2. 1 ORIGENS DAS CIÊNCIAS HUMANAS
Desde muito cedo, assuntos sobre comportamento humano
foram objetos de estudo da filosofia. No entanto, apenas no final
do século XIX as ciências humanas começaram a buscar seu
próprio método e algo que as diferenciasse entre si.
A análise do contexto socioeconômico europeu do final do século
XIX pode nos ajudar a compreender a urgência das pesquisas que
deram origem às ciências humanas. Vale destacar as significativas
transformações decorrentes tanto do fortalecimento do
capitalismo industrial como da consolidação da burguesia no
poder.
3. 1 ORIGENS DAS CIÊNCIAS HUMANAS
Desde muito cedo, assuntos sobre comportamento humano
foram objetos de estudo da filosofia. No entanto, apenas no final
do século XIX as ciências humanas começaram a buscar seu
próprio método e algo que as diferenciasse entre si.
A intenção de expandir o capitalismo entrava em choque com as
culturas subjugadas, relutantes diante das condições impostas.
Foi nesse contexto que nasceram as ciências humanas, como
expressão da necessidade de compreender não só as relações
entre os indivíduos, mas também entre as diferentes culturas.
4. 2 DIFICULDADES METODOLÓGICAS DAS CIÊNCIAS HUMANAS
Enquanto as ciências da natureza têm como objeto algo que se
encontra fora do sujeito que conhece, as ciências humanas
voltam-se para o próprio sujeito do conhecimento. Podemos,
portanto, imaginar as dificuldades enfrentadas por cientistas de
algumas áreas, como economia, sociologia, antropologia,
psicologia, geografia humana e história, para pesquisar com
isenção aquilo que diz respeito tão diretamente ao próprio sujeito
– seu objeto de estudo.
Examinemos algumas das dificuldades para estabelecer o método
das ciências humanas
5. a) Complexidade
A complexidade dos fenômenos humanos, sejam psíquicos,
sociais, sejam econômicos, resiste às tentativas de simplificação.
O comportamento humano, entretanto, resulta de múltiplas
influências – hereditariedade, meio, impulsos, desejos, memória,
bem como da consciência e da vontade –, o que o torna
extremamente complexo. Note, por exemplo, a complexidade
envolvida em estudar a motivação dos votos numa eleição.
b) Experimentação
É sempre difícil identificar e controlar por experimentos diversos
fatores que influenciam os atos humanos, por variados motivos: a
natureza artificial dos experimentos controlados pode falsear
resultados; a repetição do fenômeno talvez altere os efeitos, já
que o indivíduo, como ser afetivo e consciente, nunca vive uma
segunda situação de maneira idêntica à anterior, até porque
possui memória.
6. b) Experimentação
Além disso, certos experimentos sofrem restrições de caráter
ético, ao se indagar, por exemplo, se é lícito submeter pessoas a
situações que coloquem em risco sua integridade física, psíquica
ou moral.
c) Matematicidade
A passagem da física aristotélica para a física clássica de Galileu
deu-se pela transformação de qualidades em quantidades, ou
seja, a ciência tornou-se mais rigorosa por utilizar a matemática
em suas medidas. Por isso, nos casos de possível aplicação da
matemática, recorre-se a técnicas estatísticas, com resultados
sempre aproximativos e sujeitos à interpretação.
7. d) Subjetividade
A subjetividade refere-se às características do sujeito, aquilo que
o torna pessoal e singular. Do ponto de vista do conhecimento, os
pesquisadores das ciências da natureza aspiram à objetividade, à
avaliação aceita por todos da comunidade científica. No caso das
ciências humanas, por serem o homem e suas ações o próprio
objeto que se quer conhecer, torna-se mais difícil alcançar a
neutralidade, embora ela seja sempre procurada. Como exemplo
de risco de subjetividade, destaca-se o esforço de um historiador
ao interpretar eventos históricos enquanto ainda estão sendo por
ele vivenciados.
8. e) Liberdade
As regularidades na natureza permitem estabelecer leis e, por
meio delas, prever a incidência de um fenômeno. Porém, como
aceitar a previsão de comportamentos se admitirmos a liberdade
humana?
O relato de algumas das dificuldades das ciências humanas em
constituir seus métodos não significa a inviabilidade de
reconhecê-las como ciências, afinal elas estão aí, algumas já
consolidadas e outras procurando seu espaço. Além disso, o
método escolhido depende, de certa maneira, de pressupostos
filosóficos que embasem a visão de mundo do cientista.