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DIARREIA AGUDA
INFECCIOSA
GECA/DESIDRATAÇÃO
Alunos: Ana Beatriz Campos (PUC) e Sandro
(UNIFIMES)
Orientadora: Dra. Stella
SUMÁRIO
I. CASO CLÍNICO
II. INTRODUÇÃO
III. DEFINIÇÕES
IV. ETIOPATOGENIA
V. EXAMES LABORATORIAIS
VI. AVALIAÇÃO E TRATAMENTO
VII. CONSIDERAÇÕES FINAIS
CASO CLÍNICO
J.N.C., sexo feminino, 6 meses de idade.
QP: fezes diarreicas há 4 dias.
HDA: Previamente hígida, é admitida no Pronto Atendimento com história de fezes diarreicas há 4 dias. Genitora
informa que no primeiro dia notou que as fezes ficaram amolecidas, e a frequência de evacuações aumentou um
pouco, mas a partir do segundo dia, a lactente apresentou-se chorosa e febril ao toque, e os episódios de diarreia
se acentuaram, totalizando 4 dejeções/dia volumosas, fétidas, explosivas, sem muco ou sangue. Desde ontem, sem
saber o que fazer, a mãe suspendeu a alimentação por achar que o leite de vaca estava fazendo mal e está dando,
no momento, apenas água de coco, quando a lactente aceita. Nega episódios de vômitos e outras queixas.
Antecedentes: Nega comorbidades. Cartão vacinal completo (visto pelo médico).
Recordatório alimentar: aleitamento materno exclusivo até 4 meses, quando iniciou fórmula maternizada, mas
não teve condições financeiras de continuar, e há 1 mês, substituiu pelo leite integral com amido de milho e papa
de frutas.
História psicossocial: reside em casa de alvenaria, com rede de esgoto e coleta de lixo diária. Bebe água fervida.
EF: REG, ansiosa, irritada, mucosas secas, olhos fundos, pele com turgor e elasticidade diminuídos, pulso periférico
filiforme, tempo de enchimento capilar 2 segundos, afebril, eupneica, acianótica.
T axilar: 37,5.
Demais segmentos não foram examinados devido a agitação da lactente.
Peso atual: 6,8Kg, peso anterior registrado na caderneta: 7,5Kg.
Diurese discretamente reduzida, com urina concentrada.
INTRODUÇÃO
○ Problema de saúde pública → diversidade socioeconômica e cultural da população
○ Morbimortalidade importante em crianças < 5 anos
○ Fatores de risco:
○ Desnutrição, água potável, falha nas medidas educacionais
○ Episódios repetidos podem ocasionar atraso no crescimento e desenvolvimento e
déficit nutricional
○ Circulo vicioso: diarreia → desnutrição → mais chance de diarreia e desnutrição
○ Prevenção:
○ Ampla cobertura vacinal (Rotavirus)
○ Medidas educativas
○ Saneamento básico
DEFINIÇÕES
○ OMS - Diarreia aguda = “mudança no hábito intestinal caracterizada pela ocorrência
de 3 ou mais evacuações menos consistentes ou líquidas” por dia, com duração
de até 14 dias.
○ Diarreia aguda prolongada: 7-14 dias
○ Diarreia persistente: > 14 dias
○ Diarreia crônica: > 30 dias
○ MS - Diarreia aguda = síndrome na qual ocorre 3 ou mais episódios diários de
evacuações com fezes diarreicas e que apresenta evolução autolimitada com
duração máxima de 14 dias.
○ Clínica:
○ Diarreia
○ Náuseas e vômitos
○ Febre
○ Dor abdominal
○ Disenteria
○ Desidratação
ETIOPATOGENIA
○ Causas infecciosas e não infecciosas
○ Prevalência de causas infecciosas e maior impacto na saúde de crianças < 5
anos
○ Não infecciosas:
○ Diarreia de fome
○ Infecciosas:
○ Virus → rotavírus, norovírus, adenovírus, astrovírus
○ Bacterias → E. coli, Campylobacter spp., Shigella spp, Salmonella spp,
Aeromonas, Plesiomonas, Clostridium difficille, Vibrio cholerae
○ Protozoários → Cryptosporidium parvum, Giardia intestinalis, Entamoeba
histolytica e Cyclospora cayetanensis
ETIOPATOGENIA
○ Rotavírus
○ Principal
○ Vacinação → diminuição de óbitos e taxa de hospitalização (52,5%)
○ Norovírus
○ Surtos epidêmicos gastroenterites virais
○ Transmissão por água ou alimentos
○ 30% assintomático
○ Adenovírus
○ Alguns sorotipos podem desencadear diarreia aguda
○ Astrovírus
○ Menos prevalentes, transmissão de pessoa para pessoa
○ SARS-CoV-2
○ Infecção e replicação nos enterócitos → danos epitélio intestinal → diarreia
○ Efeitos citopáticos → Disbiose intestinal e resposta imune aberrante →
aumento da permeabilidade intestinal → exacerbação dos sintomas
ETIOPATOGENIA
ETIOPATOGENIA
EXAMES LABORATORIAIS
○ Úteis em casos moderados e graves
○ Devem preferencialmente ser colhidos após o paciente receber volume de expansão
○ Surtos: vigilância epidemiológica
🩸
○ Leucograma : leucocitose com desvio à
esquerda
○ Ionograma (eletrólitos)
○ Gasometria
💩
○ Pesquisa de leucócitos, sangue, parasitos e
substâncias redutoras nas fezes
🔎
○ Diagnóstico de causas etiológicas:
Parasitológico de fezes, coprocultura e
pesquisa de vírus
AVALIAÇÃO E TRATAMENTO
AVALIAÇÃO E TRATAMENTO
AVALIAÇÃO E TRATAMENTO
AVALIAÇÃO E TRATAMENTO
AVALIAÇÃO E TRATAMENTO
PLANO C
SE NÃO HOUVER MELHORA DA DESIDRATAÇÃO → AUMENTAR A VELOCIDADE DE
INFUSÃO
● Quando o paciente puder beber, geralmente 2 a 3 horas após o início da
reidratação venosa, iniciar a reidratação por via oral com SRO, mantendo a
reidratação endovenosa.
● Interromper a reidratação por via endovenosa somente quando o paciente
puder ingerir SRO em quantidade suficiente para se manter hidratado.
● Observar o paciente por pelo menos seis horas.
AVALIAÇÃO E TRATAMENTO
IDENTIFICAR DISENTERIA E/OU OUTRAS PATOLOGIAS ASSOCIADAS À DIARREIA:
1- TEM SANGUE NAS FEZES?
Em caso positivo e com comprometimento do estado geral:
● Reidratar o paciente de acordo com os planos A, B ou C.
● Iniciar antibioticoterapia.
Tratamento:
● Ciprofloxacino 15mg/kg 12/12h,VO,por 3 dias.
● Alternativa: Ceftriaxona 50 a100mg/kg,IM ,1x/dia ,por 2 a 5 dias
● Se tratamento domiciliar: Orientar o acompanhante para administrar líquidos e manter a
alimentação habitual
● Reavaliar o paciente após dois dias.
● Se mantiver presença de sangue nas fezes após 48 horas do início do tratamento,
encaminhar para internação hospitalar.
Observação: crianças com quadro de desnutrição devem ter o primeiro atendimento em
qualquer Unidade de Saúde, devendo- se iniciar hidratação e antibioticoterapia de forma
imediata, até que chegue ao hospital.
AVALIAÇÃO E TRATAMENTO
IDENTIFICAR DISENTERIA E/OU OUTRAS PATOLOGIAS ASSOCIADAS À DIARREIA:
2- QUANDO INICIOU A DIARREIA?
Se tiver mais de 14 dias de evolução:
A. Encaminhar o paciente para a unidade hospitalar se:
● < 6 meses
● sinais de desidratação → Neste caso, reidrate-o primeiro e em seguida encaminhe-o a
unidade hospitalar.
- Quando não houver condições de encaminhar para a unidade hospitalar, orientar o
responsável/acompanhante para administrar líquidos e manter a alimentação habitual no
domicílio.
B. Se o paciente não estiver com sinais de desidratação e nem for menor de seis meses,
encaminhar para consulta médica para investigação e tratamento.
AVALIAÇÃO E TRATAMENTO
IDENTIFICAR DISENTERIA E/OU OUTRAS PATOLOGIAS ASSOCIADAS À DIARREIA:
3- TEM DESNUTRIÇÃO GRAVE?
● Em caso de desidratação, iniciar a reidratação e encaminhar o paciente para o serviço de
saúde.
● Entregar ao paciente ou responsável envelopes de SRO em quantidade suficiente e
recomendar que continue a hidratação até que chegue ao serviço de saúde.
4- VERIFICAR A TEMPERATURA
● Se o paciente estiver com a temperatura de 39ºC ou mais: investigar e tratar outras possíveis
causas, por exemplo, pneumonia, otite, amigdalite, faringite, infecção urinária
AVALIAÇÃO E TRATAMENTO
USO DE MEDICAMENTOS EM PACIENTES COM DIARREIA
1. Antibióticos: somente para casos de diarreia com sangue (disenteria) e comprometimento
do estado geral ou em casos de cólera grave.
2. Antiparasitários:
● Amebíase: quando o tratamento de disenteria por Shigella sp fracassar, ou em casos em
que se identificam nas fezes trofozoítos de Entamoeba histolytica englobando hemácias.
● Giardíase: quando a diarreia durar 14 dias ou mais, se identificarem cistos ou trofozoítos nas
fezes ou no aspirado intestinal.
3. Zinco:1x/dia, durante 10 a 14 dias:
● Até seis meses deidade: 10mg/dia.
● Maiores de seis meses de idade: 20mg/dia.
ANTIDIARREICOS E ANTIEMÉTICOS NÃO DEVEM SER USADOS
REFERÊNCIAS
- SOCIEDADE BRASILEIRA DE PEDIATRIA. Departamento Científico de Pediatria.
Diarreia Aguda Infecciosa: Guia prático de atualização. 2023. Disponível em:
https://www.sbp.com.br/fileadmin/user_upload/sbp/2023/junho/14/24048aPRESS-GP
A-Diarreia_Aguda_Infecciosa-pSITE.pdf. Acessado em Março 2024.
- BRASIL. Ministério da Saúde. Secretaria de Vigilância em Saúde e Ambiente.
Departamento de Doenças Transmissíveis. Manejo do paciente com diarreia.
Brasília, DF: Ministério da Saúde, 2023.
OBRIGADO!

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  • 1. DIARREIA AGUDA INFECCIOSA GECA/DESIDRATAÇÃO Alunos: Ana Beatriz Campos (PUC) e Sandro (UNIFIMES) Orientadora: Dra. Stella
  • 2. SUMÁRIO I. CASO CLÍNICO II. INTRODUÇÃO III. DEFINIÇÕES IV. ETIOPATOGENIA V. EXAMES LABORATORIAIS VI. AVALIAÇÃO E TRATAMENTO VII. CONSIDERAÇÕES FINAIS
  • 3. CASO CLÍNICO J.N.C., sexo feminino, 6 meses de idade. QP: fezes diarreicas há 4 dias. HDA: Previamente hígida, é admitida no Pronto Atendimento com história de fezes diarreicas há 4 dias. Genitora informa que no primeiro dia notou que as fezes ficaram amolecidas, e a frequência de evacuações aumentou um pouco, mas a partir do segundo dia, a lactente apresentou-se chorosa e febril ao toque, e os episódios de diarreia se acentuaram, totalizando 4 dejeções/dia volumosas, fétidas, explosivas, sem muco ou sangue. Desde ontem, sem saber o que fazer, a mãe suspendeu a alimentação por achar que o leite de vaca estava fazendo mal e está dando, no momento, apenas água de coco, quando a lactente aceita. Nega episódios de vômitos e outras queixas. Antecedentes: Nega comorbidades. Cartão vacinal completo (visto pelo médico). Recordatório alimentar: aleitamento materno exclusivo até 4 meses, quando iniciou fórmula maternizada, mas não teve condições financeiras de continuar, e há 1 mês, substituiu pelo leite integral com amido de milho e papa de frutas. História psicossocial: reside em casa de alvenaria, com rede de esgoto e coleta de lixo diária. Bebe água fervida. EF: REG, ansiosa, irritada, mucosas secas, olhos fundos, pele com turgor e elasticidade diminuídos, pulso periférico filiforme, tempo de enchimento capilar 2 segundos, afebril, eupneica, acianótica. T axilar: 37,5. Demais segmentos não foram examinados devido a agitação da lactente. Peso atual: 6,8Kg, peso anterior registrado na caderneta: 7,5Kg. Diurese discretamente reduzida, com urina concentrada.
  • 4. INTRODUÇÃO ○ Problema de saúde pública → diversidade socioeconômica e cultural da população ○ Morbimortalidade importante em crianças < 5 anos ○ Fatores de risco: ○ Desnutrição, água potável, falha nas medidas educacionais ○ Episódios repetidos podem ocasionar atraso no crescimento e desenvolvimento e déficit nutricional ○ Circulo vicioso: diarreia → desnutrição → mais chance de diarreia e desnutrição ○ Prevenção: ○ Ampla cobertura vacinal (Rotavirus) ○ Medidas educativas ○ Saneamento básico
  • 5. DEFINIÇÕES ○ OMS - Diarreia aguda = “mudança no hábito intestinal caracterizada pela ocorrência de 3 ou mais evacuações menos consistentes ou líquidas” por dia, com duração de até 14 dias. ○ Diarreia aguda prolongada: 7-14 dias ○ Diarreia persistente: > 14 dias ○ Diarreia crônica: > 30 dias ○ MS - Diarreia aguda = síndrome na qual ocorre 3 ou mais episódios diários de evacuações com fezes diarreicas e que apresenta evolução autolimitada com duração máxima de 14 dias. ○ Clínica: ○ Diarreia ○ Náuseas e vômitos ○ Febre ○ Dor abdominal ○ Disenteria ○ Desidratação
  • 6. ETIOPATOGENIA ○ Causas infecciosas e não infecciosas ○ Prevalência de causas infecciosas e maior impacto na saúde de crianças < 5 anos ○ Não infecciosas: ○ Diarreia de fome ○ Infecciosas: ○ Virus → rotavírus, norovírus, adenovírus, astrovírus ○ Bacterias → E. coli, Campylobacter spp., Shigella spp, Salmonella spp, Aeromonas, Plesiomonas, Clostridium difficille, Vibrio cholerae ○ Protozoários → Cryptosporidium parvum, Giardia intestinalis, Entamoeba histolytica e Cyclospora cayetanensis
  • 7. ETIOPATOGENIA ○ Rotavírus ○ Principal ○ Vacinação → diminuição de óbitos e taxa de hospitalização (52,5%) ○ Norovírus ○ Surtos epidêmicos gastroenterites virais ○ Transmissão por água ou alimentos ○ 30% assintomático ○ Adenovírus ○ Alguns sorotipos podem desencadear diarreia aguda ○ Astrovírus ○ Menos prevalentes, transmissão de pessoa para pessoa ○ SARS-CoV-2 ○ Infecção e replicação nos enterócitos → danos epitélio intestinal → diarreia ○ Efeitos citopáticos → Disbiose intestinal e resposta imune aberrante → aumento da permeabilidade intestinal → exacerbação dos sintomas
  • 10. EXAMES LABORATORIAIS ○ Úteis em casos moderados e graves ○ Devem preferencialmente ser colhidos após o paciente receber volume de expansão ○ Surtos: vigilância epidemiológica 🩸 ○ Leucograma : leucocitose com desvio à esquerda ○ Ionograma (eletrólitos) ○ Gasometria 💩 ○ Pesquisa de leucócitos, sangue, parasitos e substâncias redutoras nas fezes 🔎 ○ Diagnóstico de causas etiológicas: Parasitológico de fezes, coprocultura e pesquisa de vírus
  • 15. AVALIAÇÃO E TRATAMENTO PLANO C SE NÃO HOUVER MELHORA DA DESIDRATAÇÃO → AUMENTAR A VELOCIDADE DE INFUSÃO ● Quando o paciente puder beber, geralmente 2 a 3 horas após o início da reidratação venosa, iniciar a reidratação por via oral com SRO, mantendo a reidratação endovenosa. ● Interromper a reidratação por via endovenosa somente quando o paciente puder ingerir SRO em quantidade suficiente para se manter hidratado. ● Observar o paciente por pelo menos seis horas.
  • 16. AVALIAÇÃO E TRATAMENTO IDENTIFICAR DISENTERIA E/OU OUTRAS PATOLOGIAS ASSOCIADAS À DIARREIA: 1- TEM SANGUE NAS FEZES? Em caso positivo e com comprometimento do estado geral: ● Reidratar o paciente de acordo com os planos A, B ou C. ● Iniciar antibioticoterapia. Tratamento: ● Ciprofloxacino 15mg/kg 12/12h,VO,por 3 dias. ● Alternativa: Ceftriaxona 50 a100mg/kg,IM ,1x/dia ,por 2 a 5 dias ● Se tratamento domiciliar: Orientar o acompanhante para administrar líquidos e manter a alimentação habitual ● Reavaliar o paciente após dois dias. ● Se mantiver presença de sangue nas fezes após 48 horas do início do tratamento, encaminhar para internação hospitalar. Observação: crianças com quadro de desnutrição devem ter o primeiro atendimento em qualquer Unidade de Saúde, devendo- se iniciar hidratação e antibioticoterapia de forma imediata, até que chegue ao hospital.
  • 17. AVALIAÇÃO E TRATAMENTO IDENTIFICAR DISENTERIA E/OU OUTRAS PATOLOGIAS ASSOCIADAS À DIARREIA: 2- QUANDO INICIOU A DIARREIA? Se tiver mais de 14 dias de evolução: A. Encaminhar o paciente para a unidade hospitalar se: ● < 6 meses ● sinais de desidratação → Neste caso, reidrate-o primeiro e em seguida encaminhe-o a unidade hospitalar. - Quando não houver condições de encaminhar para a unidade hospitalar, orientar o responsável/acompanhante para administrar líquidos e manter a alimentação habitual no domicílio. B. Se o paciente não estiver com sinais de desidratação e nem for menor de seis meses, encaminhar para consulta médica para investigação e tratamento.
  • 18. AVALIAÇÃO E TRATAMENTO IDENTIFICAR DISENTERIA E/OU OUTRAS PATOLOGIAS ASSOCIADAS À DIARREIA: 3- TEM DESNUTRIÇÃO GRAVE? ● Em caso de desidratação, iniciar a reidratação e encaminhar o paciente para o serviço de saúde. ● Entregar ao paciente ou responsável envelopes de SRO em quantidade suficiente e recomendar que continue a hidratação até que chegue ao serviço de saúde. 4- VERIFICAR A TEMPERATURA ● Se o paciente estiver com a temperatura de 39ºC ou mais: investigar e tratar outras possíveis causas, por exemplo, pneumonia, otite, amigdalite, faringite, infecção urinária
  • 19. AVALIAÇÃO E TRATAMENTO USO DE MEDICAMENTOS EM PACIENTES COM DIARREIA 1. Antibióticos: somente para casos de diarreia com sangue (disenteria) e comprometimento do estado geral ou em casos de cólera grave. 2. Antiparasitários: ● Amebíase: quando o tratamento de disenteria por Shigella sp fracassar, ou em casos em que se identificam nas fezes trofozoítos de Entamoeba histolytica englobando hemácias. ● Giardíase: quando a diarreia durar 14 dias ou mais, se identificarem cistos ou trofozoítos nas fezes ou no aspirado intestinal. 3. Zinco:1x/dia, durante 10 a 14 dias: ● Até seis meses deidade: 10mg/dia. ● Maiores de seis meses de idade: 20mg/dia. ANTIDIARREICOS E ANTIEMÉTICOS NÃO DEVEM SER USADOS
  • 20. REFERÊNCIAS - SOCIEDADE BRASILEIRA DE PEDIATRIA. Departamento Científico de Pediatria. Diarreia Aguda Infecciosa: Guia prático de atualização. 2023. Disponível em: https://www.sbp.com.br/fileadmin/user_upload/sbp/2023/junho/14/24048aPRESS-GP A-Diarreia_Aguda_Infecciosa-pSITE.pdf. Acessado em Março 2024. - BRASIL. Ministério da Saúde. Secretaria de Vigilância em Saúde e Ambiente. Departamento de Doenças Transmissíveis. Manejo do paciente com diarreia. Brasília, DF: Ministério da Saúde, 2023.