2. CLASSIFICANDO TEXTOS
literário ou não-literário?
FORMA CONTEÚDO
assunto
estrutura
portador
intencionalidade
linguagem
3. TEXTO 01
classificando textos
Misael, funcionário da Fazenda, com 63 anos de idade.
Conheceu Maria Elvira na Lapa, – prostituída, com sífilis, dermite nos dedos, uma aliança
empenhada e o dentes em petição de miséria.
Misael tirou Maria Elvira da vida, instalou-a num sobrado no Estácio, pagou médico,
dentista, manicura... Dava tudo quanto ela queria.
Quando Maria Elvira se apanhou de boca bonita, arranjou logo um namorado.
Misael não queria escândalo. Podia dar uma surra, um tiro, uma facada. Não fez nada disso:
mudou de casa.
Viveram três anos assim.
Toda vez que Maria Elvira arranjava namorado, Misael mudava de casa.
Os amantes moraram no Estácio, Rocha, Catete, Rua General Pedra, Olaria, Ramos,
Bonsucesso, Vila Isabel, Rua Marquês de Sapucaí, Niterói, Encantado, Rua Clapp, outra vez
no Estácio, Todos os Santos, Catumbi, Lavradio, Boca do Mato, Inválidos...
Por fim na Rua da Constituição, onde Misael, privado de sentidos e de inteligência, matou-a
com seis tiros, e a polícia foi encontrá-la caída em decúbito dorsal, vestida de organdi azul.
4. CLASSIFICANDO TEXTOS
literário ou não-literário?
assunto
assassinato de uma adúltera
5. CLASSIFICANDO TEXTOS
literário ou não-literário?
estrutura
prosa [exposição-narração]
6. CLASSIFICANDO TEXTOS
literário ou não-literário?
portador
livro de poemas de Manuel Bandeira
7. CLASSIFICANDO TEXTOS
literário ou não-literário?
intencionalidade
função estética
reflexão lírica sobre aspectos sociais
condição da mulher
amor
convenções sociais
aspectos da sociedade patriarcal
8. CLASSIFICANDO TEXTOS
literário ou não-literário?
linguagem
predomínio da conotação
9. CLASSIFICANDO TEXTOS
a linguagem literária: em defesa da conotação
denotação conotação
sentido real sentido segundo
do dicionário figurado [figuras de linguagem]
próprio literário
boca bonita: dentes arrumados boca bonita: potência, beleza...
vestido de organdi: vestes de criança vestido de organdi: pureza, delicadeza...
10. TEXTO 04
por um conceito de literatura
Mas a nós, que não somos nem cavaleiros da fé nem super-homens, só resta, por assim dizer,
trapacear com a língua, trapacear a língua. Essa trapaça salutar, essa esquiva, esse logro
magnífico que permite ouvir a língua fora do poder, no esplendor de uma revolução
permanente da linguagem, eu a chamo, quanto a mim: literatura.
BARTHES, Roland. Aula. Trad. Leyla Perrone-Moisés. 16.ed. São Paulo: Cultrix, s.d. p.16.
11. CLASSIFICANDO TEXTOS
a linguagem literária: em defesa da conotação
A leitura literária requer principalmente a observação de quatro aspectos, a saber:
aspectos
linguísticos sonoros sintáticos semânticos
seleção vocabular elementos fonéticos estrutura da frase efeitos de sentido
12. TEXTO 05
a linguagem literária: em defesa da conotação
JAGUADARTE, Lewis Carrol
Era briluz. As lesmolisas touvas
Roldavam e relviam nos gramilvos.
Estavam mimsicais as pintalouvas,
E os momirratos davam grilvos.
“Foge do Jaguadarte, o que não morre
Garra que agarra, bocarra que urra!
Foge da ave Felfel, meu filho e corre
Do frumioso Babassurra!”
Ele arrancou sua espada vorpal
E foi atrás do inimigo do Homundo.
Na árvore Tamtam ele afinal
Parou, um dia, sonilundo.
E enquanto estava em sussustada sesta,
Chegou o Jaguadarte, olho de fogo,
Sorrelfiflando através da floresta,
E borbulia um riso louco!
13. TEXTO 05
a linguagem literária: em defesa da conotação
JAGUADARTE, Lewis Carrol
Um, dois! Um, dois! Sua espada mavorta,
Vai-vem, vem-vai, para trás, para diante!
Cabeça fere, corta, e, fera morta,
Ei-lo que volta galunfante.
“Pois então tu mataste o Jaguadarte!
Vem aos meus braços, homenino meu!
Oh dia fremular! Bravooh! Bravarte!”
Ele se ria jubileu.
Era briluz. As lesmolisas touvas
Roldavam e relviam nos gramilvos.
Estavam mimsicais as pintalouvas,
E os momirratos davam grilvos.
14. ASPECTOS LINGUÍSTICOS
a linguagem literária: em defesa da conotação
Era briluz. As lesmolisas touvas
Roldavam e relviam nos gramilvos.
Estavam mimsicais as pintalouvas,
E os momirratos davam grilvos.
neologismo: palavra inventada/fusão de dois ou mais vocábulos [exploração da polissemia]:
briluz brilho + luz
lesmolisas lesmas + lisas [+ moles]
touvas es[touva]das: bricalhão, travesso
roldavam rodavam + forma de subida/descida do “l”
relviam relva[r?] + reviam + subida/descida do “l”
gramilvos grama + silvo
mimsicais mímica + música
pintalouvas pinta [coloridas] + louva-a-deus?
momirratos rato + momo [ratos gordos?]
grilvos grito [grilo?] + silvo [gritos muito agudos]
15. ASPECTOS SONOROS
a linguagem literária: em defesa da conotação
“Foge do Jaguadarte, o que não morre
Garra que agarra, bocarra que urra!
Foge da ave Felfel, meu filho e corre
Do frumioso Babassurra!”
a exploração intencional de recursos sonoros está a serviço da produção de sentido
Garra que agarra, bocarra que urra aliteração [r]
Ave Felfel onomatopeia
Árvore Tamtam onomatopeia
16. ASPECTOS SINTÁTICOS
a linguagem literária: em defesa da conotação
Um, dois! Um, dois! Sua espada mavorta,
Vai-vem, vem-vai, para trás, para diante!
Cabeça fere, corta, e, fera morta,
Ei-lo que volta galunfante.
a pontuação marcada, principalmente nos 3 primeiros versos, sugere aumento de velocidade
17. LITERATURA E REPRESENTAÇÃO
classificando textos
O VEROSSÍMIL
a obra de arte não é o real
trata-se de uma representação
ela inaugura uma realidade própria
A VEROSSIMILHANÇA
é a “verdade” da obra de arte
não necessariamente está presa ao real
Macunaíma, Pokémon, Power Ranger
O PACTO FICCIONAL
estabelecido toda vez que se lê texto ficcional
o leitor concorda em embarcar na viagem
O FANTÁSTICO
manifestação do absurdo do plano
da realidade da obra de arte