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2ª Edição ampliada
Dados Internacionais d
e Catalogação na Publicação (CIP)
(Câmara Brasileira do Livro, S
P
, Brasil)
Han, Byung-Chul
Sociedade do cansaço / Byung-Chul Han ; tradução de
Enio Paulo Giachini. 2' edição ampliada - Petrópolis,
R J : Vozes, 2017.
Título original : Müdigkeitsgesellschaft
Bibliografia.
6ª reimpressão, 2020.
ISBN 978-85-326-4996-6
1. Depressão mental - Aspectos sociais 2. Fadiga
mental - Aspectos sociais 3. Paradigmas (Ciências
Sociais) 4. Sociedade 1. Título.
-
15-01597 CDD-301.01
Índices para catálogo sistemático:
1. Sociologia e filosofia 301.01
© Matthes & Seitz Berlin Verlag. Berlin, 2010.
Título do original em alemão: Müdigkeitsgesellschaft
Direitos de publicação em língua portuguesa - Brasil:
© 2015, Editora Vozes Ltda.
Rua Frei Luís, 100
25689-900 Petrópolis, RJ
www.vozes.com.br
Brasil
Todos os direitos reservado . Nenhuma parte desta obra
poderá er reproduzida ou transmitida por qualquer forma
e/ou quaisquer meios (eletrónico ou mecânico, incluindo
f tocópía e gravação) ou arquivada em qualquer si. tema ou
banco ele dados em permi ã o e crltn da editora.
CONSELHO EDITORIAL
Diretor
Gilberto Gonçalves Garcia
Editores
Aline dos Santos Carneiro
Edrian Josué Pasini
Marilac Loraine Oleniki
Welder Lancieri Marchini
Conselheiros
Francisco Morás
Ludovico Garmus
Teobaldo Heidemann
Volney J. Berkenbrock
Secretário executivo
João Batista Kreuch
Editoração: Flávia Peixoto
Diagramapio: Sandra Bretz
Projeto du capa: Pierre Fauchau
Arte-finalização: Jardim Objeto
ISBN 978-85-326-4996-6 (Brasil)
ISBN 978-3-88221-616-5 (Alemanha)
Editado conforme o novo acordo ortográfico.
Este livro foi composto e impresso pela Editora Vozes Ltda.
Sumário
1 A violência neuronal, 7
2 Além da sociedade disciplinar, 23
3 O tédio profundo, 31
4 Vita activa, 39
5 Pedagogia do ver, 51
6 O Caso Bartleby, 59
7 Sociedade do cansaço, 69
8 Anexos
- Sociedade do esgotamento, 79
- 'Fempo de celebração - a festa numa época
sem celebração, 109
Anexos
Sociedade do esgotamento.
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O aparato psíquico freudiano, dotado de
mandamentos e proibições, é um aparato re­
pressivo e impositivo. Está estruturado como
uma sociedade disciplinar, composta de hos­
pitais, asilos, presídios, quartéis e fábricas. Por
isso, a psicanálise freudiana só pode ser efeti­
va numa sociedade repressiva, que baseia sua
organização na negatividade das proibições. A
sociedade de hoje não é primordialmente uma
sociedade disciplinar, mas uma sociedade de
desempenho, que está cada vez mais se des­
vinculando da negatividade das proibições e
se organizando como sociedade da liberdade.
O verbo modal que define a sociedade do
desempenho não é o "dever" freudiano, mas
o poder hábil (Kõnnen). Essa mudança social
traz consigo uma reestruturação também no
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eia": "Todo homem tem uma consciência mo-
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ral e se vê observado, ameaçado por um juiz
interno, que o obriga ao respeito (com medo
que isso lhe custe alguma advertência); e essa
violência que vigia nele para o cumprimento
das leis não é algo que ele próprio cria (arbitra­
riamente), mas está incorporada em seu ser?".
Também o sujeito kantiano está dividido em
si, como acontece com o sujeito freudiano.
Age interpelado por outro, que é, porém, parte
dele próprio: "Essa disposição natural intelec­
tual, originária e (por ser uma representação
de dever) moral, chamada de consciência mo­
ral (Gewissen), tem uma característica espe­
cial, a saber, muito embora esse negócio seja
um negócio próprio do ser humano consigo
mesmo, ele se vê, todavia, obrigado por sua
consciência a levá-lo adiante por convocação
de uma outra pessoa"
37•
Em virtude dessa divi­
são da pessoa, Kant vai falar de "duplo si-mes-
36 KANT, 1. Die Metaphysik der Sitten. Darmstadt, 1983,
p. 573 [ed. por W
. Weischedel].
37 Loc. cit.
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da moralidade está seguro de receber a grati­
ficação. Ele mantém uma relação íntima com
o outro como instância da gratificação. Aqui
não há crise de gratificação, pois Deus não en -
gana, e nele se pode confiar.
O sujeit�_ de desempenho da modernida­
de tardia não se submete a nenhum trabalho
compulsório. Suas máximas não são obediên­
cia, lei e cumprimento do dever, mas liberdade
e boa vontade. Do trabalho, espera acima de
tudo alcançar prazer. Tampouco se trata de se­
guir o chamado de um outro. Ao contrário, ele
ouve a si mesmo. Deve ser um empreendedor
de si mesmo. Assim, ele se desvincula da negati­
vidade das ordens do outro. Mas essa liberdade
do outro não só lhe proporciona emancipação
e libertação. A dialética misteriosa da liberdade
transforma essa liberdade em novas coações.
A falta de relação com o outro provoca
acima de tudo uma crise de gratificação. A
gratificação como reconhecimento pressupõe
a instância do outro ou do terceiro. Também
Richard Sennet liga a crise da gratificação a
uma perturbação narcisista e à falta de um
relacionamento com o outro: "Enquanto dis-
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É bem verdade que Sennett restabelece
uma ligação das perturbações psíquicas do in­
divíduo atual com o narcisismo, mas tira con­
clusões equivocadas: "O constante aumento
das expectativas, de tal modo que a respectiva
postura jamais fique completamente insatis­
feita, corresponde à capacidade de levar a ter­
mo alguma coisa. Evita-se o sentimento de ter
alcançado uma meta, pois com isso se estaria
objetivando a própria vivência, o que adotaria
uma configuração, uma forma, e assim teria
consistência independentemente do si-rnes­
mo"". Mas na realidade a coisa é totalmen­
te diferente. O sentimento de ter alcançado
uma meta não é "evitado" deliberadamente. Ao
contrário, o sentimento de ter alcançado uma
meta definitiva jamais se instaura. Não é que o
sujeito narcisista não queira chegar a alcançar
a meta. Ao contrário, não é capaz de chegar à
conclusão. A coação de desempenho força-o a
produzir cada vez mais. Assim, jamais alcan­
ça um ponto de repouso da gratificação. Vive
constantemente num sentimento de carência
41 Loc. cit., p. 581.
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toma conhecimento das possessões objetuais
que acontecem no id, evita-as com o processo
de repressão. O caráter contém em si a histó­
ria da repressão. Reflete certa relação do ego
com o i d e com o superego. Enquanto a pessoa
histérica apresenta uma morfologia caracterís­
tica, a pessoa depressiva não tem forma, sim, é
amorfa. Ele é um homem sem características.
Carl Schmitt observa ser um "sinal de di­
visão interior" o fato de se "possuir mais do
que um único inimigo verdadeiro" Isso se
aplicaria também à relação com o amigo. Para
Schmitt seria um sinal de falta de caráter e de
forma, ter mais do que um único amigo. Os
muitos amigos que alguém tem no facebook,
para Schmitt, seriam uma indicação de falta de
caráter e falta de forma do ego pós-moderno.
Vertido em sentido positivo, esse homem sem
caráter significaria o homem flexível, aquele
que pode acolher toda e qualquer forma, todo
e qualquer papel, toda e qualquer função. Essa
falta de forma ou flexibilidade produz uma efi­
ciência econômica elevada.
Como acentua Freud, o inconsciente e a
repressão são em "grande medida correlati-
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tendo-o a sua homossexualidade reprimida.
O "caso Schreber" é um caso típico daquela
sociedade disciplinar do século XIX, onde rei­
nava uma proibição estrita da homossexuali­
dade; sim, do prazer como tal.
O inconsciente não tem influência na de­
pressão. Alain Ehrenberg, porém, insiste nes­
sa tecla: "Foi a história da depressão que nos
ajudou a compreender essa reviravolta social e
espiritual. Seu incremento incontido perpassa
as duas dimensões de modificações que perfi­
zeram o sujeito da primeira metade do século
XX: a libertação psíquica e a insegurança da
identidade, a iniciativa pessoal e a incapaci­
dade de agir. Essas duas dimensões deixam cla­
ros dois riscos antropológicos, que residem no
fato de que na psiquiatria o conflito neurótico
inclina para a insatisfação depressiva. O indi­
víduo que dali surge se vê confrontado com
mensagens do desconhecido, que ele não con -
segue dominar, dessa parte irredutível que os
ocidentais chamaram de inconsciente [ .. .]"
4 3
•
43 E H R E N B E R G , A. Das erschôpfte Selbst- Depression und
Gesellschaft in der Gegenwart. Frankfurt a . M . 2004, p. 273.
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lente com o outro, que tenha se perdido, que
preceda a enfermidade depressiva do sujeito
de desempenho atual. Ali não há qualquer
participação da dimensão do outro. O respon­
sável pela depressão, na qual acaba desembo­
cando o burnout, é antes de mais nada a autor­
relação sobre-exaltada, sobremodulada, narci­
sista, que acaba adotando traços depressivos.
O sujeito de desempenho esgotado, depressivo
está, de certo modo, desgastado consigo mes­
mo. Está cansado, esgotado de si mesmo, de
lutar consigo mesmo. Totalmente incapaz de
sair de si, estar lá fora, de confiar no outro,
no mundo, fica se remoendo, o que parado­
xalmente acaba levando a autoerosão e ao es­
vaziamento. Desgasta-se correndo numa roda
de hamster que gira cada vez mais rápida ao
redor de si mesma. Também os novos meios
de comunicação e as técnicas de comunicação
estão destruindo cada vez mais a relação com
o outro. O mundo digital é pobre em alterida­
de e em sua resistência. Nos círculos virtuais,
o eu pode mover-se praticamente desprovido
do "princípio de realidade", que seria um prin -
cípio do outro e da resistência. Ali, o eu nar-
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O ego pós-moderno emprega grande parte de
sua energia da líbido para si mesmo. O restan­
te da libido é distribuído em cantatas sempre
crescentes e relações superficiais e passagei­
ras. Em virtude de um fraco "elo de ligação'; é
muito fácil retirar a libido de um objeto e com
isso direcioná-la rumo à posse de novos obje­
tos. O "trabalho de enlutarnento" demorado
e dolorido acabou se tornando desnecessário.
A "alegria" que se encontra nas redes sociais
de relacionamento tem sobretudo a função de
elevar o sentimento próprio narcísico. Ela for­
ma uma massa de aplausos que dá atenção ao
ego exposto ao modo de uma mercadoria.
Alain Ehrenberg parte de uma distinção
meramente quantitativa entre melancolia e
depressão. A melancolia, que seria algo pró­
prio de uma classe elitista, teria se democra­
tizado, hoje, e se transformado em depressão:
"Se a melancolia era uma característica pró­
pria do homem extraordinário, a depressão é
expressão de uma popularização do extraordi­
nário?". A depressão é uma "melancolia so-
46 Loc. cit., p. 262.
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tural do sujeito de desempenho esgotado. As­
sim, ele aparece como um homem de tempo
livre. O contrário disso, para Nietzsche, seria o
hiperativo. A "alma forte" conserva o "repou­
so", "move-se lentamente" e sente uma "relu­
tância frente ao demasiadamente-vivaz". Em
Assim falava Zaratustra, Nietzsche escreve:
"Vós todos que amais o trabalho selvagem e o
rápido, o novo, o estranho - vós vos suportais
muito mal, vossa operosidade e esforço é fuga
e vontade de esquecer a vós mesmos. Se acre­
ditásseis mais na vida, vos entregaríeis menos
ao instante. Mas vós não tendes conteúdo su­
ficiente em vós para a espera - e mesmo para a
preguiça, não!"
48•
O que torna doente é a falta
de gravidade, que ajudaria ao si-mesmo nesse
aspecto. Mas o imperativo que compromete
todo mundo a "ter de tornar-se ele próprio':
"pertencer somente a si mesmo", não produz
aquela gravidade conclusiva.
Mas a crítica cultural de Nietzsche é pro­
blemática na medida em que abstrai dos
48 NIETZSCHE, F. Also sprach Zarathustra - Ein Buch für
alie und keinen (1883-1885). ln: COLLI, G. & MONTINARI,
M. (eds.). Nietzsche Werke- Kritische Gesamtausgabe. Seção
6ª, vol. 1, Berlim, 1968, p. 52s.
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precede a depressão, não remete tanto àquele
indivíduo soberano, ao qual falta a força para
"ser senhor de si mesmo". O burnout, ao con­
trário, é a consequência patológica de uma
autoexploração. O imperativo da expansão,
transformação e do reinventar-se da pessoa,
cujo contraponto é a depressão, pressupõe
uma oferta de produtos ligados à identidade.
Com quanto mais frequência se troca de iden­
tidade, tanto mais se impulsiona a produção.
A sociedade disciplinar industrial depende de
uma identidade firme e imutável, enquanto
que a sociedade do desempenho não indus­
trial necessita de uma pessoa flexível, para po­
der aumentar a produção.
Ehrenberg responsabiliza a falta de relação
com o conflito pelo surgimento da depressão:
"O surgimento da depressão deve-se à perda
de relação com o conflito, sobre o qual s e b a ­
seia o conceito de sujeito, como nos foi herda­
do pelo final do século XIX"
49
• O modelo de
conflito domina a psicanálise clássica. A cura
para isso consiste em reconhecer, ou seja, es-
49 E H R E N B E R G . Das erschôpfte Selbst, p. 11.
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eles venham à fala. Ele já não é capaz de ela­
borar o conflito, uma vez que esse processo é
simplesmente por demais demorado. É muito
mais simples lançar mão de antidepressivos
que voltam a restabelecer o sujeito funcional
e capaz de desempenho.
O fato de que, hoje, a luta não se dê tanto
entre grupos, ideologias e classes, mas entre os
indivíduos, não é tão decisiva para a crise do
sujeito de desempenho como acredita Ehren­
berg". Problemática não é a concorrência en­
tre os indivíduos, mas o fato de tomarem a si
mesmos como referência e de aguçar neles,
assim, sua concorrência absoluta. O sujeito de
desempenho concorre consigo mesmo e, sob
uma coação destrutiva, se vê forçado a superar
constantemente a si próprio. Essa autocoação,
que se apresenta como liberdade, acaba sendo
51 Cf., loc. cit., p. 267: "No lugar das lutas entre os grupos,
surge a concorrência individual. [. . . ] Nós vivenciamos um
fenômeno duplo: Uma universalização crescente, mas que
continua sendo abstrata {a globalização) e uma individuali­
zação igualmente crescente, mas que pode ser sentida de
forma bem concreta. Podemos combater em conjunto um
chefe ou uma classe adversária, mas como fazer isso frente
à globalização?"
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O sujeito de desempenho pós-moderno
não está submisso a ninguém. Propriamente
falando, não é mais sujeito, uma vez que esse
conceito se caracteriza pela submissão (subject
to, sujet à, sujeito a). Ele se positiva, liberta-se
para um projeto. A mudança de sujeito para
projeto, porém, não suprime as coações. Em
lugar da coação estranha, surge a autocoação,
que se apresenta como liberdade. Essa evolu­
ção está estreitamente ligada com as relações
de produção capitalistas. A partir de um certo
nível de produção, a autoexploração é essen­
cialmente mais eficiente, muito mais produ­
tiva que a exploração estranha, visto que ca­
minha de mãos dadas com o sentimento da
liberdade. A sociedade de desempenho é uma
sociedade de autoexploração. O sujeito de
desempenho explora a si mesmo, até consu­
mir-se completamente (burnout). Ele desen­
volve nesse processo uma autoagressividade,
que não raro se agudiza e desemboca num
suicídio. O projeto se mostra como um pro­
jetil, que o sujeito de desempenho direciona
contra si mesmo.
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do direito. Assim, o soberano não precisa ter
direito para impor o direito. Na medida em
que ele suspende a ordem do direito, o esta­
do de exceção acaba produzindo um espaço
desprovido de direito onde ele pode inter­
vir de forma absoluta em cada indivíduo. A
produção da vida desnuda do homo sacer é
o desempenho originário da soberania. Sua
vida está e é desnuda porque ele está fora da
ordem do direito e assim pode ser morto a
qualquer momento.
Segundo Agamben, a vida humana só se
politiza através de sua entrada e interferência
no poder da soberania, a saber, só através do
"ser-abandonado [abbandono] a um poder in­
condicional sobre a morte"
52•
A vida desnuda,
passível de morte, e o poder da soberania con­
dicionam seu mútuo surgimento: "Contraria­
mente ao que nós, modernos, estamos acos­
tumados a pensar como espaço político nos
conceitos de direitos de cidadania, da vontade
livre e do contrato social, a partir do ponto
52 AGAMBEN, G. Homo sacer= Die Souverânitât der Macht
und das nackte Leben. Frankfurt a . M . 2002, p. 100.
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na base da mudança da sociedade da sobera­
nia para a sociedade do desempenho.
O sujeito de desempenho está livre da ins­
tância de domínio exterior que o obrigue ao
trabalho e o explore. Está submetido apenas
a si próprio. Mas a supressão da instância de
domínio externa não elimina a estrutura de
coação. Ela, antes, unifica liberdade e coação.
O sujeito de desempenho acaba entregando-se
à coação livre a fim de maximizar seu desem­
penho. Assim ele explora a si mesmo. Ele é o
explorador e ao mesmo tempo o explorado,
o algoz e a vítima, o senhor e o escravo. O sis­
tema capitalista mudou o registro da explora­
ção estranha para a exploração própria, a fim
de acelerar o processo. O sujeito de desempe­
nho, que se imagina como soberano de si mes­
mo, como homo liber, aparece como o homo
sacer. O sujeito de desempenho, como sobe­
rano, mostra-se ao mesmo tempo como homo
sacer de si mesmo. Assim homo liber mostra
ser homo sacer. Numa lógica paradoxal, tam­
bém na sociedade do desempenho, soberano
e homo sacer acabam condicionando mutua­
mente seu surgimento.
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de si mesmo.
A economia capitalista absolutiza a sobre­
vivência. Ela se nutre da ilusão de que mais ca­
pital gera mais vida, que gera mais capacida­
de para viver. A divisão rígida, rigorosa entre
vida e morte marca a própria vida com uma
rigidez assustadora. A preocupação por uma
boa vida dá lugar à histeria pela sobrevivên­
eia". A redução da vida a processos biológi­
cos, vitais, deixa a vida desnuda, despe-a de
toda narratividade. Retira à vida a vivacidade,
que a vida é algo muito mais complexo que
mera vitalidade e saúde. A mania da busca por
saúde surge sempre que a vida se tornou des­
nuda, como uma cédula de dinheiro, e quando
54 Aristóteles chama a atenção para o fato de que o in­
tento de puramente ganhar capital seria algo condenável,
pois estaríamos ocupados com o sustento da mera vida e
não com a boa vida: "Desse modo, a muitos, isso parece
ser a tarefa da administração doméstica, ou da economia,
e defendem amplamente a ideia de que se deve proteger o
poder monetário ou multiplicá-lo ao infinito. A razão desse
modo de pensar é o esforço laborioso em prol da vida, mas
não em prol da boa vida; mas uma vez que aquele desejo
se expande ao ilimitado, também desejam poder operacio­
nalizar possibilidades infinitas" (Política, 1257b).
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tos. Sua vida equipara-se à de mortos-vivos.
Estão por demais vivos, para morrer, e por de­
mais mortos para viver.
Tempo de celebração- a festa numa época
sem celebração"
Hoje vivemos numa época desprovida de
festividade, numa época sem celebração. O
que é uma festa? Já a especificidade linguística
nos dá uma indicação sobre seu ser. No ver­
náculo se diz, celebramos uma festa. A cele­
bração acompanha uma temporalidade espe­
cífica da festa. A palavra celebração (Begehung)
destaca a ideia de um objetivo para o qual nos
encaminhamos. Na celebração o que se dá pri­
mariamente é que não precisamos nos enca-
minhar para algum ponto para chegar lá. Na
festa, o tempo como sequencial de momentos
passageiros e fugidios é suspenso. Adentra­
mos na celebração da festa como adentramos
num espaço onde nos demoramos. O aden­
trar numa celebração se contrapõe ao trans-
56 Conferência proferida na abertura do Festival de arte
de Ruhr (Ruhrtriennale}, 2015.
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pela primeira vez"; onde estamos na com­
panhia dos deuses, onde nos tornamos
inclusive divinos, onde sopra o hálito da
criação e se participa do ato da criação.
Essa é a essência da festa
58•
A festa é o evento, o lugar onde estamos
junto com os deuses, onde inclusive nós pró­
prios nos tornamos divinos. Os deuses se ale­
gram quando os seres humanos jogam e brin­
cam; os seres humanos jogam e brincam para
os deuses. Se vivemos numa época sem festa,
se vivemos numa época desprovida de cele­
brações, já não temos mais qualquer relação
com o divino.
No livro de Platão chamado Nomoi (As
leis), diz-se o seguinte: "Mas o homem foi
feito para ser um brinquedo de Deus, e isso é
realmente o melhor que há nele. Assim, pois,
cada um, tanto um varão quanto uma mulher,
seguindo essa instrução e jogando os mais
belos jogos deve viver a vida" "Deve-se viver
brincando e jogando [... ], fazendo oferendas,
cantando e dançando, para poder despertar
58 KERÉNYI, K. Antike Religion. Stuttgart, 1995, p. 43s.
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desaceleração nem pela aceleração. Precisa­
mos de uma nova forma de vida, uma nova
narrativa, donde possa surgir uma nova épo­
ca, um outro tempo vital, uma forma de vida
que nos resgate da estagnação espasmódica.
Tanto a festa quanto a celebração tem uma
origem religiosa. A palavra latina feriae sig­
nifica as ações próprias do culto religioso de
um determinado tempo. Fanum significa "sa­
grado, um lugar consagrado a uma deidade':
A festa começa onde cessa o tempo cotidiano
pro-fano (literalmente: o que se localiza antes
das cercanias sagradas). Então se é consagra­
do no tempo celebrativo da festa. Quando se
suspende aquele umbral, aquela passagem,
aquela consagração que separa o sagrado do
profano, restará ainda apenas o tempo cotidia­
no, passageiro, que então será explorado como
tempo de trabalho. Hoje em dia o tempo de
celebração desapareceu totalmente em prol
do tempo do trabalho, que acabou se tor­
nando totalitário. A própria pausa se conser­
va implícita no tempo de trabalho. Ela serve
apenas para nos recuperar do trabalho, para
poder continuar funcionando.
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que estabelece laços.
Na sociedade do trabalho e do desempe­
nho de hoje, que apresenta traços de uma so­
ciedade coativa, cada um carrega consigo um
campo, um campo de trabalho. A caracterís­
tica específica desse campo de trabalho é que
cada um é ao mesmo tempo detento e guarda,
vítima e algoz, senhor e escravo. Nós explora­
mos a nós mesmos. O que explora é ao mes­
mo tempo o explorado. Já não se pode distin­
guir entre algoz e vítima. Nós nos otimizamos
rumo à morte, para melhor poder funcionar.
Funcionar melhor é interpretado, fatalmente,
como melhoramento do si- mesmo.
A autoexploração é muito mais eficiente
que a exploração estranha, pois caminha de
mãos dadas com o sentimento de liberdade.
Paradoxalmente, o primeiro sintoma do bur­
nout é a euforia. Lançarno-nos eufóricos ao
trabalho. Por fim acabamos quebrando.
Na época do relógio de ponto era possível
estabelecer uma clara separação entre traba­
lho e não trabalho. Hoje edifícios de trabalho
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mais coações do que o dever disciplinar, que
profere ordens e proibições. O dever possui
um limite. Mas a habilidade não possui limi­
te algum. Está aberta para elevar-se e crescer.
Assim, a coação que provém da habilidade é
ilimitada. Com isso, nos vemos colocados
numa situação paradoxal. A liberdade é pro­
priamente a contrafigura da coação. Ser livre
significa ser livre de coações. Apenas que essa
liberdade, que tem de ser o contrário da coa­
ção, gera ela própria coações. As enfermidades
psíquicas como a depressão ou o burnout são
a expressão de uma profunda crise da liber­
dade. São um sinal patológico de que hoje a
liberdade está se transformando em coação.
É bem possível que a sociedade antiga fosse
bem mais repressiva que a atual. Mas hoje não
somos essencialmente livres. A repressão cede
lugar à depressão.
A vida hoje se transformou num sobre­
viver. A vida enquanto um sobreviver acaba
levando à histeria da saúde. A pessoa sadia
irradia paradoxalmente um quê de mórbido,
algo de sem-vida. Sem a negatividade da mor-
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Nós nos transformamos em zumbis saudáveis
e fitness, zumbis do desempenho e do botox.
Assim hoje, estamos por demais mortos para
viver, e por demais vivos para morrer.
O homem não nasceu para o trabalho.
Quem trabalha não é livre. Para Aristóteles, o
homem livre é alguém independente das ne­
cessidades da vida e de suas coações. Ele tem
à disposição três formas de vida livre: primei­
ramente a vida que se volta ao gozo das coi­
sas belas, depois, a vida que produz belos atos
na polis, e por fim a vida contemplativa, que
se conserva na investigação daquilo que não
passa, se mantém no âmbito da beleza perene.
Segundo isso, são livres os poetas, os políticos
e os filósofos.
Esses se distinguem daquelas formas de
vida que meramente servem para a conser­
vação da vida. Assim, a vida do comerciante,
voltada para o lucro, não é livre. Para Hanna
Arendt, as três formas de vida livre têm em
comum o fato de, as três, se desenrolarem no
âmbito do belo, isto é, na sociedade de coisas
que não são necessariamente usadas, e que
até sequer são úteis para algo determinado.
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de justiça, um aumento de felicidade. Agir po­
lítico significa fazer com que surja algo total­
mente novo, ou o nascimento de uma situação
social nova. O argumento muito conhecido,
segundo o qual não há outra alternativa, nada
mais significa que o fim da política. Hoje, os
políticos trabalham muito, mas não agem.
O neoliberalismo, que gera muitas injusti­
ças, não é algo muito bonito. A palavra inglesa
fair significa tanto justo quanto belo. Também
a palavra fagar (antigo alto-alemão) significa
belo. Originalmente, a palavra fegen significa
deixar brilhando. O duplo sentido de [air é
uma indicação marcante de que, originaria­
mente, beleza e justiça se sustentam na mesma
ideia. A justiça é vista como bela. Há uma si­
nestesia especial que liga a justiça com a bele­
za. Como ensina o filósofo Giorgio Agamben,
profanação significa atribuir às coisas um uso
diferente, um uso livre, um uso com objetivos
estranhos, para além de suas conexões funcio­
nais originárias: "quando estão brincando com
alguma tralha velha que lhe caiu nas mãos, as
crianças transformam em brinquedo qualquer
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nheiro, que hoje é fetichizado de forma bem
marcante num brinquedo.
Esses episódios acabam se tornando algo
bem incomum em razão de terem ocorrido
precisamente num país que hoje sofre terrivel­
mente sob o jugo do capital, sob o terror do
neoliberalismo. Trata-se, de fato, de um ter­
rorismo do capital e do capitalismo financei­
ro. Aquele episódio incomum que se deu na
Grécia possui um caráter eminentemente sim­
bólico. Acena como um sinal vindo do futuro.
Hoje, há que se profanar o trabalho, a produ­
ção, o capital, o tempo de trabalho, transfor­
mando-os em tempo de jogo e de festa.
Também a beleza está referida ao cará­
ter de festa. Karl Kerényi escreve o seguinte:
"Enfeitar-se para uma festa e ir assim bem
bonito para uma festa, como só é possível
a seres humanos mortais, que através desse
gesto assemelham-se aos deuses, isso é um
traço fundamental da essência da festa, cria-
do para a arte; é um parentesco originário do
elemento festivo com o belo, que porém em
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perderam esse valor cultual. O valor cultual
deu lugar ao valor expositivo e ao valor de
mercado. As obras de arte não são expostas na
rua festiva, mas no museu e são armazenadas e
guardadas em cofres de bancos. Museus e co­
fres bancários são depósitos de ossadas da arte.
São lugares do tempo-zero, sim, do não-tempo.
Originalmente, obras de arte são mani­
festações de vida intensa, superabundante,
exuberante. Hoje, essa intensidade da vida foi
totalmente perdida. Ela deu lugar ao consumo
e à comunicação. Também o Eros deu lugar
à pornografia. Hoje em dia, tudo é rebaixado
ao nível zero absoluto. E é precisamente essa
igualitação que acaba acelerando a circulação
da informação, comunicação e capital. Ela au­
menta o nível de produtividade e eficiência.
Hoje em dia, as coisas só começam a ter
valor quando são vistas e expostas, quando
chamam a atenção. Hoje, nos expomos no
facebook, e com isso nos transformamos em
mercadoria. Originariamente, a palavra produ­
ção não significa fabricação e confecção, mas
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mercado. A intenção que está ao fundo desse
conceito é que toda a pessoa, toda sua vida é
transformada num valor puramente comer­
cial. O hipercapitalismo atual dissolve total­
mente a existência humana numa rede de rela­
ções comerciais. Já não existe nenhum âmbito
da vida que consiga se eximir da degradação
provocada.pelo comércio. O hipercapitalismo
transforma todas as relações humanas em re­
lações comerciais. Ele arranca a dignidade do
ser humano, substituindo-a completamente
pelo valor de mercado.
No mundo de hoje, tudo que é divino e
festivo ficou obsoleto. Tudo se transformou
numa grande e única loja comercial. A assim
chamada economia sharing está transforman­
do a cada um de nós em vendedor, sempre
espreitando na busca de clientes. Nós enche­
mos o mundo com objetos e mercadorias com
vida útil e validade cada vez menores. Essa
loja de mercadorias não se distingue muito de
um manicômio. Aparentemente, temos tudo;
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