1. Galera,
Como todos já sabem, a partir de março não estarei mais a frente do
Departamento de História e nem o integrarei mais. Em uma música importantíssima,
Roda Viva, Chico Buarque diz que:
A gente quer ter voz ativa
No nosso destino mandar
Mas eis que chega a roda-viva
E carrega o destino pra lá
Pois é... A roda-viva me levou pra lá...para fora do Curso de História...para o
Curso de Arqueologia... Nem no maior dos devaneios etílicos eu poderia imaginar isto!
Depois de 20 anos de UERJ, uma mudança tão grande.
Na verdade, é algo extremamente estimulante: começar um curso, iniciar do
“zero”. Estou muito, muito feliz, me sentindo revigorado, esperançoso. Mas, confesso,
me sinto igualmente dividido por deixar a História, que, na verdade, é a minha origem.
Já disse inúmeras vezes, que sou ex-aluno. Não canso de repetir, pois isto me dá
uma grande identidade. Quando sentava, mais ou menos, nas mesmas carteiras que
vocês, jamais poderia imaginar tudo que viria a acontecer. Ao entrar para o Curso,
pretendia somente ser um professor de ensino médio. Não que isto seja algo menor,
muito pelo contrário, mas eram estas minhas pretensões, minhas perspectivas.
Mas, isto é a roda-viva. Na verdade continuaremos a nos encontrar sempre. O
Curso de Arqueologia ficará no 9º andar, as disciplinas eletivas serão universais, todos
poderão cursá-las. Aliás, durante as reuniões do projeto do curso, lutei para que ele
ficasse no IFCH. Isto me consola e tranquiliza.
Contudo, a maior tranquilidade, vem da certeza de que saio do Curso de História
com o respeito e carinho, se não de todos (nunca pretendi ser uma unanimidade), pelo
menos da grande maioria de vocês. Só o que fiz, para isso, foi trabalhar, me dedicar, me
identificar com nossa Universidade.
Creio que, nos dois últimos anos, esta relação se aprofundou, com minha atuação
a frente do Departamento. Procurei não permitir que a função de Chefia fosse,
simplesmente, burocrática. Minha intenção sempre foi gerir o Departamento de maneira
política e, sobretudo, humana, me esforçando para resolver os problemas que vocês me
traziam e, quando não podia resolver, encaminhando para quem pudesse. Sobretudo, fiz
questão de que vocês não ficassem sem um retorno. Desta forma, creio que
estabelecemos uma relação de parceria, sem esquecer o papel que cada um de nós
desempenha nisso tudo.
Por isso, ficarei com saudades. Vocês me deram lições que jamais esquecerei.
Tenho passagens que foram marcantes não só na minha carreira, mas também na minha
formação como ser humano. São coisas que ficarão para a vida toda. Sem dúvida, a
relação que desenvolvemos, me ajudará ainda mais na Arqueologia. Muito obrigado a
vocês todos.
Teria ainda muito a dizer, mas o risco de virar pieguice é grande. Então, termino
da mesma forma como comecei, com Chico Buarque:
Amanhã vai ser outro dia...
Um grande abraço para vocês todos
Paulo Seda