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OS QUATRO GIGANTES DA ALMA
Na década de 1940, o emérito psicólogo e psiquiatra espanhol, professor Dr.Emílio Mira Y
López, fazendo uma análise da sociedade contemporânea estabeleceu que as criaturas
humanas naquela época, eram vítimas de quatro gigantes da alma.Ele arrolava o amor, o
dever, a ira, o medo como verdadeiros gigantes que dominavam as almas das criaturas,
tornando-as estúrdias e sofridas. No ano de 1985 o espírito Joana de Angelis, fazendo uma
releitura da sociedade daquela década, escreveu mediúnicamente e por intermédio de nós
outro uma obra à qual deu o nome de “O HOMEM INTEGRAL”.Nessa obra a veneranda
benfeitora procura demonstrar que a criatura humana, porque perdeu o endereço de Deus,
ainda não logrou conseguir a paz.A ciência, aliada à tecnologia de ponta que trouxe tanto
conforto e comodidade para os indivíduos não logrou equacionar o problema da
emotividade.É verdade que a ciência médica através de seus vários setores e especialidades
prolongou a existência física dando-nos uma longevidade respeitável. Conseguiu banir do
plano do planeta, pandemias terríveis que periodicamente avassalavam a terra
exterminando partes da população.Nada obstante, a incúria humana fez que surgissem
novas calamidades como a AIDS, que nesse momento está devorando a vida de 42 milhões
de infectados, já contabilizados. Como a ebola, que mata antes de ser apresentado o
diagnóstico.Como a terrível gripe das aves que agora ameaça a estrutura do planeta
terrestre.
É verdade que a ciência médica, através das cirurgias, dos transplantes e através do imenso
arsenal da farmacologia consgiu diminuir as dores físicas, que tanto nos afligiam no passado.
Mas as estatísticas do câncer, das degenerescências orgânicas, das enfermidades do sistema
nervoso central e também do aparelho coronariano ameaçam este ser que conquistou as
estrelas mas que não se conquistou a si mesmo.Até parece um paradoxo.Tanta glória estelar
e tão pequena colheita de afetividade.O homem e a mulher modernos, matam por uma
coisa insignificante, enquanto os animais denominados selvagens, somente matam quando
têm fome ou quando são perseguidos. A violência individual irrompe e se estende no lar,nos
relacionamentos sociais, na vida urbana, nas comunidades,entre as nações. E nesse período
que a terra parece viver em paz, vivemos um momento paradoxal e esse momento terrível
entre glória e degradação pelo sexo promíscuo, pela drogadição, pelo alcoolismo, pelo
tabagismo denota que o ser humano é vítima de terríveis conflitos existenciais.Falamos a
respeito dos segmentos terrestres, que parecem em decomposição moral, nas várias áreas
da religião, da política, da sociedade, dos vários setores da arte, da cultura, da ciência. Mas
tudo isso é resultado de um único fator.O ser humano perdeu o endereço de si mesmo. Os
notáveis psicólogos de comportamento, como o teólogo e psicólogo americano dr.
Estabelece que tudo isso é fruto do vazio existencial.As pessoas atingem a idade adulta e
continuam perguntando, mas quem sou eu? o que é que eu vim fazer na terra? Qual seria a
minha missão.Eu não sei exatamente porque sofro alias eu nem sei se pedi para estar aqui.E
todas essas reflexões amargas que denotam um terrível pessimismo são fruto da perda de
direção do indivíduo.Por essas e outras razões,analisando na década de 1980 como nos
referimos a postura da criatura humana deslumbrada pela tecnologia, pela ciência virtual,
pelas telecomunicações.Joana de Angelis disse, que nós poderíamos arrolar quatro
modernos gigantes da alma. Que nos afligem, que nos aturdem e que tira-nos a razão de ser
da nossa existência.O primeiro deles, segundo a mentora, é a rotina. A rotina é esse estado
psicológico de aceitação mórbida e insossa da existência humana.É um mecanismo de fuga.
A criatura procura ter uma vida rotineira, para não correr riscos.Para não se aventurar. E
perde o sentimento de beleza, do ideal, a alegria de viver, os estímulos,deixando-se arrastar
pela monotonia e tombando na indiferença. Podemos dizer que a rotina é a ferrugem da
alma. Mas é atrás dela que um grande número de nós esconde-se para não assumir
responsabilidades. Porque os desafios, parecem muito perturbadores.Então um grande
número de pessoas, dormem na mesma hora, acordam na mesma hora, faz as mesmas
coisas. Assistem os mesmos programas de rádio, de televisão,no clube social, e apegam-se às
conversas pessimistas.A queixa, sempre têm do que se queixar e a vida perde
completamente o sentido existencial.O psicólogo a quem nos referimos, o Dr. Romney narra
uma experiência notável a respeito da rotina.Ele conta que a empresa de ônibus de Nova
York pertence à Prefeitura e o chofer diariamente fazia a mesma rota, ele saia da quinta
avenida até a praça central do Bronx, um dos bairros negros de Nova York.Durante vinte e
cinco anos ele dirigiu o ônibus para os mesmos lugares, ele viu crescer crianças que se
tornaram adultas, que se fizeram pais,acostumou-se a saldar a criança e mais tarde, quase
um ancião.Naqueles vinte e cinco anos, o tédio tomou conta da sua existência e um dia ele
resolveu fazer algo diferente.Algo que provocasse impacto e furtou o ônibus.Optou por levar
o ônibus na direção de Nova Jersey, o estado fronteiriço de Nova York e para atravessar o
pedágio, é claro,ele foi preso e perguntaram o que ele pretendia fazer com o ônibus? Que
era patrimônio da Prefeitura.Ele disse:- estou furtando o ônibus porque desejo morar em
Miami.Miami é a cidade da luz do sol,do conforto, eu quero quebrar a rotina.Não aguento
mais.A tese pareceu tão absurda que o ônibus foi devolvido à Prefeitura de Nova York e
como punição, o meritíssimo Juiz obrigou-o a continuar na mesma linha fazendo o percurso
Quinta avenida e Bronx.No entanto, aconteceu algo inusitado, quando ele chegou à praça do
Bronx, agora na segunda fase da sua vida, a praça estava decorada com bandeiras, as
pessoas estavam com seus trajes dominicais, as crianças cantarolavam e uma moça acercou-
se do ônibus e através da alegria de todos gritou: - Nosso herói, você fez uma coisa que
todos nós gostaríamos de fazer.Quebrou a rotina.Teve a coragem de assumir a sua
realidade.É o nosso herói.Ele ficou pasmado ante esse gesto inesperado. Porque na
realidade a rotina nos asfixia.Enós preferimos perder essa alegria de viver, de nos
movimentarmos, com medo de que algo nos apareça maior do que nossa própria
realidade.Então a rotina deve sair da pauta da nossa conduta psicológica, social, moral,
emocional.Fazer uma coisa nova. Uma outra psicóloga americana tem a oportunidade de
dizer, tenha coragem de lavar a louça em casa, com alegria.De lavar as panelas sorrindo,
porque para a mulher não pode haver nada mais terrível e desagradável, do que lavar as
panelas.Lavar a louça por melhor detergente que tenha e mesmo que tenha máquina de
lavar. Se você tem máquina de lavar, faça agora uma coisa diferente, lave a louça com uma
velha bucha das tradições do interior,limpe bem o copo, lave muito bem o prato,porque
pratos lavados em máquinas, não perdem a gordura e estão sempre viscosos, meio
sujos.Mas sinta a alegria de fazer uma coisa rotineira de maneira diferente. Quando estiver
no tanque de roupas, empilhadas, ao invés de reclamar diga:- eu vou aproveitar esse tempo
da lavagem de roupa para pensar no meu marido, para pensar no meu companheiro, para
ver o que é que eu vou lhe dizer, pra reformular a minha vida,mas faça algo
diferente.Quebre a rotina, porque senão a rotina quebra a sua vida. E os homens, procurem
sempre fazer uma coisa nova. O rotineiro vai para o trabalho sempre pela mesma rua.
Poderia fazer uma volta, olhar para o outro lado, atravessar a esquina, mas ele se deixa
conduzir de uma maneira pacata, precavida, de maneira que nada lhe perturbe mas a vida é
um grande desafio, enquanto nós estamos vivendo, estamos morrendo.As nossas células
morrem a cada segundo na corrente circulatória. Em cada segundo morrem trinta milhões de
glóbulos vermelhos e nascem trinta milhões de glóbulos vermelhos. Não existe rotina, não
existe paralisia.Desde o momento em que iniciamos a leitura deste opúsculo até esse
momento, uma décima parte de nossos corpos morreu. E também estamos com uma décima
parte inteiramente nova . Em cada sete anos nosso corpo é inteiramente novo, menos nos
neurônios cerebrais que quando morrem, não se renovam.Equivale dizer que um pessoa de
setenta anos já teve dez corpos e não notou, porque a personalidade permaneceu. Graças
aos neurônios cerebrais. Então a vida é pulsante, é ativa. É necessário quebrar a rotina. Faça
algo diferente hoje.Quando chegar em casa e tomar um chimarrão antes de dormir, diga-se:-
Pela primeira vez não vou tomar chimarrão.Vou tomar chocolate quente.E se não tiver
chocolate quente, eu ainda vou tomar chimarrão mas eu vou colocar um pouco de limão
para variar.Ou vou colocar mel ou outra coisa.Quebrar a rotina, é viver.É libertar-se de um
conflito de fuga da realidade.O segundo gigante da alma, segundo Joana de Angelis, é a
ansiedade.Quem não é vítima da rotina, é vítima da ansiedade. Eu tenho certeza de que aqui
onde estou proferindo esta palestra, um grande número de pessoas está anciosa para que eu
acabe logo, e eu mal comecei.Mas um grande número está querendo que eu acabe logo.Para
nada.Vai voltar para casa,se tem televisão vai ligar naquele mesmo programa insuportável,
vai passar para outro programa, vai assistir à novela.Aquela novela que é muito antiga mas o
nome é novo, porque no fim dá tudo certo.Tem intriga de adultério, a mãe toma o
namorado da filha, a filha toma o namorado da mãe e no fim, fica tudo ótimo e nós ficamos
paternalistas da filha porque a mãe é muito implicante, não ficamos a favor da mãe porque a
filha é muito atrevida.Então nossa vida é uma ansiedade. Certa feita eu estava programado
para uma cidade de grande porte no sul do país.Invariavelmente eu chego muito cedo para
as palestras porque eu gosto de conversar, saldar as pessoas, conviver com infinito prazer.E
quando eu me sentei, acercou-se de mim um cavalheiro e olhou o relógio e me perguntou:-
você é o Divaldo?-pois não. – a que horas vai começar a reunião? – Está marcado para as 8 e
30. Ele disse –Ué, só falta uma hora e meia.Eu disse não senhor, ainda falta uma hora e meia.
Notei que ele era um ancioso! Porque dizer uma hora e meia era apenas o tempo que
faltava, era de alguém ancioso.Ele perguntou: - E será que vai começar na hora?Eu disse : -
Eu não sei, eu já cheguei. O senhor pergunta ali ao responsável. Ele foi, conversou com o
responsável, deu meia volta e quando eu menos esperava ele chegou e disse: - Divaldo, olha
aqui, só falta uma hora.Eu disse: - não senhor! Ainda falta uma hora. –E vai começar na
hora?eu disse:- Bem... eu pretendo, mas não posso garantir.Eu sou o convidado, se não me
chamarem, eu não posso fazer nada.Ele saiu aborrecido, começou a andar e quando eu
menos esperava , ei-lo pela terceira vez: - Divaldo, só faltam quinze minutos para começar.
Eu disse: - então, ainda faltam quinze minutos. Mas, Divaldo.. eu então disse:- olha aqui,
nesses quinze minutos, muita gente ainda está em casa,ainda vai tomar banho,ainda vai
jantar,ainda vai pegar o carro, ainda vai chegar aqui e ainda vai alcançar a palestra.Ele
perguntou:- será? Como todo ancioso tem muito medo da morte eu perguntei para ele: - o
senhor sabe quantas pessoas morrem em quinze minutos? Ele disse: - não sei.Em um
segundo? Não não sei. Pois olhe bem, segundo as estatísticas,em cada minuto, em cada
segundo, morrem 7.500 pessoas na terra, o senhor veja bem, multiplique 7.500 por 60,
depois multiplique por 15 e veja quanta gente ainda vai morrer antes de eu começar a
palestra.Ele disse:- Ave Maria. Eu disse: - pode ser que morra o auditório todo, é uma
eststística.Ele disse: - Ave Maria, cruz credo! E saiu! E eu disse:- Graças a Deus, desse eu
estou livre.Mas não fiquei livre.Na hora que me chamaram, levantei, ergui a cabeça; ele
estava fronteiriço a mim.Então eu comecei a falar.Ele no momento em que o olhei, segurou-
me os olhos, levantou a manga do paletó,olhou o relógio, olhou pra mim como quem diz:- eu
vou me controlar!Eu também olhei no relógio e disse pobre dele, eu havia falado penas 5
minutos e pensei:- ele ainda vai olhar treze vezes, porque eu vou falar uma hora e dez, uma
conferência tem naturalmente uma práxis.Uma aula são 45 , 50 minutos, uma conferência
60 -70 minutos,uma conversação não tem limite. Não o olhei mais, terminei a conferência,e
quando terminei ele veio correndo subiu ao palco, deu-me um abraço e me disse: - Mas Seu
Divaldo; o senhor fala hein? Eu olhei para ele e disse: - mas é natural- mas o senhoe fala
muito.Eu fui convidado para falar.Mas Seu Divaldo, o senhor fala demais.Porque que o
senhor acha que eu falo demais? Porque o senhor falou mais de duas horas. Pelo meu
relógio, pode estar diferindo do relógio do senhor. Eu comecei a falar às 8 e 35, são 9 e 45, e
então eu falei uma hora e dez. É mas pareceu que foram duas horas.Eu perguntei: - sabe
porque? – não senhor. Porque o senhor não prestou atenção. O senhor não acompanhou
meu raciocínio. O senhor estava ancioso para que acabasse logo e não acabava nunca.a
ansiedade é assim.Até “O Pequeno Príncipe” de Saint Ettoine de Exupery coloca uma frase
muito bonita: “Se tu dizes que vem às quatro, desde as duas eu te espero”.É a ansiedade
normal. Mas a sua é uma ansiedade patológica, uma ansiedade nervosa. Eu perguntei: - O
senhor gostou da palestra? Ele era também educado.É lógico, gostei sim.Então perguntei: -E
de que parte o senhor gostou mais?Ele disse: - de tudo e fique em paz viu? E foi embora. Era
o ansioso. O ancioso é a pessoa que sempre está no lugar em que não se encontra. Ele está
aqui mas está pensando: “Quando terminar, ir para casa, ou quando chegar amanhã... ou
quando chegar o natal...Quando chega o natal, ele detesta o natal e adora a semana
santa.Quando chega a semana santa,tomara que já chegue junho, eu adoro aquele frio dos
pampas, o minuano, e quando chega o frio, reclama: quem aguenta uma calamidade dessas?
Eu gosto mesmo é do verão. O ancioso é alguém que perde a sua vida. É um conflito terrível
a ansiedade. É natural termos uma ansiedade. Quando nós esperamos uma pessoa amada.
Quando aguardamos a resposta de algo que nos interessa.Quando estamos na expectativa
de algum resultado. Porém, quando isso extrapola, nos dá insônia, sudorese, palpitação, já
não é uma ansiedade natural.Ela é enfermiça.Necessita de terapia. O terceiro gigante da
alma é o medo.a nossa é uma sociedade que tem medo.Tem medo da doença, tem medo do
desemprego, tem medo da morte, tem medo da vida.Muita gente me diz: - eu tenho tanto
medo da vida, que eu não gosto de sorrir.Porque toda vez que eu sorrio, logo depois me
acontece uma desgraça.Então eu não rio.Ele deixa de ser feliz com medo de uma coisa que
não vai acontecer.E eu sempre redarguo,sorria, hoje! E se vier um problema amanhã? Sofra
o problema amanhã.Na tradição somente quem morre de véspera é o peru de natal. Nós não
somos peru de natal. Vivemos a nossa alegria de agora. Porque pode ser que a tragédia que
você pensa que iria acontecer, não aconteça. E se ela acontecer, faz parte do nosso
curriculum existencial. A vida não é uma linha horizontal.Ela somente é reta para os
esquizofrênicos, que não têm sensibilidade. A sua emotividade é embotada e o seu mundo é
especial. Ele alienou-se, saiu de uma realidade e construiu a sua realidade.Então para ele
aquilo é uma grande horizontal. A verdadeira vida é sinuosa, ascensão e queda, conquista e
perda. O que importa é a grande linha que nós desenhamos inclinada. Para poder atingir o
ápice é necessário irmos passo a passo. Mas as criaturas vivem hoje atormentadas pelo
medo.O medo de perder o emprego,o medo de perder o afeto,o medo de perder o dinheiro,
O medo de ser assaltado. Eu já fui assaltado.É uma coisa maravilhosa. É uma emoção
especial.Eu tenho uma amiga no Rio de Janeiro que me disse: - Divaldo, quando lhe digo que
sou sofredora você não acredita.Eu sou tão sofredora porque ainda não fui assaltada.Éuma
verdadeira desgraça para ela porque no Rio de Janeiro praticamente todos foram
assaltados.Eu tenho um amigo que foi assaltado ao entrar numa rua na praia do Flamengo e
quando chegou na saída, foi assaltado novamente.Então ele disse:- olha, aquele seu amigo
ali já me depenou.Ele disse, então está em boas mãos.Tudo frateno, e interessante.Depois
eu também fui assaltado.Eu havia terminado a leitura do evangelho na casa de uns amigos.E
caminhava tranquilamente para o apartamento em que me hospedo, na avenida Oswaldo
Cruz, no coração da cidade.No dia seguinte viajaria à África do sul.E no momento em que eu
atravessava, dez e meia da noite no ano de 1981eu vi alguém sair, me agarrar na garganta e
colocaram alguma coisa no meu ventre.Eu pensei que era algum amigo, algum confrade.
Aquele abraço apertado e eu disse:- ah muito obrigado e o indivíduo diz: isto é um
assalto.Meu Deus, é um assalto.Senti o hálito carregado. Olhei para ele, ele estava
desfigurado.Era um jovem, naquela época, portanto há vinte ou vinte e cinco anos eu era um
pouco mais jovem.Então ele me olhou e disse:- o que é que leva aí?Eu disse: - Eu não levo
nada. Eu não esperava ser assaltado então eu não trouxe. Porque eu estava orando. E
lembrei-me do relógio. Olhei meu pulso. Pela primeira vez na minha vida eu me houvera
esquecido na mesa da residência que eu estava.Ele então deu uma bofetada com toda força
e disse:- como é que você chega nessa idade e não tem nada.Eu disse, pois é na próxima vez,
você me telegrafa e eu levo a sua dose, você deve ser um toxicômano. E quer, naturalmente,
um baseado.Ele então olhou para mim e disse: - vou matá-lo. O mais curioso é que nesse
momento eu tive uma crise de riso. Mas não de nervoso Porque ele estava agarrado comigo
eram mais de 10 e 30 da noite embaixo de uma árvore, o povo passando para lá, para cá.Se
alguém me visse ia ser muito complicado explicar que aquilo ali era um assalto. Então eu
disse, você vai me soltar.Ou me mata ou me solta.porque já imaginou o povo passando e nós
dois, agarradinhos aqui embaixo da arvore.Ele não suportou e riu.Aí eu vi que ele estava
com um punhal,e eu senti a ponta.Eu vou te matar porque você é um arquivo. Eu matei um,
saí da penitenciária Lemos Brito, estou em liberdade condicional, e o primeiro infeliz que eu
assalto não tem nada.Eu estou com fome, preciso de dinheiro. Vou matar você.Eu digo: -
olha, eu agradeço.Fico muito feliz de você me matar. Porque eu não tenho medo da morte.E
porque não tem? Porque eu sou espírita.e o que é isso?Eu disse, mas meu Deus, o senhor é
difícil hein?Até na hora de morrer eu tenho que pregar espiritismo para
assassino.Espiritismo...eu fiz uma síntese e enquanto lhe falava sobre o espiritismo eu vi a
mãezinha dele, desencarnada, que estava ao lado.Disse-lhe eu sou médium.Ele disse, o que
é que é isso?Eu vejo os mortos.Porque os mortos não morreram.Estou vendo aqui a sua
mãezinha, ela me diz que se chama Carmencita e que você não matou apenas um. Você
matou o companheiro dela que era traficante de drogas. Mas ela também morreu de
desgosto quando o amante foi para a sepultura e você foi para a cadeia. Ela está usando um
lenço de xadrez, que você lhe deu. Ela esta me dizendo que você é Pernambucano.Mas a
minha mãe já morreu.Ela está viva, lamentando profundamente o filho bandido que você
é.Agora se quizer pode matar. Eu não tenho medo da morte.Ele tremeu. Quer me soltar? Ele
me soltou.Estava chorando. Ele me disse: - Eu sou infeliz.Não meu filho você fez-se
infeliz.cada um de nós tem a vida que trabalha para si mesmo. Qual é o se problema ? e ele
disse:- Fome!Então vamos ao apartamento. Eu lhe darei comida por que dinheiro não
dou.Porque eu não sustento malandro. Eu trabalho muito para ter dignidade, então não vou
lhe dar dinheiro.Mas eu levo você ao meu apartamento agora, onde estou hospedado e nós
vamos jantar.Ele perguntou, o senhor me leva lá?Levo claro, estávamos a menos de 150
metros Eu então encostei meu corpo na parede.Sistema nervoso é uma coisa muito curiosa.
Esta coragem que eu estava, quando ele disse então vamos, que eu quis ir, as pernas não
quiseram.Eu tentei novamente e elas estavam chumbadas Então ele me perguntou: - alguma
coisa? E eu disse É lógico, você me faz um susto desses e as pernas não querem ir. Então foi
uma cena ridícula, o ladrão me abraçou e me puxou e eu fui arrastado pelo ladrão.Quando
chegamos ao edifício, o porteiro estranhou aquela cena inusitada.E eu disse, meu filho esse
rapaz salvou a minha vida.Eu ia ali atravessar o semáforo e ele salvou a minha vida eu estou
levando-o ao apartamento para gratificá-lo. O porteiro não acreditou porque ninguém nunca
foi convidado a adentrar no meu apartamento quando estou no Rio de Janeiro.Àquela hora
da noite, um indivíduo estranho então porteiro perguntou Seu Divaldo, o senhor quer que
eu o acompanhe?Eu disse, não, está tudo sob controle.Então eu me recuperei, subi e depois
que passa o choque, dá fome.Preparei um bom lanche, sou um excelente cozinheiro.Não sei
fazer churrasco mas comida baiana, com certeza.Então servimo-nos. Eram 11 e meia da noite
telefonei para um amigo e pedi ao amigo para ir ao apartamento. Porque nada melhor no
mundo do que amigos.O amigo veio com a esposa e perguntou:- Divaldo qual é o problema?
Eu disse:- Náo é problema, é solução. Este rapaz está precisando de um emprego e eu
gostaria que você lhe conseguisse um emprego.Edivaldo, você o mandaria ao escritório
amanhã, a qualquer hora?AH, mas ele é um caso especial.Meu filho, conte a sua vida. E ele
disse: be, porque eu já matei um não sabe? E ntão todos ficaram assustados e eu disse: - Ele
já matou. Não é problema, o problema é quem vai matar.Que a gente não sabe.O que você
sabe fazer? E ele disse: - quase nada.Eu sei dirigir mais ou menos , eu fiquei seis anos no
cárcere.Meu amigo disse:- Então eu vou colocá-lo como chofer da minha mulher. Ela me
olhou e disse: Divaldo... e eu disse:-Não há problema, ele é sadio mentalmente. Naquele
momento ele não tinha documentos. Meu amigo preparou-se para poder atendê-lo muito
bem. Saímos numa paz muito grande sem conflitos. No dia seguinte viajei, fiz uma jornada
pela África do sul. E quando retornei esse amigo sempre me pegava no aeroporto do
Galeão.Estava um rapaz uniformizado de boa aparência.Eu não reconheci. Bateu-me
continência, então olhei para ele. Era o ladrão.Ele então disse assim:- Tudo bem? Eu
perguntei e o patrão? Ele é ótimo.A partir dali ficamos amigos. Ele prosperou, hoje é o meu
guarda costas. Ele é enorme.Deixou a função com meu amigo, conseguiu a sua vida própria,
mora na baixada fluminense. E todo ano eu realizo conferências no Rio de Janeiro. Sempre
que eu vou a Belford Rôxo a cidade que dá o maior índice de crimes da América latina, ele
me diz:-Mas Seu Divaldo o senhor vai a Belford Rôxo arriscando ser assassinado,roubado.Ele
foi o único que tentou, mas não conseguiu.Vou sim. Então eu vou para defender o senhor.
Ele fica do lado, faz a fila e quando alguém me abraça mais demoradamente ele pergunta de
lá: - Manero ou empurro?Eu digo Manera.Ele está sempre com a ideia fixa de que estou
sendo assaltado.Eu já disse para ele, não adianta me assaltar. Só se me levar.E se me levar só
vai ter prejuízo e problema.Porque eu sou como a rainha Elizabeth, eu só carrego caneta e
relógio, no mais eu não tenho nada.Quero demonstrar que esse indivíduo que era um
bandido, com uma ficha terrível na polícia, renovou-se, foi estudar a doutrina espírita,
descobriu o sentido da vida, Foi trabalhar, adquiriu dignidade. Deixou de provocar
medo.Certo dia perguntei-lhe: - Naquela noite, você ia matar-me?Ia sim senhor.
Porque?Medo. Eu tinha medo que o senhor me denunciasse. O senhor era uma testemunha
de que eu havia violado a liberdade condicional.Então eu ia matá-lo.E porque não me
matou? Porque o senhor olhou para mim com muita tranquilidade e disse: - Meu filho.a
única pessoa que teve essa compaixão de mim foi minha mãe.Quando o senhor falou meu
filho, eu estou vendo a sua mãe. Então eu tremi nas bases Seu Divaldo.Então o medo é um
adversário cruel.Nós estamos sob o jugo do medo.E devemos libertar-nos através dos
mecanismos sublimes da oração, da meditação, da compaixão.O bandido é um infeliz. Tnha
certeza de que ele tem mais medo de nós do que nós temos medo dele.Ele ataca porque tem
medo de ser atacado.Ele mata porque tem medo de ser morto.Mas nós então dizemos: -
Mas nós não queremos correr o risco. Ninguem foge da sua realidade, nem da sua
fatalidade.É claro que não iremos aos lugares sórdidos, onde predomina o vício, onde se
estardeia a corrupção.Evitaremos os lugares perigosos, mas não podemos evitar aquilo que
tecnicamente é inevitável.Os relacionamentos sociais.Então deveremos sobrepor-nos ao
medo.Estabelecendo uma vida interior de equilíbrio. Uma alta estima, uma valorização do
ser que somos em detrimento dos conflitos que agasalhamos.O quarto gigante da alma,
ainda segundo Joana de Angelis, é a solidão.Notem aque este século XXI é o século da
solidão.Nós somos solitários a sós,solitários a dois, solitários aqui na multidão.Entre os
grandes conflitos existenciais, a solidão tem um destaque muito grande.Porque ao lado do
medo e da ansiedade, produz a depressão.E a depressão neste momento é a patologia mais
grave da sociedade.As estatísticas americanas publicadas numa obra “os demônios do meio
dia”. Dizem que existem ns terra hoje, duzentos milhões d depressivos, diagnosticados.Fora
aqueles que ainda não têm diagnose. Se todos os leitos hopitalares da terra fossem
reservados apenas para depressão, seriam insuficientes. Mas porque a depressão? Por causa
da perda dos nossos valores espirituais. A grande maioria de nós tem religião. Mas não tem
religiosidade.Frequentam o culto como quem vai ao clube. Não participa emocionalmente.
Nós fizemos um levantamento há poucos dias na cidade de Zurich. Cidade que nós visitamos
há dezenove anos para realizar seminários e conferências. No período de Pentecostes. Então
eu tive a oportunidade de perguntar a 32 pessoas.O que é o Pentecostes?

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Os quatro gigantes da alma

  • 1. OS QUATRO GIGANTES DA ALMA Na década de 1940, o emérito psicólogo e psiquiatra espanhol, professor Dr.Emílio Mira Y López, fazendo uma análise da sociedade contemporânea estabeleceu que as criaturas humanas naquela época, eram vítimas de quatro gigantes da alma.Ele arrolava o amor, o dever, a ira, o medo como verdadeiros gigantes que dominavam as almas das criaturas, tornando-as estúrdias e sofridas. No ano de 1985 o espírito Joana de Angelis, fazendo uma releitura da sociedade daquela década, escreveu mediúnicamente e por intermédio de nós outro uma obra à qual deu o nome de “O HOMEM INTEGRAL”.Nessa obra a veneranda benfeitora procura demonstrar que a criatura humana, porque perdeu o endereço de Deus, ainda não logrou conseguir a paz.A ciência, aliada à tecnologia de ponta que trouxe tanto conforto e comodidade para os indivíduos não logrou equacionar o problema da emotividade.É verdade que a ciência médica através de seus vários setores e especialidades prolongou a existência física dando-nos uma longevidade respeitável. Conseguiu banir do plano do planeta, pandemias terríveis que periodicamente avassalavam a terra exterminando partes da população.Nada obstante, a incúria humana fez que surgissem novas calamidades como a AIDS, que nesse momento está devorando a vida de 42 milhões de infectados, já contabilizados. Como a ebola, que mata antes de ser apresentado o diagnóstico.Como a terrível gripe das aves que agora ameaça a estrutura do planeta terrestre. É verdade que a ciência médica, através das cirurgias, dos transplantes e através do imenso arsenal da farmacologia consgiu diminuir as dores físicas, que tanto nos afligiam no passado. Mas as estatísticas do câncer, das degenerescências orgânicas, das enfermidades do sistema nervoso central e também do aparelho coronariano ameaçam este ser que conquistou as estrelas mas que não se conquistou a si mesmo.Até parece um paradoxo.Tanta glória estelar e tão pequena colheita de afetividade.O homem e a mulher modernos, matam por uma coisa insignificante, enquanto os animais denominados selvagens, somente matam quando têm fome ou quando são perseguidos. A violência individual irrompe e se estende no lar,nos relacionamentos sociais, na vida urbana, nas comunidades,entre as nações. E nesse período que a terra parece viver em paz, vivemos um momento paradoxal e esse momento terrível entre glória e degradação pelo sexo promíscuo, pela drogadição, pelo alcoolismo, pelo tabagismo denota que o ser humano é vítima de terríveis conflitos existenciais.Falamos a respeito dos segmentos terrestres, que parecem em decomposição moral, nas várias áreas da religião, da política, da sociedade, dos vários setores da arte, da cultura, da ciência. Mas tudo isso é resultado de um único fator.O ser humano perdeu o endereço de si mesmo. Os notáveis psicólogos de comportamento, como o teólogo e psicólogo americano dr. Estabelece que tudo isso é fruto do vazio existencial.As pessoas atingem a idade adulta e continuam perguntando, mas quem sou eu? o que é que eu vim fazer na terra? Qual seria a minha missão.Eu não sei exatamente porque sofro alias eu nem sei se pedi para estar aqui.E todas essas reflexões amargas que denotam um terrível pessimismo são fruto da perda de direção do indivíduo.Por essas e outras razões,analisando na década de 1980 como nos referimos a postura da criatura humana deslumbrada pela tecnologia, pela ciência virtual,
  • 2. pelas telecomunicações.Joana de Angelis disse, que nós poderíamos arrolar quatro modernos gigantes da alma. Que nos afligem, que nos aturdem e que tira-nos a razão de ser da nossa existência.O primeiro deles, segundo a mentora, é a rotina. A rotina é esse estado psicológico de aceitação mórbida e insossa da existência humana.É um mecanismo de fuga. A criatura procura ter uma vida rotineira, para não correr riscos.Para não se aventurar. E perde o sentimento de beleza, do ideal, a alegria de viver, os estímulos,deixando-se arrastar pela monotonia e tombando na indiferença. Podemos dizer que a rotina é a ferrugem da alma. Mas é atrás dela que um grande número de nós esconde-se para não assumir responsabilidades. Porque os desafios, parecem muito perturbadores.Então um grande número de pessoas, dormem na mesma hora, acordam na mesma hora, faz as mesmas coisas. Assistem os mesmos programas de rádio, de televisão,no clube social, e apegam-se às conversas pessimistas.A queixa, sempre têm do que se queixar e a vida perde completamente o sentido existencial.O psicólogo a quem nos referimos, o Dr. Romney narra uma experiência notável a respeito da rotina.Ele conta que a empresa de ônibus de Nova York pertence à Prefeitura e o chofer diariamente fazia a mesma rota, ele saia da quinta avenida até a praça central do Bronx, um dos bairros negros de Nova York.Durante vinte e cinco anos ele dirigiu o ônibus para os mesmos lugares, ele viu crescer crianças que se tornaram adultas, que se fizeram pais,acostumou-se a saldar a criança e mais tarde, quase um ancião.Naqueles vinte e cinco anos, o tédio tomou conta da sua existência e um dia ele resolveu fazer algo diferente.Algo que provocasse impacto e furtou o ônibus.Optou por levar o ônibus na direção de Nova Jersey, o estado fronteiriço de Nova York e para atravessar o pedágio, é claro,ele foi preso e perguntaram o que ele pretendia fazer com o ônibus? Que era patrimônio da Prefeitura.Ele disse:- estou furtando o ônibus porque desejo morar em Miami.Miami é a cidade da luz do sol,do conforto, eu quero quebrar a rotina.Não aguento mais.A tese pareceu tão absurda que o ônibus foi devolvido à Prefeitura de Nova York e como punição, o meritíssimo Juiz obrigou-o a continuar na mesma linha fazendo o percurso Quinta avenida e Bronx.No entanto, aconteceu algo inusitado, quando ele chegou à praça do Bronx, agora na segunda fase da sua vida, a praça estava decorada com bandeiras, as pessoas estavam com seus trajes dominicais, as crianças cantarolavam e uma moça acercou- se do ônibus e através da alegria de todos gritou: - Nosso herói, você fez uma coisa que todos nós gostaríamos de fazer.Quebrou a rotina.Teve a coragem de assumir a sua realidade.É o nosso herói.Ele ficou pasmado ante esse gesto inesperado. Porque na realidade a rotina nos asfixia.Enós preferimos perder essa alegria de viver, de nos movimentarmos, com medo de que algo nos apareça maior do que nossa própria realidade.Então a rotina deve sair da pauta da nossa conduta psicológica, social, moral, emocional.Fazer uma coisa nova. Uma outra psicóloga americana tem a oportunidade de dizer, tenha coragem de lavar a louça em casa, com alegria.De lavar as panelas sorrindo, porque para a mulher não pode haver nada mais terrível e desagradável, do que lavar as panelas.Lavar a louça por melhor detergente que tenha e mesmo que tenha máquina de lavar. Se você tem máquina de lavar, faça agora uma coisa diferente, lave a louça com uma velha bucha das tradições do interior,limpe bem o copo, lave muito bem o prato,porque pratos lavados em máquinas, não perdem a gordura e estão sempre viscosos, meio sujos.Mas sinta a alegria de fazer uma coisa rotineira de maneira diferente. Quando estiver no tanque de roupas, empilhadas, ao invés de reclamar diga:- eu vou aproveitar esse tempo
  • 3. da lavagem de roupa para pensar no meu marido, para pensar no meu companheiro, para ver o que é que eu vou lhe dizer, pra reformular a minha vida,mas faça algo diferente.Quebre a rotina, porque senão a rotina quebra a sua vida. E os homens, procurem sempre fazer uma coisa nova. O rotineiro vai para o trabalho sempre pela mesma rua. Poderia fazer uma volta, olhar para o outro lado, atravessar a esquina, mas ele se deixa conduzir de uma maneira pacata, precavida, de maneira que nada lhe perturbe mas a vida é um grande desafio, enquanto nós estamos vivendo, estamos morrendo.As nossas células morrem a cada segundo na corrente circulatória. Em cada segundo morrem trinta milhões de glóbulos vermelhos e nascem trinta milhões de glóbulos vermelhos. Não existe rotina, não existe paralisia.Desde o momento em que iniciamos a leitura deste opúsculo até esse momento, uma décima parte de nossos corpos morreu. E também estamos com uma décima parte inteiramente nova . Em cada sete anos nosso corpo é inteiramente novo, menos nos neurônios cerebrais que quando morrem, não se renovam.Equivale dizer que um pessoa de setenta anos já teve dez corpos e não notou, porque a personalidade permaneceu. Graças aos neurônios cerebrais. Então a vida é pulsante, é ativa. É necessário quebrar a rotina. Faça algo diferente hoje.Quando chegar em casa e tomar um chimarrão antes de dormir, diga-se:- Pela primeira vez não vou tomar chimarrão.Vou tomar chocolate quente.E se não tiver chocolate quente, eu ainda vou tomar chimarrão mas eu vou colocar um pouco de limão para variar.Ou vou colocar mel ou outra coisa.Quebrar a rotina, é viver.É libertar-se de um conflito de fuga da realidade.O segundo gigante da alma, segundo Joana de Angelis, é a ansiedade.Quem não é vítima da rotina, é vítima da ansiedade. Eu tenho certeza de que aqui onde estou proferindo esta palestra, um grande número de pessoas está anciosa para que eu acabe logo, e eu mal comecei.Mas um grande número está querendo que eu acabe logo.Para nada.Vai voltar para casa,se tem televisão vai ligar naquele mesmo programa insuportável, vai passar para outro programa, vai assistir à novela.Aquela novela que é muito antiga mas o nome é novo, porque no fim dá tudo certo.Tem intriga de adultério, a mãe toma o namorado da filha, a filha toma o namorado da mãe e no fim, fica tudo ótimo e nós ficamos paternalistas da filha porque a mãe é muito implicante, não ficamos a favor da mãe porque a filha é muito atrevida.Então nossa vida é uma ansiedade. Certa feita eu estava programado para uma cidade de grande porte no sul do país.Invariavelmente eu chego muito cedo para as palestras porque eu gosto de conversar, saldar as pessoas, conviver com infinito prazer.E quando eu me sentei, acercou-se de mim um cavalheiro e olhou o relógio e me perguntou:- você é o Divaldo?-pois não. – a que horas vai começar a reunião? – Está marcado para as 8 e 30. Ele disse –Ué, só falta uma hora e meia.Eu disse não senhor, ainda falta uma hora e meia. Notei que ele era um ancioso! Porque dizer uma hora e meia era apenas o tempo que faltava, era de alguém ancioso.Ele perguntou: - E será que vai começar na hora?Eu disse : - Eu não sei, eu já cheguei. O senhor pergunta ali ao responsável. Ele foi, conversou com o responsável, deu meia volta e quando eu menos esperava ele chegou e disse: - Divaldo, olha aqui, só falta uma hora.Eu disse: - não senhor! Ainda falta uma hora. –E vai começar na hora?eu disse:- Bem... eu pretendo, mas não posso garantir.Eu sou o convidado, se não me chamarem, eu não posso fazer nada.Ele saiu aborrecido, começou a andar e quando eu menos esperava , ei-lo pela terceira vez: - Divaldo, só faltam quinze minutos para começar.
  • 4. Eu disse: - então, ainda faltam quinze minutos. Mas, Divaldo.. eu então disse:- olha aqui, nesses quinze minutos, muita gente ainda está em casa,ainda vai tomar banho,ainda vai jantar,ainda vai pegar o carro, ainda vai chegar aqui e ainda vai alcançar a palestra.Ele perguntou:- será? Como todo ancioso tem muito medo da morte eu perguntei para ele: - o senhor sabe quantas pessoas morrem em quinze minutos? Ele disse: - não sei.Em um segundo? Não não sei. Pois olhe bem, segundo as estatísticas,em cada minuto, em cada segundo, morrem 7.500 pessoas na terra, o senhor veja bem, multiplique 7.500 por 60, depois multiplique por 15 e veja quanta gente ainda vai morrer antes de eu começar a palestra.Ele disse:- Ave Maria. Eu disse: - pode ser que morra o auditório todo, é uma eststística.Ele disse: - Ave Maria, cruz credo! E saiu! E eu disse:- Graças a Deus, desse eu estou livre.Mas não fiquei livre.Na hora que me chamaram, levantei, ergui a cabeça; ele estava fronteiriço a mim.Então eu comecei a falar.Ele no momento em que o olhei, segurou- me os olhos, levantou a manga do paletó,olhou o relógio, olhou pra mim como quem diz:- eu vou me controlar!Eu também olhei no relógio e disse pobre dele, eu havia falado penas 5 minutos e pensei:- ele ainda vai olhar treze vezes, porque eu vou falar uma hora e dez, uma conferência tem naturalmente uma práxis.Uma aula são 45 , 50 minutos, uma conferência 60 -70 minutos,uma conversação não tem limite. Não o olhei mais, terminei a conferência,e quando terminei ele veio correndo subiu ao palco, deu-me um abraço e me disse: - Mas Seu Divaldo; o senhor fala hein? Eu olhei para ele e disse: - mas é natural- mas o senhoe fala muito.Eu fui convidado para falar.Mas Seu Divaldo, o senhor fala demais.Porque que o senhor acha que eu falo demais? Porque o senhor falou mais de duas horas. Pelo meu relógio, pode estar diferindo do relógio do senhor. Eu comecei a falar às 8 e 35, são 9 e 45, e então eu falei uma hora e dez. É mas pareceu que foram duas horas.Eu perguntei: - sabe porque? – não senhor. Porque o senhor não prestou atenção. O senhor não acompanhou meu raciocínio. O senhor estava ancioso para que acabasse logo e não acabava nunca.a ansiedade é assim.Até “O Pequeno Príncipe” de Saint Ettoine de Exupery coloca uma frase muito bonita: “Se tu dizes que vem às quatro, desde as duas eu te espero”.É a ansiedade normal. Mas a sua é uma ansiedade patológica, uma ansiedade nervosa. Eu perguntei: - O senhor gostou da palestra? Ele era também educado.É lógico, gostei sim.Então perguntei: -E de que parte o senhor gostou mais?Ele disse: - de tudo e fique em paz viu? E foi embora. Era o ansioso. O ancioso é a pessoa que sempre está no lugar em que não se encontra. Ele está aqui mas está pensando: “Quando terminar, ir para casa, ou quando chegar amanhã... ou quando chegar o natal...Quando chega o natal, ele detesta o natal e adora a semana santa.Quando chega a semana santa,tomara que já chegue junho, eu adoro aquele frio dos pampas, o minuano, e quando chega o frio, reclama: quem aguenta uma calamidade dessas? Eu gosto mesmo é do verão. O ancioso é alguém que perde a sua vida. É um conflito terrível a ansiedade. É natural termos uma ansiedade. Quando nós esperamos uma pessoa amada. Quando aguardamos a resposta de algo que nos interessa.Quando estamos na expectativa de algum resultado. Porém, quando isso extrapola, nos dá insônia, sudorese, palpitação, já não é uma ansiedade natural.Ela é enfermiça.Necessita de terapia. O terceiro gigante da alma é o medo.a nossa é uma sociedade que tem medo.Tem medo da doença, tem medo do desemprego, tem medo da morte, tem medo da vida.Muita gente me diz: - eu tenho tanto medo da vida, que eu não gosto de sorrir.Porque toda vez que eu sorrio, logo depois me acontece uma desgraça.Então eu não rio.Ele deixa de ser feliz com medo de uma coisa que
  • 5. não vai acontecer.E eu sempre redarguo,sorria, hoje! E se vier um problema amanhã? Sofra o problema amanhã.Na tradição somente quem morre de véspera é o peru de natal. Nós não somos peru de natal. Vivemos a nossa alegria de agora. Porque pode ser que a tragédia que você pensa que iria acontecer, não aconteça. E se ela acontecer, faz parte do nosso curriculum existencial. A vida não é uma linha horizontal.Ela somente é reta para os esquizofrênicos, que não têm sensibilidade. A sua emotividade é embotada e o seu mundo é especial. Ele alienou-se, saiu de uma realidade e construiu a sua realidade.Então para ele aquilo é uma grande horizontal. A verdadeira vida é sinuosa, ascensão e queda, conquista e perda. O que importa é a grande linha que nós desenhamos inclinada. Para poder atingir o ápice é necessário irmos passo a passo. Mas as criaturas vivem hoje atormentadas pelo medo.O medo de perder o emprego,o medo de perder o afeto,o medo de perder o dinheiro, O medo de ser assaltado. Eu já fui assaltado.É uma coisa maravilhosa. É uma emoção especial.Eu tenho uma amiga no Rio de Janeiro que me disse: - Divaldo, quando lhe digo que sou sofredora você não acredita.Eu sou tão sofredora porque ainda não fui assaltada.Éuma verdadeira desgraça para ela porque no Rio de Janeiro praticamente todos foram assaltados.Eu tenho um amigo que foi assaltado ao entrar numa rua na praia do Flamengo e quando chegou na saída, foi assaltado novamente.Então ele disse:- olha, aquele seu amigo ali já me depenou.Ele disse, então está em boas mãos.Tudo frateno, e interessante.Depois eu também fui assaltado.Eu havia terminado a leitura do evangelho na casa de uns amigos.E caminhava tranquilamente para o apartamento em que me hospedo, na avenida Oswaldo Cruz, no coração da cidade.No dia seguinte viajaria à África do sul.E no momento em que eu atravessava, dez e meia da noite no ano de 1981eu vi alguém sair, me agarrar na garganta e colocaram alguma coisa no meu ventre.Eu pensei que era algum amigo, algum confrade. Aquele abraço apertado e eu disse:- ah muito obrigado e o indivíduo diz: isto é um assalto.Meu Deus, é um assalto.Senti o hálito carregado. Olhei para ele, ele estava desfigurado.Era um jovem, naquela época, portanto há vinte ou vinte e cinco anos eu era um pouco mais jovem.Então ele me olhou e disse:- o que é que leva aí?Eu disse: - Eu não levo nada. Eu não esperava ser assaltado então eu não trouxe. Porque eu estava orando. E lembrei-me do relógio. Olhei meu pulso. Pela primeira vez na minha vida eu me houvera esquecido na mesa da residência que eu estava.Ele então deu uma bofetada com toda força e disse:- como é que você chega nessa idade e não tem nada.Eu disse, pois é na próxima vez, você me telegrafa e eu levo a sua dose, você deve ser um toxicômano. E quer, naturalmente, um baseado.Ele então olhou para mim e disse: - vou matá-lo. O mais curioso é que nesse momento eu tive uma crise de riso. Mas não de nervoso Porque ele estava agarrado comigo eram mais de 10 e 30 da noite embaixo de uma árvore, o povo passando para lá, para cá.Se alguém me visse ia ser muito complicado explicar que aquilo ali era um assalto. Então eu disse, você vai me soltar.Ou me mata ou me solta.porque já imaginou o povo passando e nós dois, agarradinhos aqui embaixo da arvore.Ele não suportou e riu.Aí eu vi que ele estava com um punhal,e eu senti a ponta.Eu vou te matar porque você é um arquivo. Eu matei um, saí da penitenciária Lemos Brito, estou em liberdade condicional, e o primeiro infeliz que eu assalto não tem nada.Eu estou com fome, preciso de dinheiro. Vou matar você.Eu digo: - olha, eu agradeço.Fico muito feliz de você me matar. Porque eu não tenho medo da morte.E porque não tem? Porque eu sou espírita.e o que é isso?Eu disse, mas meu Deus, o senhor é difícil hein?Até na hora de morrer eu tenho que pregar espiritismo para
  • 6. assassino.Espiritismo...eu fiz uma síntese e enquanto lhe falava sobre o espiritismo eu vi a mãezinha dele, desencarnada, que estava ao lado.Disse-lhe eu sou médium.Ele disse, o que é que é isso?Eu vejo os mortos.Porque os mortos não morreram.Estou vendo aqui a sua mãezinha, ela me diz que se chama Carmencita e que você não matou apenas um. Você matou o companheiro dela que era traficante de drogas. Mas ela também morreu de desgosto quando o amante foi para a sepultura e você foi para a cadeia. Ela está usando um lenço de xadrez, que você lhe deu. Ela esta me dizendo que você é Pernambucano.Mas a minha mãe já morreu.Ela está viva, lamentando profundamente o filho bandido que você é.Agora se quizer pode matar. Eu não tenho medo da morte.Ele tremeu. Quer me soltar? Ele me soltou.Estava chorando. Ele me disse: - Eu sou infeliz.Não meu filho você fez-se infeliz.cada um de nós tem a vida que trabalha para si mesmo. Qual é o se problema ? e ele disse:- Fome!Então vamos ao apartamento. Eu lhe darei comida por que dinheiro não dou.Porque eu não sustento malandro. Eu trabalho muito para ter dignidade, então não vou lhe dar dinheiro.Mas eu levo você ao meu apartamento agora, onde estou hospedado e nós vamos jantar.Ele perguntou, o senhor me leva lá?Levo claro, estávamos a menos de 150 metros Eu então encostei meu corpo na parede.Sistema nervoso é uma coisa muito curiosa. Esta coragem que eu estava, quando ele disse então vamos, que eu quis ir, as pernas não quiseram.Eu tentei novamente e elas estavam chumbadas Então ele me perguntou: - alguma coisa? E eu disse É lógico, você me faz um susto desses e as pernas não querem ir. Então foi uma cena ridícula, o ladrão me abraçou e me puxou e eu fui arrastado pelo ladrão.Quando chegamos ao edifício, o porteiro estranhou aquela cena inusitada.E eu disse, meu filho esse rapaz salvou a minha vida.Eu ia ali atravessar o semáforo e ele salvou a minha vida eu estou levando-o ao apartamento para gratificá-lo. O porteiro não acreditou porque ninguém nunca foi convidado a adentrar no meu apartamento quando estou no Rio de Janeiro.Àquela hora da noite, um indivíduo estranho então porteiro perguntou Seu Divaldo, o senhor quer que eu o acompanhe?Eu disse, não, está tudo sob controle.Então eu me recuperei, subi e depois que passa o choque, dá fome.Preparei um bom lanche, sou um excelente cozinheiro.Não sei fazer churrasco mas comida baiana, com certeza.Então servimo-nos. Eram 11 e meia da noite telefonei para um amigo e pedi ao amigo para ir ao apartamento. Porque nada melhor no mundo do que amigos.O amigo veio com a esposa e perguntou:- Divaldo qual é o problema? Eu disse:- Náo é problema, é solução. Este rapaz está precisando de um emprego e eu gostaria que você lhe conseguisse um emprego.Edivaldo, você o mandaria ao escritório amanhã, a qualquer hora?AH, mas ele é um caso especial.Meu filho, conte a sua vida. E ele disse: be, porque eu já matei um não sabe? E ntão todos ficaram assustados e eu disse: - Ele já matou. Não é problema, o problema é quem vai matar.Que a gente não sabe.O que você sabe fazer? E ele disse: - quase nada.Eu sei dirigir mais ou menos , eu fiquei seis anos no cárcere.Meu amigo disse:- Então eu vou colocá-lo como chofer da minha mulher. Ela me olhou e disse: Divaldo... e eu disse:-Não há problema, ele é sadio mentalmente. Naquele momento ele não tinha documentos. Meu amigo preparou-se para poder atendê-lo muito bem. Saímos numa paz muito grande sem conflitos. No dia seguinte viajei, fiz uma jornada pela África do sul. E quando retornei esse amigo sempre me pegava no aeroporto do Galeão.Estava um rapaz uniformizado de boa aparência.Eu não reconheci. Bateu-me continência, então olhei para ele. Era o ladrão.Ele então disse assim:- Tudo bem? Eu perguntei e o patrão? Ele é ótimo.A partir dali ficamos amigos. Ele prosperou, hoje é o meu guarda costas. Ele é enorme.Deixou a função com meu amigo, conseguiu a sua vida própria,
  • 7. mora na baixada fluminense. E todo ano eu realizo conferências no Rio de Janeiro. Sempre que eu vou a Belford Rôxo a cidade que dá o maior índice de crimes da América latina, ele me diz:-Mas Seu Divaldo o senhor vai a Belford Rôxo arriscando ser assassinado,roubado.Ele foi o único que tentou, mas não conseguiu.Vou sim. Então eu vou para defender o senhor. Ele fica do lado, faz a fila e quando alguém me abraça mais demoradamente ele pergunta de lá: - Manero ou empurro?Eu digo Manera.Ele está sempre com a ideia fixa de que estou sendo assaltado.Eu já disse para ele, não adianta me assaltar. Só se me levar.E se me levar só vai ter prejuízo e problema.Porque eu sou como a rainha Elizabeth, eu só carrego caneta e relógio, no mais eu não tenho nada.Quero demonstrar que esse indivíduo que era um bandido, com uma ficha terrível na polícia, renovou-se, foi estudar a doutrina espírita, descobriu o sentido da vida, Foi trabalhar, adquiriu dignidade. Deixou de provocar medo.Certo dia perguntei-lhe: - Naquela noite, você ia matar-me?Ia sim senhor. Porque?Medo. Eu tinha medo que o senhor me denunciasse. O senhor era uma testemunha de que eu havia violado a liberdade condicional.Então eu ia matá-lo.E porque não me matou? Porque o senhor olhou para mim com muita tranquilidade e disse: - Meu filho.a única pessoa que teve essa compaixão de mim foi minha mãe.Quando o senhor falou meu filho, eu estou vendo a sua mãe. Então eu tremi nas bases Seu Divaldo.Então o medo é um adversário cruel.Nós estamos sob o jugo do medo.E devemos libertar-nos através dos mecanismos sublimes da oração, da meditação, da compaixão.O bandido é um infeliz. Tnha certeza de que ele tem mais medo de nós do que nós temos medo dele.Ele ataca porque tem medo de ser atacado.Ele mata porque tem medo de ser morto.Mas nós então dizemos: - Mas nós não queremos correr o risco. Ninguem foge da sua realidade, nem da sua fatalidade.É claro que não iremos aos lugares sórdidos, onde predomina o vício, onde se estardeia a corrupção.Evitaremos os lugares perigosos, mas não podemos evitar aquilo que tecnicamente é inevitável.Os relacionamentos sociais.Então deveremos sobrepor-nos ao medo.Estabelecendo uma vida interior de equilíbrio. Uma alta estima, uma valorização do ser que somos em detrimento dos conflitos que agasalhamos.O quarto gigante da alma, ainda segundo Joana de Angelis, é a solidão.Notem aque este século XXI é o século da solidão.Nós somos solitários a sós,solitários a dois, solitários aqui na multidão.Entre os grandes conflitos existenciais, a solidão tem um destaque muito grande.Porque ao lado do medo e da ansiedade, produz a depressão.E a depressão neste momento é a patologia mais grave da sociedade.As estatísticas americanas publicadas numa obra “os demônios do meio dia”. Dizem que existem ns terra hoje, duzentos milhões d depressivos, diagnosticados.Fora aqueles que ainda não têm diagnose. Se todos os leitos hopitalares da terra fossem reservados apenas para depressão, seriam insuficientes. Mas porque a depressão? Por causa da perda dos nossos valores espirituais. A grande maioria de nós tem religião. Mas não tem religiosidade.Frequentam o culto como quem vai ao clube. Não participa emocionalmente. Nós fizemos um levantamento há poucos dias na cidade de Zurich. Cidade que nós visitamos há dezenove anos para realizar seminários e conferências. No período de Pentecostes. Então eu tive a oportunidade de perguntar a 32 pessoas.O que é o Pentecostes?