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Identificação
Autor: Lima Barreto
Obra: Triste Fim de Policarpo Quaresma.
Edição: 8ª edição
Editora: Ática
Biografia do autor: Lima Barreto (1881-1922) foi escritor e jornalista brasileiro. Filho de pais pobres e
mestiços sofreu esse preconceito em toda sua vida. Logo cedo ficou órfão de mãe. Estudou no Colégio
Pedro II e ingressou na Escola Politécnica, no curso de Engenharia. Seu pai enlouquece e é internado,
obrigando Lima Barreto a abandonar o curso de Engenharia. Para sustentar a família, empregou-se na
Secretaria de Guerra e ao mesmo tempo, escrevia para vários jornais do Rio de Janeiro. Ao produzir uma
literatura inteiramente desvinculada dos padrões e do gosto vigente, recebe severas críticas dos letrados
tradicionais. Explora em suas obras, as injustiças sociais e as dificuldades das primeiras décadas da
República. Com seu espírito inquieto e rebelde, Lima Barreto entrega-se ao álcool.
Afonso Henrique de Lima Barreto (1881-1922) nasceu no Rio de Janeiro no dia 13 de maio. Filho de
Joaquim Henriques de Lima Barreto e Amália Augusta, ambos mestiços e pobres. Sofreu preconceito a vida
toda. Seu pai era tipógrafo e sua mãe professora primária. Logo cedo ficou órfão de mãe.
Lima Barreto estudou no Liceu Popular Niteroiense e concluiu o curso secundário no Colégio Pedro II, local
onde estudava a elite litrária da época. Sempre com a ajuda de seu padrinho, o Visconde de Ouro Preto,
ingressou na Escola Politécnica do Rio de Janeiro, onde iniciou o curso de Engenharia. Em 1904 foi
obrigado a abandonar o curso, pois, seu pai havia enlouquecido e o sustento dos três irmão agora era
responsabilidade dele.
Em 1904 consegue emprego de escrevente copista na Secretaria de Guerra, ao mesmo tempo que colabora
com quase todos os jornais do Rio de Janeiro. Ainda estudante já colaborava para a Revista da Época e para
a Quinzena Alegre. Em 1905 passa a escrever no Correio da Manhã, jornal de grande prestígio.
Em 1909 Lima Barreto publica o romance "Recordações do Escrivão Isaías Caminha". O texto acompanha a
trajetória de um jovem mulato, que vindo do interior sofre sérios preconceitos raciais. Em 1915 escreve
"Triste Fim de Policarpo Quaresma", e em 1919 escreve "Vida e Morte de M.J.Gonzaga de Sá". Esses três
romances apresentam nítidos traços autobiográficos.
Com uma linguagem descuidada, suas obras são impregnadas da justa preocupação com os fatos históricos e
com os costumes sociais. Lima Barreto torna-se uma espécie de cronista e um caricaturista se vingando da
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hostilidade dos escritores e do público burguês. Poucos aceitam aqueles contos e romances que revelavam a
vida cotidiana das classes populares, sem qualquer idealização.
A obra prima de Lima Barreto, não perturbada pela caricatura, foi "Triste Fim de Policarpo Quaresma". Nela
o autor conta o drama de um velho aposentado, O Policarpo, em sua luta pela salvação do Brasil.
Afonso Henriques Lima Barreto com seu espírito inquieto e rebelde, seu inconformismo com a
mediocridade reinante, se entrega ao álcool. Suas constantes depressões o levam duas vezes para o hospital.
Em 01 de novembro de 1922 morre de um ataque cardíaco.
CONTEXTO
Publicado inicialmente em folhetins do Jornal do Comércio entre agosto e outubro de 1911 e depois em livro
em 1916, Triste Fim de Policarpo Quaresma, obra mais famosa de Lima Barreto, condensa em si muitas das
características que consagraram seu autor como o melhor de seu tempo.
A obra focaliza fatos históricos e políticos ocorridos durante a fase de instalação da república, mais
precisamente no governo de Floriano Peixoto (1891 - 1894). Seus ataques, sempre escachados, derramam-se
para todos os lados significativos da sociedade que contempla, a Primeira República, ou seja, as primeiras
décadas desse regime aqui no Brasil.
Assim, Lima Barreto encaixa-se no Pré-Modernismo (1902-22), pois, respeita códigos literários antigos
(principalmente o Naturalismo, conforme anteriormente apontado), mas já apresenta uma linguagem nova,
mais arejada em relação ao momento anterior.
O romance narrado em terceira pessoa, descreve a vida política do Brasil após a Proclamação da República,
caricaturizando o nacionalismo ingênuo, fanatizante e xenófobo do Major Policarpo Quaresma, apavorado
com a descaracterização da cultura e da sociedade brasileira, modelada em valores europeus.
Divertido e colorido no início, o livro se desdobra no sofrimento patético do major Quaresma,
incompreendido e martirizado, convertido numa espécie de Dom Quixote nacional, otimista incurável,
visionário, paladino da justiça, expressando na sua ingenuidade a doçura e o calor humano do homem do
povo.
O romance anuncia no título o seu desfecho pouco alegre, apesar do enredo em que os efeitos cômicos estão
aliados ao entusiasmo ingênuo do personagem central e ao seu inconformismo e obsessões. Quaresma é um
tipo rico em manifestações inusitadas: seus requerimentos pedindo o tupi-guarani como língua oficial, seu
jeito de receber chorando as visitas, suas pesquisas folclóricas; tudo procurando despertar o riso no leitor
que, no final, presencia sua morte solitária e triste: “Com tal gente era melhor tê-lo deixado morrer só e
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heroicamente num ilhéu qualquer, mas levando para o túmulo inteiramente intacto o seu orgulho, a sua
doçura, a sua personalidade moral, sem a mácula de um empenho, que diminuísse a injustiça de sua morte,
que de algum modo fizesse crer aos algozes que eles tinham direito de matá-lo”.
Outro personagem que merece especial atenção é Ricardo Coração dos Outros, o seresteiro do subúrbio, que
enriquece a narrativa em que se mostra a paixão pela cidade, os bairros distantes, as serenatas e os violões
compondo um cenário pitoresco do Rio de Janeiro da época.
ESTRUTURA DA OBRA
A obra divide-se em três partes.
Primeira parte - Retrata o burocrata exemplar, patriota e nacionalista extremado, interessado pelas coisas
do Brasil: a música, o folclore e o tupi-guarani. Esta parte está ligada à Cultura Brasileira, onde conhecemos
a personagem e suas manias. Sabe tudo sobre a geografia do nosso país. Sua casa é repleta de livros que se
refiram à nossa nação. O que come e bebe é tipicamente brasileiro. Até o seu jardim só possui plantas
nativas. Chega a estudar violão – instrumento de má fama na época, pois era associado a malandros – com
Ricardo Coração dos Outros, já que descobre que a modinha, estilo tipicamente brasileiro, era tocada com
esse instrumento.
Duas são suas grandes ações. A primeira está em estudar o folclore do Brasil para incrementar uma festa de
seu vizinho, General Albernaz com algum folguedo popular. Descobre então o Tangolomango, brincadeira
que consistia na dança com dez crianças, até que um sujeito, com uma máscara, deveria pegar uma a uma
sucessivamente. O problema é que Quaresma empolgou-se tanto com a brincadeira que terminou passando
mal, por falta de ar, ou, como se dizia na época, acabou tendo um “tangolomango”. Por aí já se tem uma
idéia da ironia do autor.
O clímax da falta de senso de ridículo do protagonista foi ter mandado à Câmara um requerimento, pedindo
para que a língua oficial do Brasil deixasse de ser o Português, idioma emprestado e por isso incentivador de
inúmeras polêmicas entre nossos gramáticos (seu argumento, nesse aspecto, é o de que não podemos
dominar um idioma que não é nosso e que, portanto, não respeita a nossa realidade. Idéias bastante
interessantes, mas apenas isso, pois é ridículo imaginar que uma língua seja mudada por decreto). No seu
lugar propõe o tupi.
Resultado: vira motivo de chacota até na Imprensa. Seus colegas de trabalham aumentam as constantes
ironias que jogam sobre a ele. Um chega a dizer que Quaresma estava errado ao querer impor aos outros
uma língua que nem ele próprio, autor do requerimento, dominava. Idéia inverídica, tanto que o
protagonista, irado, não percebe que escreve um ofício em tupi. Quando o documento chega aos superiores,
a conseqüência é nefasta: o protagonista é internado no hospício.
4
Segunda parte - Mostra o Major Quaresma desiludido com as incompreensões o que o faz se retirar para o
campo onde se empenha na reforma da agricultura brasileira e no combate às saúvas. Nesta parte, dedicada à
Agricultura Brasileira, vemos Quaresma refugiar-se num sítio que compra, em Curuzu, e tem por intenção
provar que o solo brasileiro é o mais fértil do mundo. Dedica-se, portanto, a estudar tudo o que se refere a
agricultura. Mais uma vez, distancia-se, em sua perfeição, da realidade. Torna-se defeituoso.
Terceira parte - Acentua-se a sátira política. Motivado pela Revolta da Armada, Quaresma apóia Floriano
Peixoto e, aos poucos, vai identificando os interesses pessoais que movem as pessoas, desnudando o tiranete
grotesco em que se convertera o "Marechal de Ferro". Quaresma larga seus projetos agrícolas ao saber que
estava ocorrendo a Revolta da Armada, quando marinheiros se rebelaram contra o presidente Floriano
Peixoto. Na filosofia do protagonista, sua pátria só seria grande quando a autoridade fosse respeitada. Em
defesa desse ideal, volta para a Capital, para alistar-se nas tropas de defesa do regime.
O interessante é notar a alienação em que a população mergulha diante de um tema tão preocupante como
uma revolta. Recuperada do susto dos constantes tiroteios, parte da população chega a ver tudo como um
festival, havendo até quem colecionasse as balas perdidas.
Enfim, a revolta é sufocada. Quaresma é transferido para a Ilha das Cobras, onde trabalhará como carcereiro.
É então que presencia uma cena que lhe é chocante. Um juiz aparece por lá e distribui (esse termo é o mais
adequado mesmo) as condenações aleatoriamente, sem julgamento ou qualquer outro tipo de análise.
Indignado, pois acreditava que sua pátria, para ser perfeita, tem de estar sustentada em fortes ideais de
justiça, escreve uma carta para o presidente, pedindo a reparação de tal erro.
Infelizmente, o herói não foi interpretado adequadamente, o que revela uma certa miopia dos governantes.
Por causa de tal pedido, é preso e condenado à morte, pois foi visto como uma traição. Há nesse ponto uma
ironia, pois justo o único personagem que se preocupou com o seu país foi considerado traidor, enquanto
outros, que se aproveitaram no conflito para conseguir vantagens políticas, como Armando Borges,
Genelício e Bustamante, saíram-se vitoriosos.
No final, tal qual Dom Quixote, Quaresma acorda, recobra a razão. Percebe que a pátria, por que sempre
lutara, era uma ilusão, nunca existira. Num momento pungente, tocante, descobre que passara toda a sua
vida numa inutilidade.
Em Triste Fim de Policarpo Quaresma, na configuração dos elementos da narrativa, notamos a presença
predominante da ironia e as impertinências contidas na figura central do romance, Quaresma, alegando que
o tupi, por ser a língua nativa brasileira proporcionaria melhor adaptação ao nosso aparelho fonador. Além
disso, segundo ele, os portugueses são os donos da língua e, para alterá-la teríamos de pedir licença a eles.
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O narrador é solidário com sua personagem pois não deixa de criticar os que zombam de Quaresma. No
livro, encontramos ora um Quaresma, entusiasmado, apaixonado pelo Brasil, ora um Quaresma desiludido,
amargo, diante da ingratidão do país para com seus bons objetivos. Nesse ponto, o que vemos é um
personagem condenado à solidão, já que seus ideais batem de frente com os interesses políticos e com o
capital estrangeiro.
Desse modo, temos o personagem central vivendo três momentos na obra: valorizando as coisas da terra – a
história, a geografia, a literatura, o folclore; no sítio do sossego a frustrada busca de uma solução para o
problema agrário, o que faz o romance se vestir de uma profunda atualidade; finalmente, o envolvimento na
Revolta da Armada, o que acaba lhe custando a vida.
ENREDO
O funcionário público Policarpo Quaresma, nacionalista e patriota extremado, é conhecido por todos como
major Quaresma, no Arsenal de Guerra, onde exerce a função de subsecretário. Sem muitos amigos, vive
isolado com sua irmã Dona Adelaide, mantendo os mesmos hábitos há trinta anos. Seu fanatismo patriótico
se reflete nos autores nacionais de sua vasta biblioteca e no modo de ver o Brasil. Para ele, tudo do país é
superior, chegando até mesmo a "amputar alguns quilômetros ao Nilo" apenas para destacar a grandiosidade
do Amazonas. Por isso, em casa ou na repartição, é sempre incompreendido.
Esse patriotismo leva-o a valorizar o violão, instrumento marginalizado na época, visto como sinônimo de
malandragem. Atribuindo-lhe valores nacionais, decide aprender a tocá-lo com o professor Ricardo Coração
dos Outros. Em busca de modinhas do folclore brasileiro, para a festa do general Albernaz, seu vizinho, lê
tudo sobre o assunto, descobrindo, com grande decepção, que um bom número de nossas tradições e canções
vinha do estrangeiro. Sem desanimar, decide estudar algo tipicamente nacional: os costumes tupinambás.
Alguns dias depois, o compadre, Vicente Coleoni, e a afilhada, Dona Olga, são recebidos no melhor estilo
Tupinambá: com choros, berros e descabelamentos. Abandonando o violão, o major volta-se para o maracá e
a inúbia, instrumentos indígenas tipicamente nacionais.
Ainda nessa esteira nacionalista, propõe, em documento enviado ao Congresso Nacional, a substituição do
português pelo tupi-guarani, a verdadeira língua do Brasil. Por isso, torna-se objeto de ridicularizarão,
escárnio e ironia. Um ofício em tupi, enviado ao Ministro da Guerra, por engano, levá-o à suspensão e como
suas manias sugerem um claro desvio comportamental, é aposentado por invalidez, depois de passar alguns
meses no hospício.
Após recuperar-se da insanidade, Quaresma deixa a casa de saúde e compra o Sossego, um sítio no interior
do Rio de Janeiro; está decidido a trabalhar na terra. Com Adelaide e o preto Anastácio, muda-se para o
campo. A idéia de tirar da fértil terra brasileira seu sustento e felicidade anima-o. Adquire vários
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instrumentos e livros sobre agricultura e logo aprende a manejar a enxada. Orgulhoso da terra brasileira que,
de tão boa, dispensa adubos, recebe a visita de Ricardo Coração dos Outros e da afilhada Olga, que não vê
todo o progresso no campo, alardeado pelo padrinho. Nota, sim, muita pobreza e desânimo naquela gente
simples.
Depois de algum tempo, o projeto agrícola de Quaresma cai por terra, derrotado por três inimigos terríveis.
Primeiro, o clientelismo hipócrita dos políticos. Como Policarpo não quis compactuar com uma fraude da
política local, passa a ser multado indevidamente.O segundo, foi a deficiente estrutura agrária brasileira que
lhe impede de vender uma boa safra, sem tomar prejuízo. O terceiro, foi a voracidade dos imbatíveis
exércitos de saúvas, que, ferozmente, devoravam sua lavoura e reservas de milho e feijão. Desanimado,
estende sua dor à pobre população rural, lamentando o abandono de terras improdutivas e a falta de
solidariedade do governo, protetor dos grandes latifundiários do café. Para ele, era necessária uma nova
administração.
A Revolta da Armada - insurreição dos marinheiros da esquadra contra o continuísmo florianista - faz com
que Quaresma abandone a batalha campestre e, como bom patriota, siga para o Rio de Janeiro. Alistando-se
na frente de combate em defesa do Marechal Floriano, torna-se comandante de um destacamento, onde
estuda artilharia, balística, mecânica.
Durante a visita de Floriano Peixoto ao quartel, que já o conhecia do arsenal, Policarpo fica sabendo que o
marechal havia lido seu "projeto agrícola" para a nação. Diante do entusiasmo e observações oníricas do
comandante, o Presidente simplesmente responde: "Você Quaresma é um visionário".
Após quatro meses de revolta, a Armada ainda resiste bravamente. Diante da indiferença de Floriano para
com seu "projeto", Quaresma questiona-se se vale a pena deixar o sossego de casa e se arriscar, ou até
morrer nas trincheiras por esse homem. Mas continua lutando e acaba ferido. Enquanto isso, sozinha, a irmã
Adelaide pouco pode fazer pelo sítio do Sossego, que já demonstra sinais de completo abandono. Em uma
carta à Adelaide, descreve-lhe as batalhas e fala de seu ferimento. Contudo, Quaresma se restabelece e, ao
fim da revolta, que dura sete meses, é designado carcereiro da Ilha das Enxadas, prisão dos marinheiros
insurgentes.
Uma madrugada é visitado por um emissário do governo que, aleatoriamente, escolhe doze prisioneiros que
são levados pela escolta para fuzilamento. Indignado, escreve a Floriano, denunciando esse tipo de
atrocidade cometida pelo governo. Acaba sendo preso como traidor e conduzido à Ilha das Cobras. Apesar
de tanto empenho e fidelidade, Quaresma é condenado à morte. Preocupado com sua situação, Ricardo
busca auxílio nas repartições e com amigos do próprio Quaresma, que nada fazem, pois temem por seus
empregos. Mesmo contrariando a vontade e ambição do marido, sua afilhada, Olga, tenta ajudá-lo, buscando
o apoio de Floriano, mas nada consegue. A morte será o triste fim de Policarpo Quaresma.
TEMPO E ESPAÇO
A história ocorre durante o governo de Floriano Peixoto, 1894, no Rio de Janeiro.
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ASPECTOS MAIS IMPORTANTES
Obra da época Pré-modernista, caracterizada pela crítica ao governo e a retratação dos problemas brasileiros.
O LIVRO:
Explora personagens populares;
Valoriza a vida suburbana (RJ);
Crítica as instituições (Governo e exército);
Caricatura dos poderosos;
Coloquialismo;
Visão crítica sobre a classe média e a pequena burguesia;
PERSONAGENS
Principal personagem: Policarpo Quaresma( protagonista).
Outros personagens:
Dona Adelaide: irmã de Quaresma, mora com ele;
Ricardo Coração dos outros: Violonista amigo de Quaresma que o ensinava à tocar violão;
Coleoni: Imigrante italiano inimigo de Quaresma;
Olga: filha de Coleoni, afilhada de Quaresma;
General Albernaz e família; amigos de Quaresma.
Opinião crítica da obra
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  • 1. 1 Identificação Autor: Lima Barreto Obra: Triste Fim de Policarpo Quaresma. Edição: 8ª edição Editora: Ática Biografia do autor: Lima Barreto (1881-1922) foi escritor e jornalista brasileiro. Filho de pais pobres e mestiços sofreu esse preconceito em toda sua vida. Logo cedo ficou órfão de mãe. Estudou no Colégio Pedro II e ingressou na Escola Politécnica, no curso de Engenharia. Seu pai enlouquece e é internado, obrigando Lima Barreto a abandonar o curso de Engenharia. Para sustentar a família, empregou-se na Secretaria de Guerra e ao mesmo tempo, escrevia para vários jornais do Rio de Janeiro. Ao produzir uma literatura inteiramente desvinculada dos padrões e do gosto vigente, recebe severas críticas dos letrados tradicionais. Explora em suas obras, as injustiças sociais e as dificuldades das primeiras décadas da República. Com seu espírito inquieto e rebelde, Lima Barreto entrega-se ao álcool. Afonso Henrique de Lima Barreto (1881-1922) nasceu no Rio de Janeiro no dia 13 de maio. Filho de Joaquim Henriques de Lima Barreto e Amália Augusta, ambos mestiços e pobres. Sofreu preconceito a vida toda. Seu pai era tipógrafo e sua mãe professora primária. Logo cedo ficou órfão de mãe. Lima Barreto estudou no Liceu Popular Niteroiense e concluiu o curso secundário no Colégio Pedro II, local onde estudava a elite litrária da época. Sempre com a ajuda de seu padrinho, o Visconde de Ouro Preto, ingressou na Escola Politécnica do Rio de Janeiro, onde iniciou o curso de Engenharia. Em 1904 foi obrigado a abandonar o curso, pois, seu pai havia enlouquecido e o sustento dos três irmão agora era responsabilidade dele. Em 1904 consegue emprego de escrevente copista na Secretaria de Guerra, ao mesmo tempo que colabora com quase todos os jornais do Rio de Janeiro. Ainda estudante já colaborava para a Revista da Época e para a Quinzena Alegre. Em 1905 passa a escrever no Correio da Manhã, jornal de grande prestígio. Em 1909 Lima Barreto publica o romance "Recordações do Escrivão Isaías Caminha". O texto acompanha a trajetória de um jovem mulato, que vindo do interior sofre sérios preconceitos raciais. Em 1915 escreve "Triste Fim de Policarpo Quaresma", e em 1919 escreve "Vida e Morte de M.J.Gonzaga de Sá". Esses três romances apresentam nítidos traços autobiográficos. Com uma linguagem descuidada, suas obras são impregnadas da justa preocupação com os fatos históricos e com os costumes sociais. Lima Barreto torna-se uma espécie de cronista e um caricaturista se vingando da
  • 2. 2 hostilidade dos escritores e do público burguês. Poucos aceitam aqueles contos e romances que revelavam a vida cotidiana das classes populares, sem qualquer idealização. A obra prima de Lima Barreto, não perturbada pela caricatura, foi "Triste Fim de Policarpo Quaresma". Nela o autor conta o drama de um velho aposentado, O Policarpo, em sua luta pela salvação do Brasil. Afonso Henriques Lima Barreto com seu espírito inquieto e rebelde, seu inconformismo com a mediocridade reinante, se entrega ao álcool. Suas constantes depressões o levam duas vezes para o hospital. Em 01 de novembro de 1922 morre de um ataque cardíaco. CONTEXTO Publicado inicialmente em folhetins do Jornal do Comércio entre agosto e outubro de 1911 e depois em livro em 1916, Triste Fim de Policarpo Quaresma, obra mais famosa de Lima Barreto, condensa em si muitas das características que consagraram seu autor como o melhor de seu tempo. A obra focaliza fatos históricos e políticos ocorridos durante a fase de instalação da república, mais precisamente no governo de Floriano Peixoto (1891 - 1894). Seus ataques, sempre escachados, derramam-se para todos os lados significativos da sociedade que contempla, a Primeira República, ou seja, as primeiras décadas desse regime aqui no Brasil. Assim, Lima Barreto encaixa-se no Pré-Modernismo (1902-22), pois, respeita códigos literários antigos (principalmente o Naturalismo, conforme anteriormente apontado), mas já apresenta uma linguagem nova, mais arejada em relação ao momento anterior. O romance narrado em terceira pessoa, descreve a vida política do Brasil após a Proclamação da República, caricaturizando o nacionalismo ingênuo, fanatizante e xenófobo do Major Policarpo Quaresma, apavorado com a descaracterização da cultura e da sociedade brasileira, modelada em valores europeus. Divertido e colorido no início, o livro se desdobra no sofrimento patético do major Quaresma, incompreendido e martirizado, convertido numa espécie de Dom Quixote nacional, otimista incurável, visionário, paladino da justiça, expressando na sua ingenuidade a doçura e o calor humano do homem do povo. O romance anuncia no título o seu desfecho pouco alegre, apesar do enredo em que os efeitos cômicos estão aliados ao entusiasmo ingênuo do personagem central e ao seu inconformismo e obsessões. Quaresma é um tipo rico em manifestações inusitadas: seus requerimentos pedindo o tupi-guarani como língua oficial, seu jeito de receber chorando as visitas, suas pesquisas folclóricas; tudo procurando despertar o riso no leitor que, no final, presencia sua morte solitária e triste: “Com tal gente era melhor tê-lo deixado morrer só e
  • 3. 3 heroicamente num ilhéu qualquer, mas levando para o túmulo inteiramente intacto o seu orgulho, a sua doçura, a sua personalidade moral, sem a mácula de um empenho, que diminuísse a injustiça de sua morte, que de algum modo fizesse crer aos algozes que eles tinham direito de matá-lo”. Outro personagem que merece especial atenção é Ricardo Coração dos Outros, o seresteiro do subúrbio, que enriquece a narrativa em que se mostra a paixão pela cidade, os bairros distantes, as serenatas e os violões compondo um cenário pitoresco do Rio de Janeiro da época. ESTRUTURA DA OBRA A obra divide-se em três partes. Primeira parte - Retrata o burocrata exemplar, patriota e nacionalista extremado, interessado pelas coisas do Brasil: a música, o folclore e o tupi-guarani. Esta parte está ligada à Cultura Brasileira, onde conhecemos a personagem e suas manias. Sabe tudo sobre a geografia do nosso país. Sua casa é repleta de livros que se refiram à nossa nação. O que come e bebe é tipicamente brasileiro. Até o seu jardim só possui plantas nativas. Chega a estudar violão – instrumento de má fama na época, pois era associado a malandros – com Ricardo Coração dos Outros, já que descobre que a modinha, estilo tipicamente brasileiro, era tocada com esse instrumento. Duas são suas grandes ações. A primeira está em estudar o folclore do Brasil para incrementar uma festa de seu vizinho, General Albernaz com algum folguedo popular. Descobre então o Tangolomango, brincadeira que consistia na dança com dez crianças, até que um sujeito, com uma máscara, deveria pegar uma a uma sucessivamente. O problema é que Quaresma empolgou-se tanto com a brincadeira que terminou passando mal, por falta de ar, ou, como se dizia na época, acabou tendo um “tangolomango”. Por aí já se tem uma idéia da ironia do autor. O clímax da falta de senso de ridículo do protagonista foi ter mandado à Câmara um requerimento, pedindo para que a língua oficial do Brasil deixasse de ser o Português, idioma emprestado e por isso incentivador de inúmeras polêmicas entre nossos gramáticos (seu argumento, nesse aspecto, é o de que não podemos dominar um idioma que não é nosso e que, portanto, não respeita a nossa realidade. Idéias bastante interessantes, mas apenas isso, pois é ridículo imaginar que uma língua seja mudada por decreto). No seu lugar propõe o tupi. Resultado: vira motivo de chacota até na Imprensa. Seus colegas de trabalham aumentam as constantes ironias que jogam sobre a ele. Um chega a dizer que Quaresma estava errado ao querer impor aos outros uma língua que nem ele próprio, autor do requerimento, dominava. Idéia inverídica, tanto que o protagonista, irado, não percebe que escreve um ofício em tupi. Quando o documento chega aos superiores, a conseqüência é nefasta: o protagonista é internado no hospício.
  • 4. 4 Segunda parte - Mostra o Major Quaresma desiludido com as incompreensões o que o faz se retirar para o campo onde se empenha na reforma da agricultura brasileira e no combate às saúvas. Nesta parte, dedicada à Agricultura Brasileira, vemos Quaresma refugiar-se num sítio que compra, em Curuzu, e tem por intenção provar que o solo brasileiro é o mais fértil do mundo. Dedica-se, portanto, a estudar tudo o que se refere a agricultura. Mais uma vez, distancia-se, em sua perfeição, da realidade. Torna-se defeituoso. Terceira parte - Acentua-se a sátira política. Motivado pela Revolta da Armada, Quaresma apóia Floriano Peixoto e, aos poucos, vai identificando os interesses pessoais que movem as pessoas, desnudando o tiranete grotesco em que se convertera o "Marechal de Ferro". Quaresma larga seus projetos agrícolas ao saber que estava ocorrendo a Revolta da Armada, quando marinheiros se rebelaram contra o presidente Floriano Peixoto. Na filosofia do protagonista, sua pátria só seria grande quando a autoridade fosse respeitada. Em defesa desse ideal, volta para a Capital, para alistar-se nas tropas de defesa do regime. O interessante é notar a alienação em que a população mergulha diante de um tema tão preocupante como uma revolta. Recuperada do susto dos constantes tiroteios, parte da população chega a ver tudo como um festival, havendo até quem colecionasse as balas perdidas. Enfim, a revolta é sufocada. Quaresma é transferido para a Ilha das Cobras, onde trabalhará como carcereiro. É então que presencia uma cena que lhe é chocante. Um juiz aparece por lá e distribui (esse termo é o mais adequado mesmo) as condenações aleatoriamente, sem julgamento ou qualquer outro tipo de análise. Indignado, pois acreditava que sua pátria, para ser perfeita, tem de estar sustentada em fortes ideais de justiça, escreve uma carta para o presidente, pedindo a reparação de tal erro. Infelizmente, o herói não foi interpretado adequadamente, o que revela uma certa miopia dos governantes. Por causa de tal pedido, é preso e condenado à morte, pois foi visto como uma traição. Há nesse ponto uma ironia, pois justo o único personagem que se preocupou com o seu país foi considerado traidor, enquanto outros, que se aproveitaram no conflito para conseguir vantagens políticas, como Armando Borges, Genelício e Bustamante, saíram-se vitoriosos. No final, tal qual Dom Quixote, Quaresma acorda, recobra a razão. Percebe que a pátria, por que sempre lutara, era uma ilusão, nunca existira. Num momento pungente, tocante, descobre que passara toda a sua vida numa inutilidade. Em Triste Fim de Policarpo Quaresma, na configuração dos elementos da narrativa, notamos a presença predominante da ironia e as impertinências contidas na figura central do romance, Quaresma, alegando que o tupi, por ser a língua nativa brasileira proporcionaria melhor adaptação ao nosso aparelho fonador. Além disso, segundo ele, os portugueses são os donos da língua e, para alterá-la teríamos de pedir licença a eles.
  • 5. 5 O narrador é solidário com sua personagem pois não deixa de criticar os que zombam de Quaresma. No livro, encontramos ora um Quaresma, entusiasmado, apaixonado pelo Brasil, ora um Quaresma desiludido, amargo, diante da ingratidão do país para com seus bons objetivos. Nesse ponto, o que vemos é um personagem condenado à solidão, já que seus ideais batem de frente com os interesses políticos e com o capital estrangeiro. Desse modo, temos o personagem central vivendo três momentos na obra: valorizando as coisas da terra – a história, a geografia, a literatura, o folclore; no sítio do sossego a frustrada busca de uma solução para o problema agrário, o que faz o romance se vestir de uma profunda atualidade; finalmente, o envolvimento na Revolta da Armada, o que acaba lhe custando a vida. ENREDO O funcionário público Policarpo Quaresma, nacionalista e patriota extremado, é conhecido por todos como major Quaresma, no Arsenal de Guerra, onde exerce a função de subsecretário. Sem muitos amigos, vive isolado com sua irmã Dona Adelaide, mantendo os mesmos hábitos há trinta anos. Seu fanatismo patriótico se reflete nos autores nacionais de sua vasta biblioteca e no modo de ver o Brasil. Para ele, tudo do país é superior, chegando até mesmo a "amputar alguns quilômetros ao Nilo" apenas para destacar a grandiosidade do Amazonas. Por isso, em casa ou na repartição, é sempre incompreendido. Esse patriotismo leva-o a valorizar o violão, instrumento marginalizado na época, visto como sinônimo de malandragem. Atribuindo-lhe valores nacionais, decide aprender a tocá-lo com o professor Ricardo Coração dos Outros. Em busca de modinhas do folclore brasileiro, para a festa do general Albernaz, seu vizinho, lê tudo sobre o assunto, descobrindo, com grande decepção, que um bom número de nossas tradições e canções vinha do estrangeiro. Sem desanimar, decide estudar algo tipicamente nacional: os costumes tupinambás. Alguns dias depois, o compadre, Vicente Coleoni, e a afilhada, Dona Olga, são recebidos no melhor estilo Tupinambá: com choros, berros e descabelamentos. Abandonando o violão, o major volta-se para o maracá e a inúbia, instrumentos indígenas tipicamente nacionais. Ainda nessa esteira nacionalista, propõe, em documento enviado ao Congresso Nacional, a substituição do português pelo tupi-guarani, a verdadeira língua do Brasil. Por isso, torna-se objeto de ridicularizarão, escárnio e ironia. Um ofício em tupi, enviado ao Ministro da Guerra, por engano, levá-o à suspensão e como suas manias sugerem um claro desvio comportamental, é aposentado por invalidez, depois de passar alguns meses no hospício. Após recuperar-se da insanidade, Quaresma deixa a casa de saúde e compra o Sossego, um sítio no interior do Rio de Janeiro; está decidido a trabalhar na terra. Com Adelaide e o preto Anastácio, muda-se para o campo. A idéia de tirar da fértil terra brasileira seu sustento e felicidade anima-o. Adquire vários
  • 6. 6 instrumentos e livros sobre agricultura e logo aprende a manejar a enxada. Orgulhoso da terra brasileira que, de tão boa, dispensa adubos, recebe a visita de Ricardo Coração dos Outros e da afilhada Olga, que não vê todo o progresso no campo, alardeado pelo padrinho. Nota, sim, muita pobreza e desânimo naquela gente simples. Depois de algum tempo, o projeto agrícola de Quaresma cai por terra, derrotado por três inimigos terríveis. Primeiro, o clientelismo hipócrita dos políticos. Como Policarpo não quis compactuar com uma fraude da política local, passa a ser multado indevidamente.O segundo, foi a deficiente estrutura agrária brasileira que lhe impede de vender uma boa safra, sem tomar prejuízo. O terceiro, foi a voracidade dos imbatíveis exércitos de saúvas, que, ferozmente, devoravam sua lavoura e reservas de milho e feijão. Desanimado, estende sua dor à pobre população rural, lamentando o abandono de terras improdutivas e a falta de solidariedade do governo, protetor dos grandes latifundiários do café. Para ele, era necessária uma nova administração. A Revolta da Armada - insurreição dos marinheiros da esquadra contra o continuísmo florianista - faz com que Quaresma abandone a batalha campestre e, como bom patriota, siga para o Rio de Janeiro. Alistando-se na frente de combate em defesa do Marechal Floriano, torna-se comandante de um destacamento, onde estuda artilharia, balística, mecânica. Durante a visita de Floriano Peixoto ao quartel, que já o conhecia do arsenal, Policarpo fica sabendo que o marechal havia lido seu "projeto agrícola" para a nação. Diante do entusiasmo e observações oníricas do comandante, o Presidente simplesmente responde: "Você Quaresma é um visionário". Após quatro meses de revolta, a Armada ainda resiste bravamente. Diante da indiferença de Floriano para com seu "projeto", Quaresma questiona-se se vale a pena deixar o sossego de casa e se arriscar, ou até morrer nas trincheiras por esse homem. Mas continua lutando e acaba ferido. Enquanto isso, sozinha, a irmã Adelaide pouco pode fazer pelo sítio do Sossego, que já demonstra sinais de completo abandono. Em uma carta à Adelaide, descreve-lhe as batalhas e fala de seu ferimento. Contudo, Quaresma se restabelece e, ao fim da revolta, que dura sete meses, é designado carcereiro da Ilha das Enxadas, prisão dos marinheiros insurgentes. Uma madrugada é visitado por um emissário do governo que, aleatoriamente, escolhe doze prisioneiros que são levados pela escolta para fuzilamento. Indignado, escreve a Floriano, denunciando esse tipo de atrocidade cometida pelo governo. Acaba sendo preso como traidor e conduzido à Ilha das Cobras. Apesar de tanto empenho e fidelidade, Quaresma é condenado à morte. Preocupado com sua situação, Ricardo busca auxílio nas repartições e com amigos do próprio Quaresma, que nada fazem, pois temem por seus empregos. Mesmo contrariando a vontade e ambição do marido, sua afilhada, Olga, tenta ajudá-lo, buscando o apoio de Floriano, mas nada consegue. A morte será o triste fim de Policarpo Quaresma. TEMPO E ESPAÇO A história ocorre durante o governo de Floriano Peixoto, 1894, no Rio de Janeiro.
  • 7. 7 ASPECTOS MAIS IMPORTANTES Obra da época Pré-modernista, caracterizada pela crítica ao governo e a retratação dos problemas brasileiros. O LIVRO: Explora personagens populares; Valoriza a vida suburbana (RJ); Crítica as instituições (Governo e exército); Caricatura dos poderosos; Coloquialismo; Visão crítica sobre a classe média e a pequena burguesia; PERSONAGENS Principal personagem: Policarpo Quaresma( protagonista). Outros personagens: Dona Adelaide: irmã de Quaresma, mora com ele; Ricardo Coração dos outros: Violonista amigo de Quaresma que o ensinava à tocar violão; Coleoni: Imigrante italiano inimigo de Quaresma; Olga: filha de Coleoni, afilhada de Quaresma; General Albernaz e família; amigos de Quaresma. Opinião crítica da obra _______________________________________________ _______________________________________________ _______________________________________________ _______________________________________________ _______________________________________________ _______________________________________________ _______________________________________________ _______________________________________________ _______________________________________________ _______________________________________________ _______________________________________________