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MARIA DE MAGDALA
Ao tempo de Jesus, a Galiléia era uma região muito agradável
em Israel.Era considerada a região amena, de clima suave, por
causa do lago de Jenezaré, também chamado mar da Galiléia.O
lago de Tiberíades.O lago é formado pelo rio Jordão que vem
do norte.Ali derrama as suas águas numa numa pequena
depressão em relação ao nível do mediterrâneo, duzentos e
vinte metros abaixo do nível do mar e que continua a correr na
direção do sul para ir formar o mar morto, a área considerada a
maior depressão do planeta terrestre, quatrocentos metros
abaixo do nível do mar mediterrâneo, e naturalmente esse mar
piscoso e agradável era cercado de um casario formoso, cidades
agradáveis e prósperas.Magdala,Dalmanuta,Cafarnaum.As
pequeninas joias encravadas na região de montanhas e diante
das águas transparentes e piscosas do mar.A região até hoje é
caracterizada por um biótipo humano que ali habita e que se
dedica a agricultura, à vida pastoril,vinhateiros,plantadores de
trigo, mercadores de cabras. E as cidades que se erguiam à
beira mar ofereciam um clima agradável a fenícios, a romanos,
gregos, egípcios, a Sírios e Babilônios que periodicamente
vinham viver suas férias agradáveis naquele lugar bucólico no
qual periodicamente ventos fortes levantavam as águas e
tempestades estrugiam inesperadamente. Jesus havia elegido
aquela região porque eram gente simples, amantes da
natureza, acostumadas a uma faina diária sem a presunção
intelectual da Judéia ou a vacuidade dos que viviam na Peréia.
O Galileu por isso mesmo era tido como biótipo de segunda
categoria. Uma velha ironia da tradição bíblica, costumava
interrogar: -o que pode vir de bom da Galiléia?porque a galiléia
era inevitavelmente a região das pessoas modestas. Foi
exatamente por isso que Jesus resolveu viver com os galileus e
convidou-os em número de doze para formar o seu colégio
apostólico.Da Judéia intelectual, nobre e austera ele retirou
apenas um que se chamava Judas deQueriote, exatamente
aquele que o traiu,Como a dizer que a áspide da inteligência,
caracterizada pela astúcia e pelas exigências de quinquilharias
tem poucas resistências morais para os enfrentamentos do
cotidiano.Morava em Magdala a verdadeira pérola da
região.Uma mulher peculiar. Ela passaria à história da
humanidade exatamente por causa de sua vida tumultuada das
duas faces da sua existência. Magdala era então uma cidade
com estilo grego, mas também possuía um casario de natureza
mesopotâmia.Pelas suas ruas, tilintavam as moedas variadas,
sestér, seus denários e os mercadores cumprimentavam-se na
mesa dos cambistas.Ali também tinha lugar os grandes
espetáculos noturnos. A própria rainha Cleópatra, descendente
dos ptolomeus, veio do Egito, para viver as alegrias noturnas e
os dias agradáveis de Magdala.Magdala era o lugar também da
ociosidade que atraia aventureiros e mulheres angustiadas e
principalmente aquelas que já estavam no crepúsculo e m
mansões preciosas recebiam uma clientela especial.Foi nesse
contubérnio de sentimentos e de paradoxos que uma mulher se
tornaria célebre.Chamava-se Miriam e ela passaria à
posteridade com o nome de Miriam de midon, Maria de
Magdala.Ela poderia recordar-se que quando criança ela fora
levada um dia a Jerusalem. A sua família por hábito iam a
festas, as festas agradáveis da páscoa. As festas que
caracterizavam a saída do povo hebreu do Egito.E
naturalmente, em uma daquelas oportunidades, moçoila entre
10 e 11 anos,passando pela praça formosa defronte do
mercado, ela ouviu alguém dizer: - Um dia, um dia que não
está muito longe, ele virá.E aparecerá como libertador do povo
eleito.Naquele tempo os contadores de estória, usavam uma
vara, para dar uma dimensão infinita às suas narrações.Como
hoje, a retórica e a oratória exigem a harmonia de movimento
de mãos para poder representar teatralmente o que as palavras
não logram dizer.Erguendo a sua vara de contar estórias ele
apontava o infinito e a menina se deteve diante dele. Com os
olhos luminosos ela perguntou: - E como será?O venerando
contador de estórias reflexionou por alguns minutos e disse-
lhe: - Será belo como a madrugada, será bravio como o mar
açoitado pelos ventos, será nobre como a labareda de fogo e
srá ousado como uma espada nua.A sua voz será penetrante e
doce como um favo de mel e o seu olhar balsâmico como a
ternura do coração de mãe transmitindo vida ao filho
doente.Ela nunca poderia dizerporque razão amou a esse
homem estranho que um dia chegaria.Sequer ela tinha idéia a
respeito do que aquele narrador falava.Mas hvia na sua voz
uma melancolia cheia de esperança e uma saudade feita de dor
tão pungente que ela sentiu o peito transpassado por um
punhal de alegria e então amou aquele que vinha libertar o
povo eleito.Mais tarde contava quinze anos, o seu corpo já
houvera adquirido formas. A sua cabeleira, da cor de mel, caia-
lhe à cintura, os seus olhos eram transparentes como dois
pedaços de céu azul.Ela estava agora em Jerusalem e havia sido
arrebatada pelo amor. O amor parecia haver montado um
corcel fogoso e arrebatou-a. Ela deixou-se empolgar por uma
voz cariciosa e quente ao seu ouvido e encantada, entregou-se
aos braços do amor.Quando despertou, estava num bordel. Em
verdade não era o amor que havia chegado ao seu coração.
Fôra as patas violentas e galopantes de um animal, que lhe
estraçalharam todas as ansiedades de menina mulher.E foi
nesse estado de inquietação, enquanto se preparava para
vender os primeiros perfumes que visitando uma das portas
triunfais do templo ela ouviu alguém dizer: - Aleluia! Eis que ele
chegou à terra para trazer venturas. Está chegado o grande e
terrível dia do Senhor. E sem saber porque, qual a magia,
sentiu-se atraída até aquela voz que cantava essa litania e
perguntou: - Como é ele?Aquele que falava do futuro foi
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forte como um herói mitológico, mas era tão bom como o
sorriso de criança.E agora com o coração despedaçado ela mais
o amou. Amou com uma ternura infinita, com uma imensa sede
de paz.Foi exatamente assim que ela poderia recordar mais
tarde a sua infância, a sua adolescência e aquele período.
Aquele período de auto destruição. Agora...Agora ela era a
rainha da noite em Magdala. A sua casa famosa, recebia os
melhores hóspedes que transitavam pela galiléia.Legionários
vinham de Cesaréia de Filipe exatamente para fruir um pouco
do seu amor ou das alegrias que ela propiciava. Sacerdotes
chegavam de Jerusalem e mercadores atravessavam Bethabara,
a casa da passagem do rio Jordão para se ufanarem de haver
tido uma noite com a mulher preciosa de Magdala. Ela possuía
tudo aquilo que o dinheiro pode comprar. A mansão vetusta
cercada de alcaparrilhas em flor, servas,escravas da
Núbia,moedas que lhe chegavam de diferentes regiões da terra,
adereços,joias preciosas,ela possuía tudo, menos a paz. Parecia
que o seu coração estava envolto no luto cruel e por mais que
os homens lhe dessem alegrias, a embriaguez dos sentidos não
preenchia o vazio do sentimento.Mas era célebre.Certo dia,
uma escrava enquanto a penteava falou a respeito daquele
estranho messias.Lhe disse: - senhora, por acaso já ouvistes
falar daquele que consegue penetrar o coração como perfume
de nardo? E balsamizar a alma como se fosse uma brisa mansa
que se acaricia e que penetra no coração? Ela parecia estar
anestesiada. As pessoas de Magdala diziam que ela era uma
possessa.E ela provavelmente acreditava nisso.Diziam mesmo
que sete demônios a dominavam.E nas noites de plenilúnio,
quando ela mandava fechar as janelas com reposteiros pesados
ela entrava em êxtase.A pele nacarada, os olhos abertos fora
das órbitas, dominada por tremores e suores áugidos,ela não
recebia ninguém. A casa mergulhava em silêncio, as escravas
caminhavam descalças, e mesmo a voz do vento parecia
silenciar para que ela penetrasse no abismo da amargura.
Novamente a escrava lhe disse: - senhora,hoje ele estará em
Magdala, ao entardecer a sua voz irá saudar o sol que se
esconde e oferecer brandícias aos que estão desesperados. Ela
mergulhada no solilóquio, estava longe da realidade objetiva. E
novamente a escrava lhe disse: - senhora,chegou o amor não
amado, ele é leve, senhora, como o sorriso, mas o seu olhar é
tão profundo como um punhal que rasga a alma.Ela meneou a
cabeça e não deu importância. Estava dominada pelas fúrias. N
noite imediata estava totalmente possessa. A casa rescendia os
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A história de Maria de Magdala

  • 1. MARIA DE MAGDALA Ao tempo de Jesus, a Galiléia era uma região muito agradável em Israel.Era considerada a região amena, de clima suave, por causa do lago de Jenezaré, também chamado mar da Galiléia.O lago de Tiberíades.O lago é formado pelo rio Jordão que vem do norte.Ali derrama as suas águas numa numa pequena depressão em relação ao nível do mediterrâneo, duzentos e vinte metros abaixo do nível do mar e que continua a correr na direção do sul para ir formar o mar morto, a área considerada a maior depressão do planeta terrestre, quatrocentos metros abaixo do nível do mar mediterrâneo, e naturalmente esse mar piscoso e agradável era cercado de um casario formoso, cidades agradáveis e prósperas.Magdala,Dalmanuta,Cafarnaum.As pequeninas joias encravadas na região de montanhas e diante das águas transparentes e piscosas do mar.A região até hoje é caracterizada por um biótipo humano que ali habita e que se dedica a agricultura, à vida pastoril,vinhateiros,plantadores de trigo, mercadores de cabras. E as cidades que se erguiam à beira mar ofereciam um clima agradável a fenícios, a romanos, gregos, egípcios, a Sírios e Babilônios que periodicamente vinham viver suas férias agradáveis naquele lugar bucólico no qual periodicamente ventos fortes levantavam as águas e tempestades estrugiam inesperadamente. Jesus havia elegido aquela região porque eram gente simples, amantes da natureza, acostumadas a uma faina diária sem a presunção intelectual da Judéia ou a vacuidade dos que viviam na Peréia. O Galileu por isso mesmo era tido como biótipo de segunda categoria. Uma velha ironia da tradição bíblica, costumava interrogar: -o que pode vir de bom da Galiléia?porque a galiléia era inevitavelmente a região das pessoas modestas. Foi
  • 2. exatamente por isso que Jesus resolveu viver com os galileus e convidou-os em número de doze para formar o seu colégio apostólico.Da Judéia intelectual, nobre e austera ele retirou apenas um que se chamava Judas deQueriote, exatamente aquele que o traiu,Como a dizer que a áspide da inteligência, caracterizada pela astúcia e pelas exigências de quinquilharias tem poucas resistências morais para os enfrentamentos do cotidiano.Morava em Magdala a verdadeira pérola da região.Uma mulher peculiar. Ela passaria à história da humanidade exatamente por causa de sua vida tumultuada das duas faces da sua existência. Magdala era então uma cidade com estilo grego, mas também possuía um casario de natureza mesopotâmia.Pelas suas ruas, tilintavam as moedas variadas, sestér, seus denários e os mercadores cumprimentavam-se na mesa dos cambistas.Ali também tinha lugar os grandes espetáculos noturnos. A própria rainha Cleópatra, descendente dos ptolomeus, veio do Egito, para viver as alegrias noturnas e os dias agradáveis de Magdala.Magdala era o lugar também da ociosidade que atraia aventureiros e mulheres angustiadas e principalmente aquelas que já estavam no crepúsculo e m mansões preciosas recebiam uma clientela especial.Foi nesse contubérnio de sentimentos e de paradoxos que uma mulher se tornaria célebre.Chamava-se Miriam e ela passaria à posteridade com o nome de Miriam de midon, Maria de Magdala.Ela poderia recordar-se que quando criança ela fora levada um dia a Jerusalem. A sua família por hábito iam a festas, as festas agradáveis da páscoa. As festas que caracterizavam a saída do povo hebreu do Egito.E naturalmente, em uma daquelas oportunidades, moçoila entre 10 e 11 anos,passando pela praça formosa defronte do mercado, ela ouviu alguém dizer: - Um dia, um dia que não
  • 3. está muito longe, ele virá.E aparecerá como libertador do povo eleito.Naquele tempo os contadores de estória, usavam uma vara, para dar uma dimensão infinita às suas narrações.Como hoje, a retórica e a oratória exigem a harmonia de movimento de mãos para poder representar teatralmente o que as palavras não logram dizer.Erguendo a sua vara de contar estórias ele apontava o infinito e a menina se deteve diante dele. Com os olhos luminosos ela perguntou: - E como será?O venerando contador de estórias reflexionou por alguns minutos e disse- lhe: - Será belo como a madrugada, será bravio como o mar açoitado pelos ventos, será nobre como a labareda de fogo e srá ousado como uma espada nua.A sua voz será penetrante e doce como um favo de mel e o seu olhar balsâmico como a ternura do coração de mãe transmitindo vida ao filho doente.Ela nunca poderia dizerporque razão amou a esse homem estranho que um dia chegaria.Sequer ela tinha idéia a respeito do que aquele narrador falava.Mas hvia na sua voz uma melancolia cheia de esperança e uma saudade feita de dor tão pungente que ela sentiu o peito transpassado por um punhal de alegria e então amou aquele que vinha libertar o povo eleito.Mais tarde contava quinze anos, o seu corpo já houvera adquirido formas. A sua cabeleira, da cor de mel, caia- lhe à cintura, os seus olhos eram transparentes como dois pedaços de céu azul.Ela estava agora em Jerusalem e havia sido arrebatada pelo amor. O amor parecia haver montado um corcel fogoso e arrebatou-a. Ela deixou-se empolgar por uma voz cariciosa e quente ao seu ouvido e encantada, entregou-se aos braços do amor.Quando despertou, estava num bordel. Em verdade não era o amor que havia chegado ao seu coração. Fôra as patas violentas e galopantes de um animal, que lhe estraçalharam todas as ansiedades de menina mulher.E foi
  • 4. nesse estado de inquietação, enquanto se preparava para vender os primeiros perfumes que visitando uma das portas triunfais do templo ela ouviu alguém dizer: - Aleluia! Eis que ele chegou à terra para trazer venturas. Está chegado o grande e terrível dia do Senhor. E sem saber porque, qual a magia, sentiu-se atraída até aquela voz que cantava essa litania e perguntou: - Como é ele?Aquele que falava do futuro foi tomado de uma certa emoção e tentou dizer que ele era tão forte como um herói mitológico, mas era tão bom como o sorriso de criança.E agora com o coração despedaçado ela mais o amou. Amou com uma ternura infinita, com uma imensa sede de paz.Foi exatamente assim que ela poderia recordar mais tarde a sua infância, a sua adolescência e aquele período. Aquele período de auto destruição. Agora...Agora ela era a rainha da noite em Magdala. A sua casa famosa, recebia os melhores hóspedes que transitavam pela galiléia.Legionários vinham de Cesaréia de Filipe exatamente para fruir um pouco do seu amor ou das alegrias que ela propiciava. Sacerdotes chegavam de Jerusalem e mercadores atravessavam Bethabara, a casa da passagem do rio Jordão para se ufanarem de haver tido uma noite com a mulher preciosa de Magdala. Ela possuía tudo aquilo que o dinheiro pode comprar. A mansão vetusta cercada de alcaparrilhas em flor, servas,escravas da Núbia,moedas que lhe chegavam de diferentes regiões da terra, adereços,joias preciosas,ela possuía tudo, menos a paz. Parecia que o seu coração estava envolto no luto cruel e por mais que os homens lhe dessem alegrias, a embriaguez dos sentidos não preenchia o vazio do sentimento.Mas era célebre.Certo dia, uma escrava enquanto a penteava falou a respeito daquele estranho messias.Lhe disse: - senhora, por acaso já ouvistes falar daquele que consegue penetrar o coração como perfume
  • 5. de nardo? E balsamizar a alma como se fosse uma brisa mansa que se acaricia e que penetra no coração? Ela parecia estar anestesiada. As pessoas de Magdala diziam que ela era uma possessa.E ela provavelmente acreditava nisso.Diziam mesmo que sete demônios a dominavam.E nas noites de plenilúnio, quando ela mandava fechar as janelas com reposteiros pesados ela entrava em êxtase.A pele nacarada, os olhos abertos fora das órbitas, dominada por tremores e suores áugidos,ela não recebia ninguém. A casa mergulhava em silêncio, as escravas caminhavam descalças, e mesmo a voz do vento parecia silenciar para que ela penetrasse no abismo da amargura. Novamente a escrava lhe disse: - senhora,hoje ele estará em Magdala, ao entardecer a sua voz irá saudar o sol que se esconde e oferecer brandícias aos que estão desesperados. Ela mergulhada no solilóquio, estava longe da realidade objetiva. E novamente a escrava lhe disse: - senhora,chegou o amor não amado, ele é leve, senhora, como o sorriso, mas o seu olhar é tão profundo como um punhal que rasga a alma.Ela meneou a cabeça e não deu importância. Estava dominada pelas fúrias. N noite imediata estava totalmente possessa. A casa rescendia os odores de sândalo, de mirra e de preciosas ervas que ali eram queimadas para afastarem as forças negativas.