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Jornal



  O Bandeirante
          Ano XVIII - no 205 - Dezembro de 2009
          Publicação Mensal da Sociedade Brasileira de Médicos Escritores - Regional do Estado de São Paulo - SOBRAMES-SP




    A Parábola do Lápis e a Sobrames
                                               “Os progressos obtidos por meio do ensino são lentos; já os
                                              obtidos por meio de exemplos são mais imediatos e eficazes”.

                                  Lucius Annaeus Seneca (4 a.C-65 d.C), filósofo e escritor da antiga Roma.



Helio Begliomini
Médico urologista
Presidente da SOBRAMES-SP (2009-2010).


    Não faz muito tempo que
Mark W. Baker publicou um livro
intitulado “Jesus, o Maior Psi-
cólogo que já Existiu” (2005),
que se tornou muito conhecido
e comentado. Por incrível que
pareça, não se trata de mais uma
obra de autoajuda, mas sim uma
abordagem entre ciência e reli-
gião, aduzindo os preceitos ensi-
nados por Jesus Cristo às recen-
tes descobertas da psicologia.
Mark W. Baker alia sua experi-
ência como terapeuta ao seu co-
nhecimento da Bíblia, demons-
trando compatibilidade entre o
ensinamento do Nazareno e as
bases da psicologia, pois nele                      também o maior pedagogo que                                 contar parábolas torna ilustra-
encerram a saúde emocional, o                       já existiu, pois seus preceitos têm                         tivo – pela força de sua própria
bem-estar e o crescimento pesso-                    ecoado da Galiléia para o mun-                              alegoria –, um conceito a ser
al. Evidencia que independente-                     do, ao largo de dois mil anos,                              compreendido e assimilado. Por
mente da crença religiosa ou da                     através do ensino de simples pa-                            oportuno que seja, segue abaixo
filosofia de vida, todos podemos                    rábolas. A propósito, a pessoa de                           A Parábola do Lápis, de autoria
nos beneficiar da sabedoria Da-                     Cristo, dentre tantos predicados                            desconhecida, mas muito sig-
quele que foi, segundo seu pare-                    que possui, confunde-se também                              nificativa para todos e, particu-
cer, o maior psicólogo de todos                     como o maior contador de pará-                              larmente para nós, membros da
os tempos!                                          bolas. Aliás, quando pensamos                               Sociedade Brasileira de Médicos
    No bojo desse livro e fazendo                   em parábolas, necessariamente                               Escritores do Estado de São Pau-
paráfrase de seu título, podemos                    pensamos Nele, Jesus Cristo.                                lo (Sobrames – SP).
dizer, outrossim, que Jesus foi                        Assim, não resta dúvida que                                             * * *
                                                                                                                                  (continua na última página)
2   O BANDEIRANTE - Dezembro de 2009

                                                                                              Acertando os Ponteiros
                                                                               “A vida já é curta, mas nós tornamo-la ainda mais curta, desperdiçando tempo”.
                                                                                      Victor Marie Hugo (1802-1885) – poeta, escritor, dramaturgo e político francês.
    EXPEDIENTE
                                                                                              Neste exórdio veio-nos à mente, à guisa de reflexão, a expressão latina
Jornal O Bandeirante
ANO XVIII - no 205 - Dezembro 2009                                                       “Sic transit gloria mundi”, normalmente traduzida por “Assim passa a glória
                                                                                         do mundo” ou também as “coisas mundanas são passageiras”, provavelmente
                                                                                         oriunda da frase “O quam cito trânsito gloria mundi” – “o quão rapidamente
Publicação mensal da Sociedade Brasileira de Médicos
                                                                                         passa a glória do mundo” – do livro “Imitação de Cristo” (1418) do monge
Escritores - Regional do Estado de São Paulo SOBRAMES-SP   .
Sede: Rua Alves Guimarães, 251 - CEP 05410-000 - Pinheiros                               agostiniano Tomás de Kempis (1379-1471).
- São Paulo - SP Telefax: (11) 3062-9887 / 3062-3604 Editor:                                  Em dezembro de 2009, em virtude do atraso insólito de oitos meses(!)
Helio Begliomini. Jornalista Responsável e revisora:                                     na periodicidade de O Bandeirante, após ampla e longa discussão na
Ligia Terezinha Pezzuto (MTb 17.671 - SP). Colaboradores
desta edição: Aida Lucia Pullin Dal Sasso Begliomini, Helio                              diretoria da Sobrames – SP sobre esse indesejado percalço, prevaleceu
Begliomini, José Jucovsky, Sergio Perazzo, Walter W. Harris.                             o consenso de que o tradicional órgão literário-informativo da entidade
Tiragem desta edição: 300 exemplares (papel) e mais de                                   deveria continuar existindo e, correndo contra o tempo, recuperar todas as
1.000 exemplares PDF enviados por e-mail.                                                edições faltantes com o número usual de 8 páginas em cada fascículo.
Diretoria - Gestão 2009/2010 - Presidente: Helio                     Nosso nome foi ratificado para a acerba tarefa de editorar os oito números faltantes (maio
Begliomini. Vice-Presidente: Josyanne Rita de Arruda
Franco. Primeiro-Secretário: Ligia Terezinha Pezzuto.
                                                                a dezembro de 2009) e, até o final desta gestão (janeiro a dezembro de 2010) foram escolhidos
Segundo-Secretário: Maria do Céu Coutinho Louzã.                como editores Roberto Antonio Aniche e Carlos Augusto Ferreira Galvão.
Primeiro-Tesoureiro: Marcos Gimenes Salun. Segundo-                  A empreitada não foi fácil, pois foram editorados e publicados oito boletins em cerca de 2,5
Tesoureiro: Roberto Antonio Aniche. Conselho Fiscal
Efetivos: Flerts Nebó, Carlos Augusto Ferreira Galvão, Luiz
                                                                meses(!), com o agravante de que não tínhamos a mesma expertise do confrade Marcos Gimenes
Jorge Ferreira. Conselho Fiscal Suplentes: Geovah Paulo         Salun, coeditor anterior que deu ao longo de nove anos a O Bandeirante um patamar editorial
da Cruz; Rodolpho Civile; Helmut Adolf Mataré.                  jamais atingido.
                                                                     Assim, a fim de que pudéssemos cumprir mais esta missão nesta gestão, os trabalhos foram
                                                                ininterruptos mesmo durante as festas de final de ano, época em que o convívio familiar e o apelo
    Matérias assinadas são de responsabilidade de seus          religioso são mais candentes.
     autores e não representam, necessariamente, a
                  opinião da Sobrames-SP                             Já na Pizza Literária de janeiro de 2010, foram lançados os fascículos de maio, junho e julho
                                                                de 2009, ficando para serem lançados os cinco fascículos restantes em fevereiro ou no máximo
                                                                até março de 2010.
                                                                     Nessa tarefa não poderíamos deixar de registrar nossos efusivos agradecimentos a Maria do
                                                                Céu Coutinho Louzã, que gentilmente coletou os trabalhos apresentados nas Pizzas Literárias; a
                 Editores de O Bandeirante
                                                                Ligia Terezinha Pezzuto, jornalista e esmerada revisora dos textos publicados; e a Mateus Marins,
Flerts Nebó – novembro a dezembro de 1992                       entusiasta diagramador. Confessamos que sem a prestimosa ajuda deles – unidos e imbuídos em
Flerts Nebó e Walter Whitton Harris – 1993-1994                 espírito de equipe em prol da querida Sobrames – SP –, essa tarefa poderia ter sido tristemente
Carlos Luiz Campana e Hélio Celso Ferraz Najar – 1995-1996      fadada ao fracasso.
Flerts Nebó e Walter Whitton Harris – 1996-2000
                                                                     Erros, falhas e omissões involuntários certamente serão encontrados para os quais pedimos
Flerts Nebó e Marcos Gimenes Salun – 2001 a abril de 2009
Helio Begliomini – maio a dezembro de 2009
                                                                a devida compreensão e vênia. Entretanto, nossa obsessão foi tentar colocar O Bandeirante em
                                                                dia, atenuando seu atraso, fato único e triste em sua história.
                                                                     Não esquecemos também de agradecer a Deus pela empreitada realizada. Em alusão às palavras
                Presidentes da Sobrames – SP                    de reflexão colocadas na introdução deste texto e com a plena ciência da efemeridade da função
                                                                a nós confiada, desejamos aos próximos editores maior sucesso(!), e que O Bandeirante continue
1 Flerts Nebó (1988-1990;1990-1992 e out/2005 a dez/2006)
    o


2o Helio Begliomini (1992-1994; 2007-2008 e 2009-2010)
                                                                sendo um dentre tantos motivos de orgulho da querida Sobrames paulista.
3o Carlos Luiz Campana (1994-1996)
4o Paulo Adolpho Leierer (1996-1998)                                                                                                Helio Begliomini
5o Walter Whitton Harris (1999-2000)
6o Carlos Augusto Ferreira Galvão (2001-2002)
                                                                                                                                    Médico urologista em São Paulo
7o Luiz Giovani (2003-2004)

                                                                 Walter Whitton Harris
8o Karin Schmidt Rodrigues Massaro (jan a out de 2005)


                                                                       Cirurgia do Pé e Tornozelo
                                                                           Ortopedia e Traumatologia Geral
    Editor: Helio Begliomini                                               CRM 18317
    Revisão: Ligia Terezinha Pezzuto                                        Av. República do Líbano, 344                                Rua Luverci Pereira de Souza, 1797 - Sala 3
    Diagramação: Mateus Marins Cardoso                                       04502-000 - São Paulo - SP                               Cidade Universitária - Campinas (19) 3579-3833
    Impressão e Acabamento: Expressão e Arte Gráfica                            Tel. 3885 8535                                                www.veridistec.com.br
                                                                                Cel. 9932 5098


                       CUPOM DE ASSINATURAS*                                                                                                            longevità
          Preço de 12 exemplares impressos: R$ 36,00                                                                                                   (11) 3531-6675
         Nome:___________________________________________________________                                                            Estética facial, corporal e odontológica *
                                                                                                                                     Massagem * Drenagem * Bronze Spray *
         End.completo: (Rua/Av./etc.) _______________________________________                                                                     Nutricionista * RPG
                                                                                                                                 Rua Maria Amélia L. de Azevedo, 147 - 1o. andar
         ________________________________ nº. _______ complemento _________

         Cidade:_____________ Estado:_____ E-mail:___________________________
                                                                                                                                             Clínica Benatti
           Grátis: Além da edição    impressa que será enviada por correio, o assinante                                                                    Ginecologia
           receberá por e-mail 12 edições coloridas em arquivo digital (PDF)
                                                                                                                                                           Obstetrícia
                            *Disponível para o público em geral e para não-sócios da SOBRAMES-SP
        Preencha este cupom, recorte e envie juntamente com cheque nominal a SOBRAMES-SP para REDAÇÃO
                                                                                                                                                           Mastologia
                     “O Bandeirante” R. Bias, 234 - Tremembé - CEP 02371-020 - São Paulo - SP
            Dê uma assinatura de “O BANDEIRANTE” de presente para um colega                                                                         (11) 2215-2951
SUPLEMENTO LITERÁRIO
                                                                            O BANDEIRANTE - Dezembro de 2009              3
                                                 A Velhinha
Walter W. Harris
Médico ortopedista em São Paulo


    Essa zona rural mais parecia uma fotografia de calen-      para que eu seguisse adiante, dando a entender que não se
dário. A estrada pela qual eu guiava meu carro era de terra    importava com a poeira.
e acompanhava o caudaloso rio que serpenteava vagaro-              Cerca de meia hora depois, eu entrava na pacata vila
samente em direção ao vilarejo onde planejava passar a         e, após me informar a respeito de acomodações, dirigi-me
noite. Pelo espelho retrovisor, observei que minha passagem    ao único hotel existente. O calor estava incrível e fui direto
levantava uma vasta cortina de poeira. Ainda bem que não       tomar um banho para me refrescar. Desci ao saguão para o
cruzara com ninguém, senão o coitado sofreria de um mal        restaurante do hotel, que mais servia aos moradores da vila
súbito de tanto comer pó! Mas, apesar da intensa seca, o rio   que aos hóspedes. Travei uma conversa com o gerente que
apresentava uma exuberante mata ciliar e, do lado oposto       me orientou como chegar ao hospital que viera conhecer,
da via, campos plantados com canola enchiam os olhos com       motivo principal de minha vinda a essa região.
suas brilhantes flores amarelas. Aqui e acolá, uma árvore          As distâncias a serem percorridas eram muito curtas
se sobrepunha ao mar dourado, destacando-se pela sua           naquela minúscula cidade. Entretanto, descobri que o hos-
pujante nobreza esverdeada.                                    pital ficava na periferia da vila. Indo a pé naquele calor do
    Havia reparado que de tempos em tempos os campos de        meio da tarde, cheguei todo suado. Carregava meu paletó
canola eram recortados por estreitas ruelas que desembo-       na mão. Estacionado num local reservado para bicicletas
cavam na estrada por onde eu andava. Entretanto, estavam       — aparentemente todos as usavam — estava a bicicleta que
desertas a esta hora, logo após o meio-dia. Provavelmente      eu vira na estrada. Além de ser a única que não dispunha
os lavradores estavam repousando na sombra de alguma           de marchas e com a armação tipicamente feminina, apre-
daquelas imponentes árvores no meio da plantação. Qual         sentava aquela providencial rede traseira. Tinha mais um
não foi minha surpresa ao ver uma nuvem de pó se erguendo      acessório que não havia constatado na estrada: um cesto
da canola, como a estragar o belo visual do óleo em flor.      metálico à frente do guidão, cuja parte inferior apoiava no
Era mais uma estradinha vista a distância, tão estreita que    para-lama dianteiro. Portanto aquela senhora estava aqui
seria impossível receber veículos largos, fossem automó-       no hospital. Será que se sentira mal andando de bicicleta
vel, caminhão ou trator. Era tão somente apropriada para       naquele calor e teve de procurar assistência médica? Ou
pedestres.                                                     será que era uma enfermeira ou então fazia parte da ad-
    Tive de frear abruptamente, mais pela aparição inespe-     ministração da instituição?
rada do que para evitar um acidente, ao surgir uma bicicleta       Deixei minhas conjecturas para lá e me concentrei no
do meio da canola sem me dar a mínima atenção, como            objetivo de conhecer o hospital. Mas precisava satisfazer
se eu e meu carro não existíssemos, e que virou na mesma       minha curiosidade a respeito daquela senhora. Perguntei
direção em que eu ia. O que era inusitado e inesperado foi     para um, perguntei para outro, e fiquei sabendo que a tal
a pessoa que a guiava. De onde eu estava, não conseguia ver    senhora se encontrava na ala pediátrica do hospital. Minha
seu rosto, mas pelas vestimentas, era óbvio que se tratava     conclusão lógica foi de que pelo menos não estava doente.
de uma mulher. E ela dirigia a bicicleta com habilidade.       A Pediatria ficava numa área enorme, bem iluminada e com
Logo percebi que era antiga, pois não dispunha de mar-         inúmeras janelas, com camas postadas uma ao lado das ou-
chas e a roda traseira era recoberta por uma tela para não     tras, separadas apenas por pequenos armários que também
deixar que seu vestido se enroscasse nos aros. Diminuí a       serviam de criados-mudos. As cabeceiras das camas eram
velocidade do meu carro, pois não queria envolvê-la com        voltadas para as paredes, deixando um espaço grande no
a poeira da estrada. Vagarosamente emparelhei-me com           centro da enfermaria que servia de local de recreação para
ela. Tive vontade de parar e oferecer-lhe uma carona, mas      as crianças. Ao entrar no recinto, vi que as camas estavam
sabia de antemão que não teria onde pôr a bicicleta, se é      vazias. Seus ocupantes, em pijamas de várias cores e tipos,
que ela estava realmente indo para a mesma vila que eu.        encontravam-se sentados no chão em círculo, absortos e
Seu vestido era branco, todo decorado com enormes flores       encantados com as palavras da pessoa que, sentada numa
azuis, fazendo com que o vestido mais parecesse azul do        banqueta, segurava um livro e lia para eles. Embora esti-
que branco. Usava um chapeuzinho preso sob o queixo            vesse de costas para mim, logo a reconheci como sendo
com uma fita também azul. Quando, rapidamente, os raios        a mesma que vira na estrada, uma vez que ainda usava o
solares iluminaram seu rosto, me surpreendi. A ciclista não    mesmo vestido. Silenciosamente fiquei ouvindo e admi-
era uma moça e sim, uma senhora. Havia rugas nas suas          rando a atuação dela. A seguir, fui me apresentar a meus
faces, daquelas típicas de quem fica muito tempo exposto       colegas que me levaram para visitar outras dependências
ao sol e tem de cerrar os olhos devido a seu brilho. O que     do hospital. Soube que outrora a casa fora uma antiga resi-
impressionou-me foi sua expressão de determinação como         dência de ricaços que a doaram para a cidade. A casa fora
se precisasse chegar a todo custo aonde quer que estivesse     transformada no único hospital da região. Suas instalações
indo. Mas havia lá outra expressão que pude ver naqueles       foram modernizadas. Recebia a todos gratuitamente. Dis-
breves instantes de luz sob o chapéu: uma ternura ímpar,       punha de subvenções governamentais para seu sustento.
uma aura de bondade que me emocionou. Ela olhou mo-            Fundamentalmente priorizava o atendimento de crianças e
mentaneamente para mim, sorriu e acenou, gesticulando          se tornara uma instituição famosa por isso. Comentei sobre
                                                                                                         (continua na próxima página)
4      O BANDEIRANTE - Dezembro de 2009
                                                                                                    SUPLEMENTO LITERÁRIO




                                                     A Velhinha
(continuação da página anterior)

a grande enfermaria que havia visto e sobre a senhora que            Contei para a prima de nosso encontro na estrada e de
lia para os garotos. Os colegas sorriram, dando a entender       minha ida ao hospital e que a vira lendo para os doentinhos.
que a velhinha era uma excêntrica e inofensiva senhora da        Mais uma vez, vi aquela ternura e determinação estampadas
vila. Quanto ao tamanho da ala de pediatria, achavam que         em seu rosto. Como o vilarejo era muito pequeno, expli-
fora o salão de festas do casarão. Agradeci pela gentileza       cou, não dispunha de uma biblioteca. Numa reunião da
de me terem recebido e fui embora.                               comunidade local ela havia sugerido que se providenciasse
    Voltei ao hotel satisfeito de ter conhecido o hospital a     uma biblioteca para todos, em especial para os jovens. Sua
respeito do qual se falava tanto no meio médico e que havia      sugestão nem foi considerada. Em casa tinha poucos livros,
motivado minha visita. Eu ainda tinha mais uma missão para       principalmente por falta de espaço, segundo ela. Sabia que
cumprir naquele vilarejo: saber de uma prima de minha            a cidade vizinha tinha uma biblioteca e se dispôs a pedir
mãe que deveria estar beirando os 100 anos de idade. No          emprestado livros para as crianças de seu vilarejo, porém
final da tarde, depois de me refrescar de novo, mais uma vez     logo reconheceu seu erro: os pais achavam que ela estava
tive de recorrer ao gerente do hotel para me informar como       se intrometendo em suas vidas. No entanto, queria fazer
chegar à residência da prima. Na rua indicada havia meia         alguma coisa de útil e descobriu que os menores internados
dúzia de casas, todas idênticas. Mas eu sabia que era a última   ficavam à mercê de suas doenças, apenas recebendo visitas
antes da esquina. Abri o portãozinho e cheguei na porta de       esporádicas dos parentes. Conversou com o diretor do
entrada sob uma pequena varanda. Procurei pela campainha         hospital e ele concordou que ela lesse para as crianças. Não
que não achei. Bati palmas, bati na porta, chamei por ela.       havia como chegar à cidade vizinha a não ser com trans-
Em vão. Aparentemente, ou estava de cama, ou não estava          porte coletivo que dava uma volta imensa, ou então cortar
em casa. De tanto barulho que fiz, alertei a vizinha que, ao     caminho pelas plantações de canola. Optou ir de bicicleta.
saber quem eu era, disse-me que minha prima era um pouco         Havia dois anos que fazia isso toda semana, buscando li-
surda e me mostrou onde estava a campainha, escondida            vros e devolvendo-os na semana seguinte. Carregava-os no
no meio da hera perto da varandinha.                             bagageiro dianteiro de sua bicicleta.
    A porta foi aberta por uma senhora de idade avançada.            Acredito que o exercício lhe fazia bem. Apesar das rugas
Com certeza era minha prima. Havia um estreito vestíbulo         e da idade, parecia ter saúde de ferro. Tinha uma lucidez
de frente à escadaria que subia para o andar superior. A         invejável. Fiquei muito satisfeito em encontrá-la. Ela deu-me
cozinha ficava nos fundos e à direita havia duas salas: uma      várias fotografias da família, com minha promessa de que
de estar e outra de jantar. Entramos na primeira. Conver-        seriam aproveitadas no livro que pretendia escrever. Quando
samos amenidades. Fiquei sabendo que tinha 95 anos de            me despedi, jurei manter contato, e foi o que fiz durante os
idade. Certamente não aparentava. Quando lhe contei do           três anos seguintes. Mandava-me cartas prolixas, relatando
falecimento de meus pais, ficou triste por uns momentos,         todos os fatos novos sobre seus parentes próximos. Eu lia
comentando que trocara correspondência com minha mãe             com avidez e respondia sempre.
quando eram adolescentes. Para mim, a prima seria uma                Certo dia teve uma queda dentro de casa, sofrendo fra-
fonte importante de informações, uma vez que eu me               tura de colo de fêmur. Os filhos a levaram para uma cidade
autodenominava o narrador oficial da história da família.        grande, onde foi operada. Insistiu em voltar para o vilarejo
Ao lhe explicar meu intento, sorriu. Eu conhecia aquele          após a cirurgia. Na sua última carta para mim, contou que
sorriso. Provavelmente me lembrava de parentes nossos ou         as crianças, para quem tanto leu no hospital, vinham visitá-
vira fotografias dela quando era mais jovem.                     la e as mais velhas faziam questão de trazer livros a fim de
    Minha prima era tagarela. Não parava de falar, contan-       ler para ela. Pacientemente, em agradecimento, ela ouvia
do sobre episódios de nossos parentes que eu desconhecia.        tudo com lágrimas contidas.
Quando ela começou a falar de sua família próxima, dando             Quando completou 100 anos de idade, recebeu uma
os nomes dos netos e bisnetos, tive de interrompê-la e pedir     carta de parabéns assinada de próprio punho pela rainha
caneta e papel para escrever tudo. Mais uma vez sorriu e me      Elizabeth II da Inglaterra, costume antigo para todos os
convidou para a cozinha para tomar um chá. Acrescentou           seus súditos centenários. Soube do evento porque um de
que a mesa de lá seria mais adequada para fazer minhas           seus filhos mandou-me um recorte de jornal com uma
anotações. Em dado momento, quase deixei cair a xícara           entrevista dela. Logo depois, sua mente começou a vagar e
no chão. Olhando através da porta dos fundos, vi que havia       foi necessário colocá-la numa casa de repouso para receber
um barracão onde certamente guardaria velhas quinqui-            cuidados apropriados. Não tinha mais condições de morar
lharias e implementos de jardinagem. Aliás, à entrada da         sozinha. Uma semana após completar 103 anos de idade,
casa havia um minúsculo jardim de roseiras, muito bem            houve um surto de influenza na casa de repouso, o vírus
cuidado. No lusco-fusco do fim de tarde, observei que o          levado por uma visita de outro paciente. Tanto ela como
jardim dos fundos era igualmente cuidado com capricho.           mais três ou quatro idosos ficaram gripados, evoluíram para
Consegui salvar a xícara de um desastre e não passar ver-        pneumonia e faleceram.
gonha diante de minha prima. Recuperei-me. Pois não é                Essa simpática velhinha mexera comigo. Pude observar e
que, encostado no barracão, estava a bicicleta que vira várias   admirar sua altivez e dedicação altruísta às crianças. Ela foi
vezes no transcorrer do dia? Então era ela a velhinha que        um exemplo de vida e, sem dúvida, o orgulho de todos que
eu vira na estrada. Era ela que tinha entretido as crianças      se sentiram atingidos pela sua alma caridosa e envolvidos
no hospital com a leitura.                                       pelo seu calor humano.
SUPLEMENTO LITERÁRIO
                                                                           O BANDEIRANTE - Dezembro de 2009      5
Coração de Minas

Sergio Perazzo
Médico psiquiatra em São Paulo


    Um coração não se pede emprestado. Nem na fila do          tão delicada? Como protegê-lo de machucados? Guardá-
transplante, embora haja quem tente roubar corações            lo numa caixa de veludo? Numa redoma de vidro? Levá-
inutilmente. Nessa véspera da viagem pra Minas, nessa          lo sempre no bolso? Não deixá-lo escondido e asfixiado
espera do trem, porque pra Minas só de trem, mesmo que         num estojo fechado à chave sem contemplá-lo? Conversar
em lombo de avião bamboleando semovente na corcova             com ele como se conversa com as plantas? Regá-lo com
de nuvens, despedimo-nos dez vezes pelos dez dias que          as lágrimas emocionadas da memória? Colocá-lo no meu
leva para você visitar a família entre ambrosias, torresmos,   pulso para sentir o seu pulso nos caminhos e montanhas
canjicas, doces de caldas, café acabado de fazer no coador     de Minas, nos perdidos de Varzelândia?
de pano, profetas de pedra-sabão e igrejas barrocas tocan-         Inesquecível como num gesto simples, sem reservas,
do o sino de domingo.                                          sem hesitações, você me confiou o seu coração e se tornou
    Alguma coisa eu disse que você se comoveu. Em res-         perenemente presente em mim, presente que já estava a
posta, estendeu o braço e me mostrou a pulseira num            cada dia. E mais, e mais, e mais.
gesto tão natural que não podia ser outro, já abrindo o            Fui correndo à farmácia e comprei uma touca de ba-
trinco: Esta é a pulseira que mais gosto, a pulseira de        nho, uma escova de dentes Oral B, um sabonete cremoso,
ouro com um coração cheio de pedrinhas brilhantes como         uma loção de pele, um frasco de perfume, para você
pingente: Toma é seu enquanto eu estiver em Minas. E           em minha casa, no agora nosso armário do banheiro.
foi assim que, de repente, me tornei guardião do seu           Seu coração, meu coração. Minha casa, sua casa, porta e
coração e do seu esplendor pulsante.                           peito escancarados quando você entra sem precisar tocar
    Você, literalmente, me entregou o seu coração e eu         a campainha, carregando sorridente a filha pequena
fiquei com ele na mão sem saber direito o que fazer, essa      adormecida no seu colo pleno de amor e generosidade.
responsabilidade que a gente sente com o coração que não       Derramado de doçuras. De mineirices que só você sabe
é nosso, mas que passa a ser nosso. Como cuidar desta joia     e tem.



É Natal

Aida Lucia Pullin Dal Sasso Begliomini
Engenheira em São Paulo


Na manjedoura nasceu uma criança                               Sem qualquer ajuda humana
Sob um céu repleto de estrelas                                 Só protegidos pela divina providência
Entre elas cintilava mais forte
A que prenunciava a nova vida.                                 Silêncio, profundo momento de solidão
                                                               Os olhos de marido e mulher enfim se encontram
Ao lado da criança nua                                         Seriam eles tão pequenos e humildes
Mulher, ainda adolescente                                      Pai e mãe de tão esperada criança?
Ofegante do trabalho de parto
Descansava na relva úmida.                                     Vencida pelo cansaço
                                                               A noite lentamente adormece
Desconsolado, sonolento o homem                                Desaparecem a lua e o manto de estrelas
Agora marido e pai                                             Surgem radiantes os primeiros raios de sol
Olhava para um e para outro
Suplicando ajuda em uma oração silenciosa.                     Mais intensa que tudo
                                                               No firmamento brilha uma única estrela
De muito longe partiram                                        É o sinal de fé e esperança
Por caminhos sinuosos chegaram                                 No anúncio do nascimento do Deus criança.
6   O BANDEIRANTE - Dezembro de 2009
                                                                                              SUPLEMENTO LITERÁRIO




                          Brasil, Membro Permanente
                             do Conselho da ONU?
José Jucovsky
Médico aposentado em São Paulo



    Podemos nos orgulhar do desempenho e da visão            inscreveu como primeiro orador. Este seu desempenho
histórica do Itamaraty, percorrido a partir da Velha         impositivo marcou a tradição, até hoje mantida, de ser o
República, no instável e nebuloso ambiente da política       Brasil o primeiro país a discursar nas Assembleias Gerais
internacional.                                               anuais da ONU.
    Talvez o fato de termos sido uma colônia por cerca de        Elegante e galanteador, detonou algumas paixões fe-
três séculos tenha despertado o desejo imperativo de vir     mininas e seus auxiliares costumavam referir-se ao bilhete
a fazer parte integrante dos órgãos criados para zelar por   de uma de suas admiradoras inglesas que procurara vê-lo
um mundo melhor e mais igualitário. Moldado em uma           em Londres, sem sucesso. O bilhete dizia:“Ciro gostaria de
conduta ética, a vocação do corpo diplomático do Itama-      vê-lo mesmo que apenas horizontalmente”.
raty, em essência, é desempenhar um papel importante             O Brasil, desde a conferência em São Francisco, havia
para tentar manter a paz e ajudar a mudar a desigual-        pleiteado ser incluído entre os membros permanentes do
dade que existe no mundo. É, e tem sido, uma conduta         Conselho de Segurança. Mas o receio de pedidos seme-
prioritária e realística desejar fazer parte dos membros     lhantes da Índia e outros países fizeram com que a com-
permanentes do Conselho de Segurança da ONU.                 posição fosse reduzida aos cinco grandes: EE.UU, União
    Fato marcante na diplomacia internacional foi a pre-     Soviética, Inglaterra, França e China – cabendo ao Brasil,
sença de Rui Barbosa como chefe da delegação brasileira      como prêmio de consolação, ter assento no Conselho de
na Conferência de Paz em Haia, em 1907. Teve desempe-        Segurança nos dois primeiros anos, estabelecendo-se a
nho extraordinário na arte de negociar, ao defender com      partir de então um sistema de rodízio entre os membros
brilho a tese brasileira da igualdade entre as nações. Al-   não permanentes.
cançando inegável projeção, passou a ser conhecido inter-        O período da segunda guerra mundial constituíra
nacionalmente por impor e conseguir estabelecer, apesar      quadro de ouro da cooperação americano-brasileira,
de fortes oposições, medidas pacifistas como a limitação     principalmente pela instalação de duas bases navais: uma
de armamentos. Um dos resultados mais importantes da         em Natal e outra em Salvador.
sua notável atuação foi a criação da Corte Permanente de         Na conferência de Yalta (de 4 a 11 de fevereiro de1945)
Justiça Internacional de Haia. Teve, na oportunidade,        Roosevelt propôs a Stálin a inclusão permanente do
o privilégio de integrar a primeira comissão da Corte,       Brasil no Conselho de Segurança da futura ONU. Stálin
passando a ser conhecido como “Águia de Haia”.               rejeitou-a, alegando que o Brasil não tinha relações di-
    Na década de 20, durante sete anos, empenhamo-nos        plomáticas com a URSS. A razão verdadeira era a alegada
tentando, sem sucesso, pertencer ao conselho das Ligas       dependência do Brasil em relação aos EE.UU., como
das Nações.                                                  referiu em suas Memórias, o intérprete de Stálin.
    A Declaração da Carta do Atlântico em agosto de 1941         Ironia da história o que aconteceu nas eleições para
representou o prenúncio de outro órgão semelhante à          eleger a Comissão de Direitos Humanos da ONU: um
Liga. Referendada pelo EE.UU. e a Inglaterra em janei-       grupo de nações termina indicando aquelas que não
ro de 1942, renovamos nossas esperanças de ter acesso        obedecem aos direitos humanos. Graças aos votos dos
ao grupo das grandes potências na constituição da nova       terceiro-mundistas nas últimas eleições, a Líbia e Sudão
instituição: Organização das Nações Unidas.                  vão fazer parte deste seleto grupo. É desanimador saber
    Roberto Campos em sua autobiografia “A LANTER-           que na ONU ainda existe um vasto mar de mordomias
NA NA POPA” nos dá um retrato real de meio século da         para delegados nomeados por dirigentes de ditaduras
história do Brasil, vivenciado no ambiente da política       corruptas do planeta.
internacional após a segunda guerra mundial. Como                O Brasil acaba de dar uma demonstração de maturi-
notável memorialista, relembra a primeira reunião da         dade democrática. Pela primeira vez na história da nova
ONU (07/01/46) que se realizara em Londres, destacando-      República, um presidente eleito recebe a faixa do seu
se na delegação brasileira Ciro de Freitas Valle, então      antecessor. Nos últimos meses antes da posse, o País vinha
embaixador no Canadá, deslocado para Londres depois          sendo dirigido a quatro mãos, com os dois representan-
de ter assistido à assinatura da Carta em São Francisco.     tes do povo segurando o leme do Brasil em excepcional
Ciro era uma vigorosa personalidade, bem apessoado,          harmonia, na qual o interesse maior era o bem-estar do
bom gourmet e cultor inveterado do whisky. Como nem          povo. Neste momento histórico existe no Brasil grande
os Estados Unidos nem a União Soviética quisessem            perspectiva de ser incluído como membro permanente da
iniciar os debates, Ciro, de uma maneira impetuosa se        ONU, junto com as consideradas grandes potências.
SUPLEMENTO LITERÁRIO
                                                                                              O BANDEIRANTE - Dezembro de 2009      7
Sobrames – SP na Abrames
A Sobrames – SP esteve representada por 6 paulistas na Semana da Academia Brasileira                      PUBLICIDADE
de Médicos Escritores (Abrames), ocorrida nos dias 26 e 27 de novembro, na cidade do                      TABELA DE PREÇOS 2009
Rio de Janeiro: Helio Begliomini (presidente), Aida Lúcia Pullin Dal Sasso Begliomini                    (valor do anúncio por edição)
(esposa). Josyanne Rita de Arruda Franco (vice-presidente), Nelson Jacintho (presidente               1 módulo horizontal      R$ 30,00
da Academia Ribeirão-Pretana de Letras) e Dumara Piantino Jacintho (esposa).                          2 módulos horizontais    R$ 60,00
Houve três participantes da Sobrames – SP que receberam prêmios nos concursos                         3 módulos horizontais    R$ 90,00
literários que a Abrames anualmente organiza.                                                         2 módulos verticais      R$ 60,00
                                                                                                      4 módulos               R$ 120,00
                                           Acadêmicos                                                 6 módulos               R$ 180,00
                                                                                                      Outros tamanhos       sob consulta
Crônica                                                                                                   heomini.ops@terra.com.br
2o Lugar – Nelson Jacintho – Trabalho: “Não Empurro Mais o Burro”.                                        ligiapezzuto@terra.com.br
3o Lugar – Helio Begliomini – Trabalho: “Hablaremos Portunhol”.
Ensaio
3o Lugar – Helio Begliomini – Trabalho: “O Discreto Notável – Cem Anos Depois
de seu Desaparecimento”.
                                                                                                     REVISÃO
                                                                                                     de textos em geral
Poesia
1o Lugar – Helio Begliomini – Trabalho: “Fráguas do Tempo”.                                           Ligia Pezzuto
                                                                                                      Especialista em Língua Portuguesa
                                        Não Acadêmicos
                                                                                                      (11) 3864-4494 ou 8546-1725
Crônica
2o Lugar – Dumara Piantino Jacintho – Trabalho: “Saudade”.
Conto                                                                                                  ROBERTO CAETANO MIRAGLIA
3o Lugar – Dumara Piantino Jacintho – Trabalho “Tarde no Futebol”.                                      ADVOGADO - OAB-SP 51.532

                                                                                                     ADVOCACIA – ADMINISTRAÇÃO DE BENS
                                                                                                      NEGÓCIOS IMOBILIÁRIOS – LOCAÇÃO
                                                                                                        COMPRA E VENDA DE IMÓVEIS
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                                                                                                     Terminou de
               Da esquerda para a direita: Josyanne Rita de Arruda Franco, Nelson Jacintho,          escrever seu
               Dumara Piantino Jacintho, Helio Begliomini, Aida Lúcia Pullin Dal Sasso Be-
               gliomini, Abilio Kac (RJ) e Maria da Gloria Starling de Aguiar (MG).                  livro? Então
Livros do Ano de 2009                                                                                publique!
   A Academia de Estudos e Pesquisas Literárias, com sede na cidade do Rio de
Janeiro, selecionou, através de uma Comissão de Críticos Literários, como Livros                     Nesta hora importante, não deixe de
do Ano de 2009, obras de dois sobramistas paulistas:                                                 consultar a RUMO EDITORIAL.
   1. Analogias e Reflexão sobre a Obra Machadiana de autoria de Evanil Pires                        Publicações com qualidade impecável,
de Campos (Botucatu).                                                                                dedicação, cuidado artesanal e preço
   2. Asclepíades da Academia Paulista de Letras de autoria de Helio Begliomini                      justo. Você não tem mais desculpas
(São Paulo), presidente em exercício da Sobrames – SP.                                               para deixar seu talento na gaveta.
                                                                                                        rumoeditorial@uol.com.br
Lançamento de Livro                                                                                          (11) 9182-4815
   Parabenizamos a confreira Lêda Rezende pelo lançamento de mais um livro de
sua autoria intitulado Vitral – Compondo a Vida.
   Lêda Rezende é pediatra com formação em psicanálise na linha Freud-Lacan e pós-
graduada em nutrologia. http://blogs.abril.com.br/leda/2010/01/publicando.html

XXIII Congresso Nacional da Sobrames
3 a 6 de junho de 2010 – Ouro Preto – Minas Gerais
www.sobramesmg.org.br/congress

Congresso da Umeal – União de Médicos e Artistas Lusófonos
15 a 19 de setembro de 2010 – Lisboa – Portugal

54o Congresso da Umem – Union Mondiale des Écrivains Médecins
Plock (a 100 Km de Varsóvia), de 22 a 26 de Setembro de 2010
www.umem.net/pt
8     O BANDEIRANTE - Dezembro de 2009
                                                                                             SUPLEMENTO LITERÁRIO




                              A Parábola do Lápis e a Sobrames

(continuação da primeira página)

    O menino olhava a avó escreven-      a grafite que está dentro. Portanto,     feito, é digno de ser benfeito”.
do uma carta. A certa altura pergun-     sempre cuide daquilo que acontece            4. Quarta: Ser e não Ter. O que
tou:                                     dentro de você.                          vale no ser humano não é aquilo
    – Você está escrevendo uma his-          Finalmente, a quinta qualidade       que aparenta ou que ostenta, mas
tória que aconteceu conosco? E, por      do lápis: ele sempre deixa uma mar-      o que reside em seu íntimo, em
acaso, é uma história sobre mim?         ca. Da mesma maneira, saiba que          que se desenvolvem e se manifes-
    – A avó parou a carta, sorriu e      tudo que você fizer na vida irá dei-     tam virtudes inerentes à sua es-
comentou com o neto:                     xar traços e procure ser consciente de   pécie como amor, solidariedade,
    – Estou escrevendo sobre você, é     cada ação.                               afeto, caridade, compaixão, ho-
verdade. Entretanto, mais importante                      * * *                   nestidade, fidelidade... mas, onde
do que as palavras é o lápis que estou       “Para um bom entendedor meia         também pode ser impregnado de
usando. Gostaria que você fosse como     palavra basta”, diz o ditado popu-       desvirtudes como ódio, egoísmo,
ele quando crescesse.                    lar. Mas, procurando explicitar          raiva, cobiça, inveja, desonestida-
    O menino olhou para o lápis, in-     tais ensinamentos, poderíamos            de, infidelidade... O verdadeiro
trigado, e não viu nada de especial.     dizer que entendemos esta pará-          valor do ser humano é imaterial,
    – Mas ele é igual a todos os lápis   bola como ensinamento das se-            imensurável, pois não se atrela a
que vi em minha vida!                    guintes virtudes:                        penduricalhos, cifras, marcas, tí-
    – Tudo depende do modo como              1. Primeira: Humildade. Por          tulos, graduação, condecorações
você olha as coisas. Há cinco qua-       maiores e melhores obras que fa-         e grifes...
lidades nele que, se você conseguir      çamos, sempre haverá subjacente              5. Quinta: Edificar. Deixar
mantê-las, será sempre uma pessoa        a nós a mão de Deus – ainda que          uma marca é deixar um sinal,
em paz com o mundo. Note bem:            sejamos incrédulos –, e a Ele todo       uma mensagem, um legado, uma
    Primeira qualidade: você pode        o nosso esforço deve se confor-          obra que poderá ser boa ou má,
fazer grandes coisas, mas nunca deve     mar e se dirigir. Somos frágeis,         passageira ou perene, exclusi-
esquecer que existe uma Mão que guia     inexpressivos e mui efêmeros pe-         vista ou altruísta, construtiva ou
seus passos. Esta mão nós chamamos       rante o Criador e a criação.             destrutiva, lembrada ou ignora-
de Deus, e Ele deve sempre conduzi-lo        2. Segunda: Resignação. Acei-        da. Compete a cada um deixar
em direção à Sua vontade.                tar as limitações, os desafetos, os      o mundo e o seu mundinho (lar,
    Segunda qualidade: de vez em         dissabores, as ofensas, as indife-       trabalho, familiares, amigos, en-
quando eu preciso parar o que estou      renças e os achaques que a vida          tidades a que pertence...) melhor
escrevendo e usar o apontador. Isso      nos impõe. Esta atitude poderá           do que recebeu.
faz com que o lápis sofra um pouco,      nos preparar e nos alavancar para            Esta singela parábola deve ser
mas, no final, ele está mais afiado.     superar novos desafios e embates         relida quantas vezes forem neces-
Portanto, saiba suportar algumas do-     que certamente virão ao longo da         sárias, pois poderemos desvendar
res, porque elas o farão ser uma pes-    existência.                              outras mensagens construtivas.
soa melhor.                                  3. Terceira: Perfeição. Como         Embora A Parábola do Lápis
    Terceira qualidade: o lápis sem-     seres falíveis e imperfeitos po-         não tenha sido contada por Jesus
pre permite que usemos uma borracha      dem almejar a perfeição? Buscar          Cristo, ela enseja os mais lídimos
para apagar aquilo que estava erra-      a perfeição é se aprimorar cons-         ensinamentos cristãos, que desde
do. Entenda que corrigir uma coisa       tantemente; é procurar superar-          priscas eras se colocaram a favor
que fizemos não é necessariamente        se continuamente; é dar de si e          da dignidade do ser humano e de
algo mau, mas algo importante para       do melhor de si em ações saluta-         seu aprimoramento.
nos manter no caminho da justiça.        res e edificantes. Relembrando o             Que ela possa inspirar e enle-
    Quarta qualidade: o que re-          doutor angélico, o condestável           var a todos nós na Sobrames – SP,
almente importa no lápis não é a         teólogo são Tomás de Aquino              independentemente do credo ou
madeira ou sua forma exterior, mas       (1225-1274): “o que é digno de ser       da descrença que temos!

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A parábola do lápis e a Sobrames

  • 1. Jornal O Bandeirante Ano XVIII - no 205 - Dezembro de 2009 Publicação Mensal da Sociedade Brasileira de Médicos Escritores - Regional do Estado de São Paulo - SOBRAMES-SP A Parábola do Lápis e a Sobrames “Os progressos obtidos por meio do ensino são lentos; já os obtidos por meio de exemplos são mais imediatos e eficazes”. Lucius Annaeus Seneca (4 a.C-65 d.C), filósofo e escritor da antiga Roma. Helio Begliomini Médico urologista Presidente da SOBRAMES-SP (2009-2010). Não faz muito tempo que Mark W. Baker publicou um livro intitulado “Jesus, o Maior Psi- cólogo que já Existiu” (2005), que se tornou muito conhecido e comentado. Por incrível que pareça, não se trata de mais uma obra de autoajuda, mas sim uma abordagem entre ciência e reli- gião, aduzindo os preceitos ensi- nados por Jesus Cristo às recen- tes descobertas da psicologia. Mark W. Baker alia sua experi- ência como terapeuta ao seu co- nhecimento da Bíblia, demons- trando compatibilidade entre o ensinamento do Nazareno e as bases da psicologia, pois nele também o maior pedagogo que contar parábolas torna ilustra- encerram a saúde emocional, o já existiu, pois seus preceitos têm tivo – pela força de sua própria bem-estar e o crescimento pesso- ecoado da Galiléia para o mun- alegoria –, um conceito a ser al. Evidencia que independente- do, ao largo de dois mil anos, compreendido e assimilado. Por mente da crença religiosa ou da através do ensino de simples pa- oportuno que seja, segue abaixo filosofia de vida, todos podemos rábolas. A propósito, a pessoa de A Parábola do Lápis, de autoria nos beneficiar da sabedoria Da- Cristo, dentre tantos predicados desconhecida, mas muito sig- quele que foi, segundo seu pare- que possui, confunde-se também nificativa para todos e, particu- cer, o maior psicólogo de todos como o maior contador de pará- larmente para nós, membros da os tempos! bolas. Aliás, quando pensamos Sociedade Brasileira de Médicos No bojo desse livro e fazendo em parábolas, necessariamente Escritores do Estado de São Pau- paráfrase de seu título, podemos pensamos Nele, Jesus Cristo. lo (Sobrames – SP). dizer, outrossim, que Jesus foi Assim, não resta dúvida que * * * (continua na última página)
  • 2. 2 O BANDEIRANTE - Dezembro de 2009 Acertando os Ponteiros “A vida já é curta, mas nós tornamo-la ainda mais curta, desperdiçando tempo”. Victor Marie Hugo (1802-1885) – poeta, escritor, dramaturgo e político francês. EXPEDIENTE Neste exórdio veio-nos à mente, à guisa de reflexão, a expressão latina Jornal O Bandeirante ANO XVIII - no 205 - Dezembro 2009 “Sic transit gloria mundi”, normalmente traduzida por “Assim passa a glória do mundo” ou também as “coisas mundanas são passageiras”, provavelmente oriunda da frase “O quam cito trânsito gloria mundi” – “o quão rapidamente Publicação mensal da Sociedade Brasileira de Médicos passa a glória do mundo” – do livro “Imitação de Cristo” (1418) do monge Escritores - Regional do Estado de São Paulo SOBRAMES-SP . Sede: Rua Alves Guimarães, 251 - CEP 05410-000 - Pinheiros agostiniano Tomás de Kempis (1379-1471). - São Paulo - SP Telefax: (11) 3062-9887 / 3062-3604 Editor: Em dezembro de 2009, em virtude do atraso insólito de oitos meses(!) Helio Begliomini. Jornalista Responsável e revisora: na periodicidade de O Bandeirante, após ampla e longa discussão na Ligia Terezinha Pezzuto (MTb 17.671 - SP). Colaboradores desta edição: Aida Lucia Pullin Dal Sasso Begliomini, Helio diretoria da Sobrames – SP sobre esse indesejado percalço, prevaleceu Begliomini, José Jucovsky, Sergio Perazzo, Walter W. Harris. o consenso de que o tradicional órgão literário-informativo da entidade Tiragem desta edição: 300 exemplares (papel) e mais de deveria continuar existindo e, correndo contra o tempo, recuperar todas as 1.000 exemplares PDF enviados por e-mail. edições faltantes com o número usual de 8 páginas em cada fascículo. Diretoria - Gestão 2009/2010 - Presidente: Helio Nosso nome foi ratificado para a acerba tarefa de editorar os oito números faltantes (maio Begliomini. Vice-Presidente: Josyanne Rita de Arruda Franco. Primeiro-Secretário: Ligia Terezinha Pezzuto. a dezembro de 2009) e, até o final desta gestão (janeiro a dezembro de 2010) foram escolhidos Segundo-Secretário: Maria do Céu Coutinho Louzã. como editores Roberto Antonio Aniche e Carlos Augusto Ferreira Galvão. Primeiro-Tesoureiro: Marcos Gimenes Salun. Segundo- A empreitada não foi fácil, pois foram editorados e publicados oito boletins em cerca de 2,5 Tesoureiro: Roberto Antonio Aniche. Conselho Fiscal Efetivos: Flerts Nebó, Carlos Augusto Ferreira Galvão, Luiz meses(!), com o agravante de que não tínhamos a mesma expertise do confrade Marcos Gimenes Jorge Ferreira. Conselho Fiscal Suplentes: Geovah Paulo Salun, coeditor anterior que deu ao longo de nove anos a O Bandeirante um patamar editorial da Cruz; Rodolpho Civile; Helmut Adolf Mataré. jamais atingido. Assim, a fim de que pudéssemos cumprir mais esta missão nesta gestão, os trabalhos foram ininterruptos mesmo durante as festas de final de ano, época em que o convívio familiar e o apelo Matérias assinadas são de responsabilidade de seus religioso são mais candentes. autores e não representam, necessariamente, a opinião da Sobrames-SP Já na Pizza Literária de janeiro de 2010, foram lançados os fascículos de maio, junho e julho de 2009, ficando para serem lançados os cinco fascículos restantes em fevereiro ou no máximo até março de 2010. Nessa tarefa não poderíamos deixar de registrar nossos efusivos agradecimentos a Maria do Céu Coutinho Louzã, que gentilmente coletou os trabalhos apresentados nas Pizzas Literárias; a Editores de O Bandeirante Ligia Terezinha Pezzuto, jornalista e esmerada revisora dos textos publicados; e a Mateus Marins, Flerts Nebó – novembro a dezembro de 1992 entusiasta diagramador. Confessamos que sem a prestimosa ajuda deles – unidos e imbuídos em Flerts Nebó e Walter Whitton Harris – 1993-1994 espírito de equipe em prol da querida Sobrames – SP –, essa tarefa poderia ter sido tristemente Carlos Luiz Campana e Hélio Celso Ferraz Najar – 1995-1996 fadada ao fracasso. Flerts Nebó e Walter Whitton Harris – 1996-2000 Erros, falhas e omissões involuntários certamente serão encontrados para os quais pedimos Flerts Nebó e Marcos Gimenes Salun – 2001 a abril de 2009 Helio Begliomini – maio a dezembro de 2009 a devida compreensão e vênia. Entretanto, nossa obsessão foi tentar colocar O Bandeirante em dia, atenuando seu atraso, fato único e triste em sua história. Não esquecemos também de agradecer a Deus pela empreitada realizada. Em alusão às palavras Presidentes da Sobrames – SP de reflexão colocadas na introdução deste texto e com a plena ciência da efemeridade da função a nós confiada, desejamos aos próximos editores maior sucesso(!), e que O Bandeirante continue 1 Flerts Nebó (1988-1990;1990-1992 e out/2005 a dez/2006) o 2o Helio Begliomini (1992-1994; 2007-2008 e 2009-2010) sendo um dentre tantos motivos de orgulho da querida Sobrames paulista. 3o Carlos Luiz Campana (1994-1996) 4o Paulo Adolpho Leierer (1996-1998) Helio Begliomini 5o Walter Whitton Harris (1999-2000) 6o Carlos Augusto Ferreira Galvão (2001-2002) Médico urologista em São Paulo 7o Luiz Giovani (2003-2004) Walter Whitton Harris 8o Karin Schmidt Rodrigues Massaro (jan a out de 2005) Cirurgia do Pé e Tornozelo Ortopedia e Traumatologia Geral Editor: Helio Begliomini CRM 18317 Revisão: Ligia Terezinha Pezzuto Av. República do Líbano, 344 Rua Luverci Pereira de Souza, 1797 - Sala 3 Diagramação: Mateus Marins Cardoso 04502-000 - São Paulo - SP Cidade Universitária - Campinas (19) 3579-3833 Impressão e Acabamento: Expressão e Arte Gráfica Tel. 3885 8535 www.veridistec.com.br Cel. 9932 5098  CUPOM DE ASSINATURAS* longevità Preço de 12 exemplares impressos: R$ 36,00 (11) 3531-6675 Nome:___________________________________________________________ Estética facial, corporal e odontológica * Massagem * Drenagem * Bronze Spray * End.completo: (Rua/Av./etc.) _______________________________________ Nutricionista * RPG Rua Maria Amélia L. de Azevedo, 147 - 1o. andar ________________________________ nº. _______ complemento _________ Cidade:_____________ Estado:_____ E-mail:___________________________ Clínica Benatti Grátis: Além da edição impressa que será enviada por correio, o assinante Ginecologia receberá por e-mail 12 edições coloridas em arquivo digital (PDF) Obstetrícia *Disponível para o público em geral e para não-sócios da SOBRAMES-SP Preencha este cupom, recorte e envie juntamente com cheque nominal a SOBRAMES-SP para REDAÇÃO Mastologia “O Bandeirante” R. Bias, 234 - Tremembé - CEP 02371-020 - São Paulo - SP Dê uma assinatura de “O BANDEIRANTE” de presente para um colega (11) 2215-2951
  • 3. SUPLEMENTO LITERÁRIO O BANDEIRANTE - Dezembro de 2009 3 A Velhinha Walter W. Harris Médico ortopedista em São Paulo Essa zona rural mais parecia uma fotografia de calen- para que eu seguisse adiante, dando a entender que não se dário. A estrada pela qual eu guiava meu carro era de terra importava com a poeira. e acompanhava o caudaloso rio que serpenteava vagaro- Cerca de meia hora depois, eu entrava na pacata vila samente em direção ao vilarejo onde planejava passar a e, após me informar a respeito de acomodações, dirigi-me noite. Pelo espelho retrovisor, observei que minha passagem ao único hotel existente. O calor estava incrível e fui direto levantava uma vasta cortina de poeira. Ainda bem que não tomar um banho para me refrescar. Desci ao saguão para o cruzara com ninguém, senão o coitado sofreria de um mal restaurante do hotel, que mais servia aos moradores da vila súbito de tanto comer pó! Mas, apesar da intensa seca, o rio que aos hóspedes. Travei uma conversa com o gerente que apresentava uma exuberante mata ciliar e, do lado oposto me orientou como chegar ao hospital que viera conhecer, da via, campos plantados com canola enchiam os olhos com motivo principal de minha vinda a essa região. suas brilhantes flores amarelas. Aqui e acolá, uma árvore As distâncias a serem percorridas eram muito curtas se sobrepunha ao mar dourado, destacando-se pela sua naquela minúscula cidade. Entretanto, descobri que o hos- pujante nobreza esverdeada. pital ficava na periferia da vila. Indo a pé naquele calor do Havia reparado que de tempos em tempos os campos de meio da tarde, cheguei todo suado. Carregava meu paletó canola eram recortados por estreitas ruelas que desembo- na mão. Estacionado num local reservado para bicicletas cavam na estrada por onde eu andava. Entretanto, estavam — aparentemente todos as usavam — estava a bicicleta que desertas a esta hora, logo após o meio-dia. Provavelmente eu vira na estrada. Além de ser a única que não dispunha os lavradores estavam repousando na sombra de alguma de marchas e com a armação tipicamente feminina, apre- daquelas imponentes árvores no meio da plantação. Qual sentava aquela providencial rede traseira. Tinha mais um não foi minha surpresa ao ver uma nuvem de pó se erguendo acessório que não havia constatado na estrada: um cesto da canola, como a estragar o belo visual do óleo em flor. metálico à frente do guidão, cuja parte inferior apoiava no Era mais uma estradinha vista a distância, tão estreita que para-lama dianteiro. Portanto aquela senhora estava aqui seria impossível receber veículos largos, fossem automó- no hospital. Será que se sentira mal andando de bicicleta vel, caminhão ou trator. Era tão somente apropriada para naquele calor e teve de procurar assistência médica? Ou pedestres. será que era uma enfermeira ou então fazia parte da ad- Tive de frear abruptamente, mais pela aparição inespe- ministração da instituição? rada do que para evitar um acidente, ao surgir uma bicicleta Deixei minhas conjecturas para lá e me concentrei no do meio da canola sem me dar a mínima atenção, como objetivo de conhecer o hospital. Mas precisava satisfazer se eu e meu carro não existíssemos, e que virou na mesma minha curiosidade a respeito daquela senhora. Perguntei direção em que eu ia. O que era inusitado e inesperado foi para um, perguntei para outro, e fiquei sabendo que a tal a pessoa que a guiava. De onde eu estava, não conseguia ver senhora se encontrava na ala pediátrica do hospital. Minha seu rosto, mas pelas vestimentas, era óbvio que se tratava conclusão lógica foi de que pelo menos não estava doente. de uma mulher. E ela dirigia a bicicleta com habilidade. A Pediatria ficava numa área enorme, bem iluminada e com Logo percebi que era antiga, pois não dispunha de mar- inúmeras janelas, com camas postadas uma ao lado das ou- chas e a roda traseira era recoberta por uma tela para não tras, separadas apenas por pequenos armários que também deixar que seu vestido se enroscasse nos aros. Diminuí a serviam de criados-mudos. As cabeceiras das camas eram velocidade do meu carro, pois não queria envolvê-la com voltadas para as paredes, deixando um espaço grande no a poeira da estrada. Vagarosamente emparelhei-me com centro da enfermaria que servia de local de recreação para ela. Tive vontade de parar e oferecer-lhe uma carona, mas as crianças. Ao entrar no recinto, vi que as camas estavam sabia de antemão que não teria onde pôr a bicicleta, se é vazias. Seus ocupantes, em pijamas de várias cores e tipos, que ela estava realmente indo para a mesma vila que eu. encontravam-se sentados no chão em círculo, absortos e Seu vestido era branco, todo decorado com enormes flores encantados com as palavras da pessoa que, sentada numa azuis, fazendo com que o vestido mais parecesse azul do banqueta, segurava um livro e lia para eles. Embora esti- que branco. Usava um chapeuzinho preso sob o queixo vesse de costas para mim, logo a reconheci como sendo com uma fita também azul. Quando, rapidamente, os raios a mesma que vira na estrada, uma vez que ainda usava o solares iluminaram seu rosto, me surpreendi. A ciclista não mesmo vestido. Silenciosamente fiquei ouvindo e admi- era uma moça e sim, uma senhora. Havia rugas nas suas rando a atuação dela. A seguir, fui me apresentar a meus faces, daquelas típicas de quem fica muito tempo exposto colegas que me levaram para visitar outras dependências ao sol e tem de cerrar os olhos devido a seu brilho. O que do hospital. Soube que outrora a casa fora uma antiga resi- impressionou-me foi sua expressão de determinação como dência de ricaços que a doaram para a cidade. A casa fora se precisasse chegar a todo custo aonde quer que estivesse transformada no único hospital da região. Suas instalações indo. Mas havia lá outra expressão que pude ver naqueles foram modernizadas. Recebia a todos gratuitamente. Dis- breves instantes de luz sob o chapéu: uma ternura ímpar, punha de subvenções governamentais para seu sustento. uma aura de bondade que me emocionou. Ela olhou mo- Fundamentalmente priorizava o atendimento de crianças e mentaneamente para mim, sorriu e acenou, gesticulando se tornara uma instituição famosa por isso. Comentei sobre (continua na próxima página)
  • 4. 4 O BANDEIRANTE - Dezembro de 2009 SUPLEMENTO LITERÁRIO A Velhinha (continuação da página anterior) a grande enfermaria que havia visto e sobre a senhora que Contei para a prima de nosso encontro na estrada e de lia para os garotos. Os colegas sorriram, dando a entender minha ida ao hospital e que a vira lendo para os doentinhos. que a velhinha era uma excêntrica e inofensiva senhora da Mais uma vez, vi aquela ternura e determinação estampadas vila. Quanto ao tamanho da ala de pediatria, achavam que em seu rosto. Como o vilarejo era muito pequeno, expli- fora o salão de festas do casarão. Agradeci pela gentileza cou, não dispunha de uma biblioteca. Numa reunião da de me terem recebido e fui embora. comunidade local ela havia sugerido que se providenciasse Voltei ao hotel satisfeito de ter conhecido o hospital a uma biblioteca para todos, em especial para os jovens. Sua respeito do qual se falava tanto no meio médico e que havia sugestão nem foi considerada. Em casa tinha poucos livros, motivado minha visita. Eu ainda tinha mais uma missão para principalmente por falta de espaço, segundo ela. Sabia que cumprir naquele vilarejo: saber de uma prima de minha a cidade vizinha tinha uma biblioteca e se dispôs a pedir mãe que deveria estar beirando os 100 anos de idade. No emprestado livros para as crianças de seu vilarejo, porém final da tarde, depois de me refrescar de novo, mais uma vez logo reconheceu seu erro: os pais achavam que ela estava tive de recorrer ao gerente do hotel para me informar como se intrometendo em suas vidas. No entanto, queria fazer chegar à residência da prima. Na rua indicada havia meia alguma coisa de útil e descobriu que os menores internados dúzia de casas, todas idênticas. Mas eu sabia que era a última ficavam à mercê de suas doenças, apenas recebendo visitas antes da esquina. Abri o portãozinho e cheguei na porta de esporádicas dos parentes. Conversou com o diretor do entrada sob uma pequena varanda. Procurei pela campainha hospital e ele concordou que ela lesse para as crianças. Não que não achei. Bati palmas, bati na porta, chamei por ela. havia como chegar à cidade vizinha a não ser com trans- Em vão. Aparentemente, ou estava de cama, ou não estava porte coletivo que dava uma volta imensa, ou então cortar em casa. De tanto barulho que fiz, alertei a vizinha que, ao caminho pelas plantações de canola. Optou ir de bicicleta. saber quem eu era, disse-me que minha prima era um pouco Havia dois anos que fazia isso toda semana, buscando li- surda e me mostrou onde estava a campainha, escondida vros e devolvendo-os na semana seguinte. Carregava-os no no meio da hera perto da varandinha. bagageiro dianteiro de sua bicicleta. A porta foi aberta por uma senhora de idade avançada. Acredito que o exercício lhe fazia bem. Apesar das rugas Com certeza era minha prima. Havia um estreito vestíbulo e da idade, parecia ter saúde de ferro. Tinha uma lucidez de frente à escadaria que subia para o andar superior. A invejável. Fiquei muito satisfeito em encontrá-la. Ela deu-me cozinha ficava nos fundos e à direita havia duas salas: uma várias fotografias da família, com minha promessa de que de estar e outra de jantar. Entramos na primeira. Conver- seriam aproveitadas no livro que pretendia escrever. Quando samos amenidades. Fiquei sabendo que tinha 95 anos de me despedi, jurei manter contato, e foi o que fiz durante os idade. Certamente não aparentava. Quando lhe contei do três anos seguintes. Mandava-me cartas prolixas, relatando falecimento de meus pais, ficou triste por uns momentos, todos os fatos novos sobre seus parentes próximos. Eu lia comentando que trocara correspondência com minha mãe com avidez e respondia sempre. quando eram adolescentes. Para mim, a prima seria uma Certo dia teve uma queda dentro de casa, sofrendo fra- fonte importante de informações, uma vez que eu me tura de colo de fêmur. Os filhos a levaram para uma cidade autodenominava o narrador oficial da história da família. grande, onde foi operada. Insistiu em voltar para o vilarejo Ao lhe explicar meu intento, sorriu. Eu conhecia aquele após a cirurgia. Na sua última carta para mim, contou que sorriso. Provavelmente me lembrava de parentes nossos ou as crianças, para quem tanto leu no hospital, vinham visitá- vira fotografias dela quando era mais jovem. la e as mais velhas faziam questão de trazer livros a fim de Minha prima era tagarela. Não parava de falar, contan- ler para ela. Pacientemente, em agradecimento, ela ouvia do sobre episódios de nossos parentes que eu desconhecia. tudo com lágrimas contidas. Quando ela começou a falar de sua família próxima, dando Quando completou 100 anos de idade, recebeu uma os nomes dos netos e bisnetos, tive de interrompê-la e pedir carta de parabéns assinada de próprio punho pela rainha caneta e papel para escrever tudo. Mais uma vez sorriu e me Elizabeth II da Inglaterra, costume antigo para todos os convidou para a cozinha para tomar um chá. Acrescentou seus súditos centenários. Soube do evento porque um de que a mesa de lá seria mais adequada para fazer minhas seus filhos mandou-me um recorte de jornal com uma anotações. Em dado momento, quase deixei cair a xícara entrevista dela. Logo depois, sua mente começou a vagar e no chão. Olhando através da porta dos fundos, vi que havia foi necessário colocá-la numa casa de repouso para receber um barracão onde certamente guardaria velhas quinqui- cuidados apropriados. Não tinha mais condições de morar lharias e implementos de jardinagem. Aliás, à entrada da sozinha. Uma semana após completar 103 anos de idade, casa havia um minúsculo jardim de roseiras, muito bem houve um surto de influenza na casa de repouso, o vírus cuidado. No lusco-fusco do fim de tarde, observei que o levado por uma visita de outro paciente. Tanto ela como jardim dos fundos era igualmente cuidado com capricho. mais três ou quatro idosos ficaram gripados, evoluíram para Consegui salvar a xícara de um desastre e não passar ver- pneumonia e faleceram. gonha diante de minha prima. Recuperei-me. Pois não é Essa simpática velhinha mexera comigo. Pude observar e que, encostado no barracão, estava a bicicleta que vira várias admirar sua altivez e dedicação altruísta às crianças. Ela foi vezes no transcorrer do dia? Então era ela a velhinha que um exemplo de vida e, sem dúvida, o orgulho de todos que eu vira na estrada. Era ela que tinha entretido as crianças se sentiram atingidos pela sua alma caridosa e envolvidos no hospital com a leitura. pelo seu calor humano.
  • 5. SUPLEMENTO LITERÁRIO O BANDEIRANTE - Dezembro de 2009 5 Coração de Minas Sergio Perazzo Médico psiquiatra em São Paulo Um coração não se pede emprestado. Nem na fila do tão delicada? Como protegê-lo de machucados? Guardá- transplante, embora haja quem tente roubar corações lo numa caixa de veludo? Numa redoma de vidro? Levá- inutilmente. Nessa véspera da viagem pra Minas, nessa lo sempre no bolso? Não deixá-lo escondido e asfixiado espera do trem, porque pra Minas só de trem, mesmo que num estojo fechado à chave sem contemplá-lo? Conversar em lombo de avião bamboleando semovente na corcova com ele como se conversa com as plantas? Regá-lo com de nuvens, despedimo-nos dez vezes pelos dez dias que as lágrimas emocionadas da memória? Colocá-lo no meu leva para você visitar a família entre ambrosias, torresmos, pulso para sentir o seu pulso nos caminhos e montanhas canjicas, doces de caldas, café acabado de fazer no coador de Minas, nos perdidos de Varzelândia? de pano, profetas de pedra-sabão e igrejas barrocas tocan- Inesquecível como num gesto simples, sem reservas, do o sino de domingo. sem hesitações, você me confiou o seu coração e se tornou Alguma coisa eu disse que você se comoveu. Em res- perenemente presente em mim, presente que já estava a posta, estendeu o braço e me mostrou a pulseira num cada dia. E mais, e mais, e mais. gesto tão natural que não podia ser outro, já abrindo o Fui correndo à farmácia e comprei uma touca de ba- trinco: Esta é a pulseira que mais gosto, a pulseira de nho, uma escova de dentes Oral B, um sabonete cremoso, ouro com um coração cheio de pedrinhas brilhantes como uma loção de pele, um frasco de perfume, para você pingente: Toma é seu enquanto eu estiver em Minas. E em minha casa, no agora nosso armário do banheiro. foi assim que, de repente, me tornei guardião do seu Seu coração, meu coração. Minha casa, sua casa, porta e coração e do seu esplendor pulsante. peito escancarados quando você entra sem precisar tocar Você, literalmente, me entregou o seu coração e eu a campainha, carregando sorridente a filha pequena fiquei com ele na mão sem saber direito o que fazer, essa adormecida no seu colo pleno de amor e generosidade. responsabilidade que a gente sente com o coração que não Derramado de doçuras. De mineirices que só você sabe é nosso, mas que passa a ser nosso. Como cuidar desta joia e tem. É Natal Aida Lucia Pullin Dal Sasso Begliomini Engenheira em São Paulo Na manjedoura nasceu uma criança Sem qualquer ajuda humana Sob um céu repleto de estrelas Só protegidos pela divina providência Entre elas cintilava mais forte A que prenunciava a nova vida. Silêncio, profundo momento de solidão Os olhos de marido e mulher enfim se encontram Ao lado da criança nua Seriam eles tão pequenos e humildes Mulher, ainda adolescente Pai e mãe de tão esperada criança? Ofegante do trabalho de parto Descansava na relva úmida. Vencida pelo cansaço A noite lentamente adormece Desconsolado, sonolento o homem Desaparecem a lua e o manto de estrelas Agora marido e pai Surgem radiantes os primeiros raios de sol Olhava para um e para outro Suplicando ajuda em uma oração silenciosa. Mais intensa que tudo No firmamento brilha uma única estrela De muito longe partiram É o sinal de fé e esperança Por caminhos sinuosos chegaram No anúncio do nascimento do Deus criança.
  • 6. 6 O BANDEIRANTE - Dezembro de 2009 SUPLEMENTO LITERÁRIO Brasil, Membro Permanente do Conselho da ONU? José Jucovsky Médico aposentado em São Paulo Podemos nos orgulhar do desempenho e da visão inscreveu como primeiro orador. Este seu desempenho histórica do Itamaraty, percorrido a partir da Velha impositivo marcou a tradição, até hoje mantida, de ser o República, no instável e nebuloso ambiente da política Brasil o primeiro país a discursar nas Assembleias Gerais internacional. anuais da ONU. Talvez o fato de termos sido uma colônia por cerca de Elegante e galanteador, detonou algumas paixões fe- três séculos tenha despertado o desejo imperativo de vir mininas e seus auxiliares costumavam referir-se ao bilhete a fazer parte integrante dos órgãos criados para zelar por de uma de suas admiradoras inglesas que procurara vê-lo um mundo melhor e mais igualitário. Moldado em uma em Londres, sem sucesso. O bilhete dizia:“Ciro gostaria de conduta ética, a vocação do corpo diplomático do Itama- vê-lo mesmo que apenas horizontalmente”. raty, em essência, é desempenhar um papel importante O Brasil, desde a conferência em São Francisco, havia para tentar manter a paz e ajudar a mudar a desigual- pleiteado ser incluído entre os membros permanentes do dade que existe no mundo. É, e tem sido, uma conduta Conselho de Segurança. Mas o receio de pedidos seme- prioritária e realística desejar fazer parte dos membros lhantes da Índia e outros países fizeram com que a com- permanentes do Conselho de Segurança da ONU. posição fosse reduzida aos cinco grandes: EE.UU, União Fato marcante na diplomacia internacional foi a pre- Soviética, Inglaterra, França e China – cabendo ao Brasil, sença de Rui Barbosa como chefe da delegação brasileira como prêmio de consolação, ter assento no Conselho de na Conferência de Paz em Haia, em 1907. Teve desempe- Segurança nos dois primeiros anos, estabelecendo-se a nho extraordinário na arte de negociar, ao defender com partir de então um sistema de rodízio entre os membros brilho a tese brasileira da igualdade entre as nações. Al- não permanentes. cançando inegável projeção, passou a ser conhecido inter- O período da segunda guerra mundial constituíra nacionalmente por impor e conseguir estabelecer, apesar quadro de ouro da cooperação americano-brasileira, de fortes oposições, medidas pacifistas como a limitação principalmente pela instalação de duas bases navais: uma de armamentos. Um dos resultados mais importantes da em Natal e outra em Salvador. sua notável atuação foi a criação da Corte Permanente de Na conferência de Yalta (de 4 a 11 de fevereiro de1945) Justiça Internacional de Haia. Teve, na oportunidade, Roosevelt propôs a Stálin a inclusão permanente do o privilégio de integrar a primeira comissão da Corte, Brasil no Conselho de Segurança da futura ONU. Stálin passando a ser conhecido como “Águia de Haia”. rejeitou-a, alegando que o Brasil não tinha relações di- Na década de 20, durante sete anos, empenhamo-nos plomáticas com a URSS. A razão verdadeira era a alegada tentando, sem sucesso, pertencer ao conselho das Ligas dependência do Brasil em relação aos EE.UU., como das Nações. referiu em suas Memórias, o intérprete de Stálin. A Declaração da Carta do Atlântico em agosto de 1941 Ironia da história o que aconteceu nas eleições para representou o prenúncio de outro órgão semelhante à eleger a Comissão de Direitos Humanos da ONU: um Liga. Referendada pelo EE.UU. e a Inglaterra em janei- grupo de nações termina indicando aquelas que não ro de 1942, renovamos nossas esperanças de ter acesso obedecem aos direitos humanos. Graças aos votos dos ao grupo das grandes potências na constituição da nova terceiro-mundistas nas últimas eleições, a Líbia e Sudão instituição: Organização das Nações Unidas. vão fazer parte deste seleto grupo. É desanimador saber Roberto Campos em sua autobiografia “A LANTER- que na ONU ainda existe um vasto mar de mordomias NA NA POPA” nos dá um retrato real de meio século da para delegados nomeados por dirigentes de ditaduras história do Brasil, vivenciado no ambiente da política corruptas do planeta. internacional após a segunda guerra mundial. Como O Brasil acaba de dar uma demonstração de maturi- notável memorialista, relembra a primeira reunião da dade democrática. Pela primeira vez na história da nova ONU (07/01/46) que se realizara em Londres, destacando- República, um presidente eleito recebe a faixa do seu se na delegação brasileira Ciro de Freitas Valle, então antecessor. Nos últimos meses antes da posse, o País vinha embaixador no Canadá, deslocado para Londres depois sendo dirigido a quatro mãos, com os dois representan- de ter assistido à assinatura da Carta em São Francisco. tes do povo segurando o leme do Brasil em excepcional Ciro era uma vigorosa personalidade, bem apessoado, harmonia, na qual o interesse maior era o bem-estar do bom gourmet e cultor inveterado do whisky. Como nem povo. Neste momento histórico existe no Brasil grande os Estados Unidos nem a União Soviética quisessem perspectiva de ser incluído como membro permanente da iniciar os debates, Ciro, de uma maneira impetuosa se ONU, junto com as consideradas grandes potências.
  • 7. SUPLEMENTO LITERÁRIO O BANDEIRANTE - Dezembro de 2009 7 Sobrames – SP na Abrames A Sobrames – SP esteve representada por 6 paulistas na Semana da Academia Brasileira PUBLICIDADE de Médicos Escritores (Abrames), ocorrida nos dias 26 e 27 de novembro, na cidade do TABELA DE PREÇOS 2009 Rio de Janeiro: Helio Begliomini (presidente), Aida Lúcia Pullin Dal Sasso Begliomini (valor do anúncio por edição) (esposa). Josyanne Rita de Arruda Franco (vice-presidente), Nelson Jacintho (presidente 1 módulo horizontal R$ 30,00 da Academia Ribeirão-Pretana de Letras) e Dumara Piantino Jacintho (esposa). 2 módulos horizontais R$ 60,00 Houve três participantes da Sobrames – SP que receberam prêmios nos concursos 3 módulos horizontais R$ 90,00 literários que a Abrames anualmente organiza. 2 módulos verticais R$ 60,00 4 módulos R$ 120,00 Acadêmicos 6 módulos R$ 180,00 Outros tamanhos sob consulta Crônica heomini.ops@terra.com.br 2o Lugar – Nelson Jacintho – Trabalho: “Não Empurro Mais o Burro”. ligiapezzuto@terra.com.br 3o Lugar – Helio Begliomini – Trabalho: “Hablaremos Portunhol”. Ensaio 3o Lugar – Helio Begliomini – Trabalho: “O Discreto Notável – Cem Anos Depois de seu Desaparecimento”. REVISÃO de textos em geral Poesia 1o Lugar – Helio Begliomini – Trabalho: “Fráguas do Tempo”. Ligia Pezzuto Especialista em Língua Portuguesa Não Acadêmicos (11) 3864-4494 ou 8546-1725 Crônica 2o Lugar – Dumara Piantino Jacintho – Trabalho: “Saudade”. Conto ROBERTO CAETANO MIRAGLIA 3o Lugar – Dumara Piantino Jacintho – Trabalho “Tarde no Futebol”. ADVOGADO - OAB-SP 51.532 ADVOCACIA – ADMINISTRAÇÃO DE BENS NEGÓCIOS IMOBILIÁRIOS – LOCAÇÃO COMPRA E VENDA DE IMÓVEIS ASSESSORIA E CONSULTORIA JURÍDICA TELEFONES: (11) 3277-1192 – 3207-9224 Terminou de Da esquerda para a direita: Josyanne Rita de Arruda Franco, Nelson Jacintho, escrever seu Dumara Piantino Jacintho, Helio Begliomini, Aida Lúcia Pullin Dal Sasso Be- gliomini, Abilio Kac (RJ) e Maria da Gloria Starling de Aguiar (MG). livro? Então Livros do Ano de 2009 publique! A Academia de Estudos e Pesquisas Literárias, com sede na cidade do Rio de Janeiro, selecionou, através de uma Comissão de Críticos Literários, como Livros Nesta hora importante, não deixe de do Ano de 2009, obras de dois sobramistas paulistas: consultar a RUMO EDITORIAL. 1. Analogias e Reflexão sobre a Obra Machadiana de autoria de Evanil Pires Publicações com qualidade impecável, de Campos (Botucatu). dedicação, cuidado artesanal e preço 2. Asclepíades da Academia Paulista de Letras de autoria de Helio Begliomini justo. Você não tem mais desculpas (São Paulo), presidente em exercício da Sobrames – SP. para deixar seu talento na gaveta. rumoeditorial@uol.com.br Lançamento de Livro (11) 9182-4815 Parabenizamos a confreira Lêda Rezende pelo lançamento de mais um livro de sua autoria intitulado Vitral – Compondo a Vida. Lêda Rezende é pediatra com formação em psicanálise na linha Freud-Lacan e pós- graduada em nutrologia. http://blogs.abril.com.br/leda/2010/01/publicando.html XXIII Congresso Nacional da Sobrames 3 a 6 de junho de 2010 – Ouro Preto – Minas Gerais www.sobramesmg.org.br/congress Congresso da Umeal – União de Médicos e Artistas Lusófonos 15 a 19 de setembro de 2010 – Lisboa – Portugal 54o Congresso da Umem – Union Mondiale des Écrivains Médecins Plock (a 100 Km de Varsóvia), de 22 a 26 de Setembro de 2010 www.umem.net/pt
  • 8. 8 O BANDEIRANTE - Dezembro de 2009 SUPLEMENTO LITERÁRIO A Parábola do Lápis e a Sobrames (continuação da primeira página) O menino olhava a avó escreven- a grafite que está dentro. Portanto, feito, é digno de ser benfeito”. do uma carta. A certa altura pergun- sempre cuide daquilo que acontece 4. Quarta: Ser e não Ter. O que tou: dentro de você. vale no ser humano não é aquilo – Você está escrevendo uma his- Finalmente, a quinta qualidade que aparenta ou que ostenta, mas tória que aconteceu conosco? E, por do lápis: ele sempre deixa uma mar- o que reside em seu íntimo, em acaso, é uma história sobre mim? ca. Da mesma maneira, saiba que que se desenvolvem e se manifes- – A avó parou a carta, sorriu e tudo que você fizer na vida irá dei- tam virtudes inerentes à sua es- comentou com o neto: xar traços e procure ser consciente de pécie como amor, solidariedade, – Estou escrevendo sobre você, é cada ação. afeto, caridade, compaixão, ho- verdade. Entretanto, mais importante * * * nestidade, fidelidade... mas, onde do que as palavras é o lápis que estou “Para um bom entendedor meia também pode ser impregnado de usando. Gostaria que você fosse como palavra basta”, diz o ditado popu- desvirtudes como ódio, egoísmo, ele quando crescesse. lar. Mas, procurando explicitar raiva, cobiça, inveja, desonestida- O menino olhou para o lápis, in- tais ensinamentos, poderíamos de, infidelidade... O verdadeiro trigado, e não viu nada de especial. dizer que entendemos esta pará- valor do ser humano é imaterial, – Mas ele é igual a todos os lápis bola como ensinamento das se- imensurável, pois não se atrela a que vi em minha vida! guintes virtudes: penduricalhos, cifras, marcas, tí- – Tudo depende do modo como 1. Primeira: Humildade. Por tulos, graduação, condecorações você olha as coisas. Há cinco qua- maiores e melhores obras que fa- e grifes... lidades nele que, se você conseguir çamos, sempre haverá subjacente 5. Quinta: Edificar. Deixar mantê-las, será sempre uma pessoa a nós a mão de Deus – ainda que uma marca é deixar um sinal, em paz com o mundo. Note bem: sejamos incrédulos –, e a Ele todo uma mensagem, um legado, uma Primeira qualidade: você pode o nosso esforço deve se confor- obra que poderá ser boa ou má, fazer grandes coisas, mas nunca deve mar e se dirigir. Somos frágeis, passageira ou perene, exclusi- esquecer que existe uma Mão que guia inexpressivos e mui efêmeros pe- vista ou altruísta, construtiva ou seus passos. Esta mão nós chamamos rante o Criador e a criação. destrutiva, lembrada ou ignora- de Deus, e Ele deve sempre conduzi-lo 2. Segunda: Resignação. Acei- da. Compete a cada um deixar em direção à Sua vontade. tar as limitações, os desafetos, os o mundo e o seu mundinho (lar, Segunda qualidade: de vez em dissabores, as ofensas, as indife- trabalho, familiares, amigos, en- quando eu preciso parar o que estou renças e os achaques que a vida tidades a que pertence...) melhor escrevendo e usar o apontador. Isso nos impõe. Esta atitude poderá do que recebeu. faz com que o lápis sofra um pouco, nos preparar e nos alavancar para Esta singela parábola deve ser mas, no final, ele está mais afiado. superar novos desafios e embates relida quantas vezes forem neces- Portanto, saiba suportar algumas do- que certamente virão ao longo da sárias, pois poderemos desvendar res, porque elas o farão ser uma pes- existência. outras mensagens construtivas. soa melhor. 3. Terceira: Perfeição. Como Embora A Parábola do Lápis Terceira qualidade: o lápis sem- seres falíveis e imperfeitos po- não tenha sido contada por Jesus pre permite que usemos uma borracha dem almejar a perfeição? Buscar Cristo, ela enseja os mais lídimos para apagar aquilo que estava erra- a perfeição é se aprimorar cons- ensinamentos cristãos, que desde do. Entenda que corrigir uma coisa tantemente; é procurar superar- priscas eras se colocaram a favor que fizemos não é necessariamente se continuamente; é dar de si e da dignidade do ser humano e de algo mau, mas algo importante para do melhor de si em ações saluta- seu aprimoramento. nos manter no caminho da justiça. res e edificantes. Relembrando o Que ela possa inspirar e enle- Quarta qualidade: o que re- doutor angélico, o condestável var a todos nós na Sobrames – SP, almente importa no lápis não é a teólogo são Tomás de Aquino independentemente do credo ou madeira ou sua forma exterior, mas (1225-1274): “o que é digno de ser da descrença que temos!