Este documento discute a análise de implicação como ferramenta na pesquisa-intervenção. Primeiro, resume brevemente como abordagens metodológicas como a pesquisa-ação questionaram a relação entre pesquisador e pesquisa. Segundo, explica como a pesquisa-intervenção avançou esses conceitos ao considerar um conjunto mais amplo de condições. Terceiro, aponta a análise de implicação como conceito-chave para entender como a posição do pesquisador afeta os resultados.
Partindo de um histórico das pesquisas participativas nos seus diferentes momentos de constituição e propostas relativas às mudanças na produção de conhecimento, na visão de vários autores, o texto tem como perspectiva apresentar e discutir os pressupostos teórico-metodológicos da pesquisa. Busca, também, discutir a pesquisa participativa como uma ação que abre a possibilidade de interconexão entre a pesquisa e a extensão no viver universitário. Entender que a necessidade da convivência na pesquisa como um observador que se torna dependente, produz uma rede de conversações que constitui o domínio explicativo científico, a qual é tomada para compreender as possibilidades de exercício da função de pesquisador, bem como as implicações éticas decorrentes. Assim, é possível que a pesquisa participativa possa constituir-se como algo a permanecer por um longo tempo, quando propõe uma perspectiva metodológica de ação capaz de sustentar trabalhos para além da pesquisa propriamente dita.
O documento apresenta uma proposta de pesquisa participante realizada por estudantes de licenciatura em matemática da Universidade do Estado da Bahia. A pesquisa aborda o conceito de pesquisa participante, suas características, uma proposta de modelo com quatro fases e problemas comuns a esse tipo de pesquisa, como a definição da linguagem utilizada.
Percebe-se uma grande preocupação quanto ao desempenho acadêmico em relação à cultura individual do estudante de nível superior diante de uma pesquisa participativa. Deste modo, faz-se necessária a introdução do processo de aprendizagem como algo natural dentro do meio científico, já que esse tipo de intervenção existe rotineiramente a fim de que o indivíduo pensante saiba intervir não só na sua realidade, mas também mudar o meio em que está inserido. Identificar os determinantes do desempenho educacional na formação docente dos acadêmicos com a pesquisa participativa. Trata-se de um estudo com delineamento descritivo, observacional do tipo retrospectivo, considerando como variáveis: individualidade, coletividade e os determinantes do desempenho educacional. Os dados foram analisados por meio dos diferentes tipos de pesquisa: participativa/participante, de intervenção e pesquisa-ação, nos quais foi identificado o impacto da disponibilidade e qualidade dos serviços educacionais, as atratividades no mercado de trabalho e a influência dos recursos familiares. Espera-se que, com a introdução do processo de aprendizagem na formação docente os acadêmicos tornem-se indivíduos pensantes capazes de intervir na própria realidade quanto no meio em que está inserido.
O documento discute os métodos de pesquisa em análise do comportamento. Apresenta diferentes classificações de métodos, com destaque para o método experimental. Também discute delineamentos de sujeito único e questões como variabilidade comportamental, procedimentos de tentativa e procedimentos de operante livre.
A pesquisa-ação é definida como uma tentativa sistemática de melhorar a prática através da ação e reflexão. Envolve a participação coletiva e cooperativa para produzir conhecimentos sobre a realidade vivida e promover mudanças. Busca desnaturalizar estruturas de poder e analisar redes sociais de forma a libertar os oprimidos.
1) O documento discute a importância da pesquisa colaborativa entre professores e pesquisadores para melhorar a qualidade da educação. 2) Ao compartilharem descobertas e refletirem juntos sobre vídeos de aulas, professores identificaram modos mais eficazes de ensinar do que avaliações externas. 3) Ao longo do projeto, as interações nas salas de aula tornaram-se mais dialógicas à medida que professores passaram a fazer perguntas abertas e desenvolver as contribuições dos alunos.
Pesquisa ação crítico colaborativa e reflexãotelasnorte1
O documento discute a pesquisa-ação crítico-colaborativa como método de pesquisa entre universidades e escolas para o desenvolvimento profissional de professores. A pesquisa-ação permite que os professores analisem e transformem suas práticas, produzam conhecimento e gerem mudanças na escola. Dois exemplos de pesquisa-ação crítico-colaborativa são descritos.
Este documento discute a metodologia da observação participante utilizada pelo autor em uma fábrica de calçados. Ele enfatiza a importância da reflexividade do pesquisador e da compreensão do processo de pesquisa como social. Além disso, defende o método de "caso alargado" para analisar situações locais à luz de forças estruturais mais amplas e evitar determinismos ou relativismos excessivos.
Partindo de um histórico das pesquisas participativas nos seus diferentes momentos de constituição e propostas relativas às mudanças na produção de conhecimento, na visão de vários autores, o texto tem como perspectiva apresentar e discutir os pressupostos teórico-metodológicos da pesquisa. Busca, também, discutir a pesquisa participativa como uma ação que abre a possibilidade de interconexão entre a pesquisa e a extensão no viver universitário. Entender que a necessidade da convivência na pesquisa como um observador que se torna dependente, produz uma rede de conversações que constitui o domínio explicativo científico, a qual é tomada para compreender as possibilidades de exercício da função de pesquisador, bem como as implicações éticas decorrentes. Assim, é possível que a pesquisa participativa possa constituir-se como algo a permanecer por um longo tempo, quando propõe uma perspectiva metodológica de ação capaz de sustentar trabalhos para além da pesquisa propriamente dita.
O documento apresenta uma proposta de pesquisa participante realizada por estudantes de licenciatura em matemática da Universidade do Estado da Bahia. A pesquisa aborda o conceito de pesquisa participante, suas características, uma proposta de modelo com quatro fases e problemas comuns a esse tipo de pesquisa, como a definição da linguagem utilizada.
Percebe-se uma grande preocupação quanto ao desempenho acadêmico em relação à cultura individual do estudante de nível superior diante de uma pesquisa participativa. Deste modo, faz-se necessária a introdução do processo de aprendizagem como algo natural dentro do meio científico, já que esse tipo de intervenção existe rotineiramente a fim de que o indivíduo pensante saiba intervir não só na sua realidade, mas também mudar o meio em que está inserido. Identificar os determinantes do desempenho educacional na formação docente dos acadêmicos com a pesquisa participativa. Trata-se de um estudo com delineamento descritivo, observacional do tipo retrospectivo, considerando como variáveis: individualidade, coletividade e os determinantes do desempenho educacional. Os dados foram analisados por meio dos diferentes tipos de pesquisa: participativa/participante, de intervenção e pesquisa-ação, nos quais foi identificado o impacto da disponibilidade e qualidade dos serviços educacionais, as atratividades no mercado de trabalho e a influência dos recursos familiares. Espera-se que, com a introdução do processo de aprendizagem na formação docente os acadêmicos tornem-se indivíduos pensantes capazes de intervir na própria realidade quanto no meio em que está inserido.
O documento discute os métodos de pesquisa em análise do comportamento. Apresenta diferentes classificações de métodos, com destaque para o método experimental. Também discute delineamentos de sujeito único e questões como variabilidade comportamental, procedimentos de tentativa e procedimentos de operante livre.
A pesquisa-ação é definida como uma tentativa sistemática de melhorar a prática através da ação e reflexão. Envolve a participação coletiva e cooperativa para produzir conhecimentos sobre a realidade vivida e promover mudanças. Busca desnaturalizar estruturas de poder e analisar redes sociais de forma a libertar os oprimidos.
1) O documento discute a importância da pesquisa colaborativa entre professores e pesquisadores para melhorar a qualidade da educação. 2) Ao compartilharem descobertas e refletirem juntos sobre vídeos de aulas, professores identificaram modos mais eficazes de ensinar do que avaliações externas. 3) Ao longo do projeto, as interações nas salas de aula tornaram-se mais dialógicas à medida que professores passaram a fazer perguntas abertas e desenvolver as contribuições dos alunos.
Pesquisa ação crítico colaborativa e reflexãotelasnorte1
O documento discute a pesquisa-ação crítico-colaborativa como método de pesquisa entre universidades e escolas para o desenvolvimento profissional de professores. A pesquisa-ação permite que os professores analisem e transformem suas práticas, produzam conhecimento e gerem mudanças na escola. Dois exemplos de pesquisa-ação crítico-colaborativa são descritos.
Este documento discute a metodologia da observação participante utilizada pelo autor em uma fábrica de calçados. Ele enfatiza a importância da reflexividade do pesquisador e da compreensão do processo de pesquisa como social. Além disso, defende o método de "caso alargado" para analisar situações locais à luz de forças estruturais mais amplas e evitar determinismos ou relativismos excessivos.
O documento discute pesquisa-ação, incluindo seu objetivo de amadurecer ideias para entender melhor os problemas de pesquisa. A pesquisa-ação busca transformar a realidade social estudada e requer uma abordagem dialógica e participativa em vez de positivista. Vários tipos de pesquisa-ação são discutidos, como colaborativa, crítica e estratégica.
1. O documento discute a pesquisa participante, resumindo suas principais características e críticas à pesquisa tradicional.
2. A pesquisa participante surgiu como uma alternativa à pesquisa tradicional nas ciências sociais, visando maior envolvimento da comunidade nos processos de pesquisa.
3. O autor discute os diferentes tipos de pesquisa, incluindo pesquisa teórica, metodológica, empírica e prática, defendendo uma abordagem que integre todos esses aspectos de forma participativa.
O documento discute pesquisa participante, definindo-a como uma forma de investigação que envolve a comunidade na análise de sua própria realidade para promover transformação social. Ele apresenta os métodos qualitativo e quantitativo de pesquisa, as características e objetivos da pesquisa participante, além de propor um modelo com quatro fases para sua aplicação e discutir problemas relacionados a essa abordagem.
Análise da metodologia da dissertação de Tanikado (2010), baseada na pesquisa intervenção. Atividade da disciplina Seminário de Pesquisa em Inclusão do Programa de Pós-graduação em Educação da Universidade Federal de Alagoas.
Aula online pesquisa em serviço social iiijeancff84
1) A aula discute aspectos metodológicos para revisão e aprimoramento dos projetos de pesquisa dos alunos.
2) É importante entender a metodologia científica e como a pesquisa deve seguir critérios como clareza, fontes confiáveis e revisão da literatura.
3) A metodologia da pesquisa deve explicar como os dados serão coletados, interpretados e como as conclusões serão extraídas.
O documento discute os princípios e métodos da pesquisa participante. A pesquisa participante envolve a participação do pesquisador e dos sujeitos pesquisados, visando a intervenção na realidade social. Ela busca compreender as condições locais para definir os métodos adequados a cada contexto.
O documento discute os fundamentos epistemológicos e metodológicos da pesquisa-ação. A pesquisa-ação é um método qualitativo que envolve a participação efetiva da população pesquisada e busca a transformação da realidade estudada. Ela demanda o engajamento pessoal dos pesquisadores e pode assumir diferentes tipos, como diagnóstico, participante, empírica ou experimental.
1. O documento discute a análise de pesquisas qualitativas, ressaltando a tradição qualitativa no contexto histórico e as múltiplas opções de pesquisa qualitativa, incluindo a vertente discursiva.
2. Dois exemplos são apresentados sobre o uso de mapas dialógicos como ferramenta de pesquisa qualitativa.
3. A noção de rigor é ressignificada na perspectiva construcionista, questionando a dicotomia entre ciência e senso comum e enfatizando que ambos
1) O documento discute os fundamentos metodológicos da pesquisa qualitativa nas ciências sociais, comparando abordagens como positivismo, sociologia compreensiva e dialética.
2) É argumentado que a abordagem dialética é mais adequada para analisar fenômenos históricos, privilegiando contradição, mudança e a totalidade das relações sociais.
3) Conceitos como teoria, conceito, hipótese e pressupostos são discutidos como elementos fundamentais para a operacionalização da pesquisa qualitativa.
Aula ministrada na disciplina "Fundamentos teóricos e metodológicos da pesquisa em educação em ciências e matemática", da Turma 2018 do PPGECM da Unifesspa
1) A pesquisa visa promover o desenvolvimento profissional de professores e construir conhecimento sobre como articulam saberes da prática pedagógica.
2) A pesquisa-ação pressupõe a construção colaborativa de conhecimento entre pesquisador e docente sobre aspectos da prática docente.
3) Critérios como validade democrática, catalítica e dialógica são usados para julgar a qualidade da pesquisa-ação.
1. Este texto analisa as contribuições do método materialista histórico e dialético para a pesquisa sobre políticas educacionais.
2. Algumas das principais categorias do método marxista incluem totalidade, práxis, contradição e mediação, que permitem analisar a realidade como um todo estruturado em desenvolvimento, captando múltiplas relações.
3. Uma das contribuições desse enfoque é a busca por um conjunto amplo de relações, particularidades e detalhes que possibilitam compreender
O documento discute a pesquisa-ação e agência em sala de aula. A pesquisa-ação é descrita como uma metodologia participativa que busca transformar a realidade através da ação coletiva e reflexão dos participantes. Isso pode propiciar agência dos alunos ao promover engajamento, consciência de si e transformação de conduta. A pesquisa-ação também é vista como uma possibilidade de integrar ensino, pesquisa, teoria e prática em sala de aula.
Este documento discute a metodologia de pesquisa-ação como uma estratégia de consultoria que valoriza a participação dos profissionais de uma organização. A pesquisa-ação busca equacionar problemas por meio de soluções desenvolvidas conjuntamente por pesquisadores e os membros da organização, resultando em mudanças sustentáveis geradas internamente. Seu objetivo geral é resolver problemas trocando conhecimentos entre pesquisadores e profissionais, enquanto seus objetivos específicos incluem desenvolver capacidades de solução de problemas e facilitar o
Este documento descreve a evolução do conceito de "campo de pesquisa" dentro de um grupo de discussão na PUC-SP. Inicialmente, campo era visto como um lugar físico onde o pesquisador coletava dados. Posteriormente, passou-se a considerar o campo como um conjunto mais abrangente de fatores psicológicos. Por fim, chegou-se à noção de "campo-tema", onde o campo não é um lugar específico, mas sim a processualidade de temas situados.
O documento discute o uso da análise de conteúdo como ferramenta para pesquisa qualitativa nas ciências sociais. Apresenta as teorias das representações sociais e da ação como fundamentos para análise de discurso declarado. Também descreve a aplicação do método em dissertações de mestrado na Universidade Federal de Lavras.
O desafio do conhecimento pesquisa qualitativa em saúderegianesobrinho
1) O livro discute pesquisa qualitativa em saúde, abordando conceitos, correntes de pensamento e métodos.
2) A autora analisa positivismo, sociologia compreensiva, marxismo e pensamento sistêmico, defendendo uma abordagem que una objetividade e subjetividade.
3) O livro fornece detalhes sobre técnicas de pesquisa qualitativa como observação, entrevistas e análise de dados, visando ajudar pesquisadores a compreender e aplicar melhor esses métodos.
Este documento discute os diferentes tipos de pesquisa científica, comparando pesquisa qualitativa e quantitativa. A pesquisa qualitativa foca na compreensão holística de um fenômeno em seu contexto natural, enquanto a pesquisa quantitativa usa métodos estruturados e estatísticos para testar hipóteses predefinidas. O documento também discute pesquisa básica versus aplicada, e exploratória, descritiva e experimental quanto aos objetivos.
O documento discute pesquisa-ação, definindo-a como uma estratégia de pesquisa social prática que busca resolver problemas através da participação de pesquisadores e interessados. A pesquisa-ação exige a análise dinâmica de problemas para tomar decisões e executar ações de caráter social, educacional e técnico, visando a transformação. Seu processo envolve conhecer a realidade, definir metas e indicadores de mudança, implantar soluções e avaliar resultados.
[1] O documento discute a pesquisa documental como método de investigação na formação docente, apresentando conceitos, etapas e técnicas deste método. [2] Inclui uma revisão da literatura sobre pesquisa documental e sua aplicação nos programas de pós-graduação da Universidade Estadual e Federal do Ceará. [3] Conclui que a pesquisa documental é uma opção metodológica para trabalhos acadêmicos na formação de professores, embora sua escolha ainda seja restrita nos programas pesquisados.
Social computing and knowledge creationMiia Kosonen
This document discusses knowledge creation through social computing and the role of tacit knowledge in online communication. It addresses two research questions: 1) What are the processes underlying knowledge creation online? 2) What is the role of tacit knowledge in online communication? The document reviews literature on knowledge creation, virtual communities, social computing, and tacit knowledge. It finds that tacit knowledge plays a role in online communication by enabling individuals to communicate, build knowledge through interpretation, and develop shared understanding and norms within online communities.
O documento discute pesquisa-ação, incluindo seu objetivo de amadurecer ideias para entender melhor os problemas de pesquisa. A pesquisa-ação busca transformar a realidade social estudada e requer uma abordagem dialógica e participativa em vez de positivista. Vários tipos de pesquisa-ação são discutidos, como colaborativa, crítica e estratégica.
1. O documento discute a pesquisa participante, resumindo suas principais características e críticas à pesquisa tradicional.
2. A pesquisa participante surgiu como uma alternativa à pesquisa tradicional nas ciências sociais, visando maior envolvimento da comunidade nos processos de pesquisa.
3. O autor discute os diferentes tipos de pesquisa, incluindo pesquisa teórica, metodológica, empírica e prática, defendendo uma abordagem que integre todos esses aspectos de forma participativa.
O documento discute pesquisa participante, definindo-a como uma forma de investigação que envolve a comunidade na análise de sua própria realidade para promover transformação social. Ele apresenta os métodos qualitativo e quantitativo de pesquisa, as características e objetivos da pesquisa participante, além de propor um modelo com quatro fases para sua aplicação e discutir problemas relacionados a essa abordagem.
Análise da metodologia da dissertação de Tanikado (2010), baseada na pesquisa intervenção. Atividade da disciplina Seminário de Pesquisa em Inclusão do Programa de Pós-graduação em Educação da Universidade Federal de Alagoas.
Aula online pesquisa em serviço social iiijeancff84
1) A aula discute aspectos metodológicos para revisão e aprimoramento dos projetos de pesquisa dos alunos.
2) É importante entender a metodologia científica e como a pesquisa deve seguir critérios como clareza, fontes confiáveis e revisão da literatura.
3) A metodologia da pesquisa deve explicar como os dados serão coletados, interpretados e como as conclusões serão extraídas.
O documento discute os princípios e métodos da pesquisa participante. A pesquisa participante envolve a participação do pesquisador e dos sujeitos pesquisados, visando a intervenção na realidade social. Ela busca compreender as condições locais para definir os métodos adequados a cada contexto.
O documento discute os fundamentos epistemológicos e metodológicos da pesquisa-ação. A pesquisa-ação é um método qualitativo que envolve a participação efetiva da população pesquisada e busca a transformação da realidade estudada. Ela demanda o engajamento pessoal dos pesquisadores e pode assumir diferentes tipos, como diagnóstico, participante, empírica ou experimental.
1. O documento discute a análise de pesquisas qualitativas, ressaltando a tradição qualitativa no contexto histórico e as múltiplas opções de pesquisa qualitativa, incluindo a vertente discursiva.
2. Dois exemplos são apresentados sobre o uso de mapas dialógicos como ferramenta de pesquisa qualitativa.
3. A noção de rigor é ressignificada na perspectiva construcionista, questionando a dicotomia entre ciência e senso comum e enfatizando que ambos
1) O documento discute os fundamentos metodológicos da pesquisa qualitativa nas ciências sociais, comparando abordagens como positivismo, sociologia compreensiva e dialética.
2) É argumentado que a abordagem dialética é mais adequada para analisar fenômenos históricos, privilegiando contradição, mudança e a totalidade das relações sociais.
3) Conceitos como teoria, conceito, hipótese e pressupostos são discutidos como elementos fundamentais para a operacionalização da pesquisa qualitativa.
Aula ministrada na disciplina "Fundamentos teóricos e metodológicos da pesquisa em educação em ciências e matemática", da Turma 2018 do PPGECM da Unifesspa
1) A pesquisa visa promover o desenvolvimento profissional de professores e construir conhecimento sobre como articulam saberes da prática pedagógica.
2) A pesquisa-ação pressupõe a construção colaborativa de conhecimento entre pesquisador e docente sobre aspectos da prática docente.
3) Critérios como validade democrática, catalítica e dialógica são usados para julgar a qualidade da pesquisa-ação.
1. Este texto analisa as contribuições do método materialista histórico e dialético para a pesquisa sobre políticas educacionais.
2. Algumas das principais categorias do método marxista incluem totalidade, práxis, contradição e mediação, que permitem analisar a realidade como um todo estruturado em desenvolvimento, captando múltiplas relações.
3. Uma das contribuições desse enfoque é a busca por um conjunto amplo de relações, particularidades e detalhes que possibilitam compreender
O documento discute a pesquisa-ação e agência em sala de aula. A pesquisa-ação é descrita como uma metodologia participativa que busca transformar a realidade através da ação coletiva e reflexão dos participantes. Isso pode propiciar agência dos alunos ao promover engajamento, consciência de si e transformação de conduta. A pesquisa-ação também é vista como uma possibilidade de integrar ensino, pesquisa, teoria e prática em sala de aula.
Este documento discute a metodologia de pesquisa-ação como uma estratégia de consultoria que valoriza a participação dos profissionais de uma organização. A pesquisa-ação busca equacionar problemas por meio de soluções desenvolvidas conjuntamente por pesquisadores e os membros da organização, resultando em mudanças sustentáveis geradas internamente. Seu objetivo geral é resolver problemas trocando conhecimentos entre pesquisadores e profissionais, enquanto seus objetivos específicos incluem desenvolver capacidades de solução de problemas e facilitar o
Este documento descreve a evolução do conceito de "campo de pesquisa" dentro de um grupo de discussão na PUC-SP. Inicialmente, campo era visto como um lugar físico onde o pesquisador coletava dados. Posteriormente, passou-se a considerar o campo como um conjunto mais abrangente de fatores psicológicos. Por fim, chegou-se à noção de "campo-tema", onde o campo não é um lugar específico, mas sim a processualidade de temas situados.
O documento discute o uso da análise de conteúdo como ferramenta para pesquisa qualitativa nas ciências sociais. Apresenta as teorias das representações sociais e da ação como fundamentos para análise de discurso declarado. Também descreve a aplicação do método em dissertações de mestrado na Universidade Federal de Lavras.
O desafio do conhecimento pesquisa qualitativa em saúderegianesobrinho
1) O livro discute pesquisa qualitativa em saúde, abordando conceitos, correntes de pensamento e métodos.
2) A autora analisa positivismo, sociologia compreensiva, marxismo e pensamento sistêmico, defendendo uma abordagem que una objetividade e subjetividade.
3) O livro fornece detalhes sobre técnicas de pesquisa qualitativa como observação, entrevistas e análise de dados, visando ajudar pesquisadores a compreender e aplicar melhor esses métodos.
Este documento discute os diferentes tipos de pesquisa científica, comparando pesquisa qualitativa e quantitativa. A pesquisa qualitativa foca na compreensão holística de um fenômeno em seu contexto natural, enquanto a pesquisa quantitativa usa métodos estruturados e estatísticos para testar hipóteses predefinidas. O documento também discute pesquisa básica versus aplicada, e exploratória, descritiva e experimental quanto aos objetivos.
O documento discute pesquisa-ação, definindo-a como uma estratégia de pesquisa social prática que busca resolver problemas através da participação de pesquisadores e interessados. A pesquisa-ação exige a análise dinâmica de problemas para tomar decisões e executar ações de caráter social, educacional e técnico, visando a transformação. Seu processo envolve conhecer a realidade, definir metas e indicadores de mudança, implantar soluções e avaliar resultados.
[1] O documento discute a pesquisa documental como método de investigação na formação docente, apresentando conceitos, etapas e técnicas deste método. [2] Inclui uma revisão da literatura sobre pesquisa documental e sua aplicação nos programas de pós-graduação da Universidade Estadual e Federal do Ceará. [3] Conclui que a pesquisa documental é uma opção metodológica para trabalhos acadêmicos na formação de professores, embora sua escolha ainda seja restrita nos programas pesquisados.
Social computing and knowledge creationMiia Kosonen
This document discusses knowledge creation through social computing and the role of tacit knowledge in online communication. It addresses two research questions: 1) What are the processes underlying knowledge creation online? 2) What is the role of tacit knowledge in online communication? The document reviews literature on knowledge creation, virtual communities, social computing, and tacit knowledge. It finds that tacit knowledge plays a role in online communication by enabling individuals to communicate, build knowledge through interpretation, and develop shared understanding and norms within online communities.
The Human Population Challenge: From “Population Bomb” to “Demographic Crisis”Toni Menninger
This document discusses the human population challenge from the "Population Bomb" concerns to current worries about a "demographic crisis". It provides global and US population statistics from 1990 to 2010. It also discusses key demographic terms and concepts like total fertility rate, replacement-level fertility, age structure histograms, and components of population change. While some warn of overpopulation, others warn of a crisis due to aging populations in countries with low birth rates. However, the document argues that characterizing population stabilization as a crisis is misleading given constraints on continuous growth. Overall population growth and its social and environmental impacts present complex challenges that defy simplistic analysis.
Este documento fornece informações sobre os direitos autorais de uma obra e sobre a editora Saraiva. É proibida a venda ou uso comercial do conteúdo sem autorização. A editora disponibiliza obras de domínio público e propriedade intelectual gratuitamente online e em livros para promover o acesso ao conhecimento.
El documento define el liderazgo como las responsabilidades y toma de decisiones de una persona en autoridad para guiar a un equipo al cumplimiento de metas y objetivos. Explica que un líder influye e incentiva a un grupo a través de habilidades como la síntesis de ideas y toma de decisiones acertadas. Las características clave de un buen líder incluyen la capacidad de argumentación, control emocional, confianza, humildad y cuidar su imagen.
Este documento describe un proyecto de aula para enseñar juegos tradicionales a niños durante las vacaciones. El proyecto incluirá juegos como "Los ensacados", "A la semana", y "La soga". También incluirá una caminata por el parque, una obra de títeres, y un paseo a un club. El objetivo es motivar la actividad física a través de los juegos y desarrollar valores como el respeto y la honestidad. Se evaluará si se cumplieron los objetivos y la motivación de los niños
Los alimentos se clasifican en tres grupos según su función: energéticos, constructores y reguladores. Además del agua, el cuerpo necesita vitaminas y minerales específicos que se encuentran en diferentes alimentos. La digestión convierte los alimentos en partes pequeñas a través de la boca, el esófago, el estómago, el intestino delgado y el intestino grueso para que el cuerpo pueda usarlos como energía y para formar células.
O documento descreve as leis e regulamentos relativos ao casamento civil no Brasil. Estabelece que o casamento deve ser baseado na igualdade e consentimento livre dos cônjuges. Detalha os requisitos para a habilitação ao casamento, como idade mínima, documentação necessária e impedimentos legais. Também cobre a celebração do casamento perante as autoridades competentes e o registro do ato.
A educao escolar diferenciada do povo xucuru do ororub enValquiria Azevedo
1) A educação escolar indígena no Brasil teve início no século XVI com os jesuítas, que tinham o objetivo de controlar e assimilar os povos indígenas.
2) No século XX, com a organização dos povos indígenas, passou-se a exigir uma educação diferenciada e intercultural que valorizasse suas culturas.
3) A educação escolar do povo Xukuru do Ororubá incorpora seus valores culturais e tem o objetivo de fortalecer a identidade étnica e formar "
O documento descreve a Política Nacional de Resíduos Sólidos do Brasil segundo a Lei no 12.305/2010. Os principais pontos são: (1) o planejamento compartilhado da gestão de resíduos entre a União, estados, municípios e setor privado; (2) a responsabilidade compartilhada na gestão dos resíduos; (3) a promoção da produção e consumo sustentáveis. O documento também descreve a hierarquia das ações para o manejo de resíduos e os diferentes planos de gest
Cap 06 apuracao.de.resultado.e.regime.de.contabilidadecapitulocontabil
O documento discute a apuração do resultado e os regimes de contabilidade. Explica que o resultado é apurado confrontando a receita com as despesas e que existem dois regimes principais: o regime de competência, onde receitas e despesas são contabilizadas no período em que são geradas/incorridas, e o regime de caixa, onde são contabilizadas no momento do recebimento/pagamento. Também diferencia balanço patrimonial e demonstração do resultado.
Este documento presenta el plan de estudios para tercer período de la educación básica. Se enfoca en cuatro campos formativos: desarrollo personal y convivencia, exploración del mundo natural y social, pensamiento matemático, y lenguaje y comunicación. Incluye preguntas sobre temas como habilidades comunicativas, uso de tecnología, competencias lingüísticas y contenidos de diferentes asignaturas.
Este taller para padres de familia busca fortalecer las pautas de crianza para pensar y actuar de manera diferente. Se discute la importancia de desarrollar la autonomía y libertad en los hijos para que sean personas responsables. Se enfatiza que la autoridad familiar debe basarse en el amor, orientar a los hijos sin menoscabar su libertad, y conducirlos progresivamente a asumir responsabilidades de manera compartida y con espíritu de crítica constructiva.
La competencia imperfecta se caracteriza por empresas que ofrecen productos diferenciados y controlan parcialmente los precios. Las empresas utilizan la promoción para informar a los consumidores sobre las características y beneficios de sus productos debido a que existe información incompleta en el mercado. Los tipos de competencia imperfecta incluyen monopolio, oligopolio, competencia monopolística y oligopsonio.
Este documento describe los diferentes tipos de mesas que se pueden utilizar para organizar banquetes y eventos, incluyendo mesas redondas, cuadradas, rectangulares, ovaladas, imperiales y de varias formas como en U, herradura, T y peine. Explica factores como la capacidad, distribución de invitados, y tipos de presidencia para cada forma de mesa. También cubre detalles del servicio de mesa y protocolo en la colocación de la presidencia, anfitrión e invitados.
Este documento presenta una introducción a las doctrinas éticas fundamentales a lo largo de la historia. Comienza con la ética griega y figuras como los sofistas, Sócrates, Platón y Aristóteles. Luego aborda la ética cristiana medieval, la ética moderna con pensadores como Kant, y la ética contemporánea con corrientes como el existencialismo, el pragmatismo y el marxismo. Explica las ideas y aportes de cada época para entender la evolución del pensamiento ético.
Este documento resume los principales problemas ambientales del barrio Tablazo, incluyendo la acumulación de basura, la contaminación de ríos y el aire, y la tala de árboles. Las causas incluyen la falta de manejo de desechos y la contaminación industrial. Se proponen soluciones como instalar más basureros, educar a la comunidad, limpiar ríos, y reducir la contaminación de empresas. El documento concluye que la contaminación está destruyendo la salud y es responsabilidad de todos trabajar para corregir est
Este documento describe la diferencia entre patrones arquitectónicos y de diseño. Explica que los patrones arquitectónicos describen esquemas organizativos estructurales fundamentales para sistemas de software, mientras que los patrones de diseño expresan estructuras de diseño. También analiza el patrón Modelo-Vista-Controlador y concluye que los patrones añaden flexibilidad pero también complejidad, por lo que su aplicación debe analizarse cuidadosamente.
Este documento presenta el Decreto Supremo No54 que aprueba el reglamento para la constitución y funcionamiento de los Comités Paritarios de Higiene y Seguridad en Chile. Establece que en empresas con más de 25 trabajadores se deben organizar comités paritarios compuestos por representantes patronales y trabajadores. Define los requisitos y procesos de designación de representantes, sus funciones y la forma en que deben funcionar los comités para promover la higiene y seguridad laboral.
Helen Longino é uma filósofa da ciência que defende que a objetividade científica é assegurada pelo caráter social da pesquisa. Ela argumenta que a ciência envolve atividades colaborativas e sociais como a educação, avaliação por pares e aplicações de verbas, e que a objetividade surge das interações críticas entre cientistas dentro destes processos sociais.
Este documento discute a produção de sentidos a partir de uma perspectiva construcionista social. Primeiro, explora a evolução do construcionismo social e sua ruptura com as dicotomias modernistas entre sujeito-objeto. Segundo, analisa como as práticas discursivas contribuem para a produção de sentidos de forma interacionista. Por fim, estabelece pontes entre o construcionismo social e os estudos organizacionais pós-modernos.
O documento discute as características, história e perspectivas teóricas da investigação qualitativa. Resumidamente:
1) A investigação qualitativa é importante para estudar relações sociais e diversidade cultural. Seus métodos são flexíveis e centrados no ponto de vista dos participantes.
2) Historicamente, nos anos 1960, críticas levaram ao renascimento dos métodos qualitativos. Nos EUA e Alemanha, debates moldaram o desenvolvimento dos métodos.
3) As principais perspectivas teóricas discutidas são interacionismo
PRÁTICAS INFORMACIONAIS: desafios teóricos e empíricos de pesquisaEpic UFMG
Neste texto busca-se apresentar a proposta de um grupo de pesquisa brasileiro voltado para o estudo das práticas informacionais. Para tanto, descreve-se o campo de estudos de usuários e a recente abordagem social, dentro da qual se desenvolve o conceito de práticas informacionais. Na sequência, são apresentados três estudos empíricos conduzidos nessa linha e, em seguida, um histórico das diversas pesquisas conduzidas pelo grupo. Ao final, avalia-se o estado atual da proposta, sua contribuição para o campo e possíveis desdobramentos futuros.
O documento discute o método fenomenológico como uma abordagem para as ciências humanas que se concentra nos fenômenos tal como eles aparecem na experiência, ao invés de tentar explicá-los causalmente. O método enfatiza a descrição do "mundo vivido" e busca compreender os significados subjacentes à ação humana questionando pressupostos tidos como naturais. A fenomenologia oferece uma alternativa às abordagens positivistas que tentavam tratar os fenômenos humanos da mesma forma que as ciências
1) O documento discute as diversas classificações de pesquisa nas ciências sociais de acordo com vários autores.
2) São apresentadas 34 modalidades de pesquisa agrupadas em quadro comparativo.
3) As pesquisas exploratória e descritiva são as mais citadas pelos autores e a exploratória tem como objetivo principal o aprimoramento de ideias sobre um problema pouco conhecido.
Regina b. de barros e eduardo passos a construção do plano da clínica e o c...Bruno Martins Soares
O documento discute a construção do plano da clínica e o conceito de transdisciplinaridade. Defende-se a ideia de que toda clínica é transdisciplinar, apoiando-se em contribuições teóricas como a filosofia de Gilles Deleuze e a biologia da autopoiese de Humberto Maturana e Francisco Varela. Discute-se também a noção de campo na psicologia e como a pesquisa-ação evoluiu para a pesquisa-intervenção.
Este documento discute a construção do plano da clínica e o conceito de transdisciplinaridade. Primeiramente, aborda a noção de campo na psicologia e como a pesquisa-ação evoluiu para a pesquisa-intervenção. Defende a ideia de que toda clínica é transdisciplinar e deve se afastar de identificações a técnicas ou modismos, focando na potência de se criar e recriar a cada momento.
1) A Psicologia Social na América Latina passou por uma "crise teórica e metodológica" na década de 1970, levando a uma revisão crítica dos conceitos e métodos.
2) Isso resultou no desenvolvimento de novas abordagens como a Psicologia Comunitária e o estudo do "Processo Grupal", focando em questões sociais e de poder.
3) Experiências nessas novas abordagens ajudaram a avançar tanto a teoria quanto a prática da Psicologia Social na região.
O pensamento reflexivo na busca e no uso da informação na comunicação cienti...Kelley Cristine Gasque
O documento descreve uma pesquisa sobre a relação entre pensamento reflexivo e competências de busca e uso da informação por pesquisadores iniciantes. O estudo utilizou a Teoria Fundamentada para analisar entrevistas com 13 pesquisadores sobre suas experiências na busca e uso da informação. As categorias emergentes incluíram desafios na determinação das necessidades de informação e no acesso e avaliação de informações de forma efetiva.
O documento discute a relevância da pesquisa qualitativa nas ciências sociais e psicologia. A pesquisa qualitativa é importante devido à pluralização e diversificação das esferas sociais e de vida. Os métodos qualitativos permitem estudar fenômenos de forma mais completa e contextualizada em comparação aos métodos quantitativos, que têm limitações para captar a complexidade da realidade social. O documento também apresenta alguns aspectos essenciais da pesquisa qualitativa, como a escolha apropriada de métodos e teorias de acordo com o objeto
1. O documento discute a importância do uso rigoroso dos referenciais teóricos nas ciências humanas.
2. Apresenta os conceitos de pressupostos teóricos e paradigmas que devem ser considerados para escolher referenciais compatíveis.
3. Discutem-se equívocos como combinar referenciais incompatíveis de diferentes tradições teóricas.
O objetivo deste texto é apresentar a perspectiva de estudos de usuários da informação que
se desenvolve a partir do conceito de “práticas informacionais”. Para isso, inicialmente, é
apresentado o quadro intelectual das ciências humanas e sociais de onde o conceito de
origina. A seguir, apresenta-se um histórico dos estudos de usuários a partir das noções de
“estudos de uso” e “comportamento informacional”, evidenciando-se em que a abordagem
das práticas informacionais diferencia-se destas. Por fim, são apresentados e discutidos
alguns estudos recentes em práticas informacionais como forma de se compreender a
especificidade desta abordagem.
1) O documento discute as abordagens qualitativas e quantitativas na pesquisa educacional, destacando que ambas têm valor, mas pressupostos filosóficos diferentes que devem ser compreendidos.
2) Também menciona a abordagem dialética como uma terceira opção metodológica baseada no materialismo histórico.
3) Defende que as escolhas metodológicas não devem ser reduzidas à quantificação versus não quantificação dos dados, mas compreender os fundamentos teóricos de cada abordagem
Este documento fornece um resumo teórico e conceitual sobre pesquisa qualitativa. Descreve os principais tipos de pesquisa qualitativa como etnografia e estudo de caso, além de técnicas como observação participante e entrevista. Também discute as características e contribuições da pesquisa qualitativa, especialmente no ambiente educacional.
O documento discute as etapas do processo de pesquisa para a graduação, incluindo a preparação do projeto, tipos de pesquisa e fases da pesquisa. É destacado que a pesquisa requer disciplina e rigor para produzir conhecimento novo e fidedigno. As principais etapas incluem a escolha do tema, delimitação do problema, revisão da literatura e elaboração do plano de pesquisa.
O documento discute a observação como procedimento metodológico na Análise do Comportamento. Aponta que essa área adota duas posições sobre observação: na análise experimental, aceita-se apenas relações entre variáveis observáveis, enquanto na análise interpretativa, inferências sobre variáveis observáveis e não-observáveis são permitidas. Examina como o operacionismo e positivismo lógico influenciaram essa questão, concluindo que a análise de eventos privados proposta por Skinner envolve aspectos interpretativos e inferências sobre o mundo priv
1) O documento discute os desafios da interdisciplinaridade no meio acadêmico, especialmente em relação à fragmentação do conhecimento em disciplinas separadas e as dificuldades de integrá-las.
2) Há três níveis de integração disciplinar discutidos: multidisciplinaridade envolve pesquisas separadas de diferentes campos; interdisciplinaridade cria novas abordagens através da integração conceitual e metodológica; transdisciplinaridade busca uma visão mais ampla que transcende fronteiras disciplinares
Usuários da informação sob a perspectiva fenomenológica: revisão de literatur...Epic UFMG
1. O documento discute como a fenomenologia, especialmente a fenomenologia social de Alfred Schutz, pode contribuir para os estudos de usuários da informação, reforçando o movimento de alargamento das fronteiras da Ciência da Informação.
2. A fenomenologia busca compreender os fenômenos da forma como são vivenciados pelos sujeitos, sem buscar explicações causais, o que pode ajudar a entender os processos de busca e uso da informação.
3. A perspectiva fenomenológica é compatível com o chamado paradigma social
Este documento discute a investigação qualitativa em educação. Primeiro, caracteriza a investigação qualitativa no contexto atual da pesquisa científica, explorando os debates em torno deste paradigma. Segundo, apresenta o processo de investigação qualitativa como um conjunto de níveis, desde o investigador até as técnicas e métodos de análise de dados. Por fim, fornece exemplos de metodologias e técnicas usadas nesta abordagem, como observação, entrevistas e grupos de discussão.
1. Paulon, S. M. “A Análise de Implicação como Ferramenta na Pesquisa-intervenção”.
18
A ANÁLISE DE IMPLICAÇÃO COMO FERRAMENTA
NA PESQUISA-INTERVENÇÃO¹
Simone Mainieri Paulon
Universidade do Vale do Rio dos Sinos
RESUMO: O artigo retoma brevemente as condições históricas que permitiram a emergência de abordagens
metodológicas que problematizam a relação entre pesquisador e ato de pesquisar e propõe uma comparação entre as
finalidades da pesquisa-ação e da pesquisa-intervenção. Sustentando-se em contribuições teóricas do movimento
institucionalista e da filosofia da diferença, aponta a noção de análise de implicação como conceito-chave que permite
nuançar as abordagens em debate. Consoante ao pensamento de Lourau, defende-se a idéia de que a consideração do
conjunto de condições que circunscrevem o ato de pesquisar é o que confere estatuto de cientificidade ao trabalho de
pesquisa.
PALAVRAS-CHAVE: pesquisa-intervenção; análise de implicação; metodologia de pesquisa qualitativa.
THE ANALYSIS OF IMPLICATION AS A TOOL IN INTERVENTION RESEARCH
ABSTRACT: This paper briefly re-examines the historical conditions that permitted the emergence of methodological
approaches that question the relation between researcher and the act of researching. And proposes a comparison
between the purposes of action research and intervention research. Sustained on theoretical contributions from the
institutionalist movement and philosophy of difference, it indicates the notion of analysis of implication as the key
concept that allows a more nuanced approach to the debate. In line with Lourau’s thinking, it defends the idea that
what confers scientific status to research work is the consideration of the whole set of conditions that encompass the
act of researching.
KEY WORDS: intervention research, analysis of implication, qualitative research methodology
A posição que o pesquisador assume em seu campo
de pesquisa, as relações que estabelece como os sujeitos
de sua investigação, os efeitos que estas relações
produzem em suas observações, a possibilidade de que a
análise dos dados seja enriquecida ou deturpada por tais
efeitos não são questões pouco controversas para o
debate científico. Ao contrário, poder-se-ia tomá-las,
precisamente pelo que remetem ao problema da
objetividade versus neutralidade do trabalho de
investigação, como uma espécie de tendão de Aquiles na
história da ciência.
Sem a pretensão de retomarmos o longo percurso que
o pensamento científico precisou perseguir até chegar à
formulação de perguntas como estas, a finalidade do
debate que aqui se pretende implementar é bem mais focal.
Propõe-se partir dos avanços já provocados pelas
pesquisas participativas, em função de suas críticas às
concepções conservadoras que regiam as ciências sociais,
as quais dicotomizavam teoria/prática e sujeito/objeto na
tentativa de neutralizar a ação do pesquisador. Na esteira
dessa crítica, tanto a pesquisa-ação quanto a pesquisa-intervenção
articulam pesquisador e campo de pesquisa,
porém quer-se apresentar esta última como uma variação
significativa, ainda que sutil, do projeto político que
ensejou a formulação dessas duas novas estratégias de
investigação participativa. E é no contexto do projeto em
que se insere a pesquisa-intervenção que a análise de
implicação merece ser destacada.
Para tanto, procederemos a uma breve retomada das
características e condições históricas que permitiram a
emergência de abordagens metodológicas que se dispõem
a problematizar a relação existente entre pesquisador e
ato de pesquisar. A fim de estabelecer algumas variações
existentes entre as duas modalidades de pesquisa aqui
abordadas, em primeiro lugar, trataremos da tentativa de
superar os preceitos da objetividade científica
empreendidos pela pesquisa-ação. A seguir, serão
discutidos os avanços e desvios que nossa proposta de
pesquisa-intervenção proporciona para contextualizar o
surgimento do conceito-ferramenta central ao debate
proposto.
A Ação Voltada para Conscientização
É por isso que a humanidade só levanta os problemas que
é capaz de resolver e assim, numa observação atenta,
descobrir-se-á que o próprio problema só surgiu quando as
condições materiais para o resolver já existiam ou estavam,
pelo menos, em vias de aparecer. Karl Marx
O problema relativo à participação ativa das pessoas
implicadas com uma pesquisa e da interferência dos
dispositivos de investigação nos processos observados
só pôde ser concebido como um problema de pesquisa
com a superação das pretensões de neutralidade e
objetividade tão promulgadas pelo paradigma positivista
nas ciências. As contribuições da fenomenologia e da
Psicologia Social de Kurt Lewin foram fundamentais para
isto. Ao afirmar a inviabilidade do pesquisador colocar-se
A temática do presente artigo constitui o suporte metodológico da
pesquisa “Desinstitucionalização da Loucura, Práticas de Cuidado
e a Reforma Psiquiátrica no RS” desenvolvida de março de 2003 a
julho de 2004 na UNISINOS, sob coordenação da autora, que foi
discutida no trabalho intitulado “Pesquisa-ação e Pesquisa-inter-venção:
desafios e conquistas” na I Conferência Internacional do
Brasil de Pesquisa Qualitativa (CIBRAPEQ – Taubaté, março de
2004) e apresentada no Primeiro Encontro Latino-americano de
Esquizoanálise (Montevidéo – julho de 2004).
2. Psicologia & Sociedade, 17 (3), 18-25, set-dez: 2005.
19
“fora” do campo de investigação, mostrando as zonas de
interferência entre ambos, estas abordagens dos
fenômenos sociais produziram rupturas significativas no
que se instituíra como lógica científica até então.
Segundo Lourau (1995), Merleau-Ponty procurou
superar as antinomias do psicológico e social, da
compreensão e da explicação, propondo a passagem da
concepção objetivista à simbólica dos fatos sociais cuja
existência em si vincula-se à existência de quem os
observe. Para os fenomenólogos, o único sistema de
referência possível é o vivido existencial e toda procura
de objetividade é condenável. O argumento decorrente é
que o observador inserido em seu campo de observação
transforma, por definição, seu objeto de estudo. A
necessidade de incluir-se, portanto, no processo
investigativo, a subjetividade de quem pesquisa como
categoria analítica já se apresenta aí, anunciando as bases
do conceito institucionalista de implicação.
Também na microssociologia de Kurt Lewin, a crítica à
passividade dos sujeitos envolvidos na investigação
assume especial relevância. Lewin teve, entre outros, o
mérito de reunir teoria e ação numa perspectiva de
transformação social que trazia para o campo de pesquisa
a diversidade das “valências grupais” e contextualizava
os comportamentos dos integrantes dos grupos como
produto de um campo de determinantes interdependentes,
constitutivos do espaço social. Notadamente influenciado
pelo próprio campo ideológico em que desenvolveu o
procedimento da Action Research, o agora norte-americano
psicólogo prussiano minimiza, na crítica de
Thiollent (1985a, p.110), a dimensão política dos processos
observados. “A orientação principal tenciona restabelecer
a conciliação entre os indivíduos e resolver todos os
conflitos por meio de mudança psicológica. Os conflitos
de classe são negados e reduzidos a atritos locais que
resultam da inadequação de certas atitudes individuais”.
O que tantos esforços teóricos parecem indicar é que
o lugar de passividade a que as pesquisas convencionais
sentenciavam os sujeitos da investigação estaria
inequivocadamente abalado a partir do questionamento
da distância estabelecida na pesquisa convencional entre
os sujeitos envolvidos no ato de pesquisar. Com isto,
flexibilizam-se também as exigências de neutralidade na
busca de informações e o rigor dos instrumentos na busca
de objetividade, o que tem seus reflexos em termos de
procedimentos metodológicos: os levantamentos de
dados passam a incluir observações participantes, os
questionários ampliam a abrangência de suas questões,
cresce o interesse pela análise do discurso e a restituição
de resultados aos entrevistados é integrada aos
procedimentos de investigação.
Alavancada pelas pesquisas motivacionais a partir de
1930, pelas intervenções psicossociológicas no campo
organizacional e pelos trabalhos sociométricos de
Moreno, a pesquisa social ganha espaço no cenário
acadêmico-científico e retira a categoria da subjetividade
do rol de “variáveis intervenientes”, outorgando-lhe um
papel muito mais protagonista no processo de
investigação. Junte-se a isto o fervor dos acontecimentos
políticos de meados do século passado – como o
movimento feminista, a conferência de Bandung, a Grande
Recusa francesa - e estão criadas as condições históricas
para que o pesquisador social possa se assumir como um
“agente de mudanças” (Rodrigues, 2002).
A psicossociologia - corrente do movimento
institucionalista1 de forte influência norte-americana
desenvolvida principalmente na França entre os anos 1940
e 1960 – ofereceria importante contribuição a este
processo. Caracterizada pela necessidade de convencer
um público reticente da existência e relevância dos
aspectos subjetivos para a tão lograda mudança social,
pensadores sociais como Jean Dubost, André Levy e o
próprio Lapassade (na considerada “fase do instituído”
de seu trabalho²) dedicavam-se aos coletivos de diferentes
segmentos organizacionais imbuídos do espírito de
facilitarem a elaboração de conflitos interpessoais e
promoverem a transparência das empresas (Coimbra, 1995;
Dubost & Levy, 1987; Rodrigues, 2000).
Considerando-se que os então contratantes de experts
em relações humanas nas organizações de trabalho eram,
geralmente, pessoas bem posicionadas em suas
hierarquias de poder, pode-se depreender o cunho
ideológico de que se revestiam tais “mudanças”.
Integração, coesão, liderança e democratização dos
pequenos grupos tornar-se-iam palavras de ordem
rapidamente adotadas pelos interventores institucionais,
bem como o tema dileto de pesquisadores. Paralelamente,
a psicanálise produzia avanços culturais e ampliava o
debate em torno da subjetividade de forma a tornar
inevitável a consideração de uma dimensão oculta, não
mensurável dos fenômenos sociais. Em crítica posterior,
entretanto, os próprios psicossociólogos constatariam
que deveriam ter sido mais prudentes nas aproximações
entre o trabalho com grupos e os ensinamentos
freudianos, posto que “nociones como transferência y
contratransferência no pueden ser traspuestos del
psicoanálisis al análisis social” (Dubost & Levy, 1987,
p.58).
A criação de um corpo conceitual e metodológico
que desse conta de tantas erupções do campo social e
político e produzisse efeitos de análise em âmbito tão
diverso daquele proposto pela psicanálise tornava-se
cada vez mais pungente. É na esteira desta lógica que
novas modalidades de pesquisa passam a se afirmar,
como resgatam Rocha e Aguiar:
Já no final da década de 1970 se abrirá uma nova
perspectiva de investigação a partir do questionamento às
pesquisas tradicionais, incluindo discussões no que tange
ao fracionamento da vida social, à dicotomização entre
ciência e política e à conseqüente inviabilização de uma
participação efetiva de grupos sujeitados nos rumos da
sociedade. O pesquisador, nessa nova visão, apresenta-se
como um intelectual orgânico às causas populares, e a
pesquisa-ação se traduz em um método potencializador na
² A análise da obra deste sociólogo francês dividida em três mo-mentos,
a saber: 1) de 1963 a 68 – fase do instituído marcada pela
psicossociologia, 2) de 1968 a 73 – fase do instituinte definida
pelas intervenções socioanalíticas e 3) de 1973 em diante quando
os espírito revolucionário de 68 tenderia à institucionalização
está proposta por Coimbra no texto “Os caminhos de Lapassade e
da Análise Institucional: uma empresa possível?”.
3. Paulon, S. M. “A Análise de Implicação como Ferramenta na Pesquisa-intervenção”.
20
organização de espaços de participação coletiva. Política
e educação, política e organização de comunidades
constituem-se em relações possíveis para transformar a
realidade. (Rocha & Aguiar, 2003, p.4)
Os experimentos e propagação da pesquisa-ação vão
permitindo variações desta modalidade que fazem avançar
muitas de suas formulações. Fundamentalmente, o debate
centra-se na qualidade da ação que a caracteriza. A
intencionalidade política do ato de pesquisa passa a ser
ressaltada, como fica evidente na definição dada por um
de seus mais representativos autores:
... consideramos que a pesquisa-ação é uma estratégia
metodológica da pesquisa social na qual ... há, durante o
processo, um acompanhamento das decisões, das ações e
de toda a atividade intencional dos atores da situação; a
pesquisa não se limita a uma forma de ação (ativismo):
pretende-se aumentar o conhecimento dos pesquisadores
e o conhecimento ou o ‘nível de consciência’ das pessoas
e grupos considerados. (Thiollent, 1986, p.16)
É assim que a possibilidade do pesquisador social
contribuir efetivamente com os problemas de um coletivo
pesquisado, ou seja, sua capacidade de dispor de
instrumentos teórico-metodológicos em prol dos objetivos
existentes no grupo sob o qual sua ação vai-se debruçar,
aparece como aspecto definidor da modalidade de
pesquisa participante centrada na ação³.
Esta discussão em torno do caráter conscientizador
da pesquisa-ação é o que permite estabelecer alguns
diferenciais nas formas de aplicar sua metodologia,
gerando variações dentro da própria modalidade. Thiollent
(1985,1986) distingue a pesquisa-ação voltada para um
ator social homogêneo (associação, grupo autônomo) que
encomenda e orienta os objetivos da pesquisa; a pesquisa-ação
realizada em organizações, que dificulta a negociação
dos objetivos e resultados com os diferentes níveis
hierárquicos a serem representados no processo de
investigação; e a pesquisa-ação em comunidades, bairros,
meios abertos, que usualmente ocorre por iniciativa do
próprio pesquisador e exige bem mais de sua vigilância
quanto aos propósitos e manipulação dos resultados. Em
qualquer dos contextos no qual é aplicada, a atitude do
pesquisador é sempre direcionada para a elucidação dos
diversos interesses e aspectos envolvidos na situação,
incluindo-se aí, necessariamente, a relação existente entre
os objetivos da pesquisa e os objetivos da ação. Para
além da observação participante incluindo a figura do
pesquisador (como no caso da pesquisa participante) a
pesquisa-ação preocupa-se com a articulação constante
entre a ação desenvolvida por um grupo e o conhecimento
que dela se depreende.
No próprio uso de terminologias que ressaltam a
importância das mútuas interferências entre teoria da
pesquisa e prática associada à ação, na preocupação
dialética com os efeitos que objeto de pesquisa e sujeito
pesquisador produzem um no outro, mantém-se a
tradicional visão dicotômica entre teoria-prática/objeto-sujeito
característica da pesquisa de orientação positivista.
Ironicamente, a pesquisa-ação vê-se enredada nas mesmas
críticas à lógica cientificista que justificaram sua própria
criação.
A Intervenção em Busca de Acontecimentos
A Análise institucional tenta, timidamente, ser um pouco
mais científica. Quer dizer, tenta não fazer um isolamento
entre o ato de pesquisar e o momento em que a pesquisa
acontece na construção do conhecimento
Lourau
A influência dos movimentos contestatórios do meio
do século passado, as crescentes críticas ao centralismo
partidário, a democratização dos meios acadêmicos na
esteira da ampliação dos regimes democráticos do primeiro
mundo conduziram a um questionamento do aspecto
ideológico das pedagogias da conscientização.
O crescimento da Análise Institucional Socioanalítica4
terá significativa contribuição neste processo. Os anos
1960 verão florescer uma multiplicidade de abordagens
dos fenômenos sociais que reuniam aportes da filosofia
marxista - para fazer a crítica da alienação - e da psicanálise
- na valorização dos aspectos inconscientes que
passariam a ser considerados nos processos de
investigação. A toda esta diversidade teórico-metodológica
correspondia, é claro, uma não menos
diversa gama de movimentos políticos contestatórios que
encontrou no maio de 1968 sua mais forte expressão
(Guattari, 1987; Rodrigues, 1992, 2000).
Começa a ser fomentada a idéia de uma abordagem
aos fenômenos sociais que coloca em xeque o jogo de
interesses e de poder encontrados no campo de pesquisa.
A crítica ao viés por vezes missionário que facilmente se
associa à finalidade conscientizadora e sensibilizadora da
pesquisa-ação fornece o substrato crítico necessário à
formulação da pesquisa-intervenção. Rodrigues e Souza
entendem o diferencial da pesquisa-intervenção em relação
às “versões positivistas ‘tecnológicas’ de pesquisa”
precisamente na dissociação operada por essas últimas
entre a gênese teórica e a gênese social dos conceitos,
pois, para as autoras, “trata-se, agora, não de uma
metodologia com justificativas epistemológicas, e sim de
um dispositivo de intervenção no qual se afirme o ato
político que toda investigação constitui” (Rodrigues &
³ A compreensão da pesquisa-ação como uma forma de pesquisa Souza, 1987, p.31).
participante que não se confunde com esta, não será desenvolvida
no presente trabalho, pois adota a definição de Thiollent no texto
em que ele se ocupa de estabelecer tal distinção: “os partidários da
PP não concentraram suas preocupações em torno da relação
entre investigação e ação dentro da situação considerada. É justa-mente
este tipo de relação que é especificamente destacado entre
várias concepções de PA”... Na PP, a preocupação participativa
está mais concentrada no pólo pesquisador do que no pólo
pesquisado... a PA supõe uma participação dos interessados na
própria pesquisa organizada em torno de uma determinada ação”.
(1985b, p.83)
4 Corrente do movimento institucionalista desenvolvida na Fran-ça
durante as décadas de 60/70 no seguimento dos trabalhos pre-cursores
da Psicoterapia Institucional (Tosquelles, J. Oury, Guattari)
e da Pedagogia Institucional (Fonvieille, Vasquez e F. Oury) que
teve entre seus principais articuladores os sociólogos George
Lapassade e René Lourau e contou, também, com os filósofos da
diferença (Nietzsche, Foucault, Deleuze) em seu aporte teórico.
4. Psicologia & Sociedade, 17 (3), 18-25, set-dez: 2005.
21
Enquanto a pesquisa-ação fundamenta-se na
necessidade de que o agir seja planejado para que sujeitos
da pesquisa modifiquem o objeto de pesquisa, para que
suas ferramentas teóricas surtam efeitos sobre o campo
prático, no projeto político da pesquisa-intervenção o que
temos é “o reequacionamento da relação sujeito-objeto e
o redirecionamento da relação teoria-prática”, como
enfatizado pelos seguintes autores:
Se em Lewin (1936/1973) a gênese social do objeto da
pesquisa precede à gênese teórica e metodológica, na
proposta da Análise Institucional gênese teórica e social
são indissociáveis. Aí o momento da pesquisa é o momento
da produção teórica e, sobretudo, de produção do objeto e
daquele que conhece; o momento da pesquisa é momento
de intervenção, já que sempre se está implicado. Se
podemos assinalar um caráter utilitário na pesquisa-ação
em sua versão praxiológica, a pesquisa-intervenção tem
como mote o questionamento do ‘sentido’ da ação.
(Barros & Passos, 2000, p.73)
Evidencia-se com isso que não se trata tão somente
de incluir o pesquisador no campo de suas observações
(como já promulgado pela pesquisa-participante), como
tampouco parece suficiente problematizar a relação
pesquisador-campo de investigação (mote da pesquisa-ação),
se não se aprofundar, também, as concepções de
subjetividade e ciência com que se orienta a investigação.
Cabe, por isso, ressaltar que o referido
questionamento do “sentido” da ação demanda,
inevitavelmente, uma concepção de sujeito distinta
daquela que o associou a um e só modo de existência
circunscrito na modernidade, o modo “indivíduo”.
Outorgando-se a tarefa de desvelar a verdade do mundo
ao iluminá-lo com a própria racionalidade, o sujeito
moderno paradoxalmente faz da ciência ferramenta de
aprofundamento da cisão homem X mundo. Ao negar as
formas fragmentárias, múltiplas e diversas com que a
subjetividade se produz socialmente, a equivalência
sujeito-indivíduo cria uma fantasia unitária e centralizadora
que reduz o conhecimento do mundo àquilo que se revela
à consciência de seu pretenso “senhor”.
A esta visão de homem naturalizado e essencializado
correspondem as disjunções sujeito/objeto e teoria/prática
referidas nos pressupostos da pesquisa-ação, uma vez
que a tentação ao descobrimento de fatores pré-determinados
e à psicologização dos problemas sociais
parece buscar garantias frente as ameaças que a realidade
mutante apresenta. “As subjetividades do tipo indivíduo
são, assim, efeitos da serialização capitalística que investe
o desejo como sendo do indivíduo e o social como sendo
algo exterior ao mesmo, seja ele construído a partir desse
desejo individual, seja conformando-o” (Barros, 1995, p.9).
Apoiada nas contribuições de Nietzsche e Foucault, a
filosofia da diferença irá trabalhar outra dimensão da
constituição subjetiva na qual a falsa dicotomia
“indivíduo” X “sociedade” já não se sustenta. Na
concepção de Foucault (1990), a subjetividade aparece
como agenciamento de forças e fluxos do plano do Fora,
como uma linha que se inflexiona a partir dessas forças e
constitui uma dobra, que, como tal, nunca será uma
interioridade fechada sobre si mesma, senão expressão
corpórea dos regimes de verdade de um tempo. Se contexto
cultural e determinações subjetivas são constituições de
um mesmo tecido, a questão que se apresenta ao
pesquisador social é muito mais de apreender os
movimentos coletivos de apropriação e invenção da vida
que favoreçam a produção de existências singulares. Trata-se
como diz Guattari (1991, p.10) “de uma escolha ética
crucial: ou objetiva-se, cientificiza-se a subjetividade, ou,
ao contrário, tenta-se apreendê-la em sua dimensão de
criatividade processual”.
É ao afirmar esta escolha ética que aquele “sentido da
ação” antes visto como um planejamento conjunto de uma
ação transformadora assume mais a conotação de uma
intervenção voltada para a produção de acontecimentos.
Intervenção que carrega em sua etimologia não só o
sentido de uma intromissão violenta, como se naturalizou
compreendê-la, mas no resgate de um Interventio que
contempla a idéia de um “vir entre”, “interpor-se”
(Ardoíno, 1987). Já o acontecimento em foco na pesquisa-intervenção
não se explica pelo estado de coisa que o
suscita, mas pelo momento marcado por uma
espontaneidade rebelde. Vai, por isso, sempre além
daquelas condições que o criaram, produz a diferença, o
inédito, um novo espaço-tempo. Na genealogia da Moral,
Nietzsche (1998) escreve que todo acontecimento
inscreve-se no âmbito dos valores, pois implica sempre
uma nova interpretação, um ajuste, que obriga uma
revisão, um redirecionamento do ‘sentido’ e ‘finalidades’
anteriores ao acontecido. Os valores que se tinha até então
ficam obscurecidos, perdem seu sentido requerendo uma
nova ordem de valores para os novos fins. Afinal: “Se a
forma é fluida, o ‘sentido’ é mais ainda...” (Nietzsche, 1998:
66)5.
Abre-se aí a possibilidade de pensar a intervenção
como um caminhar mútuo por processos mutantes que,
justo por não poder ser resumida ao encontro de unidades
distintas (sujeitos da investigação X objetos a serem
investigados), não pode ser pensada como uma mudança
antecipável. Ao operar no plano dos acontecimentos, a
intervenção deve guardar sempre a possibilidade do
ineditismo da experiência humana, e o pesquisador a
disposição para acompanhá-la e surpreender-se com ela.
A realidade a ser conhecida na perspectiva da diferença
recusa codificações universais, refuta a redução das
multiplicidades e diversidades existenciais a qualquer tipo
de unidade empobrecedora. Não mais como parte de um
todo previamente organizado, a realidade revela-se como
realidade imanente na qual o que existe é resultado do
5 Ainda na análise do acontecimento em Nietzsche, Roberto Ma-chado
observa que “Em 1885, partindo da idéia de que os maiores
acontecimentos chegam mais dificilmente ao sentimento dos ho-mens,
Nietzsche escreve que o acontecimento terrível que foi a
morte do Deus cristão ainda terá necessidade de dois séculos para
atingir os europeus. Cf. Fragmentos póstumos, abril-junho de 1885.”
(Machado, 1997, p.59)
6 Na perspectiva de Guattari (1995, p.105) as transformações da
vida cotidiana implicam revoluções moleculares que não podem
ser produzidas apenas no plano Molar (das linhas duras,
institucionalizadas do desejo) senão na micropolítica do desejo,
que conduzam a uma reapropriação coletiva das questões da eco-nomia
do desejo.
5. Paulon, S. M. “A Análise de Implicação como Ferramenta na Pesquisa-intervenção”.
22
encontro de múltiplas dimensões ou de linhas de força.
Assim vista, assume sua dimensão micropolítica6 o que
“abre o atual à pluralidade das formas de existência e
qualifica a transformação enquanto criação de possíveis”
(Rocha & Aguiar, 2003). A consciência sobre a realidade,
nesta leitura, será sempre parcial, sem a possibilidade de
qualquer síntese integradora já que é produzida, também,
por subjetividades plurais em permanente conflito que
engendram modos inusitados de subjetivação.
Os desafios teórico-metodológicos requeridos por tal
abordagem deverão, necessariamente, sofrer as inflexões
correspondentes que instrumentalizem o pesquisador
social a trabalhar com os processos de subjetivação que
o constituem tanto quanto aos grupos-sujeito de sua
investigação.
É nesse sentido que a intervenção se articula à pesquisa
para produzir uma outra relação entre instituição da
formação/aplicação de conhecimentos, teoria/prática,
sujeito/objeto, recusando-se a psicologizar conflitos.
Conflitos e tensões são as possibilidades de mudança, pois
evidenciam que algo não se ajusta, está fora da ordem,
transborda os modelos. Diante disso, ou ocupamos o lugar
de especialistas, indagando sobre as doenças do indivíduo,
ou o de sócio-analistas, indagando sobre a ordem da
formação que exclui os sujeitos. (Rocha & Aguiar, 2003)
Implicar-Se Para Conhecer...
Pois não é a implicação, cada vez mais claramente, o
objeto de análise das relações que temos com a instituição
e, antes de tudo, com nossa instituição de pertencimentos
mais próxima aquela que possibilita nossa inserção nas
situações sociais de intervenção, de formação e de pesquisa?
(Lourau)
Entre as máximas revolucionárias estampadas nas
famosas pichações dos muros parisienses do maio de 1968,
a tradicional concepção do conhecimento como base
necessariamente anterior a qualquer ação de mudança que
preze o rigor seria contestada junto às estruturas de poder
autoritário do Estado. Anunciar junto com “A vontade
Geral contra a vontade do General!” que “Todo conhecer
é um fazer” ou reivindicar tanto quanto “A imaginação no
Poder” que é necessário “Transformar para conhecer” são
ilustrações contundentes, no nosso entendimento, de que
os planos da Clínica e da Política estariam indelevelmente
associados. Não mais numa relação dialética de mútua
interferência, mas a partir de uma perspectiva na qual já
não se trata da melhor forma de apreender sujeito e objeto,
mas de como acompanhar processos de subjetivação que
se objetificam e corporificam não necessariamente em
sujeitos individuados. O problema de pesquisa assim
compreendida passaria a ser formulado em termos de como
Esquematicamente teríamos, então, as seguintes acompanhar as diversas expressões dos processos de
diferenças básicas:
PESQUISA-
- AÇÃO
- INTERVENÇÃO
CARÁTER/
FINALIDADE
Intencional
Planejada
Reflexiva
+ Conhecimentos
Interpor-se / vir entre
Intrusão Intersecção
Mediação
CONCEPÇÃO DO
SUJEITO DE
PESQUISA
SUJEITO ATIVO
Objeto - Sujeito
MODOS DE SUBJETIVAÇÃO
Processos de Singularização
“LUGAR” DO
PESQUISA-DOR
Inserção do pesquisador no campo
Análise de Implicação
REFERENCIAL
Materialismo-dialético
Psicossociologia
Filosofia da Diferença
Análise Institucional
OBJETIVO
Fornecer Instrumentos e meios para
uma AÇÃO TRANSFORMADORA
Conscientização
Criar / identificar dispositivos analisadores
que favoreçam a PRODUÇÃO DE
ACONTECIMENTOS
Auto-análise e Auto gestão
“LEMA”
“Conhecer para Transformar”
“Todo conhecer é um Fazer”
6. Psicologia & Sociedade, 17 (3), 18-25, set-dez: 2005.
23
singularização (Ventura, 1989; Matos, 1981). É precisamente
aqui que o conceito-ferramenta da análise das implicações
aparece como instrumento por excelência do pesquisador-interventor.
Enquanto os citados teóricos da pesquisa-ação
ressaltavam os aspectos afetivo/libidinais da relação
pesquisador – sujeitos pesquisados, os socioanalistas
cunham o termo análise de implicação para pôr em
evidência o jogo de interesses e de poder encontrados no
campo de investigação.
Opondo-se ao intelectual neutro-positivista, a Análise
Institucional vai nos falar do intelectual implicado, definido
como aquele que analisa as implicações de suas pertenças
e referências institucionais, analisando, também, o lugar
que ocupa na divisão social do trabalho, da qual é
legitimador. Portanto, analisa-se o lugar que se ocupa nas
relações sociais em geral e não apenas no âmbito da
intervenção que está sendo realizada; os diferentes lugares
que se ocupa no cotidiano e em outros locais da vida
profissional; em suma, na história. (Coimbra, 1995, p.66)
O princípio norteador deste procedimento é o de que a
aproximação com o campo inclui, sempre, a permanente
análise do impacto que as cenas vividas/observadas têm
sobre a história do pesquisador e sobre o sistema de poder
que legitima o instituído, incluindo aí o próprio lugar de
saber e estatuto de poder do “perito-pesquisador”. O
dispositivo saber-poder identificado por Foucault (1978,
1979) oferece a ferramenta conceitual necessária para que
pesquisador/interventor coloque a instituição pesquisa
em análise.
Claro está que a concepção de instituição que permite
este exercício foi já bem ampliada em relação à concepção
dos primeiros institucionalistas. Inicialmente tomadas
apenas em sua forma jurídica ou estrutural, as instituições
quando entendidas como sinônimos de organizações
eram, por isto mesmo, os próprios alvos dos processos
de mudança. Os movimentos instituintes questionadores
das formas estabelecidas dentro das organizações-clientes
das primeiras experiências psicossociológicas foram
deslocando o alvo centrado nas próprias instituições-organizações
daquelas intervenções para a rede de
relações de poder nelas presentes que instituíam regimes
de verdade, valores que passavam a pautar as relações
dentro delas. A este deslocamento crucial operado pelos
analistas institucionais correspondeu, também, o
deslocamento do conceito de instituição, o qual passa a
ser entendido como uma dimensão oculta e inconsciente
que atravessa os níveis dos grupos e organizações (“o
inconsciente político”), recuperando, com isto, seu caráter
histórico-político. Tal compreensão – considerada por
Lourau (1995) o “salto acrobático” dado sobre as
concepções anteriores por seu parceiro Lapassade – revela
o aspecto não-natural das instituições que, por isto
mesmo, devem ser trabalhadas no sentido de resgatar suas
injunções históricas e os processos desejantes que as
produziram com a aparência de algo “dado”, fixo e eterno
(Lourau, 2004; Paulon, 2002; Rodrigues, 2002).
Colocar a “instituição pesquisa” em análise, a partir
daí, significa incluir desde o questionamento à encomenda
da pesquisa e posição crítica frente a seus solicitantes,
até a análise dos aspectos contratransferenciais do
analista-pesquisador, que devem contemplar o lugar de
poder e as injunções hierárquicas que sua posição de
consultor/perito na intervenção inevitavelmente lhe
outorga. “Estar implicado (realizar ou aceitar a análise de
minhas próprias implicações) é, ao fim de tudo, admitir
que eu sou objetivado por aquilo que pretendo objetivar;
fenômenos, acontecimentos, grupos, idéias, etc.” (Lourau,
2004, p.148).Esquematicamente, Lourau (1997) distinguiu
cinco categorias para os múltiplos conteúdos a serem
analisados no processo de pesquisa: As implicações, por
ele chamadas de Primárias, referem-se às 1) implicações
do pesquisador-praticante com seu objeto de pesquisa/
intervenção; 2) com o local, organização em que se realiza
a pesquisa ou a que pertença o pesquisador e,
principalmente, com a equipe de pesquisa/intervenção;
3) implicação na encomenda social e nas demandas sociais.
No plano das implicações secundárias o autor ainda
aponta; 4) implicações sociais, históricas, dos modelos
utilizados (implicações epistemológicas); e 5) implicações
na escritura ou qualquer outro meio que sirva à exposição
da pesquisa.
Conquanto todo esse esforço empreendido pelos
teóricos da instituição em problematizar seus aspectos
contratransferenciais, debatendo, inclusive, longamente
com a psicanálise a partir dos conceitos de transferência
e contratransferência a importância da inclusão dessas
relações no campo de análise, Lourau não considera esta
importante ferramenta conceitual devidamente explorada
no campo socioanalítico. Numa tentativa de compreender
esta significativa contradição identificada entre os
institucionalistas, ele afirma:
A teoria da implicação conserva aspectos negativos,
agressivos, voyeuristas (mexe na merda!) ou exibicionistas
(accounts íntimos, ou muito íntimos, na técnica diarística,
trate-se do diário de campo, do diário de pesquisa ou do
diário institucional). Existe também o risco de delação.
Enunciar não é denunciar, salvo quando nos desimplicamos,
quando nos abstraímos da situação, assumindo uma postura
objetivista clássica. Os limites da enunciação coletiva são
conhecidos. O segredo existe como condição – imaginária
ou real – de sobrevivência. (Lourau: 2004, p.240)
Como se pode daí depreender, a análise de implicações
para ser efetivamente tomada como ferramenta
fundamental no trabalho da pesquisa-intervenção
empreendida pelos socioanalistas precisa superar, em
muito, aquela concepção inicial (mas não menos
revolucionária ao pensamento científico característico da
modernidade) que meramente considerava os aspectos
relativos à presença do pesquisador no campo de
pesquisa. A ruptura epistemológica e paradigmática, já
anunciada naquelas primeiras elaborações, mantém-se,
entretanto, no “escândalo da noção de implicação” como
é designada por Lourau. E é por situá-la “no
prolongamento do escândalo psicanalítico” que ele
reconhece “contudo, que existem contradições entre este
projeto científico/político de análise das implicações e o
sentido ‘positivo’ ou ‘positivista’ da ciência” (Lourau,
1993 , p.17).
7. Paulon, S. M. “A Análise de Implicação como Ferramenta na Pesquisa-intervenção”.
24
Se, entretanto, acompanharmos o argumento
resultante da longa trajetória de experimentações e
reflexões acerca da complexidade inerente ao ato de
pesquisar e entendermos a ação de pesquisa como uma
intervenção no rastro dos acontecimentos, nos
movimentos criativos de novas formas de subjetivação,
tanto quanto de produção de conhecimento, nos
alinharemos às compreensões sócio-analíticas quando
afirmam a cientificidade da pesquisa justamente ali na
superação do maniqueísmo objetividade-subjetividade
que por tanto tempo demarcou fronteiras entre o empírico
e o científico. Como ressaltado por Barros e Passos (2000:
73): “na pesquisa-intervenção o que interessa são os
movimentos, as metamorfoses, não definidas a partir de
um ponto de origem e um alvo a ser atingido, mas como
processos de diferenciação”.
Como metamorfoses não podem mesmo ser
apreendidas por uma dada técnica nem pode haver
garantia de fidedignidade à informação que tenta congelar
o processo que procura estudar, a intervenção de que
trata esta modalidade de pesquisa trabalha no sentido de
produzir ou identificar possíveis “analisadores”. Outro
conceito-ferramenta legado pelo movimento
institucionalista, o analisador refere-se a todo dispositivo
revelador das contradições de uma época, de um
acontecimento, de um momento de grupo e que permita, a
partir de uma análise de decomposição do que aparecia
até então como uma totalidade homogênea (uma verdade
instituída), desvelar o caráter fragmentário, parcial e
polifônico de toda realidade. É por isto que os
socioanalistas são categóricos ao afirmar que “o analisador
deve substituir o analista – de qualquer modo, na realidade,
é sempre o analisador que dirige a análise ...” (Lourau,
2004, p.84). Mas indo além do que o “intelectual
comprometido”, para Sartre, ou o “intelectual orgânico”,
para Gramsci, já faziam ao assumirem suas adesões
voluntárias às causas políticas nas quais se inseriam, o
intelectual implicado procura não se retirar dos efeitos
analisadores do dispositivo de intervenção, já que ele “se
define pela vontade subjetiva de analisar até o limite as
implicações de seus pertencimentos e referências
institucionais” (Lourau, 2004:147) ao colocar no centro
da investigação aquilo que os neutralistas julgavam como
lixo ou inconvenientes da investigação científica.
A título de ilustração de como a análise de implicação
do pesquisador pode mudar os rumos de uma intervenção,
citamos brevemente um acontecimento que emergiu como
um analisador do processo grupal com uma das equipes
da pesquisa aqui discutida (conforme nota 1). Na
seqüência dos grupos de discussão propostos vínhamos
analisando que, entre as várias dificuldades enfrentadas
pela equipe na estruturação daquele serviço substitutivo
pelo qual todos haviam trabalhado arduamente, estava a
dificuldade de se apropriarem de seu fazer inventivo como
um know-how próprio que vinham não só construindo
como experimentando em resultados efetivos. Nossa
posição como equipe pesquisadora/interventora nestes
grupos era sempre a de problematizar tal dificuldade e
propor que pensássemos o que a determinava,
construindo, assim, coletivamente suas possibilidades de
superação. Neste ínterim, envolvemo-nos na organização
de um evento comemorativo ao dia nacional da luta anti-manicomial
na universidade promotora da pesquisa e
convidamos uma ex-gestora para divulgar aquela
experiência inovadora, ao invés de propor que o grupo
delegasse sua representação a quem lhes aprouvesse. A
imediata reação gerada no grupo contra o que
consideraram, não sem justificativas, uma traição no
mínimo contraditória de nossa parte como pesquisadoras
motivou-os a me convocarem para uma reunião
extraordinária, na qual fui sabatinada e criticada com
indignação proporcional ao desrespeito sentido por minha
atitude. Ao colocar meu ato-falho em análise coletiva,
propor ao grupo que entendêssemos suas múltiplas
determinações, não me esquivar da intensidade projetiva
de que me tornei alvo, mas também não assumi-las como
sintoma individual - já que expressavam exatamente toda
trama institucional de que vínhamos nos ocupando - pude
acompanhar um dos momentos mais potencializadores
daquele grupo. Ao analisador “falha-nossa” no convite à
participação no evento acadêmico sucedeu-se o
acontecimento “briga em defesa de falarem em voz própria”
que desmistificou o lugar de despossuídos de um saber
próprio dos trabalhadores da equipe e descristalizou a
“instituição saber” até ali colada à figura do especialista/
pesquisador/acadêmico por mim encarnado.
Tal como o processo aqui relatado, a análise
micropolítica das produções coletivas viabilizadas pela
pesquisa-intervenção vem-se mostrando uma rica e
desafiadora abordagem da realidade social que, quando
concebida em toda sua multiplicidade e complexidade
histórica e política, não cabe em categorias gerais pré-formuladas
nem pode ser circunscrita em modelos e
conceitos pressupostos.
Os caminhos que se abrem pela perspectiva de análise
anunciada, as polêmicas injunções institucionais com as
quais um grupo de pesquisa se defronta ao adotar a
metodologia da pesquisa-intervenção, as “dores e
delícias” de sermos o que somos, de fazermos as escolhas
metodológicas que fazemos serão tema de discussão de
outros trabalhos7. Por ora fiquemos com a curiosa
sinalização do autor que veio nos acompanhando:
Uma vez mais quero afirmar que a Análise Institucional
não pre tende fazer milagres. Apenas considera muito
importante, para a construção de um novo campo de
coerência, uma relação efetiva, e nítida, com a libido e
com os sentimentos em geral. A teoria da implicação, nós
veremos, tem qualquer coisa que flerta com a loucura.
(Lourau, 1993, p.19)
Referências
Ardoíno, J. (1987). La Intervención: Imaginario del cambio o
cambio de lo imaginario. Em F. Guattari & cols. (Orgs.), La
Intervención Institucional (pp.13-42). México: Plaza y Valdes.
7 Referimo-nos, aqui, aos outros trabalhos: “A Cidade como
Dispositivo na Desinstitucionalização da Loucura” e “Das múltiplas
formas de habitar uma Morada: A produção do cuidado em um
Serviço Residencial Terapêutico”, nos quais são discutidos resultados
da pesquisa aqui referida e é retomada parte das questões
metodológicas abordadas no presente artigo.
8. Psicologia & Sociedade, 17 (3), 18-25, set-dez: 2005.
25
Benevides de Barros, R. (1995). Clínica Grupal. Revista do Dept.
de Psicologia da Universidade Federal Fluminense, 7(1), 5-
11.
Benevides de Barros, R. & Passos, E. (2000). A construção do
plano da clínica e o conceito de transdisciplinaridade. Revista
Psicologia: Teoria e Pesquisa, 16(1), 71-79.
Benevides de Barros, R. (2002). Clínica e social: polaridades que se
opõem/complementam, ou falsa dicotomia? Em Clínica e
Política: subjetividade e violação dos direitos humanos (pp.
122-139). Rio de Janeiro: Te Corá/Instituto Franco Basaglia.
Coimbra, C. (1995). Os caminhos de Lapassade e da Análise
Institucional. Revista do Departamento de Psicologia da
Universidade Federal Fluminense, 7(1), 52-80.
Dubost, J. & Lévy, A. (1987). El análisis social. Em F. Guattari &
cols. (Orgs.), La intervención Institucional (pp.45-91).
México: Folios.
Foucault, M. (1978). História da Loucura. São Paulo: Perspectiva.
Foucault, M. (1979). Microfísica do Poder. Rio de Janeiro: Graal.
Foucault, M. (1990). O pensamento do exterior. São Paulo:
Princípio.
Guatarri, F. (1985). Revolução Molecular. Pulsações Políticas do
Desejo (2 ed.). São Paulo: Brasiliense.
Guattari, F. (1987). “Entrevista”. Em F. Guattari & cols. (Orgs.),
La intervención institucional (pp.95-122). Mexico: Folios.
Guattari, F. (1991). Linguagem, Consciência e Sociedade. Em F.
Guattari & G. Deleuze (Orgs.), SaudeLoucura, 2. São Paulo:
Hucitec.
Lourau, R. (1993). Análise Institucional e Práticas de Pesquisa.
Rio de Janeiro: NAPE/UERJ.
Lourau, R. (1995). A análise institucional. Petrópolis, RJ: Vozes.
Lourau, R. (2004). Analista Institucional em Tempo Integral. Em
S. Altoé (Org.), [falta título da publicação] (pp.47-283). São
Paulo: Hucitec.
Machado, R. (1997). Zaratustra, tragédia nietzschiana. Rio de
Janeiro: Zahar.
Marx, K. (1983). Contribuição para a Crítica da Economia
Política. Lisboa: Estampa.
Matos, O. (1981). Paris 1968 - As barricadas do desejo. São
Paulo: Brasiliense.
Nietzsche, F. (1998). Genealogia da moral: uma polêmica. São
Paulo: Cia das Letras.
Paulon, S. M. (2002). A terapêutica do Niilismo: apontamentos
para uma Clínica Institucional Genealógica. Tese de
Doutoradonão-publicada, Pontifícia Universidade Católica de
São Paulo. São Paulo, SP.
Rocha, M. & Aguiar, K. (2003). Pesquisa-intervenção e a produção
de novas análises. [Versão eletrônica]. Psicologia, Ciência e
Profissão, 23(4), 64-73.
Rodrigues, H.B.C. & Souza, V.L.B. (1987). A Análise Institucional
e a Profissionalização do Psicólogo. Em V.R. Kamkhagi & O.
Saidon (Orgs.), Análise Institucional no Brasil (pp.27-47).
Rio de Janeiro: Espaço e Tempo.
Rodrigues, H.B.C., Leitão, M.B.S. & Barros, R.D.B. (Orgs.) (1992).
Grupos e Instituições em Análise. Rio de Janeiro: Rosa dos
Tempos.
Rodrigues, H.C. (2002). A beira da brecha: uma história da análise
institucional francesa nos anos 60. Acessado em 20/03/2002
em http://www.acheronta.org
Thiollent, M. (1985a). Crítica metodológica, investigação social
e enquete operária. Coleção Teoria e História, 6. São Paulo:
Polis.
Thiollent, M. (1987). Notas Para o Debate Sobre Pesquisa-Ação.
Em C. Brandão (Org.), Repensando a Pesquisa Participante
(3a. ed.; pp.82-103). São Paulo: Brasiliense.
Thiollent, M. (1986). Metodologia da Pesquisa-Ação. São Paulo:
Cortez.
Ventura, Z. (1989). 1968: O ano que não terminou. Rio de
Janeiro: Nova Fronteira.
Simone Mainieri Paulon é professora do Curso de Psicologia
da Universidade do Vale do Rio dos Sinos. É psicóloga,
especialista em Psicologia Social, Mestre em Educação e
Doutora em Psicologia Clínica. Endereço: Av. Dom Pedro II,
1610, 101, Porto Alegre, RS.
E-mail: simone@intersecpsico.com.br
Simone Mainieri Paulon
A análise de implicação como ferramenta na pesquisa-intervenção.
Recebido: 16/11/2004
1ª revisão: 09/08/2005
2ª revisão: 10/10/2005
Aceite final: 24/10/2005