O documento discute se a ficção científica ainda pode ser pensada em analogia com o realismo, conforme proposto por Thomas D. Clareson em 1971. Clareson argumenta que tanto o realismo literário quanto a ficção científica surgiram como respostas ao racionalismo moderno e à era da ciência, e que ambos buscavam representar a experiência individual. Após a Segunda Guerra Mundial, muitos textos de ficção científica passaram a retratar de forma negativa os possíveis efeitos da ciência.
SOBRE AUTORES E AUTORIDADES NA ANTROPOLOGIAJosep Segarra
Este ensaio teórico pretende fomentar a reflexão sobre a questão da autoria na escrita etnográfica. A partir de algumas obras de diferentes autores chave nesta temática, procuro pensar como estes especialistas consideram que os autores das etnografias podem ou devem se colocar no texto e na relação com as pessoas com as quais pesquisam. Analiso o interpretativismo geertziano; a questão da autoria em Foucault e Barthes; algumas propostas de autores considerados pós-modernos, como Clifford, Marcus ou Cushman; a questão da subalternidade e da (im)possibilidade de falar no pos-colonialismo de Spivak; as relações entre subjetividade e cultura em Sherry Ortner; e também algumas das críticas centradas nos autores pós-modernos, como as das antropólogas brasileiras Teresa Caldeira ou Mariza Peirano. Organizo este ensaio por autores, sem querer dar conta de todo o que o autor falou sobre o tema em questão e sabendo que o pensamento por ser processual, muda continuamente.
O documento discute o que é romance filosófico, os requisitos para escrever esse tipo de obra e apresenta exemplos de principais romances filosóficos e seus autores. O romance filosófico apresenta questões filosóficas de forma aprofundada e reflexiva através da narrativa, diferentemente de um tratado ou dissertação filosófica.
Todorov introducão à literatura fantástica (pdf)(rev)Rodrigo Rocha
O documento discute os gêneros literários e como classificá-los. Primeiro, aborda questões sobre se é possível estudar um gênero sem ler todas as obras e se existem poucos ou muitos gêneros. Também discute se as obras são únicas ou pertencem a gêneros. Conclui que as obras literárias mantêm relações com outras através dos gêneros, que representam categorias abstratas para classificá-las.
IIMPOSTURAS INTELECTUAIS : resumo das principais discussõesLeticia Strehl
Esquema das principais discussões do livro "Imposturas intelectuais."
Referência:
SOKAL, Alan, BRICMONT, Jean. Imposturas intelectuais. Rio de Janeiro: Record, 1999. Publicado originalmente em francês sob o título Impostures intellectuelles, em 1997.
O documento discute três livros recentemente publicados pela Editora Unesp: (1) A tensão essencial de Thomas Kuhn, que complementa sua obra influente A estrutura das revoluções científicas; (2) Longe do Brasil, entrevista com Claude Lévi-Strauss que destaca sua experiência no Brasil; e (3) Gramática de usos do português, que aborda a língua portuguesa em uso no Brasil.
1) O documento discute o livro Works and Lives de Clifford Geertz, no qual ele analisa quatro antropólogos clássicos: Lévi-Strauss, Evans-Pritchard, Malinowski e Ruth Benedict.
2) Geertz argumenta que o trabalho do antropólogo se legitima na academia através da escrita e publicação. Ele também destaca a importância da linguagem nos escritos antropológicos.
3) A análise de Geertz de cada autor é criticada por ignorar contextos intelectuais e falta de empatia, ap
1) O documento discute as interpretações do pensamento de Nietzsche pelo anarquismo, notando que inicialmente foi visto como individualista, mas que anarquistas e operários também se reconheceram nele.
2) Havia diferenças entre o anarquismo teórico e militante que dificultaram compreender Nietzsche, mas havia afinidades entre ambos em desconstruir distinções modernas.
3) Após as guerras mundiais, só no século XX a leitura filosófica de Nietzsche permitiu ent
Durval Muniz de Albuquerque Júnior reúne artigos sobre teoria da história em três partes: 1) o envolvimento entre história e literatura, 2) as contribuições e polêmicas de Michel Foucault, 3) aspectos variados do trabalho do historiador. O autor defende um caráter artístico e poético para a história pensada com a literatura, não contra ela.
SOBRE AUTORES E AUTORIDADES NA ANTROPOLOGIAJosep Segarra
Este ensaio teórico pretende fomentar a reflexão sobre a questão da autoria na escrita etnográfica. A partir de algumas obras de diferentes autores chave nesta temática, procuro pensar como estes especialistas consideram que os autores das etnografias podem ou devem se colocar no texto e na relação com as pessoas com as quais pesquisam. Analiso o interpretativismo geertziano; a questão da autoria em Foucault e Barthes; algumas propostas de autores considerados pós-modernos, como Clifford, Marcus ou Cushman; a questão da subalternidade e da (im)possibilidade de falar no pos-colonialismo de Spivak; as relações entre subjetividade e cultura em Sherry Ortner; e também algumas das críticas centradas nos autores pós-modernos, como as das antropólogas brasileiras Teresa Caldeira ou Mariza Peirano. Organizo este ensaio por autores, sem querer dar conta de todo o que o autor falou sobre o tema em questão e sabendo que o pensamento por ser processual, muda continuamente.
O documento discute o que é romance filosófico, os requisitos para escrever esse tipo de obra e apresenta exemplos de principais romances filosóficos e seus autores. O romance filosófico apresenta questões filosóficas de forma aprofundada e reflexiva através da narrativa, diferentemente de um tratado ou dissertação filosófica.
Todorov introducão à literatura fantástica (pdf)(rev)Rodrigo Rocha
O documento discute os gêneros literários e como classificá-los. Primeiro, aborda questões sobre se é possível estudar um gênero sem ler todas as obras e se existem poucos ou muitos gêneros. Também discute se as obras são únicas ou pertencem a gêneros. Conclui que as obras literárias mantêm relações com outras através dos gêneros, que representam categorias abstratas para classificá-las.
IIMPOSTURAS INTELECTUAIS : resumo das principais discussõesLeticia Strehl
Esquema das principais discussões do livro "Imposturas intelectuais."
Referência:
SOKAL, Alan, BRICMONT, Jean. Imposturas intelectuais. Rio de Janeiro: Record, 1999. Publicado originalmente em francês sob o título Impostures intellectuelles, em 1997.
O documento discute três livros recentemente publicados pela Editora Unesp: (1) A tensão essencial de Thomas Kuhn, que complementa sua obra influente A estrutura das revoluções científicas; (2) Longe do Brasil, entrevista com Claude Lévi-Strauss que destaca sua experiência no Brasil; e (3) Gramática de usos do português, que aborda a língua portuguesa em uso no Brasil.
1) O documento discute o livro Works and Lives de Clifford Geertz, no qual ele analisa quatro antropólogos clássicos: Lévi-Strauss, Evans-Pritchard, Malinowski e Ruth Benedict.
2) Geertz argumenta que o trabalho do antropólogo se legitima na academia através da escrita e publicação. Ele também destaca a importância da linguagem nos escritos antropológicos.
3) A análise de Geertz de cada autor é criticada por ignorar contextos intelectuais e falta de empatia, ap
1) O documento discute as interpretações do pensamento de Nietzsche pelo anarquismo, notando que inicialmente foi visto como individualista, mas que anarquistas e operários também se reconheceram nele.
2) Havia diferenças entre o anarquismo teórico e militante que dificultaram compreender Nietzsche, mas havia afinidades entre ambos em desconstruir distinções modernas.
3) Após as guerras mundiais, só no século XX a leitura filosófica de Nietzsche permitiu ent
Durval Muniz de Albuquerque Júnior reúne artigos sobre teoria da história em três partes: 1) o envolvimento entre história e literatura, 2) as contribuições e polêmicas de Michel Foucault, 3) aspectos variados do trabalho do historiador. O autor defende um caráter artístico e poético para a história pensada com a literatura, não contra ela.
1) O documento discute a teoria do autor sobre o gênero literário nonsense e sua ligação com o contexto histórico e cultural do século XIX.
2) O autor argumenta que o poeta brasileiro Qorpo Santo também produziu obras com características nonsense, embora não tenham alcançado o mesmo nível de realização de Carroll e Lear.
3) A essência do nonsense estaria no confronto insolúvel entre "norma" e "pathos", presente principalmente na obra dos dois autores ingleses.
1. O documento discute a obra e perspectivas literárias de Gonçalo M. Tavares, abordando temas como: a investigação da condição humana, a desconstrução da ideia do "Homem", e a necessidade de se reinventar formas de ser no mundo moderno de forma mais equilibrada com a natureza.
2. Tavares explora esses temas através de gêneros como romance, poesia e ensaios, de forma a propor novas perspectivas ao leitor em vez de "mensagens".
3. Sua tetralog
Este documento discute o pensamento do antropólogo Claude Lévi-Strauss, focando em sua abordagem estruturalista da cultura, busca pela universalidade da condição humana, e visão de que a natureza e cultura são permeáveis.
Este documento compara as filosofias da história de Hegel e Nietzsche em quatro pontos: 1) Ambos praticavam o discurso meta-histórico; 2) Compara os conceitos de razão de cada um; 3) Analisa como paixão e esquecimento fundamentam a ação em cada um; 4) Discute como cada um via o homem culto. O objetivo é mostrar semelhanças e diferenças conceptuais entre os dois pensadores.
e-book "História e Apocalíptica" de Vicente Dobrorukacesarmrios
1. O documento discute as intersecções entre historiografia e religiosidade no mundo antigo, especificamente no que se refere às idades do mundo.
2. O autor argumenta que o mito é essencial para dar sentido e substância aos eventos históricos, mesmo para os primeiros historiadores como Heródoto e Tucídides.
3. Duas abordagens para analisar os mitos são discutidas: a arquetípica e a estruturalista.
1) O texto descreve a admiração de discípulos de Epicuro como Diógenes de Enoanda e Lucrécio pelo seu mestre. Ambos procuraram difundir as ideias de Epicuro, um gravando-as em pedras e outro em um longo poema.
2) As ideias centrais de Epicuro eram o materialismo, o humanismo radical e colocar a verdade a serviço da felicidade humana. Isso fazia do epicurismo um modelo de pensamento capaz de sobreviver através dos séculos.
3) O jovem Marx se interessou profund
1) O documento discute vários conceitos da filosofia, incluindo os pensamentos de Foucault, Nietzsche, Heidegger e outros filósofos.
2) Aborda tópicos como relativismo, linguagem privada, estrutura do tempo e espaço, desconstrução da metafísica e influência da mídia.
3) Reflete sobre como esses filósofos analisariam temas atuais como globalização, tecnologia e mercados mundiais.
O documento resume o livro O Nascimento da Tragédia de Nietzsche, no qual ele distingue entre o elemento apolíneo e o elemento dionisíaco na cultura grega antiga. Nietzsche personifica esses elementos nos deuses Apolo e Dionísio e argumenta que eles representam forças psicológicas e cósmicas fundamentais. Ele também discute como sua própria obra foi influenciada por Schopenhauer mas buscou uma perspectiva mais afirmativa da vida.
Este documento discute a teoria do conto de Ricardo Piglia, que propõe que todo conto contém duas histórias, e analisa como isso se aplica aos contos de Clarice Lispector. A teoria funciona bem para contos clássicos, mas tem limitações para contos modernos em que as histórias dependem mais da interpretação do leitor do que de enredos explícitos. O documento também examina as implicações do fato de um conto de Lispector ter sido publicado em forma fragmentada após sua morte.
O documento discute a teoria literária de Terence Eagleton, apresentada em seu livro Teoria da Literatura: Uma Introdução. Eagleton traça a história do estudo literário desde os românticos até os pós-modernos, discutindo abordagens como formalismo, fenomenologia e hermenêutica. Ele argumenta que a literatura é uma ideologia relacionada a questões de poder social e visão ideológica, e valoriza abordagens marxistas da crítica literária.
Huberto Rohden Einstein - O Enigma do UniversoHubertoRohden1
1) O autor passou anos na Universidade de Princeton onde conheceu e conviveu com Albert Einstein, observando sua personalidade solitária e concentrada.
2) Einstein costumava subir uma colina perto da universidade onde se encontrava com cientistas como Oppenheimer e Bohr, e o autor às vezes o acompanhava nesses passeios solitários.
3) O autor observou que Einstein era um homem profundamente ético e religioso, embora não seguisse nenhuma religião em particular, mostrando que a ética pode ser alcançada
1) O texto introduz uma coletânea de ensaios sobre a teoria antropológica, defendendo a perspectiva de que a teoria é inseparável da etnografia e se manifesta no cotidiano acadêmico e nas interações com colegas.
2) A teoria antropológica não se manifesta apenas em trabalhos monográficos, mas também no dia-a-dia acadêmico, na orientação de alunos e debates.
3) O autor sugere reconhecer a ubiquidade da teoria para entender sua constante
Prolegômenos a uma nova teoria do espaço ficcionalErimar Cruz
Um estudo teórico sobre as atuais modalidades de análise do espaço ficcional e a proposta de um paradigma dinamizado e social da espacialidade, a partir d'Os versos satânicos de Salman Rushdie.
O documento descreve o livro "Setas para o Infinito" de Huberto Rohden, que apresenta a filosofia cósmica ou univérsica. A filosofia cósmica toma o Universo como modelo para o pensamento e a vida humana, enxergando o homem como um microcosmo que reflete o macrocosmo. O livro convida o leitor a elevar seu pensamento para compreender a unidade no diverso do Universo e alcançar a liberdade interior.
1) O documento analisa o romance "A Prisioneira" de Marcel Proust, focando na representação dos sons e da memória.
2) O narrador usa seus sentidos, especialmente a audição, para acessar memórias e compreender a si mesmo, funcionando como um "diapasão" que ecoa sons.
3) Isso representa uma mudança estética na obra de Proust, da metáfora óptica para uma especulação mais linguística e acústica, expressando a relação entre ruído e sentido através da
Roberto machado deleuze ii - entrevista revista filosofiaPedro Menin
O documento discute a carreira acadêmica do filósofo Roberto Machado, especialista em Nietzsche, Deleuze e Foucault. Machado estudou com esses grandes pensadores e publicou diversos livros sobre suas obras. Sua pesquisa atual foca na estética e metafísica presente na obra de Proust.
O artigo discute três perspectivas a partir das quais a filosofia contemporânea aborda o tema da mística: 1) A filosofia analítica da linguagem de Tugendhat, que vê na mística uma forma de relativizar o ego; 2) A fenomenologia de Sartre, que analisa diferentes caminhos ascéticos que levam ao aniquilamento da singularidade; 3) A semiótica de Barthes, que contrasta uma perspectiva mística negativa com uma positiva baseada no uso de linguagem e imagens.
This document summarizes a report prepared by the Romanian Academic Society (SAR) about institutions responsible for public procurement in the construction sector, with support from the Seventh Framework Programme of the European Union. It discusses the data and challenges encountered in processing over 5.7 million procurement records from 44 CSV files totaling over 4.6 million XML records. Key challenges included bad data quality, high disk I/O and CPU usage from processing large volumes, and discrepancies discovered in over 42,000 errata documents that changed contract values and titles. Lessons learned focused on using basic Unix tools instead of too many new tools, optimizing disk storage, understanding source datasets, and the importance of documentation.
Tricia Simonds - Emory Nutrition application spring 2015Andrew Kang
This document contains information from a presentation on nutrition by Patricia Simonds MS, RD, CSCS and Carol M Kelly LD/RD. It discusses the health impacts of adopting a modern lifestyle versus a traditional lifestyle. It also provides tips on making nutrition trade-offs, avoiding genetically modified and processed foods, choosing whole grains and healthy fats, and reading food labels. Overall, the document offers guidance on following a nutritious, whole foods diet.
1) O documento discute a teoria do autor sobre o gênero literário nonsense e sua ligação com o contexto histórico e cultural do século XIX.
2) O autor argumenta que o poeta brasileiro Qorpo Santo também produziu obras com características nonsense, embora não tenham alcançado o mesmo nível de realização de Carroll e Lear.
3) A essência do nonsense estaria no confronto insolúvel entre "norma" e "pathos", presente principalmente na obra dos dois autores ingleses.
1. O documento discute a obra e perspectivas literárias de Gonçalo M. Tavares, abordando temas como: a investigação da condição humana, a desconstrução da ideia do "Homem", e a necessidade de se reinventar formas de ser no mundo moderno de forma mais equilibrada com a natureza.
2. Tavares explora esses temas através de gêneros como romance, poesia e ensaios, de forma a propor novas perspectivas ao leitor em vez de "mensagens".
3. Sua tetralog
Este documento discute o pensamento do antropólogo Claude Lévi-Strauss, focando em sua abordagem estruturalista da cultura, busca pela universalidade da condição humana, e visão de que a natureza e cultura são permeáveis.
Este documento compara as filosofias da história de Hegel e Nietzsche em quatro pontos: 1) Ambos praticavam o discurso meta-histórico; 2) Compara os conceitos de razão de cada um; 3) Analisa como paixão e esquecimento fundamentam a ação em cada um; 4) Discute como cada um via o homem culto. O objetivo é mostrar semelhanças e diferenças conceptuais entre os dois pensadores.
e-book "História e Apocalíptica" de Vicente Dobrorukacesarmrios
1. O documento discute as intersecções entre historiografia e religiosidade no mundo antigo, especificamente no que se refere às idades do mundo.
2. O autor argumenta que o mito é essencial para dar sentido e substância aos eventos históricos, mesmo para os primeiros historiadores como Heródoto e Tucídides.
3. Duas abordagens para analisar os mitos são discutidas: a arquetípica e a estruturalista.
1) O texto descreve a admiração de discípulos de Epicuro como Diógenes de Enoanda e Lucrécio pelo seu mestre. Ambos procuraram difundir as ideias de Epicuro, um gravando-as em pedras e outro em um longo poema.
2) As ideias centrais de Epicuro eram o materialismo, o humanismo radical e colocar a verdade a serviço da felicidade humana. Isso fazia do epicurismo um modelo de pensamento capaz de sobreviver através dos séculos.
3) O jovem Marx se interessou profund
1) O documento discute vários conceitos da filosofia, incluindo os pensamentos de Foucault, Nietzsche, Heidegger e outros filósofos.
2) Aborda tópicos como relativismo, linguagem privada, estrutura do tempo e espaço, desconstrução da metafísica e influência da mídia.
3) Reflete sobre como esses filósofos analisariam temas atuais como globalização, tecnologia e mercados mundiais.
O documento resume o livro O Nascimento da Tragédia de Nietzsche, no qual ele distingue entre o elemento apolíneo e o elemento dionisíaco na cultura grega antiga. Nietzsche personifica esses elementos nos deuses Apolo e Dionísio e argumenta que eles representam forças psicológicas e cósmicas fundamentais. Ele também discute como sua própria obra foi influenciada por Schopenhauer mas buscou uma perspectiva mais afirmativa da vida.
Este documento discute a teoria do conto de Ricardo Piglia, que propõe que todo conto contém duas histórias, e analisa como isso se aplica aos contos de Clarice Lispector. A teoria funciona bem para contos clássicos, mas tem limitações para contos modernos em que as histórias dependem mais da interpretação do leitor do que de enredos explícitos. O documento também examina as implicações do fato de um conto de Lispector ter sido publicado em forma fragmentada após sua morte.
O documento discute a teoria literária de Terence Eagleton, apresentada em seu livro Teoria da Literatura: Uma Introdução. Eagleton traça a história do estudo literário desde os românticos até os pós-modernos, discutindo abordagens como formalismo, fenomenologia e hermenêutica. Ele argumenta que a literatura é uma ideologia relacionada a questões de poder social e visão ideológica, e valoriza abordagens marxistas da crítica literária.
Huberto Rohden Einstein - O Enigma do UniversoHubertoRohden1
1) O autor passou anos na Universidade de Princeton onde conheceu e conviveu com Albert Einstein, observando sua personalidade solitária e concentrada.
2) Einstein costumava subir uma colina perto da universidade onde se encontrava com cientistas como Oppenheimer e Bohr, e o autor às vezes o acompanhava nesses passeios solitários.
3) O autor observou que Einstein era um homem profundamente ético e religioso, embora não seguisse nenhuma religião em particular, mostrando que a ética pode ser alcançada
1) O texto introduz uma coletânea de ensaios sobre a teoria antropológica, defendendo a perspectiva de que a teoria é inseparável da etnografia e se manifesta no cotidiano acadêmico e nas interações com colegas.
2) A teoria antropológica não se manifesta apenas em trabalhos monográficos, mas também no dia-a-dia acadêmico, na orientação de alunos e debates.
3) O autor sugere reconhecer a ubiquidade da teoria para entender sua constante
Prolegômenos a uma nova teoria do espaço ficcionalErimar Cruz
Um estudo teórico sobre as atuais modalidades de análise do espaço ficcional e a proposta de um paradigma dinamizado e social da espacialidade, a partir d'Os versos satânicos de Salman Rushdie.
O documento descreve o livro "Setas para o Infinito" de Huberto Rohden, que apresenta a filosofia cósmica ou univérsica. A filosofia cósmica toma o Universo como modelo para o pensamento e a vida humana, enxergando o homem como um microcosmo que reflete o macrocosmo. O livro convida o leitor a elevar seu pensamento para compreender a unidade no diverso do Universo e alcançar a liberdade interior.
1) O documento analisa o romance "A Prisioneira" de Marcel Proust, focando na representação dos sons e da memória.
2) O narrador usa seus sentidos, especialmente a audição, para acessar memórias e compreender a si mesmo, funcionando como um "diapasão" que ecoa sons.
3) Isso representa uma mudança estética na obra de Proust, da metáfora óptica para uma especulação mais linguística e acústica, expressando a relação entre ruído e sentido através da
Roberto machado deleuze ii - entrevista revista filosofiaPedro Menin
O documento discute a carreira acadêmica do filósofo Roberto Machado, especialista em Nietzsche, Deleuze e Foucault. Machado estudou com esses grandes pensadores e publicou diversos livros sobre suas obras. Sua pesquisa atual foca na estética e metafísica presente na obra de Proust.
O artigo discute três perspectivas a partir das quais a filosofia contemporânea aborda o tema da mística: 1) A filosofia analítica da linguagem de Tugendhat, que vê na mística uma forma de relativizar o ego; 2) A fenomenologia de Sartre, que analisa diferentes caminhos ascéticos que levam ao aniquilamento da singularidade; 3) A semiótica de Barthes, que contrasta uma perspectiva mística negativa com uma positiva baseada no uso de linguagem e imagens.
This document summarizes a report prepared by the Romanian Academic Society (SAR) about institutions responsible for public procurement in the construction sector, with support from the Seventh Framework Programme of the European Union. It discusses the data and challenges encountered in processing over 5.7 million procurement records from 44 CSV files totaling over 4.6 million XML records. Key challenges included bad data quality, high disk I/O and CPU usage from processing large volumes, and discrepancies discovered in over 42,000 errata documents that changed contract values and titles. Lessons learned focused on using basic Unix tools instead of too many new tools, optimizing disk storage, understanding source datasets, and the importance of documentation.
Tricia Simonds - Emory Nutrition application spring 2015Andrew Kang
This document contains information from a presentation on nutrition by Patricia Simonds MS, RD, CSCS and Carol M Kelly LD/RD. It discusses the health impacts of adopting a modern lifestyle versus a traditional lifestyle. It also provides tips on making nutrition trade-offs, avoiding genetically modified and processed foods, choosing whole grains and healthy fats, and reading food labels. Overall, the document offers guidance on following a nutritious, whole foods diet.
Este documento describe brevemente la cultura mexicana. Habla de la ubicación de México en América del Norte y su población de más de 118 millones de personas. También describe la música tradicional mexicana como el mariachi y el norteño, así como el desarrollo posterior del rock mexicano. Brevemente menciona la danza tradicional mexicana y la gastronomía originaria de los pueblos indígenas y españoles.
Este documento presenta el diseño de un software denominado "Sistema de Gestión Institucional" para facilitar la evaluación institucional en el Instituto Técnico Nuestra Señora de Manare. El software constará de una base de datos en Access y un aplicativo con diseño gráfico. El objetivo es mejorar el actual sistema de evaluación mediante el uso de herramientas informáticas que permitan realizar el proceso de manera más eficiente.
La Unión Europea ha acordado un paquete de sanciones contra Rusia por su invasión de Ucrania. Las sanciones incluyen restricciones a las transacciones con bancos rusos clave y la prohibición de la venta de aviones y equipos a Rusia. Los líderes de la UE también acordaron excluir a varios bancos rusos del sistema SWIFT de mensajería financiera.
O documento descreve o contexto histórico e literário do Realismo no Brasil no século XIX. Apresenta os principais pensamentos filosóficos e científicos da época, como Positivismo, Evolucionismo e Determinismo. Destaca Machado de Assis como o fundador do Romance Realista brasileiro, com obras como Memórias Póstumas de Brás Cubas. Também menciona Raul Pompéia como um escritor influenciado por diferentes estilos como o Naturalismo.
1) O documento discute a relação entre ficção e realidade na literatura, analisando como os conceitos de "fictício" e "imaginário" são abordados no romance "Sem Nome" de Helder Macedo.
2) A autora se concentra em um episódio do romance que envolve uma carta fictícia que descreve detalhes violentos da morte de uma personagem, ilustrando como a ficção pode se entrelaçar com a realidade.
3) Ela argumenta que os conceitos de "fictício" e "imaginário" propost
O documento discute o movimento literário do Realismo no século XIX. Apresenta as características desse movimento como a negação da arte pela arte e a representação objetiva da realidade. Também discute a influência do Realismo em Portugal e no Brasil, com ênfase na crítica social presente nos romances realistas brasileiros.
O documento analisa o conto "O Alienista" de Machado de Assis, que critica as pretensões da ciência positivista do século XIX de definir claramente a linha entre razão e loucura. Através da história do médico Simão Bacamarte, que muda constantemente os critérios de normalidade em sua comunidade, a obra denuncia o vínculo entre ciência e poder.
O documento discute a crônica brasileira e faz uma comparação entre os cronistas Rubem Braga e Paulo Mendes Campos. Apresenta o contexto cultural do Rio de Janeiro na década de 1950 e características da crônica como gênero híbrido que mistura fatos e subjetividade. Temas preferenciais de Paulo Mendes Campos em suas crônicas são analisados, como a figura do brotinho e a descrição ideal de um domingo.
O documento discute a teoria literária do crítico inglês Terence Francis Eagleton. Seu livro mais conhecido, Teoria da Literatura: Uma Introdução, traça a história do estudo de texto desde os românticos até os pós-modernos, tentando tornar a teoria literária compreensível ao maior número possível de leitores. O documento também apresenta brevemente as ideias dos formalistas russos e como a fenomenologia influenciou a crítica literária, visando uma leitura das obras imune a qualquer coisa fora delas.
Este documento apresenta um resumo da crítica de C.S. Lewis ao cientificismo e racionalismo amplamente defendidos em histórias de ficção científica de seu tempo, especialmente as de H.G. Wells. Lewis usa sua própria obra de ficção científica "Além do Planeta Silencioso" para criticar essas visões. O documento também fornece contexto biográfico sobre Lewis e descreve a trama do livro, onde o protagonista é sequestrado por cientistas que planejam explorar outros planetas.
Realismo e naturalismo brasil e portugal [salvo automaticamente]Claudia Ribeiro
O documento discute os movimentos literários do Realismo, Naturalismo e Parnasianismo que surgiram na Europa no século XIX, influenciados pelas transformações econômicas, políticas e científicas da época. O Realismo buscava retratar a sociedade de modo mais objetivo e crítico, enquanto o Naturalismo defendia que o comportamento humano é determinado por fatores biológicos e ambientais. Esses movimentos tiveram expressão na literatura francesa e também influenciaram autores portugueses e brasileiros.
Realismo e naturalismo Brasil e Portugal [salvo automaticamente]Claudia Ribeiro
O documento discute os movimentos literários do Realismo, Naturalismo e Parnasianismo que surgiram na Europa no século XIX, influenciados pelas transformações econômicas, políticas e científicas da época. O Realismo buscava retratar a sociedade de modo mais objetivo e crítico, enquanto o Naturalismo defendia que o comportamento humano é determinado por fatores biológicos e ambientais. Esses movimentos tiveram expressão na literatura francesa e portuguesa do período.
O documento fornece um resumo sobre a literatura na Idade Média, abordando tópicos como o que é literatura, gêneros literários como lírico, dramático e épico, e escolas literárias como Trovadorismo, Humanismo e Classicismo. Destaca o Trovadorismo como a escola literária dominante na Idade Média, que legitimava a nova ordem social através da poesia de amor cortês produzida e difundida por trovadores.
O documento discute os movimentos literários do Realismo, Naturalismo e Parnasianismo que surgiram na Europa no século XIX, influenciados pelas transformações socioeconômicas da época como a Revolução Industrial e o pensamento de autores como Marx e Darwin. É apresentado o contexto histórico desses movimentos e suas principais características na literatura e poesia.
Este documento discute as conexões entre o escritor argentino Julio Cortázar e o cineasta italiano Michelangelo Antonioni, especificamente no conto "Las babas del diablo" e no filme baseado nele. Explora como ambos trabalhos exploram o surrealismo e o fantástico de forma não tradicional, misturando elementos realistas e sobrenaturais de forma harmoniosa. Também analisa a influência da fotografia nessas obras e como Cortázar via analogias entre contos, fotografia e cinema.
Este documento resume o livro "A Heresia Humanista – Ensaio Sobre as Paixões de Fim de Século", de José Fernando Tavares, em três frases:
1) O livro analisa como o homem ocidental desenvolveu um interesse pelo fantástico através da literatura e do cinema, explorando temas como monstros e entidades demoníacas.
2) A obra critica o desinteresse contemporâneo pela cultura erudita e a preferência por manifestações culturais medíocres, vendo isso como uma "traição do humanismo
Este documento resume o livro "A Teoria do Romance" de Georg Lukács. O livro é considerado um clássico do estudo do gênero romance e aplica conceitos da filosofia de Hegel à estética. Embora Lukács tenha posteriormente se distanciado da obra devido à sua adesão ao marxismo, o livro permaneceu uma referência fundamental para reflexões estéticas, inclusive as de inspiração marxista.
O documento discute o Realismo e o Naturalismo na literatura brasileira. Apresenta o Realismo como uma reação ao Romantismo, focando na análise psicológica e crítica social. O Naturalismo é visto como uma extensão do Realismo, com ênfase no determinismo e cientificismo. Recomenda-se ensinar esses estilos com foco em Machado de Assis e Aluísio Azevedo, analisando obras como Memórias Póstumas de Brás Cubas e O Cortiço.
O documento discute o conto "O alienista" de Machado de Assis, focando no personagem Simão Bacamarte e sua abordagem científica da razão e loucura. Bacamarte constrói um espaço isolado chamado Casa Verde para estudar a mente humana através de métodos positivistas, porém acaba exercendo um poder questionável sobre os outros. O narrador sugere que a ciência de Bacamarte falta perspectiva crítica.
O documento descreve a polémica literária entre os defensores do ultra-romantismo, realismo e naturalismo retratada no romance Os Maias de Eça de Queirós. Durante um jantar, as personagens Tomás de Alencar e João da Ega discutem animadamente sobre os méritos de cada corrente literária, personificando o romantismo agonizante e o naturalismo em ascensão. A discussão destaca as diferenças entre realismo e naturalismo, sendo este último mais analítico e científico na abordagem dos problemas sociais da época
1) O autor não esperava dar unidade às notas que redigiu sobre acontecimentos culturais brasileiros entre 1992-1996.
2) Ele percebeu que as notas refletiam sua atenção para a alienação da elite intelectual brasileira, presa a modas que a impediam de enxergar verdades óbvias.
3) Este livro completa uma trilogia do autor estudando a patologia intelectual brasileira no contexto mundial.
Relações entre ficção e história. uma breve revisão teórica (1).pdfPatrciaSousa683558
Este documento apresenta uma breve revisão teórica das relações entre ficção e história ao longo da história do pensamento ocidental. Aborda como autores como Platão, Aristóteles, Hegel, Lukács, Barthes e outros pensaram sobre as fronteiras entre o ficcional e o factual no discurso literário e como a literatura pode incorporar elementos da realidade histórica.
O Espetaculo das Racas - Cienti - Lilia Moritz Schwarcz capítulo 2.pdfQueleLiberato
1) O documento discute as diferentes teorias raciais do século XIX, como o positivismo, evolucionismo e darwinismo.
2) No século 18, teorias como as de Buffon e De Pauw passaram a ver os povos americanos como "primitivos" e "degenerados", contrariando visões mais positivas como a de Rousseau.
3) No século XIX, essas teorias serviram de base para novas interpretações raciais, embora tenham sido usadas de forma particular em cada local.
Caderno de Resumos XVIII ENPFil UFU, IX EPGFil UFU E VII EPFEM.pdfenpfilosofiaufu
Caderno de Resumos XVIII Encontro de Pesquisa em Filosofia da UFU, IX Encontro de Pós-Graduação em Filosofia da UFU e VII Encontro de Pesquisa em Filosofia no Ensino Médio
Sistema de Bibliotecas UCS - Chronica do emperador Clarimundo, donde os reis ...Biblioteca UCS
A biblioteca abriga, em seu acervo de coleções especiais o terceiro volume da obra editada em Lisboa, em 1843. Sua exibe
detalhes dourados e vermelhos. A obra narra um romance de cavalaria, relatando a
vida e façanhas do cavaleiro Clarimundo,
que se torna Rei da Hungria e Imperador
de Constantinopla.
Folheto | Centro de Informação Europeia Jacques Delors (junho/2024)Centro Jacques Delors
Estrutura de apresentação:
- Apresentação do Centro de Informação Europeia Jacques Delors (CIEJD);
- Documentação;
- Informação;
- Atividade editorial;
- Atividades pedagógicas, formativas e conteúdos;
- O CIEJD Digital;
- Contactos.
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- https://eurocid.mne.gov.pt/quem-somos
Autor: Centro de Informação Europeia Jacques Delors
Fonte: https://infoeuropa.mne.gov.pt/Nyron/Library/Catalog/winlibimg.aspx?doc=48197&img=9267
Versão em inglês [EN] também disponível em:
https://infoeuropa.mne.gov.pt/Nyron/Library/Catalog/winlibimg.aspx?doc=48197&img=9266
Data de conceção: setembro/2019.
Data de atualização: maio-junho 2024.
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Atividade letra da música - Espalhe Amor, Anavitória.Mary Alvarenga
A música 'Espalhe Amor', interpretada pela cantora Anavitória é uma celebração do amor e de sua capacidade de transformar e conectar as pessoas. A letra sugere uma reflexão sobre como o amor, quando verdadeiramente compartilhado, pode ultrapassar barreiras alcançando outros corações e provocando mudanças positivas.
1. FICÇÃO CIENTÍFICA: O OUTRO LADO DO REALISMO?
Ramiro Giroldo1
RESUMO: O ensaio procura responder, por meio da discussão dos contos “O
consequente extermínio da divertida espécie humana”, de André Carneiro, e
“Chamavam-me de monstro”, de Fausto Cunha, se a ficção científica ainda pode ser
pensada em analogia com o realismo, conforme proposto por Thomas D. Clareson.
Palavras-chave: Ficção Científica; Realismo; Fausto Cunha; André Carneiro.
ABSTRACT: The essay tries to answer – discussing the short-stories “O consequente
extermínio da divertida espécie humana”, by André Carneiro, and “Chamavam-me de
monstro”, by Fausto Cunha – if science fiction still can be thought in analogy to
realism, as proposed by Thomas D. Clareson.
Keywords: Science Fiction; Realism; Fausto Cunha; André Carneiro.
1. Ficção científica como “o outro lado do realismo”
Em 1971, Thomas D. Clareson publicou uma antologia de ensaios sobre ficção
científica intitulada SF: The Other Side of Realism (FC: O Outro Lado do Realismo). A
antologia deve ser lida com dado afastamento: é de um momento em que a exploração
teórico-crítica acerca da ficção científica ainda engatinhava, e textos fundacionais como
Structural Fabulation: An Essay on Fiction of the Future (1975), de Robert E. Scholes,
Pour une Poétique de la Science Fiction (1977), de Darko Suvin, e The Known and the
Unknown: The Iconography of Science-Fiction (1979), de Gary K. Wolfe, ainda
estavam anos distantes da publicação.
SF: The Other Side of Realism é uma mostra do destaque de Clareson, falecido
em 1993, no estudo do gênero. Correndo o risco de impor fronteiras ao que é fluido, é
possível dizer que o volume compila textos de dezesseis acadêmicos (Morris Beja,
Bernard Bergonzi, Patrick J. Callahan, I. F. Clarke, Bruce Franklin, Bem Fuson, Susan
Wood Glicksohn, Mark Hillegas, Jane Hipolito, Julius Kagarlitski, Willis E. McNelly,
1
Doutorando em Literatura Brasileira na Faculdade de Filosofia, Letras e Ciências Humanas da USP, sob
orientação de Jaime Ginzburg e financiamento da FAPESP.
2. Milton A. Mays, Richard D. Mullen, Robert Plank, Rudolf B. Schmerl e Lionel
Stevenson), sete escritores e críticos (Brian Aldiss, James Blish, Michel Butor, Samuel
R. Delany, Stanislaw Lem, Alexei Panshin e Norman Spinrad), três membros do
fandom (Alex Eisenstein, Judith Merril e Frank Rottensteiner) e um crítico de revistas e
jornais (Richard M. Hodgens).
Não é adequado propor que essa heterogeneidade se destine a suprir uma
carência de leituras de cunho acadêmico sobre a ficção científica, como se a presença de
membros do fandom e/ou escritores do gênero fosse producente apenas para preencher
as 356 páginas da antologia. Pelo contrário: ignorando, abolindo ou suspendendo
distinções hierárquicas, é possível perceber confluências e divergências entre leituras
que não são mais ou menos especializadas, mas particulares, donas de especificidades.
A característica se mantém, em diferentes graus, até o presente momento: o estudo
acadêmico do gênero parece singularmente permeável a contribuições de fora do
ambiente universitário, o que pode ser produtivo se efetuada a devida mediação teórica.
O ensaio de Clareson, homônimo da antologia, toma como ponto de partida a
bastante corrente opinião segundo a qual a ficção científica reflete, mais do que
qualquer outra forma literária, o impacto do pensamento científico moderno2
. O autor
não endossa essa linha de pensamento: “Por que dizer isso da ficção científica mais do
que do realismo ou do naturalismo literários? As mesmas forças e preocupações que
criaram a ficção realista e naturalista criaram a ficção científica3
”. Clareson assinala que
a prosa de ficção moderna se origina no século XVIII com o romance, quando a
sociedade letrada em geral se volta do misticismo para o racionalismo.
Acerca de tal mudança, Ian Watt discute, em A Ascensão do Romance, como as
condições da época favoreceram o surgimento do romance, por meio da análise de
autores com os quais teria começado a nova forma literária. Para delimitar o mínimo
denominador comum do gênero romance, Watt estabelece uma analogia com o realismo
filosófico. O ponto será desenvolvido a seguir, a fim de melhor avançar na instância
posta em cena por Clareson.
Discurso do Método, de Descartes, é um elogio da racionalidade como forma de
adquirir uma percepção adequada do mundo, e basta para ilustrar algumas das
2
A opinião parece, hoje, encontrar nova forma em uma frase muito repetida, “o presente alcançou a
ficção científica”, que ignora a função analógica do gênero e parece levar em conta apenas seu pretenso
caráter extrapolativo.
3
Tradução de “why say that of sf any more than of literary realismo or literary naturalism? The same
forces and concerns which created modern realistic-naturalistic fiction creater science fiction”
(CLARESON, 1971, p. 3-4).
3. características do realismo filosófico. O homem que conhece, ou que busca conhecer,
ocupa um lugar central no pensamento do filósofo. A razão, meio para alcançar o
conhecimento, é possuída por todos os homens. Para conhecer, contudo, é preciso que a
razão encontre o método adequado. Razão e método se complementam para que o
conhecimento seja descoberto pelo indivíduo, o que coloca o pensamento de Descartes
em oposição ao realismo escolástico e seu apego ao universal.
De acordo com Watt, o “moderno realismo”, ao contrário do realismo
escolástico segundo o qual os universais correspondem à realidade, se baseia na noção
de que os sentidos podem descobrir a verdade – uma descoberta que cabe ao plano
individual, portanto. A postura geral de tal pensamento realista, bem como a espécie de
problema que ele levanta, possui analogias com o realismo literário.
O realismo formal, o “mínimo denominador comum do gênero romance como
um todo” (WATT, 2007, p. 33), é basilarmente calcado na experiência individual, dado
que Watt relaciona ao realismo filosófico:
Parece que todas as características do romance descritas (...)
contribuem para a consecução de um objetivo que o romancista
compartilha com o filósofo: a elaboração do que pretende ser um
relato autêntico das verdadeiras experiências individuais (WATT,
2007, p. 27).
O individualismo, assim, se apresenta como o ponto de ligação entre o realismo
filosófico e o literário. O romance discutido por Watt, em sua meta de reproduzir a
experiência individual, acaba por conferir autoridade ao argumento filosófico de que a
razão pode desvendar o mundo, pode levar à descoberta.
Retornemos, já munidos de tais considerações, a Clareson. O autor, disposto a
desmentir que o gênero posto em pauta pelo seu artigo é atingido como nenhum outro
pelo pensamento científico, provocativamente observa que o realismo poderia, não sem
alguma propriedade, ter sido chamado de “ficção científica”. O romancista realista se
colocaria, afinal, em uma posição análoga à do cientista, ambos pretensamente
descrevendo a realidade do mundo: o romancista, com a tentativa de representar
fielmente; o cientista, com sua inexorável análise calcada no empirismo. A analogia é
válida, mas o uso da categoria do narrador, ao invés das menções ao “romancista”, seria
mais produtivo, fornecendo um terreno mais firme para a especulação. Lembremos que
o narrador de que Watt trata configura um sujeito cartesiano pleno: imbuído da razão,
nada escapa ao seu imparcial olhar.
4. Clareson dá atenção a manifestações literárias contemporâneas do romance
realista que, de forma algo distinta, também se revelam uma resposta literária à
inclinação para o racionalismo:
Jules Verne e H. G. Wells têm sido saudados como figuras seminais,
como devem ser, mas pensar neles como figuras isoladas ou ilustres
representantes de algum grupo circunstancial de autores é ignorar que
a nova fantasia existia na ficção, quantitativamente, ao menos na
mesma extensão que o realismo. Era verdadeiramente o outro lado do
realismo, uma resposta vizinha à nova era da ciência. A diferença
essencial entre as correntes paralelas de resposta literária está no que
segue: enquanto o realismo/naturalismo reagiu à ameaça do niilismo
advindo do recém-enfatizado conceito de um universo mecanicista, a
ficção científica reagiu às manchetes, às mais óbvias conquistas da
era.4
Paralelamente ao realismo, assim, há exemplos de uma espécie de fantasia que, à
sua própria maneira, também se constituía sob a marca do racionalismo, fazendo uso de
convenções estabelecidas como as “viagens extraordinárias” e a utopia. A ênfase nas
conquistas da ciência pode, nos exemplos mais banais, decair para um ingênuo e
acrítico entusiasmo – a utopia por meio do avanço tecnológico5
. Clareson assinala que
chamar de ficção científica apenas textos que enxergam de maneira positiva a razão e,
4
Tradução de “Jules Verne and H. G. Wells have been saluted as seminal figures, as they should be, but
to think of them as isolated figures or the outstanding representatives of some minute group of writers is
to ignore that the new fantasy existed, quantitatively, in fiction at least to the same extent as did realism.
It was truly the other side of realism, the companion response to the new age of science. The essential
difference between the parallel streams of literary response lay in this: whereas realism-naturalism
reacted to the threat of nihilism incipient in the newly-emphasized concept of a mechanistic universe,
science fiction reacted to the headlines, to the more obvious accomplishments of the age” (CLARESON,
1971, p. 9).
5
Em minha dissertação de mestrado, A Ditadura do Prazer: Ficção científica e literatura utópica em
Amorquia, de André Carneiro, percepções de Sigmund Freud foram articuladas ao desprazer do cidadão
ficcional distópico, defendendo a idéia de que o progresso técnico apenas proporciona um “prazer
barato”. A longa citação que segue explicita o ponto de vista freudiano sobre a questão: “Gostaríamos de
perguntar: não existe, então, nenhum ganho no prazer, nenhum aumento inequívoco no meu sentimento
de felicidade, se posso, tantas vezes quantas me agrade, escutar a voz de um filho meu que está morando
a milhares de quilômetros de distância, ou saber, no tempo mais breve possível depois de um amigo ter
atingido seu destino, que ele concluiu incólume a longa e difícil viagem? Não significa nada que a
medicina tenha conseguido não só reduzir enormemente a mortalidade infantil e o perigo de infecção para
as mulheres no parto, como também, na verdade, prolongar consideravelmente a vida média do homem
civilizado? Há uma longa lista que poderia ser acrescentada a esse tipo de benefícios, que devemos à tão
desprezada era dos progressos científicos e técnicos. Aqui, porém, a voz da crítica pessimista se faz ouvir
e nos adverte que a maioria dessas satisfações segue o modelo do “prazer barato” louvado pela anedota: o
prazer obtido ao se colocar a perna nua para fora das roupas de cama numa noite fria de inverno e
recolhê-la novamente. Se não houvesse ferrovias para abolir as distâncias, meu filho jamais teria deixado
sua cidade natal e eu não precisaria de telefone para ouvir sua voz; se as viagens marítimas transoceânicas
não tivessem sido introduzidas, meu amigo não teria partido em sua viagem por mar e eu não precisaria
de um telegrama para aliviar minha ansiedade a seu respeito” (FREUD, 1997, p. 40).
5. consequentemente, a concepção moderna de ciência, não é mais do que uma
insustentável escolha ideológica.
Segundo Clareson, a chamada “era dos magazines”, capitaneada por editores
como Hugo Gernsback, representa o apogeu de uma ficção científica que encara de
forma irrestritamente positiva a ciência e de forma linear a história, com enredos onde
os avanços tecnológicos são abundantes, mas que não põem em cena descontinuidades
sociais entre o presente e o futuro imaginário. John Campbell, editor de Astounding
Stories, é algo distinto, no que cabe a isso: “encorajou ênfase antropológica ou
sociológica em histórias a ele submetidas, para que, ao invés de super-aventura, o
gênero pudesse explorar o impacto da ciência no indivíduo e na cultura”6
. Contudo, “a
confiança básica na ciência não tinha empalidecido. O homem conquistaria as
estrelas”7
.
Conforme Clareson, o panorama se modifica após Hiroshima, com a produção
quantitativamente mais expressiva de textos de ficção científica que apresentam de
forma negativa não o avanço científico, mas seus possíveis efeitos – o que teria
conferido ao gênero uma nova vitalidade. A ciência, nesses casos, deixa de ser um meio
para alcançar a utopia. O autor se refere especificamente ao caso norte-americano, mas
o ponto encontra paralelos com a ficção científica de outros países. “Água de
Nagasáki”, de Domingos Carvalho da Silva, é um exemplo nacional: no conto, um
homem de origem japonesa contaminado pela radiação procura conforto no interior do
Brasil, mas sua presença mata todos que se tornam caros a ele.
Para Clareson, a melhor ficção, científica ou realista, é aquela que “escapa do
literal e se move em direção à metáfora, ao símbolo”8
. Propõe, na conclusão do ensaio,
que o gênero em pauta possui “a maior liberdade para buscar metáforas que podem falar
da condição humana”9
e que tem o potencial de “dar nova vitalidade ao sonho da
experiência humana”10
.
6
Tradução de “encouraged sociological or anthropological emphasis in stories submitted to him so that
instead of super-adventure, the genre might explore the impact of science upon the individual and the
culture” (CLARESON, 1971, p. 21).
7
Tradução de “The basic confidence in science had not palled. Man would conquer the stars”
(CLARESON, 1971, p. 21).
8
Tradução de “the best fiction escapes the literal and moves toward metaphor, toward symbol”
(CLARESON, 1971, p. 23).
9
Tradução de “the greates freedom to seek metaphors that can speak the condition of man”
(CLARESON, 1971, p. 24).
10
Tradução de “give new vitality to the dream of human experience” (CLARESON, 1971, p. 25).
6. O ensaio “SF: The Other Side of Realism” é bastante articulado ao já comentado
caráter da antologia, que reúne contribuições advindas da academia e da comunidade de
ficção científica (escritores, editores de fanzines). Isso porque aborda com o referencial
da historiografia literária uma noção bastante presente no senso comum – segundo a
qual o gênero demanda plausibilidade científica – e, num mesmo movimento, desmente
outra noção bastante difundida, a de que a ficção científica lida mais produtiva e
ativamente com a realidade científica do que outras manifestações literárias.
Clareson, contudo, dá pouca atenção à forma literária que, por meio da análise
da configuração do narrador, permite a Watt desvendar a especificidade do realismo.
Levando-a em conta, é possível questionar se a ficção científica ainda pode ser
considerada “o outro lado do realismo”. O ponto será discutido, mas, para que a teoria
não soe no vazio, primeiramente é preciso analisar com maior proximidade exemplos
literários. Dois contos, “O consequente extermínio da divertida espécie humana”, de
André Carneiro, e “Chamavam-me de monstro”, de Fausto Cunha, foram escolhidos por
manejarem paradigmaticamente questões que, na contemporaneidade, podem ser
observadas não apenas na ficção científica – embora nela ocorram de forma peculiar,
em uma analogia afim à que Clareson estabelece entre o gênero e o realismo.
2. “O consequente extermínio da divertida espécie humana”, de André
Carneiro
Como é recorrente na produção literária de André Carneiro, “O consequente
extermínio da divertida espécie humana” é formalmente fragmentário. O narrador, se
distanciando de uma configuração narrativa afim ao realismo e problematizando a
representação, agrega com aparência de acaso situações e personagens desconexos, que
são continuamente comentados e alterados em um voluntário rompimento da
verossimilhança e, portanto, da ilusão ficcional. Contribui para tanto, em outro nível de
leitura, a inclusão de traços autobiográficos no discurso do narrador. Trata-se de uma
característica comum a certa produção literária contemporânea, mas em Carneiro ela é
curiosamente acompanhada por paradigmas próprios da ficção científica.
As primeiras sentenças do conto põem em dúvida a razão cartesiana como forma
de compreender o homem. Diz o narrador: “‘Penso, logo existo’. Mas veja esta outra:
‘Penso, logo não sou. Sou quando não penso’” (CARNEIRO, 1997, p. 125). Já na linha
seguinte, é principiado um diálogo entre dois personagens que analisam uma
7. experiência em progresso há mais de um milhão de anos. A experiência, a espécie
humana, é avaliada negativamente: “[Reprodução] incentivada por um prazer que já
levou à superpopulação. Lutam entre si e degeneram até o desaparecimento, mas se
julgam imortais. Um fracasso” (CARNEIRO, 1997, p. 125-126).
O diálogo expõe o que os personagens concebem como uma das falhas do
homem:
- Isto é o que chamam de ciência: “o cérebro recebe informações
através dos órgãos dos sentidos, por meio de vinte e quatro nervos
cranianos e de sessenta e seis nervos espinais. São percebidos pela
‘consciência’ que, seja o que for, situa-se no córtex cerebral”.
- Veja este outro: “a cessação da existência de ambos ou cada um, a
instauração de uma nova era ou calendário, a aniquilação do mundo e
consequente extermínio da espécie humana, inevitáveis, mas
impredizíveis (James Joyce)”.
- Eles acreditam que “ciência” e “ficção” sejam coisas diferentes...
(CLARESON, 1971, p. 126).
Detentores de conhecimento superior ao daqueles que observam como cobaias,
criticam o alcance do pensamento humano. O conto não oferece subsídios para delimitar
de que forma esses personagens apreendem criticamente a realidade e, dessa forma, não
constitui um contraponto positivo para o que é apontado como deficitário no homem.
Permanece, ainda assim, um questionamento da compreensão que, usando o método
como instrumento da razão, lida com fronteiras e compartimentalizações absolutas – no
caso, a separação entre “ciência” e “ficção”.
Em seguida, sem promover a articulação entre um segmento e outro do conto, o
narrador descreve um encontro entre uma mulher, Maria, e um homem, Jorge. Ele, após
dizer “Vou lhe mostrar o segredo do mundo” (CARNEIRO, 1997, p. 126), abre o zíper
da calça, de onde tira “a enorme serpente listrada, de olhos verdes brilhantes”
(CARNEIRO, 1997, p. 126). A mulher desfalece e a serpente, “o próprio pecado”
(CARNEIRO, 1997, p. 126), a possui. O grito consequente “quase partiu as janelas”
(CARNEIRO, 1997, p. 126). Jorge e Maria, então, se levantam, uma cortina se fecha e
uma platéia bate palmas – tudo era uma apresentação teatral. Uma narrativa dentro de
outra, pondo em suspensão, ainda timidamente, a mimese tradicional: a confiabilidade
da representação é enfraquecida pela guinada final da cena.
O terceiro segmento do conto é composto pela fala de um personagem,
delimitada por aspas e encabeçada sucintamente pela frase “Pensamentos gravados
naquele ponto estreito do relógio” (CARNEIRO, 1997, p. 127). A fala tem teor
8. confessional: o personagem discorre sobre suas relações sexuais, preconceitos com
relação às mulheres que foi obrigado a rever e se ressente da educação conservadora
“que tanto fez para que eu odiasse o pecado, acabei amando-o em segredo”
(CARNEIRO, 1997, p. 127). Além da menção ao “pecado” atribuído ao ato sexual, o
segmento não se relaciona com o anterior. Desconjuntados, são retomados na conclusão
do texto.
O segmento seguinte, o mais longo do conto, principia com o narrador se
apresentando como tal:
Sou o criador do planeta. Posso fazê-lo explodir agora, ou arranjar-lhe
uma órbita que o faça dar uma volta na galáxia em duzentos milhões
de anos. (...) Devo criar um planeta, um planetinha feito de alguns
personagens, todos partes de mim mesmo. Fujo das memórias, como
já fugi da polícia, já vi um avião espatifar-se na minha frente, já... sim,
claro, são fatos isolados. O leitor quer saber de uma história, quer se
identificar com alguém, sentir expectativas, explosões... Portanto me
ajudem (CARNEIRO, 1997, p. 128).
Além de desmanchar a ilusão mimética ao assumir a ficcionalidade, o excerto
acima também nubla a distinção entre narrador e autor: fugir da polícia e ver um avião
se espatifar são experiências relatadas por André Carneiro em suas crônicas
autobiográficas11
. O conto, logo em seguida, perturba outra convenção realista, pela
introdução de um personagem (chamado Roberto, não André) que se confunde com o
narrador, mas cujas ações são narradas em terceira pessoa: “Eu, quer dizer, o
personagem, se chama Roberto” (CARNEIRO, 1997, p. 128).
Roberto conhece uma moça chamada Marisa e com ela começa uma relação
“onde o sexo tem muita importância” (CARNEIRO, 1997, p. 128). O narrador expõe
seu pudor em descrever minuciosamente o intercurso sexual e propõe uma votação, com
efeito de humor: “Quem estiver acordado permaneça onde está. Aprovado. Vamos
contar. Quem discordou pode ler as obras completas de Santa Terezinha, mulher
extremamente apaixonada, porém discreta” (CARNEIRO, 1997, p. 127-128). Descreve,
então, a cena. Quando “os dedos se aproximavam da vagina escondida” (CARNEIRO,
1997, p. 128), resolve não fazer nova votação, mas
inventar o aparelho Sexual Feeling Book que, aliás, espalhou-se pelo
mundo com a sigla SFB. É um circuito sensorial em miniatura,
11
Publicadas no fanzine Somnium e posteriormente compiladas no volume Crônicas do André, ainda
inédito.
9. colocado na lombada de cada livro, com o diâmetro de um centímetro.
Ele transmite a sensação dos personagens diretamente ao sistema
nervoso do leitor (CARNEIRO, 1997, p. 128).
A privacidade do casal é devassada: suas experiências sexuais se tornam de
conhecimento público com o lançamento do SFB. A relação é abalada e o narrador
escolhe, não sem demonstrar indecisão, o diferente rumo que cada personagem vai
tomar após a separação. Após um reencontro insólito, vêm a conhecer outro casal do
conto, os “artistas underground [que] moravam no apartamento vizinho ao de Roberto”
(CARNEIRO, 1997, p. 133), chamados Jorge e Maria. Despem-se todos, mas, segundo
o narrador, “por razões de censura e abaixo-assinados contra a dissolução dos costumes
que solapa a família, o referido trecho teve que ser cortado” (CARNEIRO, 1997, p.
133).
Nas últimas sentenças do conto, o narrador comenta que os personagens a
observar o experimento no princípio do texto são alienígenas, e que a espécie humana
“nem humana é. Somos simplesmente um tipo de robô feito de carne e osso artificiais,
deixados aqui lá por volta da primeira aparição do cometa Halley e cuja evolução foi
liquidada por volta da quarta guerra nuclear” (CARNEIRO, 1997, p. 133). O conto se
encerra, então, com um comentário acerca do segmento transcorrido “no ponto estreito
do relógio”, em que um homem indefinido tece observações sobre sua forma de encarar
o sexo: “o trecho (...) está sendo estudado por antropólogos remanescentes, todos eles
atribuindo a este conto a maior importância, o que, espero, impressione a meu favor os
mais exigentes leitores” (CARNEIRO, 1997, p. 133). Manuscrito encontrado na garrafa
pelos homens de um futuro pós-apocalíptico, o conto explicitamente demanda uma
leitura aberta.
“O consequente extermínio da divertida espécie humana”, no marcado teor
metanarrativo e na forma fragmentária e cambiante, não representa um “outro lado do
realismo”, mas um divórcio do realismo. Embora nisso o conto muito se afaste das
proposições de Clareson acerca do desenvolvimento análogo da ficção científica e do
realismo, é importante demarcar que ele o faz, curiosamente, sem abandonar a filiação
genérica à ficção científica. Recorrendo a Darko Suvin, em Pour une Poétique de la
Science Fiction, é possível observar que o conto faz uso, com os alienígenas e o SFB, de
alguns nova, as “novidades distanciadas” que instituem o efeito do distanciamento
cognitivo e, assim, permitem o estabelecimento de analogias entre o quadro imaginário
e a realidade experimentada no dia-a-dia do leitor.
10. 3. “Chamavam-me de Monstro”, de Fausto Cunha
O conto “Chamavam-me de Monstro”, incluído no primeiro dos quatro volumes
de prosa de Fausto Cunha, principia como segue:
Se algum dia eu voltar a Ghrh, falarei deste lugar maravilhoso que é o
planeta Terra. Mas é bem possível que eu não volte nunca.
Por exemplo. Quando eu não fazia mal a ninguém, quando procurava
apenas aclimatar-me e obter um pouco de alimento, chamavam-me de
monstro e queriam destruir-me. Hoje que involuntariamente, pelos
resultados que só posso conhecer a posteriori, sou um perigo a priori,
ninguém me teme nem me persegue: nem as mulheres nem os cães.
Até conquistei muitos amigos. Duraram pouco, é verdade, porque me
transformei neles, mas isso não quer dizer que me abominassem
(CUNHA, 1960, p. 42).
Enquanto figura da alteridade, antes de se “transformar” naqueles com quem
trava contato, ele era odiado porque mantinha os traços que denunciavam sua natureza
alienígena e que também a continham. Blixt, quando chega à Terra, é recebido com
temor e curiosidade. Bombardeado com artefatos nucleares, que lhe causam “uma
grande sensação de bem-estar” (CUNHA, 1960, p. 41), a princípio pensa que os homens
desejam alimentá-lo, mas canhestramente acaba por perceber a natureza das agressões:
“Parece que ficaram um pouco assustados com meu tamanho e isso me serviu de
consolo. Em Ghrh sempre fui tido por um ente subdesenvolvido e todo o mundo se
julgava no direito de devorar-me” (CUNHA, 1960, p. 41). Estabelece-se um
contraponto entre a percepção humana e a dos “ghrhianos”: destituído de força em seu
mundo, o narrador é temível na Terra.
Escolhida a estratégia de se adequar, na Terra, por meio de um mimetismo
destrutivo, o personagem perde o que lhe é próprio. A adoção de identidades alheias em
detrimento da própria, com fins de adequação a um contexto desagradável, tem
consequências negativas ao narrador. Torna-se outro à custa de sua própria identidade,
que não é complementada ou enriquecida, mas diluída:
Sinto que há em minha natureza alguma coisa igual à dos homens,
alguma coisa que os homens podem compreender e aceitar. Talvez
esteja vendo tudo pelo prisma errado: minha natureza é que
compreende e aceita os homens. Talvez, também, as sucessivas
personalidades que tenho absorvido prejudiquem meu raciocínio. (...)
Não me tratam como o Blixt-o-ghriano-amigo-e-inofensivo como eu
gostaria (nós ghrianos temos a boa obsessão da personalidade), mas
11. sim como a pessoa em que me tornei – alguém que eles julgam vivo
como dantes (CUNHA, 1960, p. 42).
Deve-se assinalar a instituição, no excerto acima, de uma particularidade do
narrador. Imbricado pelo homem e com ele já confundido, ele é incapaz de refletir “de
fora” acerca das relações humanas, ao contrário do que as primeiras sentenças do conto
parecem prometer. O narrador se revela, ele próprio, um exemplo do unheimlich
discutido por Sigmund Freud em “O estranho”: em um só movimento, é estranho e
familiar, é o outro e o mesmo.
De teor metanarrativo, a conclusão do conto busca um efeito cômico:
Neste momento, sou um escritor de “science-fiction”. (...) Li alguns
trabalhos de meu “antecessor” e presumo que fiz uma caridade
libertando-o de sua imaginação, não importa o que ela seja. (...)
Nunca foi à Constelação do Cisne, jamais ouviu falar de Ghrh ou de
Gúzri, descreve uns marcianos que se existem absolutamente não
vivem em Marte. (...) É surpreendente não haver em sua obra a menor
referência a G... a G... zg... a... (CUNHA, 1960, p. 47. Grifo nosso).
É exposto que o narrador se pauta por uma compreensão estereotípica do outro.
Este continua inacessível, rejeitadas ou ignoradas as características que o definem – no
caso, a imaginação. Incapaz de prosseguir com o fazer do “escritor de ‘science-fiction’”,
interrompe bruscamente a narrativa; aprisionado em um discurso que ele próprio não
compreende, parece encontrar seu fim.
O narrador se mostra, no decorrer de “Chamavam-me de monstro”, incapaz de
manter a linearidade de seu discurso: seu relato é permeado por indeterminações,
recuos, lapsos e hesitações, indicativos de uma consciência que não possui pleno
controle sobre si própria. Segundo Anatol Rosenfeld, em Texto/Contexto I, acerca da
arte moderna,
[E]spaço e tempo, formas relativas da nossa consciência, mas sempre
manipuladas como se fossem absolutas, são por assim dizer
denunciadas como relativas e subjetivas. A consciência como que põe
em dúvida o seu direito de impor às coisas – e à própria vida psíquica
– uma ordem que já não parece corresponder à realidade verdadeira.
(...) Trata-se, antes de tudo, de um processo de desmascaramento do
mundo epidérmico do senso comum. (...) Duvidando da posição
absoluta da “consciência central”, ela repete o que faz a sociologia do
conhecimento, com sua reflexão crítica sobre as posições ocupadas
pelo sujeito cognoscente (ROSENFELD, 1973, p. 81).
12. O que a arte moderna traz de novo, na perspectiva de Rosenfeld, não é
necessariamente o descentramento da consciência como particularidade temática, mas
sua incorporação à estrutura da obra. É o caso de “Chamavam-me de monstro”: temática
e estruturalmente, não há espaços para certezas. Forma e tema interagem com sucesso,
tornando indissociáveis a conformação do narrador e o processo de diluição da
identidade que é narrado.
Segundo Joel Birman, a psicanálise freudiana foi responsável por retirar a
“ancoragem da pretensão humana, o último reduto da superioridade do homem, ao
enunciar que a consciência não é soberana no psiquismo do indivíduo e que o eu não é
autônomo no funcionamento psíquico” (BIRMAN, 1993, p. 20). O sujeito cartesiano
modelarmente constituído pelo realismo literário é, assim, posto em xeque.
Analogamente a “O consequente extermínio da divertida espécie humana”, o
conto não pode ser considerado um “outro lado do realismo”. Apresenta um narrador
cuja configuração questiona a noção de um sujeito cartesiano, centrado e dono da razão.
Por meio do distanciamento característico da ficção científica, o conto configura um
sujeito que não é senhor de si próprio.
4. Ciência aberta, verdade dinâmica
No ensaio Three World Paradigms for SF, Darko Suvin observa na ficção
científica contemporânea uma conformação pertinente à ciência da era de Einstein. Para
ele, “a ficção científica será mais significante à proporção em que se emancipar
claramente tanto da clássica utopia quanto da clássica distopia como paradigmas
estáticos e fechados”12
. Segundo o autor, a ficção científica de hoje deve evitar a noção
de uma história que transcorre linearmente e sem solavancos, como na eterna felicidade
utópica e na eterna revolução da distopia, e propor uma verdade dinâmica, em simetria
com a ciência aberta de nossos dias.
Articulando a noção de Suvin à pauta deste texto, é possível propor em que os
contos comentados de Carneiro e Cunha se distanciam essencialmente da ficção
científica abordada por Clareson. Textos do gênero alinhados ao “outro lado do
realismo” são marcados por uma percepção de mundo fechada, influenciada pela
filosofia cartesiana e crendo-se soberana por articular razão a método. Os contos aqui
12
Tradução de “SF Will be the more significant the more clearly it emancipates itself from both classical
utopia and classical dystopia as static and closed paradigms” (SUVIN, 1988, p. 104).
13. discutidos, pelo contrário, rompem com essa percepção no caráter de seus narradores e,
assim, voltam ao mundo um olhar aberto, avesso a juízos definitivos. Ao invés da
certeza científica, uma einsteniana verdade relativa que muda conforme a perspectiva.
Encerrando este texto, um ponto demanda esclarecimento. A exploração crítica
da ficção científica em geral, mas especialmente a dedicada a uma verdade dinâmica,
não deve apontar como válido um caminho único, fechado. Ou seja, cada texto literário
digno de atenção se relaciona de maneira distinta com o espírito de sua época, e as
opções tomadas por Carneiro e Cunha em seus respectivos contos não esgotam a
possibilidade da ficção científica explorar caminhos diversos, antes pelo contrário.
Referências:
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Visões; v. 1).
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side of realism. Bowling Green: Bowling Green University Popular Press, 1971.
CUNHA, Fausto. As Noites Marcianas. Rio de Janeiro: Edições GRD, 1960.
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da diferença. In: ______. Estilo e modernidade em psicanálise. São Paulo: Editora 34,
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/ CCHS, Universidade Federal de Mato Grosso do Sul, Campo Grande, 2008.
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14. SCHOLES, Robert E.. Structural Fabulation: An Essay on Fiction of the Future. Notre
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Vários Autores. São Paulo: EdArt, 1965.
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