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OpiniasUMAREVISTA DE IDEIAS, PENSAMENTOS E PONTOS DE VISTA
INGLESES EM SÃO PAULO
Eles começaram a chegar por volta de 1808 e nos deixaram grandes realizações
VINHOS
Saiba qual é a
temperatura certa
VANUATU
O lugar mais
feliz da Terra
PUCCINI
Um pouco da
vida e obra
Ano I - nº. 2
Julho - 2014
Opinias - Julho 2014
22222
Editorial Sumário
Expediente
Ciência e tecnologia servem a toda a humanidade,
pois o progresso impele o desenvolvimento da sociedade
como um todo. É assombrosa a velocidade com que os
avanços tecnológicos vão ocupando todos os setores do
conhecimentoe,porconsequência,docotidiano.Claroque
odesenvolvimentotraztambémconsigooladonegativo,na
medidaemqueasinovaçõessãomalutilizadasouapresentam
“efeitoscolaterais”indesejáveisouatémesmoimprevisíveis.
Daí que alguns paradoxos se apresentam como grande
desafio ao ser humano. Se por um lado a modernidade lhe
dá perspectivas de maior longevidade e qualidade de vida,
por outro o faz buscar soluções como o que fazer com um
volume cada vez maior de lixo advindo da necessidade de
descarte de produtos que vão ficando ultrapassados.
Nesta edição de OPINIAS não trataremos
necessariamente desse tema em nenhum dos artigos
apresentados.Contudo,háquesepensarnoassuntoquando
se constata, por exemplo, o sucateamento, em tão curto
espaçodetempo,dosistemaferroviárioincrementadopelos
inglesesemSãoPaulo.Oartigodáumaboamostratambém
da contribuição que o homem pode e deve dar ao seu meio
ambiente.
Demodogeral,oconvitequeficaimplícitonamaioria
dosartigosdestaediçãoéodeaproveitaromundodamelhor
maneira possível. Seja visitando lugares, seja apreciando
bons vinhos. E enquanto isso refletindo sobre o dia a dia
prático,avaliandoquestõesdecomportamento,externando
emoções e vivências. Enfim, tirando da vida e do mundo o
melhorproveitopossívele,acimadetudo,exercitandonosso
maior tesouro, o pensamento. É ele a mola que impulsiona
o avanço tecnológico e certamente o que possibilita que
estafantásticaviagemdavidasejacadadiamaisincrível.
OPINIAS - ANO I - nº. 2 - Julho 2014 - Publicação virtual mensal da Rumo Editorial Produções e Edições Ltda. * Diretores: Marcos
Gimenes Salun, Luciana Gomes Gimenes e Naira Gomes Gimenes * Editor e Jornalista Responsável:: Marcos Gimenes Salun (MTb
20.405-SP) * Revisão: Ligia Terezinha Pezzuto (MTb 17.671-SP). *Redação e Correspondência: Av. Prof. Sylla Mattos, 652 - cj.12 - Jardim
Santa Cruz - São Paulo - SP - CEP 04182-010 E-mail: rumoeditorial@uol.com.br - Tels.: (11) 2331-1351 Celular (11) 99182-4815. BLOG: http:/
/opinias2014.blogspot.com.br/ * Colaboradores desta edição: Carlos Augusto Ferreira Galvão (SP), Walter Whitton Harris (SP), Luciana
Gomes Gimenes (SP), Naira Gomes Gimenes (Australia), Gustavo Barbosa Rossato (SP), Carlos Eduardo de Oliveira (SP), Raquel Zarpellon
(RS), Valquiria Gesqui Malagoli (SP), Angela Bretas (EUA), Luiz Gondim de Araujo Lins (RJ), Roberto Caetano Miraglia (SP) e Fernanda
Guimarães (CE).
Matérias assinadas são de responsabilidade de seus autores a quem pertencem todos os direitos autorais. PERMITIDA a reprodução dos
artigos desde que citada a fonte e mencionada a autoria.
MARCOS GIMENES SALUN
Jornalista
São Paulo - SP
msalun@uol.com.br
VIAGEM INCRÍVEL
10
Na Gimenes
Vanuatu
04Ingleses em SP
De descendência inglesa, o médico
Walter Whitton Harris narra o dote que
seus patrícios legaram a São Paulo.
17Recorrências recorrentes
Valquíria Gesqui Malagoli
18 Encomendas
Angela Bretas entrevistou várias
pessoas para saber o que lhes
encomendaram quando em viagem
dos EUA para o Brasil.
23 Condomínio edilício
Roberto Caetano Miraglia
20 Giacomo Puccini
Luiz Gondin de Araujo Lins narra
aspectos da vida e obra desse
grande compositor.
12 Cachalote
Gustavo Barbosa
Rossato
16 Xangri-Lá
Raquel
Zarpellon
14 Temperatura
Carlos Eduardo
de Oliveira
09Navegando
Luciana Gomes
Gimenes
24A voz das mãos
Fernanda Guimarães
03Violência
O psiquiatra Carlos Augusto
Galvão fala sobre esse mal que
nos aflige desde os primórdios.
Participe!
Envie seu artigo ou comentários e
embarque nesta aventura:
rumoeditorial@uol.com.br
Opinias - Julho 2014
33333
ViolênciaPor
CARLOS AUGUSTO GALVÃO
Psiquiatra
São Paulo - SP
carlosafgalvao@terra.com.br
Quando se fala em violência, vem sempre a ideia
do sofrimento físico que ela gera, do mais fraco sendo
subjugadopelomaisforte,masnemsempreaviolência
é física. Hoje é muito difícil definirmos esta palavra,
emboraelafaçapartedenossodiaadia.Nosprimórdios
da humanidade, o homem, que só sobreviveu até hoje
por ser um animal social, tinha como meta chefiar
grupamentose,paraisso,seromaisforte,eassimimpor-
senachefiadessegrupo,promovendosofrimentofísico
aos que se indispusessem contra essa liderança; mas o
própriodesenvolvimentosocialpromoveuleis,queforam
as maiores invenções para a harmonia dos cidadãos,
ficandoassimaviolêncialigadaaoscastigosparaquem
se rebelasse ou desobedecesse essas leis.
Asprimeiras que aparecem na história são: o
Código de Hamurabi (olho por olho, dente por dente) e
a tábua judaica dos 10 mandamentos.Todososanimais
praticam violência com seus iguais, geralmente em
disputassexuais(brigademachosparaverquemconcebe
a fêmea), ou disputa por alimentos, principalmente, em
épocas de escassez. No ser humano também se observa
essestiposdedisputa,masseuscérebrostrazemfunções
que estimulam a violência por outros motivos, por
exemplo:apassionalidade,aambiçãoearevolta.Essas
“fraquezas”humanasdistorcemosentidoquetemosde
violência,poisapartirdaípodemosobservaroutrostipos
de agressões, não físicas, mas que podem ser
classificadasdeviolência.
Há pouco, observamos na televisão um grupo de
vândalos que destruiu uma concessionária de carros de
luxo, e em poucos minutos causaram um prejuízo de
milhões de reais; violência, mas sem nenhuma lesão
orgânicaemquemquerqueseja,masnemporissodeixa
de ser uma grande violência, pois alguém foi lesionado
em seus bens. Pura rebeldia.
Um corrupto que, por exemplo, rouba a merenda
escolar das crianças, não está espancando-as, mas não
deixadeserumaimensaviolência,poisseuatolesionou
outrossereshumanos.Ambiçãodesmedida.Ummarido
traídoquematasuamulhereoamanteclandestinodela,
tambémpraticaaviolênciaquetemapassionalidadepor
gênese.
A violência acompanha o homem em seu
desenvolvimentonacrostaterrestre.Hojesabemosque
há dezenas de milênios coexistiram duas espécies
humanas: o Homo sapiens, originário daAfrica, que ao
seexpandirpelaEuropa,láencontrouaoutraespécie:o
Homo neandertalis. Conforme avançava o Homo
sapiens,osneandertalisiamdesaparecendo,sendoque
seus mais recentes fósseis foram encontrados no “fim”
da Europa, a península Ibérica. Estudos recentes
mostram que durante o avanço do Homo sapiens, ele
foi interagindo com os neandertalis, pois a genética do
homem moderno inclui um considerável percentual do
genoma neandertalis.
Não dá para se pensar numa interação romântica
das espécies, e a imagem que mais se aproxima é o
ícone da idade da pedra, o Homo sapiens arrastando
pelos cabelos, em direção à sua caverna, um exemplar
femininoNeandertal.
Opinias - Julho 2014
33333
Augusto Comte, em seu ensaio sobre a teoria das funções
cerebrais, diz que o cérebro humano possui funções
altruísticas (que regem a relação do indivíduo com seu meio,
favorecendo este meio) e funções egoísticas (que regem a
relação do indivíduo com o meio, mas favorecendo a si
próprio). Há equilíbrio entre essas funções, desde que sejam
desenvolvidas em ordem (família, escola, amparo social)
promovendo, assim, o progresso da sociedade onde vive. O
desequilíbrio entre esses dois grupos de funções é de se
imaginar que seja a principal causa de reações violentas no
ser humano.
Opinias - Julho 2014
44444
Os
INGLESES
em São Paulo
Por
WALTER WHITTON HARRIS
Médico e escritor
São Paulo - SP
wwharris@gmail.com
Sem dúvida, a maior contribuição dos ingleses no Estado de São Paulo foi durante a
construção de estradas de ferro, ligando a capital ao interior e, principalmente, o interior
ao litoral. Muitos bairros da cidade de São Paulo originaram-se pela existência das ferrovias,
haja vista a Luz, Lapa e o Jardim Paulista, este último para os mais abastados. A
comunidade era formada por quase dez mil pessoas, com o registro do primeiro inglês em
São Paulo em 1808. Atualmente, não supera duas mil.
AcafeiculturafoiamotivaçãoprincipalparaqueSão
Paulo se tornasse um importante exportador de café,
atingindoseuaugenaeconomiadeSãoPaulodurantea
RepúblicaVelha.Após a crise de 1929, gradativamente
adquiriuumaposiçãosecundáriagraçasàinstalaçãodas
indústrias. Mesmo assim, o Brasil permaneceu o maior
produtormundialdecafé.
A expansão da produção de café, nos meados do
século XIX, atraiu o investimento dos britânicos em
ferrovias, para facilitar o escoamento das fazendas
situadas no interior do Estado para o litoral (Porto de
Santos). Em 1868, foi desenvolvido o transporte
ferroviário São Paulo-Santos, que foi a primeira e
fundamentalconquistadaescarpacosteirapaulista,aqual
haviadificultadoodesenvolvimentodoplanaltodaquela
região.
A primeira ferrovia no Estado de São Paulo foi a
“Ingleza”, da São Paulo Railway Co., cuja construção
começou em 1860 e foi concluída em 1867, com
109 km de trilhos.Acompanhia foi criada em 1856 e
recebeu, por meio de Decreto Imperial, concessão para
construção e exploração da ferrovia por 90 anos.Além
deinvestidoresingleses,umdosmaioresacionistasfoio
Barão de Mauá. A concessão terminou em 1946, e a
estradadeferropassou,então,aserdenominadaEstrada
de Ferro Santos-Jundiaí, sob o comando da União.
Em 1867, foi inaugurada uma singela estação, no
bairro da Luz. Posteriormente, com o crescimento da
demanda, ela foi ampliada. Em 1890, a São Paulo
Railway Co. decidiu construir uma nova e faustosa
estação, local de convergência das principais estradas
de ferro e cópia da estação ferroviária de Sidney, na
Austrália. Esta estação seria a Estação da Luz, que foi
inaugurada em 1901. Compete com qualquer estação
no Reino Unido ou, por sinal, com as de outros lugares
domundo,quetenhamsidoconstruídaspelosbritânicos.
A influência britânica em São Paulo pode ter sido
esquecida, mas a Estação da Luz é testemunha viva da
presençadosingleses.Atualmente,algumaslinhastrazem
passageiros de regiões distantes da própria cidade.A
unificação com o metrô aumentou ainda mais a
importância desta estação que foi reformada há poucos
anos.
Entre 1915 e 1919, a cinquenta metros da Estação
daLuz,foiconstruídaaViladosIngleses,com28casas
assobradadas, onde antes se localizava o jardim do
palacetedaMarquesadeItu.Afinalidadeeraadealugar
ascasasaosengenheirosinglesesqueviessematrabalhar
Opinias - Julho 2014
55555
na Estação da Luz e na estrada de ferro. Seguia o estilo
arquitetônico das vilas dos subúrbios londrinos, com
raízesnosestiloselizabetanoevitoriano,cominfluência
do colonial brasileiro. Na década de 1930, com a
diminuição da mão de obra estrangeira, as casas
passaram a ser ocupadas por famílias paulistanas.
Atualmente,sãoescritórioseateliês.
Uma estação da São Paulo Railway foi, também,
aberta em 1867, junto ao pátio de operações do sistema
de cabos implantado pelos ingleses e centro de
manutençãodofunicular,nocomeçodadescidadaSerra
do Mar. O nome da estação era “Alto da Serra”, mais
tarde passando à denominação de Paranapiacaba que,
emtupi-guarani,querdizer:“dondesetemopanorama
do mar”. Em 1896, construiu-se uma vila para os
funcionáriosdaSãoPauloRailwaycomseuestiloinglês
e sua beleza associada, por vezes, ao denso nevoeiro
vindo da serra. Do outro lado da linha, formou-se uma
vilaquenãoacompanhouoestilooriginalinglês.Avilase
tornou importante, porque era a última parada antes de
se descer a serra. Em 1977, já havia outra estação, em
virtude da anterior ter sido destruída por um incêndio.
Nesta ocasião, foi salvo apenas o relógio, uma réplica
menor da torre do Big Ben, que foi consertado e
colocado sobre uma nova torre ao lado do prédio novo.
Até2001,aEstaçãodeParanapiacabaeraatendidapelos
trens da Cia. Paulista de Trens Metropolitanos. Após
unstempos,ostrenssomentepassaramaseguirnosfins
de semana e, depois, houve a suspensão total deles para
a vila, sendo necessário chegar de ônibus ou automóvel
até lá. Em 2002, a Prefeitura de SantoAndré adquiriu a
Vila Inglesa, mas não a vila ferroviária, que continua
abandonada. Está se tentando, aos poucos, restaurar a
localidade, com o patrocínio de entidades particulares.
Paranapiacabaencontra-seincluídacomo“umdosmais
importantes monumentos do mundo”, pelo Fundo
Mundial de Monumentos, que é uma organização sem
fins lucrativos, com papel fundamental no resgate e
conservação de localidades como o Vale dos Reis, no
Egito, e a Grande Muralha da China.
Com a inauguração da “Ingleza” — a São Paulo
Railway Co. —, muitos ingleses foram mandados para
São Paulo para trabalhar na ferrovia. Entre eles, estava
umengenheirodenomeJohnMiller.Aqui,casou-secom
Harriet Fox. Em 24 de novembro de 1874, nasceu um
filho,CharlesWilliamMiller,nobairrodoBrás.
Em 1884, com 10 anos de idade, Charles Miller foi
mandado para uma escola pública na Inglaterra, onde
aprendeu a jogar futebol e críquete. Lá jogou a favor e
contra times como o Corinthians Football Club e St.
Mary. Retornou ao Brasil em 1894, para trabalhar na
São Paulo Railway Co., tornando-se correspondente
oficialdaCoroaBritânicaeVice-cônsulinglêsem1904.
Váriosbritânicos,entreelesengenheirosdarecém-
construídaSãoPauloRailwayeoutroscomerciáriosda
cidade, tiveram a ideia de fundar um clube, onde
pudessem jogar críquete, tão apreciado pelos ingleses.
Isto foi feito em 1888, com a fundação da São Paulo
AthleticClub(SPAC),conhecidocomooClubeInglês,
hoje ClubeAtlético São Paulo. O SPAC é considerado
oclubemaisantigodacidadedeSãoPaulo.Lá,Charles
Miller foi essencial na criação da primeira equipe de
futebol do Brasil. Era composta por altos funcionários
ingleses da São Paulo Railway e outras entidades de
línguainglesa,comoTheGazCo.(CompanhiadeGás)
e Bank of London and South America (Banco de
Londres).
Emabrilde1895,Millerorganizouoprimeirojogo
oficial de futebol, num terreno da Várzea do Carmo,
entre equipes formadas pela São Paulo Railway (SPR)
e da Cia. de Gás. O resultado foi de 4 a 2 para a SPR,
com dois gols de Charles Miller.As primeiras disputas
amistosas surgiram em São Paulo nos anos de 1899-
1900, entre os clubes Germânia (atual E.C. Pinheiros),
Mackenzie, São Paulo Athletic Clube e o E.C.
SSPAC - com Charles William Miller no centro (1905)
Vila de Paranapiacaba
Opinias - Julho 2014
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Patagônia
GELADA
66666
Internacional,todoscomsóciosdaelitepaulistanaede
váriasorigens:inglesa,americanaealemã.ALigaPaulista
de Futebol surgiu em 1902, a partir de cinco clubes, os
acimamaisoClubeAthleticoPaulistano.Aligaorganizou
o primeiro Campeonato Paulista de Futebol. Tendo
CharlesMillercomoartilheirodotime,oSPACganhou
ostrêsprimeiroscampeonatos,em1902,1903e1904.
Um dos eventos de destaque daquela época foi a
visita do time inglês, o Corinthians F.C., em 1910, que
estava ganhando todos os jogos no mundo amador do
futebol. Estreou no Rio de Janeiro, goleando o
Fluminense por 10 a 1. Em São Paulo, o SPAC perdeu
de 8 a 2, apesar da boa atuação do time local. Um
grupo de funcionários da São Paulo Railway ficou tão
impressionadocomaatuaçãodosingleses,queresolveu
dar ao clube que fundaria mais tarde o nome de Sport
Club Corinthians Paulista. Foi Miller quem sugeriu o
nome do primeiro presidente do Corinthians Paulista.
Em 30 de junho de 1953, faleceu esse idealizador do
futebolnoBrasil.
Outros esportes trazidos para o Brasil no final do
séculoXIXpelosinglesesquetrabalhavamnaSãoPaulo
Railway e naThe São PauloTramway, Light & Power
Co., Limited (a Cia. Paulista de Bondes, Força e Luz,
de origem canadense), foram o tênis e o golfe. As
primeirasquadrasdetênisforamconstruídasem1892,
no São PauloAthletic Club.
A chegada do golfe ao Brasil ocorreu de forma
curiosa. Os engenheiros ingleses e escoceses, que
construíamaferrovia,convencerammongesbeneditinos
a ceder parte do terreno do Mosteiro de São Bento
para a construção do primeiro campo de golfe do País,
naregiãoatualmentesituadaentreaEstaçãodaLuzeo
rio Tietê. A expansão da cidade em direção ao rio
obrigou a transferência do campo, em 1901, para um
local próximo à confluência das avenidas Paulista e
BrigadeiroLuizAntônio,localeste,atéhoje,denominado
“Morro dos Ingleses”, devido aos tais “ingleses” que
jogavam seu golfe ali. Fundou-se então o “São Paulo
Country Club”, que teve o primeiro campeonato interno
em 1903.
A presença dos ingleses em São Paulo, e a diferença
linguísticacomoportuguês,fezcomquesereunissemem
torno da conservação das tradições britânicas. O Clube
Inglês cobria parte dessas necessidades, porém faltava
um local próprio para os cultos religiosos, com a maioria
inglesadereligiãoanglicana,havendoalgunspresbiterianos,
geralmente de origem escocesa. Com isso em mente, foi
construída uma pequena capela, próxima da Estação da
Luz,paraacomodaramaioriaquetrabalhavanaSãoPaulo
Railwaynadécadade1860,emterrenodoadopeloBarão
de Mauá, consagrada, em 1873, como a St. Paul’s
AnglicanChurch(IgrejaAnglicanadeSãoPaulo).Coma
deteriorizaçãodobairrodaLuz,decidiu-seporumanova
igreja em SantoAmaro, o bairro onde havia importante
concentração de ingleses e seus descendentes.Apedra
fundamentalfoifirmadaem1962.Apartirde1995,tornou-
se a Catedral para a diocese de São Paulo.Apoia várias
entidades, como missões entre as favelas de São Paulo e
uma casa para idosos da comunidade.
Outroaspectoimportanteeraoscuidadoscomasaúde.
Um chinês de Macau, o imigrante José PereiraAchao,
contraiu febre tifoide durante sua viagem de navio para o
Brasil, na segunda metade do século XIX. Na época, a
higieneesaúdepúblicaerammuitoprecárias.Hospitalizado
na Santa Casa de São Paulo, o protestante Achao foi
pressionadoaconverter-seaocatolicismo,práticacomum
nasinstituiçõesdaépoca.Deseuconstrangimento,nasceu
a ideia da criação de um hospital que acolhesse pessoas
de qualquer credo, raça ou nacionalidade, sem distinção.
Quando faleceu, em agosto de 1884, legou dois contos
de réis (equivalente a 4.000 dólares de hoje) à Igreja
Presbiteriana, para que sua ideia fosse levada a cabo. Em
1890,umgrupodeimigrantesbritânicos,norte-americanos
e alemães, ligado às igrejas protestantes da cidade, uniu-
-seatradicionaisfamíliaspaulistasparafundaraSociedade
Hospital Evangélico, que teve suas primeiras instalações
inauguradas em 1894 e que se transformaria no Hospital
Samaritano.Apalavra “samaritano” deriva da Samária,
cidade da antiga Palestina, onde havia um povo com
características culturais bem diversificadas. Em sentido
figurado,significacaridoso,bom,beneficente,poralusão
ao personagem bíblico “O Bom Samaritano”, modelo de
caridade. Era um atrativo para convencer os mais
incrédulos de que valia a pena deixar a Inglaterra e vir
trabalhar em São Paulo.
AindanoséculoXIX,foiinauguradooprimeirocentro
cirúrgico. O hospital foi dirigido pelo Dr. Lauriston Job
Críquete no São Paulo Athletic Club - 1934
Opinias - Julho 2014
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Lane de 1907 a 1942, cuja grande influência
consolidou a existência da instituição. Em 1895, foi
contratada a primeira matron (enfermeira
profissional), que veio da Inglaterra para dirigir os
serviçosdeenfermagem—umainovação—porque
até o começo do século XX apenas religiosas
trabalhavam nos hospitais do Estado.
Nas décadas de 1940-1950, houve uma grande
reforma do hospital, graças a importantes doações
do Liceu de Artes
e Ofícios, Nadyr
Figueiredo, Com-
panhiaAntarctica,
Moinho Santista,
Rhodia, General
Electric e General
Motors do Brasil.
Os primeiros cur-
sosdeenfermagem
da cidade de São
Paulo,porcontada
Escola de Enfer-
magem Job Lane,
do Hospital Sama-
ritano,iniciaram-se
em 1948. Hoje,
estehospitaléreferênciamundial.
Ainconveniênciadesemandarosfilhosestudarem
naGrã-Bretanha—comofoiocasodeCharlesMiller
—redundounafundaçãodeumaescolabritânicaem
SãoPaulo.Em1926,abriu-seoficialmenteaSt.Paul’s
School, nos Jardins, bairro luxuoso da cidade.
O conceito de uma escola para membros da
comunidade inglesa remonta a 1867, quando 30
criançasdefuncionáriosinglesesdaSãoPauloRailway
recebiamaulasdopreladodaIgrejaAnglicanadeSão
Paulo. O número de famílias britânicas cresceu
constantemente de 1867 a 1926, à medida que
engenheiros,contadores,banqueiroseindustrialistas
britânicos vinham trabalhar na cidade em expansão.
A Escola Britânica S.A. começou com 60 alunos e
acomodações para 12 meninos internos, com a
finalidadedeprovidenciarumaeducaçãoaprimorada
para os filhos de pais britânicos. Em 1927, foram
adquiridos 18.000 m2
no Jardim Paulistano por 50
contos de réis, que o ex-proprietário usou para
comprar ações da própria Escola, que depois doou
para esta.
Nosprimeirosanosdaescola,meninosemeninas
eram ensinados separadamente. Com o
desenvolvimentodaEscola,foramintroduzidasaulas
doidiomaportuguês,assimcomoHistóriaeGeografia
doBrasil.Maistarde,tambémadmitiram-semeninas
como alunas em regime de internato e as classes passaram
asermistas.Cadavezficoumaisclaroquemuitascrianças
completariamsuaeducaçãoaquinoBrasilenãoretornariam
para o Reino Unido. Com essa finalidade, foi iniciado um
curso ginasial brasileiro matutino, com aulas em inglês no
período da tarde.
Em 1951, a Escola Britânica tornou-se a Fundação
Anglo-Brasileira de Educação e Cultura (FABEC). O
estatuto determinava que fosse uma fundação sem fins
lucrativos, com o
objetivo de desen-
volver a educação e
cultura (intelectual,
físicaeespiritual)para
jovens de ambos os
sexos no Estado de
SãoPaulo.Posterior-
mente, providen-
ciaram-se classes
preparatórias para o
ingresso nas univer-
sidadesbrasileiras.
À medida que os
anos passaram, a
C o m u n i d a d e
Britânica de São
Paulo teve de se preocupar com aqueles que não podiam
ou não queriam voltar para a Inglaterra e tinham optado
por permanecer no Brasil. A Fundação Britânica de
Beneficência,jáexistenteem1947,recebeu,deMissHelen
Stacey,adoaçãodeumacasanobairrodeBrooklinPaulista,
comafinalidadedeprovidenciaralojamento,alimentação,
cuidadosbásicoseconfortoparaidososdeambosossexos.
A Stacey House, como passou a ser conhecida,
permaneceu naquela localização até 1981, quando foi
vendida,devidoà“incorporaçãoimobiliária”.Foicomprada
outra casa, mais moderna, próxima ao Aeroporto de
Congonhas.AStacey House é a residência dos membros
mais velhos da Comunidade que preferiam não morar
sozinhos. Durante mais de meio século, vem recebendo o
apoio de indivíduos da comunidade, bem como de muitas
empresas.Assistênciamédicaedeenfermagemfoisempre
garantida, graças ao Hospital Samaritano, e pela atuação
voluntáriadeprofissionaisdaárea.
Os residentes da Stacey House têm seus próprios
quartoscomextensãotelefônica,banheiroindividualeestão
conectados a TV por cabo. Os funcionários da casa e
voluntários providenciam exercícios leves, terapia
ocupacional e passeios para os residentes. Também
recebeminúmerosconvitesparaatividadesemclubesenas
residências de membros da Comunidade.
Com a diminuição do número de membros na
comunidade para um quinto do que era há 80 anos, tem
Hospital Samaritano
Opinias - Julho 2014
88888
havido uma procura menor para a Stacey House e,
atualmente, há poucos residentes. No entanto, a
manutenção da casa e funcionários onera muito a
fundação mantenedora. Em 2006, por ocasião da Festa
deAniversáriodaRainhaElizabethII,oseurepresentante
anunciou que os moradores atuais seriam transferidos
para outra residência de idosos e a Stacey House seria
desativada. Foram dadas duas opções para os próprios
residentes, que consideraram o Lar Sant’Ana como o
que mais se aproxima da casa que foi seu lar por tantos
anos.
Como na maioria das cidades do mundo, há uma
regional paulistana da Legião Britânica de Ex-
Combatentes. Reúne os ex-militares das várias guerras
emqueparticipouoReinoUnido.NaCatedralAnglicana
deSãoPaulo,celebra-seumamissaespecial,nodomingo
mais próximo de 11 de novembro, que coincide com o
fimdaPrimeiraGuerraMundial,quandofoiassinadoo
Armistício em Compiègne, após ocorrer o colapso do
exército alemão em todas as frentes de batalha.
Comparecem prelados de vários credos, representantes
militares do Brasil e de outros países tradicionalmente
aliados, e das Legiões Britânica, Francesa e Belga. São
lidos os nomes dos membros da comunidade britânica
em São Paulo que deram suas vidas nas duas guerras
mundiais.Aqueledomingoéconhecidocomoo“Diada
Papoula”etodosusamumapapoulavermelhaartificial
presa à lapela do paletó ou ao vestido, confeccionado
porveteranosincapacitados.Aarrecadaçãovaiparaum
fundodeajudaparamutiladosdeguerra,geralmentede
outras guerras que não as supramencionadas, porque a
maioria dos sobreviventes daquelas já se foi.
Meupaiveio,sozinho,paraaArgentina,aos15anos
de idade, em 1910, retornando para a Inglaterra para
lutarnaPrimeiraGuerraMundial.Depois,voltouparaa
AméricadoSul,indoparaoParaguai.Somenteem1925
decidiumudardeares,vindoparaSãoPaulo.Oatrativo,
comonoscontou,foiofatodehavermaisoportunidades
detrabalhoaquietambémpelaótimaassistênciamédica,
devidoàexistênciadoHospitalSamaritano.
Minha mãe veio para o Brasil com nove anos de
idade, em 1913, ficando num colégio interno, em
Piracicaba. Seu pai fora “importado” da Inglaterra para
trabalhar como contador numa firma inglesa que
negociava café. Durante um tempo, a família morou na
fazenda da firma onde trabalhava meu avô, em Matão,
pertodeAraraquara.Posteriormente,veioparaaCapital.
Pois é, eu estou aqui graças a um cão. Meu pai,
quando chegou a São Paulo, comprou um cão pastor
alemão. Naquela ocasião, morava numa pensão alemã
onde não se aceitava animais de estimação. Foi então
obrigado a deixá-lo nos alojamentos doAlto da Serra,
ondetrabalhavanaconstruçãodausinahidroelétricada
Light and Power. Após um tempo, cansado das
exigências da pensão, resolveu procurar outra. Leu um
anúncio na revista “Times of Brazil”, noticiário mensal
da comunidade inglesa, de circulação no eixo Rio-São
Paulo, que não existe mais. Era de uma pensão inglesa
não muito longe de onde estava. Lá, perguntou para o
senhorio se poderia levar o pastor e este lhe respondeu
que sim, pois a família gostava muito de cães. Meu pai
então mudou-se para aquela pensão. No fim de tarde,
após retornar doAlto da Serra, costumava passear para
exercitar o cachorro e quem o acompanhava era a filha
do dono da pensão. Preciso dizer mais alguma coisa?
Eraaminhamãe.
Após quase 150 anos de história dos ingleses na
cidade de São Paulo, a convivência diária com os
paulistanos e gente de outras origens nessa grande
metrópole e a noção de que a maioria viera do Reino
Unido para fazer sua vida aqui e aqui permanecer, fez
comquehouvesseumaprofundaintegraçãocomtudoo
que diz respeito à cidade. Recentemente, com o intuito
de centralizar as atividades britânicas, construiu-se um
edifício ao qual foi dado o nome de Centro Brasileiro
Britânico (Brazilian British Centre), que abriga o
ConsuladoBritânicoemSãoPaulo,aFundaçãoBritânica
de Beneficência, o Conselho Britânico, a Câmara de
Comércio, a sede administrativa da Cultura Inglesa
(cursosdeinglês),umrestaurante(TheBridge),umpub
(Drake’s) e um auditório.
Uma preocupação constante para quem ainda é da
primeira geração nascida fora da Inglaterra é a de que
muitos dos descendentes, embora carreguem um nome
ou sobrenome inglês, por vezes, nem são mais fluentes
na língua de seus avós ou bisavós, tal a miscigenação
inter-racial. Não há como se saber o que as futuras
gerações dirão a respeito de um nome estrangeiro que
levam. Portanto, é de suma importância que se procure
fomentar a noção de quem foram os ancestrais.
Pessoalmente, encontrei uma forma de assim fazer,
através de uma biografia de meus pais, com inúmeras
fotografiasdefamília,alémdedocumentospertinentes.
Meus netos nada saberão de seus bisavós se não a
consultarem. Que dizer, então, de meus bisnetos, não é
verdade?
Texto extraído do livro
HUNKY DORY - uma antologia
de prosa e verso
Walter W.Harris
Rumo Editorial - 2013 - 1a.edição
todos os direitos reservados
AQUISIÇÕES:
wwharris@gmail.com
Opinias - Julho 2014
99999
MÚSICA CLÁSSICA
O MUSOPEN, biblioteca on-line de obras musicais de domínio
público, disponibiliza peças de 150 compositores clássicos para
download ou audição on-line.As composições estão organizadas por
períodos, instrumentos, intérpretes e compositores.As peças são
conduzidas por maestros e instrumentistas consagrados. Para fazer o
download é necessário um registro simples. Os downloads gratuitos
são limitados ao número de cinco por dia. O Musopen também
disponibiliza as partituras das obras que compõem o projeto.Acesse:
https://musopen.org/
No imenso mar da internet é possível encontrar bons lugares para atracar
durante a navegação. Singrando esses mares, a redação de OPINIAS
encontrou alguns portos seguros que vale a pena conhecer:
Por
LUCIANA GOMES GIMENES
Administradora de empresas e
Coordenadora de compras
São Paulo - SP
lucianagg@uol.com.br
NAVEGANDO
CARTÓRIOS ON-LINE
A conhecida burocracia dos serviços de cartório
poderá ser facilitada com a utilização da internet.
No site CARTÓRIO 24 HORAS, você poderá
requerer certidões e documentos em cartórios de todo
o Brasil, pagar as taxas pela internet e receber os
documentos no endereço que indicar. Consulte:
http://www.cartorio24horas.com.br/
MEDICAMENTOS
No site CONSULTAREMÉDIOS você poderá encontrar
tudo sobre medicamentos: preços, informações, bulas e
muito mais. Você encontra o remédio que deseja em ordem
alfabética,porcategoriaouporprincípioativo,utilizandoo
sistema de busca inteligente do site, que permite ainda que
você localize drogarias e farmácias mais próximas de onde
estiver.Elembre-se:qualquermedicamentodeveráser
utilizadosobsupervisãoouorientaçãomédica.
http://consultaremedios.com.br/
Opinias - Julho 2014
1010101010
Você já ouviu falar de Vanuatu? Eu, pelo menos, nunca tinha ouvido até encontrá-lo
num site de turismo e decidir visitar este país tão lindo e encantador. Em busca de um
destino barato saindo aqui da Austrália onde moramos há quase 5 anos, encontramos
Vanuatu. Trata-se de um arquipélago composto por 83 ilhas relativamente pequenas
localizadas no Pacífico, a 3 horas e meia de voo saindo de Sydney.
A população de 220.000 habitantes é menor que a do Guarujá (SP) e seu tamanho menor
que a cidade de São Caetano do Sul (SP), com aproximadamente 12.274 km2!
É um pedacinho de terras vulcânicas no meio do nada quando comparado à imensidão
do nosso Brasil.
Existem vários vulcões ativos em Vanuatu e a atividade vulcânica é relativamente
comum. A mais recente erupção ocorreu em 2008 e outra em 1945. Enquanto olhava as
fotos daquele lugar no site de viagens, tive uma impressão fortíssima de um dejavu.
Vanuatu é um daqueles paraísos de águas claras, calmas e quentes que o Globo Repórter
mostra nas noites de sexta-feira.
Lembrei-me da minha infância e do meu sonho de um dia poder visitar um lugar como
esse que o repórter mostrava. Eu tinha lá meus 10 anos quando assistia àquele programa
na televisão que mostrava locais tão exóticos, cheios de lugares verdes e de mares
azuis esverdeados. Então eu pensava: “toda pessoa deveria ter o direito de visitar um
paraíso como este pelo menos uma vez na vida...”. É emocionante e de tirar o fôlego.
Bem, visitamos a ilha principal, Efate. Lá conhecemos um povo tranquilo e sorridente
que gosta de reggae e que até parece andar mais devagar, devido ao calor. Simples no
modo de viver, mas muito, muito feliz e conectado com a natureza tão divina das ilhas.
O lugar é realmente magnífico e apesar de seu nome não ser tão popular como Tailândia
ou Caribe, muitos de nós já vimos pelo menos um dos pontos turísticos mais famosos. Lá
foi um dos sets do filme “Lagoa Azul”, de Randal Kleiser. Seguem algumas fotos de nossa
visita. Se um dia decidirem sair por aí em busca de novas sensações, visitem Vanuatu.
VANUATU
a encantadora e
feliz lagoa azul
Opinias - Julho 2014
Por
NA GIMENES
Administradora de empresas
Sydney - Austrália
nairagimenes@gmail.com
Opinias - Julho 2014
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Blue Lagoon - Port Vila
Sunset em Erakor Island Resort & Spa Vanuatu
Reggae nativo no Erakor Island Resort
Road Trip, em Éfaté
Cores e belas paisagens presentes em todo o lugar
http://guia-viagens.aeiou.pt/vanuatu-o-lugar-
mais-feliz-da-terra-algures-no-pacifico/
Saiba mais sobre VANUATU
Opinias - Julho 2014
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O som do piano ressoa por entre as
paredes da mansão.Acena de um filme projeta
um homem consolando uma mulher em prantos.
Uma sucessão de imagens decifradas através
de um belo traço transcende ao que muitas
vezes a leitura convencional, aquela feita apenas
por palavras, não consegue traduzir: O som do
silêncio.
E com as mãos de uma velha senhora
gestante acariciando uma grande baleia, inicia-
se a graphic novel (ou novela gráfica, como
preferir) Cachalote.
Lançada em meados de 2010, marca a
estreia de Daniel Galera, um dos nomes mais
interessantes da nova literatura (essa tal de
geração zero zero) no gênero considerado um
subgênero por muitos, as HQ´s. E vem bem
acompanhada do artista Rafael Coutinho, filho
do ilustre cartunista Laerte.
As cenas desenhadas sob a prosa de
Daniel Galera mostram como se escreve de
verdade nos quadrinhos. O texto está além dos
balõezinhos com as frases e os diálogos. Cada
quadro é uma letra nova de um alfabeto próprio
e mostra quão genuína é a arte sequencial.
Seis histórias estão divididas em três
partes. A cena inicial, descrita no primeiro
parágrafo deste texto, não será desenvolvida no
miolo do livro. O leitor não vê o amadurecimento
da história formada apenas por uma senhora
grávida e sua baleia onírica. Mas são com esses
mesmos personagens que o livro se fecha.
Já as outras cinco constroem quebra-
-cabeças com imagens diferentes, mas em todos
os quadros dá-se a impressão que falta uma
peça importante para o desenvolvimento dos
personagens. Se esta imagem fosse a de uma
grande baleia cachalote, a peça perdida
provavelmente seria o estômago. Como se o
alimento entrasse pela superfície, mas não seria
digerida totalmente.
Depois da introdução, é mostrado um ator
de cinema chinês conhecido como Xu
Dongsheng. Visivelmente acima do peso, é
quase um clichê dizer que está decadente. Vem
ao Brasil promover seu último filme de artes
marciais tendo como premissa um retorno triunfal
do astro. Durante sua estadia em um hotel chique
na companhia de mulheres e bebidas, um colega
ator comete suicídio. Sua reação indiferente o
transforma em suspeito.
Resenha baseada na Graphic Novel
de Daniel Galera e Rafael Coutinho
CacCacCacCacCachalotehalotehalotehalotehalote
Por
GUSTAVO BARBOSA ROSSATO
Escritor e Servidor público
Jundiaí - SP
gustavobarbosarossato@gmail.com
Opinias - Julho 2014
1313131313
Hermes é um escultor que vive isolado em sua casa no campo. Seu trabalho com as pedras de
mármore revela aos poucos uma obsessão contida. Encontra um diretor de cinema disposto a
transformar sua vida em filme. O cineasta quer dissecar o cotidiano do escultor misturando realidade
com ficção.
Um jovem chamado Vittorio vive aventuras eróticas no estilo bondage japonês com garotas
que seguem o mesmo padrão estético. Uma menina linda e delicada (fugindo desse padrão) entra
na vida do rapaz e descobre suas fantasias não convencionais. Ela está disposta a compartilhar a
experiência, mas sua pele não se adapta às cordas que Vittorio a prende. Quanto mais apertada,
mais destrutivo é o processo.
Rique, um órfão de pai e mãe, vive com seus tios ricos. Uma relação complexa entre tios e
sobrinho o faz viajar por tempo indeterminado na Europa. Em Paris, encontra Dante que vive
ilegalmente com sua namorada Nádila. Os dois viram um ponto de sustentação para Rique, que não
consegue enxergar o desprezo de não saber fazer nada.
E por fim Túlio, um escritor deprimido. Tem uma relação amistosa com sua ex-mulher que
também possui problemas emocionais. Eles se vêm constantemente e seus encontros estão além
de fazer a filha criança observar a mãe e o pai no mesmo lado. Os dois ainda precisam um do outro
para construir uma nova página em suas vidas.
Essas histórias não se cruzam em nenhum momento do livro, e não existe uma separação de
quando uma começa e outra termina. Ao ler estranhei a ausência dos números nas páginas. Essa
organização própria dos autores me fez sentir flutuando numa piscina quando seus pés não tocam
mais o azulejo e você precisa erguer a cabeça para continuar respirando.
O livro está além de descrever a solidão. Trata também sobre a insegurança. Adificuldade de
se desconstruir ou reinventar. Descer aos reinos abissais do oceano frio e ver criaturas sem as
formas familiares. A sensação ao final da leitura é a de boiar em uma piscina incapaz de enxergar
sua profundidade.
Opinias - Julho 2014
1414141414
Por
CARLOS EDUARDO DE OLIVEIRA
Engenheiro
Santo André - SP
carlos@sabbahi.com.br
Salut les amis!
Diadessesumamigocomprouumaadegaclimatizadaeme
perguntou se eu poderia aconselhá-lo sobre a temperatura
correta de regulagem de seu equipamento. Então fui
pesquisarparamelhororientá-lo,originandoassimuma
postagem no meu blog e esta coluna em Opinias.
Primeiramente, muita gente acha que a adega serve para
colocar os vinhos na temperatura correta de serviço - seria
só tirar da cave, desarolhar e beber! Mas a verdade não é
bem essa para boa parte dos vinhos. Em segundo lugar,
adegaclimatizadaemcasaéumluxo.
Qualquer lugar fresco e abrigado da luz já é suficiente para
armazenar bem os vinhos do uso cotidiano. Para isso serve
um armário, o espaço sob a escada, o depósito na
garagem... Ficando longe de fontes de vibrações, luz e calor
(lareiras, chaminés, fornos), tudo bem - o vinho deve se
manter bem neste local. O investimento em uma adega só
vale a pena para quem opta pela compra de vinhos de
guarda,aquelesgrandesvinhosquedevemficararmazenados
durante um certo período a fim de que cheguem no ponto
certo para sua degustação.
Agrandemaioriadasminhasgarrafaséguardadanummóvel
com nichos, sob o balcão. Minha pequena adega climatizada
é reservada para os vinhos mais delicados, os mais velhos, e
aqueles que eu guardo para ocasiões especiais.Ali eu
conservovelhosBourgonhasejovensBrunellosdi
Montalcino, Barolos e Bordeaux que precisam de algum
tempo na garrafa para “desabrochar”. E eu a regulei para
funcionar entre 15 e 18 graus centígrados. Para a nossa
temperatura média em São Paulo, essa faixa é econômica -
desde que a adega esteja com um bom isolamento, não vai
ficar acionando o compressor e gastando energia a toda
hora.
VINHOVINHOVINHOVINHOVINHO
na temperatura
certa
Opinias - Julho 2014
1515151515
http://www.conservadonovinho.blogspot.com.br/
VISITE O BLOG e DESFRUTE MAIS
Quanto à temperatura de serviço, ou seja, a temperatura que o vinho deve ser
mantido à mesa enquanto estiver sendo consumido, genericamente, em torno dos
18 graus a maioria dos vinhos tintos já está adequada para ser degustada. Os
vinhos brancos precisam ainda de um resfriamento antes de serem bem apreciados;
se houver antecedência, podem ser colocados na geladeira por um tempo; do
contrário, um balde de gelo com uma solução refrigerante (água, gelo, um pouco
de sal e um pouco de álcool) é bem eficaz para o resfriamento.
Algunsenófilosnãorecomendamresfriarovinhorapidamentenocongeladorpara
não provocar um “choque térmico”. Outros dizem que não faz mal nenhum este
choque em vias de sacar as rolhas, principalmente se tratando de uma garrafa mais
simples e despojada. Concordo com estes últimos, uma vez que, em ocasiões
especiais e com vinhos especiais, você naturalmente irá se programar com
antecedência e tomará mais cuidado ao resfriar docemente sua tão bem guardada
garrafa num balde de gelo, onde você pode facilmente controlar a temperatura
adicionando ou retirando os cubos.
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Deve-se notar que a temperatura mais baixa ressalta a acidez, o frescor, a jovialidade
do vinho, enquanto “mascara” a doçura, a fruta, o álcool (o álcool é doce). Por isso
costumamos beber os vinhos mais encorpados, concentrados e tânicos a temperaturas
mais altas e os vinhos que devem ser mais refrescantes, brancos e espumantes, mais
resfriados. O tanino, aquela substância presente nos vinhos tintos que provoca a
sensação de adstringência e secura na boca, é potencializado a temperaturas mais
baixas.Ainda, de acordo com o gosto individual, pode-se ressaltar alguma
característica do vinho manipulando a sua temperatura de serviço, como também
disfarçarumdefeitoouumdesequilíbriodedeterminadagarrafa.
Vinhos tintos mais simples, mais leves, mais “fáceis de beber” - como por exemplo os Beaujolais, podem ser
bem mais resfriados, até em torno de 12ºC. Vinhos brancos novos e refrescantes podem ser bebidos entre 8 e
10ºC, e os mais encorpados, maturados em barrica de carvalho, devem ser menos resfriados, consumidos em
torno de 12, até 14ºC. Quanto aos vinhos “fortificados” doces, os tintos (Porto, principalmente), podem ser
bebidos na temperatura ambiente, enquanto que os brancos (Sauternes, Muscat, colheitas tardias) são
controversos - alguns enófilos recomendam apreciá-los em torno de 14ºC, mas eu acho melhor bebê-los mais
geladinhos, o que destaca sua acidez equilibrando mais com sua doçura.
Com o tempo, a sensibilidade será suficiente para definir se um vinho está na temperatura
correta ou não - o uso de termômetros não me parece muito prático, embora existam no
mercadoótimostermômetrosinfra-vermelhosmuitofáceisdeusar.Convémqueoenófilotenha
em mãos pelo menos dois baldes para o resfriamento e conservação dos vinhos à mesa - um
maior, para ser utilizado em ocasiões em que são abertas várias garrafas, e outro, menor, para
seu uso mais cotidiano - afinal é dispendioso e demorado produzir grande quantidade de gelo.
No caso da utilização de decanter (o que será assunto em uma próxima edição), pode ser
necessário às vezes repousá-lo em uma travessa com gelo ou água gelada. Como quase tudo no
mundodosvinhos,issopareceserumaquestãode“milhagem”,oumelhor,“litragem”...
Santé! Au revoir!
Opinias - Julho 2014
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Eu moro em XANGRI-LÁ, município do litoral norte do Rio
Grande do Sul composto por 8 praias. Mar agitado com ondas
fortes favorecem a prática do surfe e da pesca.Aplataforma
marítíma é uma atração ímpar, com 300 metros mar adentro em
forma de “L” e com 75 metros de braço ao norte.
Originalmentetinhaoformatode“T”,masem1997fortes
ressacas abalaram as estruturas e o braço sul caiu e afundou no
mar. Xangri-Lá possui dois sambaquis dos mais importantes do
litoralgaúcho,verdadeirossítiosarqueológicos.Fazdivisaao
norte com a lagoa dos Quadros.Apaisagem daqui é de
inconfundivel beleza e o pôr do sol é maravilhoso. O nome foi
inspirado em SHANGRI-LÁ, uma palavra criada pelo novelista
inglês James Hilton (1900-1954), na sua obra Horizonte
Perdido escrita em 1933. Shangri-Lá era um país imaginário, na
região doTibete, na qual as pessoas que lá chegavam
conseguiam conservar a sua forma física, desde que dali não
mais se retirassem. Nesta obra, que o cinema e as muitas
traduçõestornamamplamenteconhecidas,JamesHilton
realizou um "tour de force" aliando o romance de aventuras ao
romance de ideias. Xangri-Lá é um símbolo e uma aspiração.
Nele não existe o mal, e a vida cresce em amor e sabedoria.
Xangri-Lá é a terra dos homens felizes, constituíndo uma versão
moderna da Terra da Promissão. O romance de Hilton escrito
combelezaesimplicidadetraduzatranquilidadedeXangri-Lá.
SAIBSAIBSAIBSAIBSAIBAAAAA TUDO SOBRE MINHA CIDTUDO SOBRE MINHA CIDTUDO SOBRE MINHA CIDTUDO SOBRE MINHA CIDTUDO SOBRE MINHA CIDADE:ADE:ADE:ADE:ADE:
http://wwwhttp://wwwhttp://wwwhttp://wwwhttp://www.xang.xang.xang.xang.xangrila.rrila.rrila.rrila.rrila.rsssss.g.g.g.g.gooooovvvvv.br/no.br/no.br/no.br/no.br/novvvvvosite/osite/osite/osite/osite/
Eu moro em
XangXangXangXangXangri-Lári-Lári-Lári-Lári-Lá
Por
RAQUEL ZARPELLON
Fotógrafa amadora
Xangri-Lá - RS
raquelzarpellon.2@hotmail.com
Opinias - Julho 2014
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Opinias - Julho 2014
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A ideia – sempre – é escrever algo novo. Mas, tão vero quanto “quem ama o feio bonito lhe
parece”, dá-se toda vez que nos dispomos, nós, os poetas, a dizê-la: a novidade. Dá-se algo meio
contraditório, algo um tanto quanto inexplicável, e, algo a que não explicamos, sobretudo porque
disso não temos o domínio... algo mais ou menos assim... por assim (tentar) dizer. Nós, por
conseguinte, os poetas, supostos artífices, pretensos mestres, estamos mais (no mínimo) para os
ossos no ofício dela, a Palavra. Dela, que faz de nós o que bem quiser. E que, por sorte nossa, nos
quer bem.
Reparem que, invariavelmente, as cinzelamos, as novas, sob lustrosas roupagens, palavras
outras, chovendo, entretanto, isso sim, no molhado! E aqueles que depõem contra mim, repetir-se-
ão entre argumentos – pra variar também –, protestando: ora, que absurdo; não é nada disso, uma
coisa é uma coisa e outra coisa é outra coisa, e blá-blá-blá...
Lutem, pois a luta é o mote da vida, da mesma maneira que o mote é a vida da Poesia.
Lutem, debatam entre si, haja vista no que me diz respeito não adiante mais querer convencer-me
do contrário, ou seja, de algo que não seja exatamente isso: a dita-cuja coisa é a mesma coisa cuja-
-dita.
Os motivos persistem. Nós é que não vamos sendo os mesmos. Cinzas, verdes, vermelhos,
azuis, lilases, pretos, brancos, amarelos, furtas... as cores continuam ali. Nós, todavia, passamos.
Indubitavelmente todas as coisas sofrem ações, transformações... apresentam-se alteradas, mais
fortes ou tênues.
Porém, será mesmo que o olhá-las, não será – este sim – ao invés de quaisquer mudanças
que em si ocorram, o que de fato concorre para a pluralidade das formas de, por sua vez, serem tais
ocorrências traduzidas? É como sinto quando suponho traduzi-las agora. Sabendo-a jamais uma
tradução ao pé da letra.
O que não garante sentir ou pensar o mesmo amanhã. Nem daqui a pouco. E lá virei eu. De
novo aqui (e acolá) para dizê-lo. Não para dizê-lo igualmente, embora, diverso o mesmo diga.
Permanece o Tempo. Variamos entre sólidos propósitos e líquidas incertezas. Bem (ou
mal) assim somos: seres de impalpáveis naturezas, de essências inconstantes, imateriais por suposto.
Elásticos apesar e talvez por causa de tudo.
Aonde quer que cheguemos... tornaremos à raiz: essa busca tão inútil, tão estúpida quanto
nobre, sabe-se lá de quê ou por qual razão. Uns tornados talvez sejamos. Ou simplesmente uns
tontos. Menos um fenômeno e mais uma casualidade. Ou não.
Seja, entanto, como seja... não é de todo ruim sê-lo. Não é de todo mal não sabê-lo
exatamente, outrossim. Soubéssemos mais, não estaríamos aqui a divagar. Soubéssemos menos,
não elucubraríamos sequer. Soubéssemos aquilo, talvez não saberíamos isto e vice-versa. Tivéssemos
o fogo absoluto do conhecimento, quem sabe, não nos juntaríamos em torno dessa metafórica
fogueirinha de papel alimentada não por um moto-contínuo, mas, antes – e sempre – pelo mote-
-perpétuo.
...
recorrências
RECORRENTES
“Quando nasci, já tinham sido inventadas todas
as palavras que podiam salvar o mundo. Só faltava salvá-lo.”
Almada Negreiros - (1893-1970)
Por
VALQUIRIA GESQUI MALAGOLI
Escritora e artista plástica
Jundiaí - SP
vmalagoli@uol.com.br
Opinias - Julho 2014
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da janela lateral do quarto de dormir (monotipia)
Opinias - Julho 2014
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Um fato que já virou rotina para os residentes dos EUA quando
estão com viagem marcada para o Brasil é receberem pedidos de
encomendas;sejamdefamiliaresouamigosresidentesnoBrasil,
ou mesmo dos que aqui residem e que aproveitam a comodidade
e a economia. Estas pessoas sabem que os preços dos produtos
importados, quando comprados na fonte, no caso nos EUA – são
mais em conta, não pagam taxa de importação e além do mais há
a mordomia de receberem seu produto pelas mãos de uma
pessoa de confiança, sem problemas de extravio da mercadoria.
Entretanto há dois lados da mesma moeda: apesar de os
interessados verem essa oportunidade como uma maneira de
economizar ao encomendar seus “importados”, nem sempre os
que estão de viagem marcada para o Brasil estão dispostos a
levarem encomendas. Portanto dicas são válidas tanto para quem
pede como para quem concorda em levar algo. Quando for pedir
paraalgumamigooufamiliarparaadquirirencomenda,não
esqueça de considerar o peso, o valor e a disposição do
condutor. Caso aceite levar algum pedido, tenha certeza de
especificar o peso máximo, o que é concebível levar, o tamanho e
o valor, para não chegar lá e ter surpresas inesperadas e
constrangedoras.
ENCOMENDENCOMENDENCOMENDENCOMENDENCOMENDASASASASAS
levar ou não?
Eis a questão...
Por
ANGELABRETAS
Jornalista e escritora
Boca Raton - EUA
angelabretas@hotmail.com
“Bom, tenho um grande amigo na
Bahia, que quando soube que eu
estava indo de férias ao Brasil,
me ligou e encomendou uma
‘baby doll’ – boneca inflável”
Opinias - Julho 2014
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O QUE GOSTARIA DE ENCOMENDAR
DOS EUA E RECEBER NO BRASIL?
Sérgio Moraes - Treinador de Cavalos – São Roque
– SP: “O que mais eu gostaria de encomendar dos
EUA são artigos para cavalos (freios, mantas,
protetores e caneleiras etc.), botas, chapéus, DVDs
em geral, eletrônicos, jeansWrangler, e se fosse
possível, café do Starbucks... mas para ser super
sincero, o que eu mais gostaria mesmo era poder
voltar a morar nos Estados Unidos. Estou aqui desde
2008 e não consigo mais me adaptar a isto aqui,
morro de saudades daAmérica”.
Vania Bretas – 55 anos – Consultora Dilarouffe
(Cosméticos Brasil) – Barbacena – MG: “Eu tenho
preferência por perfumes e cosméticos.Tanto que
encomendeiviainternetumDermology,penaquenão
recebi”.
Vanda Fátima HautAlcantara – 44 anos –Agente
deViagem –Ariquemes – RO: “O que mais gosto de
receber de encomenda é perfume importado, adoro!”
QUAL FOI O PEDIDO MAIS ESTRANHO
QUE VOCÊ RECEBEU PARA
LEVAR COMO ENCOMENDA?
Rodrigo Marianno – 42 anos – General Contractor
– Fort Lauderdale: “Bom, tenho um grande amigo na
Bahia, que quando soube que eu estava indo de férias
aoBrasil,meligoueencomendouuma“babydoll”–
boneca inflável – para satisfazer seus desejos sexuais.
Queria uma boneca americana. Levei, mas passei a
maior vergonha quando, no aeroporto, revistaram
minhamala.Fiqueicomacaranochão.Imagineir
para o Brasil e levar mulher de plástico!”
Maurício F. – 38 anos – Corretor de Imóveis – Boca
Raton: “Concordei em responder porque prometeram
nãocolocarmeuúltimonomeouminhafotonarevista.
O que já me pediram para levar e que na hora fiquei
sem jeito de dizer não, foi um gigantesco “water-pipe”
– cachimbo de água para fumar baseado. O problema
é que tive que me explicar na alfândega, além de ter
que pagar peso extra da bagagem porque o cachimbo
era muito grande e frágil. O pior é que meu amigo ficou
tão doido com a encomenda que esqueceu de me
pagar. Nunca mais me submeto a isso. Quando vou ao
Brasil não aviso mais aos amigos... chego de
surpresa!”
Rui Moreira Frizzo – 44 anos – Empresário –
Pompano Beach: “Bom, como vou ao Brasil
frequentemente,meusparentesqueláresidem
aproveitam e me sobrecarregam de pedidos que
variamentreeletrônicoseperfumes.Entretanto,minha
última encomenda foi um pesadelo. Me pediram 12
latinhas de Dr.Pepper (refrigerante) porque lá não
existe. Como é algo barato e fácil de encontrar, não
hesitei em prometer que levaria. Entretanto, acho que
com a pressão do avião as latinhas estouraram dentro
da mala e arruinaram todas as minhas roupas e alguns
presentes eletrônicos. Encomendas para o Brasil?
Estou fora dessa!”
MariaAguinela Ferrazzo – 22 anos – Estudante da
FAU: “Quando vou ao Brasil gosto de levar
presentinhosparaminhasprimasquejáresidiramaqui.
Sóquenaminhaúltimaexperiênciapasseiapertado
porque resolvi levar Peanut Butter (elas adoram a
geleia de amendoim daqui). Levei 10 vidros e a
alfândega de lá me tomou tudo, não deixou eu passar e
alémdomais,tivequepagarumamultaporquelevei
mais de 10 unidades do mesmo produto.Achei um
absurdo porque não paguei nem 50 dólares pelos
produtos e mesmo assim tive que desembolsar mais de
300 reais de multa e ficar sem os produtos... Foi
burriceminha,poisresolvilevar10unidadeseaprendi
alição!”
SAIBA COMO NÃO SER BARRADO NA
ALFÂNDEGA NO BRASIL
http://www.receita.fazenda.gov.br/aduana/
viajantes/viajantechegbrasilsaber.htm
Opinias - Julho 2014
2020202020
GIACOMO
PUCCINIPUCCINIPUCCINIPUCCINIPUCCINI
Por
LUIZ GONDIM DE ARAUJO LINS
Psiquiatra e escritor
Rio de Janeiro - RJ
luiggondim@gmail.com
Um dos maiores talentos musicais e
dramáticos de todos os tempos, Giacomo
Antonio Domenico Michele Secondo Maria
Puccini detestava a música quando criança.
Porém, a genética exerceu forte influência,
posto que ele representava a quinta geração
musical em sua família.
O pai, Michele Puccini, foi professor,
compositor e organista em Lucca, cidade da
Itália onde Giacomo nasceu em dezembro de
1858. Foi o quinto de sete filhos. Ficou órfão
de pai aos seis anos e o tio, Fortunato Magi, o
encaminhou ao Istituto Musicale Pacini.
Aos onze anos, sua mãe conseguiu uma
pensão que lhe permitiu estudar em Milão,
cidade dos sonhos dos jovens de talento na
Itália daquela época. Teve lembranças penosas
das aulas de piano quando menino, pois ao
errar uma nota, recebia uma canelada de seu
professor. Anos depois, quando ouvia uma nota
falsa, o pé lhe saltava para cima, tal a
profundidade do condicionamento. Aos vinte
anos, já em Milão e ainda pobre, suas refeições
eram sopa e feijão.
Puccini foi um homem atraente, sempre
teve irresistível atração pelas mulheres,
primando pela infidelidade; viciado no jogo
carteado, onde contraiu muitas dívidas. Gostava
Opinias - Julho 2014
Opinias - Julho 2014
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de beber e de caçar, extremamente vaidoso,
não admitia derrotas e era pão duro.
A melodia de Puccini se constitui numa
espécie de clorofórmio que acalma os sentidos
e adormece o intelecto. O narcótico de sua
música foi destinado a encantar o mundo. “A
música das óperas de Puccini não há de ser
cantada apenas com a garganta, mas também
com o coração”.
Puccini é considerado o pai do teatro
musical moderno. Percorreu labirintos
românticos com toques poéticos sutis e
personalíssimos. Isso não impediu críticas
dirigidas a algumas de suas óperas, a saber:
Influência da “Carmen”, de Bizet, no segundo
ato de “ La Bohème”; Passagens de “Tristão e
Isolda”, de Wagner, na abertura do terceiro ato
de “Manon Lescaut”, o belíssimo Intermezzo;
As marcas das últimas óperas de Verdi, de quem
foi profundo admirador; Lembranças de
Debussy, em “Madame Butterfly”; Influência
da “Sagração da Primavera”, de Stravinsky,
em sua última ópera “Turandot”.
Aliás,Turandot também estaria relacionada
a uma coleção de caixas de música, oriundas
de Pequim, que lhe foram cedidas por um
amigo. Antes de completar essa ópera, Puccini
faleceu, sendo ela terminada por seu pupilo
Franco Alfano (apenas as duas últimas cenas).
Arturo Toscanini conduziu a ópera
Turandot em sua estreia, em abril de 1926, na
presença de Benito Mussolini. Ao chegar ao
ponto em que Puccini a interrompera, ele parou
de reger dizendo: “aqui o maestro abaixou sua
caneta”.
Quando Puccini alcançou enorme
popularidade, tornou-se um elegante Don Juan,
passando a ser assediado por um número
elevado de mulheres, inclusive casadas. Uma
delas, de nome Elvira Geminiani, casada com
um comerciante de Lucca, abandonou o marido
e fugiu com o compositor, num relacionamento
que durou dezoito anos. Embora amando Elvira,
desfrutou, concomitantemente, de várias outras
mulheres de todas as classes sociais.
No que concerne às leis do amor, há um
divisor de águas, real ponto de desencontro
entre o homem e a mulher. Enquanto esta prima
pela continuidade, aquele está em permanente
descontínuo. Ela está ligada a uma cadeia,
sucessão de elos que envolvem o prazer, sem um
pico culminante; ele precisa atingir ao pináculo,
sem antes e sem depois, importando, apenas,
chegar àquele objetivo. Puccini não escapou a
esse princípio inexorável.
Eram dois compartimentos bem distintos:
o artista genial e o bicho homem. Passou a ser
chamado de Monsieur Butterfly. Uma criada
do casal Puccini, de nome Doria, acusada de ser
amante do compositor, tomou veneno e morreu.
A autópsia veio a revelar que era virgem. Diziam
de Puccini: “ele suga todas as flores e varia a
cada momento”. Ao que ele retrucava: “no dia
em que eu não mais me apaixonar, poderão
encomendar-me o enterro”.
Sua vida privada ensejou uma série de
anedotas e aí vai uma delas: enquanto se
hospedava em um elegante hotel de Viena, no
período de fama, uma bela mulher foi visitá-lo.
Estando de pijama, sentiu-se pouco à vontade,
pediu desculpas e foi ao quarto para se vestir.
De volta, encontrou a mulher nua. Pensou: “essa
mulher é louca, mas, pensando melhor, acho
que seria perigoso lutar contra a loucura, quanto
mais se tratando de um espírito louco
encerrado em um corpo tão bonito”.
Opinias - Julho 2014
2222222222
Acima de tudo, Puccini adorava a
solidão, quando se sentava ao piano, chapéu
na cabeça, fumando, elaborando temas de
novas canções. No cenário, um lago de prata
contrastando com o céu noturno.
Puccini, já famoso, buscava o intérprete
principal para “La Bohème” e, entre diversos
candidatos, estava Enrico Caruso. A ária
escolhida foi “Che gelida manina”, tendo
Caruso vacilado num “dó agudo” próximo ao
final, perdendo, assim, sua chance. Para o
grande tenor, isso foi um grande desafio, que
ele aceitou e venceu, tornou-se amigo íntimo de
Puccini, vindo a ser o mais brilhante intérprete
de suas óperas.
A primeira ópera “Le villi” (1884), sobre
os campônios da Floresta Negra da Alemanha,
participou de um concurso e não ganhou
prêmio. Ele ficou decepcionado, posto que seu
colega e amigo Pietro Mascagni obtivera sucesso
pleno com a ópera “Cavalleria Rusticana”. Em
1889, a segunda ópera, “Edgar” foi um fracasso
que quase conduziu Puccini ao desânimo.
Mas, em 1893, “Manon Lescaut” foi grande
sucesso.
Em 1886, “La Bohème”, no teatro Regio,
em Turim, arrebatou as plateias. Sua linha
melódica atinge a plenitude, somada à concisão
quase epigramática dos diálogos. São raras as
óperas que mantêm durante toda a sua extensão
(duas horas aproximadamente) os esplendores
poéticos, misto de tragédia e humor. As árias
“Mimi” e “Che gelida manina”, além do dueto
“O suave fanciulla” são arrebatadores.
Em 1900, ocorreu a estreia de “Tosca”
(amor, ódio, revolta, inconformismo, tragédia).
Narra a história de um pintor romano
condenado à morte pelo chefe de polícia. As
árias “Recondita armonia”, “Vissi d’arte” e “E
lucevan le stelle” (despedida da vida)
apaixonam pela beleza e grandiosidade. Nesta
última, é incrível o clarinete anunciando a rica
melodia. No entanto, a peça foi duramente
criticada por Gustav Mahler.
No ano de 1904, no teatro Scala de
Milão, “Madame Butterfly” foi lançada.
Fracasso inicial daquela que viria a ser das
óperas mais populares do mundo, narrando a
história muito triste de uma gueixa japonesa
que se apaixona por um tenente da marinha
americana. O “dueto de amor” é considerado
o mais belo de todas as óperas. Talvez a peça
seja a mais sonora de todas compostas pelo
mestre de Lucca. Puccini rescreveu a ópera,
modificando o tema da entrada da Butterfly,
dividiu em dois o segundo ato, que era muito
longo e suprimiu as referências grosseiras e
inoportunas do tenente Pinkerton aos
hábitos alimentares do povo japonês. O filho
do casal teve como nome Desgosto.
Destaque-se, ainda, o “tríptico” composto
de 3 óperas curtas: “Gianni Schichi”, “Suor
Angelica” e “Il tabarro”. A última ópera do
mestre italiano foi “Turandot”. Versa sobre uma
antiga lenda chinesa de uma princesa frígida
que submetia seus pretendentes à solução de três
enigmas, sob pena de perderem a vida caso
falhassem. Outras óperas poderiam ser citadas:
“La fanciulla del west” (enorme sucesso nos
stados Unidos) e “La rondine” (grande lirismo).
Puccini era muitíssimo exigente, beirando
ao perfeccionismo, levando anos para compor
uma ópera. Apenas em 1968 ele foi reconhecido
na Alemanha. O grande inventor Thomas
Edson, admirador do mestre italiano, deu-lhe
um gramofone de presente.
Quando compunha “Turandot”, Puccini
sentiu uma indisposição; foi diagnosticado um
tumor maligno, o qual foi tratado por um
renomado especialista da Europa. Ele sofreu
muito, já era diabético, não mais falava, se
comunicava por bilhetes. Faleceu em 29 de
novembro de 1924, em Bruxelas e o corpo
retornou à Torre do Lago, palco maravilhoso
de suas grandes criações e lá permanece até
hoje. Puccini inspirou o futuro Teatro Musical e
foi imortalizado por sua grandeza incomparável
e inspiração divina.
Opinias - Julho 2014
2323232323Antes regido pela Lei nº. 4.591, de 16 de
dezembrode1964,ocondomínioemedificaçõesganhou
um capítulo inteiro no Novo Código Civil de 2002,
denominado“DoCondomínioEdilício”,reguladopelos
artigos 1.331 a 1.358.
Quempossuiapartamentoouconjuntocomercial
integrante de um edifício, tem pleno conhecimento das
dificuldadesderelacionamentoeconvíviosocial.
Os problemas são de toda ordem e vão desde o
barulho excessivo da vizinhança, passando por
funcionários e síndicos despreparados, até a
inadimplência, os abusos e a arrogância.
Desta forma, morar ou trabalhar em um
condomínio exige tolerância, compreensão, diálogo,
equilíbrio, respeito e educação, ou seja, qualidades que
se encontram em desuso nos dias atuais. Então, como
solucionaroslitígioseascontrovérsias?
Em primeiro lugar, os problemas podem ser
minimizadosquandooedifíciopossuiuma“Convenção
Condominial”abrangente,objetivaemoderna,e,ainda,
um“RegimentoInterno”queseadapteperfeitamenteàs
atividades do prédio. Depois, existe a lei que rege a
matéria e o Poder Judiciário para aplicá-la.
Além disso, o exercício da sindicância deve ser
firme, seguindo rigorosamente as normas estatutárias e
os dispositivos legais, aplicando as sanções cabíveis
sempre que se fizer necessário.
Sabemos que gerir e administrar um edifício sob
o regime de condomínio não é fácil. Às vezes surgem
problemas em nossa própria casa, onde moram quatro
ou cinco pessoas, imaginem um prédio residencial de
pequeno a médio porte, com vinte apartamentos, por
exemplo,ondeemmédiamoramecirculamdiariamente
de oitenta a cem pessoas aproximadamente.
É por isso que enfatizamos a importância da
“ConvençãoCondominial”edo“RegimentoInterno”do
edifício.Essesdispositivosserãoa“lei”docondomínio,
razão pela qual se torna imprescindível que cada
proprietário tenha uma cópia da Convenção e seja
colocado em local visível a todos o Regimento Interno,
paraqueninguémpossaalegarignorânciadessasnormas.
Ressalte-se, ainda, que as decisões importantes e
também aquelas que envolvam custo significativo para
os condôminos devem sempre ser tomadas em
“Assembleia”, onde democraticamente todos possam
votar e externar as suas opiniões, lembrando que, para
cada tipo de assunto a ser discutido há um quorum
específico necessário para o seu exame e aprovação,
de acordo com a lei.
Por vivermos em sociedade, há direitos e
obrigaçõesquetodosnóstemosqueexercitarecumprir.
Noscondomínios–sejamelesverticaisouhorizontais–
não é diferente.
Por
ROBERTO CAETANO MIRAGLIA
Advogado / Negócios Imobiliários
São Paulo - SP
robertocmiraglia@hotmail.com
O
condomínio
EDILÍCIOEDILÍCIOEDILÍCIOEDILÍCIOEDILÍCIO
Opinias - Julho 2014
2323232323
Pede-me moderação a mão destra
Como se possível fosse emudecer
Os gestos que anseiam o toque
Dedilhadopeloscaminhosdaescrita
Quando são os versos precipício e refúgio
A canhestra emoção entorna dos dedos
Ignorandoavigíliadocomedimento
Ou a calma que me indica a ponderação
A palavra em mim é sempre exposta
Inquietaenua,engolindosilêncios
Tenho na ponta dos dedos
O lado de dentro do peito
O verso e anverso do que não sei
Meu viés e reverso confessos
Sou de dizeres fartos e incontidos
Queselançamimpulsivosnopapel
No abismo de linhas desconhecidas
Minhacaligrafianãoacalentabrisas
Descobre-se e sabe-se em ventanias
Escrevosempreintensamente
Como se a última palavra fosse
E na voz de cada letra
Balbuciasse o derradeiro suspiro
A voz das
minhas
MÃOSMÃOSMÃOSMÃOSMÃOS
Por
FERNANDA GUIMARÃES
Gerente de hotel / poeta
Fortaleza - CE
fernanda.guimaraes67@gmail.com

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Revista Opinias n 02 - julho de 2014

  • 1. OpiniasUMAREVISTA DE IDEIAS, PENSAMENTOS E PONTOS DE VISTA INGLESES EM SÃO PAULO Eles começaram a chegar por volta de 1808 e nos deixaram grandes realizações VINHOS Saiba qual é a temperatura certa VANUATU O lugar mais feliz da Terra PUCCINI Um pouco da vida e obra Ano I - nº. 2 Julho - 2014
  • 2. Opinias - Julho 2014 22222 Editorial Sumário Expediente Ciência e tecnologia servem a toda a humanidade, pois o progresso impele o desenvolvimento da sociedade como um todo. É assombrosa a velocidade com que os avanços tecnológicos vão ocupando todos os setores do conhecimentoe,porconsequência,docotidiano.Claroque odesenvolvimentotraztambémconsigooladonegativo,na medidaemqueasinovaçõessãomalutilizadasouapresentam “efeitoscolaterais”indesejáveisouatémesmoimprevisíveis. Daí que alguns paradoxos se apresentam como grande desafio ao ser humano. Se por um lado a modernidade lhe dá perspectivas de maior longevidade e qualidade de vida, por outro o faz buscar soluções como o que fazer com um volume cada vez maior de lixo advindo da necessidade de descarte de produtos que vão ficando ultrapassados. Nesta edição de OPINIAS não trataremos necessariamente desse tema em nenhum dos artigos apresentados.Contudo,háquesepensarnoassuntoquando se constata, por exemplo, o sucateamento, em tão curto espaçodetempo,dosistemaferroviárioincrementadopelos inglesesemSãoPaulo.Oartigodáumaboamostratambém da contribuição que o homem pode e deve dar ao seu meio ambiente. Demodogeral,oconvitequeficaimplícitonamaioria dosartigosdestaediçãoéodeaproveitaromundodamelhor maneira possível. Seja visitando lugares, seja apreciando bons vinhos. E enquanto isso refletindo sobre o dia a dia prático,avaliandoquestõesdecomportamento,externando emoções e vivências. Enfim, tirando da vida e do mundo o melhorproveitopossívele,acimadetudo,exercitandonosso maior tesouro, o pensamento. É ele a mola que impulsiona o avanço tecnológico e certamente o que possibilita que estafantásticaviagemdavidasejacadadiamaisincrível. OPINIAS - ANO I - nº. 2 - Julho 2014 - Publicação virtual mensal da Rumo Editorial Produções e Edições Ltda. * Diretores: Marcos Gimenes Salun, Luciana Gomes Gimenes e Naira Gomes Gimenes * Editor e Jornalista Responsável:: Marcos Gimenes Salun (MTb 20.405-SP) * Revisão: Ligia Terezinha Pezzuto (MTb 17.671-SP). *Redação e Correspondência: Av. Prof. Sylla Mattos, 652 - cj.12 - Jardim Santa Cruz - São Paulo - SP - CEP 04182-010 E-mail: rumoeditorial@uol.com.br - Tels.: (11) 2331-1351 Celular (11) 99182-4815. BLOG: http:/ /opinias2014.blogspot.com.br/ * Colaboradores desta edição: Carlos Augusto Ferreira Galvão (SP), Walter Whitton Harris (SP), Luciana Gomes Gimenes (SP), Naira Gomes Gimenes (Australia), Gustavo Barbosa Rossato (SP), Carlos Eduardo de Oliveira (SP), Raquel Zarpellon (RS), Valquiria Gesqui Malagoli (SP), Angela Bretas (EUA), Luiz Gondim de Araujo Lins (RJ), Roberto Caetano Miraglia (SP) e Fernanda Guimarães (CE). Matérias assinadas são de responsabilidade de seus autores a quem pertencem todos os direitos autorais. PERMITIDA a reprodução dos artigos desde que citada a fonte e mencionada a autoria. MARCOS GIMENES SALUN Jornalista São Paulo - SP msalun@uol.com.br VIAGEM INCRÍVEL 10 Na Gimenes Vanuatu 04Ingleses em SP De descendência inglesa, o médico Walter Whitton Harris narra o dote que seus patrícios legaram a São Paulo. 17Recorrências recorrentes Valquíria Gesqui Malagoli 18 Encomendas Angela Bretas entrevistou várias pessoas para saber o que lhes encomendaram quando em viagem dos EUA para o Brasil. 23 Condomínio edilício Roberto Caetano Miraglia 20 Giacomo Puccini Luiz Gondin de Araujo Lins narra aspectos da vida e obra desse grande compositor. 12 Cachalote Gustavo Barbosa Rossato 16 Xangri-Lá Raquel Zarpellon 14 Temperatura Carlos Eduardo de Oliveira 09Navegando Luciana Gomes Gimenes 24A voz das mãos Fernanda Guimarães 03Violência O psiquiatra Carlos Augusto Galvão fala sobre esse mal que nos aflige desde os primórdios. Participe! Envie seu artigo ou comentários e embarque nesta aventura: rumoeditorial@uol.com.br
  • 3. Opinias - Julho 2014 33333 ViolênciaPor CARLOS AUGUSTO GALVÃO Psiquiatra São Paulo - SP carlosafgalvao@terra.com.br Quando se fala em violência, vem sempre a ideia do sofrimento físico que ela gera, do mais fraco sendo subjugadopelomaisforte,masnemsempreaviolência é física. Hoje é muito difícil definirmos esta palavra, emboraelafaçapartedenossodiaadia.Nosprimórdios da humanidade, o homem, que só sobreviveu até hoje por ser um animal social, tinha como meta chefiar grupamentose,paraisso,seromaisforte,eassimimpor- senachefiadessegrupo,promovendosofrimentofísico aos que se indispusessem contra essa liderança; mas o própriodesenvolvimentosocialpromoveuleis,queforam as maiores invenções para a harmonia dos cidadãos, ficandoassimaviolêncialigadaaoscastigosparaquem se rebelasse ou desobedecesse essas leis. Asprimeiras que aparecem na história são: o Código de Hamurabi (olho por olho, dente por dente) e a tábua judaica dos 10 mandamentos.Todososanimais praticam violência com seus iguais, geralmente em disputassexuais(brigademachosparaverquemconcebe a fêmea), ou disputa por alimentos, principalmente, em épocas de escassez. No ser humano também se observa essestiposdedisputa,masseuscérebrostrazemfunções que estimulam a violência por outros motivos, por exemplo:apassionalidade,aambiçãoearevolta.Essas “fraquezas”humanasdistorcemosentidoquetemosde violência,poisapartirdaípodemosobservaroutrostipos de agressões, não físicas, mas que podem ser classificadasdeviolência. Há pouco, observamos na televisão um grupo de vândalos que destruiu uma concessionária de carros de luxo, e em poucos minutos causaram um prejuízo de milhões de reais; violência, mas sem nenhuma lesão orgânicaemquemquerqueseja,masnemporissodeixa de ser uma grande violência, pois alguém foi lesionado em seus bens. Pura rebeldia. Um corrupto que, por exemplo, rouba a merenda escolar das crianças, não está espancando-as, mas não deixadeserumaimensaviolência,poisseuatolesionou outrossereshumanos.Ambiçãodesmedida.Ummarido traídoquematasuamulhereoamanteclandestinodela, tambémpraticaaviolênciaquetemapassionalidadepor gênese. A violência acompanha o homem em seu desenvolvimentonacrostaterrestre.Hojesabemosque há dezenas de milênios coexistiram duas espécies humanas: o Homo sapiens, originário daAfrica, que ao seexpandirpelaEuropa,láencontrouaoutraespécie:o Homo neandertalis. Conforme avançava o Homo sapiens,osneandertalisiamdesaparecendo,sendoque seus mais recentes fósseis foram encontrados no “fim” da Europa, a península Ibérica. Estudos recentes mostram que durante o avanço do Homo sapiens, ele foi interagindo com os neandertalis, pois a genética do homem moderno inclui um considerável percentual do genoma neandertalis. Não dá para se pensar numa interação romântica das espécies, e a imagem que mais se aproxima é o ícone da idade da pedra, o Homo sapiens arrastando pelos cabelos, em direção à sua caverna, um exemplar femininoNeandertal. Opinias - Julho 2014 33333 Augusto Comte, em seu ensaio sobre a teoria das funções cerebrais, diz que o cérebro humano possui funções altruísticas (que regem a relação do indivíduo com seu meio, favorecendo este meio) e funções egoísticas (que regem a relação do indivíduo com o meio, mas favorecendo a si próprio). Há equilíbrio entre essas funções, desde que sejam desenvolvidas em ordem (família, escola, amparo social) promovendo, assim, o progresso da sociedade onde vive. O desequilíbrio entre esses dois grupos de funções é de se imaginar que seja a principal causa de reações violentas no ser humano.
  • 4. Opinias - Julho 2014 44444 Os INGLESES em São Paulo Por WALTER WHITTON HARRIS Médico e escritor São Paulo - SP wwharris@gmail.com Sem dúvida, a maior contribuição dos ingleses no Estado de São Paulo foi durante a construção de estradas de ferro, ligando a capital ao interior e, principalmente, o interior ao litoral. Muitos bairros da cidade de São Paulo originaram-se pela existência das ferrovias, haja vista a Luz, Lapa e o Jardim Paulista, este último para os mais abastados. A comunidade era formada por quase dez mil pessoas, com o registro do primeiro inglês em São Paulo em 1808. Atualmente, não supera duas mil. AcafeiculturafoiamotivaçãoprincipalparaqueSão Paulo se tornasse um importante exportador de café, atingindoseuaugenaeconomiadeSãoPaulodurantea RepúblicaVelha.Após a crise de 1929, gradativamente adquiriuumaposiçãosecundáriagraçasàinstalaçãodas indústrias. Mesmo assim, o Brasil permaneceu o maior produtormundialdecafé. A expansão da produção de café, nos meados do século XIX, atraiu o investimento dos britânicos em ferrovias, para facilitar o escoamento das fazendas situadas no interior do Estado para o litoral (Porto de Santos). Em 1868, foi desenvolvido o transporte ferroviário São Paulo-Santos, que foi a primeira e fundamentalconquistadaescarpacosteirapaulista,aqual haviadificultadoodesenvolvimentodoplanaltodaquela região. A primeira ferrovia no Estado de São Paulo foi a “Ingleza”, da São Paulo Railway Co., cuja construção começou em 1860 e foi concluída em 1867, com 109 km de trilhos.Acompanhia foi criada em 1856 e recebeu, por meio de Decreto Imperial, concessão para construção e exploração da ferrovia por 90 anos.Além deinvestidoresingleses,umdosmaioresacionistasfoio Barão de Mauá. A concessão terminou em 1946, e a estradadeferropassou,então,aserdenominadaEstrada de Ferro Santos-Jundiaí, sob o comando da União. Em 1867, foi inaugurada uma singela estação, no bairro da Luz. Posteriormente, com o crescimento da demanda, ela foi ampliada. Em 1890, a São Paulo Railway Co. decidiu construir uma nova e faustosa estação, local de convergência das principais estradas de ferro e cópia da estação ferroviária de Sidney, na Austrália. Esta estação seria a Estação da Luz, que foi inaugurada em 1901. Compete com qualquer estação no Reino Unido ou, por sinal, com as de outros lugares domundo,quetenhamsidoconstruídaspelosbritânicos. A influência britânica em São Paulo pode ter sido esquecida, mas a Estação da Luz é testemunha viva da presençadosingleses.Atualmente,algumaslinhastrazem passageiros de regiões distantes da própria cidade.A unificação com o metrô aumentou ainda mais a importância desta estação que foi reformada há poucos anos. Entre 1915 e 1919, a cinquenta metros da Estação daLuz,foiconstruídaaViladosIngleses,com28casas assobradadas, onde antes se localizava o jardim do palacetedaMarquesadeItu.Afinalidadeeraadealugar ascasasaosengenheirosinglesesqueviessematrabalhar
  • 5. Opinias - Julho 2014 55555 na Estação da Luz e na estrada de ferro. Seguia o estilo arquitetônico das vilas dos subúrbios londrinos, com raízesnosestiloselizabetanoevitoriano,cominfluência do colonial brasileiro. Na década de 1930, com a diminuição da mão de obra estrangeira, as casas passaram a ser ocupadas por famílias paulistanas. Atualmente,sãoescritórioseateliês. Uma estação da São Paulo Railway foi, também, aberta em 1867, junto ao pátio de operações do sistema de cabos implantado pelos ingleses e centro de manutençãodofunicular,nocomeçodadescidadaSerra do Mar. O nome da estação era “Alto da Serra”, mais tarde passando à denominação de Paranapiacaba que, emtupi-guarani,querdizer:“dondesetemopanorama do mar”. Em 1896, construiu-se uma vila para os funcionáriosdaSãoPauloRailwaycomseuestiloinglês e sua beleza associada, por vezes, ao denso nevoeiro vindo da serra. Do outro lado da linha, formou-se uma vilaquenãoacompanhouoestilooriginalinglês.Avilase tornou importante, porque era a última parada antes de se descer a serra. Em 1977, já havia outra estação, em virtude da anterior ter sido destruída por um incêndio. Nesta ocasião, foi salvo apenas o relógio, uma réplica menor da torre do Big Ben, que foi consertado e colocado sobre uma nova torre ao lado do prédio novo. Até2001,aEstaçãodeParanapiacabaeraatendidapelos trens da Cia. Paulista de Trens Metropolitanos. Após unstempos,ostrenssomentepassaramaseguirnosfins de semana e, depois, houve a suspensão total deles para a vila, sendo necessário chegar de ônibus ou automóvel até lá. Em 2002, a Prefeitura de SantoAndré adquiriu a Vila Inglesa, mas não a vila ferroviária, que continua abandonada. Está se tentando, aos poucos, restaurar a localidade, com o patrocínio de entidades particulares. Paranapiacabaencontra-seincluídacomo“umdosmais importantes monumentos do mundo”, pelo Fundo Mundial de Monumentos, que é uma organização sem fins lucrativos, com papel fundamental no resgate e conservação de localidades como o Vale dos Reis, no Egito, e a Grande Muralha da China. Com a inauguração da “Ingleza” — a São Paulo Railway Co. —, muitos ingleses foram mandados para São Paulo para trabalhar na ferrovia. Entre eles, estava umengenheirodenomeJohnMiller.Aqui,casou-secom Harriet Fox. Em 24 de novembro de 1874, nasceu um filho,CharlesWilliamMiller,nobairrodoBrás. Em 1884, com 10 anos de idade, Charles Miller foi mandado para uma escola pública na Inglaterra, onde aprendeu a jogar futebol e críquete. Lá jogou a favor e contra times como o Corinthians Football Club e St. Mary. Retornou ao Brasil em 1894, para trabalhar na São Paulo Railway Co., tornando-se correspondente oficialdaCoroaBritânicaeVice-cônsulinglêsem1904. Váriosbritânicos,entreelesengenheirosdarecém- construídaSãoPauloRailwayeoutroscomerciáriosda cidade, tiveram a ideia de fundar um clube, onde pudessem jogar críquete, tão apreciado pelos ingleses. Isto foi feito em 1888, com a fundação da São Paulo AthleticClub(SPAC),conhecidocomooClubeInglês, hoje ClubeAtlético São Paulo. O SPAC é considerado oclubemaisantigodacidadedeSãoPaulo.Lá,Charles Miller foi essencial na criação da primeira equipe de futebol do Brasil. Era composta por altos funcionários ingleses da São Paulo Railway e outras entidades de línguainglesa,comoTheGazCo.(CompanhiadeGás) e Bank of London and South America (Banco de Londres). Emabrilde1895,Millerorganizouoprimeirojogo oficial de futebol, num terreno da Várzea do Carmo, entre equipes formadas pela São Paulo Railway (SPR) e da Cia. de Gás. O resultado foi de 4 a 2 para a SPR, com dois gols de Charles Miller.As primeiras disputas amistosas surgiram em São Paulo nos anos de 1899- 1900, entre os clubes Germânia (atual E.C. Pinheiros), Mackenzie, São Paulo Athletic Clube e o E.C. SSPAC - com Charles William Miller no centro (1905) Vila de Paranapiacaba
  • 6. Opinias - Julho 2014 66666 Patagônia GELADA 66666 Internacional,todoscomsóciosdaelitepaulistanaede váriasorigens:inglesa,americanaealemã.ALigaPaulista de Futebol surgiu em 1902, a partir de cinco clubes, os acimamaisoClubeAthleticoPaulistano.Aligaorganizou o primeiro Campeonato Paulista de Futebol. Tendo CharlesMillercomoartilheirodotime,oSPACganhou ostrêsprimeiroscampeonatos,em1902,1903e1904. Um dos eventos de destaque daquela época foi a visita do time inglês, o Corinthians F.C., em 1910, que estava ganhando todos os jogos no mundo amador do futebol. Estreou no Rio de Janeiro, goleando o Fluminense por 10 a 1. Em São Paulo, o SPAC perdeu de 8 a 2, apesar da boa atuação do time local. Um grupo de funcionários da São Paulo Railway ficou tão impressionadocomaatuaçãodosingleses,queresolveu dar ao clube que fundaria mais tarde o nome de Sport Club Corinthians Paulista. Foi Miller quem sugeriu o nome do primeiro presidente do Corinthians Paulista. Em 30 de junho de 1953, faleceu esse idealizador do futebolnoBrasil. Outros esportes trazidos para o Brasil no final do séculoXIXpelosinglesesquetrabalhavamnaSãoPaulo Railway e naThe São PauloTramway, Light & Power Co., Limited (a Cia. Paulista de Bondes, Força e Luz, de origem canadense), foram o tênis e o golfe. As primeirasquadrasdetênisforamconstruídasem1892, no São PauloAthletic Club. A chegada do golfe ao Brasil ocorreu de forma curiosa. Os engenheiros ingleses e escoceses, que construíamaferrovia,convencerammongesbeneditinos a ceder parte do terreno do Mosteiro de São Bento para a construção do primeiro campo de golfe do País, naregiãoatualmentesituadaentreaEstaçãodaLuzeo rio Tietê. A expansão da cidade em direção ao rio obrigou a transferência do campo, em 1901, para um local próximo à confluência das avenidas Paulista e BrigadeiroLuizAntônio,localeste,atéhoje,denominado “Morro dos Ingleses”, devido aos tais “ingleses” que jogavam seu golfe ali. Fundou-se então o “São Paulo Country Club”, que teve o primeiro campeonato interno em 1903. A presença dos ingleses em São Paulo, e a diferença linguísticacomoportuguês,fezcomquesereunissemem torno da conservação das tradições britânicas. O Clube Inglês cobria parte dessas necessidades, porém faltava um local próprio para os cultos religiosos, com a maioria inglesadereligiãoanglicana,havendoalgunspresbiterianos, geralmente de origem escocesa. Com isso em mente, foi construída uma pequena capela, próxima da Estação da Luz,paraacomodaramaioriaquetrabalhavanaSãoPaulo Railwaynadécadade1860,emterrenodoadopeloBarão de Mauá, consagrada, em 1873, como a St. Paul’s AnglicanChurch(IgrejaAnglicanadeSãoPaulo).Coma deteriorizaçãodobairrodaLuz,decidiu-seporumanova igreja em SantoAmaro, o bairro onde havia importante concentração de ingleses e seus descendentes.Apedra fundamentalfoifirmadaem1962.Apartirde1995,tornou- se a Catedral para a diocese de São Paulo.Apoia várias entidades, como missões entre as favelas de São Paulo e uma casa para idosos da comunidade. Outroaspectoimportanteeraoscuidadoscomasaúde. Um chinês de Macau, o imigrante José PereiraAchao, contraiu febre tifoide durante sua viagem de navio para o Brasil, na segunda metade do século XIX. Na época, a higieneesaúdepúblicaerammuitoprecárias.Hospitalizado na Santa Casa de São Paulo, o protestante Achao foi pressionadoaconverter-seaocatolicismo,práticacomum nasinstituiçõesdaépoca.Deseuconstrangimento,nasceu a ideia da criação de um hospital que acolhesse pessoas de qualquer credo, raça ou nacionalidade, sem distinção. Quando faleceu, em agosto de 1884, legou dois contos de réis (equivalente a 4.000 dólares de hoje) à Igreja Presbiteriana, para que sua ideia fosse levada a cabo. Em 1890,umgrupodeimigrantesbritânicos,norte-americanos e alemães, ligado às igrejas protestantes da cidade, uniu- -seatradicionaisfamíliaspaulistasparafundaraSociedade Hospital Evangélico, que teve suas primeiras instalações inauguradas em 1894 e que se transformaria no Hospital Samaritano.Apalavra “samaritano” deriva da Samária, cidade da antiga Palestina, onde havia um povo com características culturais bem diversificadas. Em sentido figurado,significacaridoso,bom,beneficente,poralusão ao personagem bíblico “O Bom Samaritano”, modelo de caridade. Era um atrativo para convencer os mais incrédulos de que valia a pena deixar a Inglaterra e vir trabalhar em São Paulo. AindanoséculoXIX,foiinauguradooprimeirocentro cirúrgico. O hospital foi dirigido pelo Dr. Lauriston Job Críquete no São Paulo Athletic Club - 1934
  • 7. Opinias - Julho 2014 7777777777 Lane de 1907 a 1942, cuja grande influência consolidou a existência da instituição. Em 1895, foi contratada a primeira matron (enfermeira profissional), que veio da Inglaterra para dirigir os serviçosdeenfermagem—umainovação—porque até o começo do século XX apenas religiosas trabalhavam nos hospitais do Estado. Nas décadas de 1940-1950, houve uma grande reforma do hospital, graças a importantes doações do Liceu de Artes e Ofícios, Nadyr Figueiredo, Com- panhiaAntarctica, Moinho Santista, Rhodia, General Electric e General Motors do Brasil. Os primeiros cur- sosdeenfermagem da cidade de São Paulo,porcontada Escola de Enfer- magem Job Lane, do Hospital Sama- ritano,iniciaram-se em 1948. Hoje, estehospitaléreferênciamundial. Ainconveniênciadesemandarosfilhosestudarem naGrã-Bretanha—comofoiocasodeCharlesMiller —redundounafundaçãodeumaescolabritânicaem SãoPaulo.Em1926,abriu-seoficialmenteaSt.Paul’s School, nos Jardins, bairro luxuoso da cidade. O conceito de uma escola para membros da comunidade inglesa remonta a 1867, quando 30 criançasdefuncionáriosinglesesdaSãoPauloRailway recebiamaulasdopreladodaIgrejaAnglicanadeSão Paulo. O número de famílias britânicas cresceu constantemente de 1867 a 1926, à medida que engenheiros,contadores,banqueiroseindustrialistas britânicos vinham trabalhar na cidade em expansão. A Escola Britânica S.A. começou com 60 alunos e acomodações para 12 meninos internos, com a finalidadedeprovidenciarumaeducaçãoaprimorada para os filhos de pais britânicos. Em 1927, foram adquiridos 18.000 m2 no Jardim Paulistano por 50 contos de réis, que o ex-proprietário usou para comprar ações da própria Escola, que depois doou para esta. Nosprimeirosanosdaescola,meninosemeninas eram ensinados separadamente. Com o desenvolvimentodaEscola,foramintroduzidasaulas doidiomaportuguês,assimcomoHistóriaeGeografia doBrasil.Maistarde,tambémadmitiram-semeninas como alunas em regime de internato e as classes passaram asermistas.Cadavezficoumaisclaroquemuitascrianças completariamsuaeducaçãoaquinoBrasilenãoretornariam para o Reino Unido. Com essa finalidade, foi iniciado um curso ginasial brasileiro matutino, com aulas em inglês no período da tarde. Em 1951, a Escola Britânica tornou-se a Fundação Anglo-Brasileira de Educação e Cultura (FABEC). O estatuto determinava que fosse uma fundação sem fins lucrativos, com o objetivo de desen- volver a educação e cultura (intelectual, físicaeespiritual)para jovens de ambos os sexos no Estado de SãoPaulo.Posterior- mente, providen- ciaram-se classes preparatórias para o ingresso nas univer- sidadesbrasileiras. À medida que os anos passaram, a C o m u n i d a d e Britânica de São Paulo teve de se preocupar com aqueles que não podiam ou não queriam voltar para a Inglaterra e tinham optado por permanecer no Brasil. A Fundação Britânica de Beneficência,jáexistenteem1947,recebeu,deMissHelen Stacey,adoaçãodeumacasanobairrodeBrooklinPaulista, comafinalidadedeprovidenciaralojamento,alimentação, cuidadosbásicoseconfortoparaidososdeambosossexos. A Stacey House, como passou a ser conhecida, permaneceu naquela localização até 1981, quando foi vendida,devidoà“incorporaçãoimobiliária”.Foicomprada outra casa, mais moderna, próxima ao Aeroporto de Congonhas.AStacey House é a residência dos membros mais velhos da Comunidade que preferiam não morar sozinhos. Durante mais de meio século, vem recebendo o apoio de indivíduos da comunidade, bem como de muitas empresas.Assistênciamédicaedeenfermagemfoisempre garantida, graças ao Hospital Samaritano, e pela atuação voluntáriadeprofissionaisdaárea. Os residentes da Stacey House têm seus próprios quartoscomextensãotelefônica,banheiroindividualeestão conectados a TV por cabo. Os funcionários da casa e voluntários providenciam exercícios leves, terapia ocupacional e passeios para os residentes. Também recebeminúmerosconvitesparaatividadesemclubesenas residências de membros da Comunidade. Com a diminuição do número de membros na comunidade para um quinto do que era há 80 anos, tem Hospital Samaritano
  • 8. Opinias - Julho 2014 88888 havido uma procura menor para a Stacey House e, atualmente, há poucos residentes. No entanto, a manutenção da casa e funcionários onera muito a fundação mantenedora. Em 2006, por ocasião da Festa deAniversáriodaRainhaElizabethII,oseurepresentante anunciou que os moradores atuais seriam transferidos para outra residência de idosos e a Stacey House seria desativada. Foram dadas duas opções para os próprios residentes, que consideraram o Lar Sant’Ana como o que mais se aproxima da casa que foi seu lar por tantos anos. Como na maioria das cidades do mundo, há uma regional paulistana da Legião Britânica de Ex- Combatentes. Reúne os ex-militares das várias guerras emqueparticipouoReinoUnido.NaCatedralAnglicana deSãoPaulo,celebra-seumamissaespecial,nodomingo mais próximo de 11 de novembro, que coincide com o fimdaPrimeiraGuerraMundial,quandofoiassinadoo Armistício em Compiègne, após ocorrer o colapso do exército alemão em todas as frentes de batalha. Comparecem prelados de vários credos, representantes militares do Brasil e de outros países tradicionalmente aliados, e das Legiões Britânica, Francesa e Belga. São lidos os nomes dos membros da comunidade britânica em São Paulo que deram suas vidas nas duas guerras mundiais.Aqueledomingoéconhecidocomoo“Diada Papoula”etodosusamumapapoulavermelhaartificial presa à lapela do paletó ou ao vestido, confeccionado porveteranosincapacitados.Aarrecadaçãovaiparaum fundodeajudaparamutiladosdeguerra,geralmentede outras guerras que não as supramencionadas, porque a maioria dos sobreviventes daquelas já se foi. Meupaiveio,sozinho,paraaArgentina,aos15anos de idade, em 1910, retornando para a Inglaterra para lutarnaPrimeiraGuerraMundial.Depois,voltouparaa AméricadoSul,indoparaoParaguai.Somenteem1925 decidiumudardeares,vindoparaSãoPaulo.Oatrativo, comonoscontou,foiofatodehavermaisoportunidades detrabalhoaquietambémpelaótimaassistênciamédica, devidoàexistênciadoHospitalSamaritano. Minha mãe veio para o Brasil com nove anos de idade, em 1913, ficando num colégio interno, em Piracicaba. Seu pai fora “importado” da Inglaterra para trabalhar como contador numa firma inglesa que negociava café. Durante um tempo, a família morou na fazenda da firma onde trabalhava meu avô, em Matão, pertodeAraraquara.Posteriormente,veioparaaCapital. Pois é, eu estou aqui graças a um cão. Meu pai, quando chegou a São Paulo, comprou um cão pastor alemão. Naquela ocasião, morava numa pensão alemã onde não se aceitava animais de estimação. Foi então obrigado a deixá-lo nos alojamentos doAlto da Serra, ondetrabalhavanaconstruçãodausinahidroelétricada Light and Power. Após um tempo, cansado das exigências da pensão, resolveu procurar outra. Leu um anúncio na revista “Times of Brazil”, noticiário mensal da comunidade inglesa, de circulação no eixo Rio-São Paulo, que não existe mais. Era de uma pensão inglesa não muito longe de onde estava. Lá, perguntou para o senhorio se poderia levar o pastor e este lhe respondeu que sim, pois a família gostava muito de cães. Meu pai então mudou-se para aquela pensão. No fim de tarde, após retornar doAlto da Serra, costumava passear para exercitar o cachorro e quem o acompanhava era a filha do dono da pensão. Preciso dizer mais alguma coisa? Eraaminhamãe. Após quase 150 anos de história dos ingleses na cidade de São Paulo, a convivência diária com os paulistanos e gente de outras origens nessa grande metrópole e a noção de que a maioria viera do Reino Unido para fazer sua vida aqui e aqui permanecer, fez comquehouvesseumaprofundaintegraçãocomtudoo que diz respeito à cidade. Recentemente, com o intuito de centralizar as atividades britânicas, construiu-se um edifício ao qual foi dado o nome de Centro Brasileiro Britânico (Brazilian British Centre), que abriga o ConsuladoBritânicoemSãoPaulo,aFundaçãoBritânica de Beneficência, o Conselho Britânico, a Câmara de Comércio, a sede administrativa da Cultura Inglesa (cursosdeinglês),umrestaurante(TheBridge),umpub (Drake’s) e um auditório. Uma preocupação constante para quem ainda é da primeira geração nascida fora da Inglaterra é a de que muitos dos descendentes, embora carreguem um nome ou sobrenome inglês, por vezes, nem são mais fluentes na língua de seus avós ou bisavós, tal a miscigenação inter-racial. Não há como se saber o que as futuras gerações dirão a respeito de um nome estrangeiro que levam. Portanto, é de suma importância que se procure fomentar a noção de quem foram os ancestrais. Pessoalmente, encontrei uma forma de assim fazer, através de uma biografia de meus pais, com inúmeras fotografiasdefamília,alémdedocumentospertinentes. Meus netos nada saberão de seus bisavós se não a consultarem. Que dizer, então, de meus bisnetos, não é verdade? Texto extraído do livro HUNKY DORY - uma antologia de prosa e verso Walter W.Harris Rumo Editorial - 2013 - 1a.edição todos os direitos reservados AQUISIÇÕES: wwharris@gmail.com
  • 9. Opinias - Julho 2014 99999 MÚSICA CLÁSSICA O MUSOPEN, biblioteca on-line de obras musicais de domínio público, disponibiliza peças de 150 compositores clássicos para download ou audição on-line.As composições estão organizadas por períodos, instrumentos, intérpretes e compositores.As peças são conduzidas por maestros e instrumentistas consagrados. Para fazer o download é necessário um registro simples. Os downloads gratuitos são limitados ao número de cinco por dia. O Musopen também disponibiliza as partituras das obras que compõem o projeto.Acesse: https://musopen.org/ No imenso mar da internet é possível encontrar bons lugares para atracar durante a navegação. Singrando esses mares, a redação de OPINIAS encontrou alguns portos seguros que vale a pena conhecer: Por LUCIANA GOMES GIMENES Administradora de empresas e Coordenadora de compras São Paulo - SP lucianagg@uol.com.br NAVEGANDO CARTÓRIOS ON-LINE A conhecida burocracia dos serviços de cartório poderá ser facilitada com a utilização da internet. No site CARTÓRIO 24 HORAS, você poderá requerer certidões e documentos em cartórios de todo o Brasil, pagar as taxas pela internet e receber os documentos no endereço que indicar. Consulte: http://www.cartorio24horas.com.br/ MEDICAMENTOS No site CONSULTAREMÉDIOS você poderá encontrar tudo sobre medicamentos: preços, informações, bulas e muito mais. Você encontra o remédio que deseja em ordem alfabética,porcategoriaouporprincípioativo,utilizandoo sistema de busca inteligente do site, que permite ainda que você localize drogarias e farmácias mais próximas de onde estiver.Elembre-se:qualquermedicamentodeveráser utilizadosobsupervisãoouorientaçãomédica. http://consultaremedios.com.br/
  • 10. Opinias - Julho 2014 1010101010 Você já ouviu falar de Vanuatu? Eu, pelo menos, nunca tinha ouvido até encontrá-lo num site de turismo e decidir visitar este país tão lindo e encantador. Em busca de um destino barato saindo aqui da Austrália onde moramos há quase 5 anos, encontramos Vanuatu. Trata-se de um arquipélago composto por 83 ilhas relativamente pequenas localizadas no Pacífico, a 3 horas e meia de voo saindo de Sydney. A população de 220.000 habitantes é menor que a do Guarujá (SP) e seu tamanho menor que a cidade de São Caetano do Sul (SP), com aproximadamente 12.274 km2! É um pedacinho de terras vulcânicas no meio do nada quando comparado à imensidão do nosso Brasil. Existem vários vulcões ativos em Vanuatu e a atividade vulcânica é relativamente comum. A mais recente erupção ocorreu em 2008 e outra em 1945. Enquanto olhava as fotos daquele lugar no site de viagens, tive uma impressão fortíssima de um dejavu. Vanuatu é um daqueles paraísos de águas claras, calmas e quentes que o Globo Repórter mostra nas noites de sexta-feira. Lembrei-me da minha infância e do meu sonho de um dia poder visitar um lugar como esse que o repórter mostrava. Eu tinha lá meus 10 anos quando assistia àquele programa na televisão que mostrava locais tão exóticos, cheios de lugares verdes e de mares azuis esverdeados. Então eu pensava: “toda pessoa deveria ter o direito de visitar um paraíso como este pelo menos uma vez na vida...”. É emocionante e de tirar o fôlego. Bem, visitamos a ilha principal, Efate. Lá conhecemos um povo tranquilo e sorridente que gosta de reggae e que até parece andar mais devagar, devido ao calor. Simples no modo de viver, mas muito, muito feliz e conectado com a natureza tão divina das ilhas. O lugar é realmente magnífico e apesar de seu nome não ser tão popular como Tailândia ou Caribe, muitos de nós já vimos pelo menos um dos pontos turísticos mais famosos. Lá foi um dos sets do filme “Lagoa Azul”, de Randal Kleiser. Seguem algumas fotos de nossa visita. Se um dia decidirem sair por aí em busca de novas sensações, visitem Vanuatu. VANUATU a encantadora e feliz lagoa azul Opinias - Julho 2014 Por NA GIMENES Administradora de empresas Sydney - Austrália nairagimenes@gmail.com
  • 11. Opinias - Julho 2014 1111111111 Blue Lagoon - Port Vila Sunset em Erakor Island Resort & Spa Vanuatu Reggae nativo no Erakor Island Resort Road Trip, em Éfaté Cores e belas paisagens presentes em todo o lugar http://guia-viagens.aeiou.pt/vanuatu-o-lugar- mais-feliz-da-terra-algures-no-pacifico/ Saiba mais sobre VANUATU
  • 12. Opinias - Julho 2014 1212121212 O som do piano ressoa por entre as paredes da mansão.Acena de um filme projeta um homem consolando uma mulher em prantos. Uma sucessão de imagens decifradas através de um belo traço transcende ao que muitas vezes a leitura convencional, aquela feita apenas por palavras, não consegue traduzir: O som do silêncio. E com as mãos de uma velha senhora gestante acariciando uma grande baleia, inicia- se a graphic novel (ou novela gráfica, como preferir) Cachalote. Lançada em meados de 2010, marca a estreia de Daniel Galera, um dos nomes mais interessantes da nova literatura (essa tal de geração zero zero) no gênero considerado um subgênero por muitos, as HQ´s. E vem bem acompanhada do artista Rafael Coutinho, filho do ilustre cartunista Laerte. As cenas desenhadas sob a prosa de Daniel Galera mostram como se escreve de verdade nos quadrinhos. O texto está além dos balõezinhos com as frases e os diálogos. Cada quadro é uma letra nova de um alfabeto próprio e mostra quão genuína é a arte sequencial. Seis histórias estão divididas em três partes. A cena inicial, descrita no primeiro parágrafo deste texto, não será desenvolvida no miolo do livro. O leitor não vê o amadurecimento da história formada apenas por uma senhora grávida e sua baleia onírica. Mas são com esses mesmos personagens que o livro se fecha. Já as outras cinco constroem quebra- -cabeças com imagens diferentes, mas em todos os quadros dá-se a impressão que falta uma peça importante para o desenvolvimento dos personagens. Se esta imagem fosse a de uma grande baleia cachalote, a peça perdida provavelmente seria o estômago. Como se o alimento entrasse pela superfície, mas não seria digerida totalmente. Depois da introdução, é mostrado um ator de cinema chinês conhecido como Xu Dongsheng. Visivelmente acima do peso, é quase um clichê dizer que está decadente. Vem ao Brasil promover seu último filme de artes marciais tendo como premissa um retorno triunfal do astro. Durante sua estadia em um hotel chique na companhia de mulheres e bebidas, um colega ator comete suicídio. Sua reação indiferente o transforma em suspeito. Resenha baseada na Graphic Novel de Daniel Galera e Rafael Coutinho CacCacCacCacCachalotehalotehalotehalotehalote Por GUSTAVO BARBOSA ROSSATO Escritor e Servidor público Jundiaí - SP gustavobarbosarossato@gmail.com
  • 13. Opinias - Julho 2014 1313131313 Hermes é um escultor que vive isolado em sua casa no campo. Seu trabalho com as pedras de mármore revela aos poucos uma obsessão contida. Encontra um diretor de cinema disposto a transformar sua vida em filme. O cineasta quer dissecar o cotidiano do escultor misturando realidade com ficção. Um jovem chamado Vittorio vive aventuras eróticas no estilo bondage japonês com garotas que seguem o mesmo padrão estético. Uma menina linda e delicada (fugindo desse padrão) entra na vida do rapaz e descobre suas fantasias não convencionais. Ela está disposta a compartilhar a experiência, mas sua pele não se adapta às cordas que Vittorio a prende. Quanto mais apertada, mais destrutivo é o processo. Rique, um órfão de pai e mãe, vive com seus tios ricos. Uma relação complexa entre tios e sobrinho o faz viajar por tempo indeterminado na Europa. Em Paris, encontra Dante que vive ilegalmente com sua namorada Nádila. Os dois viram um ponto de sustentação para Rique, que não consegue enxergar o desprezo de não saber fazer nada. E por fim Túlio, um escritor deprimido. Tem uma relação amistosa com sua ex-mulher que também possui problemas emocionais. Eles se vêm constantemente e seus encontros estão além de fazer a filha criança observar a mãe e o pai no mesmo lado. Os dois ainda precisam um do outro para construir uma nova página em suas vidas. Essas histórias não se cruzam em nenhum momento do livro, e não existe uma separação de quando uma começa e outra termina. Ao ler estranhei a ausência dos números nas páginas. Essa organização própria dos autores me fez sentir flutuando numa piscina quando seus pés não tocam mais o azulejo e você precisa erguer a cabeça para continuar respirando. O livro está além de descrever a solidão. Trata também sobre a insegurança. Adificuldade de se desconstruir ou reinventar. Descer aos reinos abissais do oceano frio e ver criaturas sem as formas familiares. A sensação ao final da leitura é a de boiar em uma piscina incapaz de enxergar sua profundidade.
  • 14. Opinias - Julho 2014 1414141414 Por CARLOS EDUARDO DE OLIVEIRA Engenheiro Santo André - SP carlos@sabbahi.com.br Salut les amis! Diadessesumamigocomprouumaadegaclimatizadaeme perguntou se eu poderia aconselhá-lo sobre a temperatura correta de regulagem de seu equipamento. Então fui pesquisarparamelhororientá-lo,originandoassimuma postagem no meu blog e esta coluna em Opinias. Primeiramente, muita gente acha que a adega serve para colocar os vinhos na temperatura correta de serviço - seria só tirar da cave, desarolhar e beber! Mas a verdade não é bem essa para boa parte dos vinhos. Em segundo lugar, adegaclimatizadaemcasaéumluxo. Qualquer lugar fresco e abrigado da luz já é suficiente para armazenar bem os vinhos do uso cotidiano. Para isso serve um armário, o espaço sob a escada, o depósito na garagem... Ficando longe de fontes de vibrações, luz e calor (lareiras, chaminés, fornos), tudo bem - o vinho deve se manter bem neste local. O investimento em uma adega só vale a pena para quem opta pela compra de vinhos de guarda,aquelesgrandesvinhosquedevemficararmazenados durante um certo período a fim de que cheguem no ponto certo para sua degustação. Agrandemaioriadasminhasgarrafaséguardadanummóvel com nichos, sob o balcão. Minha pequena adega climatizada é reservada para os vinhos mais delicados, os mais velhos, e aqueles que eu guardo para ocasiões especiais.Ali eu conservovelhosBourgonhasejovensBrunellosdi Montalcino, Barolos e Bordeaux que precisam de algum tempo na garrafa para “desabrochar”. E eu a regulei para funcionar entre 15 e 18 graus centígrados. Para a nossa temperatura média em São Paulo, essa faixa é econômica - desde que a adega esteja com um bom isolamento, não vai ficar acionando o compressor e gastando energia a toda hora. VINHOVINHOVINHOVINHOVINHO na temperatura certa
  • 15. Opinias - Julho 2014 1515151515 http://www.conservadonovinho.blogspot.com.br/ VISITE O BLOG e DESFRUTE MAIS Quanto à temperatura de serviço, ou seja, a temperatura que o vinho deve ser mantido à mesa enquanto estiver sendo consumido, genericamente, em torno dos 18 graus a maioria dos vinhos tintos já está adequada para ser degustada. Os vinhos brancos precisam ainda de um resfriamento antes de serem bem apreciados; se houver antecedência, podem ser colocados na geladeira por um tempo; do contrário, um balde de gelo com uma solução refrigerante (água, gelo, um pouco de sal e um pouco de álcool) é bem eficaz para o resfriamento. Algunsenófilosnãorecomendamresfriarovinhorapidamentenocongeladorpara não provocar um “choque térmico”. Outros dizem que não faz mal nenhum este choque em vias de sacar as rolhas, principalmente se tratando de uma garrafa mais simples e despojada. Concordo com estes últimos, uma vez que, em ocasiões especiais e com vinhos especiais, você naturalmente irá se programar com antecedência e tomará mais cuidado ao resfriar docemente sua tão bem guardada garrafa num balde de gelo, onde você pode facilmente controlar a temperatura adicionando ou retirando os cubos. 1515151515 Deve-se notar que a temperatura mais baixa ressalta a acidez, o frescor, a jovialidade do vinho, enquanto “mascara” a doçura, a fruta, o álcool (o álcool é doce). Por isso costumamos beber os vinhos mais encorpados, concentrados e tânicos a temperaturas mais altas e os vinhos que devem ser mais refrescantes, brancos e espumantes, mais resfriados. O tanino, aquela substância presente nos vinhos tintos que provoca a sensação de adstringência e secura na boca, é potencializado a temperaturas mais baixas.Ainda, de acordo com o gosto individual, pode-se ressaltar alguma característica do vinho manipulando a sua temperatura de serviço, como também disfarçarumdefeitoouumdesequilíbriodedeterminadagarrafa. Vinhos tintos mais simples, mais leves, mais “fáceis de beber” - como por exemplo os Beaujolais, podem ser bem mais resfriados, até em torno de 12ºC. Vinhos brancos novos e refrescantes podem ser bebidos entre 8 e 10ºC, e os mais encorpados, maturados em barrica de carvalho, devem ser menos resfriados, consumidos em torno de 12, até 14ºC. Quanto aos vinhos “fortificados” doces, os tintos (Porto, principalmente), podem ser bebidos na temperatura ambiente, enquanto que os brancos (Sauternes, Muscat, colheitas tardias) são controversos - alguns enófilos recomendam apreciá-los em torno de 14ºC, mas eu acho melhor bebê-los mais geladinhos, o que destaca sua acidez equilibrando mais com sua doçura. Com o tempo, a sensibilidade será suficiente para definir se um vinho está na temperatura correta ou não - o uso de termômetros não me parece muito prático, embora existam no mercadoótimostermômetrosinfra-vermelhosmuitofáceisdeusar.Convémqueoenófilotenha em mãos pelo menos dois baldes para o resfriamento e conservação dos vinhos à mesa - um maior, para ser utilizado em ocasiões em que são abertas várias garrafas, e outro, menor, para seu uso mais cotidiano - afinal é dispendioso e demorado produzir grande quantidade de gelo. No caso da utilização de decanter (o que será assunto em uma próxima edição), pode ser necessário às vezes repousá-lo em uma travessa com gelo ou água gelada. Como quase tudo no mundodosvinhos,issopareceserumaquestãode“milhagem”,oumelhor,“litragem”... Santé! Au revoir!
  • 16. Opinias - Julho 2014 1616161616 Eu moro em XANGRI-LÁ, município do litoral norte do Rio Grande do Sul composto por 8 praias. Mar agitado com ondas fortes favorecem a prática do surfe e da pesca.Aplataforma marítíma é uma atração ímpar, com 300 metros mar adentro em forma de “L” e com 75 metros de braço ao norte. Originalmentetinhaoformatode“T”,masem1997fortes ressacas abalaram as estruturas e o braço sul caiu e afundou no mar. Xangri-Lá possui dois sambaquis dos mais importantes do litoralgaúcho,verdadeirossítiosarqueológicos.Fazdivisaao norte com a lagoa dos Quadros.Apaisagem daqui é de inconfundivel beleza e o pôr do sol é maravilhoso. O nome foi inspirado em SHANGRI-LÁ, uma palavra criada pelo novelista inglês James Hilton (1900-1954), na sua obra Horizonte Perdido escrita em 1933. Shangri-Lá era um país imaginário, na região doTibete, na qual as pessoas que lá chegavam conseguiam conservar a sua forma física, desde que dali não mais se retirassem. Nesta obra, que o cinema e as muitas traduçõestornamamplamenteconhecidas,JamesHilton realizou um "tour de force" aliando o romance de aventuras ao romance de ideias. Xangri-Lá é um símbolo e uma aspiração. Nele não existe o mal, e a vida cresce em amor e sabedoria. Xangri-Lá é a terra dos homens felizes, constituíndo uma versão moderna da Terra da Promissão. O romance de Hilton escrito combelezaesimplicidadetraduzatranquilidadedeXangri-Lá. SAIBSAIBSAIBSAIBSAIBAAAAA TUDO SOBRE MINHA CIDTUDO SOBRE MINHA CIDTUDO SOBRE MINHA CIDTUDO SOBRE MINHA CIDTUDO SOBRE MINHA CIDADE:ADE:ADE:ADE:ADE: http://wwwhttp://wwwhttp://wwwhttp://wwwhttp://www.xang.xang.xang.xang.xangrila.rrila.rrila.rrila.rrila.rsssss.g.g.g.g.gooooovvvvv.br/no.br/no.br/no.br/no.br/novvvvvosite/osite/osite/osite/osite/ Eu moro em XangXangXangXangXangri-Lári-Lári-Lári-Lári-Lá Por RAQUEL ZARPELLON Fotógrafa amadora Xangri-Lá - RS raquelzarpellon.2@hotmail.com Opinias - Julho 2014 1616161616
  • 17. Opinias - Julho 2014 1717171717 A ideia – sempre – é escrever algo novo. Mas, tão vero quanto “quem ama o feio bonito lhe parece”, dá-se toda vez que nos dispomos, nós, os poetas, a dizê-la: a novidade. Dá-se algo meio contraditório, algo um tanto quanto inexplicável, e, algo a que não explicamos, sobretudo porque disso não temos o domínio... algo mais ou menos assim... por assim (tentar) dizer. Nós, por conseguinte, os poetas, supostos artífices, pretensos mestres, estamos mais (no mínimo) para os ossos no ofício dela, a Palavra. Dela, que faz de nós o que bem quiser. E que, por sorte nossa, nos quer bem. Reparem que, invariavelmente, as cinzelamos, as novas, sob lustrosas roupagens, palavras outras, chovendo, entretanto, isso sim, no molhado! E aqueles que depõem contra mim, repetir-se- ão entre argumentos – pra variar também –, protestando: ora, que absurdo; não é nada disso, uma coisa é uma coisa e outra coisa é outra coisa, e blá-blá-blá... Lutem, pois a luta é o mote da vida, da mesma maneira que o mote é a vida da Poesia. Lutem, debatam entre si, haja vista no que me diz respeito não adiante mais querer convencer-me do contrário, ou seja, de algo que não seja exatamente isso: a dita-cuja coisa é a mesma coisa cuja- -dita. Os motivos persistem. Nós é que não vamos sendo os mesmos. Cinzas, verdes, vermelhos, azuis, lilases, pretos, brancos, amarelos, furtas... as cores continuam ali. Nós, todavia, passamos. Indubitavelmente todas as coisas sofrem ações, transformações... apresentam-se alteradas, mais fortes ou tênues. Porém, será mesmo que o olhá-las, não será – este sim – ao invés de quaisquer mudanças que em si ocorram, o que de fato concorre para a pluralidade das formas de, por sua vez, serem tais ocorrências traduzidas? É como sinto quando suponho traduzi-las agora. Sabendo-a jamais uma tradução ao pé da letra. O que não garante sentir ou pensar o mesmo amanhã. Nem daqui a pouco. E lá virei eu. De novo aqui (e acolá) para dizê-lo. Não para dizê-lo igualmente, embora, diverso o mesmo diga. Permanece o Tempo. Variamos entre sólidos propósitos e líquidas incertezas. Bem (ou mal) assim somos: seres de impalpáveis naturezas, de essências inconstantes, imateriais por suposto. Elásticos apesar e talvez por causa de tudo. Aonde quer que cheguemos... tornaremos à raiz: essa busca tão inútil, tão estúpida quanto nobre, sabe-se lá de quê ou por qual razão. Uns tornados talvez sejamos. Ou simplesmente uns tontos. Menos um fenômeno e mais uma casualidade. Ou não. Seja, entanto, como seja... não é de todo ruim sê-lo. Não é de todo mal não sabê-lo exatamente, outrossim. Soubéssemos mais, não estaríamos aqui a divagar. Soubéssemos menos, não elucubraríamos sequer. Soubéssemos aquilo, talvez não saberíamos isto e vice-versa. Tivéssemos o fogo absoluto do conhecimento, quem sabe, não nos juntaríamos em torno dessa metafórica fogueirinha de papel alimentada não por um moto-contínuo, mas, antes – e sempre – pelo mote- -perpétuo. ... recorrências RECORRENTES “Quando nasci, já tinham sido inventadas todas as palavras que podiam salvar o mundo. Só faltava salvá-lo.” Almada Negreiros - (1893-1970) Por VALQUIRIA GESQUI MALAGOLI Escritora e artista plástica Jundiaí - SP vmalagoli@uol.com.br Opinias - Julho 2014 1717171717 da janela lateral do quarto de dormir (monotipia)
  • 18. Opinias - Julho 2014 1818181818 Um fato que já virou rotina para os residentes dos EUA quando estão com viagem marcada para o Brasil é receberem pedidos de encomendas;sejamdefamiliaresouamigosresidentesnoBrasil, ou mesmo dos que aqui residem e que aproveitam a comodidade e a economia. Estas pessoas sabem que os preços dos produtos importados, quando comprados na fonte, no caso nos EUA – são mais em conta, não pagam taxa de importação e além do mais há a mordomia de receberem seu produto pelas mãos de uma pessoa de confiança, sem problemas de extravio da mercadoria. Entretanto há dois lados da mesma moeda: apesar de os interessados verem essa oportunidade como uma maneira de economizar ao encomendar seus “importados”, nem sempre os que estão de viagem marcada para o Brasil estão dispostos a levarem encomendas. Portanto dicas são válidas tanto para quem pede como para quem concorda em levar algo. Quando for pedir paraalgumamigooufamiliarparaadquirirencomenda,não esqueça de considerar o peso, o valor e a disposição do condutor. Caso aceite levar algum pedido, tenha certeza de especificar o peso máximo, o que é concebível levar, o tamanho e o valor, para não chegar lá e ter surpresas inesperadas e constrangedoras. ENCOMENDENCOMENDENCOMENDENCOMENDENCOMENDASASASASAS levar ou não? Eis a questão... Por ANGELABRETAS Jornalista e escritora Boca Raton - EUA angelabretas@hotmail.com “Bom, tenho um grande amigo na Bahia, que quando soube que eu estava indo de férias ao Brasil, me ligou e encomendou uma ‘baby doll’ – boneca inflável”
  • 19. Opinias - Julho 2014 1919191919 O QUE GOSTARIA DE ENCOMENDAR DOS EUA E RECEBER NO BRASIL? Sérgio Moraes - Treinador de Cavalos – São Roque – SP: “O que mais eu gostaria de encomendar dos EUA são artigos para cavalos (freios, mantas, protetores e caneleiras etc.), botas, chapéus, DVDs em geral, eletrônicos, jeansWrangler, e se fosse possível, café do Starbucks... mas para ser super sincero, o que eu mais gostaria mesmo era poder voltar a morar nos Estados Unidos. Estou aqui desde 2008 e não consigo mais me adaptar a isto aqui, morro de saudades daAmérica”. Vania Bretas – 55 anos – Consultora Dilarouffe (Cosméticos Brasil) – Barbacena – MG: “Eu tenho preferência por perfumes e cosméticos.Tanto que encomendeiviainternetumDermology,penaquenão recebi”. Vanda Fátima HautAlcantara – 44 anos –Agente deViagem –Ariquemes – RO: “O que mais gosto de receber de encomenda é perfume importado, adoro!” QUAL FOI O PEDIDO MAIS ESTRANHO QUE VOCÊ RECEBEU PARA LEVAR COMO ENCOMENDA? Rodrigo Marianno – 42 anos – General Contractor – Fort Lauderdale: “Bom, tenho um grande amigo na Bahia, que quando soube que eu estava indo de férias aoBrasil,meligoueencomendouuma“babydoll”– boneca inflável – para satisfazer seus desejos sexuais. Queria uma boneca americana. Levei, mas passei a maior vergonha quando, no aeroporto, revistaram minhamala.Fiqueicomacaranochão.Imagineir para o Brasil e levar mulher de plástico!” Maurício F. – 38 anos – Corretor de Imóveis – Boca Raton: “Concordei em responder porque prometeram nãocolocarmeuúltimonomeouminhafotonarevista. O que já me pediram para levar e que na hora fiquei sem jeito de dizer não, foi um gigantesco “water-pipe” – cachimbo de água para fumar baseado. O problema é que tive que me explicar na alfândega, além de ter que pagar peso extra da bagagem porque o cachimbo era muito grande e frágil. O pior é que meu amigo ficou tão doido com a encomenda que esqueceu de me pagar. Nunca mais me submeto a isso. Quando vou ao Brasil não aviso mais aos amigos... chego de surpresa!” Rui Moreira Frizzo – 44 anos – Empresário – Pompano Beach: “Bom, como vou ao Brasil frequentemente,meusparentesqueláresidem aproveitam e me sobrecarregam de pedidos que variamentreeletrônicoseperfumes.Entretanto,minha última encomenda foi um pesadelo. Me pediram 12 latinhas de Dr.Pepper (refrigerante) porque lá não existe. Como é algo barato e fácil de encontrar, não hesitei em prometer que levaria. Entretanto, acho que com a pressão do avião as latinhas estouraram dentro da mala e arruinaram todas as minhas roupas e alguns presentes eletrônicos. Encomendas para o Brasil? Estou fora dessa!” MariaAguinela Ferrazzo – 22 anos – Estudante da FAU: “Quando vou ao Brasil gosto de levar presentinhosparaminhasprimasquejáresidiramaqui. Sóquenaminhaúltimaexperiênciapasseiapertado porque resolvi levar Peanut Butter (elas adoram a geleia de amendoim daqui). Levei 10 vidros e a alfândega de lá me tomou tudo, não deixou eu passar e alémdomais,tivequepagarumamultaporquelevei mais de 10 unidades do mesmo produto.Achei um absurdo porque não paguei nem 50 dólares pelos produtos e mesmo assim tive que desembolsar mais de 300 reais de multa e ficar sem os produtos... Foi burriceminha,poisresolvilevar10unidadeseaprendi alição!” SAIBA COMO NÃO SER BARRADO NA ALFÂNDEGA NO BRASIL http://www.receita.fazenda.gov.br/aduana/ viajantes/viajantechegbrasilsaber.htm
  • 20. Opinias - Julho 2014 2020202020 GIACOMO PUCCINIPUCCINIPUCCINIPUCCINIPUCCINI Por LUIZ GONDIM DE ARAUJO LINS Psiquiatra e escritor Rio de Janeiro - RJ luiggondim@gmail.com Um dos maiores talentos musicais e dramáticos de todos os tempos, Giacomo Antonio Domenico Michele Secondo Maria Puccini detestava a música quando criança. Porém, a genética exerceu forte influência, posto que ele representava a quinta geração musical em sua família. O pai, Michele Puccini, foi professor, compositor e organista em Lucca, cidade da Itália onde Giacomo nasceu em dezembro de 1858. Foi o quinto de sete filhos. Ficou órfão de pai aos seis anos e o tio, Fortunato Magi, o encaminhou ao Istituto Musicale Pacini. Aos onze anos, sua mãe conseguiu uma pensão que lhe permitiu estudar em Milão, cidade dos sonhos dos jovens de talento na Itália daquela época. Teve lembranças penosas das aulas de piano quando menino, pois ao errar uma nota, recebia uma canelada de seu professor. Anos depois, quando ouvia uma nota falsa, o pé lhe saltava para cima, tal a profundidade do condicionamento. Aos vinte anos, já em Milão e ainda pobre, suas refeições eram sopa e feijão. Puccini foi um homem atraente, sempre teve irresistível atração pelas mulheres, primando pela infidelidade; viciado no jogo carteado, onde contraiu muitas dívidas. Gostava Opinias - Julho 2014
  • 21. Opinias - Julho 2014 2121212121 de beber e de caçar, extremamente vaidoso, não admitia derrotas e era pão duro. A melodia de Puccini se constitui numa espécie de clorofórmio que acalma os sentidos e adormece o intelecto. O narcótico de sua música foi destinado a encantar o mundo. “A música das óperas de Puccini não há de ser cantada apenas com a garganta, mas também com o coração”. Puccini é considerado o pai do teatro musical moderno. Percorreu labirintos românticos com toques poéticos sutis e personalíssimos. Isso não impediu críticas dirigidas a algumas de suas óperas, a saber: Influência da “Carmen”, de Bizet, no segundo ato de “ La Bohème”; Passagens de “Tristão e Isolda”, de Wagner, na abertura do terceiro ato de “Manon Lescaut”, o belíssimo Intermezzo; As marcas das últimas óperas de Verdi, de quem foi profundo admirador; Lembranças de Debussy, em “Madame Butterfly”; Influência da “Sagração da Primavera”, de Stravinsky, em sua última ópera “Turandot”. Aliás,Turandot também estaria relacionada a uma coleção de caixas de música, oriundas de Pequim, que lhe foram cedidas por um amigo. Antes de completar essa ópera, Puccini faleceu, sendo ela terminada por seu pupilo Franco Alfano (apenas as duas últimas cenas). Arturo Toscanini conduziu a ópera Turandot em sua estreia, em abril de 1926, na presença de Benito Mussolini. Ao chegar ao ponto em que Puccini a interrompera, ele parou de reger dizendo: “aqui o maestro abaixou sua caneta”. Quando Puccini alcançou enorme popularidade, tornou-se um elegante Don Juan, passando a ser assediado por um número elevado de mulheres, inclusive casadas. Uma delas, de nome Elvira Geminiani, casada com um comerciante de Lucca, abandonou o marido e fugiu com o compositor, num relacionamento que durou dezoito anos. Embora amando Elvira, desfrutou, concomitantemente, de várias outras mulheres de todas as classes sociais. No que concerne às leis do amor, há um divisor de águas, real ponto de desencontro entre o homem e a mulher. Enquanto esta prima pela continuidade, aquele está em permanente descontínuo. Ela está ligada a uma cadeia, sucessão de elos que envolvem o prazer, sem um pico culminante; ele precisa atingir ao pináculo, sem antes e sem depois, importando, apenas, chegar àquele objetivo. Puccini não escapou a esse princípio inexorável. Eram dois compartimentos bem distintos: o artista genial e o bicho homem. Passou a ser chamado de Monsieur Butterfly. Uma criada do casal Puccini, de nome Doria, acusada de ser amante do compositor, tomou veneno e morreu. A autópsia veio a revelar que era virgem. Diziam de Puccini: “ele suga todas as flores e varia a cada momento”. Ao que ele retrucava: “no dia em que eu não mais me apaixonar, poderão encomendar-me o enterro”. Sua vida privada ensejou uma série de anedotas e aí vai uma delas: enquanto se hospedava em um elegante hotel de Viena, no período de fama, uma bela mulher foi visitá-lo. Estando de pijama, sentiu-se pouco à vontade, pediu desculpas e foi ao quarto para se vestir. De volta, encontrou a mulher nua. Pensou: “essa mulher é louca, mas, pensando melhor, acho que seria perigoso lutar contra a loucura, quanto mais se tratando de um espírito louco encerrado em um corpo tão bonito”.
  • 22. Opinias - Julho 2014 2222222222 Acima de tudo, Puccini adorava a solidão, quando se sentava ao piano, chapéu na cabeça, fumando, elaborando temas de novas canções. No cenário, um lago de prata contrastando com o céu noturno. Puccini, já famoso, buscava o intérprete principal para “La Bohème” e, entre diversos candidatos, estava Enrico Caruso. A ária escolhida foi “Che gelida manina”, tendo Caruso vacilado num “dó agudo” próximo ao final, perdendo, assim, sua chance. Para o grande tenor, isso foi um grande desafio, que ele aceitou e venceu, tornou-se amigo íntimo de Puccini, vindo a ser o mais brilhante intérprete de suas óperas. A primeira ópera “Le villi” (1884), sobre os campônios da Floresta Negra da Alemanha, participou de um concurso e não ganhou prêmio. Ele ficou decepcionado, posto que seu colega e amigo Pietro Mascagni obtivera sucesso pleno com a ópera “Cavalleria Rusticana”. Em 1889, a segunda ópera, “Edgar” foi um fracasso que quase conduziu Puccini ao desânimo. Mas, em 1893, “Manon Lescaut” foi grande sucesso. Em 1886, “La Bohème”, no teatro Regio, em Turim, arrebatou as plateias. Sua linha melódica atinge a plenitude, somada à concisão quase epigramática dos diálogos. São raras as óperas que mantêm durante toda a sua extensão (duas horas aproximadamente) os esplendores poéticos, misto de tragédia e humor. As árias “Mimi” e “Che gelida manina”, além do dueto “O suave fanciulla” são arrebatadores. Em 1900, ocorreu a estreia de “Tosca” (amor, ódio, revolta, inconformismo, tragédia). Narra a história de um pintor romano condenado à morte pelo chefe de polícia. As árias “Recondita armonia”, “Vissi d’arte” e “E lucevan le stelle” (despedida da vida) apaixonam pela beleza e grandiosidade. Nesta última, é incrível o clarinete anunciando a rica melodia. No entanto, a peça foi duramente criticada por Gustav Mahler. No ano de 1904, no teatro Scala de Milão, “Madame Butterfly” foi lançada. Fracasso inicial daquela que viria a ser das óperas mais populares do mundo, narrando a história muito triste de uma gueixa japonesa que se apaixona por um tenente da marinha americana. O “dueto de amor” é considerado o mais belo de todas as óperas. Talvez a peça seja a mais sonora de todas compostas pelo mestre de Lucca. Puccini rescreveu a ópera, modificando o tema da entrada da Butterfly, dividiu em dois o segundo ato, que era muito longo e suprimiu as referências grosseiras e inoportunas do tenente Pinkerton aos hábitos alimentares do povo japonês. O filho do casal teve como nome Desgosto. Destaque-se, ainda, o “tríptico” composto de 3 óperas curtas: “Gianni Schichi”, “Suor Angelica” e “Il tabarro”. A última ópera do mestre italiano foi “Turandot”. Versa sobre uma antiga lenda chinesa de uma princesa frígida que submetia seus pretendentes à solução de três enigmas, sob pena de perderem a vida caso falhassem. Outras óperas poderiam ser citadas: “La fanciulla del west” (enorme sucesso nos stados Unidos) e “La rondine” (grande lirismo). Puccini era muitíssimo exigente, beirando ao perfeccionismo, levando anos para compor uma ópera. Apenas em 1968 ele foi reconhecido na Alemanha. O grande inventor Thomas Edson, admirador do mestre italiano, deu-lhe um gramofone de presente. Quando compunha “Turandot”, Puccini sentiu uma indisposição; foi diagnosticado um tumor maligno, o qual foi tratado por um renomado especialista da Europa. Ele sofreu muito, já era diabético, não mais falava, se comunicava por bilhetes. Faleceu em 29 de novembro de 1924, em Bruxelas e o corpo retornou à Torre do Lago, palco maravilhoso de suas grandes criações e lá permanece até hoje. Puccini inspirou o futuro Teatro Musical e foi imortalizado por sua grandeza incomparável e inspiração divina.
  • 23. Opinias - Julho 2014 2323232323Antes regido pela Lei nº. 4.591, de 16 de dezembrode1964,ocondomínioemedificaçõesganhou um capítulo inteiro no Novo Código Civil de 2002, denominado“DoCondomínioEdilício”,reguladopelos artigos 1.331 a 1.358. Quempossuiapartamentoouconjuntocomercial integrante de um edifício, tem pleno conhecimento das dificuldadesderelacionamentoeconvíviosocial. Os problemas são de toda ordem e vão desde o barulho excessivo da vizinhança, passando por funcionários e síndicos despreparados, até a inadimplência, os abusos e a arrogância. Desta forma, morar ou trabalhar em um condomínio exige tolerância, compreensão, diálogo, equilíbrio, respeito e educação, ou seja, qualidades que se encontram em desuso nos dias atuais. Então, como solucionaroslitígioseascontrovérsias? Em primeiro lugar, os problemas podem ser minimizadosquandooedifíciopossuiuma“Convenção Condominial”abrangente,objetivaemoderna,e,ainda, um“RegimentoInterno”queseadapteperfeitamenteàs atividades do prédio. Depois, existe a lei que rege a matéria e o Poder Judiciário para aplicá-la. Além disso, o exercício da sindicância deve ser firme, seguindo rigorosamente as normas estatutárias e os dispositivos legais, aplicando as sanções cabíveis sempre que se fizer necessário. Sabemos que gerir e administrar um edifício sob o regime de condomínio não é fácil. Às vezes surgem problemas em nossa própria casa, onde moram quatro ou cinco pessoas, imaginem um prédio residencial de pequeno a médio porte, com vinte apartamentos, por exemplo,ondeemmédiamoramecirculamdiariamente de oitenta a cem pessoas aproximadamente. É por isso que enfatizamos a importância da “ConvençãoCondominial”edo“RegimentoInterno”do edifício.Essesdispositivosserãoa“lei”docondomínio, razão pela qual se torna imprescindível que cada proprietário tenha uma cópia da Convenção e seja colocado em local visível a todos o Regimento Interno, paraqueninguémpossaalegarignorânciadessasnormas. Ressalte-se, ainda, que as decisões importantes e também aquelas que envolvam custo significativo para os condôminos devem sempre ser tomadas em “Assembleia”, onde democraticamente todos possam votar e externar as suas opiniões, lembrando que, para cada tipo de assunto a ser discutido há um quorum específico necessário para o seu exame e aprovação, de acordo com a lei. Por vivermos em sociedade, há direitos e obrigaçõesquetodosnóstemosqueexercitarecumprir. Noscondomínios–sejamelesverticaisouhorizontais– não é diferente. Por ROBERTO CAETANO MIRAGLIA Advogado / Negócios Imobiliários São Paulo - SP robertocmiraglia@hotmail.com O condomínio EDILÍCIOEDILÍCIOEDILÍCIOEDILÍCIOEDILÍCIO Opinias - Julho 2014 2323232323
  • 24. Pede-me moderação a mão destra Como se possível fosse emudecer Os gestos que anseiam o toque Dedilhadopeloscaminhosdaescrita Quando são os versos precipício e refúgio A canhestra emoção entorna dos dedos Ignorandoavigíliadocomedimento Ou a calma que me indica a ponderação A palavra em mim é sempre exposta Inquietaenua,engolindosilêncios Tenho na ponta dos dedos O lado de dentro do peito O verso e anverso do que não sei Meu viés e reverso confessos Sou de dizeres fartos e incontidos Queselançamimpulsivosnopapel No abismo de linhas desconhecidas Minhacaligrafianãoacalentabrisas Descobre-se e sabe-se em ventanias Escrevosempreintensamente Como se a última palavra fosse E na voz de cada letra Balbuciasse o derradeiro suspiro A voz das minhas MÃOSMÃOSMÃOSMÃOSMÃOS Por FERNANDA GUIMARÃES Gerente de hotel / poeta Fortaleza - CE fernanda.guimaraes67@gmail.com