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Baixar para ler offline
1
O mundo muda
O jeito de cuidar e
tratar também!
Cartilha anti-homofobia
para policiais
2
3
Apresentação
Usos e costumes. Dois policiais chegam à presença
do delegado e dizem: “Pegamos dois gays andando
na rua, senhor. E depois, demos uma boa humilha-
daneles”.Odelegadodiz:“Muitobem.Mêsquevem
vocês dois serão promovidos. Meus mais sinceros
Parabéns!”.
O mundo muda e o jeito de tratar as pessoas tam-
bém. Muitos policiais são vítimas por desconheci-
mento e por esse motivo continuam atrasados e re-
sistentes a se adaptarem ao mundo de hoje e, assim
acabam descontando nos outros as suas angústias,
medos, frustrações, derrotas e rejeições só pelo
fato de usar uma farda ou um distintivo que lhes
tornam autoridade. Usam de uma prática violenta,
nada técnica e muitas vezes até fora da lei, confun-
dindo uso com abuso, afrontando e indo de encon-
tro à dignidade humana com atitudes recheadas de
preconceitos que vão desde questões étnicas, de
gênero e principalmente de orientação sexual.
Muitos policiais ainda vivem no trabalho uma ex-
tensãofieldesuasexualidadelatente,transforman-
do as abordagens feitas aos homossexuais numa
intervenção sadomasoquista e jocosa, remontando
à época da Guarda Civil, onde esses cidadãos eram
conduzidos a Delegacia de Modos e Costumes, sim-
plesmente por serem gays ou quando esses eram
acusados de “vadiagem” pelo fato de elas não es-
tarem com sua Carteira de Trabalho à mão. Gays,
travestis, prostitutas e Lésbicas eram detidos e le-
vados a uma Delegacia de Polícia para fazer faxina
em suas dependências, situação essa humilhante e
deprimente.
Embora as políticas de direitos humanos sejam
hoje uma realidade no universo policial, ainda en-
contramos muitos policiais, sejam eles oficiais e
praças, que não compartilham desse novo mundo,
atitudes essas que, em pleno sec. XXI ainda encon-
4
tramos no Brasil e na Bahia, policiais desprepara-
dos na abordagem a (o) cidadã(o) LGBTT. Quem
mais sofre humilhações nessas abordagens são os
gays e travestis que têm sua identidade de gênero
não reconhecida por esses profissionais. É mui-
to comum escutarmos de travestis e transexuais
“você aí, que está vestido de mulher também pode
descer” por ocasião de abordagem por policiais em
veículos coletivos.
Renegados por suas famílias, para os homossexu-
ais restam, muitas vezes, as ofertas de um mundo
subterrâneo – ainda que não seja o submundo do
crime, mas com certeza é um mundo das sombras,
das esquinas escuras como tão bem ressaltou o
compositor Chico Buarque em sua música “Geni”.
Não se trata de drogas ou assassinatos! Muitos são
obrigados a vivenciar experiência de uma sexuali-
dade clandestina e em ambientes de vulnerabili-
dade social e física. A homofobia força o cidadão
que é homossexual a se esconder e vivenciar um
universo ou um mundo subterrâneo para que pos-
sa existir como pessoa e assim expressar-se como
sujeito de direito.
Enquantomuitoshomossexuaisnãopodemassumir
sua orientação sexual em seu local de trabalho, pois
muitas vezes são vítimas de homofobia e podem
perder emprego, família e amigos, alguns policiais
despreparados usam do abuso da autoridade para
praticar a violência homofóbica – física ou psicoló-
gica, inclusive prejudicando a imagem toda a corpo-
ração.Umhomossexualabordadoporpoliciais,após
a humilhação sofrida, relatou: “Com certeza, eu vou
chorar esta noite”. Conclamamos os intelectuais a
pensarem a questão e o povo a agir com educação,
fazendo valer o direito de serem respeitados em
qualquer tipo de abordagem policial.
À polícia cabe a segurança das pessoas, a condução
de criminosos e não de homossexuais que em al-
gum momento poderão estar em situação de afeto,
5
amizade, namoro e intimidade desde que não este-
ja incomodando outrem – por que a abordagem de
um namorado e namorada heterossexuais diverge
do trato para com o homossexual?
O artigo 5º da Consituição Federal diz que todos
somos iguais perante a lei, portanto o que um casal
heterofazempúblicoépermitidotambémaumca-
sal do mesmo gênero.
Um policial pode conviver em ambiente de, por
exemplo, prostituição, e para tanto ele deve estar
ali para garantir a segurança das e dos trabalhado-
res do sexo, porque a prostituição mesmo sendo
uma atividade socialmente não aceita, mas muito
usada, não é crime no Brasil, muito pelo contrário
é uma ocupação profissional reconhecida pelo Mi-
nistério do Trabalho; a exploração sexual de crian-
ças e adolescentes, como já se sabe, sim, é crime e
deve ser punido.
Nas páginas seguintes dez pontos compõem a car-
tilha, dicas para uso e manejo para abordagem dos
LGBTnarotina,especialmentedepoliciaismilitares
para que o uniforme usado pela polícia seja símbo-
lo de amor, esperança e proteção e não seja insígnia
de sadomasoquismo e violência contra LGBT além
de um processo na corregedoria da polícia.
Você, como ser humano e como policial, coloque-
-se nessa posição. Hoje em dia, quase toda família
tem um LGBT dentre seus membros. Não necessa-
riamente na mesma casa, mas na mesma família. O
que você pensaria e falaria caso tivesse um homos-
sexual em sua família? Mataria ou o atormentaria
para que ele próprio cortasse os próprios pulsos?
O mundo continua mudando e todos nós estamos
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Portanto, é necessário para lidar com a diversidade
aprender a cada dia com os exemplos que apare-
cem a sua frente.
6
Leia aqui as dicas e fique atento!
1) 	 O policial, no inconsciente popular, é instruí-
do...
a) 	A tratar a mulher com muito respeito em
uma abordagem;
b) 	A tratar o homem com algum respeito em
uma abordagem;
c) 	A tratar o homossexual com desrespeito
em uma abordagem;
d)	Definitivamente, a homofobia é institu-
cionaliza a cada ronda de Polícia.
2) 	O policial não pode intimidar uma pessoa
por ser homossexual, afinal...
a) Um criminoso gay ou hetero é um crimi-
noso;
b) Um assassino gay ou hetero é um crimi-
noso;
c) Um traficante gay ou hetero é um crimi-
noso;
d) Um gay por ser gay não lhe torna um cri-
minoso. O criminoso independentemente
de sua orientação sexual deve receber o
tratamento da lei, incluindo o direito à
defesa e condução com dignidade, por-
que ser gay não é delito.
3) 	 Assim como não se pode julgar um livro pela
capa, o policial, ao perceber a possível apa-
rência frágil de um homossexual, não deve
humilhá-lo usando o inquebrável poder da
polícia. Ouvindo a humilhação do policial
pode estar um advogado, doutor em qual-
quer área, um dentista que ajuda as pessoas
e não as humilha. Tais indivíduos mais ins-
truídos certamente não tolerarão a sessão
de tortura e humilhação.
4) Lembre-se: parar o casal gay e perguntar
7
“Quem é que come quem aí” não é pergun-
ta que se faça porque ela não diz respeito
à abordagem, senão à curiosidade sádica
do policial – isso é sadismo, e não é proce-
dimento de policial profissional que realiza
seu trabalho com atenção e amor à farda.
Além de ser um crime de constrangimento
ilegal. É melhor mudar de profissão ou ja-
mais receberá, caso denunciado, promoção
na corporação. E se o receber será sob sus-
peição ou reforçará o bullying corporativo
na Polícia.
5) 	 O contrário de orgulho é vergonha. Alguns
policiais homofóbicos, durante abordagem,
tentam imputar a vergonha na cabeça do ho-
mossexual abordado para que ele não possa
sentir orgulho de sua orientação sexual, de
sua identidade, de sua pessoa humana. Isso
também acontece muitas vezes no atendi-
mento nas Delegacias de Polícia quando o
LGBT vai prestar queixa de alguma situa-
ção. Agentes postergam o atendimento, ou
muitas vezes acusam a vítima por ter sido
pivô da situação com expressões “..tá vendo,
quem mandou você dá para isso”. Inaceitá-
vel!.
6)	O policial deve buscar o entendimento de
que um indivíduo é também um ser afetivo,
psicológico, resultado de um processo e um
universo singular de condicionantes e que
você, policial, não conhece a batalha dele. O
policial, ao humilhar um LGBT em uma abor-
dagem, certamente contribuirá para que
essa experiência, além de traumática, jamais
seja esquecida por quem a vivenciou. Os pre-
juízos psíquicos para que vivencia uma situ-
ação dessa são enormes, como por exemplo:
diminuição do nível de auto-estima e con-
seqüentemente o desencadeamento de epi-
sódio depressivo e/ou tentativa de suicídio.
8
Uma vez que esses fatores são adicionados a
outros que o sujeito já enfrenta no ambien-
te familiar, escolar, entre outros. Isso torna
você o meliante. Como se fosse você o me-
liante, o que ataca, o que discrimina, o que
rouba a dignidade de outrem e o mata, pois
tirou-lhe a identidade.
8) 	 Será extremamente difícil que o policial en-
tenda tudo isto que detalhamos aqui sem
que este tenha uma formação acadêmica ou
uma formação mínima em direitos difusos
e coletivos. Muitas vezes o efetivo carece de
formação para entender os valores simbó-
licos e culturais que detalho aqui. É preciso
que você fique atento e se disponha para
participar de cursos sobre o tema e com isso
possa crescer como servidor. É aqui onde se
aplicariam os treinamentos internos na Polí-
cia para esta questão específica.
9) 	Humilhar um homossexual é apenas conti-
nuar algo que começou a ocorrer já na sua
casa, na sua família e na sua comunidade.
Diversos policiais ao longo dos anos vêm
se aperfeiçoando a realizar tudo isso com
requintes de crueldades. Não é após humi-
lhar, com seu poder de Polícia, um homos-
sexual que o policial chegará em sua casa e
recostará a cabeça ao travesseiro dizendo e
pensando ter cumprido o poder que lhe foi
delegado: “Cumpri o meu dever hoje; afinal,
humilhação não é novidade para esta raça”?
10)	Enquanto o policial gay não puder viver
tranqüilo, em paz dentro da corporação, não
se poderá dizer que a polícia respeitará na
rua os demais LGBT. Forçar o homossexual
a viver às ocultas é forçá-lo a esconder tudo,
a criar e viver num submundo, forçá-lo mui-
tas vezes ao erro. A Polícia deve reconhecer
e respeitar a participação de LGBT em seus
quadros. O respeito começa em casa. Se a Po-
9
lícia não respeita dentro, como irá respeitar
lá fora? Se você é um Policial gay entre para
a rede nacional de operadores de segurança
pública LGBT-Renosp.
Ajude a melhorar o mundo fazendo a
sua parte!
Muitasvezes,paraserhomossexual,tem-sequeen-
frentar até a Polícia. Isso porque muitas das vezes
nem a Polícia, nem os policiais defendem o cidadão
homossexual e não o reconhecem como indivíduo
portador de direitos.
É preciso uma política concreta que garanta a pre-
sença respeitosa dos homossexuais na Polícia e
uma revolução atenciosa no tratamento dessa po-
pulação vulnerável nas ruas das cidades brasilei-
ras. É preciso substituir a prática da humilhação
por um tratamento adequado e respeitoso aos
LGBT dentro e fora das Corporações.
Essa humilhação é tão expressiva que nem mes-
mo o policial que é homossexual não sabe se com-
portar com discernimento frente ao homossexual
abordado inadequadamente. Isso é reflexo da ho-
mofobia institucional transmitida de geração para
geração. Todos devem entender que combater a
homofobia não é fazer apologia a homossexualida-
de. Esse combate remete a garantia da defesa dos
direitos difusos e coletivos e individuais.
Aprenda aqui um pouco sobre esses
direitos
Direitos difusos constituem direitos transin-
dividuais, ou seja, que ultrapassam a esfera de
um único indivíduo, caracterizados principal-
10
mente por sua indivisibilidade, onde a satisfa-
ção do direito deve atingir a uma coletividade in-
determinada, porém, ligada por uma circunstância
de fato.
Direitos coletivos constituem direitos transindivi-
duais de pessoas ligadas por uma relação jurídica
base entre si ou com a parte contrária, sendo seus
sujeitos indeterminados, porém determináveis.
Há também a indivisibilidade do direito, pois não
é possível conceber tratamento diferenciado aos
diversos interessados coletivamente, desde que li-
gados pela mesma relação jurídica.
Direitos individuais homogêneos são aqueles que
dizem respeito a pessoas que, ainda que indetermi-
nadas num primeiro momento, poderão ser deter-
minadas no futuro, e cujos direitos são ligadas por
um evento de origem comum. Tais direitos podem
ser tutelados coletivamente muito mais por uma
opção de política do que pela natureza de seus di-
reitos, que são individuais, unidos os seus sujeitos
pela homogeneidade de tais direitos num dado
caso. A defesa dos direitos individuais homogêne-
os teve início nos Estados Unidos em 1966, através
das chamadas “Class actions”.
Agradecimentos
Professor Dr. Luiz Mott
Cristiano Ferreira Santos
Liorcino Mendes
11
Serviço
Grupo Gay da Bahia
Grupo Quimbanda Dudu
Sede social Rua Frei Vicente, 24
Pelourinho – Salvador, Bahia, Brasil.
Fone (71) 3322 2552
Endereço na web – www.ggb.org.br
e-mail ggb@hggb.org.br
Cartilha anti-homofobia para policiais
Direitos reservados © GGB – 2012
Edição: Marcelo Cerqueira
Designer Gráfico: Carlos Vilmar
Salvador, Bahia
12
Grupo Gay da Bahia (GGB) © 2012

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COMPETÊNCIA 2 da redação do enem prodção textual professora vanessa cavalcanteCOMPETÊNCIA 2 da redação do enem prodção textual professora vanessa cavalcante
COMPETÊNCIA 2 da redação do enem prodção textual professora vanessa cavalcante
 

1 cartilha-orientacao-para-policiais

  • 1. 1 O mundo muda O jeito de cuidar e tratar também! Cartilha anti-homofobia para policiais
  • 2. 2
  • 3. 3 Apresentação Usos e costumes. Dois policiais chegam à presença do delegado e dizem: “Pegamos dois gays andando na rua, senhor. E depois, demos uma boa humilha- daneles”.Odelegadodiz:“Muitobem.Mêsquevem vocês dois serão promovidos. Meus mais sinceros Parabéns!”. O mundo muda e o jeito de tratar as pessoas tam- bém. Muitos policiais são vítimas por desconheci- mento e por esse motivo continuam atrasados e re- sistentes a se adaptarem ao mundo de hoje e, assim acabam descontando nos outros as suas angústias, medos, frustrações, derrotas e rejeições só pelo fato de usar uma farda ou um distintivo que lhes tornam autoridade. Usam de uma prática violenta, nada técnica e muitas vezes até fora da lei, confun- dindo uso com abuso, afrontando e indo de encon- tro à dignidade humana com atitudes recheadas de preconceitos que vão desde questões étnicas, de gênero e principalmente de orientação sexual. Muitos policiais ainda vivem no trabalho uma ex- tensãofieldesuasexualidadelatente,transforman- do as abordagens feitas aos homossexuais numa intervenção sadomasoquista e jocosa, remontando à época da Guarda Civil, onde esses cidadãos eram conduzidos a Delegacia de Modos e Costumes, sim- plesmente por serem gays ou quando esses eram acusados de “vadiagem” pelo fato de elas não es- tarem com sua Carteira de Trabalho à mão. Gays, travestis, prostitutas e Lésbicas eram detidos e le- vados a uma Delegacia de Polícia para fazer faxina em suas dependências, situação essa humilhante e deprimente. Embora as políticas de direitos humanos sejam hoje uma realidade no universo policial, ainda en- contramos muitos policiais, sejam eles oficiais e praças, que não compartilham desse novo mundo, atitudes essas que, em pleno sec. XXI ainda encon-
  • 4. 4 tramos no Brasil e na Bahia, policiais desprepara- dos na abordagem a (o) cidadã(o) LGBTT. Quem mais sofre humilhações nessas abordagens são os gays e travestis que têm sua identidade de gênero não reconhecida por esses profissionais. É mui- to comum escutarmos de travestis e transexuais “você aí, que está vestido de mulher também pode descer” por ocasião de abordagem por policiais em veículos coletivos. Renegados por suas famílias, para os homossexu- ais restam, muitas vezes, as ofertas de um mundo subterrâneo – ainda que não seja o submundo do crime, mas com certeza é um mundo das sombras, das esquinas escuras como tão bem ressaltou o compositor Chico Buarque em sua música “Geni”. Não se trata de drogas ou assassinatos! Muitos são obrigados a vivenciar experiência de uma sexuali- dade clandestina e em ambientes de vulnerabili- dade social e física. A homofobia força o cidadão que é homossexual a se esconder e vivenciar um universo ou um mundo subterrâneo para que pos- sa existir como pessoa e assim expressar-se como sujeito de direito. Enquantomuitoshomossexuaisnãopodemassumir sua orientação sexual em seu local de trabalho, pois muitas vezes são vítimas de homofobia e podem perder emprego, família e amigos, alguns policiais despreparados usam do abuso da autoridade para praticar a violência homofóbica – física ou psicoló- gica, inclusive prejudicando a imagem toda a corpo- ração.Umhomossexualabordadoporpoliciais,após a humilhação sofrida, relatou: “Com certeza, eu vou chorar esta noite”. Conclamamos os intelectuais a pensarem a questão e o povo a agir com educação, fazendo valer o direito de serem respeitados em qualquer tipo de abordagem policial. À polícia cabe a segurança das pessoas, a condução de criminosos e não de homossexuais que em al- gum momento poderão estar em situação de afeto,
  • 5. 5 amizade, namoro e intimidade desde que não este- ja incomodando outrem – por que a abordagem de um namorado e namorada heterossexuais diverge do trato para com o homossexual? O artigo 5º da Consituição Federal diz que todos somos iguais perante a lei, portanto o que um casal heterofazempúblicoépermitidotambémaumca- sal do mesmo gênero. Um policial pode conviver em ambiente de, por exemplo, prostituição, e para tanto ele deve estar ali para garantir a segurança das e dos trabalhado- res do sexo, porque a prostituição mesmo sendo uma atividade socialmente não aceita, mas muito usada, não é crime no Brasil, muito pelo contrário é uma ocupação profissional reconhecida pelo Mi- nistério do Trabalho; a exploração sexual de crian- ças e adolescentes, como já se sabe, sim, é crime e deve ser punido. Nas páginas seguintes dez pontos compõem a car- tilha, dicas para uso e manejo para abordagem dos LGBTnarotina,especialmentedepoliciaismilitares para que o uniforme usado pela polícia seja símbo- lo de amor, esperança e proteção e não seja insígnia de sadomasoquismo e violência contra LGBT além de um processo na corregedoria da polícia. Você, como ser humano e como policial, coloque- -se nessa posição. Hoje em dia, quase toda família tem um LGBT dentre seus membros. Não necessa- riamente na mesma casa, mas na mesma família. O que você pensaria e falaria caso tivesse um homos- sexual em sua família? Mataria ou o atormentaria para que ele próprio cortasse os próprios pulsos? O mundo continua mudando e todos nós estamos em fases constantes de aprendizado e crescimento. Portanto, é necessário para lidar com a diversidade aprender a cada dia com os exemplos que apare- cem a sua frente.
  • 6. 6 Leia aqui as dicas e fique atento! 1) O policial, no inconsciente popular, é instruí- do... a) A tratar a mulher com muito respeito em uma abordagem; b) A tratar o homem com algum respeito em uma abordagem; c) A tratar o homossexual com desrespeito em uma abordagem; d) Definitivamente, a homofobia é institu- cionaliza a cada ronda de Polícia. 2) O policial não pode intimidar uma pessoa por ser homossexual, afinal... a) Um criminoso gay ou hetero é um crimi- noso; b) Um assassino gay ou hetero é um crimi- noso; c) Um traficante gay ou hetero é um crimi- noso; d) Um gay por ser gay não lhe torna um cri- minoso. O criminoso independentemente de sua orientação sexual deve receber o tratamento da lei, incluindo o direito à defesa e condução com dignidade, por- que ser gay não é delito. 3) Assim como não se pode julgar um livro pela capa, o policial, ao perceber a possível apa- rência frágil de um homossexual, não deve humilhá-lo usando o inquebrável poder da polícia. Ouvindo a humilhação do policial pode estar um advogado, doutor em qual- quer área, um dentista que ajuda as pessoas e não as humilha. Tais indivíduos mais ins- truídos certamente não tolerarão a sessão de tortura e humilhação. 4) Lembre-se: parar o casal gay e perguntar
  • 7. 7 “Quem é que come quem aí” não é pergun- ta que se faça porque ela não diz respeito à abordagem, senão à curiosidade sádica do policial – isso é sadismo, e não é proce- dimento de policial profissional que realiza seu trabalho com atenção e amor à farda. Além de ser um crime de constrangimento ilegal. É melhor mudar de profissão ou ja- mais receberá, caso denunciado, promoção na corporação. E se o receber será sob sus- peição ou reforçará o bullying corporativo na Polícia. 5) O contrário de orgulho é vergonha. Alguns policiais homofóbicos, durante abordagem, tentam imputar a vergonha na cabeça do ho- mossexual abordado para que ele não possa sentir orgulho de sua orientação sexual, de sua identidade, de sua pessoa humana. Isso também acontece muitas vezes no atendi- mento nas Delegacias de Polícia quando o LGBT vai prestar queixa de alguma situa- ção. Agentes postergam o atendimento, ou muitas vezes acusam a vítima por ter sido pivô da situação com expressões “..tá vendo, quem mandou você dá para isso”. Inaceitá- vel!. 6) O policial deve buscar o entendimento de que um indivíduo é também um ser afetivo, psicológico, resultado de um processo e um universo singular de condicionantes e que você, policial, não conhece a batalha dele. O policial, ao humilhar um LGBT em uma abor- dagem, certamente contribuirá para que essa experiência, além de traumática, jamais seja esquecida por quem a vivenciou. Os pre- juízos psíquicos para que vivencia uma situ- ação dessa são enormes, como por exemplo: diminuição do nível de auto-estima e con- seqüentemente o desencadeamento de epi- sódio depressivo e/ou tentativa de suicídio.
  • 8. 8 Uma vez que esses fatores são adicionados a outros que o sujeito já enfrenta no ambien- te familiar, escolar, entre outros. Isso torna você o meliante. Como se fosse você o me- liante, o que ataca, o que discrimina, o que rouba a dignidade de outrem e o mata, pois tirou-lhe a identidade. 8) Será extremamente difícil que o policial en- tenda tudo isto que detalhamos aqui sem que este tenha uma formação acadêmica ou uma formação mínima em direitos difusos e coletivos. Muitas vezes o efetivo carece de formação para entender os valores simbó- licos e culturais que detalho aqui. É preciso que você fique atento e se disponha para participar de cursos sobre o tema e com isso possa crescer como servidor. É aqui onde se aplicariam os treinamentos internos na Polí- cia para esta questão específica. 9) Humilhar um homossexual é apenas conti- nuar algo que começou a ocorrer já na sua casa, na sua família e na sua comunidade. Diversos policiais ao longo dos anos vêm se aperfeiçoando a realizar tudo isso com requintes de crueldades. Não é após humi- lhar, com seu poder de Polícia, um homos- sexual que o policial chegará em sua casa e recostará a cabeça ao travesseiro dizendo e pensando ter cumprido o poder que lhe foi delegado: “Cumpri o meu dever hoje; afinal, humilhação não é novidade para esta raça”? 10) Enquanto o policial gay não puder viver tranqüilo, em paz dentro da corporação, não se poderá dizer que a polícia respeitará na rua os demais LGBT. Forçar o homossexual a viver às ocultas é forçá-lo a esconder tudo, a criar e viver num submundo, forçá-lo mui- tas vezes ao erro. A Polícia deve reconhecer e respeitar a participação de LGBT em seus quadros. O respeito começa em casa. Se a Po-
  • 9. 9 lícia não respeita dentro, como irá respeitar lá fora? Se você é um Policial gay entre para a rede nacional de operadores de segurança pública LGBT-Renosp. Ajude a melhorar o mundo fazendo a sua parte! Muitasvezes,paraserhomossexual,tem-sequeen- frentar até a Polícia. Isso porque muitas das vezes nem a Polícia, nem os policiais defendem o cidadão homossexual e não o reconhecem como indivíduo portador de direitos. É preciso uma política concreta que garanta a pre- sença respeitosa dos homossexuais na Polícia e uma revolução atenciosa no tratamento dessa po- pulação vulnerável nas ruas das cidades brasilei- ras. É preciso substituir a prática da humilhação por um tratamento adequado e respeitoso aos LGBT dentro e fora das Corporações. Essa humilhação é tão expressiva que nem mes- mo o policial que é homossexual não sabe se com- portar com discernimento frente ao homossexual abordado inadequadamente. Isso é reflexo da ho- mofobia institucional transmitida de geração para geração. Todos devem entender que combater a homofobia não é fazer apologia a homossexualida- de. Esse combate remete a garantia da defesa dos direitos difusos e coletivos e individuais. Aprenda aqui um pouco sobre esses direitos Direitos difusos constituem direitos transin- dividuais, ou seja, que ultrapassam a esfera de um único indivíduo, caracterizados principal-
  • 10. 10 mente por sua indivisibilidade, onde a satisfa- ção do direito deve atingir a uma coletividade in- determinada, porém, ligada por uma circunstância de fato. Direitos coletivos constituem direitos transindivi- duais de pessoas ligadas por uma relação jurídica base entre si ou com a parte contrária, sendo seus sujeitos indeterminados, porém determináveis. Há também a indivisibilidade do direito, pois não é possível conceber tratamento diferenciado aos diversos interessados coletivamente, desde que li- gados pela mesma relação jurídica. Direitos individuais homogêneos são aqueles que dizem respeito a pessoas que, ainda que indetermi- nadas num primeiro momento, poderão ser deter- minadas no futuro, e cujos direitos são ligadas por um evento de origem comum. Tais direitos podem ser tutelados coletivamente muito mais por uma opção de política do que pela natureza de seus di- reitos, que são individuais, unidos os seus sujeitos pela homogeneidade de tais direitos num dado caso. A defesa dos direitos individuais homogêne- os teve início nos Estados Unidos em 1966, através das chamadas “Class actions”. Agradecimentos Professor Dr. Luiz Mott Cristiano Ferreira Santos Liorcino Mendes
  • 11. 11 Serviço Grupo Gay da Bahia Grupo Quimbanda Dudu Sede social Rua Frei Vicente, 24 Pelourinho – Salvador, Bahia, Brasil. Fone (71) 3322 2552 Endereço na web – www.ggb.org.br e-mail ggb@hggb.org.br Cartilha anti-homofobia para policiais Direitos reservados © GGB – 2012 Edição: Marcelo Cerqueira Designer Gráfico: Carlos Vilmar Salvador, Bahia
  • 12. 12 Grupo Gay da Bahia (GGB) © 2012