na
vida, são as perguntas. Stephen Kanitz é administrador por Harvard (www.kanitz.com.br) Editora
Abril, Revista Veja, edição 1898, ano 38, nº 13, 30 de março de 2005, página 18
31. 31
Carbono14 uma máquina de tempo
Análise da presença de elementos químicos
radioativos permite estimar a idade dos
fósseis
Seis milhões de anos. Essa é a idade
daquela que provavelmente é nosso ancestral
mais antigo, conhecido pelo singelo nome
Orrorin tugenensis. Apesar de bem velhinho,
ele tem sido afrontado por muitos
paleontólogos, que duvidam do seu pedigree
(será ele realmente um hominídeo ou apenas
um chimpanzé?). Assim, oficialmente, a coroa
de vovô ainda pertence ao Ardipithecus ramidus, um garotão de 4,4 milhões de anos, e a briga entre esses
dois parece muito longe do fim.
Mas como os cientistas sabem que o Orrorin e o Ardipithecus viveram há tanto tempo? Ou, então,
como poderiam afirmar que o Santo Sudário – o manto que teria envolvido Jesus Cristo depois da crucificação
– deve ser falso, pois teria sido produzido na Idade Média, por volta de 1300 d.C.? Ou que certas pinturas nas
cavernas de Lascaux, na França, foram feitas por homens pré-históricos há 16 mil anos?
Resposta: por meio de testes com carbono-14. Mas que método é esse?
Imagine a seguinte situação: um rapaz, aos 20 anos, ostenta uma enorme cabeleira. Mas, para seu
desespero, a partir daí, o destino cruel começa a levar os cabelos. Aos 30 anos, restam metade dos fios dos
20. Aos 40, metade do que ele tinha aos 30. E assim por diante. Quer dizer: observando seus cabelos, sempre
poderemos estimar a idade.
Com os fósseis, o raciocínio é semelhante. Claro que ninguém analisa a cabeleira dos fósseis, mas sim
o teor de determinados elementos químicos na sua constituição, ou nos utensílios e rochas encontrados a eles.
No caso do carbono-14 (C-14), a idéia é a seguinte: as plantas absorvem o C-14 (14 é a soma de
prótons e nêutrons no núcleo desse átomo) durante a fotossíntese. O C-14 passa dos vegetais para os animais
pela cadeia alimentar. Assim, todos os seres vivos apresentam um certo teor fixo de C-14. Quando a planta
ou o animal morre, suas reservas de C-14 diminuem porque, como todos os elementos radioativos, o C-14
decai (transforma-se em outro elemento químico, no caso, o nitrogênio-14). O C-14 perde metade de sua
massa a cada 5.730 anos. Em outras palavras, temos um relógio que começa a funcionar no momento em que
o ser morre.
Esses 5.730 anos do C-14 são chamados de meia-vida. Dessa maneira, pode-se fazer a datação de um
fóssil (ou de um artefato de madeira, ou de uma pintura) pelo raciocínio abaixo, muito parecido com o do caso
do nosso amigo ex-cabeludo.
O único porém é que, depois de 70 mil anos, sobra tão pouco que fica difícil medir. É por isso que esse
método não serve para datação de materiais mais antigos.
Para esses casos, existem outros testes, quase todos baseados nos mesmos princípios de meia-vida e
radioatividade. Um exemplo é o método potássio (k-40)/argônio (Ar-40). O K-40, radioativo, decai, originando
o Ar-40 (meia-vida: 1,3 bilhão de anos). Por raciocínio semelhante ao do C-14, pode-se estimar a idade, por
exemplo, de rochas – como as lunares, de quatro bilhões de anos, trazidas pela expedição Apolo 11 – e de
fósseis, como os dos nossos avós Orrorin e Ardipithecus.
Até mesmo a idade do nosso planeta já foi calculada (método urânio-238/ chumbo-206) Com o
conhecimento da meia-vida do urânio-238 (4,5 bilhões de anos), chegou-se à estimativa de mais de 4,5
bilhões de anos.
É uma viagem no tempo que parece coisa de ficção científica. Mas que acontece de verdade, graças à
precisão e à criatividade dos pesquisadores.
10
5
2,5
1,25
0
2
4
6
8
10
5730
11460
17190
22920
Concentração
do
Carbono
14
em
partes
por
bilhão
anos
32. 32
Darwin
–
A
Origem
das
Espécies
O
livro
que
abalou
o
mundo
Alfred
Wallace
sabia
do
interesse
de
Darwin
sobre
a
evolução
e
lhe
mandou
uma
carta
com
o
resumo
de
sua
teoria:
“Sobre
a
tendência
de
as
variedades
se
afastarem
indefinidamente
do
tipo
original”.
Perplexo,
com
o
que
o
Wallace
tinha
escrito,
era
toda
a
sua
teoria
e
disse:
“Até
os
termos
dele
estão
nos
títulos
dos
meus
capítulos”.
Lyell
e
Hooker,
amigos
dos
cientistas,
aconselharam
que
os
dois
lessem
seus
trabalhos
em
um
congresso,
o
que
se
deu
na
Reunião
da
Sociedade
Lineana
de
Londres,
em
junho
de
1858.
Mas
Darwin,
tinha
reunido
muito
mais
provas
para
defender
a
sua
teoria
do
que
Wallace.
E
assim,
em
24
de
novembro
de
1859,
foi
publicado
A
origem
das
espécies
por
seleção
natural.
Reação
contra
“A
origem
das
espécies”
Muitos
colegas
de
Darwin
se
voltaram
contra
ele,
após
a
publicação
do
livro.
Um
deles
foi
Adam
Sedgwick
,
professor
de
Cambridge,
Richard
Owen,
que
ajudara
com
as
espécimes
do
Beagle.
Porém,
houve
outros
que
reconheceram
a
genuína
ciência
das
ideias
de
Darwin.
Juntamente
com
os
amigos,
Hooker
e
Lyell,
o
biólogo
Thomas
Huxley,
falou
em
favor
dele
na
Inglaterra.
Em
oposição
ao
clérigo
americano,
Asa
Gray,
professor
de
botânica
na
Universidade
de
Harvard,
o
defendeu.
Pensamento
em
rede
Como
explicar
que
Wallace,
estando
do
outro
lado
do
mundo,
tivesse
alcançado
as
mesmas
ideias
de
Darwin?
Será
por
que
quando
pensamos
operamos
em
rede
mental?
33. 33
Conceitos - Espiritualismo versus Espiritismo
As religiões que pregam a sobrevivência do espírito após a morte do corpo são classificadas
como espiritualistas. Todos os espíritas são espiritualistas, mas nem todos os espiritualistas são
espíritas.
As religiões de modo geral, buscam entender e explicar o sentido da vida, da dor, morte,
bem como a vida além da vida e cada uma faz a sua interpretação possível, influenciada pela
cultura e pela consciência critica do seu tempo.
O Espiritismo pode ser conceituado como o estudo, a interpretação e a prática dos princípios
da Doutrina Espírita, descobertos e organizados por Allan Kardec.
Desde Allan Kardec e suas descobertas a comunicação com espíritos orientadores adquiriu
um novo padrão e têm propiciado aos estudiosos do assunto o acesso à informações que permitem
fazer o novo olhar sobre ambos os lados da vida.
Reencarnação
Apesar da crença na sobrevivência do espírito, muitas religiões pregam que só se encarna
uma vez. Em outras palavras é como se fosse proibido ao espírito voltar em um novo corpo para
aprender o que não foi possível aprender nesta encarnação, para os crentes na encarnação única,
ou até então, para os crentes nas experiências multi-encarnatórias.
Há outras correntes de pensamento religioso que acreditam na eterna recorrência, ou seja,
que o ser nunca se livra da reencarnação. O Espiritismo entende que o processo reencarnatório é
uma das fases da evolução do espírito.
Livre Arbítrio
O livre arbítrio, ou seja, nossa liberdade para pensar, falar e agir, bem como a ampliação
gradual da nossa consciência sobre esta liberdade e suas consequências faz parte do processo de
evolução do espírito.
Nossa liberdade é equilibrada por outra lei conhecida como causa e efeito. O fato de não
haver controle externo em nossas decisões, implica que também não há intervenção na colheita
dos efeitos do nosso plantio. Mais cedo ou mais tarde encontraremos os efeitos prazerosos ou
dolorosos do que ajudamos a construir em nosso presente, tanto pelas nossas ações como pelas
nossas omissões.
Mediunidade
Um dos recursos que dispomos como meio de acesso e orientação é a mediunidade. Este é
um recurso que todos temos em potencial e que usamos em maior ou menor grau e cujo
aperfeiçoamento depende do exercício.
Cada um de nós é como uma rádio ligada em tempo integral fazendo sintonia com as redes
de pensamento universal. Assim como o potencial de ouvir e aprender a falar dos bebês, podemos
aperfeiçoar nossa capacidade de fazer acesso e troca de ideais com as infinitas faixas mentais que
preenchem o universo do pensamento. Podemos comparar o potencial musical com o potencial
mediúnico. Como espíritos todos têm o potencial musical pleno, mas nem todos se interessam em
aprender a ler partituras, tocar instrumentos, compor melodias e cantar.