Grupo Tribalhista - Música Velha Infância (cruzadinha e caça palavras)
Artigo da Ellen.doc
1. 1
AVALIAÇÃO DA APRENDIZAGEM: Analisando os critérios e parâmetros
utilizados na elaboração dos instrumentos avaliativos para uma turma do 4º
ano do Ensino Fundamental1
ELEN PATRICIA BARBOSA FURTADO
KAROLINA DE SOUSA BATISTA
NATALIA MARIA ARAÚJO
THAYNARA PENA FURLIN
RAIMUNDO COELHO VASQUES
RESUMO
Este trabalho tem por objetivo analisar a avaliação a partir do contexto da
aprendizagem, procurando conhecer, discutir e analisar diferentes concepções que
cercam a avaliação da aprendizagem e reconhecer a sua importância como um
instrumento de suporte no desenvolvimento do aluno. Partindo de pesquisa
bibliográfica sobre a temática, baseada nas obras de Vasconcellos, Gadotti, Moretto,
Antunes e Hoffmann, esta reflexão ganha espaço por conceber a importância do
processo avaliativo na construção do conhecimento, bem como sua articulação na
relação ensino-aprendizagem no cotidiano escolar. Com base na leitura desses
autores, fez-se uma análise do processo avaliativo a partir de testes/provas de uma
turma do 4º ano do Ensino Fundamental de uma escola privada da cidade de
Macapá. Ao avaliar as provas, percebeu-se que existem traços de mediação do
professor com a realidade e a prova passa a ser utilizada como elemento de
construção do conhecimento.
Palavras-Chave: Avaliação. Prova. Ensino-aprendizagem.
ABSTRACT
1 Paper apresentado como requisito avaliativo para o VIII Evento Interdisciplinar – EVINTER, do
Instituto de Ensino Superior do Amapá – IESAP.
Discente da Turma 4 PED, do Curso de Licenciatura em Pedagogia do Instituto de Ensino Superior
do Amapá - IESAP
Discente da Turma 4 PED, do Curso de Licenciatura em Pedagogia do Instituto de Ensino Superior
do Amapá - IESAP
Discente da Turma 4 PED, do Curso de Licenciatura em Pedagogia do Instituto de Ensino Superior
do Amapá - IESAP
Discente da Turma 4 PED, do Curso de Licenciatura em Pedagogia do Instituto de Ensino Superior
do Amapá - IESAP
Graduado em Pedagogia pela Universidade Federal do Amapá, Especialista em..... Professor do
Instituto de Ensino Superior do Amapá – IESAP e da rede pública de ensino do Amapá.
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Keywords:
1 INTRODUÇÃO
Pode-se dizer que a avaliação faz parte do dia-a-dia de cada um, seja de
maneira espontânea, seja de maneira formal. No campo da educação, ela está
presente no cotidiano de professores e estudantes de forma tão intensa que
reproduz várias situações, sejam elas de poder ou de democracia, aprendizado ou
do caráter reprodutivista, a avaliação está sempre presente na rotina da escola.
No ambiente escolar, a avaliação ocorre de várias formas, sejam elas as
consideradas formais, por meio de provas, atividades, registros, pesquisas,
questionários ou aquela que se dá pela relação professor-aluno, conhecida como
informal, que abarca as interações e os espaços do trabalho pedagógico, buscando
conhecer os interesses e as necessidades dos alunos.
No entanto, vários teóricos vêm apontando que a avaliação da aprendizagem
na escola vem sendo tratada de maneira impessoal e obsoleta, um instrumento de
poder e reprodução da visão dominante do sistema capitalista, onde os mesmos
vêm debatendo e construindo formas de romper com as chamadas práticas
tradicionais e conservadoras, que se fixam apenas na filosofia classificatória e
excludente dos sujeitos a partir das qualificações feitas por meio do
exame/teste/prova.
Este trabalho analisa como as avalições do 4º Ano do Ensino Fundamental
estão sendo elaboradas e trabalhadas dentro da sala de aula em uma escola
privada da cidade de Macapá. Esse estudo se faz relevante à medida que
possibilitará discutir o processo de avaliação escolar no contexto da educação que
diante da dificuldade do professor e da própria escola em estabelecer um modelo de
avaliação escolar comprometido com os objetivos desse nível de ensino.
2 OLHARES SOBRE A AVALIAÇÃO DA APRENDIZAGEM
A avaliação faz parte de todo e qualquer aprendizado, pois retrata a visão que
se adquire sobre algo ou alguém. Ela se torna imprescindível, uma vez que todo
processo educativo deve realizar-se em um constante trabalho de reflexão sobre a
3. 3
realidade. Esta visão é cristalizada por Gadotti (2000, p. 42), ao afirmar que: “[...] o
educar é fazer ato de sujeito, é problematizar o mundo em que vivemos para superar
as contradições, comprometendo-se com esse mundo recriá-lo constantemente”.
Neste sentido, torna-se necessário perceber a avaliação como um
instrumento norteador do processo de ensino-aprendizagem, ao utilizar a prática
educacional de forma consciente e preocupada com a promoção dos sujeitos,
capacitando-os para a o desenvolvimento de habilidades e competências.
Antunes (2002, p. 33) aponta que:
[...] a avaliação jamais pode ser realizada separada da aprendizagem. Deve
ajudar os alunos a conquista das necessidades dos alunos, percebendo o
ensino como um processo ativo de construção de significados e atribuição
de sentidos. [...] o professor deve preocupar-se com o valor instrumental e
prático da aprendizagem construída pelo aluno.
Diante desta reflexão, torna-se necessário diferenciar avaliação da
aprendizagem com a prática de exames, pois na visão de Luckesi (2005), a
avaliação da aprendizagem, enquanto uma forma de avaliação, precisa ser
amorosa, inclusiva, dinâmica e construtiva, diferente dos exames, que são
classificatórios, seletivos, excludentes e usados de forma equivocada.
Ainda na visão de Luckesi (2005), os exames e as consequentes
reprovações, que se manifestam como fracasso escolar, servem de álibi para a má
qualidade de ensino, como já se tem sinalizado, na medida em que o educando, em
última instância, torna-se o único responsável por esse fenômeno. Nesta situação,
todos os outros fatores intervenientes nos resultados negativos da aprendizagem
são obscurecidos, tais como políticas públicas educacionais insatisfatórias, más
condições de ensino, baixos salários dos educadores, entre outros.
Dante do exposto, a avaliação serve para identificar como o aprendiz está se
movimentando frente às novas aprendizagens, os objetivos que ele ainda não
alcançou e quais são as suas dificuldades. De posse dessas informações, o
professor pode refletir sobre o processo desenvolvido na busca da compreensão
sobre o que poderia ser melhorado ou que outras atividades podem ser propostas
para uma maior aprendizagem.
Entende-se que a prática avaliativa coerente com essa perspectiva exige do
professor o aprofundamento em teorias do conhecimento, no qual o mesmo deve
conhecer os fundamentos teóricos que lhe permitam estabelecer conexões entre as
4. 4
hipóteses formuladas pelo aluno e a base científica do conhecimento e que ele sirva
como mediador entre o aluno e a realidade.
Para Hoffmann (2005, p. 55), mediar a
[...] experiência educativa é acompanhar o aluno em processos simultâneos
de apropriar-se de informações e de aprender a buscar novos
conhecimentos, em ambientes interativos, de respeito e convívio humanos,
refletindo e intervindo criticamente sobre sua postura de colega, de aluno e
de aprendiz. O que exige uma organização do ensino sociointeracionista e
uma avaliação participativa.
Ainda na visão de Hoffmann (2001) as situações de aprendizagens são
evoluídas e singulares. Não se corrigem, nem se somam, mas se interpretam,
exigindo, portanto, reflexão séria, com base em conjunto sólido de observações e
dados, à luz do domínio de cada área de conhecimento e assegurando uma visão
positiva e confiante sobre o aluno.
Na visão de Hoffmann (2005), são vários os fatores que dificultam a
superação da prática tradicional, como: a crença que a manutenção da avaliação
classificatória garante ensino de qualidade, resistência das escolas em mudar por
causa da possibilidade de cancelar matriculas, a crença que escolas tradicionais são
mais exigentes.
Sobre a avaliação tradicional, ela legitima uma escola elitista, alicerçada no
capitalismo e que mantém uma concepção elitista do aluno. Entretanto, uma escola
de qualidade se dá conta de que todas as crianças devem ser concebidas sua
realidade concreta considerando toda a pluralidade de seu jeito de viver. Deve se
preocupar com o acesso de todos, promovendo-os como cidadãos participantes
nessa sociedade.
O desenvolvimento máximo possível do ser humano depende de muitas
coisas além das da escola tradicional como memorizar, notas altas, obediência e
passividade, depende da aprendizagem, da compreensão, dos questionamentos, da
participação.
Para Hoffmann (2005), o sentido da avaliação na escola, seja ela qual for a
proposta pedagógica, como a de não aprovação não pode ser entendida como uma
proposta de não avaliação, de aprovação automática. Ela tem que ser analisada
num processo amplo, na observação do professor em entender suas falas,
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argumentos, perguntas debates, nos desafios em busca de alternativas e conquistas
de autonomia.
Para a autora, a ação mediadora é uma postura construtivista em educação,
onde a relação dialógica, de troca discussões, provocações dos alunos, possibilita
entendimento progressivo entre professor/aluno.
Na visão de Moreto (2003), o conhecimento dos alunos é adquirido com a
interação com o meio em que vive e as condições deste meio, vivências, objetos e
situações ultrapassam os estágios de desenvolvimento e estabelecem relações mais
complexas e abstratas, de forma evolutiva a partir de uma maturação. O meio pode
acelerar ou retardar esse processo. Compreender essa evolução é assumir
compromisso diante as diferenças individuais dos alunos.
Na concepção de Hoffmann (2001; 2005) e Moreto (2003), com relação ao
erro, na concepção mediadora da avaliação, a correção de tarefas é um elemento
positivo a se trabalhar numa continuidade de ações desenvolvidas. O momento da
correção passa a existir como momento de reflexão sobre as hipóteses construídas
pelo aluno, não por serem certas ou erradas, problematizando o diálogo e trocando
ideias.
Para Hoffmann (2005), a avaliação mediadora possibilita investigar, mediar,
aproximar hipóteses aos alunos e provocá-los em seguida. Perceber pontos de
vistas para construir um caminho comum para o conhecimento científico
aprofundamento teórico e domínio do professor. Pressupõe uma análise qualitativa,
uma avaliação não de produto, mas do processo, se dá constantemente através de
cadernos, observações do dia a dia, é teórica usa-se registros.
A avaliação mediadora passa por três princípios: a de investigação precoce (o
professor faz provocações intelectuais significativas), a de provisoriedade (sem fazer
juízos do aluno), e o da complementaridade (complementa respostas velhas a um
novo entendimento). Cabe ao pesquisador descobrir o mundo, mas cabe ao
avaliador torná-lo melhor.
A mediação se dá relacionando experiências passadas às futuras,
relacionado propostas de aprendizagens a estruturas cognitivas do educando,
organizando experiências, refletivo sobre o estudo, com participação ativa na
solução de problemas com a apreciação de valores e diferenças individuais. O
educador toma consciência do estudante no alcance de metas individuais,
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promovendo interações a partir da curiosidade intelectual, originalidade, criatividade,
confrontações.
Neste sentido, este trabalho fez uma análise dos instrumentos avaliativos
adotados em uma turma de 4º ano de uma escola da cidade de Macapá, com o fim
de compreender quais as questões que devem estar presentes quando se pensa, se
planeja e se faz avaliação de alunos em seu processo de aprendizagem, se tais
questões dizem respeito à construção e vivência de um trabalho educacional que
sustente uma concepção de currículo e se há a superação da concepção do
cumprimento curricular de ensino que prevalece hoje nas escolas em geral, que dê
sentido e defina o papel que cada atividade tem na trajetória a ser percorrida por
professores e alunos nas salas de aula ou na escola.
3 METODOLOGIA
O presente trabalho foi uma pesquisa com o embasamento teórico voltado
para a compreensão da avaliação da aprendizagem, como ela está sendo colocada
em prática e se suas metodologias estão sendo eficazes.
A pesquisa de campo foi realizada em uma escola da rede privada, com uma
turma do 4º ano do ensino fundamental, no terceiro bimestre do ano de 2015, no
qual foram observados os instrumentos avaliativos utilizados pelos alunos no
período e de que forma tais instrumentos proporcionam a aprendizagem e a forma
de interação desta com a realidade vivenciada por eles.
Para tanto, foram observadas questões das provas de artes, ciências e língua
portuguesa e buscou-se analisar pontos relativos a uma melhor qualidade na
avaliação.
4 ANÁLISE DA COLETA DE DADOS
A função nuclear da avaliação é ajudar o aluno a aprender e ao educador,
ensinar, determinando também quanto e em que nível os objetivos estão sendo
atingidos. Para isso é necessário o uso de instrumentos e procedimentos de
avaliação adequados. Para Luckesi (2002), o valor da avaliação encontra-se no fato
do aluno poder tornar conhecimento de seus avanços e dificuldades.
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A avaliação deve ser um processo contínuo que dialogue com o todo
estudado e com os demais conhecimentos adquiridos fora da sala de aula, que não
se resuma ao resultado produzido pela aplicação de um instrumento, seja teste ou
prova. Nesse sentido, o aluno precisa perceber que ela não é um fim, como já foi
dito, mas um meio, devendo o professor informar os alunos sobre os seus objetivos
e analisar com eles os resultados alcançados.
4.1 INSTRUMENTO 01 – PROVA DE ARTES
Nas figuras 01 e 02 abaixo, presentes no Instrumento 01, pode-se observar
que a avaliação da disciplina de artes tenta promover o conhecimento sobre a
cultura indígena, a partir da busca de conhecimentos sobre artes plásticas e a
pintura rupestre.
O comando da questão fala sobre a arte indígena brasileira e tenta fazer com
que o aluno recrie uma imagem com base no que foi colocado como modelo para a
cerâmica marajoara.
FIGURA 01: QUESTÃO DA PROVA DE ARTES DO 4º ANO DA ESCOLA
PESQUISADA
Fonte: Pesquisa de Campo
Diante do que foi trabalhado na questão, percebe-se que o educador deve
contribuir para a emancipação do educando, promovendo sua autonomia bem como
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a construção do conhecimento. Tal situação se reflete na correção da questão, onde
o professor percebe o esforço do aluno em seguir, da melhor forma possível, o
comando da questão e, na hora da correção, lhe atribui a metade dos pontos,
mesmo que este tenha se distanciado da reprodução fidedigna da imagem, fator
este também percebido na figura 02, abaixo, onde o comando da questão solicita
que o aluno tente fazer a relação entre o processo histórico e a realidade, a partir
das noções de arte rupestre.
FIGURA 02: QUESTÃO DA PROVA DE ARTES DO 4º ANO DA ESCOLA
PESQUISADA
Fonte: Pesquisa de Campo
Nesse sentido, referindo-se ao processo educativo e ao aluno, Hoffmann
(2001, p. 68), assim esclarece:
[...] o processo avaliativo não deve estar centrado no entendimento imediato pelo
aluno das noções em estudo, ou no entendimento de todos em tempos
equivalentes. Essencialmente, porque não há paradas ou retrocessos nos
caminhos da aprendizagem. Todos os aprendizes estarão sempre evoluindo, mas
em diferentes ritmos e por caminhos singulares e únicos. O olhar do professor
precisará abranger a diversidade de traçados, provocando-os a prosseguir
sempre.
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Tal situação, é vista por Moretto (2003) com base nos chamados conteúdos
procedimentais. Ele se vale do conceito de Antoni Zabala (Zabala, 1998) que
apresenta com bastante clareza o que ele entende por conteúdos procedimentais:
Um conteúdo procedimental – que inclui entre outras coisas as regras, as
técnicas, os métodos, as destrezas ou habilidades, as estratégias, os
procedimentos – é um conjunto de ações ordenadas e com um fim, quer
dizer, dirigidas para a realização de um objetivo. São conteúdos
procedimentais: ler, desenhar, observar, calcular, classificar, traduzir,
recortar, saltar, inferir, espetar, etc (ZABALA, 1998, apud MORETTO, 2003,
p. 43).
Diante do exposto, Moretto fala de uma função social da escola, “[...] que é a
preparação do cidadão para sua inserção na sociedade, na qual ele viverá como
cidadão e como profissional de alguma área da atividade humana" (MORETTO,
2003, p. 65). Na visão do autor, o ato de preparar o sujeito para sua vida em
sociedade não é apenas comunicar-lhe as normas de convivência social, transmitir-
lhe os conhecimentos socialmente construídos e ajudá-lo a acomodar-se a um grupo
e viver dentro de um status quo estabelecido.
A escola, na visão de Moretto, tem a função de formar gerentes de
informações e não acumuladores de dados, que as informações aprendidas sejam
aproveitadas para facilitar a aprendizagem. O aluno não é mero escutador e o
professor o falador, pois deve haver interação entre ambos. Neste sentido, a
avaliação do instrumento trabalhado nas figuras 01 e 02 perfaz a lógica do
construtivismo que, no olhar do autor “[...] é uma perspectiva epistemológica, isto é,
uma visão do que representa o conhecimento, de como ele se produz e de como as
pessoas dele se apropriam” (MORETTO, 2003, p. 66).
4.2INSTRUMENTO 02 – PROVA DE CIÊNCIAS
O presente instrumento leva, em seu comando, presente na figura 03 abaixo,
a refletir sobre a forma como o aluno percebe os efeitos dos impactos ambientais a
partir de olhares construídos sobre a questão ambiental.
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FIGURA 03: QUESTÃO DA PROVA DE CIÊNCIAS DO 4º ANO DA ESCOLA
PESQUISADA
Fonte: Pesquisa de Campo
Ao observar a questão, percebe-se que há uma interação entre o que o
professor pede no comando e o que o aluno escreve, pois se privilegia a visão do
aluno. Neste sentido, fica claro que a avaliação com base no diálogo pode promover
o desenvolvimento do educando e incentivá-lo a avançar e procurar formas de
transformar o meio em que vive, desmistificando, portanto, a avaliação dita
tradicional.
Moretto (2003) nos indica esta questão a partir dos chamados conteúdos
atitudinais, onde a escola forma para a vida e para a vivência plena da cidadania. A
ideia é formar para os valores, como o respeito, a solidariedade, a responsabilidade,
a honestidade etc. também está nela o conceito de atitudes. Os conteúdos
atitudinais devem ser trabalhados isolados, mas no contexto dos outros conteúdos
vistos no processo de ensino, é necessária a cooperação de todas as pessoas do
grupo. Lembra que, os Parâmetros Curriculares Nacionais trazem os temas
transversais que objetivam a formação para a cidadania.
Com base na figura acima, percebe-se que o educador, nesse caso, passa a
contribuir sendo mediador e incentivando o aluno a interagir com o mundo que o
cerca, tornando a avaliação uma forma de trabalhar e aperfeiçoar o conhecimento,
conforme visto em Moretto (2003), Luckesi (2002) e Hoffmann (2001; 2005).
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4.3INSTRUMENTO 03 – PROVA DE LINGUA PORTUGUESA
O terceiro instrumento analisado é uma prova de língua portuguesa, onde
detectamos, nas figuras 04, 05 e 06, traços de provas que promovem a mediação e
a reflexão, mas também de questões tidas como tradicionais.
A esse respeito Hoffmann (1993), contempla o significado e a importância de
uma avaliação mediadora, capaz de promover uma interação entre educador e
educando. Tal fato pode ser visto na prova de português, onde se trabalha a
interpretação de texto, a gramática e a compreensão da realidade.
FIGURA 04: QUESTÃO DA PROVA DE LÍNGUA PORTUGUESA DO 4º ANO DA
ESCOLA PESQUISADA
Fonte: Pesquisa de Campo
No comando da questão, o professor procura estimular o imaginário da
criança a partir da criação de um personagem, onde o aluno-autor passa a definir os
traços e construir a sua história. O aluno segue e constrói o roteiro traçado pelo
professor, dando sua própria versão da história, o que torna a avaliação algo
prazeroso ao discente. Moretto (2003) nos indica que ao professor cabe também
saber perguntar, pois uma boa pergunta possibilita uma boa resposta e saber ouvir
para identificar o “repertório discursivo” do aluno (linguagem). Desta forma, o
professor estará atuando na “zona proximal do desenvolvimento” do aluno e foi este
o elemento visto na construção desta questão.
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Tal situação pode ser vista também na figura 05, onde a interpretação de uma
situação de interação/comunicação/interpretação, na qual o aluno é incentivado a
produzir a sua interpretação acerca do solicitado no comando da questão.
FIGURA 05: QUESTÃO DA PROVA DE LÍNGUA PORTUGUESA DO 4º ANO DA
ESCOLA PESQUISADA
Fonte: Pesquisa de Campo
Moretto ressalta ainda a importância da aprendizagem dos conteúdos
factuais, uma vez que, eles passam a constituir o contexto para uma situação
complexa a ser abordada, já os conteúdos conceituais são entendidos como aqueles
que constituem o conjunto de conceitos e definições relacionadas aos saberes
socialmente construídos, pois “[...] a construção do conhecimento ajuda os alunos a
construírem uma linguagem clara, precisa e cada vez mais significativa” (MORETTO,
2003, p. 88).
Mesmo com as questões tendo traços de tradicionalismo, como na figura 06,
Moretto (2003) nos lembra que o professor deverá ter definido com clareza os
objetivos de ensino para a avaliação da aprendizagem e escolher as estratégias
adequadas na intervenção pedagógica.
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FIGURA 06: QUESTÃO DA PROVA DE LÍNGUA PORTUGUESA DO 4º ANO DA
ESCOLA PESQUISADA
Fonte: Pesquisa de Campo
Diante da análise das questões expostas, percebe-se que os novos
paradigmas em educação devem contemplar o qualitativo, descobrindo a essência e
a totalidade do processo educativo, pois esta sociedade reserva às instituições
escolares o poder de conferir notas e certificados que supostamente atestam o
conhecimento ou capacidade do indivíduo, o que torna imensa a responsabilidade
de quem avalia. Pensando a avaliação apenas como aprovação ou reprovação, a
nota torna-se um fim em sim mesma, ficando distanciada da relação com as
situações reais de aprendizagem.
5 CONSIDERAÇÕES FINAIS
O esforço reflexivo realizado buscou abordar as diferentes concepções que
cercam a questão avaliação da aprendizagem, considerando sua importância na
constituição de conhecimentos, bem como na relação professor/aluno. Nessa
perspectiva, o educador precisa necessariamente compreender esse processo,
direcionado seu olhar especificamente à criança como um ser em constante
formação.
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Convém salientar que a avaliação pode ser um instrumento dialógico, capaz
de atender as necessidades de cada um, buscando a superação das dificuldades
encontradas, bem como o desenvolvimento do educando através de suas
potencialidades e capacidades, conforme o que foi visto nas provas analisadas
neste trabalho.
Para tanto, conceber a avaliação como um recurso na construção da
aprendizagem, requer uma atitude educativa que enriqueça e aponte novos desafios
em face à conjuntura educacional. Pode-se dizer que o momento atual é de
prenúncio de novas ideias, novas descobertas, novos jeitos de ensinar e aprender.
O educador precisa cada vez mais, aprimorar sua forma de educar, utilizando a
avaliação como um meio de mediação entre o aluno e o conhecimento.
Sobretudo, pode-se afirmar que o trabalho elaborado proporcionou uma
reflexão em torno da temática, com vistas a contribuir com o debate, que é de suma
importância para a mudança das diversas concepções e práticas tidas como
tradicionais e conservadoras. Logo, torna-se pertinente ressaltar que a
problematização e pesquisas sobre a avaliação contribuem para redimensionar cada
vez mais a prática pedagógica, buscando alternativas, propostas efetivas, que
possam auxiliar o trabalho dos docentes no cotidiano escolar.
REFERÊNCIAS
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2002.
BRASIL. Ministério da Educação e do Desporto. Secretaria de Educação
Fundamental. Referencial Curricular Nacional para Educação Infantil. V. 1.
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GADOTTI, Moacir. Perspectivas atuais da educação. Porto Alegre: Artmed, 2000.
_________ Boniteza de um sonho. Curitiba: Positivo, 2005.
HOFFMANN, Jussara. Avaliação mediadora. Porto Alegre: Educação e Realidade,
1993.
15. 15
__________. Avaliar para promover. Porto Alegre: Mediação, 2001.
LUCKESI, Cipriano. Avaliação da aprendizagem escolar. São Paulo: Cortez, 2002.
__________. Avaliação da aprendizagem na escola. Salvador: Malabares, 2005.
MORETTO, Vasco Pedro. Prova: um momento privilegiado de estudo – não um
acerto de contas. 3ª ed. Rio de Janeiro: DP&A, 2003.