2. Introdução
◼ Importância e impacto das doenças parasitárias
❑ Malária
❑ Leishmanioses
❑ Tripanossomoses
❑ Helmintoses
◼ Custo individual, saúde pública
❑ 2 mil milhões de indivíduos, um quarto da população
humana mundial, são afectados por helmintas
5. Introdução
◼ Controlo central do uso de fármacos
◼ Poder aquisitivo dos países em desenvolvimento
◼ Disponibilidade nos países ricos
◼ Engajamento político
6. Introdução
◼ Custo do desenvolvimento de um fármaco
❑ Mediana: $985.3 million (95% CI, $683.6 million-$1228.9 million)
❑ Média: $1335.9 million (95% CI, $1042.5 million-$1637.5 million)
◼ Número de novos fármacos registrados baixo
◼ Interacção indústria, academia, fundações
Wouters, O. J., McKee, M., & Luyten, J. (2020). Estimated Research and Development Investment Needed to
Bring a New Medicine to Market, 2009-2018. JAMA, 323(9), 844–853
7. Em 2003 sete organizações de vários sítios do globo
juntaram forças para criar o DNDi
◼ Five public sector institutions
❑ Oswaldo Cruz Foundation from Brazil,
❑ Indian Council for Medical Research,
❑ Kenya Medical Research Institute, the Ministry of Health of Malaysia
❑ France’s Pasteur Institute
◼ One humanitarian organisation
❑ Médecins sans Frontières (MSF)
◼ One international research organisation
❑ UNDP/World Bank/WHO’s Special Programme for Research and
Training in Tropical Diseases (TDR)
https://www.dndi.org/
16. Albendazol
◼ Benzimidazol (Zentel® e muitos outros)
◼ Nematodes, alguns cestodes (Echinocuccus spp.),
alguns protozoários (Giardia, Microspora spp)
17. Albendazol
◼ Farmacologia:
❑ Absorção: <5%, grande variabilidade inter e intra individual,
aumenta 4 a 5 vezes com gordura, esmagar ou chupar os comps
❑ Metabolização: hepática, efeito de 1ª passagem extenso, CYP
3A4, albendazol-sulfoxida (activo), albendazol sulfona (inactivo)
❑ Mecanismo: inibe a formação de microtúbulos, vital para
absorção de glicose pelo parasita
❑ Distribuição: boa penetração tecidual, inclusive SNC (40-50%),
ligação a proteína 70%
❑ Excreção: principalmente biliar, urinária mínima
❑ Farmacocinética: pico plasmático (sulfoxida) 1-4 hs, semivida de
eliminação 8 a 10 hs
18. Albendazol
◼ Efeitos adversos:
❑ Ausentes ou mínimos em Rx curtos, aumenta com dose e
duração
◼ > 10%: cefaleia, disfunção hepática (neurocisticercose, hidatidose)
◼ 1-10 %: dor abdominal, náusea, vómitos, alopecia reversível
◼ < 1 %: supressão medular/ leucopenia, febre, rash, urticaria,
hepatite, IHA, IRA.
◼ Triar para neucisticercose oculta em zonas endémicas
❑ Convulsões, aumento de PIC, sinais focais
19. Albendazol
◼ Interacções medicamentosas
❑ Clozapina: aumento de toxicidade medular
❑ Cimetidina, dexametasona, praziquantel, diltiazem, sumo
de toranja: aumento de conc. plasmática e semivida
❑ Carbamazepina, fenitoína, fenobarbital (CYP 450, 3A4):
diminuição de níveis plasmáticos e semivida
◼ Substituir por valproato em rx prolongados
❑ Monitorizar níveis de teofilina durante e após albendazol
20. Albendazol
◼ Monitorização de toxicidade sob rx prolongado
❑ Leucograma (leucopenia <1%)
❑ TFH (elevação em 16%, em média cerca de 4 x)
◼ Paragem, substituição por mebendazol
❑ Monitorização de níveis de albendazol-sulfoxida na
equinocose para evitar subdosagem e toxicidade
21. Albendazol
◼ Gravidez e amamentação:
❑ Evitar durante a gravidez
◼ OMS autoriza em QT de massa no 2º e 3º trimestres
❑ Excreção no leite mínima
◼ OMS autoriza uma dose
◼ Crianças:
❑ Sem estudos adequados abaixo de 1 ano
22. Aldendazol
◼ 1ª linha em
❑ Ascaridíase
❑ Enterobíase
❑ Tricuríase
❑ Ancilostomíase
❑ Equinococose/hidatidose
❑ Toxocaríase
❑ Triquinelose
❑ Neurocisticercose
❑ Strongiloidíase ?
Acima dos 2 anos: 400 mg, dose única
1 a 3 dias; eventualmente repetir após
10 14 dias; autorizada acima de 1 ano:
200mg dose única
De acordo com quadro clínico: 15
mg/kg em duas doses, 10 dias
23. Oxiuríase
◼ Casos refractários
◼ ABZ 400mg a cada 2 semanas durante 6 semanas
❑ Em casos desesperados:
◼ ABZ 400mg durante 7 semanas, monitorizar TFH
◼ Considerar: Micoplex, Derms: creme de tiabendazol + neomicina
(Brasil)
25. Mebendazol
◼ Farmacologia:
❑ Absorção: <5%, grande variabilidade inter e intra
individual, aumenta 4 a 5 vezes com gordura, esmagar ou
chupar os comps
❑ Metabolização: hepática
❑ Mecanismo: inibe a formação de microtúbulos, vital para
absorção de glicose pelo parasita
❑ Distribuição: inferior ao ALB, ligação a proteína 70%
❑ Excreção: principalmente biliar, mínima urinária
❑ Farmacocinética: pico plasmático 2-5 hs, semivida de
eliminação 3 a 6 hs
26. Mebendazol
◼ Efeitos adversos:
❑ Ausentes ou mínimos em Rx curtos, aumenta com dose e
duração
◼ Ocasionais: dor abdominal
◼ Raros: hepatite, alopecia, cefaleias, convulsões
◼ Muito raros: supressão medular/ leucopenia, febre, rash, urticaria,
hepatite, Stevens-Johnson, Epidermólise Tóxica (em associação
com metronidazol)
27. Mebendazol
◼ Interacções medicamentosas
❑ Pode potenciar efeito hipoglicemiante da insulina ou ADO
◼ (facilita a libertação de insulina)
❑ Cimetidina, dexametasona, praziquantel, diltiazem, sumo
de toranja: aumento de conc. plasmática e semivida
❑ Carbamazepina, fenitoína, fenobarbital (CYP 450, 3A4):
diminuição de níveis plasmáticos e semivida
◼ Substituir por valproato em rx prolongados
28. Mebendazol
◼ Monitorização de toxicidade sob rx prolongado
❑ Leucograma (leucopenia)
❑ TFH
❑ Monitorização de níveis de Mebendazol sob rx prolongada
29. Mebendazol
◼ Gravidez e amamentação:
❑ Evitar durante a gravidez
◼ OMS autoriza no 2º e 3º trimestres
❑ Excreção no leite sem informação
◼ Crianças:
❑ Autorizado acima de 1 ano de idade
30. Ivermectina
◼ Lactona macrocíclica produzida a partir de
Streptomyces avermitilis ampla actividade contre
muitos nematodes e artrópodes (ectoparasitas),
sem acção sobre trematodes e cestodes
◼ ® Mectizan, Revectina, Stromectol
31. Ivermectina
◼ Farmacologia:
❑ Absorção: biodisponibilidade oral cerca de 60%, diminuída por
sumo de laranja e outros, aumentada 2.5 x por gorduras. Não
administrar com álcool (compete com receptores GABA no SNC)
❑ Metabolização: hepática, principalmente CYP 3A4, pelo menos
10 metabolitos
❑ Mecanismo: paralisia com morte ou inanição do parasita por
interferência permeabilidade de membranas
❑ Distribuição: boa penetração tecidual, mas baixa no SNC
excepto em doses altas, ligação a proteína 93%
❑ Excreção: principalmente biliar (99%), urinária mínima (1%)
❑ Farmacocinética: pico plasmático 4hs, semivida de eliminação
12-35 hs
32. Ivermectina
◼ Efeitos adversos
❑ Geralmente bem tolerada
❑ Neurotoxicidade: depressão do SNC, ataxia, observada
com doses muito altas ou inibidores CYP3A4 ou disrupção
da BBB.
❑ Relacionados com morte parasitária com reacções
alérgicas/inflamatórias
❑ Taquicardia, edema periférico, tontura, prurido, diarreia,
naúsea, hipotensão ortostática: menor que 1%
❑ Encefalopatia severa em caso de loíase com alta
microfilaremia!
33. Ivermectina
◼ Interacções medicamentosas
❑ Aumento INR com dicumarínicos
❑ Estatinas, inibidores de protéases, bloqueadores de canais
de cálcio, corticóides, lidocaína, benzodiazepinas passam
por CYP3A4, levando a possível toxicidade no SNC
❑ Azitromicina, eritromicina, claritromicina: aumento dos
níveis de Ivermectina
34. Strongiloidíase
◼ Ivermectina
❑ Adultos e mais que 15 kg: 200 µg/kg PO, dose diária, nos
dias 0,1 (eventualmente dias 14, 15)
◼ 15-25 kg: 3 mg (1/2 comp)
◼ 26-44 kg: 6 mg
◼ 45-64 kg: 9 mg
◼ 65-84 kg: 12 mg
◼ 85 kg: 0.15 mg/kg
❑ Hiper-infecção: 200 µg/kg PO, dose diária, até 2 semanas
após última amostra positiva
❑ Considerar curso intermitente se imunossupressão
continuar
36. Ivermectina
◼ Gravidez e amamentação:
❑ Teratogenicidade em ratos, coelhos e murganhos
❑ Sem documentação em humanos
❑ Evitar durante a gravidez
❑ Excreção no leite até 30 % dos níveis no plasma. Usar só
se benefícios ultrapassam os riscos
◼ Crianças:
❑ Considerada contra-indicada abaixo dos 5 anos ou menos
de 15 kg por falta de dados de segurança e eficácia. Usar
só se benefícios ultrapassam os riscos
38. Praziquantel
◼ Aborção oral adequada, aumentada por alimentos
❑ Comprimidos podem ser esmagados ou chupados para facilitar
toma
◼ Metabilização: hepática
◼ Distribuição: boa penetração tecidual; níveis no SNC
25% dos plasmáticos
◼ Farmacocinética: pico: 1-3 hs; semivida 1-1.5 hs
39. Praziquantel
◼ Efeitos adversos:
❑ >10%: dor abdominal, náusea, vómitos, cefaleias, fadiga,
tontura, urticária
❑ 1-10%: diarreia, anorexia, rash, mialgia, febre, vertigem
❑ <0.01%: reacção de Mazzoti, soluço, poliserosite, edema,
convulsões
❑ Triar para neurocisticercose oculta em zona endémica!
❑ Recomendar não operar máquinas perigosas até 24 hs
depois da última toma
40. Praziquantel
◼ Interacções medicamentosas
❑ Rifampicina diminui níveis de PZQ
❑ Cimetidina, quetoconazol, miconazol aumentam níveis de
PZQ
❑ Carbamazipina, fenitoína e dexametasona aumentam
níveis de PZQ
◼ Contra-indicações:
❑ Cisticercose ocular
❑ IH grave
41. Praziquantel
◼ Gravidez:
❑ aparentemente seguro, avaliar de acordo com risco da
situação de base
◼ Amamentação:
❑ Uso considerado aceitável, suspensão leite materno
durante 24 a 48 horas após toma
◼ Crianças: sem recomendações especiais
42. Praziquantel
◼ Schistosomíase:
❑ 40 a 60 mg/kg dia, dividido em 2 a 3 doses.
◼ Teníase:
❑ 10 a 20 mg/kg, dose única
❑ Alternativa: niclosamida 50 mg/kg até 2 gr dose única
◼ Neurocisticercose:
❑ 50 mg/kg dia + albendazol 15 mg/kg em duas doses 10
dias + dexametasona 0.1 mg/kg 1 dia antes do tratamento
e durante 1-2 semanas com desmame
47. Nitazoxanida
◼ Nitrotiazolil-salicilamida semi-sintética descoberta em
1980 por laboratório Pasteur
◼ Actividade anti-helmíntica
❑ Ascaris,Trichuris, e Hymenolepis
◼ Actividade anti-protozoário
❑ Cryptosporidium, Amoeba e Giardia
48. Nitazoxanida
◼ Aborção oral adequada, aumentada por alimentos
◼ Metabilização: hepática, glucoronidação
◼ Distribuição: indetectável no plasma, ligação às
proteínas 99%
◼ Eliminação na urina, fezes e bile; sem acumulação
◼ Farmacocinética: pico: 1-4 hs; semivida 1-2 hs, sem
estudos em IR ou IH
49. Nitazoxanida
◼ Interacções medicamentosas
❑ Não descritas
❑ Precaução com outros fármacos que se ligam a proteína
(varfine)
◼ Efeitos adversos
❑ Menos de 1% dos doentes, brandos
◼ GI, cefaleia
◼ Raros: descoloração da esclera, urina, reacções alérgicas, aumento
TFH, TFR, leucocitose, anemia, aumento das glândulas salivares
50. Nitazoxanida
◼ Gravidez:
❑ aparentemente seguro no modelo animal, provavelmente
seguro em humanos, avaliar de acordo com risco da
situação de base
◼ Amamentação:
❑ Sem dados disponíveis
◼ Crianças:
❑ farmacocinética não estudada abaixo de 1 ano
(suspensão)
51.
52. Obrigado pela atenção!
Jorge B.A. Seixas
Unidade de Clínica das Doenças Tropicais
Global Health and Tropical Medicine
Instituto de Higiene e Medicina Tropical
Universidade NOVA de Lisboa
Rua da Junqueira Nº 100 | 1349-008 LISBOA
+351 213 652 661 / Mobile + 351 91 657 97 24
jseixas@ihmt.unl.pt
53.
54. Oxiuríase
Casos refractários:
A descontaminação da casa é difícil, já que os ovos infetantes podem sobreviver até 5
semanas no pó em lugares frescos e húmidos e durante alguns dias em brinquedos e
móveis. Enquanto os ovos são resistentes a muitos desinfetantes, são suscetíveis à
dessecação em condições de baixa humidade.
Recomendações de higiene geral: lavar as mãos com sabão depois de ir à casa de
banho, mudar as fraldas e antes de manipular comida. Para parar a expansão e
reinfeção, dar banho a cada manhã para remover os ovos da pele. Duche é melhor do
que imersão. Usar cuecas durante a noite, mudando-as duas vezes ao dia: de manhã e
antes de ir para cama. Cortar as unhas rente. Mudar a roupa de cama diariamente.
A lavagem a 90ªC e uso de secador destroem eficazmente os ovos. Evitar a
contaminação cruzada: não colocar a roupa recém lavada e húmida no mesmo cesto de
roupa ou em superfícies potencialmente contaminadas com ovos. Uma opção é colocar
as roupas de cama em sacos descartáveis de plástico entre a retirada e a lavagem. Uma
opção para os brinquedos que não podem ser lavados é coloca-los fora do alcance da
criança durante um mês.
In: Antiparasitic Treatment Recommendations, Andreas Neumayr. 2016