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O MESSIAS
O ano era 1741,outono na Inglaterra, aquele outono era
especial em Londres, o fog havia deixado uma pesada camada
de névoa, naquele entardecer a natureza parecia candidatar-
se a um ocaso muito doloroso, era sinal de que o inverno seria
rigoroso e sob o vento causticante que soprava, a figura de um
homem notável caminhava recurvado ao peso das aflições,
quatro anos antes ele havia sido acometido de uma
problemática cerebral muito grave. Naquele tempo, 1737 era
um dos maiores compositores vivos que a humanidade
conhecia, as suas obras musicais, embalavam as côrtes,
embelezavam os teatros e comoviam as criaturas humanas
mas desde o momento daquela enfermidade cruel, derrame
cerebral,que a fortuna abandonou seu pupilo, reduzindo-o
praticamente á miséria. Uma série de fatores, ele era de
temperamento irascível,trato difícil, no entanto era
genial,graças a esse comportamento ele adquirira vários
inimigos, especialmente aqueles pigmeus que invejavam o
gigante da arte mas quando a enfermidade abateu-o
profundamente ele percebeu que ia morrer e se não morresse
o que seria um alívio os dias no futuro seriam carregados de
fustração e angústia porque ele ficou praticamente paralítico
e graças a sua amiga a rainha Carolina da Inglaterra ele foi
transferido para o continente falava-se que as águas termais
de Aix La chapelle em França possuía um efeito curativo
impressionante mas ele não dispunha de recursos para
transferir-se para a cidade francesa, amigos e sua majestade
conseguiram levá-lo para que ele se adentra-se para a
hidroterapia e de alguma forma minimizasse a tragédia da
sua vida. Os médicos da época recomendavam de quatro
horas de banhos termais em diferentes temperaturas seriam
suficientes para a recuperação possível dos pacientes mas ele
tinha pressa, como todo o artista, todo idealista e não raro
ficava oito, nove horas correndo riscos desnecessários,mas a
verdade é que tudo isso lhe fez um grande bem, ele recuperou
os movimentos, a lucidez e voltou à Inglaterra mas quando ali
chegou a sua benfeitora havia morrido e aqueles tempos eram
diferentes, a música clássica e erudita parecia em
decadência,primeiro porque o outono rigoroso e os teatros
que não eram abençoados pelas boas temperaturas por serem
muito velhos impediam da clientela que gostava da arte
musical participar de quaisquer eventos e ademais, graças aos
inimigos naturais toda vez quando ele apresentava suas
musicas um grupo de desordeiros contratado por aqueles
inimigos esse grupo causava aberrações, algazarra,
constrangia aqueles que iam para a bela musica e como era
natural, passaram as pessoas a temer participar de suas
apresentações e estava em moda um jovem poetastro, não era
poeta, as suas composições apresentadas em libretos depois
eram musicadas apressadamente. A bela musica perdia em
profundidade o que ganhava em superfície, esse poetastro
Charles Jennings ocupava agora as mentes inglesas,
particularmente de Londres e naquela tarde outonal Georg
Friedrich Händel optou por suicidar-se a sua vida não tinha
qualquer sentido, as dívidas acumulavam-se sob o bureau na
sua casa mal calafetada a única solução naquele momento era
o suicídio, a porta vergonhosa e covarde da fuga foi nesse
estado crepuscular ele ainda mais angustiado que H¨andel
retornou ao tugúrio em que vivia no coração de Londres,a
casa mal iluminada, naquele anoitecer e o seu devotado servo
de quarto que não recebia fazia meses mas era um amigo que
amava a música e por consequência o compositor, quando ele
chegou abatido o servidor lhe disse: - mestre, o correio
trouxe-nos um pacote deve ser algum sinal alguma coisa boa
aconteceu por fim nestas últimas semanas, uma
correspondência,vou servir-lhe o lanche e depois por favor
abra o volume, está muito bem feito, é um volume interessante
de uma pessoa refinada tudo indica,mas Händel parecia não
escutar, fez o lanche ligeiro, aproximou-se do bureau, ali
estava o pacote, ele olhou casualmente o remetente, por
paradoxal, estava firmado Charles jenings aquele poetrasto a
que ele detestava, era uma ironia do destino, ele olhou para o
pacote, tinha o seu nome, abriu com pouco de desprezo então
apareceu-lhe um libreto e logo em cima, “sacro oratório”. Ele
não era amigo da musica religiosa, ele havia preferido a
musica ancestral, erudita, pesada à semelhança do que
Johannes Brahms e outros teriam ocasião de compor, mas
aumentando um pouco o lume do lampião à gás e a claridade
se fazendo algo melhor Händel abriu casualmente aquele
libreto e deteve-se porque estava escrito assim: -“ Ele foi
abandonado pelos seus melhores amigos”, que curioso,
também ele, fora abandonado pelos melhores amigos, levado
ao ridículo ele foi traído por um e negado por outro e foi
jogado numa cruz de vergonha. Então Händel disse: - mas... é
a minha biografia, só que a cruz de vergonha são os
padecimentos dos quais eu estertoro, e deu um salto de
páginas, mas apesar de todas as dores que o martirizavam ele
acreditava em Deus e Händel esteve meditando se ele
acreditava em Deus, aquele... do livreto, sim acreditava em
Deus, mas ele tambem acreditava a seu modo, não o Deus das
religiões o deus antropomórfico aquele deus que marchava à
frente dos exércitos para atender a um povo como se os outros
povos lhe não pertencessem então agora com lágrimas que
estavam represadas no coração e que chegavam à comporta
dos olhos ele abriu as primeiras páginas e as primeiras
páginas falavam de um homem singular que viera à terra
para amar, que trouxera uma das mais encantadoras
sinfonias, e no entanto não havia lugar para ele, naquele
momento ele sentiu a erupção de um vulcão de emoções que
parecia arrebentar a crosta grosseira do seu padecimento e de
repente um aluvião de melodias tomou conta da sua mente,
ele correu, pegou uma partitura em branco chegou à pianola
deu uma oitava e uma segunda deteve os dedos no teclado de
fá, depois desceu ao branco de sol e de imediato aquela
melodia foi tomando corpo e ele entrou em febre, febre de
composição, continuou escrevendo e andando e quando o
empregado de quarto veio pela manhã trazer-lhe o desjejum,
encontrou-o febril, andando, migalhas de pão espalhadas pelo
piso sujo e disse: - mestre, o senhor necessita de alimentar-se,
ele recusou-se, também a refeição do meio dia, ele mal tocou e
à noite ele parecia depalperado, mas aquele vulcão de notas
estavam explodindo-lhe dentro da alma e foi dessa forma que
durante quatorze dias e quatorze noites Georg Friedrich
Händel começou a compor e terminou de compor “O
Messias”, essa obra grandiosa que dignifica a música
internacional. Ao terminar, deitou-se e dormiu pesadamente
por várias horas, ao recuperar a lucidez ele embalou os
poucos pertences e disse ao servo de quarto: - Abandonemos
Londres, Londres nos abandonou na miséria e agora aceitarei
o convite do vice-rei da Irlanda para preparar um côro em
Dublin, para o natal. O servidor ficou contente e naquele
mesmo dia pegaram um trem que se dirigia à velha e
veneranda capital da Irlanda.Era pior o outono, aproximava-
se dezembro, o inverno estava por vir ele apresentou-se
aovice- rei, teve carta branca para fazer o que lhe aprouve-se,
mas dentro dele a música do Messias crescia e foi então que
ele reuniu dois côros, o da catedral e de uma igreja periférica
duzentas vozes e começou a ensaiar “O Messias” em quatro
vozes. Quando os ventos do mar do norte sopravam o
tormento das noites geladas da Irlanda e o povo dormia ou se
deitava podia-se ouvir saindo da velha catedral gótica, quase
milenar, as vozes angélicas dos cantores exaltando o messias e
foi assim que no dia seis de abril de 1742, no maior teatro de
Dublin, seria apresentada a premiére de “ O Messias” e como
o número de interessados era grande, o diretor do teatro
pediu às damas que não usassem saia balão para economizar
o espaço e pediu aos cavalheiros que não levassem espada
para facilitar o maior número de pessoas e quando o teatro
estava super lotado com pessoas até a rua, agora sopravam
ventos frios mas era primavera sentia-se no ar o doce perfume
das azáleas e das rosas místicas da Irlanda, no teatro
iluminado com lamparinas especiais aparece Händel e no
momento em que começa a melodia musical ele assume a
regência, o povo faz um silêncio sepulcral,primeiro intervalo
uma ovação impressionante, o outro intervalo; mas em um
determinado momento ele ergue as mãos e no silêncio que se
faz sepulcral, duzentas vozes erguem-se e dizem
hallelujah,uma palavra e a palavra aleluia é repetida, é outra
vez repetida e os súditos de sua majestade Britânica diante
dessa melodia que exaltava o Messias, cantando allelujah,
levantam-se automaticamente e escutam-na de pé e quando
faz a pausa o teatro parece que vai desabar, o aplauso, as
emoções e quando termina O Messias,Händel, o côro e a
orquestra são ovacionados demoradamente, ele estava tão
emocionado que resolveu ceder os direitos autorais dessa obra
ao lar de crianças abandonadas em Dublin, porque a musica
não é minha, ela explodiu dentro de mim cantando as glórias
do Messias e a partir desse momento ele começou um giro
internacional pela Europa musical, sua primeira estada foi em
Londres no notável Albert hall e quando foi cantado allelujah
todas as pessoas levantaram-se em reverencia a essa exaltação
ao Messias ele passeou a grandeza de sua arte musical por
dezessete anos e no dia 06 de abril de 1759 estando ele a reger
em Dublin,foi acometido de um colapso cardíaco,todos
lamentaram e Händel foi levado para o hospital,mas a musica
prosseguiu com outro regente porque o Hallelujah não podia
parar e o Messias teria que penetrar a alma da criatura
humana para sempre. Do hospital ele ainda ouvia o côro e
então ele disse: - Senhor! Não me deixe morrer agora pelo
menos no dia 13 de abril que havia sido uma sexta-feira santa
dezessete anos antes então ele ficou ali, quase a morrer até a
nova sexta-feira santa 13 de abril de 1759, quando o coral
cantava o Hallelujah na catedral, e Händel abandonou a
carcassa e acolitado pelas vozes angélicas voltou às regiões
sublimes da imortalidade. Desde então, todos os anos no mês
de abril ou na sexta-feira santa o Albert Hall de Londres abre
as suas portas para apresentar O Messias de Händel e toda
vez quando eles começam a cantar o hallelujah, os súditos
ingleses como fazem em relação ao Hino Nacional, levantam-
se e escutam a exaltação do Hallelujah com a emoção pátria
como se estivessem adentrando-se no reino dos céus, em
homenagem ao Messias, mas a que Messias referiu-se
Jennings, quem seria esse Messias?Ernesto Renan o imortal
pela Academia Francesa de Letras,livre pensador no dia 22 de
fevereiro de 1862 proferindo uma classe no maior
educandário da França “College de France”, a aula
inaugural, tem a oportunidade de começar o seu discurso
diante da intelectualidade francesa européia, ali em Paris,
com as seguintes palavras: - “Jesus é um homem
incomparável” e nessas palavras ele demolia um dos mais
terríveis posicionamento da religião dominante, o dogma da
Santíssima Trindade, a sutileza do intelectual dizia que Jesus
não era Deus, era um homem,porém um homem
incomparável, porque naquele momento ele estava escrevendo
a vida de Jesus, portador de um ateísmo intelectual Ernesto
Renan combatia a religião dominante e uma sua irmã muito
querida Henriette, havia contraído a tuberculose,aí então
chamada “ a peste branca” estamos em 1862,portanto ainda
não havia sido descoberto o bastonete de Koch,só mais tarde e
a tuberculose era pandêmica, dizimava as vidas. Henriette
que era uma grande intelectual recebeu dos seus médicos uma
proposta;que abandonasse Paris, o clima úmido durante a
maior parte do tempo e o verão abrasador dos meses de
agosto e setembro matala-iam, que ela procurasse uma das
possessões francesas, de preferência o Líbano,porque a capital
do Líbano era a Paris do oriente e procurasse uma área
desértica por causa da temperatura,ali talvez ela tivesse
prolongada a vida. Henriette atendeu a sugestão médica,
transferiu-se a Beirute e logo depois ela foi viver na região por
onde havia passado a palavra angélica do apóstolo Paulo, às
bordas do deserto, ali ela teve oportunidade de visitar as
antigas igrejas agora resultado da demolição dos
tempos,havia uma aura mística, naquele ambiente desolado
nas fraldas do deserto e aquelas pequeninas igrejas que
escutaram a palavra cândida e reverberante do apóstolo das
gentes, exsudavam a presença de Jesus e Henriette,
intelectual, começou a ler o evangelho,leu nas traduções
convencionais dos teólogos apaixonados, foi então que ela fez
uma carta ao seu nobre irmão. “Tu detestas Jesus porque não
o conheces, eu lanço-te um repto, lê Jesus no hebraico porque
és professor da Sorbonne da língua hebraica, lê Jesus no
aramaico.no grego antigo, no grego moderno, não nas
traduções infelizes dos teólogos e ele te arrebatará a alma, é
um desafio que te faço e Ernesto Renan, jornalista, acadêmico
intelectual, escritor, eminente autoridade da Sorbonne, foi ler
os velhos alfarrábios que falavam a respeito dessa
personagem e a medida que foi lendo Jesus no original,
apaixonou-se de tal forma que resolveu escrever-lhe a
existência, o que fez em uma obra de três tomos e mais tarde
um quarto volume para dedica-lo aos atos dos apóstolos. O
egrégio codificador da doutrina espírita, Allan Kardec
referirse – a duas vezes à obra de monsier Renan na Revue
Spirite e falará da grandeza da obra do ponto de vista de
Renan, então esse Renan dirá que Jesus foi tão grande, tão
grande que não coube na história, porque todos os vultos da
humanidade, couberam na história se nós retrocedermos a
Confúcio, Lao Tsé , Fo Hi na China ou se no Egito formos a
Ramsés II, Aquenáton, se procurarmos na Índia, Krishna,
Buda, se avançarmos através da história com a figura de
Moisés ou dos grandes construtores de civilização, todos
nasceram na história, os conquistadores,Alexandre Magno da
Macedônia, Aníbal o Cartaginês, Ciro, rei dos Persas, Cesar
que se atribuiu o nome de Divino, Otaviano que deu o seu
nome ao século em que nasceu. Mas Jesus foi tão grande que
não pode caber na história a história dividiu-se em antes e
depois Dele e é esse vulto singular a quem se refere a obra de
Händel “O Messias” que nasceu em uma pequena gruta de
caucáreo em Belem de Judá há quinze quilômetros de
Jerusalém e que a partir daquele momento a história da
humanidade não seria jamais a mesma narrada antes, porque
a ética era Socrático –platônica para o ocidente e era mística
para o oriente, a justiça legal para os judeus era a doutrina
mosaica, para os indianos era o Bhagavad gitá com as obras
do Vedanta, para cada povo, o seu livro sagrado. Roma estava
assenhoreando-se da terra e as primeiras legislações romanas
ativeram-se ao trato da terra onde eram sepultados os
antepassados quando mais tarde vem a a apresentação de um
código ético de heranças e estabelece os direitos do cidadão
em relação à pátria, em relação à família, em relação a si
mesmo. Confúcio, havia trazido os analectos, mas ele tivera a
preocupação de seguir os mestres FoHi, Lao Tsé, a sociedade,
a família,Moisés tivera ocasião de falar sobre o amor, sim,
mas era o amor a Deus terror, Buda escrevera algo
comovedor o quarto caminho, o caminho do meio e
estabelecera a compaixão, mas Jesus estabelece o amor, é a
primeira personagem da história que estabelece o amor como
psicoterapia preventiva a todos os males e curativa atodas as
enfermidades, será ele que vai sintetizar toda a filosofia do
oriente e do ocidente, numa vertente única, “Amar a Deus
sobre todas as coisas e ao próximo como a si mesmo” esse
“como a si mesmo” será analisado pela psicologia analítica de
Carl Gustav Yung ou pelas propostas notáveis de Viktor
Frankl e dos modernos logoterapeutas ou o trabalho
extraordinário dos pais da quarta força psicologia, a
psicologia transpessoal como sendo a mais notável proposta
em psicoterapia de que a humanidade tem notícia, mudando
somente a ordem do postulado”amar-se para amar ao
próximo e amar a Deus” porque quem não se ama, a ninguém
ama, aquele que se não ama, transfere todos os seus conflitos
para o outro e diz que isso é amor, projeta a sua imagem e
deseja que o outro seja o que ele não conseguiu, esse é o
fracasso dos relacionamentos humanos a pessoa deseja que o
outro tenha valores que lhe são muito caros mas que ele não
logrou e por isso apaixona-se para mais tarde dizer: -
decepcionei-me, a pessoa não era quem eu pensava, não temos
obrigação de ser o que os outros pensam, temos o dever de ser
quem somos, se alguém faz de mim uma imagem romântica, o
problema dele, não tenho nenhuma obrigação de
corresponder à imagem romântica, que é uma frustração
psicológica, então é necessário o auto amor porque o auto
amor é uma viagem longa a auto consciência na identificação
daquilo “quem sou eu?” “ o que é que faço de mim?”,
“porque estou na terra?”, “qual a razão dos valores éticos que
me dizem respeito?”, “ qual é a finalidade da minha vida?”
aprendemos desde cedo que o objetivo essencial da vida é ser
feliz, não pode haver maior engodo do que essa proposta na
opinião de Yung e Frankl, porque a minha não tem
valor.Porque o que é felicidade? Para a escola de epicuro, a
escola hedonista, felicidade é ter, porque quem tem pode,
quem pode compra, quem compra goza, e depois? Entra em
frustração, é a chamada filosofia da boca para baixo, das
sensações: comer, dormir, fazer sexo, é uma maravilha, a
pessoa que come muito tem indigestão, a que dorme muito
fica amolentada e a que faz muito sexo, fica impotente, então
será isso a felicidade? Observamos os deuses do sexo, as
pessoas portadoras de sexappeal como dizem os ingleses estão
sempre tocando de parceiros, estão sempre frustradas,
esperando nas suas fantasias o que não se encontra no mundo
sensorial, diria um psicólogo russo : são pessoas fisiológicas,
comem, dormem, procriam, os porcos também, então ´e
necessário viajar para o indivíduo psicológico, aquele que tem
ideal, aquele que pensa e que apesar de comer, dormir, e
praticar o sexo também tem um ideal na frente, não se frustra
quem tem um ideal, o ideal pode não ser aceito, mas e daí? O
ideal é dele, não importa, ele ira lutar com todas as veras do
sentimento não para provar o ideal aos outros, para viver o
ideal, assim que viveu o Messias, foi rejeitado, foi perseguido,
foi detestado e manteve o ideal então Pedro Auspenske irá
dizer que noventa e cinco por cento da sociedade de seu tempo
nos anos 50 eram constituídos de pessoas fisiológicas, hoje ele
diria 97, por causa da televisão, então já não estamos
preocupados tanto com o sexo, porque estamos casados dele
estamos preocupados agora com o erotismo, a aparência, a
figura, a imaginação, o deleite, as aberrações, a drogadição,
fuga psicológica da realidade, na busca de estado alterado de
consciência para o prazer, é o hedonismo, falência total, então
isso não é felicidade e se a felicidade não é isso, deve ser o
oposto como dizia Diógenes, não ter nada porque quem não
tem nada não pode ficar pior do que está, então fica feliz, mas
existem pessoas que são escravas do que não têm, como
existem aquelas que são escravas do que tem e aquelas que
são escravas do que não têm estabeleceram a felicidade
condicional, quando eu me casar... isso no meu tempo, hoje é...
quando eu me divorciar...então temos aí a partícula
condicional ou então: se eu conseguir o doutorado, se eu
conseguir ganhar na loteria, eu serei profundamente infeliz
porque esse sonho só leva à amargura então a felicidade
condicional, ser escravos, eu nunca me esquecerei de uma
amiga que eu tive na repartição que eu trabalhava, porque
Deus me deu a honra, nesta reencarnação de ser funcionário
público e ele achando pouco me fez chefe de seção de
repartição pública e então eu tinha uma colega, naquela época
quando uma mulher completava 30 anos, despedia-se do
mundo porque era balzaquiana era uma homenagem ao livro
de Honoré de Balzac “Mulher de Trinta anos”, não casava
mesmo, nem com passes, não casava e a minha colega estava
com 29 anos, hoje, essas coisinhas de 18, 20, 25 30 anos,
mulher mesmo é a mulher de cinquenta, de sessenta,
siliconada, toda trabalhada, etc....como mudam os
tempos...minha colega era muito peculiar , estava com 29 anos
e meses e um dia debruçou-se na minha mesa e disse:
Diovaldo você sabe orar? Eu disse sei, eu sou muito
presunçoso, sei! – Você ora por mim? E eu disse: - mas para
que? - Para eu me casar, eu olhei e disse: - Oro! E comecei a
orar: - Meu Deus, Santo Antonio meu amigo ... eu era muito
católico, a minha colega arranjou namorado e que namorado!
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17 o messias

  • 1. O MESSIAS O ano era 1741,outono na Inglaterra, aquele outono era especial em Londres, o fog havia deixado uma pesada camada de névoa, naquele entardecer a natureza parecia candidatar- se a um ocaso muito doloroso, era sinal de que o inverno seria rigoroso e sob o vento causticante que soprava, a figura de um homem notável caminhava recurvado ao peso das aflições, quatro anos antes ele havia sido acometido de uma problemática cerebral muito grave. Naquele tempo, 1737 era um dos maiores compositores vivos que a humanidade conhecia, as suas obras musicais, embalavam as côrtes, embelezavam os teatros e comoviam as criaturas humanas mas desde o momento daquela enfermidade cruel, derrame cerebral,que a fortuna abandonou seu pupilo, reduzindo-o praticamente á miséria. Uma série de fatores, ele era de temperamento irascível,trato difícil, no entanto era genial,graças a esse comportamento ele adquirira vários inimigos, especialmente aqueles pigmeus que invejavam o gigante da arte mas quando a enfermidade abateu-o profundamente ele percebeu que ia morrer e se não morresse o que seria um alívio os dias no futuro seriam carregados de fustração e angústia porque ele ficou praticamente paralítico e graças a sua amiga a rainha Carolina da Inglaterra ele foi transferido para o continente falava-se que as águas termais de Aix La chapelle em França possuía um efeito curativo impressionante mas ele não dispunha de recursos para transferir-se para a cidade francesa, amigos e sua majestade conseguiram levá-lo para que ele se adentra-se para a hidroterapia e de alguma forma minimizasse a tragédia da sua vida. Os médicos da época recomendavam de quatro horas de banhos termais em diferentes temperaturas seriam
  • 2. suficientes para a recuperação possível dos pacientes mas ele tinha pressa, como todo o artista, todo idealista e não raro ficava oito, nove horas correndo riscos desnecessários,mas a verdade é que tudo isso lhe fez um grande bem, ele recuperou os movimentos, a lucidez e voltou à Inglaterra mas quando ali chegou a sua benfeitora havia morrido e aqueles tempos eram diferentes, a música clássica e erudita parecia em decadência,primeiro porque o outono rigoroso e os teatros que não eram abençoados pelas boas temperaturas por serem muito velhos impediam da clientela que gostava da arte musical participar de quaisquer eventos e ademais, graças aos inimigos naturais toda vez quando ele apresentava suas musicas um grupo de desordeiros contratado por aqueles inimigos esse grupo causava aberrações, algazarra, constrangia aqueles que iam para a bela musica e como era natural, passaram as pessoas a temer participar de suas apresentações e estava em moda um jovem poetastro, não era poeta, as suas composições apresentadas em libretos depois eram musicadas apressadamente. A bela musica perdia em profundidade o que ganhava em superfície, esse poetastro Charles Jennings ocupava agora as mentes inglesas, particularmente de Londres e naquela tarde outonal Georg Friedrich Händel optou por suicidar-se a sua vida não tinha qualquer sentido, as dívidas acumulavam-se sob o bureau na sua casa mal calafetada a única solução naquele momento era o suicídio, a porta vergonhosa e covarde da fuga foi nesse estado crepuscular ele ainda mais angustiado que H¨andel retornou ao tugúrio em que vivia no coração de Londres,a casa mal iluminada, naquele anoitecer e o seu devotado servo de quarto que não recebia fazia meses mas era um amigo que amava a música e por consequência o compositor, quando ele chegou abatido o servidor lhe disse: - mestre, o correio trouxe-nos um pacote deve ser algum sinal alguma coisa boa
  • 3. aconteceu por fim nestas últimas semanas, uma correspondência,vou servir-lhe o lanche e depois por favor abra o volume, está muito bem feito, é um volume interessante de uma pessoa refinada tudo indica,mas Händel parecia não escutar, fez o lanche ligeiro, aproximou-se do bureau, ali estava o pacote, ele olhou casualmente o remetente, por paradoxal, estava firmado Charles jenings aquele poetrasto a que ele detestava, era uma ironia do destino, ele olhou para o pacote, tinha o seu nome, abriu com pouco de desprezo então apareceu-lhe um libreto e logo em cima, “sacro oratório”. Ele não era amigo da musica religiosa, ele havia preferido a musica ancestral, erudita, pesada à semelhança do que Johannes Brahms e outros teriam ocasião de compor, mas aumentando um pouco o lume do lampião à gás e a claridade se fazendo algo melhor Händel abriu casualmente aquele libreto e deteve-se porque estava escrito assim: -“ Ele foi abandonado pelos seus melhores amigos”, que curioso, também ele, fora abandonado pelos melhores amigos, levado ao ridículo ele foi traído por um e negado por outro e foi jogado numa cruz de vergonha. Então Händel disse: - mas... é a minha biografia, só que a cruz de vergonha são os padecimentos dos quais eu estertoro, e deu um salto de páginas, mas apesar de todas as dores que o martirizavam ele acreditava em Deus e Händel esteve meditando se ele acreditava em Deus, aquele... do livreto, sim acreditava em Deus, mas ele tambem acreditava a seu modo, não o Deus das religiões o deus antropomórfico aquele deus que marchava à frente dos exércitos para atender a um povo como se os outros povos lhe não pertencessem então agora com lágrimas que estavam represadas no coração e que chegavam à comporta dos olhos ele abriu as primeiras páginas e as primeiras páginas falavam de um homem singular que viera à terra para amar, que trouxera uma das mais encantadoras
  • 4. sinfonias, e no entanto não havia lugar para ele, naquele momento ele sentiu a erupção de um vulcão de emoções que parecia arrebentar a crosta grosseira do seu padecimento e de repente um aluvião de melodias tomou conta da sua mente, ele correu, pegou uma partitura em branco chegou à pianola deu uma oitava e uma segunda deteve os dedos no teclado de fá, depois desceu ao branco de sol e de imediato aquela melodia foi tomando corpo e ele entrou em febre, febre de composição, continuou escrevendo e andando e quando o empregado de quarto veio pela manhã trazer-lhe o desjejum, encontrou-o febril, andando, migalhas de pão espalhadas pelo piso sujo e disse: - mestre, o senhor necessita de alimentar-se, ele recusou-se, também a refeição do meio dia, ele mal tocou e à noite ele parecia depalperado, mas aquele vulcão de notas estavam explodindo-lhe dentro da alma e foi dessa forma que durante quatorze dias e quatorze noites Georg Friedrich Händel começou a compor e terminou de compor “O Messias”, essa obra grandiosa que dignifica a música internacional. Ao terminar, deitou-se e dormiu pesadamente por várias horas, ao recuperar a lucidez ele embalou os poucos pertences e disse ao servo de quarto: - Abandonemos Londres, Londres nos abandonou na miséria e agora aceitarei o convite do vice-rei da Irlanda para preparar um côro em Dublin, para o natal. O servidor ficou contente e naquele mesmo dia pegaram um trem que se dirigia à velha e veneranda capital da Irlanda.Era pior o outono, aproximava- se dezembro, o inverno estava por vir ele apresentou-se aovice- rei, teve carta branca para fazer o que lhe aprouve-se, mas dentro dele a música do Messias crescia e foi então que ele reuniu dois côros, o da catedral e de uma igreja periférica duzentas vozes e começou a ensaiar “O Messias” em quatro vozes. Quando os ventos do mar do norte sopravam o tormento das noites geladas da Irlanda e o povo dormia ou se
  • 5. deitava podia-se ouvir saindo da velha catedral gótica, quase milenar, as vozes angélicas dos cantores exaltando o messias e foi assim que no dia seis de abril de 1742, no maior teatro de Dublin, seria apresentada a premiére de “ O Messias” e como o número de interessados era grande, o diretor do teatro pediu às damas que não usassem saia balão para economizar o espaço e pediu aos cavalheiros que não levassem espada para facilitar o maior número de pessoas e quando o teatro estava super lotado com pessoas até a rua, agora sopravam ventos frios mas era primavera sentia-se no ar o doce perfume das azáleas e das rosas místicas da Irlanda, no teatro iluminado com lamparinas especiais aparece Händel e no momento em que começa a melodia musical ele assume a regência, o povo faz um silêncio sepulcral,primeiro intervalo uma ovação impressionante, o outro intervalo; mas em um determinado momento ele ergue as mãos e no silêncio que se faz sepulcral, duzentas vozes erguem-se e dizem hallelujah,uma palavra e a palavra aleluia é repetida, é outra vez repetida e os súditos de sua majestade Britânica diante dessa melodia que exaltava o Messias, cantando allelujah, levantam-se automaticamente e escutam-na de pé e quando faz a pausa o teatro parece que vai desabar, o aplauso, as emoções e quando termina O Messias,Händel, o côro e a orquestra são ovacionados demoradamente, ele estava tão emocionado que resolveu ceder os direitos autorais dessa obra ao lar de crianças abandonadas em Dublin, porque a musica não é minha, ela explodiu dentro de mim cantando as glórias do Messias e a partir desse momento ele começou um giro internacional pela Europa musical, sua primeira estada foi em Londres no notável Albert hall e quando foi cantado allelujah todas as pessoas levantaram-se em reverencia a essa exaltação ao Messias ele passeou a grandeza de sua arte musical por dezessete anos e no dia 06 de abril de 1759 estando ele a reger
  • 6. em Dublin,foi acometido de um colapso cardíaco,todos lamentaram e Händel foi levado para o hospital,mas a musica prosseguiu com outro regente porque o Hallelujah não podia parar e o Messias teria que penetrar a alma da criatura humana para sempre. Do hospital ele ainda ouvia o côro e então ele disse: - Senhor! Não me deixe morrer agora pelo menos no dia 13 de abril que havia sido uma sexta-feira santa dezessete anos antes então ele ficou ali, quase a morrer até a nova sexta-feira santa 13 de abril de 1759, quando o coral cantava o Hallelujah na catedral, e Händel abandonou a carcassa e acolitado pelas vozes angélicas voltou às regiões sublimes da imortalidade. Desde então, todos os anos no mês de abril ou na sexta-feira santa o Albert Hall de Londres abre as suas portas para apresentar O Messias de Händel e toda vez quando eles começam a cantar o hallelujah, os súditos ingleses como fazem em relação ao Hino Nacional, levantam- se e escutam a exaltação do Hallelujah com a emoção pátria como se estivessem adentrando-se no reino dos céus, em homenagem ao Messias, mas a que Messias referiu-se Jennings, quem seria esse Messias?Ernesto Renan o imortal pela Academia Francesa de Letras,livre pensador no dia 22 de fevereiro de 1862 proferindo uma classe no maior educandário da França “College de France”, a aula inaugural, tem a oportunidade de começar o seu discurso diante da intelectualidade francesa européia, ali em Paris, com as seguintes palavras: - “Jesus é um homem incomparável” e nessas palavras ele demolia um dos mais terríveis posicionamento da religião dominante, o dogma da Santíssima Trindade, a sutileza do intelectual dizia que Jesus não era Deus, era um homem,porém um homem incomparável, porque naquele momento ele estava escrevendo a vida de Jesus, portador de um ateísmo intelectual Ernesto Renan combatia a religião dominante e uma sua irmã muito
  • 7. querida Henriette, havia contraído a tuberculose,aí então chamada “ a peste branca” estamos em 1862,portanto ainda não havia sido descoberto o bastonete de Koch,só mais tarde e a tuberculose era pandêmica, dizimava as vidas. Henriette que era uma grande intelectual recebeu dos seus médicos uma proposta;que abandonasse Paris, o clima úmido durante a maior parte do tempo e o verão abrasador dos meses de agosto e setembro matala-iam, que ela procurasse uma das possessões francesas, de preferência o Líbano,porque a capital do Líbano era a Paris do oriente e procurasse uma área desértica por causa da temperatura,ali talvez ela tivesse prolongada a vida. Henriette atendeu a sugestão médica, transferiu-se a Beirute e logo depois ela foi viver na região por onde havia passado a palavra angélica do apóstolo Paulo, às bordas do deserto, ali ela teve oportunidade de visitar as antigas igrejas agora resultado da demolição dos tempos,havia uma aura mística, naquele ambiente desolado nas fraldas do deserto e aquelas pequeninas igrejas que escutaram a palavra cândida e reverberante do apóstolo das gentes, exsudavam a presença de Jesus e Henriette, intelectual, começou a ler o evangelho,leu nas traduções convencionais dos teólogos apaixonados, foi então que ela fez uma carta ao seu nobre irmão. “Tu detestas Jesus porque não o conheces, eu lanço-te um repto, lê Jesus no hebraico porque és professor da Sorbonne da língua hebraica, lê Jesus no aramaico.no grego antigo, no grego moderno, não nas traduções infelizes dos teólogos e ele te arrebatará a alma, é um desafio que te faço e Ernesto Renan, jornalista, acadêmico intelectual, escritor, eminente autoridade da Sorbonne, foi ler os velhos alfarrábios que falavam a respeito dessa personagem e a medida que foi lendo Jesus no original, apaixonou-se de tal forma que resolveu escrever-lhe a existência, o que fez em uma obra de três tomos e mais tarde
  • 8. um quarto volume para dedica-lo aos atos dos apóstolos. O egrégio codificador da doutrina espírita, Allan Kardec referirse – a duas vezes à obra de monsier Renan na Revue Spirite e falará da grandeza da obra do ponto de vista de Renan, então esse Renan dirá que Jesus foi tão grande, tão grande que não coube na história, porque todos os vultos da humanidade, couberam na história se nós retrocedermos a Confúcio, Lao Tsé , Fo Hi na China ou se no Egito formos a Ramsés II, Aquenáton, se procurarmos na Índia, Krishna, Buda, se avançarmos através da história com a figura de Moisés ou dos grandes construtores de civilização, todos nasceram na história, os conquistadores,Alexandre Magno da Macedônia, Aníbal o Cartaginês, Ciro, rei dos Persas, Cesar que se atribuiu o nome de Divino, Otaviano que deu o seu nome ao século em que nasceu. Mas Jesus foi tão grande que não pode caber na história a história dividiu-se em antes e depois Dele e é esse vulto singular a quem se refere a obra de Händel “O Messias” que nasceu em uma pequena gruta de caucáreo em Belem de Judá há quinze quilômetros de Jerusalém e que a partir daquele momento a história da humanidade não seria jamais a mesma narrada antes, porque a ética era Socrático –platônica para o ocidente e era mística para o oriente, a justiça legal para os judeus era a doutrina mosaica, para os indianos era o Bhagavad gitá com as obras do Vedanta, para cada povo, o seu livro sagrado. Roma estava assenhoreando-se da terra e as primeiras legislações romanas ativeram-se ao trato da terra onde eram sepultados os antepassados quando mais tarde vem a a apresentação de um código ético de heranças e estabelece os direitos do cidadão em relação à pátria, em relação à família, em relação a si mesmo. Confúcio, havia trazido os analectos, mas ele tivera a preocupação de seguir os mestres FoHi, Lao Tsé, a sociedade, a família,Moisés tivera ocasião de falar sobre o amor, sim,
  • 9. mas era o amor a Deus terror, Buda escrevera algo comovedor o quarto caminho, o caminho do meio e estabelecera a compaixão, mas Jesus estabelece o amor, é a primeira personagem da história que estabelece o amor como psicoterapia preventiva a todos os males e curativa atodas as enfermidades, será ele que vai sintetizar toda a filosofia do oriente e do ocidente, numa vertente única, “Amar a Deus sobre todas as coisas e ao próximo como a si mesmo” esse “como a si mesmo” será analisado pela psicologia analítica de Carl Gustav Yung ou pelas propostas notáveis de Viktor Frankl e dos modernos logoterapeutas ou o trabalho extraordinário dos pais da quarta força psicologia, a psicologia transpessoal como sendo a mais notável proposta em psicoterapia de que a humanidade tem notícia, mudando somente a ordem do postulado”amar-se para amar ao próximo e amar a Deus” porque quem não se ama, a ninguém ama, aquele que se não ama, transfere todos os seus conflitos para o outro e diz que isso é amor, projeta a sua imagem e deseja que o outro seja o que ele não conseguiu, esse é o fracasso dos relacionamentos humanos a pessoa deseja que o outro tenha valores que lhe são muito caros mas que ele não logrou e por isso apaixona-se para mais tarde dizer: - decepcionei-me, a pessoa não era quem eu pensava, não temos obrigação de ser o que os outros pensam, temos o dever de ser quem somos, se alguém faz de mim uma imagem romântica, o problema dele, não tenho nenhuma obrigação de corresponder à imagem romântica, que é uma frustração psicológica, então é necessário o auto amor porque o auto amor é uma viagem longa a auto consciência na identificação daquilo “quem sou eu?” “ o que é que faço de mim?”, “porque estou na terra?”, “qual a razão dos valores éticos que me dizem respeito?”, “ qual é a finalidade da minha vida?” aprendemos desde cedo que o objetivo essencial da vida é ser
  • 10. feliz, não pode haver maior engodo do que essa proposta na opinião de Yung e Frankl, porque a minha não tem valor.Porque o que é felicidade? Para a escola de epicuro, a escola hedonista, felicidade é ter, porque quem tem pode, quem pode compra, quem compra goza, e depois? Entra em frustração, é a chamada filosofia da boca para baixo, das sensações: comer, dormir, fazer sexo, é uma maravilha, a pessoa que come muito tem indigestão, a que dorme muito fica amolentada e a que faz muito sexo, fica impotente, então será isso a felicidade? Observamos os deuses do sexo, as pessoas portadoras de sexappeal como dizem os ingleses estão sempre tocando de parceiros, estão sempre frustradas, esperando nas suas fantasias o que não se encontra no mundo sensorial, diria um psicólogo russo : são pessoas fisiológicas, comem, dormem, procriam, os porcos também, então ´e necessário viajar para o indivíduo psicológico, aquele que tem ideal, aquele que pensa e que apesar de comer, dormir, e praticar o sexo também tem um ideal na frente, não se frustra quem tem um ideal, o ideal pode não ser aceito, mas e daí? O ideal é dele, não importa, ele ira lutar com todas as veras do sentimento não para provar o ideal aos outros, para viver o ideal, assim que viveu o Messias, foi rejeitado, foi perseguido, foi detestado e manteve o ideal então Pedro Auspenske irá dizer que noventa e cinco por cento da sociedade de seu tempo nos anos 50 eram constituídos de pessoas fisiológicas, hoje ele diria 97, por causa da televisão, então já não estamos preocupados tanto com o sexo, porque estamos casados dele estamos preocupados agora com o erotismo, a aparência, a figura, a imaginação, o deleite, as aberrações, a drogadição, fuga psicológica da realidade, na busca de estado alterado de consciência para o prazer, é o hedonismo, falência total, então isso não é felicidade e se a felicidade não é isso, deve ser o oposto como dizia Diógenes, não ter nada porque quem não
  • 11. tem nada não pode ficar pior do que está, então fica feliz, mas existem pessoas que são escravas do que não têm, como existem aquelas que são escravas do que tem e aquelas que são escravas do que não têm estabeleceram a felicidade condicional, quando eu me casar... isso no meu tempo, hoje é... quando eu me divorciar...então temos aí a partícula condicional ou então: se eu conseguir o doutorado, se eu conseguir ganhar na loteria, eu serei profundamente infeliz porque esse sonho só leva à amargura então a felicidade condicional, ser escravos, eu nunca me esquecerei de uma amiga que eu tive na repartição que eu trabalhava, porque Deus me deu a honra, nesta reencarnação de ser funcionário público e ele achando pouco me fez chefe de seção de repartição pública e então eu tinha uma colega, naquela época quando uma mulher completava 30 anos, despedia-se do mundo porque era balzaquiana era uma homenagem ao livro de Honoré de Balzac “Mulher de Trinta anos”, não casava mesmo, nem com passes, não casava e a minha colega estava com 29 anos, hoje, essas coisinhas de 18, 20, 25 30 anos, mulher mesmo é a mulher de cinquenta, de sessenta, siliconada, toda trabalhada, etc....como mudam os tempos...minha colega era muito peculiar , estava com 29 anos e meses e um dia debruçou-se na minha mesa e disse: Diovaldo você sabe orar? Eu disse sei, eu sou muito presunçoso, sei! – Você ora por mim? E eu disse: - mas para que? - Para eu me casar, eu olhei e disse: - Oro! E comecei a orar: - Meu Deus, Santo Antonio meu amigo ... eu era muito católico, a minha colega arranjou namorado e que namorado! Era um artista de cinema, eu fiquei admirado e vi que minha prece era poderosíssima, casou antes dos trinta mesmo que no programa que tem aí “se vira nos trinta”, casou!