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espaço cultural mané garrincha
                         Boletim nº 01, pós-pontapé inicial, maio/2009.

                                                                      EDITORIAL – I

                                                                      Era uma vez...
                                                                     E a tenda caiu - 1

                                                               Era uma vez um povo muito feliz,
                                                        quase não distinguiam realidade e ficção.
                                                        Por isso, dando vazão ao sonho coletivo,
                                                        elegeram um artista, herói de cinema para
                                                        governá-los.
                                                               Veio a crise e esse povo assim
                                                        pensou: daremos um jeito! E mesmo
                                                        quando enxotados da casa dos sonhos para
                                                        a dureza das ruas, esse povo não
                                                        desanimou.
                                                               Essa gente não estava acostumada
                                                        a perder, assim, um mais esperto dentre
                                                        eles, ao ver a multidão sem moradia, não
                                                        teve dúvidas: vou vender tendas a eles!
                                                               Assim surgiu a Cidade das Tendas,
um monstro da vergonha capitalista, cujo foco maior é o estado da Califórnia estadunidense, com
quilômetros e quilômetros de tendas concentradas.
       Viver sob tendas é típico de quem não esperava tal situação. Expressão de improviso, é prova
de que o sonho não morreu (ainda que a realidade diga o contrário), que em breve voltarão a ter sua
casa própria. Passado esse presságio, o do retorno, esse povo tenderá a despertar e, olhando a seu
redor, olhando para Nuestra América, a de Marti, de Zapata, de Guevara e de Zumbi. Do milho, da
mandioca, do acarajé, da arepa, da salteña e das tortillas1, aprenderá com uma gente que vive,
sangra, luta e brilha.
       Porém, queremos estar errados e ver esse povo, o estadunidense, quiçá, olhando para si
mesmo, não para seu umbigo, mas para seu próprio chão manchado de sangue sioux2 e de outros
mais. Talvez olhando para seus negros, não as marionetes alma-branca-obamas, mas para os que
não se calaram, os da linhagem incógnita de um X. Talvez aprendam com Mumia Abu-Jamal, cuja
voz não se cala por trás de frias grades há quase trinta anos. Esse povo, quiçá, resgatará sua
dignidade, e as casas vazias de hoje estarão cheias de vida no médio prazo, e a própria vida deixará
de ser apenas um mac-dia-feliz.

                                                               A tenda caiu - 2
                                                            (em três movimentos)
                                           Primeiro movimento – Allegro molto vivace
                                           Tirando a sorte dos famintos, estaríamos de acordo
                                           quanto ao dono da fábrica de tendas ser o símbolo real
                                           de que o capitalismo se safará dessa.
                                           Segundo movimento – Allegro ma non troppo

                                           Confirmando a regra de que capital atrai capitalistas, os
                                           donos do poder, abarrotados de papéis de pouca valia,
                                           ávidos por novos investimentos seguros, disparam a
                                           comprar ações da salvadora fábrica de tendas.
Terceiro movimento – Fudidos com brio
Como as pessoas tendem a não manter as compras de tendas ad infinitum, as projeções de vendas
deverão ser superiores a produção real, as ações baixarão e o senhor das tendas verá seus ganhos
virarem pó, assim como os de seus coleguinhas investidores.
1) Comidas típicas dos povos originários, pré-colombianos.
2) Etnia pré-colombiana que enfrentou até a morte o invasor branco-protestante-europeu, no que hoje são os Estados
Unidos.

                                                EDITORIAL - II
        Previsão do tempo para os próximos meses: uma imensa massa de ar cinzento se espalhará
sobre a economia capitalista. Quebradeira de bancos! Empregos virando pó! Industria automobilística
com os pés na cova! E não esqueçamos os jornalões impressos, todos com seus atestados de óbito
devidamente assinados, mas como quem foi rei nunca perde a majestade... Manipula-se até a morte,
ou melhor, manipula-se até a própria morte. Alega-se que a juventude prefere a internet, que não lê
jornais impressos... Mas a verdade é que este Aroeira está desbancando a todos. E isso porque
ainda está restrito à net, quando for pras bancas... os jornalões vão pro saco. Já vão tarde!
        E por falar em jornalões, e por falar em manipulação, falemos um pouco de Aldous Huxley.
Segundo este escritor inglês, a manipulação não consiste apenas numa mentira contada, consiste
também numa verdade devidamente silenciada. Ironicamente, há uma verdade silenciada, ou melhor,
um processo revolucionário dos mais radicais que a humanidade conheceu, e que foi liquidado num
dia da mentira, mais precisamente em 1º de abril de 1939, talvez sinalizando que o tal processo
deveria ser varrido pra baixo do tapete do esquecimento. Trata-se da Revolução Espanhola, mais
conhecida como Guerra Civil Espanhola, nome que já embute uma forte carga de manipulação, pela
simples razão de que esconde as contruções revolucionárias do povo espanhol. Se a abolição do
dinheiro e a tomada da produção pelos trabalhadores entre outros atos não configuram uma
revolução? O que é uma revolução?
        Por que falar da Revolução Espanhola 70 anos após a sua destruição? Certamente não para
marcar sua derrota, muito pelo contrário, trata-se de ressaltar a positividade que emana de seu
exemplo, a tal verdade silenciada, a mesma que fez com que a Revolução não interessasse a
ninguém, nem à Inglaterra, nem à França e nem tampouco à URSStalinista. Afinal, a quem
interessaria um exemplo claro de auto-gestão da produção pelos próprios trabalhadores? Certamente
não para os que vivem da exploração do trabalho alheio.
        A partir de 1936 a burguesia espanhola começou a debandar. Os pricipais ramos de atividade
começaram a ser coletivizados e geridos pelos trabalhadores, incluindo os transportes, as
comunicações e até as terras. Entrentanto, ao contrário do que dizem os advogados de defesa da
tese do fim da história, não houve caos. Os trabalhadores, principalmente anarquistas, foram capazes
de tocar a produção e de atender às necessidades populares, apesar do bloqueio e da guerra.
        É muito válido resgatar esta verdade inconveniente para a burguesia, especialmente num
momento de crise como o presente, quando se buscam alternativas ao capital. A negação do capital
só pode se objetivar à medida em que for fortalecida por exemplos de superação positiva das
relações de produção capitalistas. Certamente entre estes exemplos se inclui a Revolução
Espanhola.
        O principal ensinamento que podemos extrair da Revolução Espanhola é a possibilidade de
negação total do sistema do capital. Ainda que o capitalismo fosse imune à crise (sabemos que isso
não é verdade e a realidade não nos deixa mentir), ainda que não produzisse miséria e violência, o
capitalismo é incapaz de contemplar as necessidades humanas. Pela simples razão de que
essencialmente este modo de produção apenas pode fornecer mais do mesmo: mais alienação e
mais mercadorias (especialmente bugigangas inúteis).
        Ainda que o padrão de consumo estadunidense fosse acessível a todos os seres humanos,
ainda que essa mentira pudesse ser transformada em realidade, isso não tornaria o capitalismo
aceitável. Assim sendo, a superação do capitalismo torna-se muito mais um movimento ofensivo do
que o contrário. Trata-se de buscar o que o capitalismo jamais oferecerá, ou seja, a realização
possível apenas aos espíritos não alienados, nem pela produção e nem pelo consumo.
        Sendo assim, apesar de todas as suas debilidades e limitações: miremo-nos no exemplo
espanhol!
1º De Maio – Dia de luta da classe trabalhadora
        Para muitos analistas econômicos, o ano de 2009 será uma espécie de ano “da verdade” do
modo de produção capitalista. Isso diz respeito, é claro, ao aprofundamento da crise de um sistema
baseado na exploração de uma classe, a dos capitalistas, sobre outra, a dos trabalhadores.
        Os que vivem da exploração do trabalho alheio e acumulam riquezas – e há bem pouco tempo
defendiam com unhas e dentes a “liberdade de mercado” – hoje estão a buscar soluções para a sua
crise nos cofres do tesouro público, administrados por governantes representantes dos interesses
desses mesmos exploradores.
                                                          A crise atingiu a todos os países, inclusive
                                                  aqueles chamados de “comunistas”, ou ainda,
                                                  aqueles que se proclamam como representantes
                                                  do “socialismo do século XXI”, todos devidamente
                                                  enquadrados nas leis que regem o sistema do
                                                  capital, sem exceção.
                                                          Hoje não há dúvida alguma sobre as
                                                  evidências de que todos os modelos adaptados
                                                  para superar a crise, que se prolonga por cerca de
                                                  quatro décadas, não passaram de meros paliativos
                                                  para um sistema que traz em si o próprio germe do
                                                  seu antagonismo: quanto maior sua capacidade
                                                  produtiva, maior é a exploração dos produtores de
                                                  mercadorias, menor seu reinvestimento na base
                                                  produtiva, maior seu poder especulativo, menor a
                                                  sua taxa de lucro, maior o número de excluídos e
                                                  marginalizados,      menor     o    mercado       de
                                                  consumidores.
                                                          Os     bancos,     os    grandes     agiotas
                                                  internacionais, beneficiados por todos os
                                                  governantes de todos os países, foram os
                                                  primeiros a manifestar o atual estágio desta longa
crise: com a crise das hipotecas norte-americanas, deixaram de emprestar dinheiro uns para os
outros, e com isso acenderam de vez a luz vermelha da desconfiança, o que trouxe à tona a crise real
– a do setor produtivo.
        A indústria automobilística, a jóia da coroa do capitalismo, que trouxe consigo todas as
reestruturações produtivas, ou seja, a ponta de lança das inovações tecnológicas que seriam
copiadas pelo resto da cadeia produtiva, simplesmente está se desmanchando. O modo de viver
norte-americano chocou-se de frente em Detroit, a cidade símbolo da ditadura automobilística, hoje
entregue aos ratos, ou aos mouses, como queiram.
                       Uma oportunidade histórica para a classe trabalhadora
        Este 1° de maio tem algo de novo. Ele deve ser o ma rco do início de uma luta que não pode
restringir-se às lembranças de tempos passados. Mas pode e deve ser o marco de lembranças para o
futuro. Não que esqueçamos os nossos mortos que transformaram este dia no dia dos trabalhadores
e das trabalhadoras; ao contrário, ele pode marcar justamente o dia em que a classe tomou para si a
necessidade da continuidade daquelas lutas em outro patamar, vez que os motivos pelos quais foram
assassinados aqueles camaradas, em 1886, em Chicago, nos EUA, ou em 1891, no norte da França,
ainda hoje estão presentes nas relações entre capitalistas, seu Estado e suas polícias contra a classe
trabalhadora.
        Estamos diante de uma das maiores ofensivas do capital contra a classe trabalhadora. A crise
do capital está produzindo demissões em massa em vários setores da economia no mundo todo. A
cada dia temos notícias que os governos dos países despejam somas gigantescas de dinheiro
público para salvar empresas e bancos que nas últimas décadas acumularam lucros sem
precedentes na história e sem contrapartida para a classe trabalhadora, o que não é novidade.
        E o que fazer diante de um cenário tal qual está delineado? Não podemos esperar que os
sindicatos, centrais sindicais e partidos da ordem tomem iniciativa para combater tal situação; mesmo
porque não é esse o interesse das forças políticas que hoje ocupam essas entidades, até porque o
interesse de tais forças é, como as práticas têm demonstrado, justamente ajudar a burguesia a sair
da crise, criando obstáculos às lutas mais avançadas da classe, fortalecendo o corporativismo e a
divisão da classe e com isso desarticulando qualquer possibilidade do conjunto da classe desenvolver
uma luta de fato anticapitalista, unificando as lutas específicas numa luta única e forte, capaz de
colocar em xeque o sistema do capital.
Não temos a ilusão de que isso seja coisa fácil. No entanto, temos a certeza de que, com a convicção
da possibilidade real da construção de uma sociedade sem classes, só nos resta aproveitar o
aprofundamento da crise econômica, o aparecimento de situações revolucionárias e os
desdobramentos delas advindos, tais como crises políticas que proporcionem rachas no seio da
própria burguesia. Isso tudo nos levará a um quadro em que a intervenção da classe terá,
necessariamente, de se dar em um nível muito mais elevado em que as entidades “representativas”
dos trabalhadores, pelos seus compromissos com a ordem burguesa, não terão condições de dar
respostas; antes disso, cerrarão fileiras com os capitalistas.
        Por isso, em nosso entendimento, não há mais espaço no campo da luta de classes para
forças que a todo instante procuram a conciliação com os capitalistas. Não há mais espaço para
forças que, ao invés de impulsionar as nossas lutas, só fazem o contrário – levam-nos, a cada
tentativa de avançar em nosso caminho, a acumular mais derrotas, proporcionando com isso que as
forças do capital se reagrupem e encontrem saídas para as crises. Para nós, não se trata de
“humanizar” o capital, de reformá-lo, de torná-lo mais justo, ou coisa que o valha; mas sim, trata-se de
derrubá-lo, destruí-lo enquanto modo de produção e enquanto ideologia que determina a forma de
organizar a sociedade. Só assim teremos as condições concretas de construir uma nova sociedade
não mais baseada na exploração de uma maioria, em benefício de uma minoria.
                           A greve geral – uma necessidade que se impõe
        No mundo de hoje sacudido pela crise que nos remete aos anos 20 e 30 do século passado,
não cabe mais ações isoladas por segmentos de trabalhadores, o que é muito semeado pelos
sindicatos e centrais sindicais e partidos institucionais, mas sim, um movimento coordenado da
totalidade da classe, que derrube a fragmentação e a divisão que só beneficia os patrões e os seus
representantes no seio da classe trabalhadora, o que comumente denominamos “pelegos”.
        É nisso que reside as derrotas das greves de categorias como bancários, petroleiros,
metroviários, correios, professores, metalúrgicos e todo segmento que parta isoladamente para o
confronto com o patronato. Os ricos sindicatos ficam à vontade para todo tipo de armação,
engabelando setores isolados, sem se preocupar com a permanente organização, deixando (quando
o fazem) a mobilização para as respectivas datas base, impondo sem discussão coletiva as
rebaixadas reivindicações de reajuste salarial. Há os que dizem que os sindicatos não foram criados
para a luta política. Pois bem, isso está claro, pois hoje, mais do que nunca, sabemos que eles
existem justamente para impedir essa luta política de que tanto precisa a classe trabalhadora.
        Os megaeventos comemorativos do 1° de maio, promovi dos pelos dirigentes das centrais
sindicais do mundo todo, que estamos habituados a presenciar, só reforçam a debilidade da classe
operária diante dos ataques globais de que ela tem sido vítima. E não é à toa que esses eventos são
patrocinados pelas grandes empresas, inclusive as multinacionais.
        Para quebrar essa hegemonia dos sindicatos e das centrais pelegas, contrapomos uma
plataforma de lutas que permitam o aparecimento de novas lideranças, sem os “vícios” das velhas
lideranças cooptadas; que privilegiem as organizações de base autônomas, criando condições para a
construção de lutas diretas; que neguem os convites e apelos para os aparelhos de Estado e sindical;
que criem e recriem e desenvolvam formas de organização – como comitês e conselhos –
compatíveis com o atual estágio da luta de classes; que construam, desde já, greves fortes sem os
conchavos de gabinetes; que trabalhem incessantemente na construção de uma GREVE GERAL, de
fato, que venha a sacudir o jugo de todas as amarras da tutela, da manobra e dos pactos, a fim de
aprofundar uma luta essencialmente anticapitalista; que tenham como objetivo estratégico a
construção de um projeto socialista, ao qual deverão estar relacionados todos os atos das lutas
diretas; que tenham o internacionalismo proletário como meta a ser alcançada, no sentido de
reconstruir laços de fraternidade e solidariedade entre a classe trabalhadora, quebrando de vez com
os objetivos reformistas e nacionalistas, tão comuns nas forças das esquerdas do capital.
        Para nós, esse é o momento de varrer da história do movimento os conciliadores, os
oportunistas e os traidores encastelados nos sindicatos, nas centrais e nos partidos da ordem, que só
se prestam ao sujo serviço da perpetuação da exploração capitalista. Portanto, um momento histórico
que a crise do capital nos proporciona: a saída pela via autônoma da construção de uma sociedade
de homens e mulheres livres e sem classes.
                                                                                    Oposição Operária
Garrincha

                                           Algum de seus muitos irmãos lhe batizou Garrincha,
                                           que é o nome de um passarinho inútil e feio. Quando
                                           começou a jogar futebol, os médicos pioraram a
                                           situação: diagnosticaram que este anormal nunca
                                           chegaria a ser um esportista, este pobre resto da
                                           fome e da poliomielite, burro e cocho, com um
                                           cérebro infantil, uma coluna vertebral como um S e
                                           as duas pernas tortas para o mesmo lado. Nunca
                                           houve um ponta direita como ele. No Mundial de 58
                                           foi o melhor de sua posição. No Mundial de 62, o
                                           melhor jogador do campeonato. Mas, ao longo de
                                           seus anos nos campos, Garrincha foi mais: foi o
                                           homem que deu mais alegria em toda a história do
                                           futebol.

                                           Quando ele estava lá, o campo de jogo era um
                                           picadeiro de circo; a bola, um bicho amestrado; a
                                           partida, um convite à festa. Garrincha não deixava
                                           ninguém roubar a bola, menino defendendo seu
                                           mascote, e a bola e ele cometiam diabruras que
                                           matavam de rir às pessoas: saltava sobre ela, ela
                                           brincava com ele, ela se escondia, ele escapava, ela
                                           corria. No caminho, os rivais se chocavam entre si,
                                           se enroscavam nas pernas, se mareavam, caiam
                                           sentados.

                                           Garrincha exercia suas picardias de malandro na
                                           beira do campo, sobre a linha direita, longe do
                                           centro: criado nos subúrbios, nos subúrbios jogava.
                                           Jogava para um clube chamado Botafogo, e esse era
                                           ele: o bota fogo que incendiava os estádios, louco
                                           pela aguardente e por tudo que era ardente, ele que
                                           fugia das concentrações, fugindo pela janela, porque
                                           dos mais distantes lugares lhe chamava uma bola
                                           que pedia para ser jogada, alguma música que exigia
                                           ser dançada, alguma mulher que queria ser beijada.

                                           Um vencedor? Um perdedor com boa sorte. E a boa
                                           sorte não dura. Como dizem no Brasil, se a merda
                                           tivesse valor, os pobres nasceriam sem bunda.
                                           Garrincha morreu de sua morte: pobre, bêbado e
                                           sozinho.
                                                                              Eduardo Galeano



                                           Morte

“Se existe alma, se há outra encarnação/ Eu queria que a mulata sapateasse no meu caixão/ Não
      quero flores nem coroa com espinho/ Só quero choro de flauta violão e cavaquinho."

                    (Noel Rosa, compositor popular, canção Fita amarela)
Sobre seu Manoel
                                    Perfeito é Deus, pois ele não existe. (Seu Mané)
                     Já se vão quatro anos sem o velho Mané, figura especial, combatente das
                     causas sociais, atuante na cidade de São Paulo.
                     Em seu Manoel se aplica bem o poema de Brecht falando dos imprescindíveis,
                     dos que lutam toda uma vida.
                     Não é fácil vir ao mundo (mundo periférico!), tendo as características reunidas da
                     marca da derrota.
        Sabe-se lá o que é nascer pobre, negro, nordestino, sem acesso a alfabetização e driblando
 a própria sorte, erigir-se em amante do conhecimento?
        Mas esse conhecimento cravado na alma desse homem honrado o fez lutador contra as
 mazelas sociais, daí o ingresso na escola marxista (um marxismo de pé no chão, como diria ele,
 para diferenciar-se do pseudo-marxismo dos escolásticos).
        Manoel da Costa Gonçalves chegou a São Paulo em 1951, vindo de Feira de Santana,
 Bahia. Em São Paulo fez cursinho técnico em mecânica, aprendeu a ler e escrever e foi trabalhar
 no ABC.
        Ali teve os primeiros contatos com a esquerda, o PCB, militando em suas bases, porém, com
 advento da Revolução Cubana, percebeu que o tal partidão não daria frutos ao proletariado, pois o
 imobilismo dominava a pratica dessa agremiação.
        Seu Manoel tornou-se apoiador dos segmentos mais radicais contra a ditadura e militante de
 movimento popular. Quando eu, ainda jovem, tive contato com ele em meados dos anos oitenta,
 seu Manoel já era conhecida personalidade nos movimentos sociais, a frente de uma coordenação
 de favelas que congregava mais ou menos uma dúzia delas na periferia paulistana.
        Quase não o vi triste em todos nossos encontros, salvo quando da queda do Leste Europeu,
 o que era explicável. Sua origem na esquerda, pró-Moscou, deixara-lhe marcas e essas seriam
 cicatrizadas na própria luta e não no abandono da mesma.
        Essa tristeza, em verdade, não foi além de umas vinte e quatro horas, pois, logo encontraria
 o velho disposto a superar os erros, as bobagens que muitas vezes a militância cometia e comete,
 sem, com isso, abandonar o barco e a bandeira marxista, ao contrário, identificando que no Leste
 Europeu nada havia de socialismo, mas sim, como passaria afirmar, o capitalismo de estado.
        Rompemos juntos com o Partido dos Trabalhadores (PT), no primeiro congresso desse
 partido, no ano de 1991. Ajudamos a constituir, com outros camaradas, a denominada Frente
 Revolucionária. Perspectiva de vida breve, já que o sectarismo dos vários coletivos imperava nesse
 espaço.
        Criamos com outros jovens um coletivo político e cultural, o Cacoré, que deu sua contribuição
 à luta. Nessa fase, seu Manoel já tinha uma boa bagagem de variadas leituras, em especial, além
 de Lênin e Marx, as obras Wilhelm Reich, o psicanalista e terapeuta, defensor do amor à vida, pela
 abolição da propriedade privada e libertação sexual.
        Era de ver, seu Manoel, um homem em quase seus setenta anos, falando da beleza dos
 jovens viverem a vida, sem nenhum tipo de repressão por parte dos pais. Brincalhão, tinha certa
 disposição em atender religiosos na porta de sua casa, somente para desacreditá-los da certeza da
 fé. De citar dados da economia mundial de cabeça, de falar da conjuntura, etc.
        Fiz um poema dedicado a ele (publicado no último Aroeira ), musicado depois por outro
 Manoel, o Inácio, mas não foi possível mostrá-lo, pois a morte o surpreendeu dias antes da
 homenagem que pretendíamos fazer. Fui buscar o corpo e, seguindo a orientação da dona Julia,
 sua estimada companheira, falecida logo depois, pedi que não se colocasse nenhuma flor ou
 símbolo religioso em seu caixão (pois era um desejo dele), para desconcerto do “arranjador” de
 mortos.
        O corpo desceu ao colo da mãe terra enquanto eu recitava o poema; sobre o caixão, a
 bandeira do Coletivo Cultural Cacoré, em volta, as lágrimas de seus camaradas de luta.
         Salve seu Manoel!
                                                                                                Carone
                                      Biblioteca Manoel Gonçalves
Recebemos algumas doações para a nossa biblioteca (Manoel Gonçalves). Aceitamos mais livros, se
puder contribuir contate-nos. Estamos catalogando todos os materiais para abrir a nossa biblioteca.
Obs.: Por ora não estamos aceitando livros de auto-ajuda, chegamos a discutir a possibilidade de
criar um local específico para estes materiais (Cantinho do Idiota), mas ainda não operacionalizamos
os trabalhos.
Diálogo marxista

        “Ao chegar a uma determinada fase de desenvolvimento, as forças produtivas materiais da
sociedade se chocam com as relações de produção existentes, ou, o que não é senão sua expressão
jurídica, com as relações de propriedade dentro das quais se desenvolveram até ali. De formas de
desenvolvimento das forças produtivas, estas relações se convertem em obstáculos a elas. E se
abre, assim, uma época de revolução social.” (Karl Marx, Prefácio de Uma contribuição para a crítica
da economia política)

      “A burguesia produz seus próprios coveiros. Sua queda e a vitória do proletariado são
igualmente inevitáveis.” (Marx e Engels, Manifesto do Partido Comunista)

        Penso que os dois trechos acima citados são muito significativos no pensamento de Marx. A
sentença de morte da burguesia se assinaria no processo de luta de classes, o proletariado seria o
coveiro. Mas quem seria o carrasco da burguesia? O verdugo? Ou colocando a questão em outros
termos, feita a autópsia do cadáver carcomido do modo de produção capitalista, qual seria a causa
mortis?
        Neste ponto amarram-se as duas citações. A causa mortis do capitalismo seria a mesma que
já havia matado outros modos de produção: a contradição entre forças produtivas (FP) e relações de
produção (RP). As RPs se tornariam obstáculos para o livre desenvolvimento das FPs da
humanidade. Marx faz uma verdadeira autópsia do modo de produção capitalista, busca suas leis
imanentes, e constata que estas conferirão a inevitabilidade da revolução socialista.
        Mas como podemos tornar esta análise menos abstrata e mais factual? Como poderia se
manifestar na realidade a contradição entre FPs e RPs? Penso que podemos encontrar um caminho
para a solução desta questão na seção III do livro III de o Capital, mais precisamente na Lei da queda
tendencial da taxa de lucro.
        A taxa de lucro é a variável mais importante do modo de produção capitalista. Marx calcula a
taxa de lucros dividindo a mais valia pela soma do capital constante com o variável. Taxa de lucros =
mais valia/capital constante + capital variável.
        Para compreender a dinâmica das taxas de lucro é fundamental conhecer o movimento de
outras duas relações estabelecidas por Marx. A taxa de exploração do trabalho: mais valia dividida
pelo capital variável. E a composição orgânica do capital: capital constante dividido pelo variável.
Para Marx, esta última relação seria crescente no capitalismo, ou seja, o trabalho morto (capital
constante) tenderia a crescer mais do que o vivo (capital variável). As leis do capitalismo forçariam os
burgueses a participar de um processo constante inovação tecnológica e, conseqüentemente, de
barateamento de mercadorias. Entretanto, este mesmo processo forçaria para baixo as taxas de
lucro, já que o capital constante apenas transfere valor.
        As taxas de lucro capitalistas dependem da mais valia e esta, por sua vez, é extraída apenas
e tão somente do trabalho vivo (capital variável). À medida que o trabalho vivo fosse substituído pelo
morto, cairiam as taxas de lucro. Esta é a sentença de morte do capitalismo proferida por Marx, este
modo de produção se inviabilizaria à medida que as taxas de lucro caíssem. Seja porque não haveria
mais investimentos e a produção estancaria. Seja porque os capitalistas aprofundariam
desesperadamente a exploração e, por tabela, também a luta de classes. Mesmo que fosse possível
ampliar a taxa de exploração, este movimento não seria capaz de contrapor o aumento da
composição orgânica. Por fim, cairiam as taxas de lucro.
        A mecanização da produção capitalista é um dado elementar da realidade concreta
experimentado por todos. A constatação empírica da mecanização da produção tende a fortalecer o
argumento de Marx. Neste ponto quero inserir uma nova interrogação: se a composição orgânica do
capital é crescente, como o capitalismo conseguiu sobreviver tanto tempo após a sentença de morte
proferida por Marx? Além disso, considerando-se que houve uma tendência de melhora das
condições de vida material do proletariado, o que poderia explicar tal tendência?
        Talvez a categoria chave para a compreensão destas interrogações seja a composição
orgânica do capital, a relação entre trabalho morto e vivo. Dados compilados pelo economista Bresser
Pereira mostram que, nos EUA, a tendência crescente da composição orgânica do capital vigorou até
aproximadamente o início dos anos 1930, a partir de então este movimento se inverteu. No caso da
Grã-Bretanha a tendência decrescente da composição orgânica do capital foi acentuada, caindo de
um índice de 105,9 no período 1870-1874 para 85,1 no período de 1935-1938.
Sendo assim, é possível que calculada em termos de valores, a relação entre trabalho morto e
vivo não seja crescente, ou então que seja crescente, mas não tanto a ponto de não poder ser
compensada pelo aumento da taxa de exploração. Marx coloca o barateamento do capital constante
como contra-tendência à queda das taxas de lucro, teria tal contra-tendência assumido a posição de
tendência dominante? De acordo com os dados de Bresser Pereira sim. Isso ajudaria em muito a
explicar a longevidade do capitalismo.
        A composição orgânica do capital se reduziria ao mesmo tempo em que se observa a
mecanização crescente da produção. Este fenômeno aparentemente paradoxal é possível porque a
composição orgânica do capital é calculada em valor (quantidade de trabalho acumulado). É como se
o avanço tecnológico substituisse não apenas trabalhadores (capital variável), mas também máquinas
(capital constante). Meios de produção mais baratos (em valores) substituiriam os antigos. É o que
Bresser Pereira chama de desenvolvimento tecnológico poupador de capital.
        Enfim, os dados disponíveis sobre composição orgânica do capital, taxas de lucro e
exploração são muito precários, entre outras causas porque a contabilidade burguesa, por razões
óbvias, não trabalha com conceitos como capital constante, mais valia etc. Entretanto, ainda que a
composição orgânica do capital seja descrescente no longo prazo e, consequentemente, as taxas de
lucro não tenham uma tendência de queda, há nos momentos de recessão e depressão, como o
atual, um claro movimento para baixo nas taxas de lucro. Mas talvez essa queda não possa ser
corretamente explicada pela lei da queda tendencial das taxas de lucro.
        Por outro lado, se a composição orgânica não cresce e, consequentemente, as taxas de lucro
não apresentam uma tendência clara de queda, acontecimentos como a atual crise do capitalismo
mostram que a “lei da queda cíclica das taxas de lucro” continua totalmente vigente. O capitalismo
não foi capaz de superar suas crises cíclicas, apesar do desenvolvimento da teoria econômica.
        Vale lembrar que foi o próprio Marx quem primeiro explicou as contradições que causam as
crises cíclicas: diminuição do exército industrial de reserva e aumento de salários, investimentos
equivocados (anarquia da produção).
Não pretendo aprofundar a discussão sobre as contradições acima citadas. Por hora queria apenas
registrar brevemente possíveis caminhos para debates e para discussões mais aprofundadas sobre a
crise atual e sua conceituação. Penso que, sendo a taxa de lucros a variável chave no capitalismo,
cabe aos revolucionários ter pleno conhecimento desta taxa. Entrentanto, a verdade é que pouco se
sabe sobre o comportamento empírico das taxas de lucro no capitalismo atual.

                                                                                              Chico

                                                   Sarau no Espaço Cultural Mané Garrincha

                                               Dia 09 de maio, sábado, faremos nosso sarau. Bom
                                               ele é, melhor quando você aparece e espetacular
                                               quando os dissabores da vida erram o endereço.
                                               Mês corrente do dia dos trabalhadores, o sarau de
                                               maio focará poemas voltados para o sangue e luta
                                               dos que produzem pão e poesia e são usurpados por
                                               parasitas burgueses.
                                               Será a partir das 18h00min do dia indicado acima.
                                               Venha e traga os amig@s: Neruda, Brecht, Violeta,
                                               Drummond, Maiakovski, a Cecília, o Cabral (que é
                                               João), o Mané, o Zezinho, o Luizinho e não se
                                               esqueça da Mariazinha também.

                                               Preços proletários para os comes e bebes, não falte!


                                               Endereço: Rua Silveira Martins, 131 - sala 11, centro
                                               de São Paulo. Saída pelo metrô Sé, sentido Poupa-
                                               tempo.
                                               Contatos: espaco.manegarrincha@hotmail.com
Treze de Maio

                                                  Sobre a proclamada Lei Áurea – conhecida também
                                          por conter poucos parágrafos –, assinada em 13 de Maio de
                                          1888, podemos registrar dois consensos: 1º) O Brasil foi o
                                          último país do Novo Mundo a abolir a escravidão,
                                          principalmente devido ao caráter retrógrado e dependente de
                                          suas elites. 2º) A abolição foi muito mais um ato formal do
                                          que real, entre seus objetivos principais estava a idéia de
                                          preparar terreno para a proclamação da República, que
                                          aconteceria um ano depois. Uma república escravista seria
                                          uma insanidade, uma aberração difícil de justificar.
                                                   A base econômico-produtiva brasileira tornara-se
                                          anacrônica no contexto das relações capitalistas de
                                          produção do final do século XIX. Sendo assim, ingleses e
                                          abolicionistas locais se juntaram na luta anti-escravista, tudo
                                          em nome de um futuro mais puramente capitalistas para o
                                          Brasil. Sabemos que a história oficial tende sempre a realçar
                                          a importância destes últimos, e a ignorar a luta de libertação
                                          dos próprios povos africanos, mas isso é outra história.
                                                  O fato é que por volta de 1870 começaram a chegar
                                          ao Brasil levas de trabalhadores europeus, assim teve início
                                          a substituição do trabalho escravo pelo assalariado na
                                          agricultura tupiniquim. Esta substituição atendia a duas
                                          necessidades importantes das elites brasileiras, uma
                                          ideológico-racista e a outra econômica. Tratava-se de clarear
                                          a população brasileira, assim ensinava a ideologia positivista
                                          e eugenista. Por outro lado, substituindo aos poucos o
                                          trabalho escravo pelo assalariado, a elite brasileira pôde se
                                          desobrigar da necessidade de indenizar a população negra
com terras, como ocorreu em colônias inglesas, francesas e holandesas. Assim começava o
processo de despejo de negros nas periferiais das grandes cidades.
         Segundo Júlio Chiavenato, em 1888 95% da população negra já havia se libertado. Muitos
depois de servirem de bucha de canhão na Guerra do Paraguai. Portanto, a Lei Áurea foi mesmo
uma lei para inglês ver, e se não alterou grande coisa, pelo menos legou a expressão.
         As principais etnias africanas arrastadas para o Brasil foram Bantos (a partir de 1535),
Yorubás, Fons e Hauças (estes últimos entre 1700 e 1850). Vale ressaltar que todas essas etnias
dominavam a agricultura (principalmente os Bantos) e suas principais técnicas, o que ajuda a refutar
a justificativa ideológica do processo de implantação do trabalho assalariado. É falso que os negros
africanos não tinham capacidade técnica agrária.
         Neste ponto podemos formular duas perguntas. Há segregação racial no Brasil atual? Tal
segregação se manifesta também dentro da própria classe trabalhadora? Entendo que sim, que a
resposta às duas questões deve ser afirmativa.
         É fato que entre os enormes contingentes de miseráveis brasileiros não há apenas negros, lá
se encontram indígenas, mestiços e até brancos. Mas também é um fato inequívoco que os negros
continuam sendo as principais vítimas do capitalismo e de seus aparatos repressivos, seja nas
estatísticas de desemprego seja nas de violência policial.
         No Brasil foram despejados 40% do negros escravizados. Segundo Darcy Ribeiro, o Brasil foi
um grande “moinho de gastar gente”. Gente que valia alguns litros de cachaça ou alguns metros de
rolo de fumo.
          O passado secular de açoite, pontapé e discriminação criou uma heterogeneidade dentro da
classe trabalhadora brasileira, ser um proletário negro coloca questões muitas vezes inexistentes
para um proletário branco. Para ficar num único exemplo: lembremos que os proletários negros serão
muito mais atingidos que os brancos pela crise mundial.
          Por fim, registre-se a mensagem (poema acima) do poeta negro Solano Trindade para
brancos, negros e Obamas.
                                                                                                  Oyó
RECEITA DE POEMA                                      DIREITO ADQUIRIDO
- Chico -                                             - Odisseu Aranha da Roseira -

Doure palavras cruas                                  É direito comer frutas, ovos
Na gordura fervente                                   Iogurte e mel pela manhã
Com cebola, alho, tomate
                                                      É direito se apaixonar pelo outro
Separe a inconsciência                                Quando o amor brotar pela tarde
Esta pasta informe
Condimentada e branca                                 É direito ler Camões, Pessoa e Saramago
                                                      Ao anoitecer de todas as estações
Adicione uma porção de cores
Um peito rubro de tiê-sangue                          É direito levantar bandeiras
Pele crestada de mulher no cio                        Quando a utopia ultrapassar as madrugadas
Mais o pálido azul do sanhaço
                                                      É direito construir o novo
E eflúvios odoríficos                                 Destruindo o velho
A brisa de um café caseiro
O olor úmido de vagina                                ---------------------------------------------------
O perfume primaveril
                                                      MEU 1º DE MAIO
Imagens também contam                                 Maiakovski
O mosaico de pipas no céu                             (fragmentos)
A alvura mineral da neve
                                                      Partamos ao encontro
Combine o timbre ritmado de cachoeira                 Ao primeiro de nossos dias,
Ao borbulhar de moqueca baiana                        Enlaçando as mãos proletárias.
E ao gorjeio de ave silvestre                         Calai vossos morteiros!
                                                      Silêncio, metralhadoras!
Junte tudo num tacho de barro                         Eu sou marinheiro.
Com água corrente de fonte                            Este dia é meu.
E entorne com vigor de estivador                      Eu sou soldado, este dia é meu.

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Espaço cultural Mané Garrincha aborda revolução espanhola e 1o de maio

  • 1. espaço cultural mané garrincha Boletim nº 01, pós-pontapé inicial, maio/2009. EDITORIAL – I Era uma vez... E a tenda caiu - 1 Era uma vez um povo muito feliz, quase não distinguiam realidade e ficção. Por isso, dando vazão ao sonho coletivo, elegeram um artista, herói de cinema para governá-los. Veio a crise e esse povo assim pensou: daremos um jeito! E mesmo quando enxotados da casa dos sonhos para a dureza das ruas, esse povo não desanimou. Essa gente não estava acostumada a perder, assim, um mais esperto dentre eles, ao ver a multidão sem moradia, não teve dúvidas: vou vender tendas a eles! Assim surgiu a Cidade das Tendas, um monstro da vergonha capitalista, cujo foco maior é o estado da Califórnia estadunidense, com quilômetros e quilômetros de tendas concentradas. Viver sob tendas é típico de quem não esperava tal situação. Expressão de improviso, é prova de que o sonho não morreu (ainda que a realidade diga o contrário), que em breve voltarão a ter sua casa própria. Passado esse presságio, o do retorno, esse povo tenderá a despertar e, olhando a seu redor, olhando para Nuestra América, a de Marti, de Zapata, de Guevara e de Zumbi. Do milho, da mandioca, do acarajé, da arepa, da salteña e das tortillas1, aprenderá com uma gente que vive, sangra, luta e brilha. Porém, queremos estar errados e ver esse povo, o estadunidense, quiçá, olhando para si mesmo, não para seu umbigo, mas para seu próprio chão manchado de sangue sioux2 e de outros mais. Talvez olhando para seus negros, não as marionetes alma-branca-obamas, mas para os que não se calaram, os da linhagem incógnita de um X. Talvez aprendam com Mumia Abu-Jamal, cuja voz não se cala por trás de frias grades há quase trinta anos. Esse povo, quiçá, resgatará sua dignidade, e as casas vazias de hoje estarão cheias de vida no médio prazo, e a própria vida deixará de ser apenas um mac-dia-feliz. A tenda caiu - 2 (em três movimentos) Primeiro movimento – Allegro molto vivace Tirando a sorte dos famintos, estaríamos de acordo quanto ao dono da fábrica de tendas ser o símbolo real de que o capitalismo se safará dessa. Segundo movimento – Allegro ma non troppo Confirmando a regra de que capital atrai capitalistas, os donos do poder, abarrotados de papéis de pouca valia, ávidos por novos investimentos seguros, disparam a comprar ações da salvadora fábrica de tendas.
  • 2. Terceiro movimento – Fudidos com brio Como as pessoas tendem a não manter as compras de tendas ad infinitum, as projeções de vendas deverão ser superiores a produção real, as ações baixarão e o senhor das tendas verá seus ganhos virarem pó, assim como os de seus coleguinhas investidores. 1) Comidas típicas dos povos originários, pré-colombianos. 2) Etnia pré-colombiana que enfrentou até a morte o invasor branco-protestante-europeu, no que hoje são os Estados Unidos. EDITORIAL - II Previsão do tempo para os próximos meses: uma imensa massa de ar cinzento se espalhará sobre a economia capitalista. Quebradeira de bancos! Empregos virando pó! Industria automobilística com os pés na cova! E não esqueçamos os jornalões impressos, todos com seus atestados de óbito devidamente assinados, mas como quem foi rei nunca perde a majestade... Manipula-se até a morte, ou melhor, manipula-se até a própria morte. Alega-se que a juventude prefere a internet, que não lê jornais impressos... Mas a verdade é que este Aroeira está desbancando a todos. E isso porque ainda está restrito à net, quando for pras bancas... os jornalões vão pro saco. Já vão tarde! E por falar em jornalões, e por falar em manipulação, falemos um pouco de Aldous Huxley. Segundo este escritor inglês, a manipulação não consiste apenas numa mentira contada, consiste também numa verdade devidamente silenciada. Ironicamente, há uma verdade silenciada, ou melhor, um processo revolucionário dos mais radicais que a humanidade conheceu, e que foi liquidado num dia da mentira, mais precisamente em 1º de abril de 1939, talvez sinalizando que o tal processo deveria ser varrido pra baixo do tapete do esquecimento. Trata-se da Revolução Espanhola, mais conhecida como Guerra Civil Espanhola, nome que já embute uma forte carga de manipulação, pela simples razão de que esconde as contruções revolucionárias do povo espanhol. Se a abolição do dinheiro e a tomada da produção pelos trabalhadores entre outros atos não configuram uma revolução? O que é uma revolução? Por que falar da Revolução Espanhola 70 anos após a sua destruição? Certamente não para marcar sua derrota, muito pelo contrário, trata-se de ressaltar a positividade que emana de seu exemplo, a tal verdade silenciada, a mesma que fez com que a Revolução não interessasse a ninguém, nem à Inglaterra, nem à França e nem tampouco à URSStalinista. Afinal, a quem interessaria um exemplo claro de auto-gestão da produção pelos próprios trabalhadores? Certamente não para os que vivem da exploração do trabalho alheio. A partir de 1936 a burguesia espanhola começou a debandar. Os pricipais ramos de atividade começaram a ser coletivizados e geridos pelos trabalhadores, incluindo os transportes, as comunicações e até as terras. Entrentanto, ao contrário do que dizem os advogados de defesa da tese do fim da história, não houve caos. Os trabalhadores, principalmente anarquistas, foram capazes de tocar a produção e de atender às necessidades populares, apesar do bloqueio e da guerra. É muito válido resgatar esta verdade inconveniente para a burguesia, especialmente num momento de crise como o presente, quando se buscam alternativas ao capital. A negação do capital só pode se objetivar à medida em que for fortalecida por exemplos de superação positiva das relações de produção capitalistas. Certamente entre estes exemplos se inclui a Revolução Espanhola. O principal ensinamento que podemos extrair da Revolução Espanhola é a possibilidade de negação total do sistema do capital. Ainda que o capitalismo fosse imune à crise (sabemos que isso não é verdade e a realidade não nos deixa mentir), ainda que não produzisse miséria e violência, o capitalismo é incapaz de contemplar as necessidades humanas. Pela simples razão de que essencialmente este modo de produção apenas pode fornecer mais do mesmo: mais alienação e mais mercadorias (especialmente bugigangas inúteis). Ainda que o padrão de consumo estadunidense fosse acessível a todos os seres humanos, ainda que essa mentira pudesse ser transformada em realidade, isso não tornaria o capitalismo aceitável. Assim sendo, a superação do capitalismo torna-se muito mais um movimento ofensivo do que o contrário. Trata-se de buscar o que o capitalismo jamais oferecerá, ou seja, a realização possível apenas aos espíritos não alienados, nem pela produção e nem pelo consumo. Sendo assim, apesar de todas as suas debilidades e limitações: miremo-nos no exemplo espanhol!
  • 3. 1º De Maio – Dia de luta da classe trabalhadora Para muitos analistas econômicos, o ano de 2009 será uma espécie de ano “da verdade” do modo de produção capitalista. Isso diz respeito, é claro, ao aprofundamento da crise de um sistema baseado na exploração de uma classe, a dos capitalistas, sobre outra, a dos trabalhadores. Os que vivem da exploração do trabalho alheio e acumulam riquezas – e há bem pouco tempo defendiam com unhas e dentes a “liberdade de mercado” – hoje estão a buscar soluções para a sua crise nos cofres do tesouro público, administrados por governantes representantes dos interesses desses mesmos exploradores. A crise atingiu a todos os países, inclusive aqueles chamados de “comunistas”, ou ainda, aqueles que se proclamam como representantes do “socialismo do século XXI”, todos devidamente enquadrados nas leis que regem o sistema do capital, sem exceção. Hoje não há dúvida alguma sobre as evidências de que todos os modelos adaptados para superar a crise, que se prolonga por cerca de quatro décadas, não passaram de meros paliativos para um sistema que traz em si o próprio germe do seu antagonismo: quanto maior sua capacidade produtiva, maior é a exploração dos produtores de mercadorias, menor seu reinvestimento na base produtiva, maior seu poder especulativo, menor a sua taxa de lucro, maior o número de excluídos e marginalizados, menor o mercado de consumidores. Os bancos, os grandes agiotas internacionais, beneficiados por todos os governantes de todos os países, foram os primeiros a manifestar o atual estágio desta longa crise: com a crise das hipotecas norte-americanas, deixaram de emprestar dinheiro uns para os outros, e com isso acenderam de vez a luz vermelha da desconfiança, o que trouxe à tona a crise real – a do setor produtivo. A indústria automobilística, a jóia da coroa do capitalismo, que trouxe consigo todas as reestruturações produtivas, ou seja, a ponta de lança das inovações tecnológicas que seriam copiadas pelo resto da cadeia produtiva, simplesmente está se desmanchando. O modo de viver norte-americano chocou-se de frente em Detroit, a cidade símbolo da ditadura automobilística, hoje entregue aos ratos, ou aos mouses, como queiram. Uma oportunidade histórica para a classe trabalhadora Este 1° de maio tem algo de novo. Ele deve ser o ma rco do início de uma luta que não pode restringir-se às lembranças de tempos passados. Mas pode e deve ser o marco de lembranças para o futuro. Não que esqueçamos os nossos mortos que transformaram este dia no dia dos trabalhadores e das trabalhadoras; ao contrário, ele pode marcar justamente o dia em que a classe tomou para si a necessidade da continuidade daquelas lutas em outro patamar, vez que os motivos pelos quais foram assassinados aqueles camaradas, em 1886, em Chicago, nos EUA, ou em 1891, no norte da França, ainda hoje estão presentes nas relações entre capitalistas, seu Estado e suas polícias contra a classe trabalhadora. Estamos diante de uma das maiores ofensivas do capital contra a classe trabalhadora. A crise do capital está produzindo demissões em massa em vários setores da economia no mundo todo. A cada dia temos notícias que os governos dos países despejam somas gigantescas de dinheiro público para salvar empresas e bancos que nas últimas décadas acumularam lucros sem precedentes na história e sem contrapartida para a classe trabalhadora, o que não é novidade. E o que fazer diante de um cenário tal qual está delineado? Não podemos esperar que os sindicatos, centrais sindicais e partidos da ordem tomem iniciativa para combater tal situação; mesmo porque não é esse o interesse das forças políticas que hoje ocupam essas entidades, até porque o interesse de tais forças é, como as práticas têm demonstrado, justamente ajudar a burguesia a sair da crise, criando obstáculos às lutas mais avançadas da classe, fortalecendo o corporativismo e a
  • 4. divisão da classe e com isso desarticulando qualquer possibilidade do conjunto da classe desenvolver uma luta de fato anticapitalista, unificando as lutas específicas numa luta única e forte, capaz de colocar em xeque o sistema do capital. Não temos a ilusão de que isso seja coisa fácil. No entanto, temos a certeza de que, com a convicção da possibilidade real da construção de uma sociedade sem classes, só nos resta aproveitar o aprofundamento da crise econômica, o aparecimento de situações revolucionárias e os desdobramentos delas advindos, tais como crises políticas que proporcionem rachas no seio da própria burguesia. Isso tudo nos levará a um quadro em que a intervenção da classe terá, necessariamente, de se dar em um nível muito mais elevado em que as entidades “representativas” dos trabalhadores, pelos seus compromissos com a ordem burguesa, não terão condições de dar respostas; antes disso, cerrarão fileiras com os capitalistas. Por isso, em nosso entendimento, não há mais espaço no campo da luta de classes para forças que a todo instante procuram a conciliação com os capitalistas. Não há mais espaço para forças que, ao invés de impulsionar as nossas lutas, só fazem o contrário – levam-nos, a cada tentativa de avançar em nosso caminho, a acumular mais derrotas, proporcionando com isso que as forças do capital se reagrupem e encontrem saídas para as crises. Para nós, não se trata de “humanizar” o capital, de reformá-lo, de torná-lo mais justo, ou coisa que o valha; mas sim, trata-se de derrubá-lo, destruí-lo enquanto modo de produção e enquanto ideologia que determina a forma de organizar a sociedade. Só assim teremos as condições concretas de construir uma nova sociedade não mais baseada na exploração de uma maioria, em benefício de uma minoria. A greve geral – uma necessidade que se impõe No mundo de hoje sacudido pela crise que nos remete aos anos 20 e 30 do século passado, não cabe mais ações isoladas por segmentos de trabalhadores, o que é muito semeado pelos sindicatos e centrais sindicais e partidos institucionais, mas sim, um movimento coordenado da totalidade da classe, que derrube a fragmentação e a divisão que só beneficia os patrões e os seus representantes no seio da classe trabalhadora, o que comumente denominamos “pelegos”. É nisso que reside as derrotas das greves de categorias como bancários, petroleiros, metroviários, correios, professores, metalúrgicos e todo segmento que parta isoladamente para o confronto com o patronato. Os ricos sindicatos ficam à vontade para todo tipo de armação, engabelando setores isolados, sem se preocupar com a permanente organização, deixando (quando o fazem) a mobilização para as respectivas datas base, impondo sem discussão coletiva as rebaixadas reivindicações de reajuste salarial. Há os que dizem que os sindicatos não foram criados para a luta política. Pois bem, isso está claro, pois hoje, mais do que nunca, sabemos que eles existem justamente para impedir essa luta política de que tanto precisa a classe trabalhadora. Os megaeventos comemorativos do 1° de maio, promovi dos pelos dirigentes das centrais sindicais do mundo todo, que estamos habituados a presenciar, só reforçam a debilidade da classe operária diante dos ataques globais de que ela tem sido vítima. E não é à toa que esses eventos são patrocinados pelas grandes empresas, inclusive as multinacionais. Para quebrar essa hegemonia dos sindicatos e das centrais pelegas, contrapomos uma plataforma de lutas que permitam o aparecimento de novas lideranças, sem os “vícios” das velhas lideranças cooptadas; que privilegiem as organizações de base autônomas, criando condições para a construção de lutas diretas; que neguem os convites e apelos para os aparelhos de Estado e sindical; que criem e recriem e desenvolvam formas de organização – como comitês e conselhos – compatíveis com o atual estágio da luta de classes; que construam, desde já, greves fortes sem os conchavos de gabinetes; que trabalhem incessantemente na construção de uma GREVE GERAL, de fato, que venha a sacudir o jugo de todas as amarras da tutela, da manobra e dos pactos, a fim de aprofundar uma luta essencialmente anticapitalista; que tenham como objetivo estratégico a construção de um projeto socialista, ao qual deverão estar relacionados todos os atos das lutas diretas; que tenham o internacionalismo proletário como meta a ser alcançada, no sentido de reconstruir laços de fraternidade e solidariedade entre a classe trabalhadora, quebrando de vez com os objetivos reformistas e nacionalistas, tão comuns nas forças das esquerdas do capital. Para nós, esse é o momento de varrer da história do movimento os conciliadores, os oportunistas e os traidores encastelados nos sindicatos, nas centrais e nos partidos da ordem, que só se prestam ao sujo serviço da perpetuação da exploração capitalista. Portanto, um momento histórico que a crise do capital nos proporciona: a saída pela via autônoma da construção de uma sociedade de homens e mulheres livres e sem classes. Oposição Operária
  • 5. Garrincha Algum de seus muitos irmãos lhe batizou Garrincha, que é o nome de um passarinho inútil e feio. Quando começou a jogar futebol, os médicos pioraram a situação: diagnosticaram que este anormal nunca chegaria a ser um esportista, este pobre resto da fome e da poliomielite, burro e cocho, com um cérebro infantil, uma coluna vertebral como um S e as duas pernas tortas para o mesmo lado. Nunca houve um ponta direita como ele. No Mundial de 58 foi o melhor de sua posição. No Mundial de 62, o melhor jogador do campeonato. Mas, ao longo de seus anos nos campos, Garrincha foi mais: foi o homem que deu mais alegria em toda a história do futebol. Quando ele estava lá, o campo de jogo era um picadeiro de circo; a bola, um bicho amestrado; a partida, um convite à festa. Garrincha não deixava ninguém roubar a bola, menino defendendo seu mascote, e a bola e ele cometiam diabruras que matavam de rir às pessoas: saltava sobre ela, ela brincava com ele, ela se escondia, ele escapava, ela corria. No caminho, os rivais se chocavam entre si, se enroscavam nas pernas, se mareavam, caiam sentados. Garrincha exercia suas picardias de malandro na beira do campo, sobre a linha direita, longe do centro: criado nos subúrbios, nos subúrbios jogava. Jogava para um clube chamado Botafogo, e esse era ele: o bota fogo que incendiava os estádios, louco pela aguardente e por tudo que era ardente, ele que fugia das concentrações, fugindo pela janela, porque dos mais distantes lugares lhe chamava uma bola que pedia para ser jogada, alguma música que exigia ser dançada, alguma mulher que queria ser beijada. Um vencedor? Um perdedor com boa sorte. E a boa sorte não dura. Como dizem no Brasil, se a merda tivesse valor, os pobres nasceriam sem bunda. Garrincha morreu de sua morte: pobre, bêbado e sozinho. Eduardo Galeano Morte “Se existe alma, se há outra encarnação/ Eu queria que a mulata sapateasse no meu caixão/ Não quero flores nem coroa com espinho/ Só quero choro de flauta violão e cavaquinho." (Noel Rosa, compositor popular, canção Fita amarela)
  • 6. Sobre seu Manoel Perfeito é Deus, pois ele não existe. (Seu Mané) Já se vão quatro anos sem o velho Mané, figura especial, combatente das causas sociais, atuante na cidade de São Paulo. Em seu Manoel se aplica bem o poema de Brecht falando dos imprescindíveis, dos que lutam toda uma vida. Não é fácil vir ao mundo (mundo periférico!), tendo as características reunidas da marca da derrota. Sabe-se lá o que é nascer pobre, negro, nordestino, sem acesso a alfabetização e driblando a própria sorte, erigir-se em amante do conhecimento? Mas esse conhecimento cravado na alma desse homem honrado o fez lutador contra as mazelas sociais, daí o ingresso na escola marxista (um marxismo de pé no chão, como diria ele, para diferenciar-se do pseudo-marxismo dos escolásticos). Manoel da Costa Gonçalves chegou a São Paulo em 1951, vindo de Feira de Santana, Bahia. Em São Paulo fez cursinho técnico em mecânica, aprendeu a ler e escrever e foi trabalhar no ABC. Ali teve os primeiros contatos com a esquerda, o PCB, militando em suas bases, porém, com advento da Revolução Cubana, percebeu que o tal partidão não daria frutos ao proletariado, pois o imobilismo dominava a pratica dessa agremiação. Seu Manoel tornou-se apoiador dos segmentos mais radicais contra a ditadura e militante de movimento popular. Quando eu, ainda jovem, tive contato com ele em meados dos anos oitenta, seu Manoel já era conhecida personalidade nos movimentos sociais, a frente de uma coordenação de favelas que congregava mais ou menos uma dúzia delas na periferia paulistana. Quase não o vi triste em todos nossos encontros, salvo quando da queda do Leste Europeu, o que era explicável. Sua origem na esquerda, pró-Moscou, deixara-lhe marcas e essas seriam cicatrizadas na própria luta e não no abandono da mesma. Essa tristeza, em verdade, não foi além de umas vinte e quatro horas, pois, logo encontraria o velho disposto a superar os erros, as bobagens que muitas vezes a militância cometia e comete, sem, com isso, abandonar o barco e a bandeira marxista, ao contrário, identificando que no Leste Europeu nada havia de socialismo, mas sim, como passaria afirmar, o capitalismo de estado. Rompemos juntos com o Partido dos Trabalhadores (PT), no primeiro congresso desse partido, no ano de 1991. Ajudamos a constituir, com outros camaradas, a denominada Frente Revolucionária. Perspectiva de vida breve, já que o sectarismo dos vários coletivos imperava nesse espaço. Criamos com outros jovens um coletivo político e cultural, o Cacoré, que deu sua contribuição à luta. Nessa fase, seu Manoel já tinha uma boa bagagem de variadas leituras, em especial, além de Lênin e Marx, as obras Wilhelm Reich, o psicanalista e terapeuta, defensor do amor à vida, pela abolição da propriedade privada e libertação sexual. Era de ver, seu Manoel, um homem em quase seus setenta anos, falando da beleza dos jovens viverem a vida, sem nenhum tipo de repressão por parte dos pais. Brincalhão, tinha certa disposição em atender religiosos na porta de sua casa, somente para desacreditá-los da certeza da fé. De citar dados da economia mundial de cabeça, de falar da conjuntura, etc. Fiz um poema dedicado a ele (publicado no último Aroeira ), musicado depois por outro Manoel, o Inácio, mas não foi possível mostrá-lo, pois a morte o surpreendeu dias antes da homenagem que pretendíamos fazer. Fui buscar o corpo e, seguindo a orientação da dona Julia, sua estimada companheira, falecida logo depois, pedi que não se colocasse nenhuma flor ou símbolo religioso em seu caixão (pois era um desejo dele), para desconcerto do “arranjador” de mortos. O corpo desceu ao colo da mãe terra enquanto eu recitava o poema; sobre o caixão, a bandeira do Coletivo Cultural Cacoré, em volta, as lágrimas de seus camaradas de luta. Salve seu Manoel! Carone Biblioteca Manoel Gonçalves Recebemos algumas doações para a nossa biblioteca (Manoel Gonçalves). Aceitamos mais livros, se puder contribuir contate-nos. Estamos catalogando todos os materiais para abrir a nossa biblioteca. Obs.: Por ora não estamos aceitando livros de auto-ajuda, chegamos a discutir a possibilidade de criar um local específico para estes materiais (Cantinho do Idiota), mas ainda não operacionalizamos os trabalhos.
  • 7. Diálogo marxista “Ao chegar a uma determinada fase de desenvolvimento, as forças produtivas materiais da sociedade se chocam com as relações de produção existentes, ou, o que não é senão sua expressão jurídica, com as relações de propriedade dentro das quais se desenvolveram até ali. De formas de desenvolvimento das forças produtivas, estas relações se convertem em obstáculos a elas. E se abre, assim, uma época de revolução social.” (Karl Marx, Prefácio de Uma contribuição para a crítica da economia política) “A burguesia produz seus próprios coveiros. Sua queda e a vitória do proletariado são igualmente inevitáveis.” (Marx e Engels, Manifesto do Partido Comunista) Penso que os dois trechos acima citados são muito significativos no pensamento de Marx. A sentença de morte da burguesia se assinaria no processo de luta de classes, o proletariado seria o coveiro. Mas quem seria o carrasco da burguesia? O verdugo? Ou colocando a questão em outros termos, feita a autópsia do cadáver carcomido do modo de produção capitalista, qual seria a causa mortis? Neste ponto amarram-se as duas citações. A causa mortis do capitalismo seria a mesma que já havia matado outros modos de produção: a contradição entre forças produtivas (FP) e relações de produção (RP). As RPs se tornariam obstáculos para o livre desenvolvimento das FPs da humanidade. Marx faz uma verdadeira autópsia do modo de produção capitalista, busca suas leis imanentes, e constata que estas conferirão a inevitabilidade da revolução socialista. Mas como podemos tornar esta análise menos abstrata e mais factual? Como poderia se manifestar na realidade a contradição entre FPs e RPs? Penso que podemos encontrar um caminho para a solução desta questão na seção III do livro III de o Capital, mais precisamente na Lei da queda tendencial da taxa de lucro. A taxa de lucro é a variável mais importante do modo de produção capitalista. Marx calcula a taxa de lucros dividindo a mais valia pela soma do capital constante com o variável. Taxa de lucros = mais valia/capital constante + capital variável. Para compreender a dinâmica das taxas de lucro é fundamental conhecer o movimento de outras duas relações estabelecidas por Marx. A taxa de exploração do trabalho: mais valia dividida pelo capital variável. E a composição orgânica do capital: capital constante dividido pelo variável. Para Marx, esta última relação seria crescente no capitalismo, ou seja, o trabalho morto (capital constante) tenderia a crescer mais do que o vivo (capital variável). As leis do capitalismo forçariam os burgueses a participar de um processo constante inovação tecnológica e, conseqüentemente, de barateamento de mercadorias. Entretanto, este mesmo processo forçaria para baixo as taxas de lucro, já que o capital constante apenas transfere valor. As taxas de lucro capitalistas dependem da mais valia e esta, por sua vez, é extraída apenas e tão somente do trabalho vivo (capital variável). À medida que o trabalho vivo fosse substituído pelo morto, cairiam as taxas de lucro. Esta é a sentença de morte do capitalismo proferida por Marx, este modo de produção se inviabilizaria à medida que as taxas de lucro caíssem. Seja porque não haveria mais investimentos e a produção estancaria. Seja porque os capitalistas aprofundariam desesperadamente a exploração e, por tabela, também a luta de classes. Mesmo que fosse possível ampliar a taxa de exploração, este movimento não seria capaz de contrapor o aumento da composição orgânica. Por fim, cairiam as taxas de lucro. A mecanização da produção capitalista é um dado elementar da realidade concreta experimentado por todos. A constatação empírica da mecanização da produção tende a fortalecer o argumento de Marx. Neste ponto quero inserir uma nova interrogação: se a composição orgânica do capital é crescente, como o capitalismo conseguiu sobreviver tanto tempo após a sentença de morte proferida por Marx? Além disso, considerando-se que houve uma tendência de melhora das condições de vida material do proletariado, o que poderia explicar tal tendência? Talvez a categoria chave para a compreensão destas interrogações seja a composição orgânica do capital, a relação entre trabalho morto e vivo. Dados compilados pelo economista Bresser Pereira mostram que, nos EUA, a tendência crescente da composição orgânica do capital vigorou até aproximadamente o início dos anos 1930, a partir de então este movimento se inverteu. No caso da Grã-Bretanha a tendência decrescente da composição orgânica do capital foi acentuada, caindo de um índice de 105,9 no período 1870-1874 para 85,1 no período de 1935-1938.
  • 8. Sendo assim, é possível que calculada em termos de valores, a relação entre trabalho morto e vivo não seja crescente, ou então que seja crescente, mas não tanto a ponto de não poder ser compensada pelo aumento da taxa de exploração. Marx coloca o barateamento do capital constante como contra-tendência à queda das taxas de lucro, teria tal contra-tendência assumido a posição de tendência dominante? De acordo com os dados de Bresser Pereira sim. Isso ajudaria em muito a explicar a longevidade do capitalismo. A composição orgânica do capital se reduziria ao mesmo tempo em que se observa a mecanização crescente da produção. Este fenômeno aparentemente paradoxal é possível porque a composição orgânica do capital é calculada em valor (quantidade de trabalho acumulado). É como se o avanço tecnológico substituisse não apenas trabalhadores (capital variável), mas também máquinas (capital constante). Meios de produção mais baratos (em valores) substituiriam os antigos. É o que Bresser Pereira chama de desenvolvimento tecnológico poupador de capital. Enfim, os dados disponíveis sobre composição orgânica do capital, taxas de lucro e exploração são muito precários, entre outras causas porque a contabilidade burguesa, por razões óbvias, não trabalha com conceitos como capital constante, mais valia etc. Entretanto, ainda que a composição orgânica do capital seja descrescente no longo prazo e, consequentemente, as taxas de lucro não tenham uma tendência de queda, há nos momentos de recessão e depressão, como o atual, um claro movimento para baixo nas taxas de lucro. Mas talvez essa queda não possa ser corretamente explicada pela lei da queda tendencial das taxas de lucro. Por outro lado, se a composição orgânica não cresce e, consequentemente, as taxas de lucro não apresentam uma tendência clara de queda, acontecimentos como a atual crise do capitalismo mostram que a “lei da queda cíclica das taxas de lucro” continua totalmente vigente. O capitalismo não foi capaz de superar suas crises cíclicas, apesar do desenvolvimento da teoria econômica. Vale lembrar que foi o próprio Marx quem primeiro explicou as contradições que causam as crises cíclicas: diminuição do exército industrial de reserva e aumento de salários, investimentos equivocados (anarquia da produção). Não pretendo aprofundar a discussão sobre as contradições acima citadas. Por hora queria apenas registrar brevemente possíveis caminhos para debates e para discussões mais aprofundadas sobre a crise atual e sua conceituação. Penso que, sendo a taxa de lucros a variável chave no capitalismo, cabe aos revolucionários ter pleno conhecimento desta taxa. Entrentanto, a verdade é que pouco se sabe sobre o comportamento empírico das taxas de lucro no capitalismo atual. Chico Sarau no Espaço Cultural Mané Garrincha Dia 09 de maio, sábado, faremos nosso sarau. Bom ele é, melhor quando você aparece e espetacular quando os dissabores da vida erram o endereço. Mês corrente do dia dos trabalhadores, o sarau de maio focará poemas voltados para o sangue e luta dos que produzem pão e poesia e são usurpados por parasitas burgueses. Será a partir das 18h00min do dia indicado acima. Venha e traga os amig@s: Neruda, Brecht, Violeta, Drummond, Maiakovski, a Cecília, o Cabral (que é João), o Mané, o Zezinho, o Luizinho e não se esqueça da Mariazinha também. Preços proletários para os comes e bebes, não falte! Endereço: Rua Silveira Martins, 131 - sala 11, centro de São Paulo. Saída pelo metrô Sé, sentido Poupa- tempo. Contatos: espaco.manegarrincha@hotmail.com
  • 9. Treze de Maio Sobre a proclamada Lei Áurea – conhecida também por conter poucos parágrafos –, assinada em 13 de Maio de 1888, podemos registrar dois consensos: 1º) O Brasil foi o último país do Novo Mundo a abolir a escravidão, principalmente devido ao caráter retrógrado e dependente de suas elites. 2º) A abolição foi muito mais um ato formal do que real, entre seus objetivos principais estava a idéia de preparar terreno para a proclamação da República, que aconteceria um ano depois. Uma república escravista seria uma insanidade, uma aberração difícil de justificar. A base econômico-produtiva brasileira tornara-se anacrônica no contexto das relações capitalistas de produção do final do século XIX. Sendo assim, ingleses e abolicionistas locais se juntaram na luta anti-escravista, tudo em nome de um futuro mais puramente capitalistas para o Brasil. Sabemos que a história oficial tende sempre a realçar a importância destes últimos, e a ignorar a luta de libertação dos próprios povos africanos, mas isso é outra história. O fato é que por volta de 1870 começaram a chegar ao Brasil levas de trabalhadores europeus, assim teve início a substituição do trabalho escravo pelo assalariado na agricultura tupiniquim. Esta substituição atendia a duas necessidades importantes das elites brasileiras, uma ideológico-racista e a outra econômica. Tratava-se de clarear a população brasileira, assim ensinava a ideologia positivista e eugenista. Por outro lado, substituindo aos poucos o trabalho escravo pelo assalariado, a elite brasileira pôde se desobrigar da necessidade de indenizar a população negra com terras, como ocorreu em colônias inglesas, francesas e holandesas. Assim começava o processo de despejo de negros nas periferiais das grandes cidades. Segundo Júlio Chiavenato, em 1888 95% da população negra já havia se libertado. Muitos depois de servirem de bucha de canhão na Guerra do Paraguai. Portanto, a Lei Áurea foi mesmo uma lei para inglês ver, e se não alterou grande coisa, pelo menos legou a expressão. As principais etnias africanas arrastadas para o Brasil foram Bantos (a partir de 1535), Yorubás, Fons e Hauças (estes últimos entre 1700 e 1850). Vale ressaltar que todas essas etnias dominavam a agricultura (principalmente os Bantos) e suas principais técnicas, o que ajuda a refutar a justificativa ideológica do processo de implantação do trabalho assalariado. É falso que os negros africanos não tinham capacidade técnica agrária. Neste ponto podemos formular duas perguntas. Há segregação racial no Brasil atual? Tal segregação se manifesta também dentro da própria classe trabalhadora? Entendo que sim, que a resposta às duas questões deve ser afirmativa. É fato que entre os enormes contingentes de miseráveis brasileiros não há apenas negros, lá se encontram indígenas, mestiços e até brancos. Mas também é um fato inequívoco que os negros continuam sendo as principais vítimas do capitalismo e de seus aparatos repressivos, seja nas estatísticas de desemprego seja nas de violência policial. No Brasil foram despejados 40% do negros escravizados. Segundo Darcy Ribeiro, o Brasil foi um grande “moinho de gastar gente”. Gente que valia alguns litros de cachaça ou alguns metros de rolo de fumo. O passado secular de açoite, pontapé e discriminação criou uma heterogeneidade dentro da classe trabalhadora brasileira, ser um proletário negro coloca questões muitas vezes inexistentes para um proletário branco. Para ficar num único exemplo: lembremos que os proletários negros serão muito mais atingidos que os brancos pela crise mundial. Por fim, registre-se a mensagem (poema acima) do poeta negro Solano Trindade para brancos, negros e Obamas. Oyó
  • 10. RECEITA DE POEMA DIREITO ADQUIRIDO - Chico - - Odisseu Aranha da Roseira - Doure palavras cruas É direito comer frutas, ovos Na gordura fervente Iogurte e mel pela manhã Com cebola, alho, tomate É direito se apaixonar pelo outro Separe a inconsciência Quando o amor brotar pela tarde Esta pasta informe Condimentada e branca É direito ler Camões, Pessoa e Saramago Ao anoitecer de todas as estações Adicione uma porção de cores Um peito rubro de tiê-sangue É direito levantar bandeiras Pele crestada de mulher no cio Quando a utopia ultrapassar as madrugadas Mais o pálido azul do sanhaço É direito construir o novo E eflúvios odoríficos Destruindo o velho A brisa de um café caseiro O olor úmido de vagina --------------------------------------------------- O perfume primaveril MEU 1º DE MAIO Imagens também contam Maiakovski O mosaico de pipas no céu (fragmentos) A alvura mineral da neve Partamos ao encontro Combine o timbre ritmado de cachoeira Ao primeiro de nossos dias, Ao borbulhar de moqueca baiana Enlaçando as mãos proletárias. E ao gorjeio de ave silvestre Calai vossos morteiros! Silêncio, metralhadoras! Junte tudo num tacho de barro Eu sou marinheiro. Com água corrente de fonte Este dia é meu. E entorne com vigor de estivador Eu sou soldado, este dia é meu. --------------------------------------------------- ---------------------------------------------------