O documento discute como a perda da cultura e crenças pode levar ao mal-estar psicológico e até morte. Ele descreve como os africanos escravizados e índios Kaingang desenvolveram "mal de banzo" ao serem removidos violentamente de seus contextos culturais, levando a suicídios. Também discute como crenças culturais sobre fantasmas entre os índios Kaapor e feitiçaria entre os africanos podem causar doenças psicossomáticas e até a morte.
2. • Numa situação de crise, os membros de uma cultura abandonam a crença em seus valores e perdem
a motivação que os mantêm unidos e vivos.
3. Quando os africanos foram removidos violentamente de seu ecossistema e do seu contexto
cultural para serem escravizados em uma terra de cultura e costumes diferentes, perderam toda a
motivação de continuar vivos.
Em decorrência deste acontecimento ocorreram
grandes números de suicídios e outros foram
definhados pelo mal de banzo.
Conceito de banzo:
Estado de depressão psicológica que se apossava do africano logo após seu desembarque no Brasil.
Geralmente os que caíam nesta nostalgia profunda, acabavam morrendo. Atribui - se tal estado
depressivo à saudade da aldeia da qual provinham, de modo que o banzo atingia somente a primeira
geração de escravos, isto é, aqueles diretamente importados da África (MOURA; 2004, p. 63).
4. Índios da população Kaingang de São Paulo ao ter seu território invadido pelos
construtores da estrada de Ferro Noroeste também fora acometidos pelo mal de
banzo. Ao perceberem que suas tecnologias e seus seres sobrenaturais eram
impotentes diante do poder da sociedade branca, os índios perderam a crença em
sua sociedade, abandonaram suas tribos, ou simplesmente esperaram pela morte.
5. Os índios Kaapor acreditava que se uma pessoa visse um fantasma, logo
morreria, escritores relataram que no período de filmagens do filme de Darcy Ribeiro,
um jovem índio relatou que viu a alma de seu pai na floresta, o jovem deitou em uma
rede e dois dias depois estava morto.
6. Em 1967 foi relatado que uma mulher teria visto um fantasma e confiante nos
poderes dos brancos pediu um remédio, eles lhe ofereceram um comprimido de
vitaminas que neutralizou de forma eficaz o malefício provocado pela visão de um
morto.
7. Entre os africanos a crença sobre a morte por feitiçaria é tão grande que a
vitima crê tanto que acaba morrendo mesmo. Segundo Pertti, é ocasionada como
consequência de um choque psicofisiológico. A pessoa acometida por choque
psicofisiológico perde o apetite, a sede, a pressão sanguínea cai, o plasma
sanguíneo escapa para os tecidos e o coração é afetado. Esses sintomas provocam
um choque que fisiologicamente são as mesmas consequências que um choque
ocasionados por ferimentos nas guerras ou de acidentes de carro.
8. As doenças psicossomáticas também são exemplos da atuação que a cultura
exerce sobre o biológico.
Doenças psicossomáticas são alterações clínicas detectáveis por exames de
laboratório, ou seja, o corpo da pessoa apresenta danos físicos. É uma doença
orgânica, mas com causa psicológica. Em situações de forte estresse emocional o corpo
reage como que “informando” que algo não está bem.
Alguns exemplos:
9. Por outro lado a cultura também provoca a cura das doenças reais ou
imaginárias. Essa cura ocorre quando existe a fé do doente na eficácia do remédio e
no poder dos agentes culturais.
Por exemplo, em um ritual de cura da tribo Xamã o pajé utiliza de danças e
defumação do paciente e através de sucção retira objetos estranhos que
provavelmente saíra do interior do corpo do paciente.
11. Referências
MOURA, Clovis. Dicionário da Escravidão Negra no Brasil. São Paulo: Ed. da
Universidade de São Paulo, 2004.
http://www.marisapsicologa.com.br/doencas-psicossomaticas.html