O documento discute a carreira acadêmica do filósofo Roberto Machado, especialista em Nietzsche, Deleuze e Foucault. Machado estudou com esses grandes pensadores e publicou diversos livros sobre suas obras. Sua pesquisa atual foca na estética e metafísica presente na obra de Proust.
O documento apresenta um resumo do livro "O discurso filosófico da modernidade" de Jürgen Habermas. O autor argumenta que Habermas faz uma retomada da Teoria Crítica ao desvelar a crise da modernidade e propor uma solução prática na forma da Teoria da Ação Comunicativa, que poderia indicar caminhos para a interdisciplinaridade necessária na compreensão de objetos complexos como a questão ambiental. Adiante, o autor explica como Habermas analisa três vertentes filosóficas surgidas após Hegel e como a
Este documento apresenta a história da psicografia de um conjunto de sonetos pelo poeta Augusto dos Anjos através do médium Gilberto Campista Guarino. Descreve a admiração de Hernani Guimarães Andrade pelo poeta e como, durante uma conversa, Guarino psicografou um soneto de Anjos. Andrade mais tarde recebeu o título do soneto diretamente de Anjos, mostrando que o espírito do poeta ainda se interessava por temas filosóficos.
1) O documento discute as interpretações do pensamento de Nietzsche pelo anarquismo, notando que inicialmente foi visto como individualista, mas que anarquistas e operários também se reconheceram nele.
2) Havia diferenças entre o anarquismo teórico e militante que dificultaram compreender Nietzsche, mas havia afinidades entre ambos em desconstruir distinções modernas.
3) Após as guerras mundiais, só no século XX a leitura filosófica de Nietzsche permitiu ent
1) O artigo analisa a influência da filosofia de Schopenhauer no trabalho inicial de Nietzsche "O Nascimento da Tragédia", especialmente no que se refere à filosofia da arte.
2) Embora Nietzsche tenha usado as categorias de Schopenhauer, ele conseguiu escapar do pessimismo característico da filosofia de Schopenhauer.
3) No entanto, permanece a questão se Nietzsche realmente superou o pessimismo ou se sua solução permaneceu dentro de uma filosofia marcad
1) O documento discute o livro Works and Lives de Clifford Geertz, no qual ele analisa quatro antropólogos clássicos: Lévi-Strauss, Evans-Pritchard, Malinowski e Ruth Benedict.
2) Geertz argumenta que o trabalho do antropólogo se legitima na academia através da escrita e publicação. Ele também destaca a importância da linguagem nos escritos antropológicos.
3) A análise de Geertz de cada autor é criticada por ignorar contextos intelectuais e falta de empatia, ap
Michel Foucault comenta as primeiras reações ao resultado das eleições presidenciais francesas de 1981 que levaram a esquerda ao poder com François Mitterrand. Ele destaca três pontos: 1) questões sociais negligenciadas por muito tempo foram colocadas na agenda política; 2) as primeiras medidas do governo estão alinhadas com uma "lógica de esquerda"; 3) essas medidas não seguem a opinião majoritária em temas como pena de morte e imigração.
Nascimento, c.l. a centralidade da epoché na fenomenologia husserlianaÉrika Renata
1) A epoché é um conceito cético que Husserl adota para sua fenomenologia, colocando entre parênteses o mundo exterior e focando apenas na esfera da consciência.
2) A epoché visa alcançar um rigor científico absoluto, suspendendo julgamentos sobre a existência do mundo ou objetos para focar nas vivências da consciência.
3) Ao colocar o mundo "entre parênteses", Husserl busca fundamentar o conhecimento a partir da esfera da consciência, que é imediatamente evident
1) Há duas abordagens para interpretar sistemas filosóficos: dogmática, que se concentra na verdade das teses, e genética, que busca suas causas históricas.
2) O método dogmático examina a doutrina de acordo com a intenção do autor no tempo lógico do sistema. O método genético pode explicar o sistema além das intenções do autor.
3) Um método ideal para a história da filosofia seria ao mesmo tempo científico e filosófico, permanecendo fiel à verdade histó
O documento apresenta um resumo do livro "O discurso filosófico da modernidade" de Jürgen Habermas. O autor argumenta que Habermas faz uma retomada da Teoria Crítica ao desvelar a crise da modernidade e propor uma solução prática na forma da Teoria da Ação Comunicativa, que poderia indicar caminhos para a interdisciplinaridade necessária na compreensão de objetos complexos como a questão ambiental. Adiante, o autor explica como Habermas analisa três vertentes filosóficas surgidas após Hegel e como a
Este documento apresenta a história da psicografia de um conjunto de sonetos pelo poeta Augusto dos Anjos através do médium Gilberto Campista Guarino. Descreve a admiração de Hernani Guimarães Andrade pelo poeta e como, durante uma conversa, Guarino psicografou um soneto de Anjos. Andrade mais tarde recebeu o título do soneto diretamente de Anjos, mostrando que o espírito do poeta ainda se interessava por temas filosóficos.
1) O documento discute as interpretações do pensamento de Nietzsche pelo anarquismo, notando que inicialmente foi visto como individualista, mas que anarquistas e operários também se reconheceram nele.
2) Havia diferenças entre o anarquismo teórico e militante que dificultaram compreender Nietzsche, mas havia afinidades entre ambos em desconstruir distinções modernas.
3) Após as guerras mundiais, só no século XX a leitura filosófica de Nietzsche permitiu ent
1) O artigo analisa a influência da filosofia de Schopenhauer no trabalho inicial de Nietzsche "O Nascimento da Tragédia", especialmente no que se refere à filosofia da arte.
2) Embora Nietzsche tenha usado as categorias de Schopenhauer, ele conseguiu escapar do pessimismo característico da filosofia de Schopenhauer.
3) No entanto, permanece a questão se Nietzsche realmente superou o pessimismo ou se sua solução permaneceu dentro de uma filosofia marcad
1) O documento discute o livro Works and Lives de Clifford Geertz, no qual ele analisa quatro antropólogos clássicos: Lévi-Strauss, Evans-Pritchard, Malinowski e Ruth Benedict.
2) Geertz argumenta que o trabalho do antropólogo se legitima na academia através da escrita e publicação. Ele também destaca a importância da linguagem nos escritos antropológicos.
3) A análise de Geertz de cada autor é criticada por ignorar contextos intelectuais e falta de empatia, ap
Michel Foucault comenta as primeiras reações ao resultado das eleições presidenciais francesas de 1981 que levaram a esquerda ao poder com François Mitterrand. Ele destaca três pontos: 1) questões sociais negligenciadas por muito tempo foram colocadas na agenda política; 2) as primeiras medidas do governo estão alinhadas com uma "lógica de esquerda"; 3) essas medidas não seguem a opinião majoritária em temas como pena de morte e imigração.
Nascimento, c.l. a centralidade da epoché na fenomenologia husserlianaÉrika Renata
1) A epoché é um conceito cético que Husserl adota para sua fenomenologia, colocando entre parênteses o mundo exterior e focando apenas na esfera da consciência.
2) A epoché visa alcançar um rigor científico absoluto, suspendendo julgamentos sobre a existência do mundo ou objetos para focar nas vivências da consciência.
3) Ao colocar o mundo "entre parênteses", Husserl busca fundamentar o conhecimento a partir da esfera da consciência, que é imediatamente evident
1) Há duas abordagens para interpretar sistemas filosóficos: dogmática, que se concentra na verdade das teses, e genética, que busca suas causas históricas.
2) O método dogmático examina a doutrina de acordo com a intenção do autor no tempo lógico do sistema. O método genético pode explicar o sistema além das intenções do autor.
3) Um método ideal para a história da filosofia seria ao mesmo tempo científico e filosófico, permanecendo fiel à verdade histó
Este documento apresenta uma dissertação de mestrado sobre a ideia de morte no pensamento de Montaigne, especialmente em sua suposta "fase estoica". O resumo descreve a tese evolutiva de Pierre Villey sobre a filosofia de Montaigne, segundo a qual ele teria passado por três fases: inicialmente estoica, depois cética e finalmente mais pessoal. O trabalho analisa os conceitos de morte, razão e natureza em Montaigne, comparando-o com Sêneca, e busca avaliar a existência de uma fase estoica inicial.
Este documento discute a visão de Heidegger sobre o "esquecimento do Ser" e sua crítica à metafísica e ao humanismo. Heidegger acreditava que a metafísica ocidental colocou o homem em posição de ansiedade em relação ao ser e instaurou uma ciência da falta. Embora Heidegger não tenha desenvolvido uma teoria do trágico, o documento sugere que a superação da metafísica e do humanismo pode estar relacionada à experiência do sentimento trágico da existência encontrada nos greg
Deleuze, gilles & guatari, félix o que é a filosofiaEVALDO DE ALMEIDA
1) O documento discute o que é filosofia e propõe que a filosofia é a arte de formar e inventar conceitos.
2) Os autores argumentam que conceitos requerem "personagens conceituais" para definí-los, como o amigo. Porém, o significado de amigo mudou com a filosofia grega.
3) A filosofia grega submeteu o amigo a uma violência conceitual, tornando-o uma categoria viva do pensamento em vez de uma relação com outro indivíduo.
A ideia de uma filosofia primeira na fenomenologia de Husserl, Pedro AlvesDevair Sanchez
1) A questão fundamental da fenomenologia de Husserl é estabelecer um conhecimento absolutamente válido e definitivo da realidade objetiva.
2) As ciências positivas buscam responder a esta questão de forma ingênua, mas não analisam criticamente os fundamentos dessa possibilidade.
3) A fenomenologia pretende converter esta questão em uma questão prévia e analisá-la criticamente para fundamentar a possibilidade de um conhecimento científico válido.
O autor critica a abordagem da ciência moderna que trata os objetos como meras variáveis para manipulação, ignorando sua opacidade. Ele argumenta que a ciência deve reconhecer que suas construções se baseiam em um mundo existente, em vez de reivindicar autonomia total. A filosofia também deve evitar reduzir o pensamento a mera operação cega, e reconhecer que o conhecimento surge de nosso contato com o mundo.
O documento apresenta uma introdução ao livro "Michel Foucault: conceitos essenciais" de Judith Revel, que resume os principais conceitos da obra de Michel Foucault de forma alfabética. A introdução destaca a complexidade da obra foucaultiana e o objetivo do livro de apresentar seus conceitos de forma dinâmica, considerando suas evoluções e problematizações ao longo do tempo.
O documento resume o livro O Nascimento da Tragédia de Nietzsche, no qual ele distingue entre o elemento apolíneo e o elemento dionisíaco na cultura grega antiga. Nietzsche personifica esses elementos nos deuses Apolo e Dionísio e argumenta que eles representam forças psicológicas e cósmicas fundamentais. Ele também discute como sua própria obra foi influenciada por Schopenhauer mas buscou uma perspectiva mais afirmativa da vida.
1) O artigo examina o prefácio de 1886 à segunda edição de Humano, Demasiado Humano, destacando sua importância para entender a obra de Nietzsche.
2) Argumenta que os prefácios de 1886 constituem uma "autobiografia filosófica" que interliga as obras de Nietzsche e ajuda a compreender sua evolução.
3) Discutem-se temas comuns nos prefácios como moral, solidão e pessimismo para demonstrar a unidade do pensamento de Nietzsche.
O texto discute como alguns pensadores atuais consideram Nietzsche um paradigma e como seu pensamento influenciou as ciências humanas. Apresenta exemplos dos trabalhos de Michel Foucault, Paul Veyne, Gianni Vattimo e Paul Virilio, que introduziram conceitos nietzscheanos nessas áreas. Questiona se Nietzsche pode ser considerado um modelo, já que se distanciou da noção platônica de modelo/cópia.
Pinho, l. c. a presença de nietzsche na obra de foucault mais do que uma af...LuizCelso1966
Este documento discute a presença de Nietzsche na obra de Foucault. Apesar de Foucault se declarar "simplesmente nietzschiano", há pouca análise das ideias específicas de Nietzsche que influenciaram Foucault. O documento argumenta que é necessário examinar cuidadosamente os escritos de Foucault para entender melhor esta relação, já que há tanto afinidades quanto possíveis desacordos entre os dois pensadores.
1) O documento discute a relação entre a filosofia de Schopenhauer e a filosofia genealógica de Nietzsche, Marx e Freud.
2) Apesar das diferenças entre seus pensamentos, Schopenhauer pode ser considerado o primeiro filósofo a adotar uma perspectiva genealógica em sua obra.
3) Isso porque Schopenhauer já buscava relacionar fenômenos filosóficos a suas origens subjacentes em 1819, antecipando de certa forma a abordagem genealóg
1) A autora descreve sua experiência como estudante em Paris durante os eventos de maio de 1968 e como isso influenciou seu pensamento político.
2) Ela fala sobre ter recebido um título de doutor honoris causa da Universidade de Paris VIII, onde estudou, e como isso a faz se sentir conectada aos seus professores franceses.
3) A autora reflete sobre por que escolheu filosofia, desde lembranças de infância até como as aulas de um professor a introduziram ao pensamento filosófico.
SOBRE AUTORES E AUTORIDADES NA ANTROPOLOGIAJosep Segarra
Este ensaio teórico pretende fomentar a reflexão sobre a questão da autoria na escrita etnográfica. A partir de algumas obras de diferentes autores chave nesta temática, procuro pensar como estes especialistas consideram que os autores das etnografias podem ou devem se colocar no texto e na relação com as pessoas com as quais pesquisam. Analiso o interpretativismo geertziano; a questão da autoria em Foucault e Barthes; algumas propostas de autores considerados pós-modernos, como Clifford, Marcus ou Cushman; a questão da subalternidade e da (im)possibilidade de falar no pos-colonialismo de Spivak; as relações entre subjetividade e cultura em Sherry Ortner; e também algumas das críticas centradas nos autores pós-modernos, como as das antropólogas brasileiras Teresa Caldeira ou Mariza Peirano. Organizo este ensaio por autores, sem querer dar conta de todo o que o autor falou sobre o tema em questão e sabendo que o pensamento por ser processual, muda continuamente.
1. O documento apresenta a introdução do livro "A Poética do Devaneio" de Gaston Bachelard, que discute o método fenomenológico aplicado ao estudo das imagens poéticas.
2. Bachelard defende que a fenomenologia permite apreciar cada imagem poética em sua singularidade, como uma origem absoluta de consciência.
3. Ele argumenta que o método fenomenológico exige que se ative a participação na imaginação criante do poeta, em vez de se limitar a uma passividade d
Este documento resume o livro "A Heresia Humanista – Ensaio Sobre as Paixões de Fim de Século", de José Fernando Tavares, em três frases:
1) O livro analisa como o homem ocidental desenvolveu um interesse pelo fantástico através da literatura e do cinema, explorando temas como monstros e entidades demoníacas.
2) A obra critica o desinteresse contemporâneo pela cultura erudita e a preferência por manifestações culturais medíocres, vendo isso como uma "traição do humanismo
O documento discute o método fenomenológico como uma abordagem para as ciências humanas que se concentra nos fenômenos tal como eles aparecem na experiência, ao invés de tentar explicá-los causalmente. O método enfatiza a descrição do "mundo vivido" e busca compreender os significados subjacentes à ação humana questionando pressupostos tidos como naturais. A fenomenologia oferece uma alternativa às abordagens positivistas que tentavam tratar os fenômenos humanos da mesma forma que as ciências
Trata-se de um documento sobre a fenomenologia de Maurice Merleau-Ponty que discute:
1) As contradições aparentes na definição de fenomenologia e a necessidade de uma abordagem fenomenológica;
2) A rejeição da abordagem científica e a visão do mundo como fundamento da experiência;
3) A diferença entre a análise reflexiva e a descrição fenomenológica que busca descrever o mundo tal como é percebido.
Margareth rago o anarquismo e a históriamoratonoise
Este documento discute as semelhanças e diferenças entre o pensamento de Michel Foucault e a tradição anarquista, particularmente o trabalho da anarquista italiana Luce Fabbri. Ambos enfatizam a importância de diagnosticar os problemas do presente e encontrar novas saídas, e criticam o poder em suas manifestações. No entanto, eles divergem na questão do sujeito e no anti-humanismo presente em Foucault.
O documento resume os principais conceitos e procedimentos metodológicos da analítica do poder de Michel Foucault, incluindo: 1) o poder como relação móvel entre forças heterogêneas, não como propriedade; 2) a noção de microfísica do poder fora dos marcos jurídicos e econômicos; 3) a genealogia como método arqueológico e documental.
1) O documento discute a transição das sociedades disciplinares para as sociedades de controle, onde o confinamento é substituído por formas de controle mais flexíveis e modulares.
2) Nas sociedades de controle, a linguagem numérica e as cifras substituem as palavras de ordem e os números de matrícula das sociedades disciplinares.
3) O documento argumenta que atualmente vivemos em uma sociedade de controle, onde instituições como a escola e a fábrica estão em crise e no
O documento discute as ideias de Michel Foucault e Gilles Deleuze sobre as sociedades disciplinares e de controle. Foucault analisa como a disciplina é usada para controlar minuciosamente os corpos através de vigilância, horários e normalização. Deleuze descreve a sociedade de controle, onde as pessoas têm a ilusão de autonomia mas são controladas à distância por bancos, empresas e governo.
O documento discute as obras e ideias principais de Michel Foucault sobre o poder e o corpo. Foucault analisa como o poder se dissemina na sociedade através de instituições como escolas, exército e prisões para vigiar e controlar os corpos de forma sutil através de exames e sanções. Ele também questiona noções tradicionais de saber e verdade ao mostrar como estas são usadas para fins de controle social.
Este documento apresenta uma dissertação de mestrado sobre a ideia de morte no pensamento de Montaigne, especialmente em sua suposta "fase estoica". O resumo descreve a tese evolutiva de Pierre Villey sobre a filosofia de Montaigne, segundo a qual ele teria passado por três fases: inicialmente estoica, depois cética e finalmente mais pessoal. O trabalho analisa os conceitos de morte, razão e natureza em Montaigne, comparando-o com Sêneca, e busca avaliar a existência de uma fase estoica inicial.
Este documento discute a visão de Heidegger sobre o "esquecimento do Ser" e sua crítica à metafísica e ao humanismo. Heidegger acreditava que a metafísica ocidental colocou o homem em posição de ansiedade em relação ao ser e instaurou uma ciência da falta. Embora Heidegger não tenha desenvolvido uma teoria do trágico, o documento sugere que a superação da metafísica e do humanismo pode estar relacionada à experiência do sentimento trágico da existência encontrada nos greg
Deleuze, gilles & guatari, félix o que é a filosofiaEVALDO DE ALMEIDA
1) O documento discute o que é filosofia e propõe que a filosofia é a arte de formar e inventar conceitos.
2) Os autores argumentam que conceitos requerem "personagens conceituais" para definí-los, como o amigo. Porém, o significado de amigo mudou com a filosofia grega.
3) A filosofia grega submeteu o amigo a uma violência conceitual, tornando-o uma categoria viva do pensamento em vez de uma relação com outro indivíduo.
A ideia de uma filosofia primeira na fenomenologia de Husserl, Pedro AlvesDevair Sanchez
1) A questão fundamental da fenomenologia de Husserl é estabelecer um conhecimento absolutamente válido e definitivo da realidade objetiva.
2) As ciências positivas buscam responder a esta questão de forma ingênua, mas não analisam criticamente os fundamentos dessa possibilidade.
3) A fenomenologia pretende converter esta questão em uma questão prévia e analisá-la criticamente para fundamentar a possibilidade de um conhecimento científico válido.
O autor critica a abordagem da ciência moderna que trata os objetos como meras variáveis para manipulação, ignorando sua opacidade. Ele argumenta que a ciência deve reconhecer que suas construções se baseiam em um mundo existente, em vez de reivindicar autonomia total. A filosofia também deve evitar reduzir o pensamento a mera operação cega, e reconhecer que o conhecimento surge de nosso contato com o mundo.
O documento apresenta uma introdução ao livro "Michel Foucault: conceitos essenciais" de Judith Revel, que resume os principais conceitos da obra de Michel Foucault de forma alfabética. A introdução destaca a complexidade da obra foucaultiana e o objetivo do livro de apresentar seus conceitos de forma dinâmica, considerando suas evoluções e problematizações ao longo do tempo.
O documento resume o livro O Nascimento da Tragédia de Nietzsche, no qual ele distingue entre o elemento apolíneo e o elemento dionisíaco na cultura grega antiga. Nietzsche personifica esses elementos nos deuses Apolo e Dionísio e argumenta que eles representam forças psicológicas e cósmicas fundamentais. Ele também discute como sua própria obra foi influenciada por Schopenhauer mas buscou uma perspectiva mais afirmativa da vida.
1) O artigo examina o prefácio de 1886 à segunda edição de Humano, Demasiado Humano, destacando sua importância para entender a obra de Nietzsche.
2) Argumenta que os prefácios de 1886 constituem uma "autobiografia filosófica" que interliga as obras de Nietzsche e ajuda a compreender sua evolução.
3) Discutem-se temas comuns nos prefácios como moral, solidão e pessimismo para demonstrar a unidade do pensamento de Nietzsche.
O texto discute como alguns pensadores atuais consideram Nietzsche um paradigma e como seu pensamento influenciou as ciências humanas. Apresenta exemplos dos trabalhos de Michel Foucault, Paul Veyne, Gianni Vattimo e Paul Virilio, que introduziram conceitos nietzscheanos nessas áreas. Questiona se Nietzsche pode ser considerado um modelo, já que se distanciou da noção platônica de modelo/cópia.
Pinho, l. c. a presença de nietzsche na obra de foucault mais do que uma af...LuizCelso1966
Este documento discute a presença de Nietzsche na obra de Foucault. Apesar de Foucault se declarar "simplesmente nietzschiano", há pouca análise das ideias específicas de Nietzsche que influenciaram Foucault. O documento argumenta que é necessário examinar cuidadosamente os escritos de Foucault para entender melhor esta relação, já que há tanto afinidades quanto possíveis desacordos entre os dois pensadores.
1) O documento discute a relação entre a filosofia de Schopenhauer e a filosofia genealógica de Nietzsche, Marx e Freud.
2) Apesar das diferenças entre seus pensamentos, Schopenhauer pode ser considerado o primeiro filósofo a adotar uma perspectiva genealógica em sua obra.
3) Isso porque Schopenhauer já buscava relacionar fenômenos filosóficos a suas origens subjacentes em 1819, antecipando de certa forma a abordagem genealóg
1) A autora descreve sua experiência como estudante em Paris durante os eventos de maio de 1968 e como isso influenciou seu pensamento político.
2) Ela fala sobre ter recebido um título de doutor honoris causa da Universidade de Paris VIII, onde estudou, e como isso a faz se sentir conectada aos seus professores franceses.
3) A autora reflete sobre por que escolheu filosofia, desde lembranças de infância até como as aulas de um professor a introduziram ao pensamento filosófico.
SOBRE AUTORES E AUTORIDADES NA ANTROPOLOGIAJosep Segarra
Este ensaio teórico pretende fomentar a reflexão sobre a questão da autoria na escrita etnográfica. A partir de algumas obras de diferentes autores chave nesta temática, procuro pensar como estes especialistas consideram que os autores das etnografias podem ou devem se colocar no texto e na relação com as pessoas com as quais pesquisam. Analiso o interpretativismo geertziano; a questão da autoria em Foucault e Barthes; algumas propostas de autores considerados pós-modernos, como Clifford, Marcus ou Cushman; a questão da subalternidade e da (im)possibilidade de falar no pos-colonialismo de Spivak; as relações entre subjetividade e cultura em Sherry Ortner; e também algumas das críticas centradas nos autores pós-modernos, como as das antropólogas brasileiras Teresa Caldeira ou Mariza Peirano. Organizo este ensaio por autores, sem querer dar conta de todo o que o autor falou sobre o tema em questão e sabendo que o pensamento por ser processual, muda continuamente.
1. O documento apresenta a introdução do livro "A Poética do Devaneio" de Gaston Bachelard, que discute o método fenomenológico aplicado ao estudo das imagens poéticas.
2. Bachelard defende que a fenomenologia permite apreciar cada imagem poética em sua singularidade, como uma origem absoluta de consciência.
3. Ele argumenta que o método fenomenológico exige que se ative a participação na imaginação criante do poeta, em vez de se limitar a uma passividade d
Este documento resume o livro "A Heresia Humanista – Ensaio Sobre as Paixões de Fim de Século", de José Fernando Tavares, em três frases:
1) O livro analisa como o homem ocidental desenvolveu um interesse pelo fantástico através da literatura e do cinema, explorando temas como monstros e entidades demoníacas.
2) A obra critica o desinteresse contemporâneo pela cultura erudita e a preferência por manifestações culturais medíocres, vendo isso como uma "traição do humanismo
O documento discute o método fenomenológico como uma abordagem para as ciências humanas que se concentra nos fenômenos tal como eles aparecem na experiência, ao invés de tentar explicá-los causalmente. O método enfatiza a descrição do "mundo vivido" e busca compreender os significados subjacentes à ação humana questionando pressupostos tidos como naturais. A fenomenologia oferece uma alternativa às abordagens positivistas que tentavam tratar os fenômenos humanos da mesma forma que as ciências
Trata-se de um documento sobre a fenomenologia de Maurice Merleau-Ponty que discute:
1) As contradições aparentes na definição de fenomenologia e a necessidade de uma abordagem fenomenológica;
2) A rejeição da abordagem científica e a visão do mundo como fundamento da experiência;
3) A diferença entre a análise reflexiva e a descrição fenomenológica que busca descrever o mundo tal como é percebido.
Margareth rago o anarquismo e a históriamoratonoise
Este documento discute as semelhanças e diferenças entre o pensamento de Michel Foucault e a tradição anarquista, particularmente o trabalho da anarquista italiana Luce Fabbri. Ambos enfatizam a importância de diagnosticar os problemas do presente e encontrar novas saídas, e criticam o poder em suas manifestações. No entanto, eles divergem na questão do sujeito e no anti-humanismo presente em Foucault.
O documento resume os principais conceitos e procedimentos metodológicos da analítica do poder de Michel Foucault, incluindo: 1) o poder como relação móvel entre forças heterogêneas, não como propriedade; 2) a noção de microfísica do poder fora dos marcos jurídicos e econômicos; 3) a genealogia como método arqueológico e documental.
1) O documento discute a transição das sociedades disciplinares para as sociedades de controle, onde o confinamento é substituído por formas de controle mais flexíveis e modulares.
2) Nas sociedades de controle, a linguagem numérica e as cifras substituem as palavras de ordem e os números de matrícula das sociedades disciplinares.
3) O documento argumenta que atualmente vivemos em uma sociedade de controle, onde instituições como a escola e a fábrica estão em crise e no
O documento discute as ideias de Michel Foucault e Gilles Deleuze sobre as sociedades disciplinares e de controle. Foucault analisa como a disciplina é usada para controlar minuciosamente os corpos através de vigilância, horários e normalização. Deleuze descreve a sociedade de controle, onde as pessoas têm a ilusão de autonomia mas são controladas à distância por bancos, empresas e governo.
O documento discute as obras e ideias principais de Michel Foucault sobre o poder e o corpo. Foucault analisa como o poder se dissemina na sociedade através de instituições como escolas, exército e prisões para vigiar e controlar os corpos de forma sutil através de exames e sanções. Ele também questiona noções tradicionais de saber e verdade ao mostrar como estas são usadas para fins de controle social.
Lessons in Persuasive Language from The Game of ThronesThe Hoffman Agency
The document discusses Tyrion's persuasive speech to Daenerys in Game of Thrones, comparing it to speeches by Winston Churchill and Jerry Maguire. It notes that Tyrion's speech was effective without slides or props, relying solely on his words and delivery. The document suggests that while tools like PowerPoint are useful, the most persuasive presentations are often given by a speaker alone on stage expressing their viewpoint with conviction.
Roberto machado deleuze - entrevista revista filosofiaPedro Menin
A entrevista discute a filosofia de Gilles Deleuze e sua abordagem interdisciplinar do pensamento. De acordo com Roberto Machado, Deleuze acreditava que a filosofia, arte e ciência produzem pensamento de maneiras diferentes, mas inter-relacionadas. A filosofia de Deleuze estabelece relações entre diferentes campos para criar conceitos que expressam um pensamento da diferença em oposição à identidade.
O Círculo de Viena e a Escola de Frankfurt desenvolveram duas críticas distintas da linguagem no século XX. O Círculo de Viena focou-se na análise lógica da linguagem para distinguir enunciados dotados de sentido daqueles que não são, enquanto a Escola de Frankfurt criticou a linguagem como instrumento de dominação social que justifica a exploração do trabalho.
Neste artigo a autora tem como propósito discutir a relação entre perspectivas teóricas e o meio
histórico e sócio-cultural no qual se desenvolvem, tema que toca de leve a
grande questão da universalidade da ciência.
Este documento apresenta um resumo do livro "Deleuze Filosofia Virtual" de Éric Alliez. O autor discute duas abordagens para entender o pensamento filosófico de Deleuze e argumenta que a melhor abordagem é virtualizar as filosofias estudadas por Deleuze ao invés de apenas potencializá-las. Ele também destaca a influência do empirismo no pensamento de Deleuze, especialmente de Hume.
Este documento apresenta conceitos filosóficos e principais filósofos. Resume:
1) A filosofia examina questões fundamentais sobre a existência humana, conhecimento, verdade, valores e universo através da argumentação racional. Ela inclui disciplinas como metafísica, epistemologia e ética.
2) Dois principais filósofos discutidos são Friedrich Nietzsche, conhecido por criticar valores estabelecidos e defender um "Homem Superior", e Santo Agostinho, importante teólogo cristão e autor de "Conf
1) O texto descreve a admiração de discípulos de Epicuro como Diógenes de Enoanda e Lucrécio pelo seu mestre. Ambos procuraram difundir as ideias de Epicuro, um gravando-as em pedras e outro em um longo poema.
2) As ideias centrais de Epicuro eram o materialismo, o humanismo radical e colocar a verdade a serviço da felicidade humana. Isso fazia do epicurismo um modelo de pensamento capaz de sobreviver através dos séculos.
3) O jovem Marx se interessou profund
Alliez, érics. deleuze, filosofia virtualRaquel Faria
1. O documento apresenta um resumo da filosofia de Gilles Deleuze, focando em como ele se apropriou de pensadores como Hume, Bergson e Nietzsche para desenvolver sua própria filosofia.
2. Deleuze acreditava que a filosofia deveria se concentrar no que fazemos ao invés do que é, e reconstruir a imanência substituindo unidades abstratas por multiplicidades concretas.
3. Ele foi influenciado pelo empirismo de Hume para criticar as metafísicas da consciência e
1. O documento apresenta um resumo da filosofia de Gilles Deleuze, focando em como ele se apropriou de pensamentos de outros filósofos para desenvolver sua própria filosofia da diferença.
2. Deleuze inicialmente se inspirou no empirismo de Hume para criticar as metafísicas da consciência e desenvolver uma filosofia da experiência baseada na imanência.
3. Ele também se inspirou no monismo vitalista de Bergson para pensar a diferença como processo de diferenciação e individ
1) O livro discute a ideia de que cultura é uma invenção humana, não algo fixo ou natural.
2) Argumenta-se que a cultura é criada através da atividade simbólica humana para dar sentido ao mundo, e não existe objetivamente.
3) A antropologia é apresentada como tendo dificuldade em reconhecer as implicações da relatividade cultural, tratando-a como algo a ser superado em vez de aceito.
O livro discute a filosofia das ciências, apresentando seus princípios e como os problemas filosóficos são importantes para a constituição do trabalho do filósofo. O autor divide o livro em capítulos temáticos e biografias de filósofos, como Platão, Locke, Popper e Bachelard, discutindo suas contribuições à filosofia das ciências. O objetivo é fornecer uma introdução acessível ao tema para estudantes e leitores interessados.
O documento discute a natureza da experiência filosófica. A filosofia se distingue por buscar o sentido das coisas e questões humanas sem se contentar com respostas definitivas, mantendo uma postura aberta à discussão. Ela questiona ideias estabelecidas e pode ameaçar poderes vigentes.
I. O texto descreve uma alegoria apresentada por Platão sobre homens presos em uma caverna desde a infância, vendo apenas sombras projetadas na parede.
II. Esses homens estão acorrentados e só podem ver o que acontece na frente, sem poder virar a cabeça, vivendo aprisionados pelas sombras.
III. A televisão é comparada à "caverna moderna", aprisionando as pessoas nas sombras projetadas em vez do mundo real lá fora.
A moral antiga e a moral moderna, de Victor BrochardJaimir Conte
1) O documento discute as diferenças entre a moral antiga e a moral moderna.
2) Na moral antiga, conceitos como dever, obrigação e lei moral estavam ausentes, ao contrário da moral moderna que se baseia nesses conceitos.
3) Outras diferenças incluem a concepção de Deus (infinito e onipotência ausentes na visão antiga), matéria (entendida de forma diferente) e consciência (sem equivalente na língua grega e latina).
Este documento é um tributo à filósofa Cristina Beckert e resume sua carreira acadêmica e contribuições ao pensamento ético e ambiental. Beckert se formou em filosofia continental e dedicou sua pesquisa à ética ambiental, defendendo uma expansão da "regra de ouro" para incluir todos os seres vivos e ecossistemas. Ela também colaborou amplamente com outras áreas e fundou uma ONG para promover a ética ambiental.
Pedagogia dos monstros os prazeres e os perigos da confusão de fronteirasAriane Mafra
O documento discute como as novas teorias sociais e culturais colocaram em crise a noção de sujeito racional e crítico que esteve no centro da pedagogia crítica. A psicanálise, o pós-estruturalismo e o pós-modernismo questionaram a ideia de um núcleo essencial de subjetividade, enfatizando seu caráter social e linguístico. Deleuze e Guattari substituíram a noção de sujeito por máquinas desejantes e corpos sem órgão,
Este documento discute as histórias praticadas por Michel Foucault e duas formas de sistematizar seu pensamento. A primeira é dividir cronologicamente por temas como saber, poder e sujeito. A segunda é entender como o tema do sujeito foi tratado em seus escritos sobre saber e poder. Dois estudos oferecem alternativas interessantes, focando na relação entre filosofia e literatura em Foucault e na noção de amizade como prática política em seu pensamento tardio.
Para ler michel foucault crisoston terto livroMarcos Silvabh
Este documento é um resumo de três capítulos de um livro sobre as idéias de Michel Foucault. O autor apresenta brevemente a vida e obra de Foucault, dividindo seu pensamento em dois momentos: a arqueologia e a genealogia. O resumo também fornece um panorama geral sobre como Foucault analisou a relação entre discurso, poder e verdade.
Este documento resume o capítulo sobre o pensamento humanista-renascentista e suas características gerais, abordando conceitos como o significado historiográfico do termo "Humanismo", a interpretação da "Renascença" como "renovação" e "volta aos antigos", e as principais figuras e debates filosóficos do período, como o neoplatonismo de Nicolau de Cusa, Marsílio Ficino e Pico della Mirandola.
Este documento resume o capítulo sobre o período entre o Humanismo e Descartes na História da Filosofia. Aborda temas como o pensamento humanista-renascentista e suas características, debates sobre problemas morais e ético-políticos entre humanistas, e o neoplatonismo e aristotelismo renascentistas.
O documento apresenta uma introdução ao livro "Michel Foucault: conceitos essenciais" de Judith Revel, que resume os principais conceitos da obra de Michel Foucault de forma alfabética. A introdução destaca a complexidade da obra foucaultiana e o objetivo do livro de apresentar seus conceitos de forma dinâmica, considerando suas evoluções e problematizações ao longo do tempo.
Semelhante a Roberto machado deleuze ii - entrevista revista filosofia (20)
Egito antigo resumo - aula de história.pdfsthefanydesr
O Egito Antigo foi formado a partir da mistura de diversos povos, a população era dividida em vários clãs, que se organizavam em comunidades chamadas nomos. Estes funcionavam como se fossem pequenos Estados independentes.
Por volta de 3500 a.C., os nomos se uniram formando dois reinos: o Baixo Egito, ao Norte e o Alto Egito, ao Sul. Posteriormente, em 3200 a.C., os dois reinos foram unificados por Menés, rei do alto Egito, que tornou-se o primeiro faraó, criando a primeira dinastia que deu origem ao Estado egípcio.
Começava um longo período de esplendor da civilização egípcia, também conhecida como a era dos grandes faraós.
Folheto | Centro de Informação Europeia Jacques Delors (junho/2024)Centro Jacques Delors
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- Apresentação do Centro de Informação Europeia Jacques Delors (CIEJD);
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- Atividades pedagógicas, formativas e conteúdos;
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Autor: Centro de Informação Europeia Jacques Delors
Fonte: https://infoeuropa.mne.gov.pt/Nyron/Library/Catalog/winlibimg.aspx?doc=48197&img=9267
Versão em inglês [EN] também disponível em:
https://infoeuropa.mne.gov.pt/Nyron/Library/Catalog/winlibimg.aspx?doc=48197&img=9266
Data de conceção: setembro/2019.
Data de atualização: maio-junho 2024.
Roberto machado deleuze ii - entrevista revista filosofia
1. Em defesa das aventuras intelectuais
Especialista em Nietzsche, Deleuze e Foucault, o filósofo e professor
titular da UFRJ Roberto Machado traça paralelos entre três grandes
pensadores modernos.
Por Matheus Moura*
Poucos pesquisadores, filósofos ou estudiosos brasileiros tiveram a oportunidade de estar frente a frente com
grandes pensadores mundiais. Menos ainda aqueles que estudaram com intelectuais desse porte. Esse é caso
do filósofo Roberto Machado, professor titular do Instituto de Filosofia e Ciências Sociais da Universidade
Federal do Rio de Janeiro (IFCS/UFRJ).
Graduado em Filosofia pela Universidade Católica de Pernambuco, em 1965, durante o mestrado Machado
fez estágios sob orientação de Michel Foucault no Collège de France entre 1973 e 1980. Já no pós-
doutorado na Universidade de Paris VIII, entre 1985-86, teve a oportunidade de estar lado a lado com Gilles
Deleuze. Dessas experiências, o filósofo brasileiro adquiriu muito mais do que conhecimento: levou para a
vida acadêmica o profundo interesse nesses pensadores, tornando- se, hoje, um dos maiores especialistas do
país em Deleuze e Foucault.
Resultado traduzido na publicação de livros como Foucault, a filosofia e a literatura; Foucault, a ciência e
o saber; e Deleuze, a arte e a filosofia, todos lançados pela Zahar, editora para a qual ainda dirige a coleção
Estéticas. Também pela Zahar, Machado publicou Zaratustra, tragédia nietzschiana; e O nascimento do
trágico: de Schiller a Nietzsche, com foco em Nietzsche - autor a que se refere como sendo o que tem "mais
convivência". Além dos livros citados acima, Machado é autor de A trajetória da arqueologia de Foucault
(Graal); Nietzsche e a verdade (Rocco); Deleuze e a filosofia (Graal) e organizador das coletâneas de Michel
Foucault, Microfísica do poder (Graal); de Michel Serres (com Sophie Poirot- Delpech), Hermes, uma
filosofia das ciências (Graal); e Nietzsche e a polêmica sobre O nascimento da tragédia (Zahar).
Os estudos de Machado perpassam a História da Filosofia, Estética e Ontologia, tendo como pesquisa atual a
"Estética e metafísica de Proust". Na entrevista a seguir, a Conhecimento Prático Filosofia conversou com
Machado sobre a tríade Deleuze, Foucault e Nietzsche, além do novo rumo tomado por suas pesquisas.
Conhecimento Prático Filosofia: O senhor foi aluno de Deleuze. Ele, como pessoa, transparecia aquilo
demonstrado pelos escritos? Como esse contato influenciou-o na pesquisa sobre o autor?
Roberto Machado: Deleuze era um professor extraordinário. Trazia de casa um esquema de aula, escrito a
mão, fruto de longa preparação, e o desenvolvia com calma, descontração e muitos exemplos. Suas aulas, na
Universidade de Paris VIII, tinham humor e demonstravam grande consideração pelos alunos, muitos dos
quais nunca haviam estudado filosofia. Eram da própria Universidade, dos departamentos de filosofia,
psicanálise, cinema, literatura... mas também de fora, universitários ou não, da França ou do resto do mundo.
Fiz vários de seus cursos entre 73 e 80, época em que ele estava escrevendo, com Guattari, Mil platôs, e
voltei no ano letivo de 85-86, quando eu estava escrevendo sobre sua filosofia e fui fazer um pós-doutorado
com ele, que durante aquele ano estava preparando seu Foucault. O extraordinário em suas aulas era vermos
o seu pensamento nascendo e se exercendo sobre objetos diferentes, buscando novos caminhos, lançando,
ainda hesitante, novas hipóteses. Depois era possível reencontrar, em seus livros, aquelas ideias expostas
sintética e sistematicamente e, por isso, de modo bem mais difícil, às vezes até mesmo enigmático.
Ouvir as aulas de Deleuze foi um dos maiores prazeres intelectuais que tive. Pois, apesar de todos os seus
conhecimentos, ele não era propriamente um erudito. Pode-se notar isso por seus livros, mas ainda mais por
suas aulas. O que lhe interessava não era estudar um tema ou um autor, cercado de todo aparato crítico, para
explicar ou aprofundar algum ou alguns de seus conceitos. O que Deleuze fazia com perfeição e muita
delicadeza era entrar no pensamento de outro pensador para explorar sua potencialidade, sua intensidade, a
partir da explicitação das questões e problemas que ele pretendeu pensar, sempre atento à relação que ele
estabeleceu com a vida, e para utilizá-lo na criação de seu próprio pensamento. Assim, qualquer pensador
estudado por ele era alguém vivo, e não uma múmia conceitual. A grande alegria produzida por um curso de
Deleuze provinha do fato de estarmos presenciando alguém usar a filosofia como foi feita por outros para
pensar por si mesmo.
Pois bem, como seu pensamento filosófico é muito difícil, escrevi sobre ele para mostrar, com clareza e de
maneira sistemática, como ele produz seu pensamento e por que esse pensamento é instigante, sugestivo e
capaz de dar tanta alegria.
Mil platôs
Dividido em 5 volumes, Mil Platôs -
Capitalismo e esquizofrenia é uma obra de
autoria de Gilles Deleuze com o pensador Felix
Guattari (1930-1992) e publicada no Brasil pela
editora 34.
CPF: Ao todo o senhor publicou dois livros sobre o filósofo: Deleuze e a filosofia (Graal) e Deleuze, a
arte e a filosofia (Zahar). De que maneira eles dialogam entre si?
RM: Minha ambição nos dois livros foi apresentar o conteúdo da filosofia de Deleuze como sendo norteado
pelo privilégio da diferença, em detrimento da identidade ou pela afirmação da identidade da diferença; mas
foi também mostrar como seu modo próprio de fazer isso, adotando um procedimento de torção criadora -
um procedimento de apropriação e modificação das ideias dos pensadores que ele considera aliados - o leva
a criar a diferença. A distinção entre os dois livros é que Deleuze, a arte e a filosofia amplia as análises
feitas no livro anterior, publicado em 1990 e há muito esgotado.
Se escrevi esse segundo livro foi porque, lendo os livros que ele escreveu depois do meu, ou relendo mais
atentamente livros que ele havia escrito sobre a pintura, o cinema e a literatura, descobri que as hipóteses
que eu procurava comprovar levando em conta seus textos sobre filósofos, também podiam ser confirmadas
pelos textos não analisados anteriormente. Assim, a idéia central de Deleuze, a arte e a filosofia é que a
questão da diferença é o invariante que torna possível esclarecer a filosofia de Deleuze em todas as suas
variações, tanto em seus escritos monográficos sobre Espinosa, Nietzsche, Bergson, Foucault etc. quanto
em sua formulação sistemática, em Diferença e repetição, Lógica do sentido, a Mil platôs e O que é a
filosofia?, mas também tanto em seus estudos sobre a filosofia quanto em seus estudos sobre pintura,
cinema ou literatura.
CPF: No livro O nascimento do trágico: de Schiller a Nietzsche, o senhor comenta ser Nietzsche o
primeiro filósofo trágico, por expandir o entendimento da tragédia além das artes. Poderia explicar
melhor?
RM: O nascimento do trágico procura esclarecer um ponto ao qual não se tem dado muita importância no
Brasil, pois o estudo da filosofia em nossas universidades é muito compartimentado, muito centrado no
estudo de um autor. Esse ponto é em que Nietzsche é o ápice de um tipo de pensamento que começou muito
antes dele, na Alemanha do final do século 18. Assim, nesse livro, faço a história filosófica do conceito de
trágico, situando seu nascimento e suas transformações, defendendo que as visões trágicas do homem e do
mundo, embora tenham sido elaboradas a partir de uma reflexão sobre a tragédia grega, só nasceram na
modernidade. Foram filósofos e poetas modernos que projetaram nos gregos uma visão trágica. O trágico
ensina mais sobre a modernidade do que sobre a antiguidade.
O que eu quis fazer foi mostrar como e por que certos pensadores modernos, filósofos ou artistas, pensaram
o trágico. Por que nasceu uma visão trágica do mundo? O nascimento de uma visão trágica do mundo se
deve ao desaparecimento dos fundamentos absolutos, universais, tais como existiam nas metafísicas
chamadas por Kant de "dogmáticas". Para usar uma expressão famosa, foi com o início da "morte de Deus",
como chamou Nietzsche - com o fato moderno de que a fé no Deus cristão deixou de ser plausível -, que
surgiu uma visão trágica, que em Nietzsche será oposta à racionalidade e à moral. Mas o que me interessou
ainda mais foi mostrar "como" o nascimento do trágico foi possível. E a esse respeito ficou evidente o
quanto o trágico deve a Kant, filósofo que não tem nada de trágico, no sentido de que o conflito trágico que
a tragédia apresenta foi pensado a partir da teoria kantiana do sublime, exposta na Crítica da faculdade do
juízo, por um deslocamento do privilégio que Kant concede à natureza, quando trata dos juízos de beleza e
de sublime, para o campo da arte. Para isso, estudo as reflexões filosóficas sobre a tragédia feitas por
Schiller, que lhe dá uma interpretação moral, de inspiração kantiana; por a Schiller e Hegel, que lhe dão
uma interpretação ontológica, fundada na dialética; por a Hölderlin , que foi o primeiro a se afastar da
interpretação dialética da tragédia, esboçando uma lógica do paradoxo que possibilita um pensamento da
diferença; por Schopenhauer, que denuncia a prioridade que a filosofia atribui à razão e elogia a arte como
conhecimento da essência das coisas; e, finalmente, pelo Nietzsche de O nascimento da tragédia, para
situá-lo em relação a essa reflexão sobre o trágico.
Como se pode ver, o trágico foi pensado por filósofos e por artistas. E, a esse respeito, a posição de
Nietzsche é interessante pois, considerando- -se um filósofo trágico - e não apenas do trágico -, ele se
aproxima mais de Schiller e Hölderlin, que são mais poetas e dramaturgos do que filósofos e têm uma visão
do trágico que faz parte de sua própria visão de mundo, enquanto que, por exemplo, Hegel considera o
trágico apenas um momento de um processo histórico. Além disso, a subordinação da reflexão sobre o
trágico à interpretação da tragédia vai desaparecer completamente em Nietzsche, quando ele elabora, no
Zaratustra, uma visão trágica independentemente de tomar o teatro como objeto.
Considero Nietzsche o ápice de todo esse processo, não só por valorizar a arte trágica, como também pelo
deslocamento que produz da temática do trágico do campo da arte para a filosofia, ao pensar o trágico - com
Schiller
Johann Christoph Friedrich von Schiller
(1759 - 1805), atuou como poeta,
filósofo e historiador. Ao lado de
Goethe, Wieland e Herder, é
considerado um dos grandes escritores
da Alemanha do século 18 e
representante do Romantismo alemão e
do Classicismo de Weimar.
CPF: Sua pesquisa atual é a questão da arte/ estética no pensamento filosófico, mas tendo, agora, o
foco em Proust. Explique o mote da pesquisa e suas hipóteses.
RM: O objetivo dessa pesquisa é mostrar que há em Proust uma estética, no sentido de uma reflexão sobre
as artes, que faz parte de sua criação artística; mas também que essa estética está ligada a uma metafísica, é
uma estética metafísica profundamente inspirada pela reflexão filosófica sobre a arte. Assim, considerando
Em busca do tempo perdido o relato da descoberta de uma vocação literária, meu objetivo é mostrar como
as impressões sensíveis - esses momentos privilegiados que dizem respeito ao tempo, ao espaço, à
imaginação e à memória -, mas também a música e a pintura, são condições de possibilidade de uma
literatura não realista capaz de revelar a essência da realidade.
Assim, para fazer esse estudo tenho procurado: primeiro, definir a memória involuntária como uma memória
afetiva, diferente da memória voluntária e a ela superior, analisar seu mecanismo e a razão da intensidade ou
da plenitude que ela proporciona, para mostrar que ela é uma das condições de possibilidade da descoberta
da vocação literária do narrador pela experiência no tempo e no espaço que proporciona; segundo, investigar
a noção proustiana de música, estabelecendo sua relação com a teoria schopenhaueriana da música e das
artes em geral, para mostrar que a música constitui, para Proust, o modelo de uma literatura capaz de revelar
a essência da realidade; terceiro, analisar as passagens em que Proust faz apreciações de pinturas reais e
descreve as "obras de arte imaginárias" do pintor Elstir, criado por ele, para mostrar como a pintura lhe
permite a descoberta de que a metáfora, concebida como metamorfose, é o meio capaz de realizar essa
literatura que revela a essência das coisas; finalmente, relacionar esses três aspectos, para mostrar que a
união desse aprendizado com a música e a pintura só é possível com a descoberta de que a intensidade dada
pela memória involuntária se deve ao tempo puro, é a experiência da simultaneidade do passado, do presente
e do futuro.
CPF: Como surgiu o interesse em estudar Proust por esse viés?
RM: Sempre me interessei por literatura. Acontece que desde que comecei a estudar filosofia, para me
dedicar a seu estudo, tive que deixar esse interesse como um passatempo das horas vagas. Agora, resolvi
transformar esse interesse em trabalho, e Proust é um artista que, além de ter criado uma das obras mais
extraordinárias que já foram escritas, tem a peculiaridade de refletir sobre essa obra no próprio romance que
está escrevendo. Pois, além de apresentar análises profundas sobre a sociedade, o amor e o ciúme, o
sofrimento, a amizade, a linguagem etc., Em busca do tempo perdido é, antes de tudo, o relato da descoberta
da vocação literária do narrador. Como se pode ver, a obra de Proust trata de questões que também têm
interessado à filosofia, e é muito enriquecedor estudar a relação entre a sua obra e a de filósofos que ele
levou em consideração, como Schelling e Schopenhauer, como também examinar a importância que sua
obra teve para filósofos contemporâneos como Deleuze e Benjamin.
Mas há outro motivo para eu estar estudando Proust e a literatura de um modo geral. É que sempre gostei de
escrever ficção. De vez em quando escrevia um pequeno conto. Mas logo tinha que voltar a pensar na minha
pesquisa filosófica. Agora, estudar um grande literato numa perspectiva filosófica e, ao mesmo tempo, ler e
escrever literatura me têm permitido unir mais profundamente esses dois interesses. Estou vivendo um
momento novo de minha vida intelectual que me faz pensar nos versos de João Cabral: "Belo como o
caderno novo/ quando a gente principia".
CPF: O que Nietzsche, Foucault e Deleuze teriam em comum? Visto já ter pesquisado e publicado a
respeito dos três autores.
RM: Nietzsche foi muito importante para Foucault, sobretudo na década de 60, no período "arqueológico".
Suas análises histórico-filosóficas dos saberes modernos, considerados como saberes "antropológicos",
foram profundamente inspirados na crítica nietzschiana do niilismo da modernidade, ou na ideia de que a
"morte de Deus", de que falava Nietzsche para caracterizar a relatividade dos valores modernos, deve ser
radicalizada com uma crítica do humanismo burguês que ocupou o lugar dos valores absolutos. Os três
grandes livros que escreveu nessa época - História da loucura, que está fazendo 50 anos, Nascimento da
clínica e As palavras e as coisas - mostram isso muito bem. Além disso, quando Foucault estuda a literatura,
nessa época, nota-se que esse privilégio que concedeu a Nietzsche em sua análise crítica das ciências do
homem reaparece na importância que deu aos literatos que introduziram na França um estilo nietzschiano de
pensamento: Bataille, Klossovski, Blanchot. Assim, Nietzsche é fundamental para se compreender a crítica
de Foucault aos saberes sobre o homem na modernidade e sua valorização da literatura como contestação do
humanismo das ciências do homem e das filosofias modernas. É isso que tento esclarecer em meu livro
Foucault, a filosofia e a literatura.
Nietzsche também é muito importante para Deleuze. Atrás de todo pensamento deleuziano há o pensamento
2. Hölderlin
Johann Christian Friedrich Hölderlin
(1770 - 1843) foi um poeta e
romancista alemão. Conhecido
principalmente por, em seus
escritos, revitalizar o espírito da Grécia
Antiga. É considerado hoje um dos
grandes poetas germânicos.
3. CPF: Atualmente, o senhor considera-se filósofo ou historiador da filosofia?
RM: É difícil ter uma ideia clara do próprio trabalho. Mas, pensando no que fiz, ousaria dizer o seguinte:
escrevi alguns livros sobre filósofos: Nietzsche, Foucault e Deleuze. Como vejo esses livros? Primeiro,
jamais quis fazer neles trabalho de especialista. Sempre procurei dar conta de um pensamento globalmente,
expondo como ele é organizado, como funciona, o que deseja pensar, qual é sua originalidade ou
singularidade. Segundo, escrevi esses livros para expor minha própria interpretação, sem que se possa
subordinar o que disse à interpretação de algum outro filósofo de quem gosto, como Foucault ou Deleuze.
Terceiro, em todos esses livros, o que me interessou foi, antes de tudo, expor o que temos a aprender com
um grande pensador, como ele contribui para esclarecer problemas que estamos querendo pensar. E fiz isso
sem que eles fossem apologéticos, pois considero o pluralismo essencial ao trabalho filosófico.
Além desses, escrevi livros mais temáticos do que monográficos: Danação da norma. A medicina social e a
psiquiatria no Brasil e O nascimento do trágico. São livros mais ousados, mais ambiciosos, mais
exploratórios, e talvez por isso mais hipotéticos, provisórios. E é engraçado que eles estão mais marcados
por Foucault do que pelos outros filósofos que estudei. Danação da norma é fruto de minha empolgação
com a genealogia de Foucault, com a qual entrei em contato quando ele veio à PUC do Rio de Janeiro em
1973. A motivação para fazer essa pesquisa foi usar aquela "metodologia" para fazer alguma coisa sobre o
Brasil, articulando o discurso filosófico com o discurso exterior à própria filosofia. Isto é, situado numa
perspectiva histórico-filosófica, procurei relacionar as teorias e as práticas da medicina social e da
psiquiatria, desde o seu nascimento no século 9, com o poder no Brasil. Em vez de ficar só repetindo os
filósofos, usar o instrumental filosófico, ou histórico-filosófico para produzir um conhecimento novo.
A presença de Foucault - e, dessa vez, do arqueólogo dos saberes - também pode ser percebida em O
nascimento do trágico. Eu a encontro, primeiro, no fato de fazer um estudo mais temático do que
monográfico; segundo, no fato de fazer uma análise que privilegia o conceito, o sentido conceitual das
palavras, e, consequentemente, a teia conceitual dos sistemas de pensamento.
Do mesmo modo que Foucault estudou a loucura, a doença, a prisão, a sexualidade, procurei estudar
conceitualmente o trágico; terceiro, no fato de que, nesse livro, procuro fazer uma história filosófica do
conceito de trágico, analisando seu nascimento e sua trajetória, suas transformações no tempo. Daí eu
defender que a ideia de uma visão trágica do homem e do mundo, embora tenha sido elaborada a partir da
reflexão sobre a tragédia grega, é moderna.
CPF: Atualmente é comum o senhor declarar ter como objetivo ser um filósofo mais extenso do que
profundo. Comente, por favor.
RM: Tenho dito isso em aulas, palestras, entrevistas e, principalmente, conversando com amigos. Com
essas palavras estou expressando minha luta contra ser "especialista no cérebro da sanguessuga", como diz
Nietzsche no Zaratustra. O que é difícil, porque somos formados para isso. Penso hoje que, em filosofia, é
mais importante saber um pouco de muitas coisas - de filosofia e do que está fora dela - do que muito de
uma coisa só. Se você aprofunda o detalhe, passando a vida a estudar um conceito, ou um autor, torna-se
incapaz de fazer inter-relações conceituais e formular mais criativamente seu próprio pensamento.
Relacionar pensadores diferentes é uma boa maneira - não a única, evidentemente - de soltar o pensamento,
de pensar por si mesmo, sem se limitar a reproduzir o que já foi dito. Foi por isso que em O nascimento do
trágico fiz um estudo mais temático do que monográfico, e por isso mais criativo, começando com Kant e
sua teoria do sublime e depois analisando como o trágico foi pensado por Schiller, Schelling, Hegel,
Hölderlin, Schopenhauer, Nietzsche. Isto significa que ele não é um livro de especialista, pois, dos autores
que estudei, aquele com quem tenho mais convivência é Nietzsche. Evidentemente cada uma das análises
teria sido mais profunda se esse livro tivesse sido o produto de uma vida de trabalho, o que não é o caso,
pois levei seis ou sete anos para escrevê-lo. Mas foi uma opção, pois a alegria que sinto com o trabalho
intelectual provém do contato com um pensamento novo e da possibilidade de dizer alguma coisa nova em
relação ao tema pesquisado. Ficar eternamente polindo as ideias que temos não me interessa muito. Estou
sempre motivado para fazer novos estudos, como o atual sobre filosofia e literatura. Gosto dessas pequenas
aventuras intelectuais.