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Funções Mentais
Superiores
■ Profª Marcia Beckman
Corpo, mente e cérebro
• Realidade psíquica – elaborada a partir dos contéudos
mentais.
• As técnicas da Psicologia possibilitam com que a pessoa
identifique elementos desconhecidos que a impulsionam em
direção a comportamentos indesejados, a incertezas e a
angústias.
Corpo, mente e cérebro
• Totalidade do ser – ser integrado – mente + cérebro + corpo
= ser humano como entidade total.
q Funções mentais superiores –
q Indivíduo percebe as imagens mentais de SI MESMO e do
MUNDO ao redor
q Interpreta os estímulos recebidos
q Elabora a realidade psíquica
q Emite comportamentos.
Corpo Mente
■ Caso 1.3 – Luciana: encontro com a violência
Luciana, jovem de 17 anos, estudante, voltava da escola para
casa, à noite, no trajeto habitual que a levava a transitar por um
trecho mal iluminado, próximo a vários terrenos baldios, com muitas
árvores e mato alto, margeando o pequeno riacho em torno do qual o
bairro distante se desenvolveu.
Tais circunstâncias propiciaram a ação de três homens que
estavam próximos ao local. Eles a cercaram e dominaram, desferindo-
lhe um soco no olho e tapando-lhe a boca. Assim, maltratada e
imobilizada, Luciana viu-se arrastada para o matagal.
Ali, foi estuprada pelos três, repetidas vezes, enquanto todos
passavam as mãos em seu corpo, mantendo-a imobilizada e
emudecida pela própria calcinha, violentamente arrancada e enfiada
em sua boca, quase até asfixiá-la.
Após breve confabulação, os três decidiram não matá-la e
fugiram do local, de posse dos escassos bens da vítima: alguns
trocados, passes escolares e o relógio barato adquirido na feira livre
do bairro.
Luciana permaneceu um tempo, que lhe pareceu infinito,
deitada sobre o chão imundo, onde os três urinaram antes de se
evadir, sentindo mais nojo do que dor. Deve ter perdido os sentidos,
pois, de repente, viu-se só. Arrastou-se, com dificuldade, entre a
vegetação, até que conseguiu se orientar. Levantou-se e, tremendo
e chorando, buscou o caminho de casa. Com muita vergonha,
relatou o ocorrido para a mãe e o padrasto.
Enquanto a mãe consolava-a, o padrasto não deixou de
recriminá-la por seus “modos”. “Sempre achei que ainda ia
acontecer alguma desgraça”, afirmou. A mãe, entretanto, fez
questão de levá-la à delegacia do bairro para prestar queixa.
A ocorrência foi comunicada à polícia civil, seguindo-se o
suplício de se submeter a exame de corpo de delito.
Nos próximos meses, Luciana permaneceu em casa,
recuperando-se pouco a pouco da provação. Perdeu o emprego e
não conseguiu retomar as aulas naquele ano... Tinha vergonha de
encarar os colegas de trabalho e de escola. Passou a evitar
conhecidos e parentes.
Algum tempo depois, a polícia logrou êxito na prisão dos
suspeitos, os quais foram identificados, submetidos a julgamento,
sentenciados e condenados.
Durante o julgamento, a advogada de defesa dos criminosos
colocou em dúvida o depoimento de Luciana, questionando a
gravidade dos fatos, alegando que a vítima não soube precisar
quantas vezes foi estuprada por cada um dos elementos.
Sensação e Percepção
• Sensação e percepção são processos fluidos e
conectados, uma antecede a outra.
• SENSAÇÃO – como os estímulos/informações chegam ao
cérebro – imagem mental .
■
• PERCEPÇÃO – interpretação da imagem mental
resultante da sensação. Processo pelo qual
SELECIONAMOS, ORGANIZAMOS E INTERPRETAMOS
estímulos, traduzindo-os em uma imagem significativa e
coerente.
Trazer à consciência os estímulos sensoriais –
transformar em informação psicológica.
Sensação e Percepção
• SENSAÇÃO – dependente do estímulo e da
capacidade do indivíduo em captá-lo.
• PERCEPÇÃO – dependente de situações
antecessoras que envolveram o mesmo
estímulo(ou similares) que afetam diretamente a
interpretação da sensação.
Sensação
• A emoção afeta a sensação.
■ Mecanismo de defesa contra algo que o agride
profundamente.
■ Estado emocional: afeta os limiares de
sensação.
Em situações que despertam fortes emoções o indivíduo
pode torna-se MAIS sensível aos estímulos ou
REDUZIR a sensibilidade.
Sensação
■ Limiar inferior – intensidade do estímulo
abaixo do qual pode ser reconhecido
■ Limiar superior- bloqueio de sensação –
limite que o indivíduo suporta
Fatores que afetam a Percepção
• As pessoas percebem diferentemente o mesmo
conjunto de estímulos.
• Captura visual – predomínio do estímulo visual
• Intensidade, dimensão, mobilidade, cor, frequência,
o que caracteriza o estímulo possibilita a melhor
percepção.
• Experiências anteriores a estímulos iguais ou
próximos.
Fatores que afetam a Percepção
• Crenças e valores – a percepção atua como forma
de confirmar a crença;
• Conhecimento do indivíduo;
• Emoções expectativas que envolveram o estímulo –
o indivíduo percebe a partir de suas expectativas.
• Percepção se aprende ao longo da vida –
aprendizagem perceptiva- depende também do
amadurecimento físico e emocional.
• Relação figura-fundo
O que você percebe?
O mesmo es&mulo pode desencadear mais de uma percepção
• Relação figura-fundo
Atenção
• A atenção possibilita a seleção e o descarte
dos estímulos que chegam ao cérebro.
• Tudo que modifica a situação chama a
atenção – a atenção filtra os estímulos que
participam do processo de sensação e
enfim, vão compor a figura na percepção.
Atenção
• Falta de atenção:
• Concentração em outras atividades;
• Desconhecimento ou não compreensão do
acontecimento
• Mecanismo de defesa
• Obtenção e permanência da atenção:
• Característica dos estímulos; fatores
internos aos indivíduos, necessidades,
objetivos, interesse, prazer.
Atenção
■ A emoção ativa a atenção para inúmeros
detalhes.
■ ex: Luciana passou a experimentar
sensação de náusea ao sentir o aroma do
mato proveniente de terrenos baldios.
Memória
• A memória é desencadeada por sinais,
informações recebidas pelos sentidos,
• A atenção é fundamental para que a memória
seja ativada.
• A emoção é importante para as distorções,
ampliação ou reduções dos conteúdos e o
reconhecimento.
• A ampliação dos atributos: lembrar do ruim
como muito ruim e do bom como
extremamente melhor.
Memória
■ Influência da emoção: lacunas, distorções,
ampliações, reduções de conteúdo, etc.
■ Questões extremamente dolorosas tendem a
ser esquecidas (detalhes).
■ Ex: não se pode recriminar Luciana porque não
consegue narrar detalhes de sua tragédia pessoal;
há um poderoso processo emocional protegendo seu
psiquismo para que aqueles acontecimentos
terríveis não aflorem.
Memória
■ O uso de vários sentidos (visão, audição,
tato, etc) ativa diferentes formas de
memória.
■ De acordo com estudos psicológicos, três
processos básicos são necessários para
todos os sistemas de memória:
codificação, armazenamento e
recuperação.
Memória
■ Memória a curto prazo – as pessoa podem recordar das
palavras mais recentes ditas ou ouvidas, mesmo que tenham
prestado apenas ligeira atenção, entretanto essas
informações são perdidas minutos mais tarde.
■ A memória a curto prazo tem como função o armazenamento
temporário.
■ Memória a longo prazo – teoricamente o armazenamento na
memória a longo prazo é feito por codificação (representado
por seu significado).
■ A teoria da deterioração é a explicação para o esquecimento:
à medida que o tempo passa, a lembrança vai se
desintegrando.
Linguagem e Pensamento
■ Linguagem e pensamento são funções
mentais complexas, diretamente
associadas.
■ Por meio da linguagem a pessoa é inserida
em uma sociedade ou grupo social.
■ A linguagem possibilita representar o
mundo.
Linguagem e Pensamento
■ A linguagem condiciona o registro dos
acontecimentos na memória, PORQUE “AS
PRÁTICAS, AS PERCEPÇÕES, OS
CONHECIMENTOS TRANSFORMAM-SE
QUANDO SÃO FALADOS” (LANE,1999)
■ Linguagem virtual e pensamento
imaginário – novas formas de
comunicação e ideias
Linguagem e Pensamento
■ Pensamento: é a atividade mental
associada ao processamento, a
compreensão e a comunicação de
informação.
■ Jean Piaget - o desenvolvimento cognitivo é um
processo de sucessivas mudanças qualitativas e
quantitativas das estruturas cognitivas derivando
cada estrutura de estruturas precedentes.
O indivíduo constrói e reconstrói
continuamente as estruturas que o
tornam cada vez mais apto ao
equilíbrio.
Linguagem, Pensamento e Conflitos
■ A linguagem influencia no que
pensamos e como pensamos.
Uma única palavra dependendo
da forma como empregamos
desencadeia emoções e
pensamentos
A limitação do pensamento
provém do fato de ele
obedecer esquemas mentais
já estabelecidos em outras
situações.
O Estudo das Emoções
Emoção
■ Seis emoções BÁSICAS, mundialmente identificadas,
independente da cultura:
■ RAIVA
■ MEDO
■ REPUGNÂNCIA
■ SURPRESA
■ FELICIDADE
■ TRISTEZA
■ Damásio (2004) – chama de emoções sociais: simpatia,
compaixão, embaraço, vergonha, culpa, orgulho, ciúme,
inveja,
Emoção
■ Emoções positivas-
■ Emoções Negativas -
O Estudo das Emoções
Componentes Básicos das
Emoções
§ Cogni&vo: pensamentos, crenças e expecta&vas
individuais determinam a maneira singular como
será vivenciada a emoção;
§ Fisiológico: mudanças <sicas internas resultantes
do alerta emocional;
§ Comportamental: sinais exteriores que expressam
as emoções vivenciadas (raiva, alegria, tristeza).
As Emoções
■ A emoção é um complexo estado de sen2mentos, com
componentes somá2cos, psíquicos e comportamentais,
relacionados ao afeto e ao humor (Kaplan e Sadock, 1993).
■ A emoção não é voluntariamente controlada. Ela é responsável
pelos sen2mentos humanos.
■ Afeto: expressão observável da emoção, resposta ao
componente emocional. Gestos, tom de voz, movimentos.
■ Humor: subje2vo, depende da percepção do indivíduo, é mais
duradouro que a emoção;
Mãe que salvou filho de
afogamento mesmo sem saber
nadar diz que morreria pelo
menino
Na hora, não passou nada na
minha cabeça. Só sei que queria
tirar meu filho de lá. Pensei: “Seja
o que Deus quiser. Se tiver que
morrer, morrem os dois juntos".
Graças a Deus, saiu tudo bem.
O círculo do mau-humor
■ O presidente da empresa gritou com o diretor por não gostar do
resultado apresentado.
O diretor, então, chateado, chegando em casa, quando viu o bom e farto
jantar à mesa, gritou com sua esposa, acusando-a de esbanjar e gastar
demais. Sua esposa, por sua vez, gritou com a empregada que quebrou
um prato ao assustar-se com o grito do patrão. A empregada acabou
descontando sua raiva chutando o cachorrinho que rondava a cozinha.
O cachorrinho saiu correndo pela porta e, assustado, mordeu uma
senhora que passava pela rua. A senhora foi à farmácia para tomar
vacina e fazer um curativo, e porque a injeção doeu ao ser aplicada,
gritou com o farmacêutico. O farmacêutico, ao chegar em casa, gritou
com sua mãe porque o jantar não estava do seu agrado. Sua mãe então
afagou os seus cabelos, beijou-o na testa, olhou-o nos olhos, e disse:
– Filho, eu prometo que amanhã farei o seu prato favorito. Você trabalha
muito, está cansado e precisa de uma boa noite de sono. Vou trocar os
lençóis da sua cama por outros bem limpinhos e cheirosos para que
você descanse em paz. Amanhã você vai se sentir bem melhor.
Naquele momento, a tolerância, o perdão e o amor romperam o círculo
do mau-humor.
Referências Bibliográficas
• Texto Base:
• FIORELLI, J. O; MANGINI, R. C.R. Psicologia jurídica.
São Paulo: Atlas, 4ed.2012.

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  • 2. Corpo, mente e cérebro • Realidade psíquica – elaborada a partir dos contéudos mentais. • As técnicas da Psicologia possibilitam com que a pessoa identifique elementos desconhecidos que a impulsionam em direção a comportamentos indesejados, a incertezas e a angústias.
  • 3. Corpo, mente e cérebro • Totalidade do ser – ser integrado – mente + cérebro + corpo = ser humano como entidade total. q Funções mentais superiores – q Indivíduo percebe as imagens mentais de SI MESMO e do MUNDO ao redor q Interpreta os estímulos recebidos q Elabora a realidade psíquica q Emite comportamentos. Corpo Mente
  • 4. ■ Caso 1.3 – Luciana: encontro com a violência Luciana, jovem de 17 anos, estudante, voltava da escola para casa, à noite, no trajeto habitual que a levava a transitar por um trecho mal iluminado, próximo a vários terrenos baldios, com muitas árvores e mato alto, margeando o pequeno riacho em torno do qual o bairro distante se desenvolveu. Tais circunstâncias propiciaram a ação de três homens que estavam próximos ao local. Eles a cercaram e dominaram, desferindo- lhe um soco no olho e tapando-lhe a boca. Assim, maltratada e imobilizada, Luciana viu-se arrastada para o matagal. Ali, foi estuprada pelos três, repetidas vezes, enquanto todos passavam as mãos em seu corpo, mantendo-a imobilizada e emudecida pela própria calcinha, violentamente arrancada e enfiada em sua boca, quase até asfixiá-la. Após breve confabulação, os três decidiram não matá-la e fugiram do local, de posse dos escassos bens da vítima: alguns trocados, passes escolares e o relógio barato adquirido na feira livre do bairro.
  • 5. Luciana permaneceu um tempo, que lhe pareceu infinito, deitada sobre o chão imundo, onde os três urinaram antes de se evadir, sentindo mais nojo do que dor. Deve ter perdido os sentidos, pois, de repente, viu-se só. Arrastou-se, com dificuldade, entre a vegetação, até que conseguiu se orientar. Levantou-se e, tremendo e chorando, buscou o caminho de casa. Com muita vergonha, relatou o ocorrido para a mãe e o padrasto. Enquanto a mãe consolava-a, o padrasto não deixou de recriminá-la por seus “modos”. “Sempre achei que ainda ia acontecer alguma desgraça”, afirmou. A mãe, entretanto, fez questão de levá-la à delegacia do bairro para prestar queixa. A ocorrência foi comunicada à polícia civil, seguindo-se o suplício de se submeter a exame de corpo de delito. Nos próximos meses, Luciana permaneceu em casa, recuperando-se pouco a pouco da provação. Perdeu o emprego e não conseguiu retomar as aulas naquele ano... Tinha vergonha de encarar os colegas de trabalho e de escola. Passou a evitar conhecidos e parentes.
  • 6. Algum tempo depois, a polícia logrou êxito na prisão dos suspeitos, os quais foram identificados, submetidos a julgamento, sentenciados e condenados. Durante o julgamento, a advogada de defesa dos criminosos colocou em dúvida o depoimento de Luciana, questionando a gravidade dos fatos, alegando que a vítima não soube precisar quantas vezes foi estuprada por cada um dos elementos.
  • 7. Sensação e Percepção • Sensação e percepção são processos fluidos e conectados, uma antecede a outra. • SENSAÇÃO – como os estímulos/informações chegam ao cérebro – imagem mental . ■ • PERCEPÇÃO – interpretação da imagem mental resultante da sensação. Processo pelo qual SELECIONAMOS, ORGANIZAMOS E INTERPRETAMOS estímulos, traduzindo-os em uma imagem significativa e coerente. Trazer à consciência os estímulos sensoriais – transformar em informação psicológica.
  • 8. Sensação e Percepção • SENSAÇÃO – dependente do estímulo e da capacidade do indivíduo em captá-lo. • PERCEPÇÃO – dependente de situações antecessoras que envolveram o mesmo estímulo(ou similares) que afetam diretamente a interpretação da sensação.
  • 9. Sensação • A emoção afeta a sensação. ■ Mecanismo de defesa contra algo que o agride profundamente. ■ Estado emocional: afeta os limiares de sensação. Em situações que despertam fortes emoções o indivíduo pode torna-se MAIS sensível aos estímulos ou REDUZIR a sensibilidade.
  • 10. Sensação ■ Limiar inferior – intensidade do estímulo abaixo do qual pode ser reconhecido ■ Limiar superior- bloqueio de sensação – limite que o indivíduo suporta
  • 11. Fatores que afetam a Percepção • As pessoas percebem diferentemente o mesmo conjunto de estímulos. • Captura visual – predomínio do estímulo visual • Intensidade, dimensão, mobilidade, cor, frequência, o que caracteriza o estímulo possibilita a melhor percepção. • Experiências anteriores a estímulos iguais ou próximos.
  • 12. Fatores que afetam a Percepção • Crenças e valores – a percepção atua como forma de confirmar a crença; • Conhecimento do indivíduo; • Emoções expectativas que envolveram o estímulo – o indivíduo percebe a partir de suas expectativas. • Percepção se aprende ao longo da vida – aprendizagem perceptiva- depende também do amadurecimento físico e emocional.
  • 14. O que você percebe? O mesmo es&mulo pode desencadear mais de uma percepção
  • 16. Atenção • A atenção possibilita a seleção e o descarte dos estímulos que chegam ao cérebro. • Tudo que modifica a situação chama a atenção – a atenção filtra os estímulos que participam do processo de sensação e enfim, vão compor a figura na percepção.
  • 17. Atenção • Falta de atenção: • Concentração em outras atividades; • Desconhecimento ou não compreensão do acontecimento • Mecanismo de defesa • Obtenção e permanência da atenção: • Característica dos estímulos; fatores internos aos indivíduos, necessidades, objetivos, interesse, prazer.
  • 18. Atenção ■ A emoção ativa a atenção para inúmeros detalhes. ■ ex: Luciana passou a experimentar sensação de náusea ao sentir o aroma do mato proveniente de terrenos baldios.
  • 19. Memória • A memória é desencadeada por sinais, informações recebidas pelos sentidos, • A atenção é fundamental para que a memória seja ativada. • A emoção é importante para as distorções, ampliação ou reduções dos conteúdos e o reconhecimento. • A ampliação dos atributos: lembrar do ruim como muito ruim e do bom como extremamente melhor.
  • 20. Memória ■ Influência da emoção: lacunas, distorções, ampliações, reduções de conteúdo, etc. ■ Questões extremamente dolorosas tendem a ser esquecidas (detalhes). ■ Ex: não se pode recriminar Luciana porque não consegue narrar detalhes de sua tragédia pessoal; há um poderoso processo emocional protegendo seu psiquismo para que aqueles acontecimentos terríveis não aflorem.
  • 21. Memória ■ O uso de vários sentidos (visão, audição, tato, etc) ativa diferentes formas de memória. ■ De acordo com estudos psicológicos, três processos básicos são necessários para todos os sistemas de memória: codificação, armazenamento e recuperação.
  • 22. Memória ■ Memória a curto prazo – as pessoa podem recordar das palavras mais recentes ditas ou ouvidas, mesmo que tenham prestado apenas ligeira atenção, entretanto essas informações são perdidas minutos mais tarde. ■ A memória a curto prazo tem como função o armazenamento temporário. ■ Memória a longo prazo – teoricamente o armazenamento na memória a longo prazo é feito por codificação (representado por seu significado). ■ A teoria da deterioração é a explicação para o esquecimento: à medida que o tempo passa, a lembrança vai se desintegrando.
  • 23.
  • 24. Linguagem e Pensamento ■ Linguagem e pensamento são funções mentais complexas, diretamente associadas. ■ Por meio da linguagem a pessoa é inserida em uma sociedade ou grupo social. ■ A linguagem possibilita representar o mundo.
  • 25. Linguagem e Pensamento ■ A linguagem condiciona o registro dos acontecimentos na memória, PORQUE “AS PRÁTICAS, AS PERCEPÇÕES, OS CONHECIMENTOS TRANSFORMAM-SE QUANDO SÃO FALADOS” (LANE,1999) ■ Linguagem virtual e pensamento imaginário – novas formas de comunicação e ideias
  • 26. Linguagem e Pensamento ■ Pensamento: é a atividade mental associada ao processamento, a compreensão e a comunicação de informação. ■ Jean Piaget - o desenvolvimento cognitivo é um processo de sucessivas mudanças qualitativas e quantitativas das estruturas cognitivas derivando cada estrutura de estruturas precedentes. O indivíduo constrói e reconstrói continuamente as estruturas que o tornam cada vez mais apto ao equilíbrio.
  • 27. Linguagem, Pensamento e Conflitos ■ A linguagem influencia no que pensamos e como pensamos. Uma única palavra dependendo da forma como empregamos desencadeia emoções e pensamentos A limitação do pensamento provém do fato de ele obedecer esquemas mentais já estabelecidos em outras situações.
  • 28. O Estudo das Emoções
  • 29. Emoção ■ Seis emoções BÁSICAS, mundialmente identificadas, independente da cultura: ■ RAIVA ■ MEDO ■ REPUGNÂNCIA ■ SURPRESA ■ FELICIDADE ■ TRISTEZA ■ Damásio (2004) – chama de emoções sociais: simpatia, compaixão, embaraço, vergonha, culpa, orgulho, ciúme, inveja,
  • 30. Emoção ■ Emoções positivas- ■ Emoções Negativas -
  • 31. O Estudo das Emoções
  • 32. Componentes Básicos das Emoções § Cogni&vo: pensamentos, crenças e expecta&vas individuais determinam a maneira singular como será vivenciada a emoção; § Fisiológico: mudanças <sicas internas resultantes do alerta emocional; § Comportamental: sinais exteriores que expressam as emoções vivenciadas (raiva, alegria, tristeza).
  • 33. As Emoções ■ A emoção é um complexo estado de sen2mentos, com componentes somá2cos, psíquicos e comportamentais, relacionados ao afeto e ao humor (Kaplan e Sadock, 1993). ■ A emoção não é voluntariamente controlada. Ela é responsável pelos sen2mentos humanos. ■ Afeto: expressão observável da emoção, resposta ao componente emocional. Gestos, tom de voz, movimentos. ■ Humor: subje2vo, depende da percepção do indivíduo, é mais duradouro que a emoção;
  • 34. Mãe que salvou filho de afogamento mesmo sem saber nadar diz que morreria pelo menino Na hora, não passou nada na minha cabeça. Só sei que queria tirar meu filho de lá. Pensei: “Seja o que Deus quiser. Se tiver que morrer, morrem os dois juntos". Graças a Deus, saiu tudo bem.
  • 35. O círculo do mau-humor ■ O presidente da empresa gritou com o diretor por não gostar do resultado apresentado. O diretor, então, chateado, chegando em casa, quando viu o bom e farto jantar à mesa, gritou com sua esposa, acusando-a de esbanjar e gastar demais. Sua esposa, por sua vez, gritou com a empregada que quebrou um prato ao assustar-se com o grito do patrão. A empregada acabou descontando sua raiva chutando o cachorrinho que rondava a cozinha. O cachorrinho saiu correndo pela porta e, assustado, mordeu uma senhora que passava pela rua. A senhora foi à farmácia para tomar vacina e fazer um curativo, e porque a injeção doeu ao ser aplicada, gritou com o farmacêutico. O farmacêutico, ao chegar em casa, gritou com sua mãe porque o jantar não estava do seu agrado. Sua mãe então afagou os seus cabelos, beijou-o na testa, olhou-o nos olhos, e disse: – Filho, eu prometo que amanhã farei o seu prato favorito. Você trabalha muito, está cansado e precisa de uma boa noite de sono. Vou trocar os lençóis da sua cama por outros bem limpinhos e cheirosos para que você descanse em paz. Amanhã você vai se sentir bem melhor. Naquele momento, a tolerância, o perdão e o amor romperam o círculo do mau-humor.
  • 36. Referências Bibliográficas • Texto Base: • FIORELLI, J. O; MANGINI, R. C.R. Psicologia jurídica. São Paulo: Atlas, 4ed.2012.