O documento discute diferentes abordagens e métodos para o ensino de história, enfatizando a importância de se ensinar os estudantes a pensar historicamente em vez de simplesmente consumir informações. Também ressalta a necessidade de o professor ser um facilitador que ajuda os alunos a construírem seu próprio conhecimento em vez de ser o único detentor de saber.
1. • TEXTO 3 - CABRINI, Conceição (Org.). O que achamos
importante lembrar sobre o ensino de história ou
fundamentação teórica da proposta. In: CABRINI, Conceição
(Org.). O ensino de história: revisão urgente. São Paulo:
Brasiliense, 2004.
• TEXTO 4: CAINELLI, Marlene e SCHMIDT, Maria
Auxiliadora. O saber e o fazer históricos em sala de aula. In.:
Ensinar História. São Paulo: Scipione, 2009.
2. • Tudo o que você faz em sala de aula depende de duas coisas: da forma
como você encara o processo de ensino-aprendizagem e da sua
concepção de história.
• Relações de saber e poder entre educação básica e ensino superior.
• Em sala de aula repete-se o mecanismo do “discurso competente”.
• A relação de poder em sala de aula faz parte de um hierarquia de
fontes de competência.
3. • Ensino de História a partir da divisão entre saber e o não-saber, um
produto acabado e pronto, verdade absoluta trazido pelo professor ou
livro didático, cabendo aos alunos consumi-lo passivamente.
• Na maioria das vezes são apresentados aos aluno conteúdos já
cristalizados no ensino de história e que parecem muito distantes da
realidade imediata vivida por eles.
4. • ... No entanto é uma história acabada, “verdadeira”, cujo conteúdo
parece distante no tempo, que é apresentada aos alunos. Não parece
necessitar que eles a repensem: é aceitá-la e consumi-la, quem sabe
para quê? ... Esse é o ensino da história que prevalece hoje nas
escolas de 1º e 2º graus, e que nós, professores de universidade, muito
frequentemente, acabamos por reforçar, ao desenvolver no 3º grau um
ensino semelhante.
5. • Essa história que torna “natural” o fato de o aluno não se ver como um
agente histórico produz um “divórcio” entre a escola e a vida e que
expressa a grande despolitização do ensino.
• Escola Nova – provocou mudanças, mas não alterou, na prática, a
relação de poder em sala de aula. Conteúdo tradicional é apresentado
de maneira criativa.
• Superação dessa relação de poder em sala de aula passa pela
elaboração de uma reflexão que seja produto de dois polos.
6. • Para realizar essa reflexão o professor de história precisa ser alguém
que entenda de história, não no sentido de que saiba tudo o que
aconteceu com a humanidade, mas que saiba como história é
produzida e que consiga ter uma visão crítica do trabalho histórico
existente.
• A verificação de como a história é ensinada na sala de aula levou ao
seguinte questionamento:
Para que estudar história no 1º e 2º graus?
7. • É para fazer com que o aluno produza uma reflexão de natureza
histórica; para que pratique um exercício de reflexão, que o
encaminhará para outras reflexões, de natureza semelhante, em sua
vida e não necessariamente só na escola; pois a história produz um
conhecimento que nenhuma outra disciplina produz – e ele nos parece
fundamental para a vida do homem, indivíduo eminentemente
histórico.
8. • Concepção de história que está por trás do ensino de história e que
se reflete nos conteúdos e programas da disciplina:
História europocêntrica, linear, evolutiva, progressistaetapista e
mesmo finalista.
História do Brasil vista como biografia nacional ( o ensino dessa
biografia nacional é cheio de estereótipos, mitos e preconceitos).
9. • É importante não confundir uma visão processual com uma visão
finalista de processo, pois corre-se o risco de o princípio de
causalidade fundamental da história aparecer como resultado de uma
determinação, a priori mecanicista.
• A concepção de história que embasa esse tipo de ensino que faz com
que ele não responda ao que, para nós, são os verdadeiros objetivos e o
verdadeiro significado do ensino da história.
10. • Exemplo: ensino de história na 5ª série6º ano, por onde se deve
começar?
• A questão não é somente qual conteúdo de história tratar, mas
sobretudo como trabalhar esse conteúdo. [p. 28]
• Questionamentos que surgem: “Tudo bem, muito bonito, sei tudo que
não é para fazer ... E o que fazer no lugar?
• Não adianta dar um chute no conteúdo tradicional, se não se
colocar algo muito importante no seu lugar; ou seja: garantir, por
parte de seus alunos, a produção de uma reflexão de natureza
histórica.
11. • A complexidade da produção do conhecimento histórico – reservada à
academia, à universidade - precisa ser pensada em função de sua
possibilidade no 1º e 2º graus. Pensando nessa adequação, parece-nos
necessário, possível e mesmo suficiente, para uma iniciação histórica
que um aluno do 1º grau comece sua reflexão procurando explicar os
“comos” e os “porquês” das transformações sociais, ficando atento às
diferenças, às diversidades e às especificidades das diversas
sociedades.
• Ao refletir sobre um objeto de estudo, o aluno deve perceber como é
possível examiná-lo historicamente, mas também deve produzir um
conhecimento seu sobre aquele objeto.
12. CAINELLI, Marlene & SCHMIDT, Maria Auxiliadora. O saber e o
fazer históricos em sala de aula. In.: Ensinar História. São Paulo:
Scipione, 2009.
• O que se procura é uma prática docente distanciada o mais possível da
imagem do “professor enciclopédia”, detentor do saber, buscando a
construção de um “professor-consultor”, que contribui para a
construção do conhecimento de seus alunos em sala de aula.
• Importância do professor de história – cabe ensinar ao aluno como
levantar problemas, procurando transformar, em cada aula de história,
temas e problemáticas em narrativas históricas.
13. • A sala de aula não é apenas o espaço onde se transmitem informações,
mas o espaço onde se estabelece uma relação em que interlocutores
constroem significações e sentidos.
• Fazer histórico e fazer pedagógico – desafio do historiador é realizar a
função didática da História, adequando o conhecimento histórico aos
diferentes ambientes de aprendizagem.
Transposição didática
14.
15. • O conceito de cognição histórica situada pressupõe uma unidade
orgânica entre a aprendizagem histórica e os princípios cognitivos da
própria ciência da História. A forma de ensinar história depende de
uma determinada forma de aprender que é propriamente histórica,
fundamentada em conceitos e categorias históricas.
•Importante: não se trata de fazer com que os alunos
se transformem em historiadores, mas de ensiná-los a pensar
historicamente.
16. Questões sobre a função didática da história
• Palavras e expressões consideradas sinônimas no dia a dia da sala de aula:
procedimento histórico, método ou abordagem didática, técnicas de ensino,
recursos didáticos, materiais e estratégias de ensino.
• MÉTODO: grego métodos – meta, “através” e “hodós”, “caminho”.
• Em didática: significa os meios colocados em prática, racionalmente, para
obtenção de um resultado determinado.
• Em História: métodos de aprendizagem por repetição ou por descobrimento,
métodos etnográficos ou descritivos, métodos de resolução de problemas, como o
estudo de caso, e os métodos de investigação.
17. Entre os profissionais que refletem sobre métodos, técnicas, processos e
meios auxiliares de ensino, não há o método do ensino de História (assim
como não há a teoria da ciência da História).
Método é o caminho para se chegar a algum lugar, cumprindo algum
objetivo.
Agir metodicamente é instrumentalizar-se com alguns princípios (por
exemplo, ensinar é diálogo) e conceitos (aprendizagem, história etc.) e
combinar procedimentos (técnicas) que viabilizem o cumprimento de
determinadas metas (condicionadas pela escola, curso, alunos).
Não há como pensar em método sem levar em conta as suas opções em
termos de finalidades da educação escolar, teoria do ensino, teoria da
aprendizagem, conteúdos conceituais e conteúdos meta-históricos.
18. • O conceito de método é mais amplo que o de técnica. Esta é o
instrumento ou a ferramenta para o processo de ensino-aprendizagem.
Trata-se, igualmente, de um recurso didático, como a utilização de
um filme por meio de sua exibição pelo videocassete. Recursos são os
materiais disponíveis para a ação didática. Estratégias de ensino são
todas as formas de organizar o saber, didaticamente, por meios como o
trabalho em grupo e a aula expositiva.
19.
20. Principais métodos de ensino na sala de aula
•Aula ou exposição magistral
•Aula ou exposição dialogada
•Exposição construtivista
21. Aula ou exposição magistral
• Método tradicional, que permite transmitir muitas informações em
pouco tempo.
• Utilizada nos ensinos médio e superior.
• Privilegia a transmissão do conhecimento em lugar da aquisição ativa
do saber-fazer.
• Limites – a aula magistral sempre mantém o aluno numa posição de
assistente.
22. Aula ou exposição dialogada
• Muito utilizada nos anos finais do ensino fundamental.
• Aluno participa ativamente por meio de questões individuais ou
coletivas.
• Limites – para ser eficaz necessita da plena participação da classe.
Professor deve ganhar a participação e o interesse de seus alunos.
23. Abordagem construtivista
• Principal objetivo – fazer o aluno ser o ator de sua formação.
• Privilegia a autoaprendizagem experimental em detrimento da transmissão
de saber.
• Esse método apresenta duas variantes –
exposição indutiva: vai do concreto ao abstrato, ex. trabalho com
documentos.
exposição hipotético-dedutiva: supõe a definição preliminar de um
modelo teórico explicativo, cuja exploração de um ou mais documentos
pode ou não confirmar.
24. • Esses métodos apresentam vantagens e desvantagens, assim é
importante escolher o mais eficaz dentro das necessidades da
turma!!!!!!
• Algumas recomendações:
Recusar exaustivamente a erudição.
Colocar o aluno diante de situações em que ele seja o participante da
construção de saberes.
Transmitir com paixão e competência, o interesse por uma matéria
indispensável à formação de um cidadão esclarecido.
25. Situação de trabalho com a unidade temática
investigativa
• 1 – definição de temática, conforme diretrizes curriculares;
• 2 – preparação da investigação dos conhecimentos prévios, tendo por base os objetivos de
ensino;
• 3 – aplicação da investigação junto aos alunos;
• 4 – categorização e análise, pelo professor;
• 5 – problematização junto aos alunos;
• 6 – intervenção pedagógica do professor (interpretação de fontes, contextualização de
fontes);
• 7 – produção de comunicação, pelos alunos (narrativa, história em quadrinhos, jornal,
charge, paródia e outros);
• 8 – aplicação de instrumentos de metacognição;
• 9 – guarda de algumas produções dos alunos e reflexão do professor, na biblioteca
escolar.
26. O método de investigação e o ensino da
História
A adoção dessa metodologia requer:
Amplo domínio do conteúdo a ser trabalhado, pelo professor.
Familiaridade com o conhecimento histórico e seus métodos.
Cuidadosa seleção dos textos e demais recursos de ensino-
aprendizagem e organização das atividades a serem desenvolvidas.
Do aluno, espera-se uma postura ativa em todo o processo, e a ele
devem-se oferecer condições para exercer tal posição, para aprender
pela descoberta.
27. Procedimentos constitutivos da metodologia da
investigação:
• 1º - partir de problemas;
• 2º - descontruir, reconstruir e construir discursos e, por fim, produzir
uma síntese.
28. • O ponto de partida da metodologia de investigação são as situações-
problema.
• O problema precisa ser conhecido e de interesse dos alunos, que faça parte
da realidade imediata dos discentes, com significância para os mesmos.
• É preciso que as respostas para a situação-problema estejam no presente ou
no passado, implicando a percepção quer de continuidades, quer de
rupturas, quer de diferenças ou semelhanças identificadas por meio de uma
comparação relativizadora entre experiências históricas distintas.
29. • Desconstrução, reconstrução e construção de discursos – devem ser feitas
com base nos objetivos fixados previamente pelo professor.
• É preciso colocar os alunos a raciocinarem por si, a usarem os métodos
dedutivos e indutivos. Pelo método dedutivo, vai-se do geral ao particular,
do princípio à conclusão. Pelo método indutivo, com base na análise de
fatos particulares, chega-se a uma generalização, a uma “lei”, a uma
asserção-conclusão que explica um conjunto de fatos.
• Construção de uma síntese – os alunos devem elaborar uma síntese final,
retomando a questão-problema colocada no início do processo, e ao mesmo
tempo, reunindo as informações essenciais colhidas no seu transcorrer.
• Avaliação – deve ser feita a cada etapa do processo, permitindo ao professor
identificar e dimensionar as dificuldades da classe, os acertos e os erros.