O documento discute a categoria de camponês ao longo da história, desde a Idade Média até a modernidade. Apresenta diferentes perspectivas teóricas sobre camponeses e analisa como foram percebidos e afetados por acontecimentos como a Guerra dos Camponeses na Alemanha em 1525. Também reflete sobre os desafios na definição e estudo de camponeses devido à heterogeneidade da categoria e visões preconcebidas sobre eles.
O documento descreve o livro "Felizmente há Luar" de Luís de Sttau Monteiro. O livro critica o regime ditatorial de Salazar em Portugal nos anos 1960 através de alegorias históricas. Recria eventos de 1817 para falar sobre a repressão política, censura, medo e miséria vividos pelo povo português na época.
1. O livro analisa a evolução da percepção e atitude em relação à história ao longo dos tempos, desde a Idade Média até o século XX.
2. A obra discute como diferentes correntes de pensamento, como o marxismo e o conservadorismo, enxergam a história.
3. Também examina como o homem moderno passou a se envolver de forma diferente com a história a partir do século XVII.
Este documento resume um trabalho acadêmico sobre a obra "Fronteira" do sociólogo brasileiro José de Souza Martins. O trabalho analisa como Martins conceitua a fronteira como um lugar de conflito e desumanização, onde diferentes concepções de humanidade colidem. Ele argumenta que a fronteira representa o renascimento do capitalismo através da superexploração do trabalho e formas análogas à escravidão. O trabalho também discute a metodologia de Martins, que adota a perspectiva das vítimas e realiza
Este documento resume as principais personagens presentes no texto dramático "Felizmente há luar!" de Luís de Sttau Monteiro. As personagens são divididas entre o povo português, traidores do povo, governantes, e personagens principais e secundárias. A personagem principal é Gomes Freire de Andrade, visto como herói do povo e ameaça pelos governantes, representando valores como integridade e liberdade.
O documento discute o período Pré-Modernista da literatura brasileira entre o início do século XX e a Semana de Arte Moderna de 1922. Apresenta duas definições para o termo: uma temporal e outra temática/formal. Também caracteriza a literatura do período, marcada por um interesse renovado pelos problemas sociais e culturais do Brasil, como precursora do Modernismo.
Este documento discute a aplicação da antropologia cultural à literatura comparada. Argumenta que conceitos da antropologia como sincretismo, adaptação e reinterpretação também se aplicam aos fenômenos literários. Defende que para entender influências literárias entre culturas é necessário considerar os "meios internos" como estruturas sociais e papéis de cada sociedade.
1) O documento resume a obra "Triste Fim de Policarpo Quaresma" de Lima Barreto, contando a história de um funcionário público nacionalista chamado Policarpo Quaresma. 2) Policarpo tem ideias excêntricas sobre valorizar a cultura brasileira que o fazem ser alvo de chacota. 3) Após sofrer decepções, Policarpo se envolve na Revolta da Armada e acaba condenado à morte, percebendo no fim que dedicou a vida a uma causa ilusória.
Formas de resistência camponesa: visibilidade e diversidade de conflitos ao l...iicabrasil
Apresentamos aos leitores – especialmente aos militantes camponeses, aos interessados e aos estudiosos da questão camponesa no Brasil – uma obra que é o resultado de um fantástico esforço intelectual e coletivo. A elaboração da História Social do Campesinato no Brasil envolveu grande número de estudiosos e pesquisadores dos mais variados pontos do país, num esforço conjunto, planejado e articulado, que resulta agora na publicação de dez volumes retratando parte da história, resistências, lutas, expressões, diversidades, utopias, teorias explicativas, enfi m, as várias faces e a trajetória histórica do campesinato brasileiro. A idéia de organizar uma História Social do Campesinato no Brasil afl orou no fi m de 2003, durante os estudos e os debates para a elaboração de estratégias de desenvolvimento do campesinato no Brasil que vinham sendo realizados desde meados desse ano por iniciativa do Movimento de Pequenos Agricultores (MPA), com envolvimento, em seguida, da Via Campesina Brasil, composta, além de pelo próprio MPA, pelo Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST), pelo Movimento de Atingidos por Barragens (MAB), pelo Movimento de Mulheres Camponesas (MMC), pela Comissão Pastoral da Terra (CPT), pela Pastoral da Juventude Rural (PJR), pelo Conselho Indigenista Missionário (Cimi) e pela Federação dos Estudantes de Agronomia do Brasil (Feab).
O documento descreve o livro "Felizmente há Luar" de Luís de Sttau Monteiro. O livro critica o regime ditatorial de Salazar em Portugal nos anos 1960 através de alegorias históricas. Recria eventos de 1817 para falar sobre a repressão política, censura, medo e miséria vividos pelo povo português na época.
1. O livro analisa a evolução da percepção e atitude em relação à história ao longo dos tempos, desde a Idade Média até o século XX.
2. A obra discute como diferentes correntes de pensamento, como o marxismo e o conservadorismo, enxergam a história.
3. Também examina como o homem moderno passou a se envolver de forma diferente com a história a partir do século XVII.
Este documento resume um trabalho acadêmico sobre a obra "Fronteira" do sociólogo brasileiro José de Souza Martins. O trabalho analisa como Martins conceitua a fronteira como um lugar de conflito e desumanização, onde diferentes concepções de humanidade colidem. Ele argumenta que a fronteira representa o renascimento do capitalismo através da superexploração do trabalho e formas análogas à escravidão. O trabalho também discute a metodologia de Martins, que adota a perspectiva das vítimas e realiza
Este documento resume as principais personagens presentes no texto dramático "Felizmente há luar!" de Luís de Sttau Monteiro. As personagens são divididas entre o povo português, traidores do povo, governantes, e personagens principais e secundárias. A personagem principal é Gomes Freire de Andrade, visto como herói do povo e ameaça pelos governantes, representando valores como integridade e liberdade.
O documento discute o período Pré-Modernista da literatura brasileira entre o início do século XX e a Semana de Arte Moderna de 1922. Apresenta duas definições para o termo: uma temporal e outra temática/formal. Também caracteriza a literatura do período, marcada por um interesse renovado pelos problemas sociais e culturais do Brasil, como precursora do Modernismo.
Este documento discute a aplicação da antropologia cultural à literatura comparada. Argumenta que conceitos da antropologia como sincretismo, adaptação e reinterpretação também se aplicam aos fenômenos literários. Defende que para entender influências literárias entre culturas é necessário considerar os "meios internos" como estruturas sociais e papéis de cada sociedade.
1) O documento resume a obra "Triste Fim de Policarpo Quaresma" de Lima Barreto, contando a história de um funcionário público nacionalista chamado Policarpo Quaresma. 2) Policarpo tem ideias excêntricas sobre valorizar a cultura brasileira que o fazem ser alvo de chacota. 3) Após sofrer decepções, Policarpo se envolve na Revolta da Armada e acaba condenado à morte, percebendo no fim que dedicou a vida a uma causa ilusória.
Formas de resistência camponesa: visibilidade e diversidade de conflitos ao l...iicabrasil
Apresentamos aos leitores – especialmente aos militantes camponeses, aos interessados e aos estudiosos da questão camponesa no Brasil – uma obra que é o resultado de um fantástico esforço intelectual e coletivo. A elaboração da História Social do Campesinato no Brasil envolveu grande número de estudiosos e pesquisadores dos mais variados pontos do país, num esforço conjunto, planejado e articulado, que resulta agora na publicação de dez volumes retratando parte da história, resistências, lutas, expressões, diversidades, utopias, teorias explicativas, enfi m, as várias faces e a trajetória histórica do campesinato brasileiro. A idéia de organizar uma História Social do Campesinato no Brasil afl orou no fi m de 2003, durante os estudos e os debates para a elaboração de estratégias de desenvolvimento do campesinato no Brasil que vinham sendo realizados desde meados desse ano por iniciativa do Movimento de Pequenos Agricultores (MPA), com envolvimento, em seguida, da Via Campesina Brasil, composta, além de pelo próprio MPA, pelo Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST), pelo Movimento de Atingidos por Barragens (MAB), pelo Movimento de Mulheres Camponesas (MMC), pela Comissão Pastoral da Terra (CPT), pela Pastoral da Juventude Rural (PJR), pelo Conselho Indigenista Missionário (Cimi) e pela Federação dos Estudantes de Agronomia do Brasil (Feab).
Este documento discute o uso da zombaria como uma arma antifeminista para ridicularizar e diminuir as mulheres que lutavam por direitos e desafiavam os papéis de gênero tradicionais. Ele explora exemplos históricos de como a zombaria foi usada contra feministas, desde a Grécia Antiga até o período da contracultura de 1960-1980 no Brasil, quando publicações como O Pasquim ridicularizaram militantes feministas.
Este documento resume a peça de teatro "Felizmente Há Luar!" de Luís de Sttau Monteiro. A peça é ambientada no século XIX em Portugal e explora a opressão política da ditadura de D. Miguel contra os liberais, representados pela figura do General Gomes Freire, preso injustamente. A peça critica a aliança entre o poder político e a Igreja para manter o povo oprimido.
Este documento discute a cultura popular no Brasil no século XIX. Aborda como Sílvio Romero foi pioneiro nos estudos sobre folclore e cultura popular no país com o objetivo de construir uma identidade nacional. Também discute como a busca por características e identidade nacionais se iniciaram no Brasil apenas no século XIX, diferentemente da Europa, influenciada pelos ideais do Estado Nacional.
Resenha do texto historia das mentalidades e historia cultural r vainfasSandra Kroetz
1) O autor discute a história das mentalidades no contexto da Escola dos Annales francesa, que buscava estudar as mentalidades e modo de vida das massas, em contraposição à história focada em eventos políticos e militares.
2) É apresentada a evolução da Escola dos Annales em três fases, com ênfase inicial na economia e, posteriormente, no estudo das mentalidades.
3) O conceito de mentalidades é debatido, com dificuldades em sua definição e delimitação conceitual, contribuindo para seu de
Felizmente Há Luar! é um drama que retrata a sociedade portuguesa do século XIX sob o absolutismo e a ditadura do século XX sob Salazar. A peça apresenta uma dualidade, refletindo dois períodos opressivos, e usa símbolos para representar a esperança de liberdade. Conta a história do General Gomes Freire, condenado e executado por sua luta contra a opressão, cuja morte incentiva a revolta contra a tirania.
O documento descreve o contexto histórico e de escrita da peça "Felizmente Há Luar". A obra retrata Portugal no século XIX sob o regime absolutista opressivo e a luta por liberdade. Foi escrita no século XX durante a ditadura de Salazar para criticar o seu regime autoritário através de paralelos com o passado.
O documento resume a peça "Felizmente Há Luar!", de Luís de Sttau Monteiro. A peça se passa no século XIX durante a revolução francesa e usa essa história para criticar a ditadura de Salazar no século XX. A peça usa técnicas de teatro épico para fazer o público refletir em vez de sentir emoções. Ela contrasta personagens que representam o povo oprimido com governantes corruptos para denunciar injustiças tanto no passado quanto no presente.
1) A peça dramática "Felizmente Há Luar!" de Luís Sttau Monteiro retrata a revolta liberal frustrada de 1817 em Portugal e a prisão e execução de Gomes Freire. 2) A peça usa a técnica do "teatro épico" de Brecht para promover uma análise crítica da sociedade e encorajar os espectadores a tomarem uma posição. 3) A peça explora temas como a tirania, opressão, injustiça e necessidade de uma sociedade mais solidária.
Da história das mentalidades à história cultural - Teoria da história IIKaio Veiga
A história das mentalidades declinou a partir da década de 1980 devido a fortes críticas, abrindo espaço para novos campos como a história da vida privada e da sexualidade. Estes campos absorveram parte das mentalidades. No entanto, o principal refúgio das mentalidades foi a história cultural, que buscou corrigir as imperfeições teóricas das mentalidades e defender a legitimidade do estudo do "mental" sem abrir mão da história como disciplina. A história cultural apresenta uma abordagem pluralista e valoriza estratificações socioc
As obras Memorial do Convento e Felizmente há Luar! ambas criticam o poder absoluto e a opressão do povo. Memorial do Convento descreve a construção do Convento de Mafra e critica a Igreja e o rei D. João V. Felizmente há Luar! retrata a tentativa frustrada de uma revolta liberal em 1817 e critica o governo autoritário de Salazar. Ambas apresentam personagens do povo e da nobreza, e abordam temas como amor, liberdade e justiça.
O documento descreve o espaço físico e social da obra "Felizmente Há Luar", incluindo locais em Lisboa e personalidades históricas. As principais personagens são caracterizadas, como Gomes Freire, herói do povo, D. Miguel Forjaz, governante corrupto, e Frei Diogo, representante honesto do clero. O documento fornece detalhes sobre o contexto histórico e social da época retratada na obra.
1) O documento discute a Nova História Cultural, abordando seu surgimento a partir da crítica ao paradigma tradicional da história e da influência dos movimentos dos Annales e da história social marxista.
2) É apresentada a autora Lynn Hunt e seu livro "A Nova História Cultural", que deu nome ao movimento. Seus principais expoentes como Foucault, Bourdieu e as ideias de longa duração de Braudel também são discutidos.
3) O programa da Nova História Cultural é definido como uma abordagem que privilegia
Roger Chartier propõe uma nova abordagem para a história cultural, focando nas representações sociais e práticas culturais ao invés de apenas eventos. Ele argumenta que as representações constroem o sentido do presente e que o historiador deve considerar como os textos são apropriados e lidos. Chartier também discute como conceitos de outros teóricos como Foucault, Certeau e Bourdieu influenciaram seu trabalho.
Este documento é um resumo de um artigo acadêmico sobre a obra de Machado de Assis. Analisa como sua obra literária aborda questões sociais do Brasil do século XIX, contrariando visões anteriores que enxergavam pouca atenção a esses temas. Compara perspectivas de diferentes críticos literários como John Gledson, Roberto Schwarz e Sidney Chalhoub sobre temas como patriarcalismo, escravidão e política no Império. Busca relacionar aspectos sociais retratados na obra de Machado com a compreens
Este documento resume a peça de teatro "Felizmente Há Luar!" de 1961 escrita por Luís de Sttau Monteiro. A peça critica o regime ditatorial de Salazar através de uma alegoria sobre uma revolta liberal frustrada em 1817. A obra denuncia o poder opressor representado por figuras como o General Beresford e reflete o drama de um povo sob repressão e censura.
1) O texto analisa o livro "A Invenção da Favela" de Licia do Prado Valladares, que explora como as representações sociais sobre favelas foram construídas ao longo de 100 anos no Rio de Janeiro.
2) A autora argumenta que três "dogmas" foram consolidados: que favelas são diferentes da cidade, são territórios da pobreza e têm unidade interna, negligenciando diferenças.
3) O livro reconstitui as metamorfoses dessas representações por meio de uma periodização que cobre desde a origem da
A peça Felizmente há luar! retrata a prisão e condenação à morte do general Gomes Freire de Andrade pela Junta Governativa portuguesa em 1817, sob a repressão do regime absolutista. A peça utiliza diversos recursos estilísticos e simbologias para denunciar a opressão do povo e a luta pela liberdade no contexto tanto do século XIX como do Estado Novo português no século XX.
Plinio marcos um maldito dramaturgo intelectual brasileiroHelciclever Barros
O artigo discute a formação intelectual do dramaturgo brasileiro Plínio Marcos, analisando sua peculiar trajetória e a peça Navalha na Carne. Aborda como Plínio Marcos renovou o teatro brasileiro avaliando críticamente os problemas sociais dos anos 1960-1970 e como sua obra reflete ideias libertinas do século XVII.
Gomes Freire de Andrade é perseguido politicamente e preso pelo regime autoritário português do século XIX. Ele é condenado à morte, levando Matilde e Sousa Falcão a se revoltarem contra a tirania. Apesar da resignação do povo, Matilde acredita que a luz da liberdade, representada pelo luar, acabará por vencer a escuridão da opressão.
- Vicente deseja ascender socialmente e é incumbido por D. Miguel de vigiar a casa de Gomes Freire de Andrade, general admirado pelo povo, mas visto como inimigo pelos opressores.
- Beresford, D. Miguel e Principal Sousa temem as ideias liberais de Andrade e planejam implantar um sistema opressor que mantenha os privilégios da nobreza e a desigualdade social.
- A peça expõe a luta entre os que defendem a liberdade e a justiça versus os que desejam manter
Sérgio buarque de holanda raízes do brasilJorge Miklos
O livro Raízes do Brasil analisa as origens históricas e culturais do Brasil, identificando pares de características opostas como trabalho e aventura, rural e urbano. Essas dicotomias refletem traços ibéricos como a repulsa ao trabalho regular e a preferência por atividades improvisadas. Isso levou a uma sociedade com falta de organização e estrutura estatal fraca.
1) O documento discute o trabalho de Ellen Meiksins Wood sobre o "mito da plebe desocupada" na Grécia Antiga e como esse conceito influenciou interpretações sobre o mundo romano.
2) A autora argumenta que os espetáculos de gladiadores eram populares entre todas as camadas sociais romanas, não apenas a "plebe desocupada".
3) O documento defende novas abordagens para entender os espetáculos na arena romana além da visão de que eram apenas para manter a população ocupada.
Este documento discute o uso da zombaria como uma arma antifeminista para ridicularizar e diminuir as mulheres que lutavam por direitos e desafiavam os papéis de gênero tradicionais. Ele explora exemplos históricos de como a zombaria foi usada contra feministas, desde a Grécia Antiga até o período da contracultura de 1960-1980 no Brasil, quando publicações como O Pasquim ridicularizaram militantes feministas.
Este documento resume a peça de teatro "Felizmente Há Luar!" de Luís de Sttau Monteiro. A peça é ambientada no século XIX em Portugal e explora a opressão política da ditadura de D. Miguel contra os liberais, representados pela figura do General Gomes Freire, preso injustamente. A peça critica a aliança entre o poder político e a Igreja para manter o povo oprimido.
Este documento discute a cultura popular no Brasil no século XIX. Aborda como Sílvio Romero foi pioneiro nos estudos sobre folclore e cultura popular no país com o objetivo de construir uma identidade nacional. Também discute como a busca por características e identidade nacionais se iniciaram no Brasil apenas no século XIX, diferentemente da Europa, influenciada pelos ideais do Estado Nacional.
Resenha do texto historia das mentalidades e historia cultural r vainfasSandra Kroetz
1) O autor discute a história das mentalidades no contexto da Escola dos Annales francesa, que buscava estudar as mentalidades e modo de vida das massas, em contraposição à história focada em eventos políticos e militares.
2) É apresentada a evolução da Escola dos Annales em três fases, com ênfase inicial na economia e, posteriormente, no estudo das mentalidades.
3) O conceito de mentalidades é debatido, com dificuldades em sua definição e delimitação conceitual, contribuindo para seu de
Felizmente Há Luar! é um drama que retrata a sociedade portuguesa do século XIX sob o absolutismo e a ditadura do século XX sob Salazar. A peça apresenta uma dualidade, refletindo dois períodos opressivos, e usa símbolos para representar a esperança de liberdade. Conta a história do General Gomes Freire, condenado e executado por sua luta contra a opressão, cuja morte incentiva a revolta contra a tirania.
O documento descreve o contexto histórico e de escrita da peça "Felizmente Há Luar". A obra retrata Portugal no século XIX sob o regime absolutista opressivo e a luta por liberdade. Foi escrita no século XX durante a ditadura de Salazar para criticar o seu regime autoritário através de paralelos com o passado.
O documento resume a peça "Felizmente Há Luar!", de Luís de Sttau Monteiro. A peça se passa no século XIX durante a revolução francesa e usa essa história para criticar a ditadura de Salazar no século XX. A peça usa técnicas de teatro épico para fazer o público refletir em vez de sentir emoções. Ela contrasta personagens que representam o povo oprimido com governantes corruptos para denunciar injustiças tanto no passado quanto no presente.
1) A peça dramática "Felizmente Há Luar!" de Luís Sttau Monteiro retrata a revolta liberal frustrada de 1817 em Portugal e a prisão e execução de Gomes Freire. 2) A peça usa a técnica do "teatro épico" de Brecht para promover uma análise crítica da sociedade e encorajar os espectadores a tomarem uma posição. 3) A peça explora temas como a tirania, opressão, injustiça e necessidade de uma sociedade mais solidária.
Da história das mentalidades à história cultural - Teoria da história IIKaio Veiga
A história das mentalidades declinou a partir da década de 1980 devido a fortes críticas, abrindo espaço para novos campos como a história da vida privada e da sexualidade. Estes campos absorveram parte das mentalidades. No entanto, o principal refúgio das mentalidades foi a história cultural, que buscou corrigir as imperfeições teóricas das mentalidades e defender a legitimidade do estudo do "mental" sem abrir mão da história como disciplina. A história cultural apresenta uma abordagem pluralista e valoriza estratificações socioc
As obras Memorial do Convento e Felizmente há Luar! ambas criticam o poder absoluto e a opressão do povo. Memorial do Convento descreve a construção do Convento de Mafra e critica a Igreja e o rei D. João V. Felizmente há Luar! retrata a tentativa frustrada de uma revolta liberal em 1817 e critica o governo autoritário de Salazar. Ambas apresentam personagens do povo e da nobreza, e abordam temas como amor, liberdade e justiça.
O documento descreve o espaço físico e social da obra "Felizmente Há Luar", incluindo locais em Lisboa e personalidades históricas. As principais personagens são caracterizadas, como Gomes Freire, herói do povo, D. Miguel Forjaz, governante corrupto, e Frei Diogo, representante honesto do clero. O documento fornece detalhes sobre o contexto histórico e social da época retratada na obra.
1) O documento discute a Nova História Cultural, abordando seu surgimento a partir da crítica ao paradigma tradicional da história e da influência dos movimentos dos Annales e da história social marxista.
2) É apresentada a autora Lynn Hunt e seu livro "A Nova História Cultural", que deu nome ao movimento. Seus principais expoentes como Foucault, Bourdieu e as ideias de longa duração de Braudel também são discutidos.
3) O programa da Nova História Cultural é definido como uma abordagem que privilegia
Roger Chartier propõe uma nova abordagem para a história cultural, focando nas representações sociais e práticas culturais ao invés de apenas eventos. Ele argumenta que as representações constroem o sentido do presente e que o historiador deve considerar como os textos são apropriados e lidos. Chartier também discute como conceitos de outros teóricos como Foucault, Certeau e Bourdieu influenciaram seu trabalho.
Este documento é um resumo de um artigo acadêmico sobre a obra de Machado de Assis. Analisa como sua obra literária aborda questões sociais do Brasil do século XIX, contrariando visões anteriores que enxergavam pouca atenção a esses temas. Compara perspectivas de diferentes críticos literários como John Gledson, Roberto Schwarz e Sidney Chalhoub sobre temas como patriarcalismo, escravidão e política no Império. Busca relacionar aspectos sociais retratados na obra de Machado com a compreens
Este documento resume a peça de teatro "Felizmente Há Luar!" de 1961 escrita por Luís de Sttau Monteiro. A peça critica o regime ditatorial de Salazar através de uma alegoria sobre uma revolta liberal frustrada em 1817. A obra denuncia o poder opressor representado por figuras como o General Beresford e reflete o drama de um povo sob repressão e censura.
1) O texto analisa o livro "A Invenção da Favela" de Licia do Prado Valladares, que explora como as representações sociais sobre favelas foram construídas ao longo de 100 anos no Rio de Janeiro.
2) A autora argumenta que três "dogmas" foram consolidados: que favelas são diferentes da cidade, são territórios da pobreza e têm unidade interna, negligenciando diferenças.
3) O livro reconstitui as metamorfoses dessas representações por meio de uma periodização que cobre desde a origem da
A peça Felizmente há luar! retrata a prisão e condenação à morte do general Gomes Freire de Andrade pela Junta Governativa portuguesa em 1817, sob a repressão do regime absolutista. A peça utiliza diversos recursos estilísticos e simbologias para denunciar a opressão do povo e a luta pela liberdade no contexto tanto do século XIX como do Estado Novo português no século XX.
Plinio marcos um maldito dramaturgo intelectual brasileiroHelciclever Barros
O artigo discute a formação intelectual do dramaturgo brasileiro Plínio Marcos, analisando sua peculiar trajetória e a peça Navalha na Carne. Aborda como Plínio Marcos renovou o teatro brasileiro avaliando críticamente os problemas sociais dos anos 1960-1970 e como sua obra reflete ideias libertinas do século XVII.
Gomes Freire de Andrade é perseguido politicamente e preso pelo regime autoritário português do século XIX. Ele é condenado à morte, levando Matilde e Sousa Falcão a se revoltarem contra a tirania. Apesar da resignação do povo, Matilde acredita que a luz da liberdade, representada pelo luar, acabará por vencer a escuridão da opressão.
- Vicente deseja ascender socialmente e é incumbido por D. Miguel de vigiar a casa de Gomes Freire de Andrade, general admirado pelo povo, mas visto como inimigo pelos opressores.
- Beresford, D. Miguel e Principal Sousa temem as ideias liberais de Andrade e planejam implantar um sistema opressor que mantenha os privilégios da nobreza e a desigualdade social.
- A peça expõe a luta entre os que defendem a liberdade e a justiça versus os que desejam manter
Sérgio buarque de holanda raízes do brasilJorge Miklos
O livro Raízes do Brasil analisa as origens históricas e culturais do Brasil, identificando pares de características opostas como trabalho e aventura, rural e urbano. Essas dicotomias refletem traços ibéricos como a repulsa ao trabalho regular e a preferência por atividades improvisadas. Isso levou a uma sociedade com falta de organização e estrutura estatal fraca.
1) O documento discute o trabalho de Ellen Meiksins Wood sobre o "mito da plebe desocupada" na Grécia Antiga e como esse conceito influenciou interpretações sobre o mundo romano.
2) A autora argumenta que os espetáculos de gladiadores eram populares entre todas as camadas sociais romanas, não apenas a "plebe desocupada".
3) O documento defende novas abordagens para entender os espetáculos na arena romana além da visão de que eram apenas para manter a população ocupada.
O documento discute a crítica feita pelos Annales à história "tradicional" no início do século 20 e os pontos em comum entre a abordagem dos Annales e a concepção marxista de história, como a ênfase na síntese global que explique a sociedade como uma totalidade estruturada e a vinculação da pesquisa histórica com preocupações do presente.
O documento descreve o período literário Pré-Modernista no Brasil, apresentando seu contexto histórico e social turbulento, suas principais características e autores. O Pré-Modernismo marcou a transição entre o Realismo/Naturalismo para o Modernismo, com obras que criticavam a sociedade brasileira por meio de uma linguagem renovada.
Aula hist. do livro. braude212121121l.pdfeverethvt
Este documento discute a vida e obra do historiador Fernand Braudel. Em três parágrafos, aborda a trajetória intelectual e carreira de Braudel, sua concepção inovadora de história que incorporava diferentes temporalidades e a interdisciplinaridade, e sua influente obra "O Mediterrâneo e o Mundo Mediterrâneo à Época de Filipe II".
Entre praticas e_representacoes_os_folhetins_nos_anos_sessentaSilvana Oliveira
Este documento apresenta um resumo de uma dissertação de mestrado sobre as representações sociais na década de 1960 através dos folhetins publicados pela revista Capricho no Brasil. O objetivo é analisar como esses folhetins refletiam a mentalidade feminina da época e as formas de leitura e cultura popular, sem colocá-los de modo simplista como "cultura de massa".
Pós-modernismo e a arte de definir a contemporaneidadeAmanda Guerra
O texto apresenta a discussão em torno do conceito de pós-modernismo e como ele surgiu para tentar definir as mudanças culturais, sociais e econômicas observadas a partir da década de 1980. Aponta que o termo se tornou popular por ser vago e impreciso, sugerindo mais do que definindo essas transformações. Também discute a relação do pós-modernismo com o modernismo, especialmente seu caráter antimodernista e de negação dos pressupostos modernistas.
1. A Revolução Francesa herdou um problema de pobreza crescente nos anos que antecederam o evento, com um em cada cinco franceses dependendo de assistência para sobreviver.
2. A Revolução assumiu a responsabilidade pelos pobres, removendo privilégios, mas o Estado não estava preparado para as reformas radicais necessárias e a caridade clerical também diminuiu.
3. Situações semelhantes de pobreza extrema e insegurança existiam na Inglaterra da época, com grandes contrastes entre r
O documento descreve o período literário Pré-Modernista no Brasil, apresentando seu contexto histórico e social turbulento, características e principais autores. O Pré-Modernismo marcou a transição do Realismo/Naturalismo para o Modernismo, com obras que criticavam a sociedade brasileira através de uma perspectiva regionalista e denunciativa. Autores como Euclides da Cunha, Monteiro Lobato e Lima Barreto retrataram os conflitos da época e diferentes realidades do país.
O documento descreve a literatura Pré-modernista no Brasil entre 1900-1922, um período de transição entre o Realismo/Naturalismo para o Modernismo. Apresenta os principais autores como Euclides da Cunha, Monteiro Lobato e Lima Barreto, além de caracterizar a literatura do período como crítica social que expunha os conflitos político-sociais do Brasil de forma regionalista e denunciativa.
Este documento fornece uma introdução à história, definindo-a como o estudo do ser humano e de suas ações no tempo. Apresenta imagens de figuras históricas como Mahatma Gandhi e trabalhadores de Tarsila do Amaral, além de discutir a participação do leitor na construção da história. Resume os principais períodos da divisão periódica tradicional da história e ressalta a importância atual da cultura imaterial, exemplificada pelo bumba-boi maranhense.
O documento descreve o período literário Pré-Modernismo no Brasil, que marcou a transição entre o Realismo/Naturalismo e o Modernismo. O Pré-Modernismo caracterizou-se por uma literatura de crítica social que expunha os conflitos político-sociais do Brasil de forma realista, sem os traços idealizadores do Romantismo. Autores como Euclides da Cunha, Monteiro Lobato e Lima Barreto retrataram a dura realidade do país por meio de obras que denunciavam os problemas sociais.
O documento descreve o período literário Pré-Modernismo no Brasil, caracterizado por uma transição entre o Realismo/Naturalismo para o Modernismo. A literatura Pré-Modernista retratava a realidade brasileira de forma crítica, denunciando problemas sociais e conflitos políticos do início do século XX, como a miséria no campo e nas cidades e a oligarquia rural. Autores como Euclides da Cunha, Monteiro Lobato e Lima Barreto foram expoentes deste período e usaram a literatura para fazer uma análise
O documento descreve o período literário Pré-Modernismo no Brasil, caracterizado pela transição do Realismo/Naturalismo para o Modernismo. Apresenta os principais autores deste período como Euclides da Cunha, Monteiro Lobato e Lima Barreto, além de resumir os principais contextos históricos e sociais que influenciaram esta literatura de crítica social.
1. O documento analisa a obra literária "Vidas Secas" de Graciliano Ramos, contextualizando o autor e a época.
2. Graciliano Ramos nasceu no Nordeste brasileiro no início do século XX e publicou "Vidas Secas" em 1938, retratando de forma realista a dura vida dos retirantes nordestinos.
3. A obra contribuiu para o estilo literário da época, marcado por uma abordagem social e regionalista comprometida com retratar as mazelas sociais do Brasil.
José d'assunção barros o campo da história - historiografia - fichamentoJorge Freitas
1. O documento discute as diversas especialidades e abordagens da historiografia moderna, que se tornou altamente fragmentada. Isso inclui a hiperespecialização dos historiadores e a divisão da história em "migalhas".
2. O autor critica a hiperespecialização excessiva que impede os historiadores de considerar outros pontos de vista e dimensões da história. Ele argumenta que os historiadores devem ter conhecimento de todas as abordagens para evitar uma visão limitada.
3. As seções do livro discutem
O protagonismo hegemônico de assis chateaubriandBarreto
O documento descreve a trajetória de Francisco de Assis Chateaubriand como o primeiro empresário brasileiro a construir um grupo de comunicação de dimensão nacional baseado em um discurso hegemônico que mesclava interesses pessoais e forte participação política. Chateaubriand usava seu império midiático para promover um capitalismo nacional dependente e justificar o domínio das elites conservadoras, influenciado pelo fascismo. Sua atuação foi fundamental para a urbanização e industrialização inicial do Brasil.
O documento descreve o período literário Pré-Modernista no Brasil como um período de transição entre o Simbolismo/Parnasianismo para o Modernismo. Apresenta os principais autores deste período como Euclides da Cunha, Monteiro Lobato, Lima Barreto e Graça Aranha, e destaca que esta literatura tinha um tom de crítica social, denunciando os conflitos político-sociais do Brasil da época.
O documento discute a evolução da historiografia ao longo dos séculos, desde os primeiros registros históricos na Grécia Antiga até as correntes pós-modernistas. Aborda importantes marcos como a cientifização da história no século 19, a Escola dos Annales que ampliou o escopo para além da política, e o marxismo inglês que enfatizou processos históricos e a história "de baixo para cima". Finalmente, discute os questionamentos pós-modernistas sobre a possibilidade da representação exata do
Semelhante a Camponeses: Um olhar nos primórdios da modernidade. (20)
A atualidade do uso do conceito de camponês.Dudetistt
Este artigo defende a utilização do conceito de camponês para analisar a realidade agrária brasileira, argumentando que ele captura melhor a complexidade social e política dos agricultores do que conceitos como agricultura familiar. Apresenta a definição de camponês adotada e discute como o conceito vem sendo usado. Fornece evidências da predominância de valores camponeses entre assentados rurais, mostrando a atualidade do conceito.
Este documento fornece um panorama histórico da educação no campo no Brasil, desde o período colonial até os dias atuais. Aborda conceitos como campo, educação do campo e as diretrizes operacionais para a educação básica nas escolas do campo. Também destaca a luta dos movimentos sociais pela construção de políticas públicas que garantam o acesso à educação de qualidade para as populações rurais.
1. O documento descreve um encontro entre pesquisadores e jornalistas sobre o Brasil rural com o objetivo de estabelecer um diálogo entre esses grupos.
2. Pesquisadores apresentaram suas visões sobre a realidade rural brasileira com base em estatísticas e estudos, enquanto jornalistas relataram experiências cobrindo o meio rural.
3. O encontro buscou explorar formas de superar mitos sobre o declínio do campo, construir novos entendimentos sobre o conceito de rural e identificar oportunidades para
Este documento fornece um panorama histórico da educação no campo no Brasil, desde o período colonial até os dias atuais. Aborda conceitos como campo, educação do campo e as diretrizes operacionais para a educação básica nas escolas do campo. Também destaca a luta dos movimentos sociais para que as políticas educacionais levem em conta a realidade dos povos do campo.
Este documento fornece um panorama histórico da educação no campo no Brasil, discutindo como ela foi negligenciada e descontextualizada da realidade rural. Também define conceitos-chave como "campo" e "educação do campo", argumentando que esta deve levar em conta as culturas, modos de vida e saberes dos povos rurais. Por fim, destaca a importância das Diretrizes Operacionais de 2001 para começar a direcionar a educação às necessidades reais do meio rural.
As classes de modelagem podem ser comparadas a moldes ou
formas que definem as características e os comportamentos dos
objetos criados a partir delas. Vale traçar um paralelo com o projeto de
um automóvel. Os engenheiros definem as medidas, a quantidade de
portas, a potência do motor, a localização do estepe, dentre outras
descrições necessárias para a fabricação de um veículo
PRODUÇÃO E CONSUMO DE ENERGIA DA PRÉ-HISTÓRIA À ERA CONTEMPORÂNEA E SUA EVOLU...Faga1939
Este artigo tem por objetivo apresentar como ocorreu a evolução do consumo e da produção de energia desde a pré-história até os tempos atuais, bem como propor o futuro da energia requerido para o mundo. Da pré-história até o século XVIII predominou o uso de fontes renováveis de energia como a madeira, o vento e a energia hidráulica. Do século XVIII até a era contemporânea, os combustíveis fósseis predominaram com o carvão e o petróleo, mas seu uso chegará ao fim provavelmente a partir do século XXI para evitar a mudança climática catastrófica global resultante de sua utilização ao emitir gases do efeito estufa responsáveis pelo aquecimento global. Com o fim da era dos combustíveis fósseis virá a era das fontes renováveis de energia quando prevalecerá a utilização da energia hidrelétrica, energia solar, energia eólica, energia das marés, energia das ondas, energia geotérmica, energia da biomassa e energia do hidrogênio. Não existem dúvidas de que as atividades humanas sobre a Terra provocam alterações no meio ambiente em que vivemos. Muitos destes impactos ambientais são provenientes da geração, manuseio e uso da energia com o uso de combustíveis fósseis. A principal razão para a existência desses impactos ambientais reside no fato de que o consumo mundial de energia primária proveniente de fontes não renováveis (petróleo, carvão, gás natural e nuclear) corresponde a aproximadamente 88% do total, cabendo apenas 12% às fontes renováveis. Independentemente das várias soluções que venham a ser adotadas para eliminar ou mitigar as causas do efeito estufa, a mais importante ação é, sem dúvidas, a adoção de medidas que contribuam para a eliminação ou redução do consumo de combustíveis fósseis na produção de energia, bem como para seu uso mais eficiente nos transportes, na indústria, na agropecuária e nas cidades (residências e comércio), haja vista que o uso e a produção de energia são responsáveis por 57% dos gases de estufa emitidos pela atividade humana. Neste sentido, é imprescindível a implantação de um sistema de energia sustentável no mundo. Em um sistema de energia sustentável, a matriz energética mundial só deveria contar com fontes de energia limpa e renováveis (hidroelétrica, solar, eólica, hidrogênio, geotérmica, das marés, das ondas e biomassa), não devendo contar, portanto, com o uso dos combustíveis fósseis (petróleo, carvão e gás natural).
Este certificado confirma que Gabriel de Mattos Faustino concluiu com sucesso um curso de 42 horas de Gestão Estratégica de TI - ITIL na Escola Virtual entre 19 de fevereiro de 2014 a 20 de fevereiro de 2014.
Em um mundo cada vez mais digital, a segurança da informação tornou-se essencial para proteger dados pessoais e empresariais contra ameaças cibernéticas. Nesta apresentação, abordaremos os principais conceitos e práticas de segurança digital, incluindo o reconhecimento de ameaças comuns, como malware e phishing, e a implementação de medidas de proteção e mitigação para vazamento de senhas.
Camponeses: Um olhar nos primórdios da modernidade.
1. CAMPONESES:
Um olhar nos primórdios da modernidade
Tarcísio Vanderlinde1
RESUMO: O artigo busca analisar o
camponês a partir da modernidade e a
forma como a historiografia o percebe.
Contempla-se na análise, a Guerra dos
Camponeses na Alemanha em 1525 e
discute-se no contexto as ações de
Martinho Lutero e Thomas Müntzer.
ABSTRACT: The article searches to analyse
the peasant from the modernity and the way
how the historiagraphy perceives him. It is
contemplated in the analysis, the Peasants
War in Germany in 1525, and it is discussed
in the context Martinho Lutero and Thomas
Müntzer’s actions.
1
Doutorando em História Social pela Universidade Federal Fluminense.
2. 2
Segundo Georges Duby, o camponês da Idade Média, na maioria dos casos não tem
história. Não porque os quadros de sua existência se mantivessem permanecidos imóveis.
Embora num ritmo lento, é inegável que este seguia também seu curso, e não sem longos
atrasos, mudou também. Se há dificuldade de observar as transformações, isso se deve às
fontes que permitem observá-las. De modo geral, elas são provenientes na quase totalidade
de meios exteriores ao mundo rural, o que deforma e confunde a imagem que dela
oferecem. É por isso que o historiador às vezes sente-se desarmado, tateante e desvia sua
atenção para conventos, príncipes, construções, oficinas, entrepostos urbanos. Na visão de
Duby, a limitação documental e o mau esclarecimento das mesmas, faz com que o passado
do campo europeu aguarde ainda em muitos pontos, investigações mais adequadas.2
Meu alvo são os camponeses a partir da modernidade, porém ao abordar essa
categoria, constata-se uma história de longa duração muito influenciada por concepções e
correntes teóricas. O camponês é objeto deste artigo à medida que se sujeita e resiste a
ações que muito mais do que auxiliá-los, visavam tão somente explorá-los. No ensaio que
objetiva traçar considerações sobre ele, procurou-se localizá-lo na modernidade,
principalmente no século XVI, porém não seria adequado falar em camponeses,
restringindo-os a um século. O camponês da modernidade guarda características do
camponês medieval que também serão possíveis de ainda serem encontradas no século
XXI. O camponês não raras vezes se revela numa categoria que aponta para o homem
simples, pluriativo, que não se dedicava só a terra, o homem comum de longa data.3 Os
camponeses são as pessoas comuns que na visão de Eric Hobsbawm constituem de fato
Pessoas Extraordinárias. São os principais atores da história e o que realizam e pensam faz
a diferença.4 Informa o autor que nas sociedades tradicionais, e que corresponde a maior
parte da história, os camponeses encaravam, como de fato eram, o tipo básico da
humanidade. Uma vez que constituíam a grande maioria de todas as pessoas que viviam no
mundo que conheciam em qualquer parte do mundo. Por outro lado, os camponeses tinham
consciência de que eram diferentes das minorias não-camponesas e que quase sempre
eram subordinados e oprimidos por elas, das quais não gostavam e nas quais não
confiavam.5
2
DUBY, Georges. Economia rural e a vida no campo no ocidente medieval. V. 1. Lisboa: Edições 70, 1962 pp.
9-19.
3
Os envolvidos nas rebeliões, não eram só camponeses no sentido literal, mas antes, para utilizar o termo
corrente nas fontes do século XVI, o “ homem comum” . O homem comum era em todas as ocasiões a pessoa
sujeita aos senhores da nobreza e do clero. As pessoas destituídas de poder político – o camponês, o mineiro, a
gente da cidade sem voz nem voto − é que eram o “homem comum”. Cf. LINDBERG, Carter. As reformas na
Europa. São Leopoldo: Sinodal, 2001, pp. 191-193.
4
HOBSBAWM, Eric. Pessoas Extraordinárias: resistência, rebelião e jazz. São Paulo: Paz e Terra, 1999, pp. 7-
8.
5
Ibidem, p. 218.
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3. 3
O debate teórico sobre a categoria camponês é relativamente recente em que os
pressupostos marxistas contribuíram significativamente. Em linhas gerais o debate se divide
entre campesistas e descampesistas, termos utilizados por Maria Yedda Linhares e
Francisco Carlos Teixeira da Silva em texto intitulado Terra Prometida. Os termos referem-
se às perspectivas de se ver o futuro do campesinato. O primeiro apontando para a sua
permanência e rearticulação ao longo da história, e o segundo enxergando sua extinção.6 O
campesinato constitui uma temática tão ampla que seu tratamento adequado exige uma
abordagem multidisciplinar e o rompimento de barreiras cronológicas. É um tema central na
história da humanidade e é um fator fundamental em muitos países no que se refere tanto a
vida social quanto política. As discussões teóricas atuais em torno dessa categoria mostram
que há transformação no que é rural e no campesinato sem no entanto significar a
eliminação da categoria.7
Ciro Flamarion Cardoso, considera a noção de camponês como possivelmente uma
das mais escorregadias em termos de definição. Uma definição que muda segunda a época,
o local, os movimentos sociais e reivindicações dos camponeses. Destaca que nunca se
deveria esquecer a grande heterogeneidade, no tempo e no espaço, dos campesinatos que
os pesquisadores escolheram como objetos de análise. O autor alerta que o historiador do
campesinato deve quase sempre trabalhar sobre ele a partir de uma documentação
carregada de preconceitos a respeito de tal setor da sociedade. Ressalta que mesmo
historiadores que se dizem de esquerda podem manifestar diante do campesinato posições
preconceituosas como teria feito Le Goff ao ressentir-se sobre o comportamento camponês
durante a guerra, pois segundo ele, não manifestaram nenhuma solidariedade para com
seus compatriotas urbanos e se enriqueceram com o mercado negro. Cardoso estranha um
comportamento desse, levando em conta o talento de historiador de Le Goff e afirma que
qualquer historiador minimamente conhecedor da História da França deveria saber que os
camponeses franceses não têm razão alguma para sentir solidariedade para com seus
conterrâneos urbanos. Cardoso enfatiza a noção vaga e carregada de estereótipos que se
refere ao campesinato:
“ ‘Campesinato’ é noção vaga, ampla demais, carregada de
estereótipos e de lugares-comuns culturais e políticos;
concomitantemente, é impossível abandonar tal noção, por ser
idéia socialmente difundida desde muito antes do advento das
ciências sociais. Nisto se parece a muitas outras categorias com
6
Cf. em As grandes teorias explicativas da questão agrária. Capítulo do texto escrito por Maria Yedda Linhares
e Francisco Carlos Teixeira da Silva. pp. 19-38.
7
Cf. José Murilo de Carvalho em texto de abertura dos trabalhos para o seminário O campesinato na História.
Rio de Janeiro: Relume/Dumará, 2002 pp. 13-15.
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4. 4
as quais – volens, nolens – devem trabalhar os cientistas
sociais. Sua necessidade, pelo menos para sociedades
complexas que conheçam a urbanização e nas quais o
campesinato (seja ele o que for) não tenha sido eliminado,
deriva do caráter central do que, para Marx, foi a primeira e
primordial divisão social do trabalho. A percepção unificada de
uma boa parte da população trabalhadora rural como
camponeses, em oposição aos citadinos, pode ser indesejável,
mas é muito difícil de evitar, tão arraigada está. Trata-se, então
de trabalhar com essa categoria – sempre imperfeita em sua
heterogeneidade –, período a período, sociedade a sociedade, o
melhor e mais rigorosamente que puder” .8
Em texto teórico dos anos 80 do século passado, o debate e a pesquisa sobre o
camponês é permeado de peculiaridades. Entre as razões que podem ser levantadas para
explicá-la pode ser apontado o que segue: Há o fato de o camponês, numa perspectiva
marxista, controlar a terra no capitalismo sem ser possuidor do capital; é também uma
espécie de referência, “pomo da discórdia”, sobre a natureza de classe das revoluções que
implantaram ou derrubaram historicamente a ordem burguesa; apresenta-se ainda o fato de
o camponês trabalhar numa perspectiva familiar sem remunerar os membros da família na
ótica capitalista; além disso é ainda possível encontrar o camponês lutando por formas
culturais e sociais próprias de organização, sem ser ou poder se concretizar como outro
povo ou outra cultura, estranhando, mais do que recusando, a sociedade abrangente que o
contém e circunda. O campesinato sempre constituiu um segmento oprimido de qualquer
sociedade. Em qualquer tempo e lugar a posição do camponês é marcada pela
subordinação aos donos da terra e do poder, que dele extraem diferentes tipos de renda. O
camponês pode ser descrito de diferentes maneiras. Uma visão bastante difundida nos
livros de ciências sociais é que identifica a condição camponesa com o controle direto sobre
a terra onde habita e produz. Esse controle que é feito com o auxílio da família e que o
caracteriza como um pequeno proprietário rural é entendido por estudiosos de camponês
parcelar. Margarida Maria Moura destaca o tom depreciativo como o camponês foi
designado de longa data:
8
CARDOSO, Ciro Flamarion S. Camponês, campesinato: questões acadêmicas, questões políticas. In:
CHEVITARESE, André Leonardo. O campesinato na História. Rio de Janeiro: Relume/Dumará, 2002, pp. 19-
35.
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5. 5
“ No repertório lingüístico das sociedades agrárias existe
sempre um número expressivo de palavras que se referem ao
camponês. Através de algumas delas, ele é designado; através
de outras, ele se autodefine. Desde remotas sociedades, textos
literários, religiosos e políticos expressam o modo depreciativo
pelo qual o poder visualizava esses anônimos sustentáculos dos
banquetes e das guerras. Em Roma, paganus designava
habitante dos campos, bem como o civil, em oposição à
condição de soldado. Da palavra latina pagus, que tanto
significa um território rural limitado por marcos, como também a
aldeia camponesa, ficou a palavra pago, que no sul do Brasil
designa o campo onde se nasceu; o rincão de origem.
Paganus, em latim, foi transmutado em payan, no francês, e
peasant, no inglês, que significam exatamente camponês.
Tomando sentido diverso do acima mencionado, paganus de
tornou paisano, em português – o que não é militar. Mas
também resultou em pagão, que quer dizer não-cristão – aquele
que precisa ser convertido. Na Alemanha do século XIII a
Declinátio rústica tinha seis declinações diferentes para a
palavra camponês: vilão, rústico, demônio, ladrão, bandido e
saqueador; e, no plural, miseráveis, mendigos, mentirosos,
vagabundos, escórias e infiéis”.
A autora ainda destaca que as categorias utilizadas pelos próprios camponeses para
se autodefinirem, não raramente indicam uma aceitação da visão depreciativa acerca de seu
modo de vida. Sendo assim, consciente de sua condição subalterna, o camponês se vê
como o pobre e o fraco, reservando o antônimo destas categorias para os proprietários das
grandes extensões de terra, os profissionais que representam as agências do Estado e, de
modo mais ou menos genérico, os habitantes do meio urbano. 9
Sobre a permanência ou não do campesinato, como já foi destacado neste texto,
resulta de discussões e defesas de pontos de vista de caráter ideológico. Fica no entanto
evidente que se ainda existem camponeses hoje, é provável que eles não irão deixar de
existir tão cedo. É notório que os processos sociais que viabilizam a existência camponesa
têm sido mais expressivos e fortes do que aqueles que levam à extinção. De acordo com
Moura, seria mais correto falar em recriação, redefinição e até diversificação do
campesinato do que fazer uma afirmação finalista. As transformações históricas indicam que
9
MOURA, Margarida Maria. Camponeses. São Paulo: Ática, 1986, pp. 8-16.
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6. 6
o camponês adaptou e foi adaptado, transformou-se e foi transformado, diferenciou-se mas
permaneceu identificável como tal. Segundo Moura, a permanência do campesinato na
engrenagem de reprodução do capital passa a ser um fascinante tema a ser analisado e
compreendido.10
Moura chama atenção para o aspecto místico e religioso relacionado à história
camponesa. Há vários exemplos ao longo da história dessa associação. A religião não raras
vezes, constituiu uma base de articulação para os camponeses tentarem alcançar seus
objetivos. Associada a vida camponesa, a religião cria forma e fórmulas que atendam os
membros do grupo nos momentos agudos de mistério e angústia, como na morte ou
doença, ao mesmo tempo em que possibilita a recriação e perpetuação de formas e
fórmulas mais antigas de orar, explicar e venerar a divindade, que muitas vezes pode não
estar em acordo com a igreja oficial mas plenamente de sentido para o cotidiano da vida
camponesa. O impulso religioso pode se aliar ao interesse político, onde não raras vezes se
associaram reivindicações a uma perspectiva messiânica como aconteceu no Brasil no
século XIX, na Alemanha do século XVI e em outras regiões européias. Moura ressalta que
na Alemanha ocorreram violentas contestações camponesas ao tributo pago ao dono da
terra, fosse ele leigo ou religioso, e à doutrina da Igreja Católica Apostólica Romana, então
identificada com os opressores e poderosos. Flandres e França experimentaram idênticas
convulsões, nas quais os camponeses invadiram castelos, queimaram casa e plantações,
destruíram teares, justiçando déspotas, tomando cidades, onde implantaram um novo rei e
uma nova lei.
As reivindicações camponesas de caráter político e religioso, tomaram um caminho
diferenciado do que preconizava a Reforma, e que de início sinalizava com um novo tempo
para esse segmento. Novas seitas foram surgindo e o desprezo pelos estatutos Romanos
se fundia em ódio à autoridade secular. Aos códigos legais que tentavam desalojar o direito
costumeiro da terra, do trabalho, da festa. Se o resultado desses conflitos sociais não trouxe
benefícios palpáveis aos contestatários, ao menos traduziam a resistência às perdas
provocadas pela sociedade feudal e pela perspectiva de vitória da sociedade burguesa. O
camponês do século XVI acabou se defrontando contra duas opressões, que misturadas,
sinalizavam para um tempo em profundas metamorfoses. Num tempo social que acabava e
que a outro dá início é que o camponês resistia. Moura chama atenção que essa resistência
não pode ser dissociada das lutas religiosas e políticas do camponês no início da
modernidade.
“ As lutas religiosas e políticas do camponês não podiam ser
dissociadas: o governo despótico dos homens seria redimido
10
Ibidem, pp 17-19.
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7. 7
por um governo vindo de Deus; a desigualdade dos bens
terrenos seria substituída pela igualdade evangélica do Paraíso,
mas que já na Terra dependia de ações enérgicas e rápidas
para sua realização. Como Canudos e o Contestado, que
sucumbiram à força militar do Estado, a cidade de Munster,
ocupada pelos camponeses e artesões alemães no século XVI,
acabou sitiada e tomada pelas tropas católicas. O poder
dominante era eficaz, cruel, violento, como tem sido eficaz, cruel
e violento com outros camponeses, operários e pensadores em
tão variados contextos históricos de luta contra a injustiça e as
desigualdades”.11
João Fragoso compartilha a idéia que é difícil estabelecer uma única identidade para o
camponês da Europa Ocidental Moderna, pois as relações econômicas, assim como os
tipos de famílias e de sistemas de herança em que eles viviam eram múltiplos. A
diversidade do campesinato era acentuada assim como era múltipla a Europa dos séculos
XVI e XVII.12 Nela estavam presentes diversas sociedades de tipo Antigo com variadas
lógicas sociais. O que não impedia que o camponês possuísse estratégias sociais,
econômicas e visões de mundo próprias. As estratégias do camponês iam além de um
simples reflexo das visões de interesse dos grupos hegemônicos da época. Havia uma
“cultura camponesa”, numa concepção já defendida por Carlo Ginzburg, que, apesar de
poder absorver valores e ideais dos grupos sociais hegemônicos, o fazia segundo os
princípios construídos e vividos pelos camponeses em seu dia a dia. Fala-se aqui da
circularidade cultural. Aqueles valores dos estratos dirigentes eram devidamente
reiterpretados e portanto, alterados pelos habitantes da aldeia. A cosmogonia de Menochio
descrita por Ginzburg e referenciada em parte neste trabalho constitui um bom exemplo da
circularidade cultural que havia entre os grupos hegemônicos e o “homem comum”.13
Reforçando as formas e o suporte de sobrevivência em uma cultura camponesa,
Fragoso destaca que os camponeses não só possuíam uma cosmogonia própria, mas
produziam padrões morais que defendiam e executavam, e criavam seus heróis como
também tinham suas estratégias políticas e parentais diante das dificuldades e mudanças
dos tempos modernos. Muitas vezes, não apenas recorriam a fragmentos residuais de uma
economia moral de um passado perdido, mas criavam mecanismos e instituições que lhes
11
Ibidem, pp. 22 -25.
12
A variedade cultural popular no campo é avaliada por Peter Burke (1995), em seu livro Cultura popular na
Idade Moderna. Cf. pp. 56 – 62.
13
GINSBURG, Carlo. O queijo e os vermes. O cotidiano e as idéias de um moleiro perseguido pela inquisição.
São Paulo: Companhia das Letras, 1987.
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8. 8
permitiam sobreviver diante das realidades incertas e que ameaçavam a sobrevivência de
sua família. Manejavam os preços das terras de acordo com os interesses e relações
sociais existentes entre compradores e vendedores. Adotavam partilha de bens que lhes
possibilitavam melhores condições de vida e adotavam ofícios e carreiras que garantissem
a melhor sobrevida do grupo. Diante do pensamento de que os camponeses da
modernidade não passavam de fracos e oprimidos, Fragoso conclui que
“ se é difícil falar de uma identidade camponesa para a Europa
dos século XVI e XVII, até por que eram ‘mil e uma Europas’ ,
uma coisa é certa. Os diversos camponeses possuíam suas
cultura e estratégias de vida, fenômenos que lhe retiram o fácil
estigma de uma abordagem, talvez romântica, de oprimidos e
fracos, para lhes conferir o status do homem de carne e osso,
com sentimentos e vontades, dando-lhes um papel de agentes
históricos” .14
A resistência camponesa poderia no entanto atingir níveis mais sofisticados. As
reivindicações do campesinato da Suábia, conhecido por Doze Artigos, articulados à
liderança messiânica de Thomas Müntzer, é um exemplo de resistência mais articulada. De
acordo com Peter Burke, os camponeses de forma organizada, resistiam construindo
respostas fatalistas, moralistas e tradicionalistas. A fatalista vinha muitas vezes expressa na
forma de provérbios e sinalizavam que as coisas não podiam ser diferentes. “Deus dá, Deus
tira”. O que se leva a concluir que nesta vida é sofrer e suportar. Contudo outros achavam
que “Deus ajuda a quem se ajuda”. A resposta fatalista neste caso transformava-se
gradualmente em resposta moralista, que vê os problemas e injustiças do mundo como
sintomas do que está errado na natureza humana, e não do que está errado na ordem
social. Não se confunda essa atitude como passiva, ela permitia ações contra vilões sempre
que possível. Ela permitia também o surgimento do herói fora-da-lei que investia contra
ricos e injustos, assim como ajudava indivíduos pobres e prejudicados, sem modificar o
sistema social. Porém existiam outras formas de respostas.
A resposta moralista poderia transformar-se gradualmente numa resposta
tradicionalista que é a de resistir em nome da velha ordem a transformações que estejam
ocorrendo. A ênfase na defesa das alte Recht, poderia recair sobre indivíduos perversos
que rompiam com a tradição, mas poderia recair também sobre novos costumes. Não se
14
FRAGOSO, João L. Campesinato europeu, século XVI e XVII: algumas notas historiográficas sobre
economia e cultura popular. In: CHEVITARESE, André Leonardo. O campesinato na História. Rio de Janeiro:
Relume/Dumará, 2002, pp. 122-126.
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9. 9
caracteriza portanto como um conservadorismo insensato, mas uma amarga constatação
de que a transformação se faz às custas do povo, associada à necessidade de legitimar o
motim ou a rebelião. Os camponeses alemães que se insurgiram em 1525 declararam que
estavam defendendo seus direitos tradicionais.15 Num estímulo provocado pelas leituras dos
documentos reformatórios de Lutero os camponeses reivindicaram que nos seja outorgada
a qualidade de homens livres por havermos sido redimidos por Cristo, nascido livre,
segundo as Escrituras. O último dos Doze artigos dos camponeses estabelecia que se não
se encontram conforme a palavra de Cristo um ou vários dos artigos expostos
anteriormente, dispormo-nos de boa vontade a retirar aqueles que fique demonstrado
estarem em desacordo com essa palavra, sempre que se nos faça a demonstração por
meio das Escrituras.
A resposta tradicionalista poderia transformar-se gradualmente numa mais radical
e chegar ao limite de uma atitude milenarista. Nem todas as reivindicações dos
camponeses alemães em 1525 eram tradicionalistas, e nem todas vinham respaldadas na
inovação de antigos costumes. Alguns exigiam a abolição da servidão, porque “Deus criou a
todos livres” ou porque Cristo redimira toda a humanidade. A milenarista poderia vir numa
concepção de que chegará o tempo em que os príncipes e senhores trabalharão para o seu
pão de cada dia. Essa concepção estava no discurso de Thomas Müntzer aos camponeses
e mineiros da Turíngia em 1525. Na cidade de Münster, nove anos depois, os anabatistas
anunciaram uma ordem nova onde tudo seria comum, não haveria propriedade privada e
ninguém mais precisaria trabalhar, mas simplesmente confiar em Deus.16
Este artigo, entre outros assuntos, releva a rebelião camponesa ocorrida na Alemanha
nos anos 20 do século XVI. A rebelião teve um forte ingrediente místico, o que não era uma
novidade se analisadas outras revoltas que a antecederam. Os camponeses tinham
reivindicações que apareceram na forma de Doze artigos. Uma vez deflagrado o processo,
teve conseqüências. No segundo volume da Economia rural e vida no campo no ocidente
medieval, Georges Duby, traça considerações que podem servir como antecedentes de
uma situação conjuntural que entre outras, levaria a trágica rebelião liderada por Thomas
Müntzer em 1525.
Na origem das revoltas populares camponesas Duby informa que as crises ocidentais
que no decurso do século XIV atingiram tão duramente as explorações senhoriais,
abalando-as nos seus alicerces, não pouparam os casais camponeses. Tiveram que
suportar os esforços dos patrões que para ultrapassarem suas dificuldades, passaram a
exigir cada vez mais dos dependentes que nem sempre conseguiam resistir. Além de pagar
resgates e reparar as explorações senhoriais danificadas, tinham que ainda administrar os
15
BURKE, op. Cit pp. 198 – 199.
16
Ibidem, p. 199.
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10. 10
flagelos que os atingiam diretamente. De todos, os menos toleráveis e os que suscitavam
mais fortes reações foram na opinião de Duby, as calamidades de ordem política. Os
agentes dos príncipes, o aparato para proteger a região instalavam-se localmente cabendo
aos camponeses assegurar a sua manutenção. Os aldeões não sentiam diferença entre
patrulhas amigas ou inimigas, tal era a exploração. Além disso ainda tinha os cobradores da
talha, que acabavam pilhando o que conseguiam descobrir. De todos os males que atingiam
os camponeses sentiam mais pesadamente e com menos paciência o peso da guerra e da
fiscalidade exterior. Essa situação suscitou agitações sociais e religiosas que acabaram
traduzindo as dificuldades e tensões no seio do povo no campo. Alguns levantes
camponeses nitidamente dirigidos contra os encargos fiscais se desencadearam por toda a
Europa a partir de 1300. Duby destaca que
“ Toda esta agitação que amotinou, durante o século XIV, as
populações rurais da Europa ocidental mereceria um estudo de
conjunto. Os cabecilhas dos camponeses em revolta não
pertenceriam às camadas menos favorecidas? O importante
será perceber que, apesar da influência que exerciam os
amotinados, e sobretudo nos mais humildes, nos pregadores
errantes, meio-heréticos, que lhes falavam de Adão e Eva, da
igualdade primitiva dos filhos de Deus, e que reacendiam a
mística comunitária das companhias de artesões inflamados de
pobreza evangélicas, todas estas sublevações só raramente
tiveram como alvo a fortuna dos senhores. Se pilhavam e
saqueavam as habitações de lazer dos ricos, foi na onda da
destruição, no impulso da cupidez mais primitiva e de alguns
rancores pessoais. Na realidade, visavam menos o regime
senhorial do que um tipo de exploração realizado pelos
príncipes e pelos chefes guerreiros. Mais do que o
empobrecimento, do que uma depressão generalizada do
campesinato, exprimiam a desordem de certos cantões mais
oprimidos pelo imposto e pelas guarnições, a impaciência
perante as excessivas exigências e os danos constantes.
Acrescentemos que estas revoltas foram geralmente de extrema
brevidade, sem grandes delongas, sem conseqüências
duradouras. Mas a sua freqüência e ubiqüidade levam a desejar
mais intensamente que se precisem os nossos conhecimentos
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11. 11
sobre a verdadeira situação econômica do campesinato no
século XIV e no início do século XV ”. 17
Ao discutir a Idade Média tardia, Carter Lindberg destaca que a maioria das pessoas
no século XVI eram camponeses que labutavam nas plantações do raiar até o pôr do sol ou
então diaristas que ficavam a mercê de empreendedores urbanos. Sua vida de trabalho
acabava encontrando um alívio ocasional nas festividades religiosas, casamentos ou
funerais. Em determinadas áreas, o camponês não passava de um escravo, em outras um
pequeno proprietário rural. Sua dieta e moradia nem sempre eram adequadas. Condições
variáveis dificultam generalizações sobre a vida dos camponeses. A insensibilidade e o
endurecimento eram decorrências da difícil vida camponesa. A classe superior via de regra,
retratava o camponês como alguém estúpido, grosseiro, repugnante, indigno de confiança e
propenso à violência. Esses qualificativos apenas racionalizavam e legitimavam a opressão
dos camponeses. Se encurralado numa situação extrema, o camponês, normalmente de
mentalidade conservadora, podia reagir de maneira violenta. Às vezes voltavam-se uns
contra os outros, porém bem mais sérios que atos individuais de violência eram as irrupções
de revolta camponesa coletiva contra a opressão de seus senhores. Lindberg esclarece que
a raiva camponesa contra os senhores feudais, que fora reprimida por muito tempo e que se
dirigia também contra os senhores eclesiásticos, ajudava a explicar a recepção entusiástica
dos primeiros escritos de Lutero que atacava a autoridade eclesiástica e exaltava a
liberdade cristã.18
A GUERRA DOS CAMPONESES
Gonzalez, considerando a situação dos camponeses na Alemanha do século XVI,
informa que estes tinham sofrido por várias décadas uma opressão sempre crescente, tendo
já ocorrido rebeliões em 1476, 1491, 1498, 1503 e 1514. Porém nenhuma havia atingido a
magnitude da rebelião deflagrada a partir de 1524, além de que havia algo novo nessa nova
rebelião. O que a diferenciava das rebeliões anteriores era a pregação dos reformadores.
Mesmo que Lutero não cresse que sua pregação devesse ser aplicada em termos políticos,
houve muitos pregadores contemporâneos de Lutero que não concordaram com este ponto
de vista. Um deles foi Tomás Müntzer, natural de Zwickau. Gonzalez relata que, para
Müntzer, o que importava não era tanto o texto das Escrituras, mas sim a revelação
17
DUBY, Georges. Economia rural e a vida no campo no ocidente medieval. V.2, Lisboa: Edições 70, 1962. pp.
212-215.
18
LINDBERG, Carter. As reformas na Europa. São Leopldo: Sinodal, 2001, pp. 46-48.
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presente do Espírito Santo. Porém essa doutrina espiritualista tinha um ingrediente
altamente político, pois Müntzer cria que quem fosse nascido de novo por obra do Espírito
deveria unir-se em uma comunidade teocrática, para trazer o reino de Deus. Lutero havia
obrigado Müntzer a abandonar a região, contudo o decidido pregador regressou e uniu-se à
rebelião dos camponeses.19
Mesmo se não fosse considerada a liderança de Müntzer, essa nova rebelião tinha um
tom religioso. No documento conhecido como “Doze artigos”, os camponeses apresentavam
várias demandas econômicas, mas outras eram de cunho eminentemente religiosas.
Tratavam de baseá-las todas nas Escrituras, e seu último artigo declarava que, caso fosse
provado que algum de seus pedidos era contrário às Escrituras, ele poderia ser retirado.
Alguns dos itens apresentados pelos camponeses reivindicavam a livre escolha dos
pastores, diminuição dos impostos sobre a terra, utilização dos impostos anteriormente
pagos à Igreja em benefício das comunidades, abolição da servidão e liberdade para caçar
nas grandes florestas pertencentes à nobreza. 20
Mesmo que Lutero não tivesse visto a relação de reivindicações, a opinião dos
historiadores é que a rebelião teve motivação religiosa a partir das pregações de Lutero e
seus seguidores, entre os quais se destacava Müntzer. Houve indignação entre os nobres e
Lutero não sabia como lidar com essa situação. Mais do que evidente, a doutrina dos dois
reinos21 era difícil de administrar. Quando Lutero leu as reivindicações dos camponeses,
dirigiu-se aos príncipes, dizendo-lhes que o que se pedia era justo. Mas quando a rebelião
tomou forma, e os camponeses se armaram, Lutero tratou de dissuadi-los e, posteriormente,
instou os príncipes que tomassem medidas repressivas. Ainda, depois, quando a rebelião foi
sufocada no sangue, o Reformador exigiu dos príncipes misericórdia para os vencidos. Suas
palavras, no entanto, não foram ouvidas, e calcula-se que mais de 100.000 camponeses
foram mortos. Essa experiência não foi positiva para a causa da Reforma. Os príncipes
católicos culparam o luteranismo pela rebeldia e, a partir de então, proibiram a pregação da
Reforma em seus territórios. Quanto aos camponeses sobreviventes, muitos deles
19
GONZALEZ, op. cit, nota 1, p. 81.
20
GRANDES PERSONAGENS DA HISTÓRIA. São Paulo: Abril, 1972, nota 3.
21
Segundo Duchrow, a doutrina dos dois reinos é um assunto complexo, e sempre parece surgir num ponto em
que as teologias luteranas sofrem um abalo que as arranca de sua rotina habitual e são desafiadas por crises.
Sendo assim, elas são compelidas a se justificar e a formular aquilo que antes tinha estado meramente implícito.
O estudo do luteranismo internacional mostra que a crise do Nacionalsocialismo trouxe à luz as diferentes
posições luteranas dos Estados Unidos, dos países nórdicos e da Alemanha, criando até mesmo conflitos entre
elas. O que predominou ao fim, foi uma atitude luterana alemã dualista de adaptação, levando a um completo
mutilamento da Convenção Luterana Mundial no final do “Terceiro Reich”. A experiência, acabou pondo em
movimento um processo de aprendizagem internacional que pode ser entendida em duas dimensões: a primeira,
que é de examinar com extremo cuidado o pano de fundo histórico de cada caso. A segunda, é elaborar critérios
essenciais que possibilitem julgar se a doutrina dos dois reinos e/ou dos dois modos de governo foi correta ou
erradamente aplicada em cada situação específica.
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22
abandonaram o luteranismo e regressaram à velha fé ou se tornaram anabatistas. Karl
Marx designou esta rebelião como o fato mais radical da história alemã e Lienhard, além de
informar sobre preciosas fontes a serem consultadas sobre o fato, coloca o embate entre
Lutero e Müntzer como o mais grave conflito teológico entre o Reformador e outros
humanistas. 23
Em geral se tem avaliado que o envolvimento de Lutero na Guerra dos Camponeses,
e a forma trágica como essa guerra terminou, enfraqueceu o movimento evangélico, ou ao
menos modificou sua natureza. Lienhard destaca que não são poucos os autores de peso
que concluem que a intervenção de Lutero, da forma como aconteceu, salvou a obra de sua
vida de uma destruição certa, mesmo que tivesse que colocar em jogo sua popularidade. A
Reforma cessou de ser um movimento popular, o que refletiu inclusive na diminuição de
estudantes em Wittenberg. De herói de uma nação, Lutero passava a ser não mais que um
chefe de partido. O movimento evangélico, segundo críticos, havia se banalizado nas igrejas
territoriais. O tempo das ordenanças eclesiásticas tinha chegado, e também o tempo em que
passou a ser necessário demitir pregadores cuja pregação era julgada revolucionária
demais.24
Lienhard destaca que as conseqüências da Guerra dos Camponeses têm sido objeto
de juízos severos. Falou-se de uma chance perdida para a Reforma, a chance de exercer
uma verdadeira mediação entre os diferentes partidos. Com isso a Reforma perdeu o apoio
do campesinato. Ressalta, no entanto que, frente ao conjunto de juízos negativos, mais
numerosos na historiografia marxista, uma reação tem se delineado nos últimos anos, mais
precisamente após a publicação de artigo de F. Lau, datado de 1959. Lienhard informa que
esse autor estimou que mais além da Guerra dos Camponeses, a Reforma Luterana alemã
prosseguiu quase sem ruptura, como movimento espontâneo da burguesia das cidades. A
Reforma continuaria junto às camadas médias das cidades, que de todo modo foram as
primeiras a acolher favoravelmente o movimento evangélico e que tinham menos razões do
que os camponeses para se afastarem após a guerra. De outro lado, observem-se os
territórios que não tinham sido tocados pela Guerra dos Camponeses, em particular o norte
da Alemanha. Ressalte-se que no sul da Alemanha interveio uma opressão que afetou
também a Reforma, ao ponto de numerosos pregadores evangélicos terem sido obrigados a
se defender contra a acusação de terem colaborado para e com a Guerra dos
Camponeses.25
Walter Altmann conclui que Lutero tinha uma visão fundamentalmente hierárquica da
sociedade, hierarquia herdada dos tempos medievais. Rompeu com a tutela do político
22
GONZALEZ, op. cit, nota 1, p. 83.
23
LIENHARD, op. cit, nota 10
24
ibidem., p. 369.
25
ibidem., p. 370.
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14. 14
sobre a Igreja, porém manteve incontestada a estrutura hierárquica da sociedade como um
todo. É daí que se origina seu freqüente empenho enfático em favor da obediência às
autoridades e a sua aversão à insurreição. Com relação à Guerra dos Camponeses,
imaginou que a própria causa do evangelho estivesse correndo risco. Foi isso que, segundo
Altmann, levou Lutero a opor-se aos camponeses em sua revolta, encorajando os príncipes
a sufocá-la violentamente. Altmann acrescenta que não foi uma posição da qual fosse
possível orgulhar-se hoje. Ao contrário, é preciso envergonhar-se dela, em particular no seu
iracundo panfleto Contra as Hordas Ladras e Assassinas dos Camponeses. Altmann conclui
que, uma vez superada a visão hierárquica da sociedade, substituída por uma perspectiva
radicalmente democrática, haveria campo para o florescimento de uma abordagem nova. 26
A guerra pode efetivamente ser incluída no contexto dos movimentos messiânicos. O
messianismo tem largo espaço de reflexão na história e certamente, Thomas Müntzer, o
profeta rebelde não poderia ficar de fora27. Um dos textos mais conhecidos sobre o assunto
foi escrito Ernst Bloch. O texto que pode ser caracterizado como um manifesto
revolucionário, é também utópico e permeado de elementos que denunciam o lado
messiânico de Tomas Müntzer.28 Estou inclinado a pensar que talvez seja essa uma das
dimensões mais relevantes na vida do profeta. No entendimento de Ivone Cecília D’Avila
Gallo,
“historicamente, os profetas representam um elo no seio de uma
comunidade e agem como legítimos intérpretes dos desígnios de
Deus, conhecedores dos arcanos divinos, aptos a ler a
mensagem oculta nos fatos. Quando interpretam os
acontecimentos, fazem-no por meio de uma linguagem
metafórica e simbólica, em que as alegorias substituem, com
26
ALTMANN, Walter. Lutero e a libertação. São Paulo: Ática, 1994, p. 256. Walter Altmann e Roberto
Hofmeister Pich traduziram para o português, a tese de Marc Lienhard, Martin Lutero: Tempo, Vida e
Mensagem. Pela quantidade de fontes que indica, a obra pode ser considerada uma espécie de livro guia, aos
interessados em estudar Lutero e o luteranismo. Sobre a Guerra dos Camponeses é destacado que,
lamentavelmente, em língua portuguesa, não há obra de pesquisa histórica à altura do atual estágio de
conhecimento. Em uma de suas notas, Altmann informa que, devido às pesquisas mais recentes, a maior parte da
literatura que aborda o assunto está ultrapassada. Sem serem exploradas, a exemplo de Marc Lienhard, diversas
fontes primárias e secundárias são indicadas sobre a Bauernkrieg alemã no tempo de Lutero. Como fontes
primárias sobre a Guerra dos Camponeses indicadas e parcialmente comentadas por Altmann, podem ser
destacados os seguintes escritos de Lutero: Exortação à Paz; Resposta aos Doze artigos do Campesinato da
Suábia, Contra as Hordas Ladras e Assassinas dos Camponeses e Carta Aberta acerca do Rigoroso Panfleto
contra os Camponeses. Os escritos À Nobreza Cristã da Nação Alemã, acerca da Melhoria do Estamento
Cristão e Da Autoridade Secular, podem ser igualmente considerados fontes primárias relevantes para a
discussão do contexto em que ocorreu a Guerra dos Camponeses.
27
No contexto da Reforma, Bernardo Campos discute uma Reforma Oficial e uma Reforma Radical. É na
Reforma Radical que o autor insere a figura de Thomas Müntzer. De suas reflexões seria possível construir uma
visão pentecostal do profeta (CAMPOS, 2002, pp. 11-30).
28
BLOCH, Ernst. Thomas Müntzer, teólogo da revolução. Rio de Janeiro: Biblioteca Tempo Universitário,
1973.
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15. 15
sucesso, as regras discursivas correspondentes a um raciocínio
lógico. As imagens contidas no discurso do profeta ampliam o
sentido da mensagem, quando o público, que ouve, atento, a
sua fala, é capaz de visualizar os acontecimentos do futuro. Mas
as prédicas não são palavras sem sentido, pois encontram um
apoio nos ensinamentos do passado (a Escritura) e são essa
memória e essa história que interferem na avaliação do
momento presente”.
Gallo está se referindo à guerra messiânica do Contestado que ocorre no Brasil no
início do século XX. O que diz dos monges protagonistas da guerra, também vale para
Thomas Müntzer. Parafraseando a autora, Müntzer cumpriu uma missão política, ao seu
modo, de acordo com sua história pessoal de vida, mas, entre ele e os antigos profetas,
denuncia-se um elo cultural que os aproxima na linha temporal29.
A influência desse movimento, seu impacto, ainda suscitam reflexões neste início do
século XXI, e devem ser cuidadosamente estudadas sob o risco de não se provocar
redutivismos comprometedores. De qualquer forma, as discussões e teses de Lutero sobre
a forma de o crente se envolver com o Estado, política e coisas do gênero, estiveram
presentes na transplantação dos luteranos para o Brasil no século XIX, avançaram pelo
século XX e continuam presentes na atualidade. É possível que os debates hoje já não
gerem a mesma paixão daqueles dos anos iniciais do século XVI, porém não há como negá-
los.
BIBLIOGRAFIA
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BLOCH, Ernst. Thomas Müntzer, teólogo da revolução. Rio de Janeiro: Biblioteca
Tempo Universitário, 1973.
BURKE, Peter. Cultura Popular na Idade Moderna. In: Variedades em história
Cultural. Rio de Janeiro: Civilização Brasileira, 2000.
29
Cf. GALLO, Ivone Cecília D’Avilla. O contestado e o seu lugar no tempo. In: Tempo, nº 11, julho de 2001, p.
154.
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16. 16
CARDOSO, Ciro Flamarion S. “Camponês, campesinato: questões acadêmicas,
questões políticas”. In: CHEVITARESE, André Leonardo. O campesinato na História.
Rio de Janeiro: Relume/Dumará, 2002.
CHEVITARESE, André Leonardo. O campesinato na História. Rio de Janeiro:
Relume/Dumará, 2002.
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Lisboa: Edições 70, 1962.
DUBY, Georges. Economia rural e a vida no campo no ocidente medieval. V.2,
Lisboa: Edições 70, 1962.
DUCHROW, Ulrich. Os dois reinos. São Leopoldo: Sinodal, 1987.
FRAGOSO, João L. “Campesinato europeu, século XVI e XVII: algumas notas
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GALLO, Ivone Cecília D’Avilla. O contestado e o seu lugar no tempo. In: Tempo, nº
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