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HISTÓRIA DOS SURDOS
Em todo o mundo, são poucos os registros referentes à história das Pessoas Surdas (PSs) na
Antiguidade. O pouco que se encontra mostra que essas pessoas tinham dificuldades até
mesmo de serem reconhecidas como seres humanos.
Grandes filósofos da Antiguidade acreditavam que quando as pessoas não falavam,
consequentemente, não possuíam linguagem, tampouco pensamento. Dessa forma,
consideravam as PSs como não competentes, seres sem pensamento e incapazes. Até o
século XV, o surdo foi considerado um ser primitivo, que não possuía qualquer direito
assegurado. A situação das PSs era, de fato, uma calamidade. Se não ouve, não pensa.
Foi somente no século XVI, na Europa, por intermédio da religião, que surgiu a noção de que
a compreensão das ideias não dependia de ouvir palavras. Girolamo Cardano, um dos
primeiros educadores de surdos, defendeu a ideia de que todo surdo deveria ser educado. O
monge Pedro Ponce de Leon (1520-1584) ensinou surdos de diversas famílias nobres a falar
e inventou o alfabeto manual, e Juan Martin Pablo Bonet (1573-1633) publicou, na Espanha,
o livro: Reducción de las letras y artes para enseñar a hablar a los mudos.
No século XVII, na França, o abade Charles Michel de L’Epée ficou conhecido como o “Pai dos
Surdos” e criou os “Sinais Metódicos”. L’Epée acreditava que todos os surdos,
independentemente de nível social, deveriam ter acesso à educação, e esta deveria ser
pública e gratuita. Foram criadas diversas escolas para educar os surdos na França e em
outros países Europa.
Nessa mesma época, na Alemanha, surgem as primeiras noções da filosofia oralista, com as
ideias de Samuel Heinick. Ele foi o fundador de uma escola pública apenas na língua oral para
nove alunos surdos. As metodologias de L’Epée e de Heinick se confrontavam.
No século XIX, Thomas Hopkins Gallaudet, professor americano, foi à Europa obter
informações sobre a educação dos surdos. Ele retornou a seu país na companhia de Laurent
Clerc, surdo, e fundaram a primeira escola para surdos dos EUA, que utilizava, como forma
de comunicação, um tipo de francês sinalizado. Mais tarde, a escola transformou-se em uma
universidade para surdos, a Universidade Gallaudet. Em 1869, com a morte de Laurent Clerc,
o método oral começa a ganhar força.
O mais importante e poderoso dos representantes oralistas foi Alexandre Graham Bell, o
inventor do telefone. Em 1880, em Milão, foi realizado o Congresso Internacional de
Educadores de Surdos, momento crítico da História, no qual foi proibido o uso das Línguas
de Sinais e instituído o método oral como a melhor filosofia para alfabetizar as PSs.
No início do século XX, a maioria das escolas já haviam deixado de utilizar a língua de sinais,
e a filosofia oralista dominou o mundo até a década de 1960, ano em que Willian Stokoe
publicou um artigo sobre a língua de sinais. Surge, então, a filosofia da comunicação total.
Em Congresso Internacional sobre a Educação dos Surdos, foi deliberado que a filosofia
oralista não deveria ser a única utilizada. E, somente a partir de 1980, as ideias em relação à
terceira filosofia educacional, o bilinguismo, começaram a ser divulgadas.
Em 1855, chega ao Brasil o professor Surdo francês Hernest Huet, trazido pelo Imperador
D. Pedro II. E, em 1857, é fundado o Instituto Nacional de Surdos Mudos, atual Instituto
Nacional de Educação de Surdos (INES), que utilizava a língua de sinais. Em 1911, o INES,
seguindo a tendência mundial, estabeleceu o oralismo puro. No fim da década de 1970, chega
ao Brasil a comunicação total e, na década de 1980, começa no Brasil o bilinguismo.
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O bilinguismo tem como presunção a necessidade de o surdo ser bilíngue, ou seja, adquirir a
Língua de Sinais, que é considerada a língua natural dos surdos, como língua materna, e como
segunda língua, a língua oral utilizada em seu país. No caso do Brasil, a Língua Portuguesa na
modalidade escrita.
Em 2002, a Libras foi reconhecida pela lei no 10.436/2002 como meio legal de comunicação
e expressão, e, em 2005, foi publicado o Decreto no 5.626/2005 que a regulamenta. A partir
desse aparato legal, a comunidade Surda apoderou-se de sua língua, conquistando a garantia
de espaços bilíngues que respeitem e assegurem acessibilidade linguística às PSs.
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  • 1. 5 HISTÓRIA DOS SURDOS Em todo o mundo, são poucos os registros referentes à história das Pessoas Surdas (PSs) na Antiguidade. O pouco que se encontra mostra que essas pessoas tinham dificuldades até mesmo de serem reconhecidas como seres humanos. Grandes filósofos da Antiguidade acreditavam que quando as pessoas não falavam, consequentemente, não possuíam linguagem, tampouco pensamento. Dessa forma, consideravam as PSs como não competentes, seres sem pensamento e incapazes. Até o século XV, o surdo foi considerado um ser primitivo, que não possuía qualquer direito assegurado. A situação das PSs era, de fato, uma calamidade. Se não ouve, não pensa. Foi somente no século XVI, na Europa, por intermédio da religião, que surgiu a noção de que a compreensão das ideias não dependia de ouvir palavras. Girolamo Cardano, um dos primeiros educadores de surdos, defendeu a ideia de que todo surdo deveria ser educado. O monge Pedro Ponce de Leon (1520-1584) ensinou surdos de diversas famílias nobres a falar e inventou o alfabeto manual, e Juan Martin Pablo Bonet (1573-1633) publicou, na Espanha, o livro: Reducción de las letras y artes para enseñar a hablar a los mudos. No século XVII, na França, o abade Charles Michel de L’Epée ficou conhecido como o “Pai dos Surdos” e criou os “Sinais Metódicos”. L’Epée acreditava que todos os surdos, independentemente de nível social, deveriam ter acesso à educação, e esta deveria ser pública e gratuita. Foram criadas diversas escolas para educar os surdos na França e em outros países Europa. Nessa mesma época, na Alemanha, surgem as primeiras noções da filosofia oralista, com as ideias de Samuel Heinick. Ele foi o fundador de uma escola pública apenas na língua oral para nove alunos surdos. As metodologias de L’Epée e de Heinick se confrontavam. No século XIX, Thomas Hopkins Gallaudet, professor americano, foi à Europa obter informações sobre a educação dos surdos. Ele retornou a seu país na companhia de Laurent Clerc, surdo, e fundaram a primeira escola para surdos dos EUA, que utilizava, como forma de comunicação, um tipo de francês sinalizado. Mais tarde, a escola transformou-se em uma universidade para surdos, a Universidade Gallaudet. Em 1869, com a morte de Laurent Clerc, o método oral começa a ganhar força. O mais importante e poderoso dos representantes oralistas foi Alexandre Graham Bell, o inventor do telefone. Em 1880, em Milão, foi realizado o Congresso Internacional de Educadores de Surdos, momento crítico da História, no qual foi proibido o uso das Línguas de Sinais e instituído o método oral como a melhor filosofia para alfabetizar as PSs. No início do século XX, a maioria das escolas já haviam deixado de utilizar a língua de sinais, e a filosofia oralista dominou o mundo até a década de 1960, ano em que Willian Stokoe publicou um artigo sobre a língua de sinais. Surge, então, a filosofia da comunicação total. Em Congresso Internacional sobre a Educação dos Surdos, foi deliberado que a filosofia oralista não deveria ser a única utilizada. E, somente a partir de 1980, as ideias em relação à terceira filosofia educacional, o bilinguismo, começaram a ser divulgadas. Em 1855, chega ao Brasil o professor Surdo francês Hernest Huet, trazido pelo Imperador D. Pedro II. E, em 1857, é fundado o Instituto Nacional de Surdos Mudos, atual Instituto Nacional de Educação de Surdos (INES), que utilizava a língua de sinais. Em 1911, o INES, seguindo a tendência mundial, estabeleceu o oralismo puro. No fim da década de 1970, chega ao Brasil a comunicação total e, na década de 1980, começa no Brasil o bilinguismo.
  • 2. 6 O bilinguismo tem como presunção a necessidade de o surdo ser bilíngue, ou seja, adquirir a Língua de Sinais, que é considerada a língua natural dos surdos, como língua materna, e como segunda língua, a língua oral utilizada em seu país. No caso do Brasil, a Língua Portuguesa na modalidade escrita. Em 2002, a Libras foi reconhecida pela lei no 10.436/2002 como meio legal de comunicação e expressão, e, em 2005, foi publicado o Decreto no 5.626/2005 que a regulamenta. A partir desse aparato legal, a comunidade Surda apoderou-se de sua língua, conquistando a garantia de espaços bilíngues que respeitem e assegurem acessibilidade linguística às PSs.